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Emerson Castole Branco - Direito Penal para Concurso - Parte Geral e Especial - Polícia Federal - 2º Edição - Ano 2011

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Públicos Emerson Castelo Branco
DIREITO PENAL
para concurso
PARTE GERAL e ESPECIAL
Polícia Federal
O GEN | Grupo Editorial Nacional reúne as editoras Guanabara Koogan, Santos, LTC, Forense, 
Método e Forense Universitária, que pubiicam nas áreas científica, técnica e profissional,
Essas empresas, respeitadas no mercado editorial, construíram catálogos inigualáveis, com 
obras que têm sido decisivas na formação acadêmica e no aperfeiçoamento de várias gerações 
de profissionais e de estudantes de Administração, Direito, -Enfermagem, Engenharia, Fisioterapia, 
Medicina, Odontologia e muitas outras cíêrtdas, tendo se tomado sinônimo de seriedade e respeito.
Nossa missão é prover o melhor conteúdo científico e distribuí-lo de maneira flexível e conve­
niente, á preços Justos, gerando benefícios e servindo a autores, docentes, livreiros, funcionários, 
colaboradores e acionistas.
Nosso comportamento ético incondicional e nossa responsabilidade social e ambiental são refor­
çados pela natureza educacional de nossa atividade, sem comprometer o crescimento contínuo e 
a rentabilidade do grupo.
Concursos
Públicos Emerson Castelo Branco
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| DIREITO PENAL
! para concurso
PARTE GERAL E ESPECIAL
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Polícia Federa!
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: 2+ê ed ição
; Revista, atualizada e ampliada
11
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n r *EDJTORA
METODO
SÃO PAULO
© EDITORA MÉTODO 
Uma editora integrante do GEN j Grupo Editorial Nacional
Rua Dona Brígida, 701, Vila Mariana - 04111-081 - São Paulo - SP 
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Capa: Marcelo S. Brandio 
Foto de capa: Vitty Pess (sxc.hu)
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA FONTE 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE UVROS. RJ.
Castelo Branco, Emerson .
Direito penal espeelaS para concurso : Policia Federal i Emerson Castelo Branca. 2. ed. - 
Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2011,
Bibliografia
ISBN S78-8S-309-3432-3
1. Direito penal - Problemas, quesl&es. exercidos. 2, Serviço público - Srasil - Concursos, 
t. Título. II. Série.
09-4742. CDU: 343(81}
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A Editora Método se responsabiliza pelos vícios do produto no que concerne 
à sua edição (impressão e apresentação a fim de possibilitar ao consumidor 
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conceitos doutrinários, âs concepções ideológicas e referências indevidas sâo 
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é proibida a reprodução total ou parclai de qualquer forma ou por qualquer meio, 
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gravação, sem permissão por escrito do autor e dü editor.
impresso no Brasil 
Príníed In Brszll 
2011
AGRADECIMENTOS
A Deus, por estar sempre guiando meus passos nessa 
caminhada.
À Janaána, minha amada esposa, e aos meus pequenos 
Zé e Manuzinha, pelos mais belos e felizes momentos de 
minha vida.
A todos os meus queridos alunos, pela amizade sincera. 
Juntos, “derramamos sangue”, “combatemos o bom comba­
te” e lutamos por nossos sonhos!
NOTA DO AUTOR
“Direito Penal para concurso - Polícia Federal” nasceu da ideia 
de se contemplar os assuntos recorrentemente abordados no conteúdo 
programático dos concursos da Polícia Federal, direcionando o estudo 
daqueles que almejam “um lugar ao sol” na referida carreira.
Seu mérito principal consiste em reunir, na mesma obra, a Parte 
Geral e a Parte Especial do Direito Penal, selecionando cuidadosamente 
as matérias de interesse do concurso.
Destaca-se ainda por sua linguagem didática, enfrentando todo o con­
teúdo com riqueza de informações, sem perder a clareza das ideias.
Apresenta ao leitor qualificada doutrina e jurisprudência atualizada 
dos tribunais superiores. Nesse aspecto, de pronto, merece ser ressalta- - 
do o seu rigor científico, não dando margem a colocaçSes simplistas.
Incansavelmente, procurou-se exaurir toda a temática relevante de 
forma precisa e objetiva; inclusive, discorrendo sobre recentes altera­
ções no ordenamento penal
Ao final de cada capítulo, várias questões de prova são comentadas; 
e diversas são disponibilizadas para resolução, possibilitando a mais 
ampla e segura preparação.
Enfim, a obra apresentada ao público será de grande valia não 
apenas para os estudantes que se preparam para a Polícia Federal, 
sendo certo falar que pode ser utilizada para todos os concursos que 
abrangem o conteúdo abordado.
Boa leitura!
$
Nota da Editora: o Acordo Ortográfico foi aplicado Integralmente nesta obra.
SUMÁRIO
<Parte ÇemC
1. PRINCÍPIOS E CARACTERÍSTICAS DO DIREITO PENAL......... 23
LI Princípios constitucionais do direito penai..................................... 23
1.1.1 Princípio da reserva legal e da anterioridade da lei penal ...... 23
1.1.2 Princípios da irretroatividade da lei penal mais maléfica e da
retroaíividade da lei penal mais benéfica............................... 24
1.1.3 Princípio da culpabilidade ................. ...................................... 24
1.1.4 Princípio da dignidade da pessoa humana ............................... 25
1.1.5 Princípio da humanidade (ou da humanização das penas) .... 25
1.1.6 Princípio da pessoaüdade ............................................... ....... 25
1.1.7 Princípio da individualizaçao da pena ....... ........... ................... 25
1.1.8 Princípio da proporcionalidade das penas ................................ 26
1.2 Princípios modernos do direito penal .................................................. 26
1.2.1 Principio da intervenção mínima.............................................. 26
1.2.2 Princípio da fragmentariedade................................... ............... 27
1.2.3 Princípio da adequação social.................................................... 27
1.2.4 Princípio da insignificância (da bagatela) ............................ . 27
1.2.5 Princípio da ofensividade .......................... .................... *.....1... 28
1.3 Características gerais do direito penal................................ ............... 28
1.3.1 Denominação e conceito ..................................................... -..... 28
1.3.2 Características das normas penais ........................................... . 28
1.3.3 Normas penais em branco (cegas ou abertas) ................. ....... 29
1.3.4 Fontes do direito penal ................................................ ........ . 29
1.3.5 Classificação das normas penais.................. ................ ............ 29
1.3.6 Interpretação da lei penal................. ............................... .......... 30
1.3.7 Analogia ............................................ .......................................... 30
10 DIREITO PENAL para concurso - POLlCtA FEDERAL - Emerson Casteb Branca
1.4 Questões comentadas ................................................................ ........ 31
1.5 Questões CESPE/UnB .......................................................................... 31
1.6 Jurisprudência atualizada ................. .................................................... 32
1.6.1 O princípio da insignificância no crime d© furto e o pequeno
valor econômico da coisa........................................................ 32
1.6.2 Princípio da insignificância exclui o fato típico. Não é causa
de extinção da punibilidade, e sim do crime ....................... 33
1.7 Dicas imprescindíveis .................................. ....................................... 33
2, APLICAÇÃO BA LEI PENAL NO TEMPO E NO ESPAÇO............. 35
■ 2.1 Aplicação da lei penal no tempo ........... ............................................... 35
2.1.1 Irretroatividade da lei penal mais maléfica e retroatividade
da
lei penal mais benéfica..... ...................................................... 35
2.1.2 Tempo do crime ...................................... ................................... 37
2.1.3 Leis de vigência temporária............. ............. .................. . 37
2.2 Aplicação da lei penal no espaço ....................................... ................. 38
2.2.1 Princípio da territorialidade (art. 5.° do CP) ........................... 38
2.2.2 Princípios da extraterritoràlidade............................................. 39
2.2.3 Formas de extraterritorialidade .................................................. 40
2.2.4 Lugar do crime....................................... .................................... 40
2 3 Questões comentadas ................. ...... ................. ................ ................. 41
2.4 Questões CESPE/UnB .......................................................................... 42
2.5 Dicas imprescindíveis ...... ................................................................... 43
3. TEORIA GERAL DO CRIME .................................................................. 45
3.1 Conceito de crime .............................................................. .................. 45
3.2 Teorias da cotxduta..................... ............................ ............................... 46
3.2.1 Teoria causalista (naturalista ou causai) .................................. . 46
3.2.2 Teoria finalista........................ ................................ ................... 46
3.2.3 Outras teorias .......................................................................... . 47
3.3 Sujeito ativo do delito..... ............................................. ............ ........ 47
3.4 Sujeito passivo do delito......................... .................... ........................ 47
3.5 Objeto jurídico e objeto material ....................................................... 49
3.6 Análise dos elementos estruturais do crime ................................. . 49
3.6.1 Fato típico ......................... ........................................................ 49
3.6.2 Àntijuridicidade (ilicitude)......................... ............................... 51
3.6.3 Culpabilidade ......... .................... ........... ............................51
s u m a r ío 11
3.7 Questões comentadas ............................................................................ 52
i 3.8 Questões CESPE/UnB ....................... .............................................. . 52
| 3,9 Dicas imprescindíveis .......................................................................... 53
4. DA RELAÇÃO DE CAUSALIDADE...................................................... 55
| 4.1 Nexo causai ............ .............................................................................. 55
4.2 Teoria da equivalência dos antecedentes causais ............................... 55
; 4.3 Outras teorias do nexo causai..... ............................................. ........... 56
4.4 Superveniência causai ........................................................................... 56 .
| 4.4.1 Considerações iniciais ........................................... ..................... 56
i. 4.4.2 Causas absolutamente independentes .................................. ...... 57
'■ 4.4.3 Causas relativamente independentes ..................................... . 58
| 4.5 Relevância causai da om issão.............................................................. 59
!' 4.6 Questões comentadas ............................................................ ............... 60
; 4.7 QuestSes CESPE/UnB ........................................................................... 61
j: 4.8 Dicas imprescindíveis ............................. ................... ......................... 62
5. ELEMENTO SUBJETIVO.........:............................................................. 65
; 5.1 Crime doloso ............................................................................. ............ 65
i- 5.1.1 Conceito ...... .......................................................... . 65
I 5.1.2 Elementos do dolo ................................................. ..................... 65
| 5.1.3 Espécies de dolo .. .............. .................................. ....................... 66
5.1.4 Teorias do dolo ............... .................. ........................ 66
j S.L5 Dolo natural e dolo normativo ...... ............................ 67
| 5.2 Crime culposo ............................ .......................... ......... ...................... 67
5.2.1 Conceito ......................... ................................ ............................ 67
\ 5.2.2 Elementos do crime culposo............................... ........ ......... 68
j; 5,2.3 Espécies de cdme culposo........ ....... .................. .................... . 69
| 5.2.4 Modalidades de culpa .............................................................. 70
f 5.3 Preterdolo ...............................................1...... ........................................ 70
■| 5,4 QuestSes comentadas .......;................................................. .................. 71
| 5.5 Questões CESPE/UnB ............................................................................ 72
| 5.6 Dicas imprescindíveis ............................................................................ 73
/.
| 6. ESTUDO DO ERRO................................................................................... 75
I 6.1 Erro de tipo (art. 20) .................................................... .................. ....... 75
12 DIREITO PENAL para concurso - PGÜCIA FEDERAL - Emerson C&stelo Brunco
6.2 Erro de proibição (art. 21) ................................... .......,.................... 76
6.3 Descriminantes putativas....................................... ...................... . 77
6.4 Questões comentadas .......................................................... ................. 78
6.5 Questões CESPE/UnB .......................................................................... 79
6.6 Dicas imprescindíveis ....................................... ......................... .......... 81
7. FORMAS CONSUMADA E TENTADA DO CBIM E........................... 83
7.1 Fases do crime (iter criminis)......................................... ................. . 83
7.2 Forma consumada (art. 14, inc. I) .............................. ............... ......... 84
7.3 Forma tentada (art. 14, inc. I I ) ....................................................... 84
7.4 Desistência voluntária (art. 1 5 ) ................................... ....................... 85
7.5 Arrependimento eficaz (art, 15) ........................................................... 86
7.6 Arrependimento posterior............... ............. ....... .............................. 86
7.7 Crime impossível ..........................................................-....................... 87
7.8 Questões comentadas ........................................... ................................ 87
7.9 Questões CESPE/UuB .......................................................................... 88
7.10 Dicas imprescindíveis ................................. .............. ...................... 89
8. ANTOÜMDICID ADE (ILICITUDE)..................................................... 91
8.1 Conceito de aníijuridicidade ................................................................. 91
8.2 Causas de exclusão da antijuridicidade ...... ........................................ 91
8.3 Legítima defesa ............... ............................... .................................. . 92
8.4 Estado de necessidade ......................... .................. ....................... 94
8.5 Exercício regular de direito ...............-
t .............. ................. ............. 96
8.6 Estrito cumprimento do dever legal ............ .......................... 96
8.7 Questões comentadas ............................................................................ 97
8.8 Questões CESPE/UnB .......................................................................... 98
8.9 Dicas imprescindíveis .......................................................... . 100
9. CULPABILIDADE ...................................................................................... 103
9.1 Conceito.................... .................................. ........................................... 103
9.2 Causas de exclusão da culpabilidade................................................... 103
9.3 Elementos da culpabilidade ............ .............................. ....................... 104
SUMÁRIO 13
9.4 Imputabilidade ........ ................... ..................... ......*....... ....................... 104
9.4.1 Critérios (ou sistemas) para estabelecer a inimputabilidade,,,. 105
9.4.2 Causas de inimputabilidade ........................................................ 105
9.4.3 Semi-imputabilidade .......... .............. ..........................,'....... ...... 105
9.4.4 Menoridade penal.................. ...........-........................................ 106
9.4.5 Emoção e paixão............................................................ ............ 106
9.4.6 Espécies de embriaguez............................................................. 106
9.4.7 Teoria da Ac tio Libera in Causa (ação livre na causa)........... 107
9.5 Questões comentadas ............................................................................- 107
9.6 Questões CESPE/UnB ......................................................................... 109
9.7. Dicas imprescindíveis ........................................... ......... ........... -........ 112
10. CONCURSO m , PESSOAS .................................................................... 113
10.1 Conceito ............ ................ ...................... ............... ........................;... 113
10.2 Coautoria e participação ............ .............. ........................................... 113
10.2.1 Teorias acerca do conceito de coautoria e participação........ 113
10.2.2 Participação impunível.... ...................... ................................. 114
10.3 Requisitos do concurso de agentes................. .................................. 114
10.4 Autoria colateral............. .............. ......................................... ............ 115
10.5 Autoria incerta ......... .................................... ........................................ 115
10.6 Autoria medíata................ ..................................... ....... ............ -........ 115
10.7 Coraunicabflidade das circunstâncias .............. ............................... 116
10.8 Participação ......................................................................................... 116
10.9 Questões comentadas .......................................................................... 117
10.10 QuestSes CESPE/UnB ...................................................................... 119
10.11 Dicas imprescindíveis......................... ............ ................................. 120
11. CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES ........................................................ 123
11.1 Crimes comuns, próprios e de mão própria...................................... 123
11.2 Crimes de dano e de perigo ......................... ............. ................ . 123
11.3 Crimes materiais, formais e de mera conduta ................................ 124
11.4 Crimes comissivos e omxssivos .......................................................... 124
11.5 Crimes instantâneos, permanentes e instantâneos de efeitos perma­
nentes ........... ........................... .......................................................... 125
11.6 Crime continuado ................................. ........................................ 125
14_____ PiRSITO PENAL para concurso - POÜC1A FEDERAL - Emerson Casielo Branco
11.7 Crimes principais e acessórios ........................... ............................... 125
11.8 Crimes simples e complexos (ou composto) .......... .......... ....... ,. 125
13.9 Crime progressivo .... ................................................. ............ ,......... 126
11.10 Delito putativo (ou imaginário, ou erroneamente suposto)......... 126
11.11 Crimes unissubsistentes e plurissubsistentes ................................. 126
11.12 Crime de atentado ............... ........................ ........... ......................... 126
11.13 Crimes de ação múltipla................................................ .................. 126
11.14 Crime vago ..... .......................... ............................ ........................... 127
11.15 Crime pluriofensivo ........................................................................ 127
11.16 Crimes com tipo penal fechado e com tipo penal aberto.............. 127
11.17 questões comentadas ........................ ........ ............... ............ .. 127
11.18 Questfies CESPE/UnB ...........................................................128
11.19 Dicas imprescindíveis.................... ........ ........... ..................... 128
12. CRIMES CONTRA A PESSOA............................................................... 133
12.1 Crimes contra a vida ............................................................................................................................... 133
12.1.1 Homicídio.................................................................................. 133
12.1.1.1 Características gerais .................................... ........ 133
12.1.1.2 Homicídio privilegiado............................................. 134
12.1.1.3 Homicídio qualificado (art. 121, § 2,°) ................. 134
12.1.1.4 Homicídio privilegiado-qualificado.................... .... 136
12.1.1.5 Homicídio culposo ................ ............................ 137
12.1.1.6 Observações finais sobre o crime de homicídio .... 138
12.1.2 induzimento, auxílio ou instigação ao suicídio '...................... 139
12.1.3 ínfanticídio ............................... .......................... ............ .......... 141
12.1.4 Aborto................. ..................... .................................................. 142
12.1.4.1 Crime de autoaborto ............................... ................. 143
12.1.4.2 Crime de aborto provocado sem o consentimento da
gestante ......................................................... ........ 144
12.1.4.3 Crime de aborto provocado com o consentimento
da gestante ..... :.............. .................................. ........ 144
12.1.4.4 Aborto na forma qualificada (art 127) .................... 144
12.1.4.5 Aborto legal (art. 128) ................................... .......... 145
12.1.5 Questões comentadas...................... ................................... . 147
SUMÁRIO 15
12.1.6 Questões CESPE/UnB............................................................. 149
12.1.7 Dicas imprescindíveis ......................... .......... ............. ............. 154
12.2 Das tesões corporais............................................................................ 157
12.2.1 Lesão corporal grave .......................................................158
12.2.2 Lesão corporal gravíssima..................................................... 159
12.2.3 Lesão corporal seguida de morte.................... .................. . 161
12.2.4 Lesão corporal privilegiada (§ 4.°) ........................................ 162
12.2.5 Substituição da pena (§ 5 .° ) ..................... >....■......................... 162
12.2.6
Lesão corporal culposa (§ 6,°) .... '.............................. 362
12.2.7 Cáusa de aumento de pena ...................................................... 162
12.2.8 Perdão judicial ......................................................................... 163
12.2.9 Violência doméstica................................................................. 163
12.2.10 Questões comentadas .................... .................................... . 163
12.2.11 Questões CESPE/UnB ........................................................... 164
12.2.12 Dicas Imprescindíveis ........................................................... . 165
12.3 Da periclitação da vida e da saúde ............... ....... ........................... 166
12.3.1 Perigo de contágio venéreo...................................................... 166
12.3.2 Perigo de contágio de moléstia grave ..................................... 167
12.3.3 Perigo para a vida ou saúde de outrem .................................. 167
12.3.4 Abandono de incapaz...................... ................................. . 168
12.3.5 Exposição ou abandono de recém-nascido............................. 169
12.3.6 Omissão de socorro........................... .................. ................... 170
12.3.7 Maus tratos................................................................................ 172
12.4 Crime de rixa ....................................... ............................................. 173
12.4.1 Questões comentadas .................................. ............................. 175
12.4.2 Questões CESPE/UnB ............................................................. 175
12.4.3 Dicas imprescindíveis ..................... ........................................ 176
12.5 Crimes contra a honra ............. ........................................................... 177
12.5.1 Considerações iniciais sobre os crimes contra a honra......... 177
12.5.2 Calúnia (art. 138) ...................................................................... 177
12.5.3 Difamação (art. 139).................. :............................................ 179
12.5.4 Injúria (art. 140)............................ ..............*.......................... 179
12.5.5 Das disposições comuns aos crimes contra a honra ......... 181
12.5.6 Jurisprudência ................................................................ ......... 184
12.5.7 Questões comentadas .... ....................................................... . 185
12.5.8 Questões CESPE/UnB .............................,............................... 187
12.5.9 Dicas imprescindíveis .............................................................. 188
12.6 Crimes contra a liberdade individual ....... ...... ........................... 190
12.6.1 Constrangimento ü eg a i............................................................ 190
12.6.2 Ameaça.......................... ........................................................... 192
12.6.3 Seqüestro e cárcere privado..................................................... 193
12.6.4 Redução à condição análoga à de escravo ......... ..........-........ 194
12.6.5 Violação de domicílio ................................ .......... .................... 195
12.6.6 Jurisprudência ............................................... .............. ............ 197
12.6.7 Questão comentada.............. ........................ ...................... . 197
12.6.8 Questões CESPE/UnB ............................................................. 198
12.6.9 Dicas imprescindíveis .............................................. .......... . 198
13. DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO........................................ 201
13.1 Furto ...................................................................................................... 201
13.1.1 Furto de coisa comum........................ ...................................... 207
13.1.2 Jurisprudência atualizada........................................... -........ 207
13.1.3 Questões comentadas................................................................ 208
13.1.4 Questões CESPE/UnB ............................................................. 208
13.1.5 Dicas imprescindíveis ........................................ 211
13.2 Roubo ............................................................. ..................................... 214
13.2.1 Jurisprudência atualizada......................... .................... .......... 219
13.2.2 Questões comentadas ...... ............................ ............. .............. 220
13.2.3 QuestSes CESPE/UnB .............................................................. 222
13.2.4 Dicas imprescindíveis..................................... ......................... 224
13.3 Extorsão........................ .................... ............ ...................................... 226
13.3.1 Causas de aumento de pena........................... ........... ............. 227
13.3.2 Extorsão qualificada..................................... ............................ 228
13.3.3 A nova figura penai do “sequestfo relâmpago” ....... ............. . 228
13.3.4 Extorsão mediante seqüestro ................................................ . 229
13.3.5 Extorsão indireta ....................................................................... 232
13.4 Ustupação.......................................................................... .................. 232
13.4.1 Alteração de limites .............................. .................................. 232
13.4.2 Usiopação de águas ....................... ..........——...............................-. 233
13.4.3 Esbulho possessório ................................................................. 234
13.4.4 Supressão ou alteração de marca era anim ais................. ...... 234
13.5 Crime de dano.............................................................. ...................... 235
13.5.1 Dano qualificado ................................................. -............................... .. 236
13.5.2 Introdução ou abandono de animais em propriedade alheia ... 237
16_______ DtREiTO PENAL para concurso - POÜCIA FEDERAL - gmerson Castelo Branco
SUMÁRIO 17
13.5.3 Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou histórico .. 237
13.5.4 Alteração de local especialmente protegido .......................... 238
13.5.5 QuestSes comentadas ............................................................... 23S
13.5.6 Questões CESPE/UnB ............................................................. 239
13.5.7 Dicas imprescindíveis .............. .......... ..................................... 240
13.6 Apropriação .......................................... ........ ...................................... 242
13.6.1 Apropriação indébita................. ....... ........................................ 242
13.6.2 Apropriação indébita previdendária...... ............................... 243
13.6.2.1 Causa ex.tinti.va da punibilidade ............................... 244
13.6.2.2 Perdão judicial .......................................................... 245
13.6.3 Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força
da natureza........................................................ ........................ 246
13.6.4 Apropriação de tesouro .......................................................... . 246
13.6.5 Apropriação de coisa achada ................................................... 247
13.6.6 Jurisprudência atualizada ....................... ............................... 247
3 3,6,6.10 dolo no crime de apropriação indébita (art. 168 do CP)
e apropriação indébita previdendária (art 168-A)......... 247
13.6.7 Questão comentada ........................................ ...................... . 248
13.6.8 Questões CESPE/UnB ............................................................. 249
13.6.9
Dicas imprescindíveis ................ .............................................. 250
13.7 Estelionato e outras fraudes ....................................................-.......... 251
13.7.1 Estelionato................................................................................. 251
13.7.1.1 Forma privilegiada....................................... ............ 253
13.7.1.2 Disposição de coisa alheia como própria............... 253
13.7.1.3 Alienação ou oneração fraudulenta de coisa pró­
pria ........................................................................... 254
13.7.1.4 DefraudaçSo de penhor............................................ 254
13.7.1.5 Fraude na entrega de co isa .................... ................. 254
13.7.1.6 Fraude para recebimento de indenização ou valor
de àeguro ................. ........... ........... .................... «... 255
13.7.1.7 Fraude no pagamento por meio de cheque ............ 255
13.7.2 Duplicata simulada ................................ ................................... 257
13.7.3 Abuso de incapazes......................................................... ■........ 257
13.7.4 Induzimento à especulação ..................................................... 258
13.7.5 Fraude no comércio ............................................... ................. 258
13.7.6 Outras fraudes ................... ....................................................... 259
13.7.7 Fraudes e abusos na fundação ou administração de Sociedade
por A ç6es.......................... ................... ........................ ......... 259
13.7.8 Emissão irregular de conhecimento e depósito ou “warrant” . 260
18 DIREITO PENAL para comurso - PQLÍCiA FEDERAL - Emerson Castelo Branco
13.7.9 Fraude à execução .......................................................... 261
13.7.10 Jurisprudência atualizada....................................................... 261
13.7.10.1 Estelionato e “cola eletrônica” .............................. 261
13.7.10.2 Sujeito passivo no crime de estelionato............... 262
13.7.11 Questões comentadas .... ....... ................................................ 262
13.7.12 Questões CESPE/UnB ........................................................... 264
13.7.13 Dicas imprescindíveis ............................... ............................ 266
13.8 Receptação...................... ........ ............... .......................... 268
13.8.1 Receptação qualificada..................... ...................................... 271
13.8.2 Perdão judicial e receptação privilegiada............................... 272
13.8.3 Receptação culposa............... ........... ....................................... 272
13.8.4 Causa de aumento de pena .............. ...................................... . 273
13.9 Disposições gerais sobre os crimes contra o patrimônio ................ 273
13.9.1 Imunidades absolutas (escusas absolutórias)..............273
13.9.2 Imunidades relativas (imunidades processuais) .................... 274
13.9.3 Exceções (art. 183) ..................................................... ............. 275
13.10 Crimes contra a propriedade imaterial............. ............................... 276
13.10.1 Violação de direito autoral.................. ............................. . 276
13.11 Jurisprudência atualizada ........... ...................................................... 278
13.11.1 Receptação qualificada e princípio da proporcionalidade ... 278
13.11.2 Questão comentada ......................... ............................. ......... 279
13.11.3 Questões CESPE/UnB ........................................................... 279
13.11.4 Dicas imprescindíveis ............................................................ 280
14. CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA..................... 283
14.1 Crimes praticados por funcionários públicos contra a Administração
Pública................................................*............................................... 283
14.1.1 Considerações gerais........................... .................................... 283
14.1.2 Conceito de funcionário público estritamente para efeitos
penais .............................................................-....................... 284
14.2 D os crimes praticados porfuncionário público contra a administração
em geral ......... ....................................... ............................. .............. 286
14.2.1 Crime de peculato................................................. ................. 286
14.2.1.1 Peculato apropriação...................................... .......... 288
14.2.1.2 Peculato desvio......................................................... 289
14.2.1.3 Peculato-furto (ou peculato impróprio).................. 290
14.2.1.4 Peculato culposo....................................................... 291
14.2.1.5 Reparação do dano no peculato culposo ................ 292
SUMÁRIO 19
14.2.2 Peculato mediante erro de outrem................ ....................292
14.2.3 Inserção de dados falsos em sistema de informações ........... 293
14.2.4 Modificação ou alteração não autorizada de sistema de infor­
mações .... .......... ....................... ........................................... . 295
14.2.5 Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento 295
14.2.6 Emprego irregular de verbas ou rendas públicas .............. . 296
14.2.7 Concussão ........................................................................ . 296
14.2.8 Excesso de exação ..............■.................................................. 298
14.2.9 Corrupção passiva........ ...................................... ................ — 298
14.2.10 FaciHtaçáo de contrabando e descaminho ........................... 301
14.2.11 Prevaricação ............................... ,............ .......... .................... 301
14.2,11.1 Prevaricação imprópria........................................ 302
14.2.12 Condescendência criminosa..... ............................... ............. 303
14.2.13 Advocacia administrativa.... ................................ ................. 304
14.2.14 Violência arbitrária...................................................... ........... 305
14-2,15 Abandono de função .............................. ....................... . 305
14.2.16 Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado 306
14.2.17 Violação de sigilo funcional ...............*............. ................... 307
14.2.18 Violação de sigilo de proposta de concorrência................... 308
14.2.19 Questões comentadas ................ ............ .............. ................ 308
14.2.20 Questões CESPE/ünb............................................ '............... 310
14.2.21 Dicas imprescindíveis ............................................................ 315
14.3 Crimes praticados por particular contra a administração em geral..... 316
14.3.1 Usurpação de função pública..................... ..........................— 316
14.3.2 Resistência.................................................... ..... ....................... 318
14.3.3 Desobediência ................... ...................... .............. ................... 320
14.3.4 Desacato ............... ............... .................... ........................... . 321
14.3.5 Tráfico de influência ............................... ................................. 322
14.3.6 Corrupção ativa............................ .................................. ........ 323
14.3.7 Contrabando e descaminho.................... ............ .................... ' 324
14.3.8 Impedimento, perturbação ou fraude de concorrência......... 326
14.3.9 Inutilização de edital ou de sinal .................................. .......... 326
14.3.10 Subtração ou inutilização de livro ou documento..........
. 327
14.3.11 Sonegação de contribuição previdenciária ................. ......... 327
14.3.12 Questão comentada...................... .......................................... 329
14.3.13 Questões CESPE/UnB ........................................................... 330
14.3.14 Dicas imprescindíveis ......................... .................................. 331
14.4 Crimes contra a administração da justiça......................................... 334
20 DIREITO PENAL para concurso - POÜC1A FEDERAL - Errmmon Castelo Branco
14.4.1 Reiagresso de estrangeiro expulso ............................ ............. 334
14.4.2 Deaunciaç&o caluniosa *.... ........................ ............................... 335
14.4.3 Comunicação falsa de crime ou contravenção...................... 337
14.4.4 Autoacusação fàlsa ................ ................................ ......... . 338
14.4.5 Falso testemunho ou falsa perícia ..... .......................... 339
14.4.6 Corrupção ativa de testemunha, perito, contador, tradutor ou
intérprete ...................................................... ........ ..................... 342
14.4.7 Coação no curso do processo ................ ................................. 343
14.4.8 Exercício arbitrário das próprias razões ................................. 344
14.4.9 Subtração, supressão ou daniíicação de coisa própria no legí­
timo poder de terceiro..................... ....................................... 345
14.4.10 Fraude processual........................... ............................. . 345
14.4.11 Favorecimento pessoal.................. ....................................... . 346
14.4.12 Favorecimento real.................... ................................. .......... . 347
14.4.13 ingresso, promoção, intermediação, auxilio ou facilitação
de entrada de aparelho telefônico em estabelecimento pri­
sional ................................. ....................................................... 348
14.4.14 Exercício arbitrário ou abuso de poder ................. 349
14.4.15 Fuga de pessoa presa ou submetida a medida de segurança . 350
14.4.16 Evasão mediante violência contra a pessoa ....................... 350
14.4.17 Arrebatamento de preso ............. .......... ......... ................... . 351
14.4.18 Motim de presos ........................ ................... ................ ...... 352
14.4.19 Exploração de prestígio ........................................................ 352
14.4.20 Jurisprudência atualizada ...................................................... 353
14.4.20.1 Dano em fuga de preso..................................... . 353
14.4.21 Questão comentada ............................................... ................. 354
14.4.22 Questões CESPE/UnB............................................................ 354
14.4.23 Dicas imprescindíveis ......................... -....................... 355
BIBLIOGRAFIA.............................................................................................. 359
GABARITO 361
DIREITO PENAL
( p q r t e Ç e r â (
PRINCÍPIOS E . CARACTERÍSTICAS
DO DIREITO PENAL
1.1 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO PENAL
1.1.1 Princípio da reserva legal e da anterioridade da lei penal
Art. l.° do CP: “Não há crime sem lei anterior que o defina, Não há 
pena sem prévia cominação legal”. É o princípio nuttum crimen, milla 
poena sine praevia leget inserido no art. 5.°, inciso XXXIX, da CF.
Conceito de princípio da reserva legal: O Estado não pode punir 
uma pessoa por uma conduta não prevista (descrita) em lei (ordinária 
federal) como crime. Em decorrência deste, surge o princípio da taxar 
tividade, segundo o qual a conduta deve estar descrita de forma exata 
na norma penal.
Conceito de princípio da anterioridade: A lei deve estar em vigor na 
data em que a conduta criminosa é cometida.
1 ** t i' i, ç /
■;::‘NQl!EÍ?.Clual;Bi:.difer^nçg'wtreros;.pnneíptos;da!i:eservaílegal',eí<3a5 legalidade?:-.
Parte da doutrina considera que o principio da reserva iegal é o mesnfo 
que o pnncfpjo da légalidade Outros autores-entendém .que .o ppnctpio da 
reserva lega! decorre do princípio da legalidade, qu séja^aigúrnak matérias' 
só podem ser disciplinadas por !eí, ejn sentido rfcrmal, não admitindo, por 
exemplo, medida provisópa, 1 s
Criticando as leis penais vagas, indeterminadas e imprecisas, 
observa Ritencourt: “Em termos de sanções criminais são inadmis­
24 DtRBTO PENAL para concurso - POÜCIA FEDERAL - Emerson Casfato Branco
síveis, pelo princípio de legalidade, expressões vagas, equívocas ou 
ambíguas.”1
Dessa forma, os tipos penais vagos (descrição genérica) devem ser 
evitados pelo legislador. Daí nasce a expressão “mandato de certeza”, 
isto é, a lei penal não pode ser indeterminada.
A reserva legal estende-se normalmente às contravenções penais e 
às medidas de segurança.
1.1.2 Princípios da irretroatividade da lei penal mais maléfica e 
da retroatividade da lei penal mais benéfica
De acordo com o inciso XL, do art. 5.°, da Constituição Federal 
de 1988, a lei penal somente retroagirá para beneficiar o acusado. No 
mesmo sentido, dispõe o art. 2.° do Código Penal.
A irretroatividade da lei penal mais maléfica e retroatividade da lei 
penal mais benéfica não se restringem às penas, mas a qualquer norma de 
natureza penal. Toda e qualquer norma que influencie no direito de punir 
do Estado deve ser considerada de natureza penal (ex.: norma de execução 
penal que tome mais grave o cumprimento da pena). A irretroatividade não 
atinge somente as penas, como também as medidas de segurança.
. NOTE! ^ão .confundir, as' leis processuais cóm as leis penais. As processuais 
riãqse súbmstem/iáa'principio daVetfqãtjvídágé1 da (efpená.L mais.benéfica,' 
òònfóri7iè:p.revS;p;'árt.;2 . í tío ÇPP,
. no processo1, em andamento, .não irnportãodo .se/p çrime foi Ç0:nnettd0; ánte3
■ ou após;sua entrada erp v i^ r i '^ /s ^ è ; ; i9U.ni|o' mate b e n é f i c a . ''
E como estabelecer se a norma é processual ou penál? As normas 
processuais (ex.: prisão preventiva- a restrição é provisória, cautelar) 
refletem diretamente sobre o processo, não possuindo relação com o 
direito de punir do Estado. Somente possuirá natureza penal a norma 
que tomar mais rigorosa, ou menos rigorosa, a punição estatal.
1.1.3 Princípio da culpabilidade
Decorrência do Estado Democrático de Direito, o principio da cul­
pabilidade consagra a responsabilidade penal subjetiva, impondo que
* BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal Pane Geral - V.1, 5.» ed, São Pauto: Saraiva, 
2006, p. 15-16.
Cap. 1 - PRINCÍPIOS £ CARACTERÍSTICAS DO DÍREITO PENAL 25
ninguém seja responsabilizado penalmente sem que tenha agido com 
dolo ou culpa,
Bitencourt elenca três conseqüências deste princípio: “a) não há res­
ponsabilidade objetiva pelo simples resultado; b) a responsabilidade penal 
é pelo fato e não pelo autor; c) a culpabilidade é a medida da pena.”2
1.1.4 Princípio da dignidade da pessoa humana
A dignidade da pessoa humana (art. 1.® inciso III, da CF) é o alicer­
ce do Estado Democrático de Direito. Por isso, o legislador constituinte 
dispõe: “a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e 
liberdades fundamentais” (art. 5.°, inciso XLI, da CF). A tutela penal deve 
sempre se pautar pelo princípio vetor da dignidade da pessoa humana.
1.1.5 Principio da humanidade (ou da humanização das penas)
O princípio da humanização das penas impede que o direito de punir 
do Estado atinja a dignidade da pessoa humana. A CF, no inciso XLVIL, 
do art. S.0, proíbe a aplicação de penas: “a) de morte, salvo em caso de 
guerra declarada, nos termos do art. 84, inciso XIX; b) de caráter per­
pétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis”. E o inciso 
XUX, do art. 5.°, da CF, estabelece ainda que “é assegurado aos presos
o respeito à integridade física e moral”.
1.1.6 Princípio da pessoalidade
Somente o autor do delito pode sofrer a sanção penai, conforme 
dispõe o art. 5.°, inciso XLV, da CF: “nenhuma pena passará da pessoa 
do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do 
perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e 
contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido”. 
Outras denominações: “intranscendência” ou “personalidade”.
1.1.7 Princípio da indívidualização da pena
O art. 5,°, inciso XLVI, da CF, estabelece que “a lei regulará a in- 
dividualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: a) privação
5 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal Parte Geral - V. í, S.a ed„ Sâo Paulo: Saraiva, 
2005, p. 20-21,
26 DiREITO PENAL para concurso - POLlCIA PEOERAL - Emerson Castelo Branco
ou restrição da liberdade; b) perda de bens; c) multa; d) prestação social 
alternativa; e) suspensão ou interdição de direitos”.
Possui três fases:
1.a) Cominaçao da pena (fase legislativa)- O legislador estabelece a pena 
para cada crime, de acordo com a relevância do bem jurídico (ex.: a 
pena do estupro não pode ser a mesma do fUrto);
2.a) Aplicação da pena (fase judicial)- A pena é estabelecida pelo juiz, 
na seguinte ordem: fixa a pena-bass; depois, aplica atenuantes e 
agravantes; e, por fim, as majorantes e minorantes;
3.a) Execução penal (fase administrativa)™ ‘‘Os condenados serão classi­
ficados, segundo seus antecedentes e personalidade, para orientar a 
índividuaiizaçâo da execução penal.” (art. 5 * da Lei n.° 7.210/1984).
1.1.8 Princípio da proporcionalidade das penas
De acordo com o princípio da proporcionalidade, assevera Luiz Regis 
Prado, “deve existir sempre uma medida de justo equilíbrio - abstrata 
(legislador) e concreta (juiz) - entre a gravidade do fato praticado e a 
sanção imposta.”3
1.2 PRINCÍPIOS MODERNOS DO DIREITO PENAL
1.2.1 Princípio da intervenção mínima
É o princípio segundo o qual somente se deve recorrer ao Direito 
Penal, quando exauridos todos os meios alternativos de controle social, 
evitando assim a inflação legislativa. O âfcúmulo de normas penais oca­
siona a perda de sua efetividade, gerando o descrédito da sanção penal 
e, por conseguinte, um Direito Penal puramente simbólico. Por isso 
mesmo, serve para orientar o legislador na elaboração de novas figuras 
penais, bem como na abolição de crimes,
NÓTEJ- Ero decorrência da. inteivenção,míniraaHS^rgfcOf;.denominad0;“prin~-. 
clpio. da sutasídiarieãade°-do' Direito RGnal/ segundo .ol/quàliieste^nãauíeve '
Üer aplieacio ■ no-scaso ; concreto,.íquantfQ,í.existe- aoluçâo-íjurídicaí-alteenaliva.'- 
Çqpãdatada em-, recente. decísãó':.do7Superiar:Trit)ünaf í:dè{\iustSça.í;'':''-rí -■
! PRADO, Luiz Regis, Curso de Direito Penal Brasileiro - Vol. 1 - Parte Geral, 5,s Ed., São Pauto: 
Revista dos Tribunais, 2006, p. 82,
4 STJ, HC 132.528/MS, 07.06.2010.
Cap, 1 - PRINCÍPIOS E CARACTERÍSTICAS DO DIREITO PENAL 27
1.2.2 Princípio da fragmeníariedade
Esse princípio decorre do princípio da intervenção mínima. Segundo 
este, o Direito Penal se caracteriza por seu caráter seletivo, isto é, seu 
objetivo é proteger os bens jurídicos mais relevantes e necessários para 
a sobrevivência da sociedade.
1.2.3 Princípio da adequação social
Existem condutas que, embora estejam tipificadas em lei, não afron­
tam o sentimento social de justiça (ex.: lesões corporais causadas em 
uma luta de boxe).
1.2.4 Princípio da insignificância (da bagatela)
O princípio da insignificância se origina dos princípios da humani­
dade e da dignidade da pessoa humana. Afirma que a conduta somente 
configura um fato típico se a lesão ao bem jurídico possuir o mínimo de 
relevância. A tutela penal deve ser o último caminho e não se presta a 
punir situações irrelevantes, justamente para se evitar constrangimentos 
desnecessários à dignidade do ser humano, destacadamente quando con­
sideramos as mazelas decorrentes do processo penal e seus efeitos.
Afora isso, o princípio da insignificância adéqua-se a necessidade da 
intervenção mínima do Direito Penal, depois de verificada a falência do 
movimento e das teorias expansionistas.
Segundo este, a conduta somente configura um fato típico se a lesão 
ao bem jurídico possuir o mínimo de relevância (ex,: subtração de um 
bombom em um hipermercado).
Somente aplicado em situações excepcionais, em face das peculia­
ridades do casó concreto, a irrelevância deve ser aferida especialmen­
te em relação ao grau de intensidade, isto é, pela extensão da lesão 
produzida.
O delito de “menor potencial ofensivo” não configura, por si só, o 
princípio da insignificância, porque possui uma ofensa mínima, e não 
insignificante (ex.: crime de ameaça).
Qual a diferença entre os princípios da adequação social e da in­
significância? Neste, o fato é socialmente inadequado, mas considerado 
atípico em face da sua ínfima lesividade; na adequação social, a conduta 
deixa de ser punida porque a sociedade não a reputa mais injusta.
28 DIREiTO PENAL 'para concurso - POLÍCIA FEDERAL - Emerson Castelo Branco
NOTEI Segundo a. jurisprudência' cptisolidadà no Superior Tribunal de J ú s - ' 
. ,F ^ è ^ % l^ ^ t^ - ’)c|ç:«iijdlçqOT.p^paig..
; iriàus :ánte^'çlent^sv- feihcidêrtcià/ioy-^péW ffènâís •
'erfi"GLÍrM;?rião 'Ínrip.áde'rn a aplicação-’
1.2.5 Princípio da ofensivídade
Princípio segundo o qual somente haverá crime se existir efetiva 
ofensa a um bem jurídico penalmente protegido.
1.3 CARACTERÍSTICAS GERAIS DO DIREITO PENAL
1.3.1 Denominação e conceito
O conceito pode ser formal e material.
Formalmente, o Direito Penal se caracteriza pelo conjunto de normas 
que descrevem condutas (ações ou omissões) criminosas e seus efeitos 
jurídicos.
Materialmente, caracteriza-se pelos comportamentos reprováveis que 
afetam os bens jurídicos indispensáveis à sociedade.6
Classifica-se ainda em objetivo e subjetivo. Objetivamente, é o con­
junto de normas que definem os delitos e cominam as respectivas sanções. 
Subjetivamente, é o direito do Estado de aplicar a tutela penal.
1.3.2 Características das normas penais
a) Exclusividade - somente a lei penal pode definir crimes e cominar 
sanções.
b) Anterioridade - deve ser anterior ao fato delitivo.
c) Imperatividade - o seu descumprimento acarreta a imposição da 
pena.
d) Generalidade ~ destina-se a todos.
e) Impessoalidade - não se refere a pessoas determinadas.
s STJ, MC 171.02Q/MG, 27.09.2010.
* PRADO, Luiz Regls. Curso de Direito Penal Brasileiro - Vol 1 - Parte Geral, S.“ Ed„ São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2006, p. 27.
Cap. 1 - PRINCÍPIOS E CARACTERÍSTICAS 0 0 DIREITO PENAL 29
1.3.3 Normas penais em branco (cegas ou abertas)
As normas penais em branco são aquelas de conteúdo incompleto, 
exigindo complementação por outra norma jurídica, para que se possa 
compreender o seu âmbito de aplicação. 
Apesar do conteúdo não ser completo, os elementos do tipo devem 
descrever a conduta criminosa de forma exata.
Espécies:
a) Em sentido lato (homogêneas) - É aquela cujo conteúdo deve ser 
complementado por normas de categoria hierárquica idêntica a da 
norma penal. Ex: art. 237 do CP (“Contrair casamento, conhecendo 
a existência de impedimento que lhe cause a utilidade absoluta”). 
O conceito de “casamento” é determinado pelo Código Civil, lei da 
mesma hierarquia do Código Penal.
b) Em sentido estrito (heterogêneas). É aquela cujo complemento pode ser 
uma norma de hierarquia diversa da norma penal. Ex; tráfico ilícito 
de drogas, previsto no art. 33 da Lei 11.343/2006. O termo “drogas” 
somente pode ser compreendido por meio das portarias e resoluções 
da ANVISA, no âmbito do Ministério da Saúde.
1.3.4 Fontes do direito penal
a) De produção, material ou substancial. A fonte
material do Direito Penal 
é o Estado, já que compete à União legislar sobre direito penal.
b) Formal, de cognição ou de conhecimento:
- Imediata: lei. É na norma penai que se descreve a conduta e a pena 
cominada;
- Mediata: costumes e princípios gerais do direito, Não podem se so­
brepor à lei penaL Devem ser aplicados com bastante cautela, face ao 
princípio da reserva legal.
1.3.5 Classificação das normas penais
a) Normas penais incriminadoras ~ São aquelas que descrevem a conduta 
criminosa e estabelecem a pena correspondentè.
b) Normas penais n lo incriminadoras:
- permissivas. Prescrevem causas de exclusão da ilicitude do fato. É o 
caso da legítima defesa e do estado de necessidade, Ex,: arts. 24 e 
25 do CP;
- exculpantes. Prescrevem outras causas de exclusão do crime (ex.: 
coação moral irresistível) ou da punibilidade (ex.: prescrição).
30 DíREfTO PENAL para concurso — PÜÜCÉA FEDERAL - Hmereon C$$teh Branco
~ explicativas. Esclarecera o significado de outras normas. Ex 1: art. 
327 (esclarece quem pode ser considerado funcionário público para o 
fim de aplicação da iei pena); Ex 2.: art. 150, § 4.°, do Código Penal 
(esclarece o significado da expressão “casa” para efeito de caracterizar
o crime de violação de domicílio);
- Complementares. São as que fornecem princípios gerais para a apli­
cação da lei penai, tal como a existente no art, 59 do Código Penal.
1.3.6 Interpretação da lei penal
Quanto aos meios empregados: a) Gramatical- considera apenas o 
sentido literal das palavras; b) Lógica ou teleológica ~ busca a finalidade 
da norma penal.
Quanto ao resultado: a) Restritiva ~ consiste em restringir o alcance 
da interpretação; b) Extensiva — quando se interpreta além da intenção 
do legislador.
Importante observar o princípio in dublo pro reo - na dúvida, a 
interpretação deve ser sempre mais favorável ao réu.
1.3.7 Analogia
Ocorre quando, em easos de lacuna da lei, utiliza-se a norma de um 
caso semelhante ao outro que não está previsto na lei.
A questão é a seguinte: no Direito Penal, admite-se a aplicação de 
analogia? Não se admite analogia para normas incriminadoras, em face 
do princípio da reserva legal. Deve ser aplicada somente nas normas 
penais não incriminadoras permissivas e explicativas.
Somente se admite analogia in bonSn partem, isto é, era, beneficio 
do acusado, Como exemplo, temos o aborto praticado por enfermeiro, 
diante da absoluta e previsível falta de médico no local (art. 128, I, 
do CP), ou de sua expressa negativa em fazê-lo. Nesse caso, aplica-se 
analogia in bonam partem (para beneficiar), em face da semelhança das 
situações.
Qual a distinção entre analogia, interpretação extensiva e interpre­
tação analógica? Enquanto a analogia se aplica nos casos de lacuna da 
lei, as outras formas são apenas método de interpretação. A interpretação 
extensiva concede à norma um alcance maior. A interpretação analógi­
ca ocorre sempre que uma norma penal (ex.: “matar alguém”) traz em 
uma seqüência casuística (“utilizando-se de veneno, fogo, tortura”) uma 
fórmula genérica (“ou qualquer outro meio insidioso oü cruel”)-
Cap, 1 - PRINCÍPIOS E CARACTERÍSTICAS DO OiREITO PENAL______________31
1.4 QUESTÕES COMENTADAS
(CESPE/UnB 2008) Pelo princípio da retroatividade da lei mais benigna, a norma 
processual penal tem efeito retroativo, anulando os atos processuais anteriores, no 
caso de a lei nova de natureza exclusivamente processual vir a beneficiar o réu. 
Resposta: Errado. O princípio da retroatividade de lei mais benigna se manifesta apenas 
no campo do Direito Penal. No processo penal, aproveitam-se todos os atos processuais 
anteriores, tendo a nova lei aplicação imediata, independentemente de ser mais ou 
menos gravosa.
(CESPE/UnB 2007) Uma das vertentes do princípio da Iesividade tem por objetivo 
impedir a aplicação do direito pena! do autor, Isto é, impedir que o agente seja punido 
peio que é, e não pela conduta que praticou.
Resposta: Segundo o principio da iesividade, não haverá punição enquanto os efeitos de 
uma conduta permanecerem na esfera de interesses da própria pessoa; iogo, proíbe que
o agente venha a ser punido por algo que afete seu próprio e único interesse, devendo- 
-se considerar apenas as condutas praticadas que afetem interesses de terceiros.
(CESPE/UnB 2006} É cediço que a pena não pode passar da pessoa do condenado. 
Esse entendimento corresponde ao princípio da íntranseendêneia.
Resposta; Certo, De acordo com o principio da Íntranseendêneia, a pena nôo pode 
ser transmitida para herdeiros, sucessores, representantes legais. Não pode passar da 
pessoa do condenado.
1.5 QUESTÕES CESPE/UnB
1. (Agente - Polícia CivílfTO 2008 - CESPE/UnS) O enunciado segundo o qual "não 
há crime sem iei anterior que o defina, nem pena sem prévia cotninação legai" 
traz insculpidos os princípios da reserva legal ou legalidade e da anterioridade.
2. (Agente - Poiicia Civil/RR 2003 - CESPE/UnB) Bento praticou o crime de receptação, 
cuja pena é de reclusão de um a quatro anos. Posteriormente, por ocasião de seu 
julgamento, passou a viger lei que, reguiando o mesmo fato, impôs pena de um a 
cinco anos. Nessa situação, a lei posterior será aplicada em face do principio da 
retroatividade de let mais severa.
3. (Agente - Polícia Civil/TO 2008 - CSSPE/UnB) Considere a seguinte situação hipotética. 
Célio, penalmente imputáve!, praticou um crime para o qua! a tel comina pena de 
detenção de 6 meses a 2 anos e multa e, após a sentença penal condenatória 
recorrívef, nova lei foi editada, impondo para a mesma conduta a pena de reclusão 
de 1 a 4 anos e multa. Nessa situação, a nova legislação não poderá ser aplicada 
em decorrência do princípio da irretroatividade da lei mais severa.
4. (Defegado - Polícia CtvIl/TO 2008 - CESPE/UnB) Prevê a Constituição Federal que 
nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o 
dano e a decretação de perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos 
sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido. 
Referido dispositivo constitucional traduz o principio da Íntranseendêneia.
5. (Delegado - Poiicia Civíl/TO 200B - CESPE/UnB) Considere que um indivíduo seja 
preso pela prática de determinado crime e, já na fase da execução penal, uma nova 
iei torne mais branda a pena para aquele delito. Nessa situação, o indivíduo cumprirá 
a pena imposta na legislação anterior, em face do princípio da irretroatividade da 
iei penal.
32 DIREITO PENAI para concurso ~ POLICIA FEDERAL - Emerson Castalo Branco
6, (CESPE/UnB 2007) O pequeno valor da tes furtiva, por si só, autoriza a aplicação 
do principio da insignificância.
7, (CESPE/UnB 2007) São sinônimas as expressões "bem de pequeno valor” e “bem 
de valor insignificante", sendo a conseqüência jurídica, em ambos os casos, a 
aplicação do princípio da insignificância, que exclui a tipicidade penal.
8, (CESPE/UnB 2008} Considere que um promotor de justiça tenha oferecido denúncia 
contra determinado réu, Smputando-ifte um fato que, em (oi posterior à sua ocorrência, 
viesse a ser definido como crime. Nessa hipótese, a denúncia fere o principio da 
anterioridade, que define como lícita qualquer conduta que não se encontre prevista 
em lei penal Sncriminadora,
S. {CESPE/UnB 2008) Quando lei nova que muda a natureza da pena, cominando 
pena pecuniária para o. mesmo fato que, na vigência da lei anterior, ora punido
por meio de pena de detenção, não se aplica o princípio da retroatividade da lei
mais benigna.
10. (CESPE/UnB 2004} Quando lei nova que muda a natureza da pena, cominando 
pena pecuniária para o mesmo fato que, na vigência da lei anterior, era punido
por meio de pena de detenção, não se aplica o principio da retroatividade da tei
mais benigna.
1.6 JURISPRUDÊNCIA ATUALIZADA
1.6.1 O princípio
da insignificância no crime de farto e o
pequeno valor econômico da coisa
O pequeno valor econômico da coisa é o suficiente para aplicar o 
princípio da insignificância? Pode ser considerado critério exclusivo?
Não. Mais uma vez, o Supremo Tribunal Federal, apreciando o Ha- 
beas Corpus 98.944/MG, reafirmou os quatro critérios a serem levados 
em consideração na aplicação do princípio da insignificância. São eles:
if"
a) Mínima ofensividade da conduta..
b) Inexistência de periculosídatíe social do ato.
c) Reduzido grau de reprovabiKdade do comportamento.
d) Inexpressividade da lesão provocada.
No caso apreciado, o Min. Marco Aurélio verificou que, apesar da 
coisa ser de peqüeno valor (RS 98,80), a suposta autora do delito tinha 
oito antecedentes criminais e já fora condenada duas vezes, por furto e 
por violação de domicílio. Responde ainda a dois inquéritos, sendo um 
por porte ilegal de arma de fogo. Tentou furtar ainda produtos de uma 
farmácia. Já haviam sido arquivados processos por contravenção penal 
de perturbação da tranqüilidade.
Cap. 1 - PRINCfPtOS £ CARACTERÍSTICAS do d ire i to p e n a l 33
1,6.2 Princípio da insignificância exclui o fato típico, Não é causa 
de extinção da punibiiidade, e sim do crime
Discute-se muito sobre a natureza do princípio da insignificância. 
Seria causa de extinção da punibiiidade? Causa de exclusão do fato 
típico, ou da antijuridicidade, ou da culpabilidade?
Entendendo que absolvição é diferente de não punibiiidade o mi­
nistro Celso de Mello, relator do Habeas Corpus (HC) 98.152, aplicou 
o princípio da insignificância a uma tentativa de furto de cinco barras 
de chocolate num supermercado. Em seu voto, no qual teve a adesão 
unânime da Segunda Turma, ele ressaltou que o. fato não pode ser con­
siderado crime.
Segundo o STF a conduta sequer poderia ser considerada crime. 
Portanto, ao ser absolvido, o acusado volta a ser considerado primário 
caso seja réu posteriormente em outra ação.
“O reconhecimento da insignificância da conduta praticada pelo réu 
não conduz à extinção da punibiiidade do ato, mas à aíipicidade do 
crime e à conseqüente absolvição do acusado” (STF, HC 98.152/MG, 
j. 19.05.2009).
Segundo o Min. Celso de Mello, relator do Habeas Corpus, “o fato 
insignificante, porque destituído de tipicidade penal, importa em absol­
vição criminal do réu.”
1 7 DICAS IMPRESCINDÍVEIS
Cumpre destacar as novas súmulas do Superior Tribunal de Justiça 
(STJ) e do Supremo Tribunal Federal (STF) relacionadas ao princípio 
da individualização das penas:
Súmula 444 dò STJ: “É vedada a utilização de inquéritos po­
liciais e ações penais em curso para agravar a pena-base”.
Súmula 440 do STJ: “Fixada a pena-base no mínimo legai, é 
vedado o estabelecimento de regime prisional mais gravoso do 
que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas 
na gravidade abstrata do delito”.
Súmula 439 do STJ: “Admite-se o exame criminológico pelas 
peculiaridades do caso, desde que em decisão motivada”
34 DIRBTO PENAL para concurso - POLÍCIA FGDÊRAL *- Emerson Custeio Bfansc
Súmula Vinculante 26 do STF: “Para efeito de progressão de 
regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equipa­
rado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do 
art. 2.° da Lei 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de 
avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos 
e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de 
modo fundamentado, a realização de exame criminológico”.
O que é o princípio da alteridade? É aquele que impede a punição 
da autolesão. Em regra, as pessoas não podem ser responsabilizadas 
criminai mente por algo que as atingem exclusivamente. Consiste ainda 
na impossibilidade de se punir atitudes puramente internas. Exemplo: 
O suicida, caso sobreviva, não possuí responsabilidade penal alguma, 
por causa do princípio da alteridade, que proíbe a punição de condutas 
que atingem apenas a pessoa do autor isoladamente (ex.: autolesão).
j O princípio da insignificância é utilizado para enfrentar o antigo 
problema da tipícidade formal (mera descrição da conduta no tipo 
penal)? Sim. Atualmente, exige-se que a conduta tenha condição de 
lesar o bem jurídico protegido (típicidade material).
O que significa “mandado de criramalização”? Trata-se da indicação, 
pelo legislador constituinte, de matérias a respeito das quais o legis­
lador ordinário obrigatoriamente deve tratar, a exemplo do racismo 
(art. 5.°, XLIÍ: nos termos da lei”) e dos crimes hediondos (art.
5.°, XLIII: “A Iei considerará [...]”).
As teorias do garantismo penal e do'"direito penal do inimigo se con­
trapõem? Sim. O garantismo guarda perfeita sintonia com o Direito 
Penal constitucional, baseado num conjunto de direitos e garantias 
fundamentais da pessoa humana. Já o direito penal do inimigo divide 
os criminosos em “cidadãos” e “inimigos”, pregando para estes últimos 
uma série de supressões de direitos e garantias individuais.
Seria possível a aplicação do princípio da insignificância em relação à 
prática de um determinado ato infracional? Sim. Trata-se da orientação 
do STF.7
7 STF, HC 102j55S/RS, 22.06,2010.
APLICAÇÃO DA LEI PENAL 
NO TEMPO E NO ESPAÇO
2.1 APLICAÇÃO BA LEI PENAL NO TEMPO
2.1.1 Irretroatividade da lei penal mais maléfica e retroatividade 
da lei penal mais benéfica
De acordo com o art. 2.° do CP: “Ninguém pode ser punido por fato 
que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a 
execução e os efeitos penais da sentença condenatória. Parágrafo único. 
A lei posterior que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos 
fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada 
era julgado”. Fundamento constitucional: o art. 5.°, no inciso XL.
Regra: a lei penai não pode retroagir.
Exceção: a 3et penal retroagirá quando trouxer aígum benefício para o 
agente no caso concreto.
O princípio de que a lei retroage para beneficiar o acusado restringe- 
-se às normas de caráter penal.
Abolitio criminis. Verifica-se sempre que lei posterior deixa de 
considerar uma conduta como sendo criminosa. Se a lei posterior não 
considera mais crime o fato anteriormente praticado, deve a mesma 
retroagir para extinguir a punibilidade. Caso o réu esteja preso, deve 
imediatamente ser liberado.
A lei penal mais benéfica possui extra-atividade (retroatividade e 
ultra-atividade). Assim, sempre retroagirá quando for mais benéfica. 
Quando for maléfica, jamais retroagirá.
36 DIREITO PENAL para concurso - POLÍCSA FEDERAL - Emerson Casto/o Branco
A lei penal nova mais favorável deve ser aplicada pelo juiz. Se o 
processo se encontrar na fase de recurso, deve ser aplicada pelo Tribunal. 
Por fim, no caso de sentença penal condenatória transitada em julgado, 
a incumbência é do ju iz da execução criminal.
A irretroatívidade não atinge som ente as penas, com o também as 
medidas de segurança.
A lei penal mais benéfica pode ser aplicada se estiver ainda no 
período de vacatio leg is? A questão é extremamente polêm ica, havendo 
duas correntes doutrinárias a respeito do assunto:
1.® Corrente: Durante o período de vacatio legis, a Lei não começou 
ainda a vigorar, isto é, a propagar seus efeitos; portanto, nâo poderia 
ter eficácia imediata, nem retroativa,
2.a Corrente: Seria suficiente a publicação da lei mais favorável para que 
ocorresse a aplicação da lei penal mais benéfica.
Apesar de não existir posicionamento doutrinário majoritário, pes­
soalmente, concordamos cora a primeira corrente. Perfeito o raciocínio 
de Guilherme Nucci: “A Constituição diz apenas que à le i penal pode 
retroagir para beneficiar o réu, devendo-se, por uma questão de lógica, 
levar em consideração o momento em que vigora para toda a sociedade, 
inclusive para os acusados.’51
Pode haver combinação de leis penais
favoráveis para beneficiar o
réu?
l.a Corrente: Defende a possibilidade da combinação, por favorecer o 
réu.
2/1 Corrente: Defende a impossibilidade da combinação, porque estaria 
o juiz usurpando a função do legislador, juntando duas leis, o que 
ocasiona a formação de uma terceira. É atualmente a orientação con­
solidada no STJ e no STF.2
NOTEI Nova Súmula 711 do Supremo Tribunal Federal; “A lei penal mais 
grave aplica-se. ao ; crime continuada ou ao crime permanente, se a sua 
vigência é anterior à cessação dá continuidade ou da pem anáncia“. Dessa
■forma,' nos crimes- permanentes e continuados, aplica-se sempre a úíttma 
iai que vigorava no curso da permanência ou continuidade deütivà. ainda 
que 'mais grave.
1 NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal - Parte Geral e Parte Especial, São Paulo: 
Revista dos Tribunais, 2G0S, pág. 83,
2 STF, HC 97.221/5P, 19.10.2010.
Cap. 2 - APLICAÇÃO OA LEI PENAL NO TEMPO £ NO ESPAÇO 37
2.1.2 Tempo do crime
De acordo com o art. 4.° do CP: “Considera-se praticado o crime 
no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do 
resultado”.
Teorias:
a) da atividade (adotada pelo CP) - Considera praticado o crime no 
momento da ação ou omissão.
b) do resultado - O momento do crime é. o da ocorrência do resultado 
delitivo.
c) da ubiquidade (ou mista) - É tanto o momento da atividade como o 
do resultado.
2.1.3 Leis de vigência temporária
O art. 3.° do CP estabelece: “A lei excepcional ou temporária, embora 
decoiridô o período de súa duração ou cessadas as circunstâncias que a 
determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência”.
Característica principal: a ultratividade. Significa que a lei será 
aplicada a um fato cometido no período de sua vigência, mesmo após 
a sua revogação. A ultratividade ocorrerá sempre, ainda que prejudique 
o acusado.
Espécies:
a) lei excepcional - É aquela que vigora por tempo indeterminado, en­
quanto durar a situação excepcional. Ex.: guerra.
b) lei temporária - É aquela que surge para vigorar por tempo previa­
mente estabelecido, isto é, com começo e com íim pré-âxado.
Sâo leis autorrevogáveis ("intermitentes”). Em regra, uma Lei somente 
pode ser revogada por outra, posterior, que a revogue expressamente, que 
seja com ela incompatível ou que regule integralmente a matéria nela 
tratada, conforme dispõe a Lei de Introdução ao Código Civil.
Conforme fora estudado anteriormente, a lei penal mais benéfica 
possui ultratividade para beneficiar o réu, Porém, essa ultratividade 
é um pouco diferente da ultratividade das leis temporárias e excep­
cionais, porque nestas haverá ultratividade ainda que esta seja pre­
judicial ao róu.
"¥
38 DIREITO PENAL para concurso - POLlCIA FSDERAl - Bmerson Castelo Branco
2.2 APLICAÇÃO DA LEÍ PENAL NO ESPAÇO
2.2.1 Princípio da territorialidade (art. S.° do CP)
Territorialidade, esclarece Nucci, “é a aplicação das leis brasileiras 
aos delitos cometidos dentro do território nacional (art. 5.°} caputdo CP). 
Esta é uma regra gerai, que advém do conceito de soberania, ou seja, a 
cada Estado cabe decidir e aplicar as leis pertinentes aos acontecimentos 
dentro do seu território.”3
Elementos do território nacional:
a) o solo ocupado pela nação;
b) o$ rios, os lagos e os mares interiores e sucessivos;
c) os golfos, as baías e os portos;
d) a faixa de mar exterior, que corre ao largo da costa e que constitui 
o mar territorial;
e) a parte que o direito atribui a cada Estado sobre os rios, lagos e mares 
fronteiriços;
f) os navios nacionais;
g) o espaço aéreo correspondente ao território;
h) as aeronaves nacionais.
Território brasileiro por equiparação (art. 5.°, § 1 do CP): São duas 
as situações: a) embarcações e aeronaves brasileiras de natureza pública 
ou a serviço do governo brasileiro onde estiverem; b) embarcações e 
aeronaves brasileiras, de propriedade ppvada, que estiverem navegando 
em alio-mar ou sobrevoando águas intpmacionais.
Dois são os princípios da territorialidade: a) territorialidade abso­
luta, segundo o qual, sempre será aplicada a lei brasileira; b) territo- 
rialidade temperada, segundo o qual a lei penal brasileira, em regra, 
aplica-se ao crime cometido no território nacional, mas excepcional­
mente pode ser aplicada a lei estrangeira, quando assim determinarem 
tratados e convenções internacionais. O Brasil adotou a territorialidade 
temperada.
3 NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal - Parte Geral e Parte Especial, São Pauto: 
Revista dos Tribunais, 2005, p. 102.
Ca p. 2 - APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO TEMPO E NO ESPAÇO 39
í ' '
NOTE! Quai a Justiça competente para juigar crimes cometidos a bordo 
de embarcações © aeronaves? No caso das aeronaves, sempre será da 
Justiça Federa! (art, 109, IX, da CF). Entretanto, nas embarcações, outra 
ô a solução. Segundo o STJ, a CF/1988 menciona a palavra “navio", 
devendo-se entender como tat somente a embarcação de grande porte, com 
potencial para viagens internacionais. Por isso mesmo, é da competência 
da Justiça Estadual os crimes cometidos em lanchas, botes, dentre outras 
embarcações de pequeno porte.
Princípio do paviihâo ou da bandeira; Consideram-se as embarcações 
e aeronaves como extensões do território do país em que se acham matri­
culadas, quando estiverem em alto-mar ou no espaço aéreo correspondente. 
Não serão consideradas extensão do território brasileiro as nacionais que 
ingressarem no mar territorial estrangeiro ou o sobrevoarem.
No tocante aos navios de guerra e às aeronaves militares, são conside­
rados parte do território nacional, mesmo quando em Estado estrangeiro. 
O mesmo ocorre com os navios e aeronaves militares de outra nação 
presentes no território brasileiro.
2.2.2 Princípios da extraterritoriaiidade
a) Principio da defesa (real, ou de proteção) - Aplíca-se a lei penal 
brasileira, independentemente de fronteiras, se o bem jurídico for de 
proteção especial (art 7°, inciso I, alíneas a, b, c, do CP). Situações; 
crimes contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; 
contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, 
de Estado, de Município, de empresa pública, sociedade de economia 
mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; contra a 
administração pública, por quem está a seu serviço,
b) Da nacionalidade (ou da personalidade) - Apiica-se a iei nacional do 
autor do crime, qualquer que tenha sido o local de sua prática (prin­
cípio da personalidade ativa). E o caso da responsabilidade penal de 
um brasileiro que comete um crime no exterior e se refugia no Brasil, 
Como não é possível extradição, para evitar impunidade, a solução 
é aplicar a lei brasileira (art. 7,® inciso ÍI, alínea b, do CP). E ainda 
quando o crime é cometido por estrangeiro contra brasileiro, fora do 
Brasil, desde que atendidas certas condições (princípio da personalidade 
passiva ~ § 3.°, do art. 7.°, do CP).
c) Da justiça penal universal - É o direito de punir determinados delitos, 
mesmo que praticados fora do território nacional, face à gravidade do 
mesmo, desde que existam tratados e convenções internacionais esta­
belecendo dessa maneira, como os crimes de genocídio e de tráfico 
ilícito de drogas (art. 7.°, inciso I, alínea d e inciso II, alínea á).
40 DIREITO PENAL para concurso - POLÍCIA FEDERAL - Emerson Casteio Branca
d) Da representação - A lei .penal aplica-se aos crimes cometidos no 
estrangeiro em aeronaves e embarcações privadas, desde que não jul­
gados no local do crime. Exemplo: em uma aeronave privada brasileira, 
sobrevoando território de um determinado país, um estrangeiro pratica 
crime contra outro. Se o governo estrangeiro nâo possuir interesse em 
punir o criminoso, o Brasil será o juízo competente, em face da ban­
deira ostentada pela aeronave, (art. 7.® inciso II, alínea
c, do CP).
2.2.3 Formas de extraterritorialidade
- Incondicionada: são as hipóteses previstas no inciso I do art. 7.°. Diz- 
-se incondicionada, porque não se subordina a qualquer condição para 
atingir um crime cometido fora do território nacional.
- Condicionada: são as hipóteses do inciso II e do § 3.°. Nesses casos, a 
lei nacional só se aplica ao crime cometido no estrangeiro se satisfeitas 
as condições indicadas no § 2.° e nas alíneas a e b do § 3.°.
2.2.4 Lugar do crime
De acordo com o art. 6° do CP: “Considera-se praticado o crime 
no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo qu em parte, bem 
como onde se produziu ou devia produzir-se o resultado”.
Teorias
a) da atividade Considera-se como lugar do crime o local em que se 
praticou a ação ou omissão,
b) do resultado - Lugar do crime é o local em que acontece o resultado
delítívo. í*
c) da ubiquidade (ou mista) - É tanto o lugar da atividade como também 
o do resultado. Teoria adotada pelo sistema brasileiro.
NOTE! Como'foi adotada a teoria da ubiquidade (mista)/ à lei. péhál bra­
sileira-será aplicada .ainda que ém nosso territôrio somente aconteça o 
resultado (ex;: tiros disparados.na Colômbia, enquanto a morte.ocorreu no 
Brasil) ou mesmo somente os atòs executórios (ex.: tiros dlsparddos nó 
Brasil, tendo a morte ocorrido na Colômbia), Pergunta-se: E . se somente 
forarn praticados atos preparatórios e m ' nosso território (ex.: compra da 
arma de fogo utilizada para praticar um homicídio), pode a lei brasileira 
ser aplicada? Não. Haverá necessidade de ocorrência dé pelo menos um 
alo ©cecutóno .em nosso território. .
Cap. 2 - APLICAÇÃO DA LEJ PENAL n o t e m p o b n o es p a ç o
I ~ ' ' ' '
2.3 QUESTÕES COMENTADAS
41
(CESPBUnB 2008) Ê aplicado o principio real ou o principio da proteção aos crimes 
praticados em pais estrangeiro contra a administração pública por quem estiver a 
seu servigo. A lei brasileira, no entanto, deixará de ser aplicada quando o agente for 
absolvido ou condenado no exterior.
Resposta; Errado. De fato, na hipótese citada, aplica-se o principio real (da proteção, ou 
da defesa). Entretanto, a lei pena! brasileira será sempre aplicada, ainda que o agente 
venha a ser absolvido ou condenado no estrangeiro. Trata-se de extratarritorialiciada 
incondicionada, prevista na aifnea c, do inciso i, do art. 7 ° , do Código Penai.
(CESPE/UnB 2003) Pertinentes à eficácia da lei pena! no espaço, destacam-se os 
princípios da territorialidade, personalidade, competência real, justiça universal e 
representação.
Resposta: Correto. São prinçiplos referentes à atuação da lei penal no espaço, dentre 
os quais se destaca, como regra, o princípio da territorialidade, segundo o qual a lei 
penal brasileira ô aplicada aos crimes cometidos dentro do território nacional. Contudo, 
a territorialidade não ô absoluta, sendo apficada de modo moderado (temperada), porque 
existem situações de incidência da lei penal brasileira a crimes cometidos fora do território 
nacional. A extraterritorialidade se compõe de vários princípios, dentre os quais, o da 
personalidade, o da competência reaí, o da justiça universai e o da representação.
(Juiz de Direito do Estado de Tocantins 200? CESPEiUnB) A lei penai mais grave 
não s& aplica ao «rime continuado, se a sua vigência é anterior à cessação da 
continuidade.
Resposta: Errado. Súmula 711 do Supremo Tribunal Federal: “A iei penal mais grave 
aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à 
cessação da continuidade ou da permanência”.
(Juiz de Direito do Estado do Piauí 2007 CESPE/UnB) Para processo o julgamento de 
um crime de homicídio praticado a bordo de uma embarcação brasileira que esteja em 
alto-mar, vindo da França para o Brasil, é competente o foro do íugar de nascimento 
do autor do crime.
Resposta: Errado. Afirmação completamente absurda. Aplíca-se ao caso o princípio da 
territorialidade, previsto no § 1.®, 2,a parte, do art. 5.° dispõe: “Para os efeitos penais, 
consíderam-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, 
mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no sspaço aéreo 
correspondente ou em alto-mar".
(Ministério Público SE CESPE/UnB 2010} De acordo com a iei penai brasileira, o 
território nacional estende-se a
a) embarcações e aeronaves brasileiras de natureza pública ou a serviço do governo 
' brasileiro, onda quer que se encontrem.
b) embarcações e aeronaves brasileiras de natureza pública, desde que se encontrem 
no espaço aéreo brasileiro ou em alto-mar.
c) aeronaves e embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, onde 
quer que se encontrem.
d) embarcações e aeronaves brasileiras de natureza pública, desde que se encontrem 
a serviço do governo brasileiro,
e) aeronaves e embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, desde que 
estejam a serviço do governo do Brasil e se encontrem no espaço aéreo brasileiro 
ou em aiío-mar.
42 DIREITO PENAL para concurso - POLlClA FEDERAL - Emerson Cssfelo Branco
Resposta: A. Território nacional é todo o espaço de exercício da soberania de um
país, Para efeitos penais, o Código Penal estabeleceu como território brasileiro todas as
embarcações e aeronaves públicas, independentemente do lugar em que se encontrem. 
No caso das embarcações e aeronaves brasileiras privadas, a Sei pena! brasileira não 
se aplica quando estas se encontram em território estrangeiro, ou em espaço ou mar 
territorial estrangeiro, FlcarSo, contudo, sujeitos á lar brasiielra tais crimes se forem 
praticados em território estrangeiro e ai não sejam julgados, desde que atendidas ès
condições previstas no art, 7°, § 2.51, do CP.
2.4 QUESTÕES CESPE/UnB
1. {Agente da Policia Federai 2004 - Prova azul ~ CESPE/UnB) Céila praticou crime 
punido com pena de reclusão de 2 a 8 anos, sendo condenado a 6 anos e 5 
meses de reclusão em regime inicialmente semtatserto. Apelou da sentença penal 
condenatórla, para ver sua pena diminuída. Pendente o recurso, entrou em vigor 
tei que reduziu a pena do crime praticado por Célio para reclusão de 1 a 4 anos. 
Nessa situação, Célio não serã beneficiado com a redução da pena, em face do 
princípio da irrefroatlvidade da lei pena! previsto constitucionalmente.
2. (Delegado da Polícia Federat 2004 Regional branca - CESPE/UnB) Robervat foS 
definitivamente condenado pela prática de crime punido com reclusão de um a 
três anos. Após o cumprimento de metade da pena a ele aplicada, adveio nova 
lei, que passou a punir o crime por ele praticado com detenção de dois a quatro 
anos. Nessa situação, a lei nova não se aplicará a Roberval, tendo em vistá que 
sua condenação já havia transitado em julgado.
3. (Delegado - Polícia Ctvil/ES - CESPE/UnB) A le! temporária é exceção ao princípio 
da irretroativldade da lei penal, sendo ela ultra-atlva.
4. (Delegado - Polícia Civíl/SE 2006 - CESPE/UnB) Considere a seguinte situação 
hipotética. Patrício, nascido às 16 horas de determinado dia, praticou um roubo às 
10 horas do dia correspondente ao seu 18.° aniversário. Preso em flagrante delito, 
a autoridade policial concluiu pela menorldade do conduzido, entendendo que a 
maioridade penal somente aerla alcançada à hora correspondente ao nascimento 
de Patrício, ou seja, ãs 16 horas. Nessa situação, a autoridade policial errou, visto 
que a maioridade penal começa à zero hora do dia em que a pessoa completa 
dezoito anos de idade.
5. (Delegado - Polícia CivilfTO 2008 - CESPE/UnB) Na hipótese de o agente iniciar 
a prática de um crime permanente sob a vigência de uma le), vindo o delito a se 
prolongar no tempo até a entrada em vigor de nova legislação, aplíca-se a última 
lei, mesmo que seja a mais severa;
6. (Delegado da Policia Federai 2004 Nacional - CESPE/UnB) Laura, funcionária pública 
a serviço
do Brasil na Inglaterra, cometeu, naquele país, crime de peculato. Nessa 
situação, o crime praticado por Laura ficará sujeito à lei brasileira, em face do 
princípio da extraterritorialidade,
7. (Delegado da Polícia Federa! 2004 Regtonat branca ~ CESPHUnB) Um cidadão sueco
tentou matar o presidente do Brasil, que se encontrava em visita oficiai à Suécia.
Nessa hipótese, o crime praticado não ficará sujeito à lei brasileira.
Cap. 2 - APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO TEMPO E NO ESPAÇO 43
í " ' _
8. {Delegado da Polícia Federal 2002 - CESPE/UnB) Em alto-mar, a bordo de uma 
embarcação de recreio que ostentava a bandeira do Brasil, Júíío praticou um crime 
de latrocínio contra Lauro. Nessa situação, aplicar-se-á a tei penal brasileira.
S, {CESPE/UnB 2004) O princípio básico que norteia a aplicação da lei penal brasileira 
é o da territorialidade temperada.
10. (CESPE/UnB 2004) Ocorrido crime de homicídio no interior de navio tnifííar inglês 
ancorado em porto brasileiro, pelo princípio da territorialidade, apllcar-se-ã ao autor 
do fato a lei penal brasítelra.
. 2,5 DICAS IMPRESCINDÍVEIS
A abólitio criminis exclui todos os efeitos penais e civis da sentença 
penai condenatória? NSo. Efeitos penais, sim. Contudo, permanecem 
os efeitos civis.
A denominada teoria da ponderação unitária, a qual não admite com­
binação de leis penais, prevalece atualmente em detrimento da teoria 
da ponderação diferenciada (admite combinação de leis penais para 
beneficiar o réu)? Sim. No Supremo Tribunal Federal, a mais recente 
orientação é no sentido de não se admitir combinação de leis (adoção 
da teoria da ponderação unitária), “sob pena de se estar criando uma 
nova lei que conteria o mais benéfico dessas iegislaç5es,V
Na hipótese de várias leis penais, é possível a aplicação de lei in­
termediária mais favorável? Sim. Perfeitamente possível, conforme 
orientação do STF.5
Será sempre aplicada a lei vigente ao tempo do crime? Nem serapre. A 
lei vigente ao tempo do crime é a regra. Contudo, se a lei vigente ao 
tempo do resultado for mais benéfica, será esta aplicada, retroagindo 
para beneficiar o réu. Portanto, o candidato deve estar atento para os 
detalhes do quesito.
4 STF RHC 101,278/RI, 27.04.2010,
5 STF RE 418.876/MT, 30.03.2004.
44 DIREITO PENAL para concurso - POÜCIA FEDERAL - Emerson Castelo Brsnco
Assim como nos crimes continuados e permanentes, em relação aos. 
habituais, adota-se o mesmo raciocínio utilizado quanto ao tempo do 
crime? Sim. Havendo várias leis penais durante o cometiraento de 
crime habitual, aplica-se a última, ainda que mais grave.
Quais as teorias adotadas em relação ao espaço aéreo correspondente 
e ao mar territorial brasileiro? Quanto ao espaço aéreo correspondente, 
resta contemplada a teoria da absoluta soberania do país subjacente, 
isto é, domínio pleno do Brasil do espaço aéreo do seu território. Já 
em relação ao mar territorial, o Brasil também exerce soberania, mas 
adota o direito de passagem inocente, conferindo a navios estrangeiros 
a possibilidade de circularem de passagem (transitoriamente). Obvia­
mente, se for cometido algum delito em nosso mar territorial, será 
aplicada, em regra, a lei penal brasileira.
'uai o significado do princípio da continuidade normativo-típica? É
o efeito gerado quando uma norma penal é revogada, mas a mesma 
conduta continua sendo considerada criminosa por outra norma. Em 
outras palavras, a conduta apenas passa a constar na hipótese de 
incidência de outra norma penal. Não ocorre a abolitio criminis pro­
priamente dita, porque não haverá a descriminalizaçâo da conduta. O 
STF aplicou o princípio da continuidade normativo-típica í io caso do 
crime de apropriação indébita previdenciária, previsto no art 168-A 
do Código Penal6. No mesmo sentido, o STJ também o aplicou em 
relação ao Estatuto do Desarmamento.7
4 STF RHC 88.144/SP, 04.04.2006.
7 STJ RHC 18.722/5P, 04.05.2006.
TEORIA GERAL DO CRIME
3.1 CONCEITO DE CRIME
O conceito de crime possui três acepções:
a) material: Todo fato humano que lesa ou expSe a perigo determinado 
bem jurídico.
b) formal: É tudo aquilo que o legislador descrever como crime.
c) analítica: É todo fato típico, ilícito e cuipável (conceito tripartido).
O conceito analítico de crime pode ser bipartido ou tripartido, a 
depender da corrente adotada,
1 * Corrente: Conceito bipartido. É fato típico e antijurídico (ilícito). Tipi- 
cidade e antijuridicidade são os elementos do crime. A culpabilidade 
é apenas pressuposto de punibiiidade, isto é, de aplicação da pena,
2.® Corrente: Conceito tripartido. É fato típico, antijurídico (ilícito) e 
cuipável (culpabilidade). Nesta teoria, a culpabilidade deixa de ser 
mero pressuposto de aplicação da pena (punibiiidade), passando a ser 
considerada elemento estrutural do crime.
Outras correntes: a) quadripartido - crime seria um fato típico, anti- 
jurídico, cuipável e punível; b) fato típico, antijuiidicidade e punibiiidade 
(posição de Luiz Flávio Gomes);
NOTEI Posição majoritária: teoria trtparficia. Crime é uma conduta típica 
(fato típico), contrárÍa: ao : direito {antijuridicidade) sujeitai a um jufzo de 
censurabilrcfade social sobre o fato e seu autor (cu)pabilidade).
46 DIREITO PENAL para concurso - POLlCiA FEDERAL - Emerson Casiela Branco
A punibilidade não é requisito do crime, mas sua conseqüência 
jurídica.
NOTEI A infração penal é o gênero, do qual decorrem as espécies crime 
e contravenção penal, Mas qual a diferença entre crime e contravenção 
penal? A diferença não è em termos de essência, situando-se apenas no 
campo da pena. Os crimes sujeitam seus autores às penas de reclusão 
e detenção, enquanto as contravenções têm como pena a prisão simples.
As penas do crime podem ser privativas de liberdade, isolada, alternativa 
ou cumulativamente com multa; enquanto, para as contravenções penais, 
admite-se a possibilidade de fixação unicamente da multa, embora a pe­
nalidade pecuniária possa ser ccminada em conjunto com a prisão simples 
ou esta também possa ser prevista ou aplicada de maneira isolada.1
3.2 TEORIAS DA CONDUTA
3.2.1 Teoria causalista (naturalista ou causai)
Segundo esta teoria, a conduta é neutra, desprovida de qualquer 
valoração. O dolo e a culpa estão situados na culpabilidade, e não no 
fato típico. Na conduta, não existe qualquer análise de ordem subjetiva. 
Tomemos como exemplo um motorista que, dirigindo seu veículo auto­
motor, com todos os cuidados devidos, atropela e mata ura bêbado que 
atravessara a rua abruptamente. Para os adeptos desta teoria, o motorista 
causou fisicamente (natural isticamente) um resultado previsto na norma 
penal, havendo, portanto, fato típico. A análise do dolo e da culpa so­
mente interessaria quando fosse analisada a culpabilidade.
3.2.2 Teoria finalista
Criada por Hans WelzeL conduta é entendida como a ação ou 
omissão voluntária e consciente, que se volta a uma finalidade. A ação 
humana é o exercício da atividade finalista. Não é possível separar o 
dolo e a culpa da conduta típica, cómo se fossem fenômenos distintos. 
Diferentemente da teoria causalista, não basta a análise do nexo causai 
para determinar-se a configuração do fato típico. É preciso analisar se 
o dolo e a culpa estão presentes.
A teoria finalista, adotada pelo Código Penal brasileiro, é a corrente ma­
joritária. A principal crítica dos finalistas aos causalistas é a impossibilidade
1 NUCCt, Guilherme de Souí». Manual de Direita Penal - Porte Geral e Parte Especial, São Paulo: 
Revista dos Tfiburtais, 2005, p. ISO.
Cap. 3 - TEORIA GSRAL DO CRIME 47
de se separar a vontade da conduta, uma vez que esta se origina justamente 
da vontade. Separar a conduta da vontade seria uma contradição absurda.
3.2.3 Oatras teorias
Teoria social da ação - É pensamento de natureza sociológica, se­
gundo o qual a conduta somente
será típica se não for adequada social­
mente. Analisa-se a adequação da ação ao meio socíal. A ação somente 
será criminosa se gerar um resultado socialmente relevante. Era face da 
insegurança jurídica desta, não foi adotada pelo Código Penal.
Teoria funcional (ftmcionalista) - Nesta, a análise da adequação 
típica leva em consideração a política criminal. O importante é resolver 
as diversas situações com justiça. Deve-se buscar a solução mais eficaz 
para o pleno funcionamento do sistema. Não foi adotada, por gerar in­
segurança, incertezas na aplicação do Direito Penal.
3.3 SUJEITO ATIVO DO DELITO
Sujeito ativo é a pessoa que pratica a conduta criminosa descrita na 
norma penal. Seu significado abrange também aquele que, apesar de não 
executar a ação nuclear (ex.: “matar”, “subtrair”, “constranger”), contribui 
de forma secundária (denominado participe), colaborando para a ação 
criminosa, conforme estudaremos adiante.
Alguns crimes podem ser praticados por qualquer pessoa (ex.: homi­
cídio), enquanto outros exigem características especiais do agente (ex.: ser 
mãe e estar em estado puerperal, no crime de infanticídío - art, 123 do 
CP; ser funcionário público, no crime de peculato - art. 312 do CP).
MOTE! A pessoa jurídica somente pode ser sujeito ativo nos delitos pratica­
dos contra o meio'ambiente {Lei n.'° 9.605/1998). Contudo, a Constituição 
Federai de; 1088, nò . § dò.art , ''173,Vpjeyê’aindá'-á responsabilidade 
penal ds pessoa- juridica' nos crimès contra; o 'sistema’ financeiro nacional, 
contra a órdenr econômica e contra a economia popular.
3.4 SUJEITO PASSIVO DO DELITO
Sujeito passivo (vítima, ofendido) é o titular do bem jurídico protegido. 
Espécies de sujeito passivo: a) formal (ou mediaío)-^ é o Estado, 
responsável pela tutela penal; b) material (ou imediato) - É o titular do
48 DIREITO PENAL para concurso - POÜCIA FEDERAL - Emerson Castelo Branco
bem jurídico ofendido. Pode ser a pessoa física ou jurídica, a coletivi­
dade, o Esiado. Por exemplo, no crime de homicídio o sujeito passivo 
formal é o Estado, mas o sujeito passivo material é a pessoa que teve 
sua vida destruída.
Os crimes em que os sujeitos passivos materiais são coletividades 
destituídas de personalidade jurídica (ex.: família, sociedade) são deno­
minados vagos.
O incapaz pode ser sujeito passivo, porque é titular de direitos.
O morto não pode ser sujeito passivo, pois não é titular de direitos, 
podendo ser objeto. Assim, no delito do art, 138, § 2°, do CP (“calú­
nia contra os mortos”), os sujeitos passivos são os familiares do morto, 
responsáveis por sua memória.
O ser humano pode ser sujeito passivo mesmo antes de nascer? Sim. 
Por exemplo, no crime de aborto. O feto tem direito à vida, sendo esta pro­
tegida pela norma penal que determina a punição à prática do aborto.
Os animais podem ser sujeito passivo? Não. São apenas objeto mate­
rial, ou seja, os animais não são titulares de direitos. Por isso, em caso de 
subtração de um animal, sujeito passivo será seu proprietário. No crime de 
maus-tratos aos animais, é a coletividade (Lei n.° 9.605/1998, art. 32).
NOTEI O sujeito passivo è o prejudicado não são necessariamente a mesma 
pessoa, ainda que isto ocorra na msloria dos casos. Prejudicado é qualquer 
pessoa a quem.ò crime haja causáctó um'prejuízo, patrimonial ou nâo, tendo’ 
por conseqüência o direito ao ressarcimento; enquanto o sujeito passivo é 
o titular do interesse jurídico vioíádo, qiie também tem esse direito.
A pessoa jurídica pode ser sujeito passivo, desde que sua natureza 
se adéque ao crime. Assim, uma empresa pode ser vítima dos crimes de 
furto e de dano, mas não do crime de Homicídio ou de estupro.
NOTÊ! Pode o sujeito ativo ser. ao rrsésmo tempo sujeito passivo de; algum 
çrime'em facéde siia própria 'çondúfa? Em;regrà;..não.'A conduta que refjete 
ápenás no dirèitófdq próprio agériíe, sem atingir terceiros nao ..configura 
crime'àlgüm. ê o caso, por. exemplo, da autolesão, queVsomènte' terá re­
percussão penal se atingir terceiro, como'no'caso de o agente'que ofende 
sua saúde, com o intuito de obter valor do seguro {estelionato, art. 171, §
2.°, V). O sujeito passivo será a empresa seguradora. Exceção: o crime de 
rixa (art, 137), em que os rixosos são; ao mesmo tempo, sujeitos ativos e 
passivos. O rixòso é sujeito ativo em relação à sua própria conduta; e ê 
sujeito passivo em razão da coauforia ou participação dos outros.2
! Para Damásio, o sujeito ativo jamais poderia ser sujeito passivo da mesma ação. Wde JESUS, 
Damásio E. de. Direito Penal - Geral - V.h 27.* ed., Sâo Paulo: Saraiva, 2G0S, pág. 174.
Cap. 3 - TEORIA GERAI DO CRiME 49
3.5 OBJETO JURÍDICO E OBJETO MATERIAL
Objeto jurídico do crime é o bem jurídico, isto é, o interesse protegido 
pela norma penal. É a vida, no homicídio; a integridade corporal, nas lesões 
corporais; o patrimônio, no furto; a honra, na injúria; a liberdade sexual 
da pessoa no estupro; a administração pública, na corrupção passiva.
Objeto material do crime é a pessoa ou coisa sobre as quais incide 
a ação. Não se confunde com o objeto jurídico. Dessa forma, no crime 
de homicídio, o objeto material é o corpo da pessoa, e não a vida; no 
furto, é a coisa subtraída, e não o patrimônio; no estupro, é o corpo da 
pessoa e não sua liberdade sexual,
Há crime sem objeto material? Sim. É o caso, por exemplo, dos crimes 
de injúria verbal, falso testemunho, dentre outros. Observe: Todo crime possui 
objeto jurídico protegido, mas nem todo crime possui objeto material.
3.6 ANÁLISE DOS ELEMENTOS ESTRUTURAIS DO CRIME
3.6.1 Fato típico
Fato típico é a conduta humana positiva (ação) ou negativa (omissão), 
dolosa ou culposa, que gera um resultado (em regra), estando prevista 
na norma penal (tipicidade).
Possui os seguintes elementos:
a) Nexo de causalidade
Nexo causai. É o elo que se estabelece entre a conduta do agente e o 
resultado, por meio do qual é possível dizer se aquela deu ou não causa 
a este. Ex.: um motorista, embora dirigindo seu automóvel com absoluta 
diligência, acaba por atropelar e matar uma criança que se desprendeu 
da mão de sua mãe. Mesmo sem atoar com doto ou culpa, o motorista 
deu causa ao evento morte, pois foi o carro que conduzia que passou 
por sobre a cabeça da vítima.
No entanto, para a configuração do fato típico, não basta a existência 
do nexo causai. É necessário comprovar a presença de dolo ou culpa, 
conforme estudaremos adiante.
b) Conduta dolosa ou culposa
O dolo e a culpa constituem o denominado elemento subjetivo do 
tipo. Assim, para que um determinado fato seja considerado típico, é
so DiREiTO FENAL pare concurso - FOLfCSA FEDERAL - Emerson Castelo Branco
necessário que o ato tenha sido praticado com dolo ou com culpa, Não 
havendo dolo ou culpa, o ato será involuntário e, por conseguinte, o fato 
será atípico, como nas hipóteses de caso fortuito, força maior, coação 
física e atos de puro reflexo.3
c) Resultado
O resultado pode ser:
- Naturalístico - consiste na modificação do mundo exterior provocada 
pela conduta. Ex.: crimes de homicídio (destruição da vida); de lesão 
corporal .(ofensa à integridade física ou saúde mental), dentre outros, 
Obs: a maioria dos delitos gera resultado naturalístico.
- Jurídico - Alguns crimes não trazem resultado naturalístico (alteração 
no campo dos fatos). Ex,: crimes de porte ilegal de arma de fogo. O 
resultado é apenas jurídico.
d) Tipicldade
Consiste na adequação da conduta com a descrição da norma penal. 
Em outras palavras, é adequação do fato à descrição legal. 
Os elementos do tipo penal dividem-se ainda em:
1.® Classificação:
a) Tipo normal: contém somente elementos objetivos (descritivos);
b) Tipo anormal: contém elementos objetivos, subjetivos e normativos.
Os tipos denominados derivados são os que se formam a partir do 
tipo
fundamental, mediante o destaque de circunstâncias que o agravam 
ou atenuam.
2.® Classificação:
a) Objetivos (ou descritivos) - São aqueles cujo significado pode ser 
compreendido sem juízo de valor em outros campos do conhecimento. 
Heleno Cláudio Fragoso, em sua obra clássica Lições de Direito Penal, 
afirma que são elementos tão claros que até uma criança conseguiria 
depreender o seu significado. Assim, o verbo (núcleo do tipo) previsto 
no tipo penal é um elemento objetivo. Ex.: “matar”, “subtrair’, "cons­
tranger” etc.
b) Normativos - São aqueles em que o juiz deve buscar seu significado 
em outros campos do conhecimento, jurídico, histórico, cultural etc.
J Toledo, Francisco de Assis. Princípios básicos do direito penai São Paulo: Saraiva, 5.® ed, São 
Paulo, Saraiva, p. 123,
Cap. 3 - TEORIA GERAL DO CRIME 51
Ex.: “coisa alheia”, “funcionário publico”, “indevidamente”, “sem 
autorização”.
c) Subjetivos - Caracterizam o doto e a culpa. Em alguns delitos, são 
constituídos pelos elementos subjetivos especiais do tipo, esses últimos 
denominados elementos subjetivos do injusto (antigamente denominado 
dolo específico).
3.6.2 Antijuridicidade (ilidtude)
Antijuridicidade é a relação de contrariedade entre a conduta cometida 
e o ordenamento jurídico. Em outras palavras, a conduta será antijurídica 
quando contrariar uma norma de Direito, isto é, quando for contrária ao 
Direito. Implica, na eonceituação clássica de Zafíarom, na “afirmação de 
que um bem jurídico foi afetado”, contrariando a ordem jurídica.4
Uma conduta pode ser antijurídica sem ser criminosa. Basta que o 
ato antijurídico praticado pelo agente não esteja descrito na norma penal 
como crime. Um exemplo disso ocorre quando um dos contratantes deixa 
de cumprir o contrato, ou, quando o empregador deixa de pagar os direi­
tos trabalhistas devidos ao empregado. Esses atos, apesar de ilícitos, não 
constituem ilícito penai São antijurídicos, mas não são típicos* porque 
não estão descritos na norma penal como crime.
3.6.3 Culpabilidade
Culpabilidade é um juízo de reprovação social, censurabilídade. A 
reprovabilidade recai sobre o agente e sobre o fato.
Guilherme Nucci a conceitua como “um juízo de reprovação social, 
incidente sobre o fato e seu autor, devendo o agente se imputável, atuar 
com consciência potencial de ilicitude, bem como ter a possibilidade e 
exigibilidade de atuar de outro modo”.5
A culpabilidade é elemento do crime, e não mero pressuposto da 
pena. Dessa forma, se o fato for típico e antijurídico, ausente a culpa­
bilidade, não será infração penal.
Na teoria causalista (minoritária e não adotada), o dolo e a culpa 
integram o conceito de culpabilidade.
A ZAFFARONI, Eugênio Raúi. Manual de Direito Pena! brasileiro, São Paulo, ed. Revista dos Tribunais, 
1998, p. 572.
5 NUCCI, Guilherme da Souza. Manual de Direito Penal - Parte Geral e Parte Bipecial, São Pauto: 
Revista dos Tribunais, 2O0S, p. 251.
3.7 QUESTÕES COMENTADAS
52 PiREtTQ PSMAL para concurso — POLÍCIA FEDERAL - ÉtrwsQfí Cústoto Branco
(CESPE/UnB 2008) A pessoa jurídica pode ser sujeito ativo cie crime, dependendo da sua 
responsabilização penal, consoante entendimento do STJ, da existência da intervenção 
de uma pessoa física que atue em nome e em benefício do ente moral.
Resposta: Certo. Nesse sentido, é a orientação do Superior Tribunal de Justiça, A previsão 
legai srtcomra-se no art. 3.® da Lei n.c 9,605/1998 (Lei Ambiental); e no § 3.‘ , do art, 
226 da CF/88. Da mesma forma, o Supremo Tribunal Federal orienta-se favoravelmente 
à responsabilidade penal da pessoa jurídica nos crimes ambientais.
{Papiloscoplsta Da Polícia Federal 2004 - CESPE/UnB) Da acordo com a teoria bipartida,
o crime é o fato tipico e aníijurtdico, sendo a culpabilidade pressuposto da aplicação 
da pena.
Resposta: Correta, Pela Teoria Bipartida, os elementos indispensáveis do crime são 
apenas o fato típico e a antijurldlcidade. É uma teoria minoritária entre os doutrlnadores 
nacionais e estrangeiros. Note: A resposta somente está correta, porque o quesito Indaga 
sobre o conceito de crime na teoria bipartida. A teoria majoritária è a tripartidal
3.8 QUESTÕES CESPE/UnB
1. (Agente da Poiicra Federai 2004 - Prova azul - CESPE/UnB) Sujeito ativo do crime 
é aquele que realiza total ou parcialmente a conduta descrita na norma penal 
inorímínodora, tendo de realizar materialmente o ato correspondente ao tipo para 
ser considerado autor ou partícipe.
2. (Escrivão da Polícia Federai 2002 - CESPE/UnB) Entende-se por sujeito passivo 
do delito o titular do bem jurídico lesado ou ameaçado; assim, se um indivíduo 
cometer homicídio contra uma criança, esta será o sujeito passivo do crime, sendo 
irrelevante, para esse fim, o fato de ela ser juridicamente incapaz.
3. (Escrivão da Polícia Federai 2002 - CESPE/UnB) A fim de evitar acusações indesejáveis 
contra o cidadão, a teoria da tipicidade das normas aceita pelo vigente Código 
Penal (CP) inclui nos tipos penais unicamente elementos objetivos, isto é, aqueles 
que se referem aos fatos concretos que configuram a tesão à norma penai, e não 
elementos subjetivos nem cie nenhuma outra natureza.
4. (Escrivão da Polícia Federal 2002 - CESP§fUnB) Se um indivíduo praticou ato 
jurídico penalmente atípico, isso impede que se lhe atribua culpabilidade, sob a 
perspectiva do direito penal.
5. {Papifoscopista da Polícia Federai 2004 - CESPE/UnB) A pessoa jurídica pode ser 
sujeito ativo do crime de homicídio, de acordo com a teoria da ficção legal.
6. (Delegado ~ Polícia Civií/TQ 2008 - CESPE/UnB) A pessoa jurídica poderá ser 
alcançada administrativa, civii e penalmente nos casos em que a conduta ou 
atividade lesiva ao meio ambiente seja cometida por decisão de seu representante 
legal ou contratual, ou de seu órgão coleglado, no interesse ou beneficio da sua 
entidade.
7. (Delegado da PoEicia Federai 2004 Regional branca - CESPE/UnB) Um delegado de 
polícia federai determinou abertura de inquérito para investigar crime ambientai, 
apontando como um dos indiciados a madeireira Mogno S.A. Nessa situação, houve 
irregularidade na abertura do inquérito porque pessoas jurídicas nâo podem ser 
consideradas sujeitos ativos de infrações penais.
Cap. 3 - TEORIA GERAL, DO CRIME 53
8. (Agente - Polícia Civil/RR 2003 - CESPE/UnB) Entende-se por punibiiidade a 
possibilidade jurídica de o Estado impor sanção penal a autor, coautor ou participe 
de Infração penal.
9. (Escrivão - Policia Civil/ES 2006 - CESPE/UnB) Sujeito ativo do crime é o que 
pratica a conduta delituosa descrita na lei e o que, de qualquer forma, com ele 
colabora, ao passo que o sujeito passivo do delito é o titular do bem jurídico 
lesado ou posto em risco pela conduta criminosa.
10. (Escrivão “ Policta Civil/ES 2006 - CESPE/UnB) Mesmo diante da práttca de um 
fato atípico, a culpabilidade deverá ser aferida como juízo de censurabilidade 
e reprovabilidade, visto que a culpabilidade não está vinculada juridicamente à 
tipicidads.
11. (Escrivão - Polícia Civil/ES 2006 - CESPE/UnB) Há crimes em que a pessoa será, 
ao mesmo tempo, o sujeito ativo e o sujeito passivo do delito em face da sua 
própria conduta. Assim, se o indivíduo lesa o próprio corpo para receber o valor 
de seguro, ele é sujeito ativo de estelionato e passivo em face do dano resultante 
à sua Integridade física.
12. (Escrivão - Polícia CivH/ES 2006 - CESPE/UnB) Em face da adoção do critério 
tricotõmico, no Brasil, o gênero Infração penai comporta três espécies: crime, delito 
e contravenção.
13. (Escrivão - Polícia Civil/PA 2006 - CESPE/UnB) A imputabilidade é a possibilidade 
de se atribuir o fato tipico s Ilícito ao agente.
14. (Escrivão - Polícia Clvíl/PA 2006 ~ CESPE/UnB) A ausência de dolo exclui o tipo, 
primeiro elemento estruturai do crime.
16. (CESPE/UnB 2003) De acordo
com o ordenamento penal vigente, o homem morto 
pode ser sujeito passivo de crime.
3 9 DICAS IMPRESCINDÍVEIS
A infração penal (gênero) divide-se em crime e contravenção penal 
(espécies). Quais as principais diferenças entre crime e contravenção? 
São as seguintes: a) em regra, crime admite forma tentada; contra­
venção, jamais; b) crime somente existe se estiveram presentes o dolo 
ou a culpa; na contravenção, basta a conduta voluntária; c) no crime, 
a ação penal pode ser privada, pública condicionada e incondiciona­
da; na contravenção, a ação sempre é incondicionada; d) no crime, 
o limite de cumprimento da pena é de 30 anos; na contravenção, é 
de cinco anos; e) no crime, existe extraterritorialidade, isto é, a lei 
penal pode ser aplicada a fatos cometidos no estrangeiro; já na con­
travenção, somente se o fato for cometido no território nacional; f) 
no crime, a pena privativa de liberdade é de detenção ou de reclusão; 
na contravenção, a pena privativa de liberdade é de prisão simples;
5 4 DIREITO PENAL para concurso -- POLlCíA FEDERAL — EmôfSOfi Cgsí&Iq BrãrtCO
g) no crime, pode existir o erro de íipo ou o erro de proibição; na 
contravenção somente o erro de direito.
teoria orgânica (ou da rea­
lidade) ou a teoria da ficção jurídica? Foi adotada a teoria orgânica, 
segundo a qual pessoa jurídica não se confunde com seus membros. Já 
a teoria da ficção jurídica (não adotada!) prega que a pessoa jurídica 
não tem vontade, nem existência, confundindo-se com seus membros. 
Somente a teoria orgânica permite se falar em responsabilidade penal 
da pessoa jurídica e da pessoa física nos crimes ambientais (denomi­
nada teoria da dupla imputação objetiva).
f É ^ a ^ ^ ^ M T T ^ i ^ d a ^ c w ^ ^ ^ l ^ c a u s a s de exclusão do fato 
típico com as causas de exclusão da antijuridicidade e da culpabilidade. 
Quais as causas de exclusão de cada um dos elementos estruturais do 
crime?
- Causas de exclusão do fato típico: a) princípio da insignificância; b) 
ausência de dolo e de culpa; c) situações imprevisíveis; d) movimento 
reflexo; e) causa relativamente independente superveniente que, por si 
só, causou o resultado; f) erro de tipo; g) coação física irresistível; h) 
sonambulismo; i) hipnose; j) causas absolutamente independentes; I) 
ausência de tipicidade; m) desistência voluntária; n) arrependimento 
eficaz.
- Causas de exclusão da antijuridicidade: a) legítima defesa; b) estado de 
necessidade; c) estrito cumprimento do dever legal; d) exercício regular 
de direito; e) consentimento do ofendido; f) causas legais específicas;
g) outras causas supralegais de exclxfsão.
- Causas de exclusão da culpabilidade: a) coação moral irresistível; b) 
inexigibilidade de conduta diversa; c) ausência de potencial consciência 
da ilicitude; d) erro de proibição; e) obediência hierárquica de ordem 
não manifestamente ilegal; e) inimputabilidade.
DA RELAÇÃO BE CAUSALIDADE
4.1 NEXO CAUSAL
O nexo causai é o liame (vínculo) entre a ação (ou omissão) do 
agente e o resultado gerado. É a comprovação de que a conduta do 
agente gerou determinado resultado.
Causa é toda ação ou omissão sem a qual o resultado não teria 
ocorrido, independentemente do seu grau de contribuição. Em termos de 
nexo causai, não existe diferença entre causa e condição.
Para se apurar se uma situação fática é causa do crime, deve-se utilizar 
o critério do juízo hipotético de eliminação ou de eliminação hipotética 
(teoria de Thyren). Elimina-se determinado fato da cadeia causai; e, se 
ainda assim, o resultado ocorrer, não seria ele causa do resultado. Ex.: 
entregar o revólver para o agente desfechar tiros contra a vítima é causa, 
porque, se não existisse a entrega da aima, não haveria os disparos desta 
e, consequentemente, a destruição da vida.
4.2 TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS ANTECEDENTES
CAUSAIS
A rt. 13. O resultado, da que depende a existência do crime, somente 
é imputável a quem íhe deu causa. Considera-se causa a ação ou 
omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
Teoria da equivalência dos antecedentes (conditio sine qua non): toda 
e qualquer conduta que, de algum modo, tiver contribuído para a produ­
ção do resultado deve ser considerada sua causa. Dessa forma, a “causa 
da causa também é causa do que foi causado” (causa causae est causa
56 OiREITO PENAL para concurso - POLÍCIA FEDERAL - Emerson Castelo Branco
causati). Não existe distinção entre condição e causa, considerada esta 
como toda ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. 
Ê a teoria adotada pelo Código Penal
Conforme estudado no tópico anterior, adota-se o juízo de eliminação 
hipotética: Se excluído um fato, ainda assim ocorrer o resultado, é sinal 
de que aquele não foi causa deste.
A teoria da equivalência dos antecedentes causais pode gerar uma 
regressão ao infinito. O fabricante da arma e a mãe responsável pela 
concepção do filho criminoso teriam suas condutas dentro do nexo causai, 
gerando uma situação esdrúxula. Mas não serão punidos. Isso porque, 
além do mero nexo causai, exige-se o nexo normativo: a presença de 
dolo ou culpa.
O nexo causai só tem relevância nos crimes cuja consumação depende 
do resultado naturalístico, Nos delitos em que este é impossível (crimes 
de mera conduta) e naqueles em que, embora possível, é irrelevante para 
a consumação, que se produz antes e independentemente dele (crimes 
formais), não há que se falar em nexo causai, mas apenas em nexo 
normativo entre o agente e a conduta.
4.3 OUTRAS TEORIAS DO NEXO CAUSAL
Teoria da causalidade adequada - Somente se considera causa do 
crime a conduta idônea à produção do resultado. Por exemplo, o fa­
bricante da arma e o operário da fábrica jamais teriam suas condutas 
consideradas causa do crime, porque não seriam idôneas para produzir 
o resultado morte. Não foi adotada pelo Código Penal.
Teoria da ímputação objetiva — Somente haverá nexo causai, quando 
o comportamento do agente tiver criadcPum risco não tolerado, nem per­
mitido, ao bem jurídico. Dessa forma, a venda lícita de uma arma, inde­
pendentemente de qualquer outra análise, não pode ser considerada causa 
do resultado, uma vez que o vendedor não agiu de modo a produzir um 
risco não permitido e intolerável ao bem jurídico, não tendo o comerciante 
a obrigação de fiscalizar aquele agente para o qual vendeu a arma.
4.4 SUPERVjENÍÊNCIA CAUSAL
4.4.1 Considerações iniciais
A previsão normativa do estudo da superveniência causai encontra­
-se no § l .0, do art. 13 do Código Penal, in verbis: “A superveniência
Cap. 4 - DA RELAÇÃO DE CAUSAUPADE 57
de causa relativamente independente exclui a impuíação quando, por si 
sój produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a 
quem os praticoun.
As causas podem ser de duas espécies: dependentes e independentes. 
Causa dependente é aquela que se origina da conduta e se insere 
na linha normal de desdobramento da mesma. Ex.: na conduta de atirar 
contra o peito da vítima, são conseqüências: a perfuração em seu corpo, 
a lesão provocada, a hemorragia interna gerada, a morte e, por fim, a 
cessação da atividade cerebral. As causas dependentes se originam da 
conduta anterior, numa conseqüência natural e esperada. 
Causa independente é aquela dita imprevisível, que não decorre do 
desdobramento causai da conduta, não sendo decorrência esperada da 
conduta anterior. 
Dessa forma, duas são as espécies de causas independentes. Vejamos:
- causa absolutamente independente: não se origina da conduta do agente. 
Causa o resultado sem relação alguma com a conduta.
- causa relativamente independente: origina-se da conduta do agente, 
mas é independente, uma vez que atua como se, isoladamente, tivesse 
produzido o resultado.
4.4.2 Causas absolutamente independentes
As causas absolutamente independentes têm origem totalmente diver­
sa da conduta. Completamente fora da linha de desdobramento causai, 
podem ser de três espécies:
a) Preexistentes: Existem antes de a conduta ser praticada. Ex.: Durante 
a madrugada, “A” atira contra “B”, quando este dormia, vindo a fale­
cer, não em conseqüência dos tiros, mas sim de um envenenamento, 
provocado por “C”, meia hora antes. Note: A causa é absolutamente 
independente preexistente, porque não derivou da conduta de “A", 
ocorrendo antes desta.
b) Concomitantes: Surgem no mesmo momento (paralelamente) em que 
a ação é realizada. Ex.: “A” efetua disparos de arraa contra “B” no 
mesmo momento em que um raio cai sobre “B”, fulminando sua vida. 
Note: É absolutamente independente concomitante, porque teve origem 
diversa da conduta, atuando no mesmo momento desta.
c) Supervenientes: Surgem após a conduta. Ex.: após “A” ter envenenado 
seu desafeto “B”, antes de o veneno produzir efeitos, surge “C” int-
58 DIREITO PENAL para concureo ~ POtlCIA FEDERAt - firoreon Castefo Branco
migo de “A”, matando-o com vários disparos de arma de fogo. Note: 
Os tiros disparados por “C” não guardam relação alguma com o en­
venenamento, atuando supervenientemente para causar o resultado.
NOTE! Quais as conseqüências das causas absolutamente independentes? 
Fulminam completamente o llame causai, fazendo com que o agente res­
ponda somente pelos atos praticados, mas não pelo resultado, porque não 
lhe deu causa. Nos casos exemplificados, haverá responsabilidade apenas 
por crime de homicídio na forma tantada.
4.43 Causas relativamente independentes
As causas relativamente independentes originam-se da própria con­
duta do agente, mas isoladamente geram o resultado. Podem ser de três 
espécies:
a) Preexistentes: Ocorre antes da conduta. “A” lesiona corporalmente 
“B”, hemofílico, destruindo sua vida. A lesão não seria suficiente para 
provocar a morte de “B”, tendo o resultado morte ocorrido em face 
do estado de saúde preexistente da vítima. Por mais que a hemofilia 
tenha contribuído para a morte, a situação foi provocada pela conduta 
do agente “A”, daí porque é causa apenas relativamente independente 
preexistente.
b) Concomitantes: Ocorre durante a conduta. “A” persegue “B" tentando 
matar-lhe com instrumento pérfuro-cortante; ocasião que “B” assus­
tado, atravessa uma avenida e é atropelado por um veículo, falecendo 
imediatamente. A destruição da vida de "B” se deu pelo atropelamento, 
mas esta situação somente ocorreu porque era perseguido por "A”, 
atentando contra sua vida. Por isso mesmo, a causa é apenas relati­
vamente independente concomitante.
c) Supervenientes: Ocorre após a conduta. “A” atinge “B” com um tiro. 
internado na UTI de um hospital, “B” sofre infecção hospitalar, que 
terminou por agravar seu quadro e por ocasionar sua morte. A causa é 
independente, porque a morte foi causada pelo agravamento do quadro 
médico, em face da infecção hospitalar. Entretanto, a independência 
é relativa, porque se não fosse o tiro recebido, “B” não teria sido 
internado num hospital, nem sofrido a referida infecção hospitalar.
Em regra, as causas relativamente independentes preexistentes, con­
comitantes e supervenientes não excluem a responsabilidade penal pelo 
resultado. Assim, nos exemplos citados, “A” deverá responder por crime 
de homicídio na forma consumada.
Cap. 4 - DA RSLAÇAO DE CAUSALIDADE 59
NOTE! A exceção é a causa relativamente independentes superveniente que, 
por sf sõ, causou o , resultado. Nesse caso, não haverá responsabilidade 
pelo resultado, e sim apenas pelos atos anteriormente praticados. Ex,;, “A” 
quebra a perna de “B". Levado numa ambulância, o motorista desta fura o 
sinal vermelho, capotando-a, o que termina por ocasionar a morte de “B”, 
por traumatismo craniano. Ou ainda, se "B” tivesse num hospital, pondo 
gesso na perna, quando acontece um incêndio no local, provocando sua 
morte. Ern ambos os casos, trata-se de causa relativamente Independente 
superveniente que, por si só, gerou o resultado.
4.5 RELEVÂNCIA CAUSAL BA OMÍSSÃG
O conceito de delito, conforme leciona Luiz Regis Prado, “é uno, 
sendo a ação e a omissão formas de conduta idôneas a sua realização 
e que têm estruturas diversas. Os delitos comissivos só podem ser pra­
ticados mediante comportamento. De sua vez, os delitos omissivos se 
verificara unicamente através de omissão.”1
A omissão é um não fazer, isto 6, a não execução de uma ação 
(“ação negativa”). Como tal, não causaria nada, afinal um “nada” não 
poderia causar um resultado. Como então responsabilizar penalmente a 
omissão - de um agente? Como determinar sua relevância? Dois são os 
critérios: Poder e dever. Primeiro, avalia-se a possibilidade de evitar o 
resultado. Depois, o dever de evitar o dano.
No § 2.°, do art. 13, estão elencadas as situações de dever de agir 
(fala-se posição de garantiâor):
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância. É a 
situação do dever (imposição) legal. Ex.: pais em relação aos filhos, 
membro do corpo de bombeiro em relação à pessoa em perigo.
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado, 
É a situação que decorre de contrato, ou qualquer outro tipo de com­
promisso. Ex.: babá em relação a uma criança; professor de natação 
em relação a seus alunos; guia em relação a turistas.
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do re­
sultado. É a situação da pessoa que, com seu comportamento anterior, 
criou 0 risco para a produção do resultado. Ex.: aquele que afunda o 
navio, ou causa um incêndio, não pode se omitir, porque criou o risco 
do resultado.
1 PRADO, Lute Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro ~ Vol. J - Parte Gemi, S.* £d., São Paulo: 
Revista dos Tribunais, 2005, p. 169.
60 DIREITO PENAL para concurso - POLÍCIA FEDSRAL — Emerson Cgsíefo Branco
MOTE! O Código Pena! adotou o critério legal, Isto é, os casos de dever 
legal devem vir expressos. O critério não é o judicial (livre-arbttrio do juiz), 
critfcável por gerar insegurança,
A causalidade, nas situações de omissão penalmente relevante, não 
é fátíca, mas sim jurídica, consistente no fato de o emitente nâo haver 
atuado, como devia e podia, para evitar o resultado. Não há nexo causai 
físico. Porém, existe um elo jurídico.
Teorias da omissão:
- Naturalístíca: para essa teoria, a omissão é um fenômeno causai, que 
pode ser claramente percebido no mundo dos fatos, já que, em vez 
de ser considerada uma inatividade, caracteriza-se como verdadeira 
espécie de ação;
- Normativa: para que a omissão tenha relevância causai (por presunção 
legal), há necessidade de uma norma impondo, na hipótese concreta, 
o dever jurídico de agir. O Código Penal brasileiro adotou a teoria 
normativa.
4.6 QUESTÕES COMENTADAS
(CESPE/UnB 2004) O Código Penal adota o principio da causalidade adequada, 
segundo o qual se considera causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não 
teria ocorrido, devendo-se demonstrar, contudo, uma idoneidade mínima da conduta 
para produzir o resultado.
Resposta; Errado. A teoria adotada pelo Código Penal, quanto à relação de causalidade, 
é a da equivalência dos antecedentes, em que ô causa toda a ação ou omissão sem 
a qua! o resultado não teria ocorrido (art. 13, caput, do CP), desde que tenha havido 
dolo ou culpa por parte de quem deu causa a jf resultado.
(CESPE/UnB - 2006) Caio atingiu Rosa na região do tórax, com intenção de feri-la. 
Rosa, por ser diabética, morreu em virtude das complicações advindas do ferimento. 
Nessa situação, por tratar-se de causa concomitante relativamente independente, Caio 
responderá por crime de homicídio doloso, na modalidade dolo eventual.
Resposta: Errado. De fato, responderá por crime de homicídio doloso eventual. Porém, 
trata-se de causa preexistente (e não concomitante!) relativamente Independente.
(CSSPEftJnB 2004) Alice, em sua
casa, viu o filho da vizinha, de três anos, jogar-se 
na piscina e afogar-se, o que o levou ã morte. Nessa situação, mesmo quedando-so 
inerte, nada tendo feito para evitar a produção do resultado, Alice hão responderá por 
homicídio, uma vez que não tinha o dever de evitar o resultado.
Resposta: Correto. A omissão penalmente relevante só se dá nos casos em que há 
o dever de agir, eiencados no art. 13, § 2°, do CP. Assim, o homicídio por omissão 
só será possível nesses casos, os quais nSo se encontram na assertiva tratada. Alice 
responderá apenas por omissão de socorro.
Cap. 4 - DA RELAÇÃO DE CAUSAUDADE 61
(Defensor Púbtíco/ES - CESPE/UnB ~ 2006) Caio atingiu Rosa na região do tórax, 
com intenção de ferNa. Rosa, por ser diabética, morreu em virtude das complicações 
advindas do ferimento. Nessa situação, por tratar-sa de causa concomitante relativamente 
Independente, Caio responderá por crime de homicídio doloso, na modalidade dolo 
eventual.
Resposta: Errado. Se a intenção do agente era apenas ferir (animus laedendt}, sem a 
previsão da possibilidade de ocorrência do resultado morte, isío é, sem assumir o risco 
do resultado, haverá crime de lesão corporal seguida de morte (crime preterdoloso), e 
não de homicídio (animus neoandi ~ ânimo de matar}. Afora isso, a diabete da vítima não 
ê causa concomitante, mas sim causa preexistente, é o mesmo caso do hemofílico: “A” 
lesiona corporalmente “B", hemofílico, destruindo sua vida. A lesão não seria suficiente 
para provocar a morte de "B", tendo o resultado morte ocorrido em face do estado de 
saúde preexistente da vítima. Por mais que a hemofilia tenha contribuído para a morfe, 
a situação foi provocada pela conduta do agente “A", dai porque é causa preexistente 
apenas relativamente independente, não podendo excluir o resultado delitivo produzido. 
No caso da questão, a diabete (causa preexistente relativamente independente) não ó o 
suficiente para excluir a responsabilidade pena! pelo resultado produzido.
(Juiz de Direito do Estado de Tocantins 2007 CESPE/UnB) Geraldo, na festa de 
comemoração de rocóm-ingressos na Faculdade de Direito da Universidade Federai do 
Tocantins, foi jogado, por membros da Comissão de Formatura, na piscina do clube 
em que ocorria a festa, junto com vários outros calouros^ No entanto, como havia 
ingerido substâncias psicotróplcas, Geraldo se afagou e faleceu. Tratando-se de crime 
de autoria coietiva, não é inepta a denúncia que assim narra os fatos: “a vítima foi 
jogada dentro da piscina por seus colegas, assim como tantos outros que estavam 
presentes, fato que ocasionou seu óbito”. À luz da teoria da imputação objetiva, 
a ingestão de substâncias psicotróplcas caracteriza uma autocoiocaçSo em risco, 
circunstância excluciente da responsabilidade criminai, por ausência do nexo causai. 
Resposta: Correto. A teoria da imputação objetiva é uma das teorias sobre o nexo de 
causalidade. Seu objetivo é limitar a responsabilidade penai do agente, evitando a análise 
do nexo de causalidade como mera relação de causa e efeito. Defende que a existência 
do nexo de causalidade depende também da comprovação de que a conduta gerou um 
risco proibido pela norma. As causas de exclusão do risco proibido, na teoria da imputação 
objetiva, são as seguintes: I a Risco permitido; 2.® - Participação ou culpa exclusiva da 
vitima (ou autocotocaçâo em perigo); 3.a - Proibição de regresso; 4 a - Comportamento 
socialmente aceito. Conforme o enunciado da questão, Geraldo se autocolocou em situação 
de perigo no momento em que fez a Ingestão de substâncias psicotrópicas, não podendo 
o resuitado ser atribuído aos membros da comissão de formatura.
4.7 QUESTÕES CESPE/UnB
1. (CESPE/UnB 2004) Nos casos de crimes omissSvos próprios, que são aqueles que 
produzem resultado naturalístico, admite-se a tentativa.
2. (CESPE/UnB 2004) Quanto ã relação de causalidade, o Código Penal (CP) adotou 
a teoria da equivalência.
3. (CESPE/UnB 2004) Em viagem de lua de mel ao Canadá, Ronaldo, exímio nadador 
profissional, convidou sua esposa, Érika, nadadora recreativa, para atravessar 
um grande lago com e!e. Érika, no meio do percurso, morreu afogada e Ronaldo 
completou o percurso. A conduta omlssiva de Ronaldo, quanto à morte de Érika, 
nao é penalmente relevante.
62 DIREfTO PENAL psra concurso — POLÍCIA FEDERAL - Emerson Castelo Branco
4. (CESPE/UnB 2007) João, agindo com mimus necandi, desferiu cinco tiros de revólver 
contra Pedro, que, ferido por um dos projéteis, foi levado ao centro cirúrgico de 
um hospital, onde veio a falecer em decorrência de uma anestesia aplicada pelo 
médico. Nessa situação, em face da teoria da equivalência das condições, Jo io 
responderá peto crime de homicídio.
5. (CESPE/UnB 2004) Max, exímio nadador, convidou um amigo a acompanhá-lo em 
longo nado. Em dado momento, percebeu que o companheiro começava a se 
afogar e não o socorreu, deixando-o morrer. Nessa situação, a omissão de socorro 
é penalmente relevante, em razão de Wlax estar em posição de garantidor.
6. (CESPE/UnB 2007) Segundo a teoria da causalidade adequada, adotada pelo Código 
Penai, o resultado, de que depende a existência do crime, somente é Imputávef a 
quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado 
não teria ocorrido.
7. (CESPE/UnB 2004) Antônio, após fer sido ferido mortalmente por Pedro, foi 
transportado para um hospitai, onde faleceu em virtude, de queimaduras provocadas 
em um Incêndio. Nessa situação, a eausa provocadora da morte é relativamente 
independente em relação à conduta de Pedro, que responderá apenas peios atos 
praticados, ou seja, por tentativa de homicídio.
8. (CESPE/UnB 2008) O crime omlssivo próprio ou puro, de acordo com a doutrina, 
não admite a tentativa.
9. {CESPE/UnB 2002) Durant® uma acirrada discussão, um Indivíduo desfechou golpes 
ete faca contra sua esposa, hemofílica, que veio a falecer em conseqüência dos 
ferimentos sofridos, a par da contribuição de sua particular condição fisiológica. 
Nessa situação, tratando-se de causa snterior relativamente independente, o indivíduo 
não responderá pelo resultado morte,
10. (CESPE/UnB 2005) José, querendo a morte de Paulo, efetuou contra ele 10 certeiros 
disparos. Pauio foi socorrido por uma ambulância, que o conduziu ao hospital. 
Durante o trajeto, a ambulância se envolveu em acidente, e Paulo veio a falecer 
em virtude dos ferimentos adquiridos devido à colisão. José não responderá pelo 
crime de homicídio consumado.
4 8 DtCAS IMPRESCINDÍVEIS*
Em regra, o Código Penal adotou a teoria da equivalência dos antece­
dentes causais? Sim. A exceção é a causa relativamente independente 
superveniente que, por si só, tenha causado o resultado, (§1.° do art. 
13), adotando-se aí a teoria da causalidade adequada. Numa prova, o 
candidato somente deve cogitar essa exceção (causalidade adequada) 
se for demandada na questão.
Jual a exata diferença entre a omissão própria e a imprópria? Os 
crimes omissivos próprios (ex.: deixar de prestar socorro - art. 135,
Cap. 4 — DA RELAÇÃO DE CAUSALIDADE 63
do CP) consistem apenas numa mera omissão (deixar de . fazer), e por 
isso não admitem a forma tentada. Ao contrário, os omissivos impró­
prios (ex.: deixar a mãe de amamentar o filho, provocando a morte 
deste — art. 121 do CP) partem de uma omissão, mas produzem um 
resultado material, daí porque admitem a forma tentada. Os omissivos 
próprios são sempre dolosos, enquanto os omissivos impróprios podem 
ser dolosos ou culposos.
A teoria da imputação objetiva vem sendo cada vez mais abordada em 
provas de concurso. O Superior Tribunal de Justiça aceita a teoria da 
imputação objetiva? Sim. Recentemente, em revelante decisão sobre a 
morte de um mergulhador, adotou a teoria da imputação objetiva: “Diante 
do quadro delineado, não há falar em negligência na conduta do paciente 
(engenheiro
naval), dado que prestou as informações que entendia perti­
nentes ao êxito do trabalho do profissional qualificado, alertando-o sobre 
a sua exposição à substância tóxica, confiando que o contratado execu­
taria a operação de mergulho dentro das regras de segurança exigíveís 
ao desempenho de sua atividade, que mesmo em situações normais já é 
extremamente perigosa. Ainda que se admita a existência de relação de 
causalidade entre a conduta do acusado e a morte do mergulhador, à luz 
da teoria da imputação objetiva, seria necessária a demonstração da cria­
ção pelo paciente de uma situação de risco não permitido, não ocorrente, 
na hipótese. Com efeito, não há como asseverar, de forma efetiva, que 
engenheiro tenha contribuído de alguma forma para aumentar o risco já 
existente (permitido) ou estabelecido situação que ultrapasse os limites 
para os quais tal risco seria juridicamente tolerado2.
| O que significa “risco proibido”? Decorre da teoria da imputação ob­
jetiva. O resultado somente pode ser atribuído ao agente se este criou 
um risco proibido paxa a sua ocorrência. Será “proibido” quando o 
comportamento do agente for socialmente inadequado, criando perigo 
para a vítima (ex.: dirigir com excesso de velocidade). Por outro lado, 
quando a própria vítima cria exclusivamente o perigo para si, não se 
pode falar de risco proibido gerado contra esta.
O que é o princípio da confiança? Decorre da teoria da imputação 
objetiva. Parte do pressuposto que todas as pessoas agirão conforme
3 STJ, HC 6&87VPR, 05.10.2009.
64 DIREiTO PENAL para concurso - POLlCtA FEDERAL - Emerson Castelo Branco
as regras do ordenamento jurídico. Se um terceiro descumpre sua 
parte, o resultado não pode ser atribuído a quem agiu com diligência 
e responsabilidade (ex.: pedestre atravessa a pista de forma desatenta, 
vindo a ser atingido de imediato por pessoa que dirigia com perfeita 
diligência seu veículo — não existe nexo causai» porque o motorista 
não criou para o pedestre um risco proibido).
ELEMENTO SUBJETIVO
5.1 CRIME DOLOSO
5.1.1 Conceito
Dolo é a vontade livre e consciente dirigida a realizar a conduta 
descrita na norma penai. Portanto, a conduta dolosa é a ação ou omis­
são humana, consciente e voluntária, dirigida a realizar os elementos 
descritos m norma penal.
Como expressa Zafíaroni, “dolo é uma vontade determinada que, 
como qualquer vontade, pressupõe um conhecimento determinado”.1 
Divide-se, portanto, em dois momentos: intelectual (consciência) e vo- 
litivo (vontade),
5.1.2 Elementos do dolo
O dolo possui, portanto, dois elementos:
a) Consciência da conduta e do resultado (representação). Denominado 
por Bitencourt de “elemento cognitivo ou intelectual”, é a consciência 
daquilo que se pretende praticar. Essa consciência deve estai presente 
no momento da ação, quando ela está sendo realizada. A previsão, isto 
é, a representação, deve abranger todos os elementos do tipo.2
' ZAFFARONI, Eugênio Raúl. Manual <Je Direito Penal brasileiro, Sâo Paulo, ed. Revista dos Tribunais,
i m
* BITENCOURT, Cezar Roberto. ftatado de Direito Penal Parte Geral - V.), S.» ed., Sâo Paulo: Saraiva, 
2006, p. 335.
6 6 DIREITO PÊNAL para concureo - POLfCIA FEDERAL ~ Emerson Castelo Bmnco
b) Vontade de realizar a conduta e produzir o resultado. É o denominado 
“elemento volitivo”. Devé abranger a ação ou omissão, o resultado 
e o nexo causai, E pressupõe a previsão, isto é, a representação, na 
medida em que é impossível querer algo conscientemente, senão aqui­
lo que se previu ou representou na mente, À previsão sem vontade, 
ensina Bítencourt, “é algo completamente inexpressivo, indiferente ao 
Direito Penal, e a vontade sem representação, isto é, sem previsão, é 
absolutamente impossível.”
5.1.3 Espécies de dolo
Diz~se o crime doloso, conforme dispõe o art. 18 do Código Penal, 
quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo. Duas 
são as espécies enunciadas na norma:
a) dolo direto. É a vontade de realizar a conduta e produzir o resultado. 
No dolo direto, o agente deseja o resultado, direcionando sua ação 
para atingi-lo.'
b) dolo indireto. Divide-se em “alternativo” e “eventuaF. No alternativo, o 
agente se satisfaz com um resultado ou outro (ex.: atirar para matar ou 
ferir); enquanto no eventual, o agente não quer diretamente o resultado, 
mas aceita a possibilidade de produzi-lo. No dolo eventual, o agente aceita 
previamente o risco de produzir o resultado, caso este venha efetivamente 
a ocorrer (ex.: dirigir veículo, em alta velocidade, na contramão de avenida 
movimentada, para chegar a tempo para um compromisso agendado; nesta 
situação, o agente assume o risco de atropelar alguém).
Segundo a teoria finalista, adotada pelo Código Penal brasileiro, o 
dolo é a consciência da conduta, constituindo o aspecto subjetivo do 
fato típico. Entretanto, não se confunde com a denominada “consciên­
cia da ilicitude”, que é elemento da culpabilidade. Portanto, o dolo e o 
“potencial conhecimento da ilícitude” são figuras diversas, pertencentes 
a estruturas distintas.
5.1.4 Teorias do dolo
a) Da vontade: dolo é a vontade de realizar a conduta e produzir o re­
sultado, Age dolosamente quem pratica a ação consciente e volunta­
riamente. E necessário para sua existência, portanto, a consciência da 
conduta e do resultado e que o agente a pratique voluntariamente,
b) Da representação: dolo é a simples previsão do resultado. É bastante 
criticada, porque a previsão do resultado, sem a vontade, nada repre­
Cap, 5 - ELEMÊNTO SUBJETIVO 67
senta. Afora isso, quem tem vontade de causar o resultado evidente­
mente tem a representação deste. Nesses termos, a representação já 
está prevista na teoria da vontade.3
c) Do assentimento ou consentimento; dolo é o assentimento do resultado, 
isto é. a previsto do resultado com a aceitação dos riscos de produzi- 
-lo (ou do consentimento), mesmo sem desejá-lo diretamente.
,jNOTEÍ,.0 Codlgo,penàí, nò sart. 1 .8 ,Jr iç iéQ,1.,.adótou ',e isda' 
e :dò:áàáeriílmèntó. 'ÒSÍo é;á'' TOntade: de realizar o:Tèsüítâdo'pü‘a 
dos riscos de''produzi-lo.- ■ >■
Os estados de inconsciência excluem o dolo (ex.: sonambulismo, 
hipnose).4
5.1.5 Dolo natural e dolo normativo
a) Dolo natural (teoria finalista, adotada pelo CP brasileiro) - O dolo é 
um elemento desprovido de juízo de valor, isto é, um “querer”, inde­
pendentemente do desejo do agente ser certo ou errado. Conforme visto, 
seus elementos são apenas a consciência e a vontade, não havendo a 
“consciência da ilicitude”. Esta “consciência” de que o fato praticado é 
lícito ou ilícito não é elemento do dolo, e sim da culpabilidade. Dessa 
forma, qualquer vontade é considerada dolo, tanto a de pedalar uma 
bicicleta, quanto a de matar alguém,
b) Dolo normativo (teoria causalista ou clássica) - O dolo faz parte da 
culpabilidade, devendo o agente possuir a consciência da ilicitude. 
Assim, para que exista dolo, não basta que o agente queira realizar 
a conduta, sendo também necessário que tenha a consciência de que 
ela é ilícita. A “consciência da ilicitude” seria o elemento normativo 
do dolo. Assím, o dolo normativo não seria um simples “querer”, mas 
sim ura “querer algo errado”.
5.2 CRIME ÇULPOSO
5.2.1 Conceito
A culpa se caracteriza pela ausência de um dever de cuidado que 
todas as pessoas devem ter, nos mais diversos âmbitos das relações hu­
I
3 MIRABETE, Jútio Fabbrinl Manual cte Direito Penai V.l, 24.a ed., São Pauio: Atlas, 2006, p. 142.
4 PRADO, Lute Regls, Curso de Direito Pena! Brasileiro - Vol. ? - Porte Gera!, 5,a Ed., São Pauto: 
Revista dos Tribunais, 2006, p. 26.
68 DIREITO PENAL para concurso - POLÍCSA FEDERAL ~ Emerson Casíefo Branco
manas. É o denominado “dever de diligência” que as pessoas normais 
possuem. A determinação da existência da culpa depende de se fazer a 
comparação
entre o comportamento realizado pelo agente com aquele 
que teria a pessoa diligente, nas mesmas circunstâncias.
Os tipos culposos, ensina Mirabete:
“ocupam-se não com o fim da conduta, raas com as conseqüências 
antissocíais que a conduta vai produzir; no crime culposo o que importa 
não é o fim do agente (que é normalmente lícito), mas o modo e a forma 
imprópria com que atua. Os tipos culposos proibem, assim, condutas em 
decorrência da forma de atuar do agente para um fim proposto e não 
pelo fim em si,”s
Dessa forma, por exemplo, se um noivo, dirigindo velozmente para 
chegar a tempo para seu casamento, atropela e mata um ciclista, o fim 
lícito em si não importa, porque deixou de observar um dever objetivo 
de cuidado, causando o resultado, A inobservância do cuidado devido 
toma a conduta típica.
O Código Penal prevê o crime culposo, sem, contudo, conceituá- 
-lo, no art. 18, in verbis: “II - culposo, quando o agente deu causa ao 
resultado por imprudência, negligência ou ímperícia”.
O crime culposo somente existe em caso de previsão expressa do 
tipo penal. No silêncio da lei, o crime só é punido como doloso.
5.2.2 Elementos do crime culposo
a) conduta humana voluntária de fazer (ação) ou não fazer (omissão). 
Diferencia-se da conduta dolosa, jporque a finalidade do agente era a 
produção do resultado danoso.
b) inobservância de dever de cuidado objetivo, por imprudência, negli­
gência ou Ímperícia.
c) ausência de previsão (previsibilidade). Não há previsão no crime culposo 
(salvo a exceção da “cuípa consciente”)- Existe apenas previsibilidade 
(também denominada previsibilidade objetiva), que é a possibilidade 
de qualquer pessoa normal, média, prever o resultado. Em outras 
palavras, somente será culposa a conduta, quando o fato era possível 
de ser previsto pelo homem comum, normal.
d) resultado involuntário.
e) nexo causai.
s MIRABETE, Júlio fabbrini. Manual de Direito Penút. V.S, 24.* ed„ São Paulo: Atlas, 2006, p. 146,
Cap. 5 - ELEMENTO SUBJETIVO 69
5.2*3 Espécies de crime culposo
1* Classificação:
a) Culpa inconsciente - É a culpa sem previsão, em que o agente não 
prevê o que era previsível. Outra denominação: ex ignorantia.
b) Culpa consciente (ou com previsão) - É aquela em que o resultado é 
previsto, embora o agente não o aceite. Mesmo prevendo o resultado, 
o agente o afasta, por acreditar veementemente e de boa-fé na sua 
capacidade de evitá-lo. Outra denominação: ex lascívia.
Quai a exata diferença entre culpa inconsciente e a culpa consciente? 
A previsibilidade é um dos elementos que integram o crime culposo. 
Quando o agente deixa de prever o resultado que lhe era previsível, fala- 
-se em culpa inconsciente ou culpa comum. Culpa consciente é aquela 
em que o agente, embora prevendo o resultado, Mo deixa de praticar 
a conduta acreditando, sinceramente, que este resultado não venha a 
ocorrer. O resultado, embora previsto, não é assumido ou aceito pelo 
agente, que confia na sua não ocorrência.
NOTEI Qgal: a; diferença entre, a culpa ransciente e. o dolo eventual? A
é^sjiÊJíipcfniâ-
tiver de ser será”; “a^ sorte está lariçadá").:.Na cüipa-'consciente, -embora 
prevendo o. que- possa-yir^a/acpntficer, o'agente, repudia essa possibilidade.
< (“estou- çèftò' não'oçdrrei$"; “acredito.' na
minha capacidade de evitar o: resultado”). '
2? Classificação:
a) culpa própria - É a comum, em que o resultado não é previsto, em­
bora seja previsível. Nela o agente não quer o resultado nem assume 
o risco de produzi-lo.
b) culpa imprópria. Também denominada culpa por extensão, assimilação 
ou equiparação, o resultado é previsto e querido pelo agente, que labora 
em erro de tipo mescusável ou vencível São casos de culpa imprópria 
os previstos nos arts. 20, § 1.°, 2.a parte, e 23, parágrafo único, parte 
final. Ex.: “A”, encontra-se em sua casa, à noite, e percebe um vulto 
no jardim, atirando em direção ao mesmo, imaginando tratar-se de um 
assalto. Logo depois, verifica que atingiu seu próprio filho, e não um 
ladrão. “A” não responderá por homícídío doloso, e sim por homicídio 
culposo. Note-se que o resultado (morte da vítima) foi querido. O agente, 
porém, realizou a conduta por erro de tipo vencível ou mescusável, pois
70_____ DfRSTO PENAL para concurso - POLÍCIA FEDERAL - Emerson CasMo Branco
se tivesse mais atenção e cautela, teria notado seu filho. “A” responde 
por homicídio culposo.6
5,2.4 Modalidades de culpa
a) Imprudência - É ausência de dever de cuidado, consistente num fazer 
(ação positiva). É a ação exagerada, descuidada, excessiva. Ex,: Dirigir 
com excesso de velocidade.
b) Negligência - É a ausência de um dever de cuidado, consistente num 
deixar de fazer (ação negativa). É o esquecimento, a omissão de cau­
telas. Ex: deixar de fazer manutenção no veículo, antes de viajar.
c) ímperícia - É a falha em relação a normas técnicas básicas de pro­
fissão, de atividade, ou de ofício. Ex: cirurgião que erra em relação 
às normas básicas de procedimento cirúrgico. Também denominada 
“culpa profissional”.
QUESTÃO POTENCIAL DE PROVA! Não existe compensação de 
culpas. Assim, a imprudência de um bêbado ao atravessar uma avenida 
em meio ao tráfego de veículos não exclui a responsabilidade penal do 
motorista que dirigia em alta velocidade. Entretanto, existe concorrência 
de culpas e culpa exclusiva da vítima. Na concorrência, leva-se em con­
sideração a participação da vítima na fixação da pena, constituindo um 
dos critérios do art. 59 do CP. Na culpa exclusiva da vítima, prova-se 
que o agente não agiu com imprudência, negligência e Ímperícia.
5.3 PBETERDGLO
No Código Penal, a previsão do qfíme preterdoloso se encontra no 
art. 19, in verbis-. “Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só 
responde o agente que o houver causado ao menos culposamente”.
Crime preterdoloso (ou preterintencional) é uma espécie de crkne 
qualificado pelo resultado. O agente quer praticar um crime, mas acaba 
excedendo-se e produzindo culposamente um resultado mais gravoso do 
que o desejado. É o caso da lesão corporal seguida de mórle, na qual o 
agente deseja apenas lesionar a vítima, mas acaba matando-a (art. 129, 
§ 3.°, do CP). Ex: sujeito desfere um soco contra o rosto da vitima com 
intenção de lesioná-la; no entanto, ela se desequilibra, bate a cabeça e 
morre. Haverá lesão corporal seguida do resultado morte. A intenção
6 JESUS, üamésio E âe. Direito Penal - Geral - V.J, 27.a ed, S5o Paula- Saraiva, 2005, p. 304.
Cap. 5 - ELEMENTO SUBJETIVO 71
do agente era causar apenas a lesão corporal, mas, por culpa, terminou 
gerando o resultado mais grave (morte).
O crime preterdoloso, explica Mirabete, “é um crime misto, em que 
há uma conduta que é dolosa, por dirigir-se a um fim típico, e que é 
culposa pela causação de outro resultado, que não era objeto do crime 
fundamental, pela inobservância do cuidado objetivo.”7
Em síntese, existe dolo no antecedente e culpa no conseqüente. 
A conduta inicial é dolosa, enquanto o resultado final dela advindo é 
culposo.
5.4 QUESTÕES COMENTADAS
(Escrivão da Polícia Federal 2002 - CESPE/UnB) Considere a seguinte situação 
hipotética. Márcia resolveu disputar corrida de automóveis no centro de uma cidade, 
em ruas com grande fluxo de veículos e pedestres. Ela anteviu que a corrida poderia 
causar acidente com conseqüências graves, mas, mesmo assim, assumiu o risco. De 
fato, Márcia, ao perder o controle do automóvel, acabou matando uma pessoa, em 
decorrência de atropelamento. Nessa situação, houve o elemento subjetivo que se 
conhece como doto eventual, d® modo que, se esses fatos fossem provados. Márcia 
deveria ser julgada pelo tribunat do júri.
Resposta: Certo. O dolo eventual ocorre quando o agente, mesmo sabendo que pode 
causar um resultado, assume o risco de produzi-lo. No caso, Márcia antevê o resultado 
e age.
A vontade não se dirige ao resultado, mas sim à conduta, prevendo que esta 
pode produzir aquele. Por fim, os crimes dolosos contra a vida são da competência do 
Tribunal do Júri.
(CESPE/UnB 2003) Considere a seguinte situação hipotética, Atdo pretendia atirar em 
Bruno, que se encontrava conversando com Carlos. Aldo percebeu que, atirando em 
Bruno, poderia atingir Carios. Não obstante essa possibilidade, embora não tivesse 
tal intento, lhe era indiferente que o resultado — morte de Carlos — se produzisse. 
Assim, disparou a arma e feriu, mortalmente, Bruno e Carios. Nessa situação, Aldo 
responderá por dois crimes de homicídio, o primeiro a título de dolo direto e o segundo 
a título de dolo eventual.
Resposta: Certo. O agente responderá pels morte de uma das vítimas a título de doto 
direto, pois queria produzir o resultado ao realizar a conduía; Já em reiaçSo à outra, 
houve a previsão de um resultado possível e mesmo assim o agente aceitou o risco de 
produzi-lo. configurando o dolo eventual.
{Juiz; Federal da S.“ Região - 2006 - CESPE/UnB) Ocorre a chamada culpa consciente 
quando o agente, embora tendo agido com dolo, nos casos de erro vencível, nas 
descriminantes putativas, responde por um crime culposo.
Resposta: Errado. Nâo se confunde culpa consciente com culpa imprópria (por extensão, 
por assimilação ou por equiparação). Na imprópria, o resultado é previsto e querido 
peío agente, que labora em erro de tipo Inescusâvet também denominado indesculpável 
ou vencível {ex.: arts. 20, § 1.°, 2.® parte, & 23, parágrafo único, parte final). Na culpa 
consciente, o agenfe, embora prevendo o resultado, acfedita sinceramente na sua
7 MIRABETE, Júlio Fabbriní. Manual de Direito Penal. VJ, 24.* ed., São Paulo: Atlas, 2006, p. 154.
72 DIREITO PENAt- para concurso ~ POLlCiA FEDERAL - Bmôrson Casíeío B&neo
não ocorrência; isio é, o resultado previsto não é querido nem assumido pelo agente, 
acreditando este da boa fé, sinceramente, na sua capacidade de evitá-lo.
{Procurador (to Banco Central CESPE/UnB 2010) Caso um renomado e habilidoso 
médico, especializado em cirurgias abdominais, ao realizar uma intervenção, esqueça 
uma pinça no abdome do paciente, nesse caso, tal conduta representará culpa por 
Ímperícia, pois é relativa ao exercício da profissão,
Resposta: Errado, Haverá culpa na modalidade de negligência, e não Impericta. Somente 
haveria Ímperícia se o médico falhasse em relação às normas técnicas básicas que deveria 
conhecer em razão do exercício da profissão, No caso, o médico era renomado e habilidoso. 
Simplesmente foi displicente, esquecendo uma pinça no abdome do pactente.
5.5 QUESTÕES CESPE/ÜnB
1. (Delegado da Polícia Federai 1997- CESPE/UnB) A previsibilidade objetiva do resultado 
da conduta é elemento da tipicidade culposa, ao passo que a previsibilidade subjetiva 
é elemento da culpabilidade.
2. (Delegado da Polícia Federal 1997- CESPE/UnB) Na culpa consciente, o agente tem 
a previsão do resultado.
3. (Delegado da Policia Federal 1997- CESPE/UnB) Não há concorrência de culpas no 
direito penal.
4. (Assistência Judiciária do Distrito Federal - 2006 - CESPE/UnB) O direito penal 
moderno é o direito penai da culpa, sendo, portanto, presumíveis os fatos delituosos, 
conforme jurisprudência dominante.
5. (CESPE/UnB 2005) Ocorre a chamada culpa consciente quando o agente, embora 
tendo agido com dolo, nos casos de erro vencívet, nas descriminantes putativas, 
responde por um crime culposo.
6. (CESPE/UnB 2007) Suponha que o motorista de um veículo, por negligência, deixe 
de observar a má conservação do sistema de freios de seu carro e, ao trafegar 
em vfa pública, atropele e mate um pedestre que tenha cruzado a pista em locai 
inadequado. Nessa situação, caso se comprove que o evento danoso tenha decorrido 
da falta de freios no veículo atropeiador, responderá cuíposamonte o seu condutor 
peta morte do pedestre, mesmo diante da imprudência da vítima.
7. (CESPE/UnB 2008) Quando o agente, embora prevendo o resultado, não deixa de 
praticar a conduta porque acredita, sinceramente, que esse resultado não venha a 
ocorrer, caracteriza-se a cuipa inconsciente.
8. (CESPE/UnB 2002) Pedro sofreu Investida de José, que pretendia matá-to. Pedro 
reagiu e matou José. Nessa situação, Pedro somente deverá ter reconhecida em 
seu favor a legitima defesa de direito próprio se houver matado José com intenção 
de se defender, mas sem querer nem assumir o risco desse resultado.
9. (CESPE/UnB 2008) Quando o agente, embora não querendo diretamente praticar a 
infração penal, não sé abstém de agir e, com isso, assume o risco de produzir o 
resultado que por ete já havia sido previsto e aceito, hâ culpa consciente.
10. (CESPE/UnB 2008) Quando o agente deixa de prever o resultado que lhe era 
previsível, fica caracterizada a culpa imprópria e o agente responderá por delito 
preterdoloso.
Cap. S - ELEMENTO SUBJETIVO 73
5 6 DICAS IMPfifcSCINDÍVEIS
outras classificações doutrinárias do dolo? São as seguintes: a) 
dolus malus (razão mais grave) e dolus bonus (razão menos grave); b) 
dolo gerai ou aberratio causae - trata-se de situação de erro sucessivo, 
em que o agente imagina ter atingido seu resultado, quando é a con­
duta subsequente que o provoca (ex.: atirar numa pessoa e enterrá-la, 
imaginando estar morta. Contudo, o que termina provocando a morte 
é a situação subsequente, porque a vítima ainda estava viva, antes de 
ser enterrada); c) dolo de dano (vontade de causar um dano real) e 
dolo de perigo (vontade de provocar um perigo); d) dolo antecedente 
(desde o primeiro momento, o agente age com má-fé) e dolo posterior 
(no primeiro momento, o agente tinha boa-fé, passando a ter má-fé 
logo depois).
Os crimes culposos podem ser de mera conduta? Não. Em outras 
palavras, pressupõem a ocorrência de um resultado (denominado 
“resultado naturalístico”), daí porque são classificados como crimes 
materiais.
O crime culposo admite a forma tentada? Não. A exceção é a culpa 
imprópria (ou por equiparação, ou por extensão).
A culpa pode ser classificada em graus (leve, grave e gravíssima)? Não 
pode ser dividida em graus para efeito de estabelecer uma divisão de 
figuras penais diferentes. Crime culposo não comporta essa divisão.
O dolo precisa ser declarado? Não. Contudo, a culpa precisa vir 
expressa na norma penal (ex,: “se o crime é culposo”). Caso o tipo 
penal não faça menção expressa, a forma culposa não é admitida.
O tipo penal culposo é normativo e aberto por excelência? Sira. B 
normativo, porque precisa sempre ser valorado pelo juiz. De fato, não 
se descreve na norma penal a imprudência, a negligência e a imperí- 
cia. Cumpre ao juiz a tarefa de verificar no caso concreto se o agente 
deixou de observar um dever objetivo de cuidado. E também é aberto, 
porque a norma penal não diz expressamente qual é o comportamento 
culposo.
74 DIREITO PENAI para concurso ~ POLÍCIA FEDERAL - Bmerson Cosfefo Branco
Qual a diferença entre dolo direto de primeiro grau e dolo direto de 
segundo grau? No dolo direto de primeiro grau, a ação do agente 
é direcionada para o resultado desejado. É o caso, por exemplo, do 
pistoleiro que mata a vítima, ou do agente que destrói a vida de um 
inimigo. No dolo direto de segundo grau ou necessário, o agente não 
deseja diretamente .o resultado, mas este necessariamente ocorrerá em 
razão dos meios escolhidos para a obtenção do resultado desejado. Por 
exemplo, o agente deseja matar o Presidente da República (dolo direto 
de primeiro grau), que viaja numa aeronave. Para atingir seu objetivo, 
explode a aeronave, instalando um artefato explosivo (“bomba”) nes­
ta. Ocorre que atinge o resultado desejado (dolo direto de primeiro 
grau), mas destrói também a vida das outras pessoas que estavam na 
aeronave (dolo direto de segundo grau).
grau e o dolo
eventual? No dolo eventual, o
agente não deseja o resultado, mas 
assume o risco de produzi-lo; já no dolo direto de segundo grau, o 
agente não deseja diretamente o resultado, mas este obrigatoriamente 
acontecerá, em razão dos meios escolhidos para atingir o fim desejado. 
Em outras palavras, no dolo eventual, o resultado pode ou não vir a 
ocorrer; já no dolo direto de segundo grau, o resultado obrigatoria­
mente ocorrerá, daí porque se diz que no dolo direto de segundo grau 
o agente quer certo resultado (morte de pessoas na explosão de uma 
aeronave) para atingir o resultado desejado (morte do Presidente da 
República). Outro exemplo: o agente direciona sua ação para atingir 
um dos irmãos xifópagos; se a morte de um obrigatoriamente acarretar 
a morte do outro, o agente terá agido cora dolo direto de primeiro 
grau em relação àquele que desejava1 matar e dolo direto de segundo 
grau em relação àquele que necessariamente iria morrer em virtude 
da ação. Não haveria dolo eventual, mas sim dolo direto de segundo 
grau, porque a morte de um acarretaria necessariamente a morte do 
outro.
)ual a exata diferença entre o dolo direto de segundo
ESTUDO DO ERRO
6.1 ERRO DE TIPO (ART. 20)
O erro de íipo encontra-se previsto no art, 20 do Código Penal, 
assim descrito: “O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de 
crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se 
previsto em lei,”
Ocorre quando o agente tem uma falsa percepção da realidade, 
fazendo-o errar acerca de um dos elementos da figura típica. É o caso, 
por exemplo, de sair num veículo alheio, depois de uma festa, imaginando 
ser o seu; ou do caçador que atira numa pessoa, supondo estar agindo 
contra um animal; ou da grávida que ingere medicamento abortivo, 
imaginando tratar-se de vitamina.
O erro de tipo sempre excluirá o dolo, pois este pressupõe vontade 
e representação por parte do agente. Excluído o dolo, estará também 
excluído o fato típico, por ser o dolo o elemento subjetivo deste,
Pode incidir sobre as circunstâncias qualificadoras, majorantes e 
agravantes de pena. É o caso do indivíduo que comete crime contra seu 
ascendente (ex.: pai), desconhecendo essa circunstância. Nesse caso, não 
será aplicada a agravante prevista do art. 61 do CP,
É possível ainda o erro de tipo desclassificar um delito. Cite-se o 
caso do indivíduo que ofende autoridade pública, no exercício de sua 
função, desconhecendo a qualidade desta. Deixa de ser desacato (art. 
331) para caracterizar crime de injúria (art, 140).
76 DIREiTO PENAL para concurso - POLÍCIA FEDERAL - Emetson Casfeto Branco. . , j
O erro pode ser:
- Vencível (inescusável) - Ocorre quando o agente poderia tê-lo evita­
do se tivesse o devido cuidado, cautela, diligência do homem médio. 
Exclui sempre o dolo. Assim, o agente somente responderá pelo crime 
se existir a forma culposa.
- Invencível (escusável) - Ocorre quando se constata que era impossível 
evitar o erro, isto é, qualquer pessoa na mesma situação teria cometido 
o mesmo erro. Exclui o dolo e a culpa.
Em síntese, o erro invencível exclui o dolo e a culpa; enquanto o 
erro vencível exclui apenas o dolo, havendo responsabilidade a título de 
culpa, se esta estiver prevista em lei, nos termos do art. 20 do CE
NOTE! Diferencia-se o erro essencial' do errb' acidentai.' O erro essencial 
incide num dos elementos do tipo. O erró acidental atinge apenas circuns­
tâncias secundárias, fora do tipo, não deixando o crime de existir. O. erro 
acidental será estudado adiante.'
6.2 ERRO DE PROIBIÇÃO (ÂRT. 21)
É o erro sobre a iíicitude do fato, não havendo falsa percepção da 
realidade. O sujeito simplesmente imagina ser lícita a sua conduta. Atua 
dolosamente, não errando sobre os elementos do tipo. Por isso mesmo, 
haverá a exclusão do crime pela exclusão da culpabilidade, por ser a 
consciência da iíicitude elemento desta. É o caso, por exemplo, de es­
trangeira que vem ao Brasil e deixa o corpo completamente desnudo 
para tomar banho de sol, imaginando q\je ao Brasil seria comportamento 
lícito; ou destruir a vida de ente querido, em estado terminal, imaginando 
ser lícita a prática da eutanásia; ou se apropriar de coisa perdida, sem 
identificação, imaginando lícito seu comportamento, baseado no ditado 
“achado não é roubado”.
Não é possível, explica Francisco de Assis Toledo, “censurar-se 
de culpabilidade o autor de um fato típico penal quando ele .próprio, 
por não ter tido sequer a possibilidade de conhecer o injusto de sua 
ação, cometeu o feto sem se dar conta de estar infringindo alguma 
proibição.”1
* TOLEDO, Francisco de Assis. Princípios Básicos de Direito Penal, 4 a ed, ed Saraiva, São Paulo,
1 m .
Cap. 6 - ESTUDO DO £RRO 77
! ------------------------ --------------------------------“
O erro de proibição pode ser:
- Vencível (inescusável) - O agentè responderá pelo crime, havendo uma 
redução da peaa de urn sexto (1/6) a um terço (1/3). Ocorre quando 
o erro era evitável, isto é, quando o agente incide no erro por impru­
dência ou negligência.
~ Invencível (escusável) ~ Isenção de pena. Será invencível quando for 
inevitável, isto é, quando nele incidiria qualquer pessoa de prudência. 
Quando for invencível tanto a forma dolosa quanto a forma cuSposa 
serão excluídas.
Dispõe o art. 21, parágrafo único: “Considera-se eviíável o erro se o 
agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando 
lhe era possível, tias circunstâncias, ter ou atingir essa consciência.” O 
erro vencível, isto é, quando o agente erra por imprudência ou por falta 
de cautela, não exclui a culpabilidade. Haverá apenas uma diminuição 
da pena de um sexto a um terço.
Não se pode confundir o erro de proibição com o desconhecimento 
da lei. Assim, o desconhecimento da lei jamais pode ser alegado para 
excluir o delito. Por isso, dispõe o art. 21: “O desconhecimento da iei 
é inescusável.” Desconhecimento da lei não pode ser confundido com a 
errada compreensão da lei.
6.3 DESCRBVUNANTES PUTATIVAS
As descriminantes putativas estão previstas no art. 20, § 1.°, do 
Código Penal: “É isento de pena quem, por erro plenamente justificado 
pelas circunstâncias, supõe situação de fkto que, se existisse, tomaria a 
ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e 
o fato é punível como crime culposo.”
Caracterizam-se quando o agente imagina estar agindo licitamente, 
respaldado em alguma das causas de exclusão (ou de justificação) da 
antijuridicidade.
Questão polêmica na doutrina diz respeito à natureza das descrimi­
nantes. Configuram erro de tipo ou erro de proibição?
Para a teoria limitada da culpabilidade (majoritária), as descriminantes 
putativas configuram eixo de tipo permissivo e excluem o dolo, quando 
o agente tem uma falsa percepção da realidade (ex.: o agente encontra 
seu inimigo, vindo em sua direção com a mão no bolso, ocasião em que
78 DIREITO PENAI, para concurso - POLlCIA PEDGRAt. - fineraon Casteto Braneo
lhe mata, imaginando que este fosse puxar uma arma, quando na verdade 
iria apenas retirar um lenço). Segundo essa teoria, nâo atua dolosamente 
quem imagina, pelas circunstâncias do caso concreto, estar praticando um 
fato típico em legítima defesa. Porém, os adeptos dessa teoria defendem 
que, se o agente erra não em relação aos pressupostos Éticos (leia-se 
“realidade”), mas sim quanto à existência ou quanto aos limites da causa 
de exclusão da antijuridicidade, haverá erro de proibição.
Para a teoria extrema da culpabilidade (ou restrita, ou normativa 
pura), trata-se sempre de erro de proibição, excluindo-se apenas a cul­
pabilidade. É a denominada teoria unitária do erro.
A teoria normativa pura é a corrente minoritária na doutrina, apesar 
de ser aceita por vários autores. Dessa forma, em todas as situações de 
descriminantes putativas (legítima defesa putativas estado de necessidade 
putativo,
estrito cumprimento do dever legal putativo e exercício regular 
do direito putativo), teremos situação de erro de proibição, O agente age 
com dolo, não podendo ser excluído o fato típico, Haverá a exclusão 
da culpabilidade, por imaginar o agente que age de forma lícita. E a 
consciência da ilicitude é elemento da culpabilidade. Dessa forma as 
descriminantes putativas constituem erro sobre a ilicitude do fato (erro 
de proibição). Ex I: ÍCA” encontra seu desafeto “B" com a mão dentro 
do blazer, ocasião em que atira neste, imaginando estar na iminência 
de sofrer uma injusta agressão; quando, na verdade, “B” estava apenas 
retirando um lenço (legítima defesa putativa). Ex 2: “A”, em desabalada 
carreira nas escadarias de um edifício, empurra e lesiona “B”, supondo 
falsamente um incêndio no local, quando, na verdade, tratava-se apenas 
de um churrasco promovido peio vizinho do andar acima (estado de 
necessidade putativo). Ex. 3: “A”, autoridade policial, invade domicí­
lio alheio, supondo, por uma falsa percepção da realidade, que o local 
era um ponto de venda de drogas (esfrito cumprimento do dever legai 
putativo).
6,4 QUESTÕES COMENTADAS
(ESCRfVÃO DA POLÍCIA FEDERAL. 2002 - CESPE/UnB) Considere a seguinte situação 
hipotética. Rosa, pessoa de pouca Instrução, residia em uma gleba havia mais de 
trinta anos, Como a gicba jamais fora reivindicada por pessoa ou autoridade alguma, 
Rosa tinha a plena convicção de ser a gleba de sua propriedade. Dessa gleba, ela 
costumeíramente retirava alguma quantidade de madeira. Certo dia, compareceu ao 
local um funcionário, que comunicou a Rosa ser aquela ãrea de propriedade da União, 
Por constatar a subtração da madeira, o funcionário representou a um procurador da 
República, para que Rosa fosse processada por furto. Após investigação, o procurador 
da República promoveu o arquivamento da representação, por entender que, diante da
r
Gap. 6 - ESTUDO DO ERRO 79
provada convicção de Rosa de ser sua a propriedade da terra, ela incorrera em erro 
sobre elemento do tipo de furto. Nessa situação, agiu de maneira juridicamente correta 
o procurador da República, uma vez que o furto somente é punível a titulo de dolo. 
Resposta: Correta. Rosa, ao considerar-se dona da propriedade, retirava a madeira de 
boa fé. Assim, apoderou-se de objeto alheio supondo ser próprio, configurando o erro de 
tipo, que ôxciui o dolo e, por conseguinte, o fato típico, Ela não sabia que se tratava de 
"coisa aiheia”; portanto, não tinha consciência nem vontade de subtraí-ta, de modo que 
não houve furto doloso. Como não é prevista a forma culposa, o fato é atípico, agindo, 
assim, o procurador da República de forma correta.
(ESCRIVÃO DA POLÍCIA FEDERAL 2004 - REGlONAL-CESPBUnB) Ocorre erro de tipo 
quando o agente se equivoca escusavelmente sobre a íícitude do fato, determinando 
a lei que, nesse caso, o agente fique isento de pena.
Resposta: Errado. O erro do tipo ocorre quando o agente labora em erro sobre algum 
elemento do tipo, quer esse elemento seja fático ou normativo.
(CESPE/UnB 2005} Considere a seguinte situação hipotética. Josué, pessoa rústica, 
fo! preso em flagrante delito por ter em sua residência, em depósito, cinco quilos 
de cocaína aeoncíicionados em sacos plásticos de 1 kg. Josué recebeu a substância 
entorpecente de um primo, que lhe pediu para guardá-ía provisoriamente em sua 
residência, afirmando tratar-se de farinha de trigo. Nessa situação, em face do erro 
de tipo, Josué não praticou o crfme de tráfico ilícito de entorpecentes.
Resposta: Corrsto. Josué, diante da situação fsííca, desconhece a circunstância que toma 
o ato fato típico, incorrendo em verdadeira faisa percepção da realidade. Não identifica 
o produto em depósito como droga, acreditando piamente no fato de esta guardando 
farinha. Desta feita, incorre no erro de fipo e, por isso, não pratica o crime de tráfico 
ilícito de drogas, restando excluído o dolo.
(CESPE/UnB 2004) Rodrigo, professor de anatomia de um curso de medicina, golpeou 
mortalmente um corpo humano vivo, trazido ao anfiteatro da facilidade, supondo tratar- 
-se de um cadáver. Nessa situação, Rodrigo não responderá pelo crime de homicídio 
doloso, em face do erro de proibição.
Resposta: Errado. Rodrigo de fato não responderá pelo’ delito de homicídio doloso, 
contudo, não pelo fato de haver ocorrido erro de proibição, e sim por haver erro de 
tipo. O erro de proibição recai sobre a consciência da ilicitude do fato, não tendo sido 
isso evidenciado em sua conduta. Na verdade, Rodrigo incorreu numa falsa percepção 
da realidade, que lhe fez errar sobre o elemento do tipo “alguém", no momento em que 
imaginava estar lidando com um cadáver, e n io com uma pessoa. O erro de tipo, se 
verificado como Invencível (inevitável), afastará o dolo e, por conseguinte, o crime tíe 
homicídio doteso.
{Procurador do Banco Central CESPE/UnB 2010) O desconhecimento da lei é inescusáva!. 
Desse modo, o erro sobre a ilicitude do fato, evitável ou inevitável, não elidirá a pena, 
podendo apenas atermá-la.
Resposta: Errado. NSo se confundem o desconhecimento da lei e o erro sobre a ilicitude 
do fato. Mesmo desconhecendo a lei, o agente criminoso possui a consciência da ilicitude. 
Já no erro sobre a ilicitude üo fato, o agente imagina ser licita a sua conduta; e se for 
inevitável (invencível, desculpável ou escusável), elidirá a pena.
6.5 QUESTÕES CESPE/UnB
1. (Escrivão - Polícia ClvJJ/ES 2006 ~ CÊSPH/UnB) No direito penal, pode-se levar em 
conta que determinada pessoa, nas circunstâncias em que cometeu o crime, poderia 
pensar, por força do ambiente onde viveu e das experiências acumuladas, que a sua
80 DIREITO PENAL pafs concurso - POLÍCIA FEPERAL - Emerson Castelo Bfenco
conduta fosse permitida pelo ordenamento jurídico. Essa faisa percepção ou erro 
exclui a consciência da ilicitude e recebe a denominação de erro de proibição.
2. (Policia Rodoviária Federal 2004 ~ CESPE/UnB) Considere a seguinte situação 
hipotética. Um agente, por equivoco, pegou um relógio de ouro que estava sobre o 
balcão de uma joalheria, pensando que era o seu, quando, na realidade, pertencia 
a outro comprador. Nessa situação, o agente responderá pelo crime de furto 
culposo.
3. (Papiloscopista da Policia Federal 2004 - CESPE/UnB) O erro sobre elemento 
constitutivo do tipo legai de crime exclui o dolo e a culpa, ainda que haja previsão 
legal quanto ao tipo culposo.
4. (Delegado - Policia Civii/ES - CESPE/UnB) A finalidade precípua do erro de tipo 
essencial é a de afastar o dolo da conduta do agente.
5. (Delegado - Polícia Civil/ES - CESPE/UnB) O erro de tipo acidental incide sobre 
dados irrelevantes da figura típica e não impede a apreciação do caráter criminoso 
do fato.
6. (Delegado Da Polícia Federal 2004 Nacional - CESPE/UnB) O médico Calo, por 
negligência que consistiu em nSo perguntar ou pesquisar sobre eventual gravidez 
de paciente nessa condição, receita-lhe um medicamento que provocou o aborto. 
Nessa situação, Caio agiu em erro de tipo venciveí, em que se exclui o dolo, 
ficando isento de pena, por não existir aborto culposo.
7. (Delegado da Policia Federal 1937 - CESPE/UnB) O erro de proibição exclui a 
Ilicitude da conduta.
3. (Escrivão - Policia Clvü/ES- 2006 - CESPE/UnB) Marfida, ao deixar o trabalho sob 
uma forte chuva, apoderou-se de um guarda-chuva alheio supondo ser próprio, 
visto que d e guardava todas as características e semelhanças com o objeto de 
sua propriedade. O legítimo proprietário do objeto, dias após, a surpreendeu na 
posse do bem e acusou-a de furto. Nessa situação, a conduta de IWarilda é atípica 
diante da ocorrência de erro de tipo, excluindo-se o doto e o fato típico.
9. (CESPE/UnB 2004) Ao falso alarme de incãrtdio em uma casa de diversões com 
íoíação esgotada, os espectadores, tomados de pânico, disputaram a retirada, tendo 
Pablo, para
garantir o caminho de saída, empregado violência física contra Aldo 
e Lúcio, causando-lhes lesões corporais. Nessa situação, em razão da excludente 
de iilcitude do estado de necessidade, Pablo não responderá pelos crimes.
10. (CESPE/UnB 2004) Durante atividade docente, um professor de anatomia feriu pessoa 
viva, por imaginar tratar-se de cadáver. Nessa situação, o professor não responderá 
por crime por agir com ausência de dolo ou culpa.
11. (CESPE/UnB 2004) O erro de tipo essencial que recai sobre .uma elementar do 
ttpo afasta, sempre, o dolo do agente, restando apenas responsabilidade por crime 
culposo, se houver previsão legal.
12. (CESPE/UnB 2003) Se o agente pretende subtrair algumas sacas de farinha de um 
armazém &, por engano, acaba levando sacos de farelo, nessa hipótese, há erro 
de tipo excludente do dolo.
Cap. 6 - ESTUDO DO ERRO 81
13. (CESPE/UnB 2006) Considere a seguinte situação hipotética. Elayne, que sabia 
estar com 2 meses de gestação, ingeriu substância aboríiva na suposição de 
estar tomando um calmante, haja vista que o medicamento se encontrava com a 
embalagem trocada, e veio efetivamente a abortar. Nessa situação, Elayne incidiu 
em erro de tipo, não respondendo por crime algum.
14. {CESPE/UnB 2006) Na obediência hierárquica, se a ordem emanada da autoridade for 
Ilegal, ainda que o subordinado pratique o fato por erro de proibição, acreditando 
piamente que a ordem seja legal, responderá peto crime na modalidade culposa.
15. (CESPE/UnB 2007) Para a caracterização da legítima defesa real, exige-se a 
demonstração objetiva da existência de suposição de fato que, por erro plenamente 
justificado peías circunstâncias, legitime a ação do agente.
6.6 DICAS IMPRESCINDÍVEIS '
;ual a diferença entre erro de tipo e crime putativo por erro de 
tipo? No erro de tipo, o agente realmente pratica o fato descrito na 
norma penai, porque teve uma falsa percepção da realidade. Já no 
crime putativo por erro de tipo, ocorre justamente o contrário, porque 
o agente não comete um fato descrito numa norma penal, mesmo 
querendo e imaginando estar praticando um crime (ex.: mulher que 
ingere medicamento ábortivo, imaginando-se grávida, quando na ver­
dade não se encontra nessa situação, isto é, a gravidez era puramente 
psicológica).
O erro de tipo escusável (desculpável, invencível) exclui o dolo e a 
culpa; por conseguinte, o crime. Contudo, pode acontecer de um crime 
ser excluído, mas ainda assim o fato continuar como criminoso noutra 
figura penal. Ex.: o agente ofende funcionário público, desconhecendo 
esta condição da vítima, isto é, não imaginava que a pessoa que estava 
ofendendo era funcionário público no desempenho das suas funções. 
Restará excluído o dolo do crime de desacato. Contudo, o agente será 
responsabilizado pelo crime de injúria.
FORMAS CONSUMADA 
E TENTADA DO CRIME
7.1 FASES DO CRIME (JTER CM1MÍNÍS)
Para chegar à consumação de um crime, o agente realiza uma série 
de atos que se sucedem, cronologicamente, no desenvolvimento da sua 
conduta. Tais atos compõem o chamado iter criminis ou “caminho do 
crime” e compreendem quatro fases: cogitação, preparação, execução e 
consumação.
Na fase da cogitação, o agente idealiza a prática do crime. Apenas 
imagina a ação criminosa, mas não pratica nenhuma ação concreta. Essa 
fase, em hipótese alguma, é punida. Ex.: cogitar um homicídio, ou um 
roubo, ou ainda um estupro, não caracteriza crime algum. Não possui 
repercussão no âmbito penal.
Na preparação, o agente começa a buscar os meios necessários para 
dar início à execução penal. Ex.: alugar um veículo, contratar “ajudan­
tes" e comprar armas de fogo para assaltar um banco. Em regra, os 
atos preparatórios não são punidos, salvo situações excepcionais, como 
no caso do crime de quadrilha ou bando (art. 288 do CP), em que a 
responsabilidade penal ocorre independentemente da quadrilha ou bando 
desenvolver suas ações criminosas. Ou ainda, no crime de fabricar ou 
adquirir apetrechos para falsificação de moedas (art. 291 do CP), que 
independe de o agente ter começado a ação de falsificação.
Na fase de execução, começam os atos executórios do crime, isto é, 
a conduta descrita na norma penal passa a ser executada. Ex: assaltantes
84 OiREITO PENAL para concurso - POLÍCIA FEDERAL - Emerson Castelo Branco
ingressam dentro do estabelecimento bancário, iniciando o crime de roubo. 
Os atos executórios' do delito geram repercussão penal.
Na fase da consumação, ocorre o resultado delitivo.
7.2 FORMA CONSUMADA (ART. 14» INC, I)
Diz-se consumado o delito, quando os elementos da figura típica 
estiverem caracterizados.
De acordo com o desenvolvimento da forma consumada, os crimes 
podem ser das seguintes espécies:
a) materiais - A norma penal descreve uma ação e um resultado natura- 
lístico (mudança no campo dos fatos), consumando-se o delito somente 
no momento da ocorrência do resultado. Ex.: Na açâo de matar alguém 
(art. 121 do CP), a consumação somente ocorre com a destruição da 
vida humana extrauterina; no crime de autoaborto (art. 124 do CP), 
a consumação somente ocorre com a destruição da vida intrauterina; 
no estupro (art. 213 do CP), a ação de “constranger” se consuma com 
a ocorrência da conjunção carnal ou de outros atos libidinosos.
b) formais ~ Apesar de a norma penal descrever a ação e o resultado, 
o crime se consuma antes deste, no momento em que a conduta é 
praticada. Ex.: no crime de extorsão (art. 158 do CP), o crime se con­
suma no momento em que a vítima é constrangida a fazer, tolerar, ou 
deixar de fazer alguma coisa, ainda que o agente não consiga obter 
a indevida vantagem econômica (resultado).
c) mera conduta.A norma penal descreve apenas uma conduta. Ex.:
No crime de violação de domicílio (art. 150 do CP), o legislador 
descreve apenas a conduta de “entrar ou permanecer, clandestina ou 
astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de 
direito, em casa alheia ou suas dlpendêneias”.
7.3 FORMA TENTADA (ART. 14, INC. II)
Ocorre quando o agente inicia a sua execução, mas nâo consegue 
consumá-lo por circunstâncias alheias à sua vontade. Ex.: “A” desfere 
vários tiros em “B”, conseguindo este, mesmo sendo atingido, fugir. 
Efeitos da forma tentada: redução da pena de 1/3 a 2/3. A quantidade 
da redução depende da maior ou menor proximidade da consumação.
Espécies de forma tentada:
a) Imperfeita (ou incompleta). Ocorre quando os atos executórios são 
interrompidos, antes do completo encerramento. Ex.: no momento em
Cap. 7 - FORMAS CONSUMADA E TENTADA DO CRIME 85
que o agente desfere os primeiros tiros contra a vítima, é interrompido 
pela ação de uma autoridade policial,
b) Tentativa perfeita (outras denominações: completa, crime falho). Ocor­
re quando o agente completa toda a execução, mas ainda assim não 
consegue consumar o delito. Ex.: o agente descarrega toda a munição 
da sua arma contra a vítima, não conseguindo matá-la mesmo assim. 
Encerrou toda a execução sera consumar o crime.
Duas são as teorias principais acerca da responsabilidade penai da 
forma tentada: subjetiva - o agente deve ser punido apenas por sua inten­
ção; e objetiva (adotada no CP brasileiro - art. 14, parágrafo único) - a 
responsabilidade decorre da ameaça causada ao bem jurídico protegido, 
devendo a pena ser diminuída porque o bem não foi atingido.
NOTEI Quais as infrações penais que não admitem a forma tentada? Sâo as 
crimes culposos (salvo a denominada culpa ’ por equiparação oú extfensão), 
preterdolosos, omlssivos próprios, de atentado, habituais, unissubslstentes 
e de ação vinculada, bem como as contravenções penais,.
NOTEI A norma penai do delito tentado, prevista no inciso II, do art. 14, 
do Còdlgo Penai, é denominada “de. extensão” ou “de adequação mediata’', 
òu ainda “de adequação indireta"! Por' quaf razãó? Como os' elementos
estruturais da figura típica "fião se completaram, a '1 responsabilidade- do 
agente- ocorre pór causa do efeito de outra norma.; Faia-se,;portanto, de 
adequação típica mediata, porque a. adequação ocorre por-meio. do. inciso 
' I! do art. 14, do Código Penal, que funciona como itrna ponte. Em sínte­
se, diz-se' “adequação típica'de subordinação imediata";'quando há èxato 
enquadramento éníre a conduta praticada é"a descrição da‘ norma pena! 
(forma consumada); enquanto fala-se de “adequação típica de subordinação 
mediata?, quando o enquadramento depende de urna norma dè1 extensão 
(forma tentada).
7.4 DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA (ART. XS)
Prevista no art, 15 do Código Penal, configura-se quando o agente, 
por sua vontade, desiste de continuar na execução do delito, impedindo 
sua consumação. Efeitos: Não responderá pela forma tentada, e sim so­
mente pelos atos anteriormente praticados. Ex.: querendo matar a vítima, 
o agente inicia a execução desferindo-lhe uma facada na perna, ocasião 
em que, mesmo podendo continuar na execução, desiste da mesma. 
Nesse caso, o agente não responderá pelo crime de homicídio na forma 
tentada, mas tão somente pelo crime de lesões corporais.
86 DIREITO PENAL para concurso - POLÍCIA FEOERAL - Emerson Castelo Brçnco
7.5 ARREPENDIMENTO EFICAZ (ART. 15)
Previsto no art. 15 do Código Penal, ocorre quando o agente se 
arrepende, depois de encerrados todos os atos executórios, impedindo o 
resuitado. Obrigatoriamente, o arrependimento precisa ser eficaz.
Efeitos: Não responderá pela forma tentada, mas somente pelos 
atos anteriormente praticados. Ex.: O agente empurra uma pessoa que 
não sabe nadar dentro de um açude, objetivando matá-la. Logo depois, 
arrependèndo-se de sua conduta, resolve retirá-la de dentro do açude, 
impedindo a sua morte.-
N Ò f’£!-:'Gual a diferença, ''pi^^aesl^énclárypM nlií^.eii.arrèpendjm gótó. 
efieaz^Na>desisÇêííciá;,volÜniária,-Dia^ten^ 
crime; no arrependimento eficaz,' q
os atos executórios, impede, a .pcorréncfeldo, r^u ltado de||iVp;; N ote‘que 
ao coriiránò;
que todos os .atos executórios' tenham sido realizado^; . :;'T v
7.6 ARREPENDIMENTO POSTERIOR
Previsto no art. 16 do Código Penal, é uma causa obrigatória de 
diminuição da pena (minorante genérica), aplicada nas hipóteses em que 
o agente, por ato voluntário, repara o dano ou restitui integralmente a 
coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa. Efeitos: Redução da 
pena de 1/3 a 2/3, Ex.: Autor de um crime de furto restitui a coisa sub­
traída até o recebimento da denúncia. A recusa do ofendido em aceitar a 
reparação do dano não exclui o beneficio do arrependimento posterior.
NOTEI, Q ual: á ■ ilíciÉg:
posterior? No; arrependimento-posterior, :'d' ';á'rre|p:eWdi^
Ineficaz,' isto é, não impede a . obõirênVta da resuitado deiitivò, mas. tao. 
somente lhe reduz as conseqüências.; Por isso mesmo o agente não ficará 
isento cie pena. - / / ; '■
QUESTÃO POTENCIAL DE PROVA! Em recente e histórico 
julgamento (09.11.2010), o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, no 
HC 98.658/PR, que a reparação do dano no arrependimento posterior não 
precisa ser integral Trata-se de verdadeira novidade, porque o entendi­
mento consolidado na doutrina e na jurisprudência era no sentido de a 
reparação ser integral. Perfeitos os argumentos do STF, em síntese: 1. A 
norma penal (art. 16 do Código Penal) não estabelece como requisito a 
reparação integral do dano; 2. A reparação integral ou parcial do dano
Cap. 7 -FORMAS CONSUMADA £ TENTADA DO CRIME 87
deve ser levada era conta apenas como parâmetro para fixar a diminuição. 
Era outras palavras, a diminuição de 1/3 a 2/3 deve levai' em consideração 
a extensão do ressarcimento e a presteza com que ele ocorre.1
7.7 CRIME IMPOSSÍVEL
O crime impossível previsto no art. 17 do Código Penal, é aquele 
era que há ineficácia absoluta do meio ou impropriedade absoluta do 
objeto. É denominado de “impossível” porque a ação do agente jamais 
poderia gerar a consumação do crime.
Pode se manifestar de duas formas:
a) Por ineficácia absoluta do meio. Consiste num meio de execução im­
possível de levar o crime à consumação. Ex.: Uso de uma arma de 
brinquedo para matar alguém. É impossível destruir a vida de uma 
pessoa dessa forma.
b) Por impropriedade absoluta do objeto. Nesta hipótese, não existe bem 
jurídico a ser protegido. Ex.: Atirar contra pessoa morta; ou o caso da 
mulher que ingere medicamento abortivo sem estar grávida. Nos dois 
exemplos, não existem vidas (extra ou intrauteriim) a se proteger.
Mas duas hipóteses, o legislador adotou a teoria objetiva, segundo a 
qual o crime impossível não deve ser punido, por não gerar nem mesmo 
um perigo de lesão a um bem jurídico. Assim, o fato é considerado atí­
pico, não havendo a forma tentada. A antiga teoria “subjetiva” (não mais 
adotada, depois da reforma de 1984) sustentava que o agente deveria ser 
responsabilizado por causa de sua periculosidade.
7.8 QUESTÕES COMENTADAS
(CESPE/UnB 2004) Considere a seguinte situaçíío hipotética. Após uma partida de 
basquete, Rubens abordou Célia com uma faca e, mediante violência e grave ameaça, a 
obrigou a ir até os fundos do ginásio de esportes, onde a constrangeu a manter com 
ele conjunção carnal, que não ocorreu por ausência de ereção — impotência sexual 
ocasional. Nessa situação, consoante entendimento do STJ, Rubens nSo responderá 
pelo crime de estupro tentado por ineficácia absoluta do meio.
Resposta: Errado. A consumação do crime de estupro se inicia com a violência ou 
grave ameaça. Não tendo o crime se consumado por circunstância alheia à vontada do 
agente, restará a tentativa. Assim, Rubens n§o conseguiu a consumação do crime por
! Informativo 608 do STF.
88 DIREITO PENAL para concurso - POLÍCIA FEDERAL - Bmersan Castela Bmnca
impotência sexual ocasiona!, fato alheio a sua vontade; contudo, praticou atos Idôneos 
de começo de execução. Cumpre anotar que, após a alteração promovida pela Lei n.° 
12.015/2009, o crime de estupro se consuma com a prática de conjunção carnal ou 
de outros atos libidinosos. Portanto, se Rubens já linha praticado com Célia algum ato 
libidinoso, o estupro foi consumado,
(CESPE/UnB 2002} Considere a seguinte situação hipotética. César subtraiu, mediante 
grave ameaça exercida com o emprego de uma faca, a importância de R$ 300,00 
pertencente a Mateus. Instaurado o inquérito policial e elucidada a autoria da Infração 
penal, César restituiu voluntariamente à vítima a importância subtraída. Nessa situação,
o juiz deverá reconhecer em favor de César o arrependimento posterior.
Resposta: O arrependimento posterior somente se manifesta “nos crimes cometidos 
sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restitulcfa a coisa, até o 
recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente" (art. 16 do CP).
(CESPE/UnB 2004) Quanto à punibiitdade da tentativa, o Código Penal adotou a teoria 
objetiva temperada, segundo a qual a pana para a tentativa deve ser, salvo expressas 
exceções, menor que a pena prevista para o crime consumado.
Resposta: A teoria objetiva temperada foi adotada pelo Código Penai pátrio no que 
tange a tentativa. Por essa teoria, leva-se em consideração o perigo efetivo que o bem 
jurídico corre. Por isso mesmo, a pena da forma tentada deve ser menor do que aquela 
aplicada ao crime na forma consumada.
7.9 QUESTÕES CESPE/UnB
1. (Agente da Polícia Federai 2004 - Prova azul - CESPE/UnB) Marcelo, com intenção 
de matar, efetuou três tiros em direção a Rogério. No entanto, acertou apenas 
um deles. Logo em seguida, um policial que passava pelo locai levou Rogério ao 
hospital, salvando-o da morte. Nessa situação, o crime praticado por Marcelo foi 
tentado, sendo correto afirmar que houve adequação típica mediata.
2. (Delegado da Potícla Federa! 1997- CESPE/UnB) A tentativa- não é admissível nos
crimes omlssivos puros.
3. (Delegado - Polícia Cívil/SE 2006 - CESPE/UnB) Considere a seguinte situação 
hipotética. Jorge, com 28 anos de idade, ítendo sido verbalmente ofendido por 
Cláudio, correu até sua casa, amolou uma faca do tipo peixeira e, ato seguido, 
voltou ã procura do seu adversário, não mais o encontrando no locai. Não desistindo 
de localizar seu desafeto, Jorge postou-se Junto ao caminho onde Ctáudio passava 
habitualmente e novamente o esperou com a faca em punho. Todavia, Cláudio, 
desconfiado, tomou direção diversa, evitando a agressão do inimigo. Nessa situação, 
a conduta de Jorge caracteriza a figura tentada do homicídio, visto que se deu 
Início à execução do delito, o quai não se consumou por circunstâncias alheias â 
vontade do agente.
4. (CESPE/UnB 2004) Nas contravenções penais, a tentativa é punida com a pena da 
contravenção consumada diminuída de um a dois terços.
5. (CESPE/UnB 2004) Nenhum ato preparatório de crime ê punível no direito penal 
brasileiro.
6. (CESPE/UnB 2004) Na desistência voluntária, o agente pratica todos os atos de 
execução e evita que o resultado ocorra.
Cap. 7 - FOKMAS CONSUMADA E TENTADA DO CRSME 89
I " -------------------- -------------- ------ --------- ” ----------
7. (CESPE/UnB 2004) Se o arrependimento situar-se na esfera cie execução do crime, 
pode haver excludente de tentativa, desde que não sobrevenha o resultado. Se 
ocorrer depois da execução, só será admitido o arrependimento posterior, considerado 
causa de diminuição de pena.
8. (CESPS/UnB 2007) José e Pablo, previamente ajustados e com unidade de desígnios, 
subtraíram de uma joathoria um relógio de ouro. instaurado o inquérito policial e 
antes de sua conclusão, Pablo compareceu voluntariamente até a autoridade policiai 
e devolveu a res furtiva. Nessa situação, restou configurado o arrependimento 
posterior que, de acordo com o entendimento do STJ, se comunicará ao corréu 
Pablo.
9. (CESPE/UnB 20Q4) É possível a tentativa no crime preterdoioso.
10. (CESPE/UnB 2004) Considere a seguinte situação hipotética. André, supondo que 
seu inimigo estava dormindo na cama de um acampamento, quando na realidade 
estava morto em virtude de um infarto qoe sofrerá anteriormente, desfechou-lhe seis 
tiros de revólver. Nessa situação, André não responderá pelo crime de homicídio 
tentado, em face da ineficácia absoluta do meio.
7.10 DICAS IMPRESCINDÍVEIS
O arrependimento posterior se comunica aos demais agentes? Sim. E a 
desistência voluntária e o arrependimento eficaz? Também se comunicam. 
Em que pese o assunto ser bastante polêmico, a orientação majoritária 
na doutrina é no sentido da comunicabilidade. Contudo, cabe ressaltar 
recente julgado do Superior Tribunal de Justiça no sentido da não co- 
municabilídade, por ser circunstância de natureza pessoal (subjetiva)?. 
Curiosamente, era. decisões mais antigas, o STJ vinha entendendo, de 
forma consolidada, pela comunicabilidade aos demais agentes.
Pode existir forma tentada nos crimes cometidos com dolo eventual? 
Sim. Trata-se da orientação majoritária*
uai a diferença entre tentativa “vermelha” e “branca”? A tentativa 
vermelha (cruento) é aquela que deixa lesão (ex.: cortes no corpo da 
vítima); enquanto a branca (;incruenta) é aquela que não gera nenhum 
tipo de lesão (ex,: disparos contra a vítima sem acertá-la).
I A existência da desistência voluntária e do arrependimento eficaz 
exclui a forma tentada do delito? Sim. Não há de se falar de forma
3 STJ, HC 92.004/PR, DJe 01.0S.2009.
90 DIREITO PENAL para concureo - FCLÍCiA FEDERAL - Emerson Castelo Brertco
tentada do crime. Por isso mesmo, são denominados de “tentativa 
abandonada”.
Os crimes de mera conduta e formais permitem arrependimento efi­
caz? Não. Como o arrependimento eficaz pressupõe o encerramento 
de todos os atos executórios, somente é compatível com os crimes 
materiais (delitos de resultado).
A desistência voluntária e o arrependimento eficaz são compatíveis com 
os crimes culposos? Não, porque nestes o agente não tinha previsão, 
nem vontade de cansar o resultado.
j Existe desistência voluntária se o agente desistiu da ação para praticá- 
~la posteriormente, isto é, numa outra ocasião? Sim.
Reparação de dano de natureza moral autoriza a aplicação do arrependi­
mento posterior? Sim, Trata-se da orientação doutrinária majoritária.
A violência contra a coisa exclui a aplicação do arrependimento 
posterior? Não. Precisa ser violência contra a pessoa. E a posição 
majoritária.
HS Como fixar exatamente o momento de transição da fase dos atos 
preparatórios para a fase dos atos executórios? A corrente majori­
tária (teoria objetíva-formal) defende que é o momento do início da 
execução do núcleo do tipo (verbo)’.
E se a coisa for devolvida à vítima pela autoridade policial? Não se 
aplica a figura do arrependimento posterior: “Tendo a decisão im­
petrada consignado que a res furtiva foi apreendida por policial no 
momento da prisão do paciente, ante a ausência de um dos requisitos 
necessários à incidência da benesse espontaneidade na devolução - , 
é inadmissível minorar-se a reprimenda ao fundamento de que houve 
posterior arrependimento por parte do agente”.3
3 STJ, HC 96,140/MS, 02.02,2009.
ANTIJIMIBICIBABE (ILICITUDE)
8.1 CONCEITO DE ANTIJÜMBICIDAB1
A antijuridicidade (ilicitude) consiste na contrariedade entre a con­
duta praticada por uma pessoa e o ordenamento jurídico. É uma ação 
contrária a uma norma jurídica, Essas situações de contrariedade estão 
presentes em todos os âmbitos do direito (civil, trabalhista, administrativo, 
tributários, dentre outros). Por isso mesmo, é muito comum uma conduta 
antijurídica que não constitua crime, por ausência do fato típico, outro 
elemento do delito, anteriormente estudado.
A antijuridicidade é apenas um dos elementos do crime. Assim, 
constatada a antijuridicidade, é preciso aferir ainda a presença do fato 
típico e da culpabilidade.
O fato típico somente é ilícito ou antijurídico quando não declarado 
lícito por causa de exclusão da antijuridicidade.1
8.2 CAUSAS DE EXCLUSÃO DA ANTIJURIDICIDADE
A exclusão da antijuridicidade resulta na exclusão do crime ef con­
sequentemente, da sua responsabilidade penal.
As denominadas causas genéricas “de exclusão” ou “justificativas” da 
antijuridicidade são a legítima defesa, o estado de necessidade, o estrito 
cumprimento do dever legal e o exercício regular de direito.
' JESUS, Damásio E, de. Direito Penai ~ Geral - V.l, 27.a ed., São Paulo; Saraiva, 2005, p. 1S7,
92 DIREITO PENAL para concureo - POLÍCIA FEDERAL - Emerson Castelo Branco
8.3 LEGÍTIMA DEFESA
Inserida no art. 25 do Código Penal, a noção de legítima defesa 
remonta aos primórdios da existência humana. Diante da impossibilidade 
de o Estado oferecer segurança para as pessoas a todo tempo, estas são 
autorizadas a agir para proteger seus bens jurídicos, diante de situações 
de agressão humana.
Requisitos:
a) Agressão injusta - Bxige-se que a agressão seja injusta, isto é, contrá­
ria ao direito. Se a agressão é lícita, não se pode falar de “legítima” 
defesa. Pode ocorrer via “ação” ou “omissão”.
b) Atual ou iminente Agressão atuai é a presente, ou seja, está acon­
tecendo; enquanto iminente é a que está prestes a acontecer.
c) Direito seu ou de outrem - Quando a pessoa defende direito seu, 
denomina-se de legítima defesa “própria”. De outro modo, quando 
defende direito de terceiro, fala-se de legítima defesa “de terceiro” 
A pessoa protegida pode ser física ou jurídica. Todo bem jurídico da 
pessoa (ex.: vida, patrimônio, liberdade, inviolabilidade domiciliar etc.) 
pode ser protegido por meio do instituto da legítima defesa.
d) Utilização dos meios necessários - É o meio de que dispõe a pessoa, 
no caso concreto, para repelir a agressão. A escolha do meio hábil 
deve levar em conta
o tipo e intensidade da agressão.
e) Moderação - O meio deve ser utilizado apenas para repelir a injusta 
agressão, não se admitindo excesso na ação, Deve-se empregar o 
meio da forma menos lesiva possível, apesar de não ser exigida uma 
adequação milimétrica.
f) Elemento subjetivo - A pessoa deve ter consciência da injustiça da 
agressão, bem como de estar agindo para repeli-la. A ausência desse 
requisito leva à exclusão da legítijna defesa.
A legítima defesa não pode ocorrer contra legítima defesa (não é 
possível legítima defesa recíproca!), ou contra o estado de necessidade, 
ou contra o exercício regalar de direito, ou contra estrito cumprimento do 
dever legal. Nessas hipóteses, nlo haveria injusta agressão. Por exemplo, 
se “A” encontra-se agindo em legítima defesa contra “B”, este último 
não pode agredi-lo alegando legítima defesa. A ação de “A” é legítima 
defesa; portanto, não é injusta,
NOTEI E no,, caso dos duelsstás?. Não podem alegar legltlma .císfesa, por­
que ambos estão agindo de forma injusta, um contra o outro, a começar
por, se desafiarem • pará o . duéló.'-. Quarn: acaita. ò . dueio. nâo paç!^ aiegar.
legitima d o f é s á . ' ' - V ': • / ; • . ;.‘v
Cap. 8 - ANTIJURIDICIDADE (1LÍCITUDE) 93
A injusta agressão pode ser qualquer tipo de agressão ilícita, não 
obrigatoriamente um crime.
QUESTÃO POTENCIAL DE PROVA! Pode existir legítima defesa 
contra um doente mental? E contra uma criança? Sim. Com certeza, des­
de que atendidos os seus requisitos, inclusive, a moderação. A agressão 
injusta deve ser analisada objetivamente, não importando a capacidade 
do agressor. É o caso, por exemplo, de uma criança, com seus 10 anos 
de idade, munida de revólver, atirando contra uma pessoa; ou de um 
doente mental, valendo-se de instrumento pérfiiro-cortante para atingir 
violentamente a integridade física de alguém. Em síntese, é possível 
legítima defesa contra ínimputáveis.
A legítima defesa real não pode ser confundida com a situação 
denominada de “legítima defesa putativa”? Conforme vimos no estudo 
do erro, a “legítima defesa putativa” é uma descriminante putativa, 
configurando-se quando o agente supõe falsamente a existência de uma 
injusta agressão. Portanto, tecnicamente, não caracteriza legítima defesa, 
isto é, causa de exclusão da antijuridicidade, Na verdade, trata-se de erro 
de proibição, que é causa de exclusão da culpabilidade.
Qual o significado das expressões “legítima defesa subjetiva” e “le­
gítima defesa sucessiva”? Diz-se . “subjetiva15 a hipótese de excesso no 
momento de repelir a injusta agressão, decorrente de erro de proibição 
escusável (invencível), que exclui a culpabilidade. Já “sucessiva” é a 
repulsa contra o excesso.
A legítima defesa possui um adágio jurídico muito conhecido: “nin­
guém é obrigado a ser covarde”. Sofrendo uma injusta agressão, não se 
pode exigir da pessoa que esta empreenda fuga. E direito seu agir com 
os meios necessários e moderados para repelir a injusta agressão.
A figura do excesso na legítima defesa enseja três hipóteses:
1*. Excesso doloso. A pessoa tem consciência que está empregando um 
meio desnecessário, ou mesmo de estar agindo moderadamente na 
utilização deste. É o caso, por exemplo, do marido traído que pretende 
defender a honra da família, matando a esposa adúltera e o amante 
desta; ou entao o caso de morador que ateia fogo no corpo de assaltante, 
depois de havê-lo dominado completamente. Efeito: Responsabilidade 
penai pelo resultado, dolosamente. Nos exemplos citados, o agente 
responderá por crime de homicídio doloso.
2.“. Excesso culposo. Configura-se quando uma pessoa, por imprudência, 
em face da injusta agressão, contínua a agredir seu agressor, mesmo
94 DIREITO PENAL para concurso ~ PGtlCíA FEDERAL - Emerson C&sfàh Branco
1
tendo cessado a agressão. Efeito: Responsabilidade penai pelo resul­
tado, culposamente.
3,a. Excesso cxcuípante. É o excesso que surge do erro sobre a iíicitude 
do fato (erro de proibição), imaginando o agente estar agindo licita­
mente. Como se trata de erro escusável (invencível), excluí o crime 
pela exclusão da culpabilidade. Denominado também de “legítima 
defesa subjetiva”.
Qual a exata diferença entre a legítima defesa e o estado de neces­
sidade? Primeiro, no estado de necessidade, não existe injusta agressão, 
e sim colisão entre bens jurídicos. Segundo, no estado de necessidade, 
o perigo pode ser humano, ou de um animal, ou de qualquer força da 
natureza; enquanto, na legítima defesa, a agressão sempre é humana. Ter­
ceiro, no estado de necessidade, a ação pode ser contra pessoa inocente; 
enquanto, na legítima defesa, sempre deverá ser contra o agressor.
8.4 ESTADO DE NECESSIDADE
Diferentemente da legítima defesa, o estado de necessidade é a causa de 
exclusão da antijuridicidade que consiste na ação de uma pessoa para salvar 
um bem jurídico em situação de perigo. Trata-se da hipótese do sacrifício 
último para salvar um bem jurídico, tendo como único caminho a lesão de 
outro. Há uma colisão de bens juridicamente tutelados, diante de uma situação 
de perigo causada por força humana, ou animal, ou da natureza.
Requisitos:
a) Perigo atual É necessário provar a existência de uma situação de peri­
go presente. Não haverá estado dl necessidade se o perigo for futuro. 
Note: Apesar da norma penal se referir apenas a perigo atual, parte 
da doutrina possui o entendimento segundo o qual o perigo iminente 
também estaria abrangido pelo estado de necessidade.
b) Ameaça a bem jurídico próprio ou de terceiro, Pode ser qualquer bem 
jurídico próprio ou alheio, como a vida, a integridade física, a honra, 
a liberdade e o patrimônio.
c) Situação de perigo que não tenha sido causada voluntariamente pelo 
agente. O perigo causado dolosamente impede que o agente alegue 
estado de necessidade. Assim, se o agente der causa culposamente 
ao perigo, pode invocar o estado de necessidade, pois somente não 
seria possível essa alegação se o perigo tivesse sido causado inten­
cionalmente (dolosamente) por ele. Contudo, o assunto é dividido na 
doutrina, havendo duas orientações sobre o tema.
Cap. 8 - ANTIJURtDICiDADg (ILICITUDE) 95
d) Inexistência de dever íegal de enfrentar o perigo. Não se pode alegar 
estado de necessidade quem tinha o dever legal de combater o perigo. 
Ex.; o policial não pode deixar de enfrentar criminoso, sob o argumento 
de que o mesmo pode machucá-lo; um bombeiro não pode deixar de 
enfrentar um incêndio invocando a possibilidade de ser queimado; o 
capitão de um navio não pode se apossar do bote salva-vidas, deixando 
os tripulantes em situação de perigo,
e) Inevitabilidade do comportamento lesivo. É preciso que o agente de 
outro modo não tivesse como evitar o resultado. Significa não haver 
outro meio de evitar o perigo ao bem jurídico próprio ou de terceiro. 
Em outras palavras, se havia outro meio de afastar o perigo (commodus 
discessus), não pode existir estado de necessidade.
f) Exigibilidade (ou razoabilidade) de sacrifício do bem jurídico. Só é 
possível o estado de necessidade para salvar interesse próprio ou alheio, 
cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. Dessa 
forma, o bem sacrificado deve ser de valor equivalente ou inferior ao 
bem que se pretende proteger (ex.: não se admite estado de necessidade, 
quando se sacrifica a vida de uma pessoa para salvar um cão).
g) Elemento subjetivo do estado de necessidade. É preciso que o sujeito 
tenha consciência de que está agindo em estado de necessidade.
NOTE! Qual a diferença entre ò estado de necessidade e o denominado 
’ "estado, d^.necessidaâé puíativo''? O estado de necessidade puíàtlvo é uma 
espécle descriminaníe putativa, isto é,. erro'sobre a Ilicitude .do fato1’(erro 
de proibição), causa de' exclusão da culpabilidade. Ocorre quando alguém 
imagina estàr agindo erri estado de ftecèssídáde,
quando, rià verdade, à 
situação de perigo não existe. r .......
Havendo apenas dever contratual, é possível alegar estado de neces­
sidade? Sim. Somente não pode alegar estado de necessidade quem tem 
o dever legal de combater o perigo.
Assim como na legítima defesa, o excesso no estado de necessidade 
pode ser doloso, culposo ou exculpante. No doloso, existe consciência do 
excesso; enquanto, no culposo, uma imprudência. Por fim, no exculpante, 
a pessoa incorre em erro, imaginando ainda haver situação de estado de 
necessidade, quando o perigo já tinha cessado.
NOTEI Havendò a imposição do-déver íégai "não pode á autòridade púbjiçá 
alegar estado de necessidade, porque a própria; função prevé. riscos: En­
tretanto, ná'hlpótésé.dè s.èr ju d d iç ó i^ lo ;.se po.de
.exigir p sacrifício. inútil. É ò Caso’, ' poréxèriiplo, .de lim prédio'em charriás, 
desmoronando, i^ão há "corno á autoridade ingressar dentro deste, nessas 
circunstâncias.
96 DIREITO PENAL para concurso - POLÍCIA FEDERAL - Emerson Castelo Branco
QUESTÃO POTENCIAL BE PROVAS Qual a exata diferença entre 
estado de necessidade “agressivo” e “defensivo”? No estado de necessi­
dade “agressivo”, a conduta do agente se volía contra bem jurídico de 
terceiro inocente, que não provocou a situação de perigo (ex.: o clássico 
caso de um náufrago que mata outro para se apoderar de um bote salva 
vidas; ex. 2.: invadir a casa de uma pessoa para fugir de uma enchente). 
Já no estado de necessidade “defensivo”, a conduta dp agente se volta 
contra o bem jurídico da pessoa que provocou o perigo (ex,: o agente 
precisa matar o cachorro do vizinho, que deixou o animal solto na rua, 
para livrar seu filho de um ataque).
Somente haverá estado de necessidade se o bem jurídico que o agente 
pretende proteger for legítimo. Dessa forma, por exemplo, o preso não 
pode matar o delegado de polícia para fugir.
8.5 EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO
É a causa de exclusão da antijuridicidade, prevista no art. 23 do 
Código Penal, que consiste na atuação de alguém conforme as normas de 
direito, isto é, respaldada pelo ordenamento jurídico. Apesar da tipicída- 
de aparente (descrição da conduta na norma penal, a conduta é jurídica 
(lícita). Ex.: palmadas leves que uma mãe ministra no bumbum do seu 
filho; lesões decorrentes de um esporte, como boxe, futebol,
8.6 ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL
É a conduta que, apesar de constituir um fato típico, é lícita (jurídica), 
porque decorre da imposição de um dever legal. Este dève ser exercido 
sempre dentro dos limites da própria sãtividade funcional. Assim como 
toda causa de exclusão da iíicitude, é necessário o requisito subjetivo, 
isto é, a consciência de estar agindo no cumprimento de um dever legal. 
Ex.: emprego de força física por um policial para efetuar a limitação de 
liberdade de um criminoso.
O dever legal pode decorrer de lei penal ou extrapenal (ex.: dispo- 
sições administrativas). Entretanto, lembra Mírabete, “estão excluídas da 
proteção as obrigações meramente morais, sociais ou religiosas. Haverá 
violação de domicílio, por exemplo, se um sacerdote forçar a entrada 
em domicílio para ministrar a extrema-unção.”12
1 MÍRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de Direito Penal. V,l, 24.* ed., São Paulo: Atlas, 2006, p. 189.
Cap. 8 - ANTtJURIOlCSDADE (ILICITUDE) 97
Não se admite estrito cumprimento de dever legal nos crimes culpososs 
porque a lei não obriga à imprudência, à negligência ou à imperícia.
8.7 QUESTÕES COMENTADAS
(CESPE/UnB 2004) É possível a ocorrência de estado de necessidade contra estado de 
necessidade, mas não é possível a ocorrência de legítima defesa real contra legitima 
defesa real.
Resposta: Correto. O estado de necessidade pressupõe um choque entre bens jurídicos, 
em que se opta pela preservação de um em detrimento do outro. Nada impede que 
duas pessoas hajam em estado de necessidade mutuamente com o intuito de defender 
o bem jurídico, No entanto, quando se trata de legítima defesa real, em que se faz 
presente todos os seus requisitos de existência, inclusive o da agressão injusta, não 
existe compatibilidade entre legítima defesa reai e legítima defess real, visto que, 
necessariamente, enquanto uma agressão for injusta, a outra se tomará justa, resultando, 
portanto, que não se pode afagar legítima defesa de agressão justa.
(CESPE/UnB 2004) Considere a seguinte situação hipotética. Marcelo desfechou seis 
tiros de revólver contra a sua esposa, de quem estava separado de fato há mais de 
30 dtas, sob a justificativa de que a vitima não tinha comportamento recatado e o 
traía. Nessa situação, de acordo com o entendimento do STJ, Marcelo agiu sob o 
pálio da legitima defesa da honra.
Resposta: Brado, De acordo com o STJ, a legítima defesa da honra nâo é mais 
admitida em casos de traição, visto que a honra denegrida é a da adúltero e nâo a do 
cônjuge inocente, São incompatíveis, portanto, os requisitos da legitima defesa (art. 25 
do CP) com o adultério.
(Delegado da Policia Civll/RN — 2009 - CESPE/UnB) Nâo é possível a legitima defesa 
contra estado de necessidade.
Resposta: Correto. De fato, se uma pessoa está agindo em estado de necessidade, 
sua conduía é plenamente jurídica, lícita. Dessa forma, não poderá haver legítima defesa 
contra uma ação lícita. Somente existe legítima defesa no caso de injusta agressão.
(Delegado da Policia Clvil/RN - 2003 - CESPE/UnB) Não é possível legítima defesa 
real contra quem está em legitima defesa putaíiva.
Resposta; Errada, é possível, sim, legítima defesa real contra legítima defesa putativa 
Quem age imaginando falsamente uma injusta agressão está cometendo um erro, agredindo 
uma pessoa por equívoco. Esta, por outro íado, tem o direito, diante da injusta agressão 
que sofre, de agir para reprími-ia.
(DPU Defensor púbiico da União CESPE/UnB 2010) A responsabilidade pena! do agente 
nos casos de excesso doloso ou culposo aplica-se âs hipóteses de estado de necessidade 
e legítima defesa, mas o legislador) expressamente, exclui tal responsabilidade em 
casos de excesso decorrente do estrito cumprimento de dever legal ou do exercício 
regular de direito.
Resposta: Errado. O excesso doloso ou culposo, nos termos do parágrafo único, do 
art. 23, do Código Penal, pode ocorrer em qualquer uma das hipóteses de exclusão da 
antijuridicidade. Exemplo de excesso no estrito cumprimento do dever legai: oficiai de 
justiça que agride desnecessariamente a integridade física de uma pessoa no cumprimento 
de um mandado de busca e apreensão. Exemplo de excesso no exercício regular de 
direito: mãe que termina exagerando na correção imposta ao filho.
98_____ DfREiTO PENAL para concurso ~ POLlCIA FEDERAL ~ Emerson Castelo Branco
8.8 QUESTÕIS CESPE/UnB
1. (Escrivão da Policia Federal 2002 - CESPE/UnB) Considere a seguinte situação 
hipotética. Perseu era escrivão de Poiícia Federal e, atendendo a ordem de missão 
expedida pelo delegada competente, acompanhava equipe policial em diligência 
investigatôrla regular. Durante ela, encontraram um indivíduo em situação de 
flagrância e deram-lhe voz de prisão. O indivíduo resistiu e sacou arma do fogo, 
com a qual disparou contra a equipe. Não havendo alternativa, Perseu disparou 
contra o indivíduo, alvejando-o mortalmente. Nessa situação, ao ato de Perseu falta 
o elemento da fitcitude, de maneira que não é juridicamente correto imputar-lhe 
crime de homicídio.
2. (Papiioscopista da Poiícia Federal 2004 - CESPE/UnB) As causas de exclusão de 
iíicitude são normas penais permissivas, isto é, permitem a prática de um fato 
típico, exclutndo-lhe a antijurldicidade.
3. (Delegado ~ Policia Civil/ES - CESPE/UnB) Na administração da justiça por parte dos 
agentes estatais é meio legitimo o uso de armas com o intuito de matar indivíduo 
que tenta cvadir-se de cadeia pública.
4. (Delegado - Polícia Civil/ES - CESPE/UnB) O policial
ao efetuar prisão em flagrante 
tem sua conduta justificada peta exchidente do exercido regular de direito.
S. (Delegado ~ Poiícia Civil/ES - CESPE/UnB) Pode ser causa de exclusão da Iíicitude 
o consentimento do ofendido nos delitos em que eie â o único titular do bem 
juridicamente protegido e pode dele dispor livremente.
6. (Delegado - Polícia Civil/ES - CESPE/UnB) Não existem causas supralegais de 
exclusão da iíicitude, uma vez que o art. 23 do Código Penal pode ser entendido 
como numertis ciausus.
7. (Delegado - Poiícia Civil/ES - CESPE/UnB) Não se reconhece como hipótese de 
legítima defesa a circunstância de dois inimigos que, supondo que um vai agredir 
o outro» sacam suas armas e atiram pensando que estão se defendendo.
í
8. (Delegado - Polícia Civil/ES - CESPE/UnB) São requisitos para configuração do 
estado do necessidade a existência de situação de perigo atua! que ameace direito 
próprio ou alheio, causado ou não voluntariamente pelo agente que não tem dever 
legal de afastá-lo.
9. (Delegado - Polícia Civil/ES - CESPE/UnB) Trata-se de estrtto cumprimento de 
dever legal a realização, pelo agente, d® fato típico por força do desempenho de 
obrigação imposta por lei.
10. (Delegado da Poiícia Federal 2004 Regional branca - CESPE/UnB) Para prenderem 
em flagrante pessoa acusada de homicídio, policiais Invadiram uma residência em 
que entrara o acusado, danificando a porta de entrada e sem mandado de busca 
e apreensão. Nessa situação, os policiais não responderão pelo crime de dano, 
pois agiram em estrito cumprimento do dever fegal, que é causa excludente da 
iíicitude.
Cap, 8 - ANTUURSD1CIDADE (ILICITUDE) 99
r ~
11. (Agente ~ Polícia Civil/RR 2003 - CESPE/UnB) São causas excludentes de ilicitude 
a legítima defesa, o estado de necessidade, o estrito cumprimento do dever iegal 
e a coação morai Irresistível.
12. (Agente - Polícia Clvti/RR 2003 - CESPE/UnB) Considere a seguinte situação 
hipotética. Dionfsto, para salvar a si próprio e a seu filho, feriu mortalmente um 
leão que acabara de fugir do zoológico e ameaçava atacá-los. Nessa situação, 
Dionísío agiu em legítima defesa.
13. (Agente - Polícia Cívü/RR 2003 - CESPE/UnB) Age em estrito cumprimento do dever 
legal o policial que emprega força física para impedir fuga de presídio.
14. (CESPE/UnB 2003) Configura-se causa de exclusão de ilicitude denominada estado 
de necessidade recíproco a situação em que, após um navio naufragar, seus 
tripulantes se agridam mutuamente, m> intuito de se apoderarem de uma boia que 
flutue no oceano.
15. (OAB “ 2009.1 - CESPE/UNB) Considera-se em estado de necessidade quem pratica
o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade nem podia 
de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, 
não era razoável exigir-se.
16. (Agente - Polícia Civil/TO 2008 - CESPE/UnB) Considere a seguinte situação 
hipotética. Jonas, aceitando desafio de Gabriel, ofendeu, no decorrer do duelo, a 
integridade física de seu desafeto, causando-lhe lesões corporais graves. Nessa 
sltuaçao, Jonas agiu em legítima defesa, pois tinha o propósito de se defender de 
eventuais agressões.
17. (Escrivão - Policia Civti/PA 2006 - CESPE/UnB) Diz-se agressivo o estado de 
necessidade quando a conduta do agente dirige-se diretamente ao produtor da 
situação de perigo, a fim de eliminá-ía.
18. (Assistência Judiciária do Distrito Federal 2006 - CESPE/UnB) As Intervenções 
médicas e cirúrgicas constituem exercício reguíar de direito, sendo, excepcionalmente, 
caracterizadas como estado de necessidade.
19. (Assistência Judiciária do Distrito Federal 2006 - CESPE/UnB) Nos termos do Código 
Penal e na descrição da excludente de ilicitude, haverá legítima defesa sucessiva 
na hipótese de excesso, que permite a defesa legítima do agressor inicial.
20, (CESPE/UnB 2Òp4) Um bombeiro que deixa de atender a um incêndio, em que 
pessoas são tesionadas, para atender a outro sinistro, de maior gravidade, age em 
estado de necessidade.
21. (CESPE/UnB 2007) Considere a seguinte situação hipotética, Um alpinista, em 
situação de extremo perigo, ao perceber que a corda que o sustentava junto à 
montanha estava prestes a se romper, cortou o sustentácuio, impondo com isso 
a queda do amigo, também sustentado pela mesma corda. Tal conduta provocou a 
morte imediata do segundo alpinista, propiciando o salvamento do primeiro. Nessa 
situação, aquèlé que cortou a corda agiu em legitima defesa na busca de proteção 
da própria vida.
100 OSREITO PENAL para concurso - POLÍCIA FEDERAL - Emerson Coste/o Branco
22, (CESPE/UnB 2007) O exercício regular de direito e o estrito cumprimento de dever 
legal excluem o caráter ilícito do fato, o que implica, por conseqüência» a ausência 
de tiptcidade da conduta amparada por tais Institutos.
23. (CESPE/UnB 2003} Constitui requisito subjetivo do estado de necessidade a 
consciência do agente da situação de perigo e de agir para evitar a lesão.
819 DICAS IMPRESCINDÍVEIS
As denominadas ofendículas (ex.: cerca elétrica) configuram exercício 
regular de direito? Sim. Trata-se da orientação majoritária. Contudo, 
não podem existir em formato de armadilhas escondidas, porque geram 
uma situação de excesso.
msiasmítosffíascy»; i}** yfcr.vv
O denominado “estado de necessidade exculpante” foi adotado pelo 
Código Penal brasileiro? Não. Ocorre quando o bem sacrificado possui 
valor superior ao bem que se desejava proteger, mas o agente alega 
inexigibilidade de conduta diversa, para excluir a culpabilidade (ex.: 
destruir a vida de uma pessoa para salvar um pequeno animal de 
estimação de inestimável valor sentimental). Somente se admite o 
estado de necessidade “justificante”, baseado na razoabilidade, isto é, 
na proporcionalidade entre o bem sacrificado e o bem protegido.
O estado de necessidade se comunica aos outros coautores da ação? 
Sim, Trata-se de orientação amplamente majoritária na doutrina.
Havendo erro de execução (“aberratio ictus”), previsto no art. 73 do 
Código Penal, haverá possibilidade de estado de necessidade? Sim.
Simples provocação autoriza defesa legítima? Não. Dessa forma, a 
provocação (e não agressão!) somente possibilita o reconhecimento de 
uma atenuante genérica (art. 65 do CP), ou mesmo alguma circuns­
tância provilegiadora (§ 15, do art. 121, do CP).
j Não pode existir legítima defesa contra animal (a agressão deve ser 
humana!), salvo se o animal fosse utilizado como arma (instrumento 
do crime) pelo agente. Ações contra animais configuram hipótese de 
estado de necessidade.
Cap. 8 - ANTIJURiDIClOAOE (HICITUDE) 101
Na legítima defesa, existe a mesma figura presente no estado de ne­
cessidade do “commodus discessus” (busca de alternativa, como, por 
exemplo, fuga)? Não. Se uma pessoa parte em direção a outra com um 
revólver, para matá-la, não se pode exigir desta última que empreenda 
fuga (adágio “ninguém pode ser obrigado a ser covarde”). Bm outras 
palavras, mesmo tendo condições de fugir, ainda assim haverá legíti­
ma defesa (ex.: assaltantes armados invadem a casa de uma família. 
Mesmo podendo fiigir, a família “valente” prefere enfrentá-los).
Dentro do mesmo contexto fático, podem existir legítima defesa e 
estado de necessidade simultaneamente? Sim. É o caso em que A 
subtrai a arma de B, para atirar contra C, em situação de legítima 
defesa. Em relação a B, agiu em estado de necessidade; enquanto que 
em relação a C agiu em legítima defesa.
sreí j t t t i sa! ív\
Em relação ao estrito cumprimento do dever legal, somente pode ser 
alegado por funcionários públicos? Apesar de não ser assunto pacífico, 
a corrente majoritária se orienta no sentido de sua adoção também 
pelo particular, desde que exista lei, impondo-lhe algum tipo de dever 
legal
O consentimento do ofendido é causa supralegal de exclusão da 
iíicitude?
Sim. Contudo, somente será válido se o bem jurídico for 
disponível (ex.: honra) e o ofendido for capaz. E mais: a título de 
exceção, se a ausência de consentimento for elementar do tipo, haverá 
a exclusão do fato típico, e não a antijurldicidade (ex.: violação de 
domicílio - art. 150, CP).
CULPABILIDADE
9.1 CONCEITO
É o juízo de reprovação social (censurabilidade) que se faz sobre a 
conduta. É elemento integrante do conceito de crime.
Possui os seguintes elementos: imputabilidade, potencial conheci­
mento da ílicitude e exigibilidade de conduta diversa.
9.2 CAUSAS DE EXCLUSÃO BA CULPABILIDADE
As causas de exclusão da culpabilidade (ou “dirimentes”) são as 
seguintes:
a) Inímputabilidade ■•••• A exclusão da imputabilidade termina por gerar a 
exclusão da culpabilidade.
b) Coação moral irresistível (v í í compulsiva) - Ocorre toda vez que uma 
pessoa, sofrendo grave ameaça irresistível, for obrigada a praticar um 
crime. Note: Deve ser irresistível, isto é, não podia ser vencida.
Temor reverenciai é o fundado receio em desagradar a quem se deve 
elevado respeito. Não se equipara à coação moral.
c) Obediência hierárquica - Caracteriza-se pela ordem de um superior 
hierárquico a um subordinado para a prática de uma conduta criminosa, 
não sendo essa ordem manifestamente ilegal; isto é, o subordinado a 
executa sem perceber a sua ilegalidade. Se for claramente ilegal, o 
subordinado também será responsabilizado penalmente.
104 DI&EtTO PENAL para concurso - POÜCIA FEDERAI. - Emerson Castelo Branco
NOTE! Quai a diferença entre coação moral irresistível para coação física 
irresistível (vis absoluta)? Na coação morai, a pessoa se encontra em 
liberdade, sofrendo constrição apenas mental; enquanto na coação física, 
a pessoa não tem vontade, estando limitada fisicamente. Em outras pala­
vras, a coação morai irresistível não exclui a conduta, uma vez que ainda 
existe vontade. Por Isso mesmo, exclui a culpabilidade. Ao contrário, na 
coação física irresistível, nâo haverá fato típico, por ausência da conduta, 
um de seus elementos. Luiz Régis Prado cita dois exemplos interessantes 
de coação física: “Obrigar fisicamente o coagido a golpear; e amarrar o 
guarda rodoviário, impedindo-o de acionar os binários",!
9.3 ELEMENTOS DA CULPABILIDADE
1.°) Imputabilidade - Estudamos no tópico a seguir.
2.°) Potencial conhecimento da ilicitude - Para que a conduta seja reprová­
vel (censurável), é necessário que o agente conheça ou ao menos possa 
conhecer as circunstâncias ligadas à antijuridicidade. Note: O desconhe­
cimento da ilicitude não pode ser confundido com o desconhecimento 
da Lei. O Código Penal, inclusive, estabelece, em seu art. 21, que o 
desconhecimento da lei é tnescusável, isto é, não podendo ser alegado 
para excluir a responsabilidade penal do agente. Qual é a exata diferen­
ça? O desconhecimento da lei significa apenas que o agente criminoso 
não conhece a legislação, mas tem consciência do caráter ilícito do seu 
ato. Ao contrário, a falta de potencial conhecimento da ilicitude ocorre 
quando o agente desconhece que sua ação é contrária ao Direito.
S.") Exigibilidade de conduta diversa - Para se configurar a culpabilidade, 
não bastam a imputabilidade e o potencial conhecimento da ilicitude. 
É necessário ainda aferir se, diante das circunstâncias do episódio 
criminoso, era necessário exigir do agente um comportamento diverso 
daquele que empregou. Deve-se averiguar se era possível exigir do 
agente outra conduta diversa da ^que praticou. Qual o critério para 
fazer esse juízo? O homem médio. Em outras palavras, se as pessoas 
em geral, diante de iguais circunstâncias, agissem da mesma fòrma, a 
conduta do agente não seria censurável, não havendo culpabilidade no 
caso. Cite-se como exemplo, dentre outros, a coação moral irresistível, 
estudada acima.
9.4 IMPUTABILIDADE
É a capacidade de entender o caráter ilícito do fato e de determinar-se 
de acordo com esse entendimento. O Código Penal, em vez de definir a
’ PRADO, Luiz Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro ~ Vol 1 - Parte Gerai, 5.a Ed„ São Paulo: 
Revista dos Tribunais, 2006, p. 26.
Csp, 9 - CULPASiUDADE 105
imputabilidade, elencou as situações de inimputabilidade, no art. 26 do 
CP: “É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvol­
vimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da 
omissão» inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de 
determinar-se de acordo com esse entendimento”.
9.4.1 Critérios (ou sistemas) para estabelecer a inimputabilidade
a) biológico - Avalia apenas aspectos biológicos, como, por exemplo, 
saber se ama pessoa possui desenvolvimento mental retardado.
b) psicológico -- Avalia apenas se a pessoa tinha ou não capacidade de 
entender o caráter ilícito do fato e de determinar-se de acordo com 
esse entendimento, não se importando com questões biológicas.
c) biopsicológico - Consiste na soma dos dois critérios anteriores.
NOTEI O Código Pena! adotou o sistema biopsicológico, conforme se 
verifica da análise do a r t 28 do CP: "Ê isento do pena o agente que, por 
doença mental ou desenvolvimento mental incompleto,.ou retardado (sistema 
biológico), era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de 
entender o caráter fllcito do fato ou de determinar-se de acordo com esse 
entendimento" (sistema psicológico). Adotou, portanto, a soma dos dois 
sistemas (biológico + psicológico), formando o sistema biopsicológico,
9*4.2 Causas de inimputabilidade
I *) Doença mental - É toda perturbação mental capaz de influir na ca­
pacidade de entender o caráter ilícito do fato. Ex.: paranóia, psicose, 
neurose, esquizofrenia etc,
2*) Desenvolvimento mental incompleto - É o desenvolvimento metal 
que ainda não se completou, ou por causa da idade do agente, ou por 
sua ausência de convício social, Ex.: menores de 18 anos e siivícolas 
inadaptados.
3.*) Desenvolvimento mental retardado - É o atraso na idade mental 
cronológica da pessoa. Ex/. oligofrênícos.
4.a) Embriaguez completa, por caso fortuito ou por força maior - Será 
estudada mais adiante.
9,4.3 Semi-imputabiUdade
Prevista no parágrafo único do art. 26, é a situação do agente que 
não era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato, isto 
é, tem apenas perda parcial da capacidade de entendimento. Por isso
106 DIREITO PENAL para concurso - POLÍCIA FEDKRAL - Emerson Castelo Branco
mesmo, não exclui o crime. Gera apenas uma diminuição da pena. de 
imi a dois terços.
9.4.4 Menoridade penal
No caso dos menores de 18 anos, conforme o art. 27 do CP, existe 
uma presunção legal absoluta de inimputabilidade. O legislador adotou 
o critério puramente biológico, constituindo exceção à regra do critério 
bíopsicológico,-“A inimputabilidade penal dos menores de 18 anos está 
prevista, também, no art. 228 da CP’.
NOTEf A prova da menoridade não pode ser realizada por meio de tes­
temunhas! Súmiila 74- do STJ: "Para'efeitos penais, o reconhecimento 
da menoridade do réu, requer proyá por. documento hábil”, Seria, apenas 
certidão de nascimento? Não. Outros documentos ísmbém' servem como 
prova (ex: certidão de batismo).
9.4.5 Emoção e paixão
A emoção e paixão não excluem a imputabilidade (art. 28, inciso
I, do CP). À emoção é o sentimento repentino e passageiro, como uma 
tempestade; enquanto a paixão eqüivale a uma emoção constante, per- 
durando no tempo, Podem servir apenas como atenuantes genéricas (art. 
65, inciso III, alínea a); ou, em determinados delitos, como circunstância 
minorante. Porém, caso a paixão se tome doença mental, poderá ser 
excluída a imputabilidade.
9.4.6 Espécies de embriagues:
À embriaguez, em regra, não excluí a responsabilidade penal (art,
28, inciso II). Trata-se do processo de intoxicação causada pelo álcool 
ou pór substâncias de efeitos
análogos. Pode resultar do consumo de 
drogas lícitas (ex.: álcool) ou ilícitas (ex.: cocaína).
Possui as seguintes espécies:
a) Não acidental - Poda ser voluntária (dolosa) ou culposa. Na voluntária, 
o agente tem a intenção de se embriagar. Na culposa, o agente quer 
ingerir a substância, mas sera a intenção de se embriagar. Pode ser 
completa (retirada total da capacidade de entendimento) ou incompleta 
(retirada parcial da capacidade de entendimento).
Cap. 9 - CUIPABILSDAOE 107
b) Acidental - É aquela que decorre de caso fortuito ou de força maior. 
Pode ser completa ou incompleta. Se for completa, isenta de pena, Se 
for incompleta, não isenta, mas diminui a pena de 1/3 a 2/3.
A embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior 
(art 28. § l.°), é exceção à regra, porque exclui o crime. Exemplos de 
caso fortuito: a pessoa escorrega e cai dentro de um barril de cachaça, 
ingerindo grande quantidade de bebida alcoólica por não saber nadar; 
mulher numa festa ingere bebida sem ter- conhecimento da presença de 
droga nesta. Exemplo de força maior: embriaguez decorrente de uma 
doença grave, como a utilização da morfina para diminuir as dores de 
um câncer.
Entretanto, se a embriaguez por caso fortuito ou força maior não 
for completa, haverá apenas uma redução de um a dois terços (art. 28, 
§ 2.°, do CP).
9.4.7 Teoria da A dio Libera in Causa (ação livre na causa)
É a teoria segundo a qual, se o agente se embriaga com o fim de 
cometer o crime ou mesmo prevendo a possibilidade de cometê-lo (em­
briaguez preordenada), não pode no momento da ação alegar estado de 
inconsciência ou mesmo ausência de dolo, porque tinha o dolo antes da 
embriaguez. Diz-se que a sua ação era “livre na causa”, para ser conside­
rado o momento da embriaguez e não o momento da ação criminosa.
9.5 QUESTÕES COMENTADAS
(CESPEíUnB 2005) O Código Penal adotou o sistema biológico para se aferir a 
inímputabtlidade, devendo-se verificar se o agente, ao tempo da ação ou omissão, 
ora portador de doença mental ou desenvolvimento mental Incompleto, capaz de lhe 
retirar a capacidade de compreender o caráter Hícito de seu ato ou de ortentar-se de 
acordo com esse entendimento.
Resposta: Errado. O critério adotado como regra é o biopsicológico; sendo o biológico 
aplicado, pelo Código Penai, somente no caso da menoridade penai de 18 anos.
(CESPE/UnB 2004) Na aferição da mimputabilidacie, o Código Penal adotou o sistema 
blopsícológico, mesmo no caso da menoridade penal.
Resposta: Errado. O Código Penal adotou o critério biológico (exceção) em retaçâo à 
menoridade penai; e bíopsicológico (regra), nas demais hipóteses de inimputabilidade.
{CESPE/UnB 2005) A medida de segurança será aplicável aos inimputáveís e, 
excepcionalmente, aos semí-tmputávels. No úttimo caso, o juiz poderá determinara execução 
de pena reduzida ou promover sua substituição peia medida de segurança.
108 DiRElTO F£NAL para concurso - POLÍCIA FEDERAL - Emerson Castelo Branco
Resposta: A medida d® segurança é aplicada aos inímputáveis. No entanto, no art. 98, 
capòt, do CP, ha a previsão de substituição da pena por medida de segurança para os 
semt-imputávels, quando estes necessitarem de especial tratamento curativo.
(CESPE/UnB 2005) A emoção não excluí a imputabilidade penai, mas pode atuar como 
circunstância atenuante ou como causa de redução de pena.
Resposta: Correto. A afirmação apenas mostra o que expressa o Código Penal no seu 
art. 26, inciso I, em que a emoção não exclui a imputabilidade; e no art. 65, inciso iif, 
alínea c, que dispõe ser a emoção circunstância atenuante.
(CESPE/UnB 200$) A embriaguez, quando patológica, pode afastar a imputabilidade 
do agente.
Resposta: Correto. A embriaguez patológica aplica-se a regra do art. 26, caput, do 
Código Penal, pois tal forma de embriaguez constitui perturbação da saúde mental, 
podendo afastar a imputabilidade penal.
(CESPE/UnB 2004} Considere a seguinte situação hipotética. Neto, imprudentemente, 
embrlagou-se no balcão de um boteco, sem prever, mas devendo, a eventualidade 
de vir a cometer um crime. Em estado de embriaguez completa, Neto iniciou uma 
discussão com o proprietário do boteco e desfechou-ihe um gotpe fatal de faca na 
região torácíca, matando-o. Nessa situação, adotando-se a teoria da aotio libera in 
causa, Neto responderá peta prática do crime de homicídio.
Resposta: Correto. A teoria da aotio libera in causa reza que o agente tem o pleno 
arbítrio para escolher se irá querer se embriagar ou não. Assim, caso decida pela 
embriaguez, deverá o mesmo responder, mesmo que não possa entender plenamente o 
caráter itíoito do fato, por qualquer crime que venha a cometer. Neto responderá, mesmo 
que completamente embriagado, pelo crime cometido.
(Defensor Público/SE ~ CESPE/UnB - 2005) Considere a seguinte situação hipotética. 
Marcelo, sob coação moral irresistível, foi forçado a assinar um documento falso. 
Nessa situação, o fato reveste-se de tipicidade, pois a ação é juridicamente relevante, 
todavia Marcelo deverá ser isento de pena, pois está presente uma causa excludente 
da culpabilidade.
Resposta: Correto. Existem fato típico e antijuridicidade, mas não culpabilidade. Por 
conseguinte, não haverá crime por ausência de um dos seus elementos estruturais. No 
caso, Marcelo assinou o documento dolosamente, sabendo da falsidade. A sua ação é 
típica e antijurídica. Porém, em face da coação moral irreslstlvei, haverá a exclusão da 
culpabilidade, A coação moral irresistível é situação de inexigibilidade de conduta diversa 
(não se poderia exigir outra conduta de Marello), restando afasta a reprovabiildads do 
seu comportamento.
(OPU Defensor Público da União CESPE/UnB 2010) Segundo a teoria psicológica da 
culpabilidade, o dolo e a culpa fazem parte da análise da culpabilidade, e a imputabilidade 
penai é pressuposto desta.
Resposta: Correto. A teoria psicológica prega que a imputabilidade é seu pressuposto, 
sendo o dolo e a culpa espécies da culpabííídade. Denomina-se “psicológica", porque 
entende que a culpabilidade é o liam o psicológico entre o criminoso e o fato. Referida 
teoria é minoritária no Direito Penal brasileiro. Resumidamente, as teorias acerca do 
conceito de culpabilidade são as seguintes: a) psicológica - consiste em dolo ou culpa 
e imputabilidade; b) psícológico-normaíva - consiste em dolo ou culpa, imputabilidade e 
exigibilidade de conduta diversa; c) normativa pura (ou extrema) - consiste em potencial 
consciência da Ilicitude, exigibilidade de conduta diversa e imputabilidade; d) limitada 
(teoria adotada pelo Código Penai brasileiro) - consiste ern potencial consciência da 
ilicitude, exigibilidade de conduta diversa e imputabilidade- E qual seria então a diferença 
entre as teorias normativa pura e a limitada? A teoria normativa pura entende que as
Cap. 9 - CULPABÍLÍOADE 109
I "
descrímirsantes putativas sempre constituem erro de proibição. Já a teoria limitada entende 
que as descrlminaníes putativas podem ser erro de tipo, caso dscorram de erra sobre 
oa pressupostos de fato,
(DPU Defensor Público da União CESPE/UnB 2010} A teoria psicológlco-normativa da 
culpabilidade, ao enfatizar conteúdo normativo, e não somente o aspecto psicológico 
(dolo e culpa), leva em conta o jufzo de reprovação social ou de censura a ser feito 
em relação ao fato típico e jurídico quando seu autor for considerado imputãvei.
Resposta: Nula. A íeoría psicológica normativa (ou normativa), assim como a teria 
psicológica, contínua mantendo o doto e a culpa como elemento da culpabilidade; 
acrescentando, todavia, a Imputabilidade e a exigibilidade de conduts diversa. Importante 
notar que a imputabilidade passa a ser elemento (e não pressuposto) da culpabilidade. 
Por fím, nesta teoria, o dolo é normativo, Isto é, abrange a consciência da iíicitude, 
Rsferida teoria é minoritária
no Direito Penal brasileiro.
(DPU Defensor Publico da União CESPE/UnB 2610) Segundo a teoria normativa pura, 
a fim de tipificar uma conduta, Ingressa*se na análise do dolo ou da cutpa, que se 
encontram, pois, na tlpicfdade, e não na culpabilidade. A culpabilidade, dessa forma, 
è um jutzo de reprovação soda), incidente sobre o fato típico e antijurídico e sobre 
seu autor.
Resposta: Correto. A teoria normativa pura (ou estrita, ou extrema) è diametralmente 
oposta âs teorias psicotógíca e psicológica normativa, porque situa o dolo e a culpa 
no fato tfpíco, e nâo na culpabilidade. Nesta teoria, o dolo nâo é normativo, porque 
nâo abranga a consciência da ilíciíude. Como a consciência da iíicitude é deixada na 
culpabilidade, diz-se que o dolo é natural. É teoria adotada de forma minoritária no 
Direito Panai brasli&iro.
(Procurador do Banco Central CESPE/UnB 2010) Caso o fato seja cometido em estrita 
obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, não serão 
puníveis o agente que obedeceu nem c autor da coação ou da ordem.
Resposta: Errado. Somente será excíuída a culpabilidade do subordinado hierárquico, 
em razão de a ordem não ser manifestamente ilegal.
9.6 QUESTÕES CESPE/UnB
1. (Escrivão da Polícia Federai 2004 — Regional - CESPE/UnB) Considero a seguinte 
situação hipotética. Hiran, tendo ingerido voluntariamente grande quantidade de 
bebida, desentendeu-se com Caetano, seu amigo, vindo a agredi-to « a causar- 
•Jhe tesões corporais. Nessa situação, considerando que, em raaSo da embriaguez 
completa, Hiran era, ao tempo da ação, Inteiramente incapaz de entender a íffcítude 
de sua conduta e de determinar-se de acordo com este entendimento, pode-se 
reconhecer a sua inimputabilidade.
2. (Papiloscoplsta da Polícia Federai 2004 - CESPE/UnB) São causas de exclusão 
da im putabilidade: doença m ental, desenvolv im ento m ental incom pleto, 
desenvolvimento mental retardado e embriaguez completa proveniente de caso 
fortuito ou força maior.
3. (Papiloscoplsta da Policia Federal 2004 - CESPE/UnB) Jorge, apôs Ingerir várias 
doses de bebida alcoólica em um bar, dirige seu carro em alta velocidade, 
vindo a atropelar e m atar um transeunte, sem, contudo, ter tido a intenção de 
atingir esse resultado. Nessa hipótese, a embriaguez voluntária de Jorge exclui 
a imputabilidade penai.
110 OíREITO PENAL para concurso - POÜCíA FEDERAL - Emerson Casteto granco-------------------- -------------------------------------------------------^
4. (Delegado da Polícia Federal 2904 Regional branca - CESPEftJnB) O sujeito ativo 
que pratica crime em face de embriaguei voluntária ou culposa responde pelo crime 
praticado. Adota-se, no caso, a teoria da conciitio sine qua non para se imputar ao 
sujeito ativo a responsabilidade penal.
5. (Agente da Polícia Federai 2004 - Prova azul - CESPE/UnB) O Código Penat, ao 
dispor que !,é isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento 
mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da açBo ou da omissão, inteiramente 
incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com 
esse entendimento", adotou o critério bioiógico de exclusão da imputabilidade.
6. (Agente da Poiícia Federai 2004 - Prova azul - CE$PE/UnB) Segundo o Código penal, 
a emoção e a paixão não são causas excludentes da imputabilidade penal.
7. (Escrivão da Poiícia Federai 2002 - CESPE/UnB) Martiniano foi obrigado,
por pessoas que se diziam amigos seus, a ingerir bebida alcoólica até ficar
completamente embriagado. Em seguida, essas pessoas fevaram-no consigo e, 
com ele, cometeram roubo contra agência bancária. Nessa situação, por não 
ser patológica, a embriaguez de Martiniano não lhe retira a imputabilidade nem 
diminui a pena aplicável ao ato.
8. (Agente da Polícia Federal 2004 - Prova azuí - CESPE/UnB) A coação ffsica e a
coaçíio morai irresistíveis afastam a própria ação, não respondendo o agente pelo 
crime. Em tais casos, responderá pelo crime o coator.
9. (Perito Médico Legista - Polícia Civü/AC 2006 - CESPE/UnB) A imputabilidade é
eiemento da culpabilidade e tem reflexo direto sobre o pressuposto para a aplicação 
da pena.
10. (Delegado - Poiícia Civii/ES - CESPE/lJnB) A ohrigacao hierárquica é causa de 
justificação que exclui a ilicitude da conduta de agente público.
11. {Delegado - Policia Civil/ES - CESPE/UnB) São elementos da culpabilidade para a 
concepção finalista a imputabilidade, a potencial consciência sobre a ilicitude do 
fato e a exigibilidade de conduta diversa.
12. {Agente - Polícia Civil/RR 2003 - CESPE/ÔnB) O erro de proibição, a obediência 
hierárquica e a inimputabilidade por menoridade penal excluem a culpabilidade.
13. (Delegado - Polícia Civil/SE 2 0 0 6 - CESPE/UnB) Considere a seguinte situação hipotética. 
Manoel, resolvendo encorajar-se para a prática, de um roubo, ingeriu substância 
entorpecente para colocar-se propositadamente em situação de inimputabilidade. 
Nessa situação, consumado o delito, Manoel responderá dolosamente pelo resultado 
delituoso de sua conduta, mesmo que no momento da ação não tivesse plena 
consciência do caráter ilícito de seu ato.
14. (Agente - Policia Cívil/TO 2008 - CESPE/UnB) A responsabilidade penai d© um 
adolescente de 17 anos de idade que comete um crime grave deve ser aferlda em 
exame psicológtco e psicotécnico, pois, restando demonstrado em laudo pericial que 
este tinha piena capacidade de entendimento à época do delito, deverá responder 
críminalmente, ficando à mercê dos dispositivos do Código Penai brasileiro.
Cap. 9 - CULFABIUPAPE 111
15. (Agente - Policia Civü/TO 2008 - CESPE/UnB) Considere a seguinte situação 
hipotética. Maria, maior de 18 anos de Idade, praticou um crime, e, no decorrer da 
sção penal, foi demonstrado, por meto do competente laudo, que esta, ao tempo do 
crime, era inimputáve! cm decorrência de doença mentat. Nessa hipótese, Maria será 
absolvida tépdo como fundamento a inexistência de ilicitude dta conduta, embora 
presente a culpabilidade.
16. (Escrivão ~ Policia Civii/ES 2006 - CESPE/UnB) Entre as causas de exclusão da 
imputabilidade penal previstas em lei incluem-se a doença mental, o desenvolvimento 
mental incompleto e o desenvolvimento mental retardado.
17. (EscrívSo - Polícia Civif/ES 2006 - CESPE/UnB) Para fins de Imputabilidade penai, 
na hipótese de ser desconhecida a hora exata do nascimento de determinado 
indivíduo, a maioridade pena! dessa pessoa começará ao meto-día do seu décimo 
ottavo aniversário.
18. {Escrivão - Polícia CivH/PA 2006 ~ CESPE/UnB) A coação irresistível e a obediência 
hierárquica excluem a culpabilidade.
19. (Perito Médico Legista - Polícta Civít/AC 2006 - CESPE/UnB) Será considerado 
Imputável o adolescente que apresentar discernimento quanío à infração penal 
praticada, após análise do juiz.
20. (Perito Médico Legista - Polícia Civil/AC 2006 - CESPE/UnB) A prova testemunhai 
supre eventual dúvida sobre a idaef© do réu.
21. (Perito Médico Legista - Polícta Civit/AC 2006 - CESPE/UnB) Na hipótese de 
inimputabilidade, cabe aplicação de pena reduzida.
22. (CESPE/UnB 2007) O Código Penal adotou o critério biológico para aferição da 
imputabilidade do agente.
23. (CESPE/UnB 2007) A emoção e a paixão, de acordo com o Código Penal, não 
servem para excluir a imputabilidade pena! nem para aumentar ou diminuir a pena 
aplicada.
24. (CESPE/UnB 2007) A embriaguez preordenada não exciui a culpabilidade do agente, 
mas pode reduzir a sua pena de um a dois terços.
25. (CESPE/UnB 2007) A embriaguez involuntária incompleta do agente não é causa de 
exclusão da culpabilidade nem de redução de pena.
26. (CESPE/UnB 2004) A embriaguez proveniente de caso fortuito ou força maior, desde 
que o agente fique Inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato, apiica- 
-se a teoria da actío libera In
causa.
27. (CESPE/UnB 2004) A coação moral irresistível e a obediência hierárquica não excluem 
a culpabilidade.
112 DIREÍTO PENAL para concurso - POLÍCIA FEDERAL - Emerson Caste/o Branco
28. (CESPE/UnB 2004) Presume-se de forma absoluta a inimpuiabilidadfâ ao menor de 
18 anos, segundo o critério biológico adotado pela lei penal brasileira para tal 
aferição.
29. (CESPE/UnB 2003) Caio praticou crime de homicídio em estrita obediência a ordem 
manifestamente iiegal de seu superior hierárquico Roberto. Nessa situação, somente 
Roberto é punível.
30. {CESPE/UnB 2008) Consoante entendimento do STF, a excludente da coação moral 
irresistível pressupõe sempre três pessoas: o agente, a vítima e o coator.
DICAS IMPReS.eíNDÍVEIS r
O fato de uma pessoa ser doente mental a torna inimputável? Não. 
Deve-se verificar se o agente, ao tempo da ação ou omissão criminosa 
(critério cronológico), tinha alguma capacidade de entendimento.
Os silvícolas somente serio considerados inimputáveis se eram intei­
ramente incapazes de entender o caráter ilícito da ação? Sim. Mesmo 
raciocínio adota-se em relação aos surdos-mudos.
[ Pode ser aplicada medida de segurança ao semi-inimputável? Sim. A 
pena aplicada pode ser substituída por medida de segurança se for 
necessário para tratamento curativo, mediante laudo pericial, nos termos 
do art. 98 do Código Penal. Nesse caso, somente cumprirá a medida 
de segurança aplicada, em face da adoção do sistema vicariante (ou 
unitário).
Em regra, a coação moral irresistível pressupõe três pessoas envolvi­
das? Sim. Pressupõe coator, coagido e vitima. E nâo haverá vinculo 
subjetivo entre coator e coagido. Entretanto, se a coação for resistível, 
coator e coagido responderão penalmente em concurso de agentes, não 
havendo a exclusão da culpabilidade do coagido.
Para se aplicar a causa de exclusão da culpabilidade da obediência 
hierárquica de ordem não manifestamente ilegal, deve existir obriga­
toriamente uma relação de superioridade hierárquica no âmbito do 
poder público. Em outras palavras, essa causa de exclusão não pode 
ser aplicada no âmbito das relações privadas.
CONCURSO DE PESSOAS
10.1 CONCEITO
É o concurso de duas ou mais pessoas para cometer o mesmo 
crime.
NOTEI Teoria monista. De acordo com a tèoria monista, adotada pelo 
Código Pénai brasileiro, todos os' agentes que concorreram para o mesmo 
resultado deverão responder pelo mesmo crime. Assim, segundo essa teoria, 
somente é possfve! afirmar que existe concurso de agentes, quando todos 
respondem paio mesmo crime.
Teoria pluralista. Nessa teoria (não adotada pelo Código Penai bra­
sileiro), quando ocorre um determinado resultado criminoso, cada agente 
deverá responder por um crime distinto, separadamente.
O caput do art 29 do Código Penal enuncia: “Quem, de qualquer 
modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas”. Cla­
ramente, o Código Penal adota a teoria monista.
Apesar de a teoria monista ser a regra, em alguns casos aplica-se a 
teoria pluralista. Ex.: crime de aborto.
10.2 COAUTORIA E PARTICIPAÇÃO
10.2.1 Teorias acerca do conceito de coautoria e participação
a) Teoria restritiva - Segundo esta teoria, adotada pelo Código Penal, 
coautor é o agente que executa a conduta descrita na norma penal (ex.:
114 OiREiTO PENAL para concurso - FQliCiA FEDERAL - Bmarson Castefo Branco
no crime de homicídio, coautor é aquele desfere o golpe, ou dispara a 
arma); enquanto o partícipe é aquele que contribui de forma secundária, 
periférica, acessória (ex.: jardineiro de uma casa presta informações 
para os assaltantes roubá-la). A pena do partícipe deve ser diminuída 
de um sexto a um terço (§ 1.°, art. 29, do CP).
b) Teoria do domínio do fato - Autor é tanto aquele que pratica os atos 
executórios descritos no tipo penal como também aquele quef apesar 
de nao ter praticado os atos executórios, tinha o pleno domínio do 
fato, controlando toda a ação criminosa. Por exemplo, para essa teoria, 
no denominado crime de “pistolagem” o mandante (autor intelectual) 
seria coautor, e não partícipe. Apesar de não ter sido adotada pelo 
Código Penal, é moderna s vem se desenvolvendo na doutrina e na 
jurisprudência brasileira.
Se aigum dos concorrentes quis. participar de crime menos grave, 
ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, 
na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave (§ 2.°, art. 29 
do CP).
10.2.2 Participação impunível
O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição 
expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo 
menos, a ser tentado (art. 31 do CP).
O Superior Tribunal de Justiça destaca “que a ciência oú mesmo a 
concordância difere da instigação punível.”1
10,3 REQUISITOS DO CONCURSO DE AGENTES
a) Pluralidade de condutas - Várias ações de pessoas que geram um 
único resultado delitivo.
b) Relevância causai das condutas - A conduta deve ser relevante para 
gerar o resultado.
c) Nexo subjetivo (ou psicológico) — Consiste na anuência entre as von­
tades dos agentes, isto é, o mesmo objetivo.
d) O mesmo crime para todos os agentes - todos os agentes devem 
responder pelo mesmo crime.
' STJ, HC 18-206/SP; 200V0101420-3, 6.* Turma, DJ 04.03.2002, p. 299,
r
Cap, 10 - CONCURSO DE PESSOAS ■113
NOTEI N io pode existir participação dolosa em crime culposo; nem par­
ticipação culposa em crime doloso. Somente haverá concurso de agentes 
se todos agirem com dolo ou se todos agirem com culpa. Em outras 
palavras, ó vínculo subjetivo deve ser homogêneo. Trata-se do princípio 
da convergência.
QUESTÃO POTENCIAL BE PROVA! No concurso de agentes, 
não é necessário acordo prévio.
10.4 AUTORIA COLATERAL
Na denominada autoria colateral, duas pessoas querem praticar um 
mesmo crime e agem ao mesmo tempo sem que uma saiba da intenção 
da outra e o resultado decorre da ação de apenas uma delas. Tirúbio e 
Tírcio querem maíar Simão. Tírábio não sabe da intenção de Tírcio. E 
Tírcio não sabe da intenção de Tirúbio. Ambos aguardam a vítima em 
lados opostos de uma estrada, sem que um tenha conhecimento da exis­
tência do outro. Quando a vítima passa pela estrada, ambos atiram ao 
mesmo tempo e a vítima é atingida por apenas um dos disparos. Nesse 
caso um responderá por homicídio na forma consumada e o outro por 
tentativa de homicídio.
Existindo autoria colateral, não existirá concurso de agentes, pois 
para configurar o concurso é obrigatório o nexo subjetivo, o que não 
existiu no caso.
10.5 AUTORIA INCERTA
Outra denominação: “Autoria colateral incerta”.
A autoria incerta é uma espécie de autoria colateral. Ocorre quando 
não se consegue apurar qual dos envolvidos provocou o resultado. Nesse 
caso, ambos deverão responder pelo crime na forma tentada.
NOTEt Não existe concurso de agentes quando a autoria for incerta.
10.6 AUTORIA MEDIATA
O criminoso serve-se de pessoa sem discernimento para executar o delito 
por ele. Uma pessoa é utilizada como instrumento para a prática de um
118 OlRElTO PS MAL para concurso - POLÍCIA FEDERAL - Emerson Câsteto Branco
crime. Como o autor imediato não tem conhecimento de que está realizando 
ura crime, somente responde pelo delito o autor mediato. Ex.: criminoso 
que utiliza menor ou. doente mental para a prática de um crime.
10.7 COMUNICABILIDADE DAS CIRCUNSTÂNCIAS
Haverá a comunicabilidade das circunstâncias de caráter pessoal 
somente quando forem elementares do tipo.
Elementares: são os elementos fundamentais da conduta criminosa. 
Ex. no homicídio são elementares a conduta “matar” e “alguém”.
Circunstâncias são os dados acessórios do tipo penal e que servem 
para aumentar ou diminuir a pena. Ex. no crime de homicídio cometido 
por motivo torpe, este úitimo é uma circunstância do crime.
Não se comunicam as circunstâncias e as condições de
caráter pes­
soal, salvo quando elementares do crime (art. 30 do CP).
Pergunta-se: É possível haver coautoria entre funcionário público e 
pessoa que não é fkncionário público nos chamados crimes funcionais? 
Sim. Trata-se justamente da exata aplicação da regra do art. 30 do Có­
digo Penal. Como ser funcionário público é uma circunstância de caráter 
pessoal elementar dos crimes praticados por funcionários públicos contra 
a Administração Pública (crimes funcionais), haverá a comunicação desta 
para o terceiro particular que tenha participado da ação criminosa. Para 
que exista a comunicabilidade, o terceiro particular deverá conhecer a 
circunstância de caráter pessoal do agente, isto é, deverá saber que este 
é funcionário público.
10.8 PARTICIPAÇÃO f
Em tema de concurso de agentes, na participação inocorre corres­
pondência direta entre a conduta e o tipo legal. O partícipe é aquele 
que conconre para a prática de um crime de qualquer modo, auxiliando, 
induzindo ou instigando o executor, sem, no entanto, realizar o núcleo 
(o verbo) do tipo. O tipo sempre tem um verbo, que é seu núcleo, e
o partícipe é justamente a pessoa que não o pratica, decorrendo daí a 
impossibilidade de adequação direta. Por essa razão, a norma do art.
29, caput, do CP funciona como ponte, ligando a conduta do partícipe 
ao modelo legal: “Quem, de qualquer modo, concorre para o crime in­
cide nas penas a este cominadas”. Tem-se na participação uma norma 
de extensão ou ampliação da figura típica. A extensão opera-se de uma
Cap. 10 - CONCURSO DE PESSOAS 117
pessoa (autor principal) para outra (partícipe), e, por isso, a norma é 
de extensão pessoal. Do mesmo modo, o tipo ampíia~se no espaço para 
atingir o partícipe, denominando-se tal ampliação como espacial. Assim, 
a norma do concurso de agentes é de extensão ou ampliação espacial e 
pessoal da figura típica, por meio da qual se opera a adequação típica 
mediata ou indireta da conduta do partícipe ao tipo penal
NOTEI O Superior Tribunal de Justiça vem entendendo que a pena do 
participe somente será diminuída se a sua participação for de menor im­
portância. Em outras paíavras, se a participação tiver relevância, não faz 
jus ã diminuição da parta.
10.9 QUESTÕES COMENTADAS
(CESPE/UnB 2005) Em relação ao concurso de agentes, o Código Penai adotou, como 
regra, a teoria unitária ou monista, d® forma que o participe responderá pelo mesmo 
crime praticado pelo autor, em razão da acessoriedade de suã conduta.
Resposta: Correto. Esta assertiva expressa a teoria adota pelo Código Penal quanto ao 
concurso de pessoas, em que todos os que incidiram na ação delituosa responderão pelo 
mesmo tipo penal. Ressalta-se, no entanto, a possibilidade do agente que quis participar 
de crime menos grave responder por este.
(CESPE/UnB 2005} O mandante de um crime, de acordo com a teoria restritiva, é 
considerado partícipe, enquanto, conforme a teoria do domínio do fato, é considerado 
coautor.
Resposta: Correto. A teoria restritiva (adotada pefo CP brasileiro) tem por escopo imputar 
a autoria de um crime apenas aos agentes que praticarem a conduta nuclear que neie 
Incide. Assim, o mandante é considerado partícipe, pois não pratica a conduta principal. 
Já a teoria do domínio do fato reza que o fator essencial, para a impuiação da autoria 
de um crime, é que o agente tenha o controle do desenrolar dos fatos, podendo decidir 
peta não ocorrência do crime. Desse modo, por esta teoria, o mandante seria coautor, 
pois exerce pleno controle sobre a situação, visto que pode cancelar a ação do agente 
Imediato.
(CESPE/UnB 2002) Consoante orientações majoritárias do STJ e STF, ê cabível concurso 
de agentes nos crimes culposos.
Resposta: Correto. O entendimento do STJ e STF é de que os crimes culposos só 
admitem concurso de agentes no caso de coautoria, nâo existindo concurso na modalidade 
de participação.2
(CESPE/UnB 2005) Considere a seguinte situação hipotética. Júlio e Marcos encontravam- 
-se dentro de um veículo nas proximidades de uma loja comerciai de propriedade de 
Marcos. Verificando que a área encontrava-se tomada por vendedores ambulantes que 
estavam Invadindo a rua e que poderiam prejudicar sua freguesia, Marcos Incentivou 
Júlio, que conduzia o veiculo, a Imprimir velocidade incompatível com o tocai, 
desejando que algum dos ambulantes fosse atropelado e, em conseqüência, os demais 
sentissem receio de permanecer no local. Júlio, sem observar o cuidado exigido para a
3 STJ, HC 404.740/PR.
118 DIREITO PENAL para concurso - PGLlCIA FEDERAL - Emerson Castelo Branco
condução do veículo, seguiu os conselhos de Marcos e, de forma imprudente, acelerou 
exageradamente o veículo, acabando por atropelar, de fato, um dos ambulantes que ati 
trabalhava. Nessa situação, houve concurso de agentes entre Júlio o Marcos.
Resposta: Errado. Falta o nexo subjetivo (ou psicológico). Não existe participação dolosa 
em crime culposo, nem participação culposa em crime doloso. A existência do concurso de 
agentes pressupõe que ambos tenham o mesmo etemento subjetivo, Vè-se que o crime
cometido por Júlio é cuiposo, visto que o mesmo, ao impelir velocidade descomedída,
agiu imprudentemente. Já Marcos agiu dolosamente, desejando que algum dos ambulantes 
fosse atropelado. Portanto, nSo existe entre eles concurso de agentes.
{OAB - 200S.2 - CESPE/UnB) Relativamente à participação, a doutrina majoritária 
brasileira adotou s teoria da
a) acessoriedade mínima.
b) acessoriedade méxima.
c) hiperacessoriedade.
d) acessoriedade limitada.
Resposta: D. A conduta do partícipe possui natureza acessória, porque não executa 
a ação nuclear descrita na norma penal, Quatro são as teorias acerca da participação 
no concurso de pessoas; 1.° - acessoriedade mínima, segundo a qual é necessário 
apenas que a conduta do participe seja de anuência em rélação a um comportamento 
principal descrito na norma penal (fato tipico), mesmo que não exista antijurldlcidade;
2.* - acessoriedade - limitada, segundo a quaí a conduta principal deve ser tipica e 
aníijurldica; 3.a - acessoriedade extrema ou máxima, segundo a quai a conduta principal 
deve ser típica, antljurídica e cuipável; 4,a — hiperacessoriedade, devendo o autor 
da conduta principal praticar um comportamento tipico, antijurídico, cuipável e ainda 
ser efetivamente responsabilizado. A maioria da doutrina nacional adota a teoria da 
acessoriedade limitada.
(Procurador do Estado de Pernambuco CESPE/UnB 2009) O autor intelectual é assim 
chamado por ter sido quem planejou o crime, não é necessariamente aquele que tem 
controie sobre a consumação do crime.
Resposta*. Errado: O autor intelectual é o agente que faz o planejamento do empreendimento 
criminoso, isto ê, idealiza e organiza toda a ação criminosa. Contudo, o autor intelectual 
nâo executa a ação nuclear (verbo) descrita na norma pensi. Possuí, portanto, pleno 
controie sobre a situação.
Atenção! A teoria objetiva foi adotada pe!o Código. Penai brasileiro. Subdivide»
-se em outras (rês: 1.° — Teoria objetiva formai ~ Àutor é somente o agente 
que executa a ação nuclear; 2J' - Teoria gbjetiva material - Autor é somente o 
agente que executa a açào mais importante dentro do conjunto de contribuições 
parã o resultado; 3.a - Teoria'do domínio'-dò fato-Aútór"é ó agenté''que póssul 
pleno domínio do fato, controlando as ações dos tfemais. Como sé pode notar, 
dentre as teorias objetivas, a teoria do domínio do fato se sobressai no aspecto 
da justiça e da proporcionalidade.
(AGU Procurador Federal CESPE/UnB 2010) Ao crime plurissubjeíivo aplica-se a norma 
de extensão do a rt 29 do Código Penal, que dispõe sobre o concurso de pessoas, 
sendo esta exemplo de norma de adequação tipica medlata.
Resposta: Errado. Em relação ao número de agentes, os crimes classificam-se em 
unissubjetivos (ou monossubjetivos, ou ainda de concurso eventual)
e plurfssubjetivos (ou 
de concurso necessário). Os crimes unissubjetivos são aqueles que podem ser cometido 
por um só agente (ex.: homicídio, furto, estupro), enquanto os píurissubjeílvos são aqueies 
que pressupSem um número mínimo de agentes para existirem (ex,-. rixa, quadrilha ou 
bando). O detaíhe da questão ê o seguinte: Os crimes piurissubjetivos nfio necessitam de 
aplicação de norma de adequação típica medlata, porque a própria hipótese de incidência 
da norma penal exige o requisito do concurso de agentes.
Cap. 10 - CONCURSO DE PESSOAS 119
10.10 QUESTÕES CESPE/UnB
1. (Papiioscopista da Polícia Federal 2004 - CESPE/UnB} Jarbas entrega sua arma 
a Josias, afirmando que a mesma está descarregada e incita-o a disparar a arma 
na direção de Mévio, alegando que se tratava de uma brincadeira, No entanto, a 
arma estava carregada e Mévio vem a falecer, o que ieva ao resultado pretendido 
ocultamente por Jarbas. Nessa hipótese, o crime praticado por Jostas e por Jarbas, 
em concurso de pessoas, foi o homicídio doioso.
2. (Papiioscopista da Polfcía Federal 2004 ~ CESPE/UnB) Breno e José atiram contra 
Pedro, com intenção de matá-io, sem que um soubesse da conduta criminosa do 
outro. Pedro vem a falecer, sendo impossível determinar, pelo exame de corpo de 
detito, quat tiro foi o efetivo causador da morte, Nessa situação, ocorre a chamada 
autoria colateral incerta, respondendo os dois agentes por homicídio tentado.
3. (Delegado da Policia Federal 2004 REGiONAL BRANCA - CESPE/UnB) De acordo 
com o sistema adotado pelo Código Penai, é possível Impor aos partícipes da 
mesma atividade delituosa penas de intensidades desiguais.
4. (Delegado •- Polícia Civií/TO 2008 ~ CESPE/UnB) Quem, de forma consciente e 
cfetfberacía, se serve de pessoa mirnputável para a prática de uma conduta (lícita 
é responsávei pelo resultado na condição de autor mediato,
5. (Escrivão ~ Polícia CIvii/ES 2006 - CESPE/UnB) Considere a seguinte situação 
hipotética. Rogério e Fernando, pretendendo matar Alfredo, colocaram-se em 
emboscada, sem que um soubesse a intenção do outro. Rogério o Fernando, snto 
a aproximação de Alfredo, atiraram contra o desafeto, ficando, depois, provado que 
apenas um dos disparos provocara a morte da vitima. Nessa situação, Rogério e 
Fernando responderão por homicídio consumado em coautoria.
6. (Perito Médico Legísta ~ POÜCIA CIVIL/AC 2006 ~ CESPE/UnB) O concurso de duas 
ou mais pessoas pode ser eventual.
7. (Perito Médico Legista - POLÍCIA CIVIUAC 2006 ~ CESPE/UnB) O concurso de 
terceira pessoa na prática d© determinado crime não afasta a possibilidade de 
aplicação de pena para o autor e o partícipe, ns medida de sua culpabilidade.
8. (Assistência Judiciária do Distrito Federal - 2006 - CESPE/UnB) Quando dois 
indivíduos, um ignorando a participação do outro, concorrem, por imprudência, para 
a produção de resultado lesivo, respondem, ambos isoladamente, peio resultado, 
ante a ausência de vínculo subjetivo.
S. (CESPE/UnB 2007) Segundo a teoria monista, adotada como regra pelo Código 
Penal brasileiro, todos os coautores e partícipes devem responder por um crime 
único.
10. (CESPEJUnB 2004) Configurar-se-á a participação criminosa quando houver o acordo 
prévio de vontade entre autor e partícipe.
11. (CESPE/UnB 2008) As circunstâncias objetivas se comunicam, desde que o participe 
tenha conhecimento delas.
12. (CESPE/UnB 2008) As circunstâncias subjetivas nunca se comunicam.
120 □iRHITO PSNAt para concurso - POÜCIA FEDERAL - Emerson Castelo Bmnco
13. (CESPE/UnB 2007) Constituem requisitos caracterizadores do concurso de pessoas a 
pluralidade de condutas, o nexo de causalidade, o vínculo subjetivo e a identidade 
de infração.
14. (CESPE/UnB 2006) Pedro e Paulo, um sem saber da conduta do outro, atiraram em 
Leonardo, com intenção de matá-lo, o que veio efetivamente a ocorrer. A perícia 
não conseguiu descobrir qua! deles produziu o resultado. Nessa situação, Pedro 
e Paulo responderão por tentativa de homicídio.
1 S. (CESPE/UnB 2005) Na autoria mediata, há concurso de pessoas entre o autor 
mediato, responsável pelo crime, e o executor material do delito, como no caso 
do ínimputãvel por doença mental que é induzido a cometer um fato descrito em 
lei como crime.
1011 DICAS IMPRESCINDÍVEIS
I Na figura da menor participação, haverá uma ampliação da abrangên­
cia do tipo penal? Sim, porque a rigor somente seria responsabilizado 
penalmente o agente que executou a ação descrita na norma penal. 
Trata-se da denominada “adequação típica de subordinação mediata, por 
extensão ou ampliada7’. Na menor participação, haverá uma ampliação 
pessoal da norma penal fixada-pelo a rt 29 do Código Penal.
As condições e circunstâncias pessoais dos partícipes não se comuni­
cam aos autores, porque a figura do partícipe depende da existência 
do autor da conduta principal? Sim. Por sinal, a conduta do partícipe 
somente é levada em conta a partir da existência do autor.
Pode existir coautoria em crimes ort^ssívos? Sim. Trata-se da corrente 
majoritária. Os crimes culposos admitem coautoria. Entretanto, não 
admitem participação. Ocorre quando dois ou mais agentes produzem o 
mesmo resultado, deixando de observar um dever de cuidado objetivo, 
por imprudência, negligência ou imperícia. É o caso, por exemplo, de 
dois engenheiros que constroem um edifício, incorrendo ambos em 
imperícia em relação aos cálculos formulados; ou ainda dois pilotos 
que se esquecem de ligar dispositivo da aeronave, quando necessário 
numa determinada situação, causando um acidente.
Quais as hipóteses de autoria mediata? São as seguintes: a) utilização 
de ínimputável para cometimento da ação; b) a figura da obediência 
hierárquica, desde que o subordinado seja enganado pelo superior; c)
Cap. 10 - CONCURSO D£ PESSOAS 121
a figura da coação moral irresistível; d) erro de tipo e erro de proibi­
ção provocado por terceiro. Somente possui responsabilidade penal o 
autor mediato, restando o crime excluído em relação ao autor imediato 
(executor da ação).
miirn mn tii 11 uriniiiiii ■iiiMWWiiniTWmfOTiit^ mTO)» ■’ v j -
O concurso de agentes pode ser classificado da seguinte forma: a) 
concurso eventual (crimes unissubjetivos) - crimes que podem ser 
cometidos por apenas uma pessoa (ex.: homicídio, furto, lesão cor­
poral); de concurso necessário (plurissubjetivos) - são crimes cuja 
existência depende do concurso de agentes (ex.: quadrilha ou bando, 
rixa). A titulo de curiosidade, quase todos os delitos são de concurso 
eventual.
CLASSIFICAÇÃO DOS CMMES
11.1 CRIMES COMUNS, PRÓPRIOS E DE MÃO PRÓPRIA
Comum é o delito que pode ser cometido por qualquer pessoa; 
enquanto próprio é o crime que somente pode ser cometido por quem 
possui características especiais exigidas pelo legislador na norma penal. 
Exemplificando, qualquer pessoa pode cometer o crime de homicídio, 
previsto no art 121 do CP (comum), mas somente a mãe em estado 
puerperal pode praticar o crime de infanticídio, previsto no art. 123 do 
CP (próprio). Por fim, os de mão própria são aqueles que não admitem 
coautoria, porque somente a pessoa com a característica especial esía- 
lecida pelo legislador pode cometê-lo, como no caso do crime de falso 
testemunho, previsto no art. 342 do CP. Note: Terceiros, nos crimes de 
mão própria somente podem ser responsabilizados penalmente como 
partícipes.
■ ■ '^iíQdéitíétêrtáift^ íqiJ^ ;no/5seà'
.lugar;': nos" âe’" !
11.2 CMMES BE DANO E DE PERIGO
Os crimes de dano se consumam com a efetiva lesão do bem jurídico; 
ao contrário, nos delitos de perigo, a consumação ocorre com o perigo 
gerado pela conduta. O perigo pode ser abstrato ou concreto. O perigo 
abstrato consiste numa ameaça futura de lesão, isto é, perigo potencial 
(ex.: art. 135 do CP). Perigo concreto é o real, isto é, no momento da 
conduta, o bem esteve efetivamente
em risco (ex.: art 134),
124 OIREITO PSNAL para concurso - POLlCIA FEDERAL - Emerson Castelo Branco
113 CRIMES MATERIAIS, FORMAIS E DE MERA CONDUTA
Há crimes em que o tipo descreve a conduta do agente e a modificação 
no inundo exterior causada por ela; outros descrevem apenas o compor­
tamento do agente (ex.: violação de domicílio). Os crimes materiais (ex.: 
estelionato) possuem ação e resultado necessários para á consumação do 
crime. Os crimes formais possuem resultado, mas o legislador antecipa 
a sua consumação à produção do resultado (ex.: crimes contra a honra, 
violação de segredo, ameaça, extorsão). No crime de mera conduta, o 
legislador apenas descreve o comportamento do agente (Ex.: invasão de 
domicílio - art. 150, desobediência - art. 330, reingresso de estrangeiro 
expulso art. 338).
Os crimes culposos são materiais. Não existe crime culposo de mera 
conduta, sendo imprescindível a produção do resultado naturalístico in­
voluntário para seu aperfeiçoamento típico.
11,4 CRIMES COMISSIVOS E OMISSIVOS
A conduta comissiva é um fazer, enquanto a conduta omissiva é um 
deixar de fa2er, quando uma norma jurídica obrigava a pessoa a agir.
Possuem a seguinte divisão:
a) Omissivos próprios. Ocorrem quaado o legislador descreve uma conduta 
puramente omissiva. O crime consiste apenas num deixar de fazer, 
independentemente de qualquer resultado. Exemplo: omissão de socorro 
(art. 135 do CP).
b) Omissivos impróprios (ou omissivos impuros, ou comissivos por 
omissão). Nessa espécie, o agente tinha o dever jurídico de agir, mas 
não o fez. O agente que se omite nâo responde só pela omissão como 
simples conduta, mas pelo resultado produzido.
c) Omissivos por comissão: nesses crimes, há uma ação provocadora da 
omissão. Exemplo: chefe de uma repartição impede que sua funcio­
nária, que está passando mal, seja socorrida. Se ela morrer, o chefe 
responderá pela morte por crime comiasivo ou omissivo? Seria por 
crime omissivo por comissão. Essa categoria não é reconhecida por 
grande parte da. doutrina.
d) Participação por omissão: ocorre quando o omitente, tendo o dever 
jurídico de evitar o resultado, concorre para ele ao quedar-se inerte. 
Nesse caso, responderá como partícipe:
r Cap. 11 - CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES 125
11.5 CRIMES INSTANTÂNEOS, PERMANENTES E 
INSTANTÂNEOS BE EFEITOS PERMANENTES
Crime instantâneo é aquele que se consuma no momento em que a 
conduta é cometida (ex.: furto); enquanto permanentes são os crimes cuja 
consumação se prolonga no tempo (ex.: seqüestro). Já os denominados 
“instantâneos de efeitos permanentes” são aqueles que se consumam num 
determinado momento, mas geram efeitos imodificáveis (ex.: homicídio 
consumado).
11.6 CRIME CONTINUABO
A definição de crime continuado está prevista no art. 73 do CP, qual 
seja: “Quando o agente, mediante mais de uma açâo ou omissão, pratica 
dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, 
maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser 
havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só 
dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em 
qualquer caso, de um sexto a dois terços”.
Havendo crime continuado, a lei nova que o intermedeie deverá ser 
aplicada, mesmo que mais gravosa. É a posição da doutrina e da juris­
prudência sobre o assunto.
11.7 CRIMES PRINCIPAIS E ACESSÓRIOS
Crimes principais: são aqueles que existem por si só, não dependem 
da prática de um crime anterior (ex.: homicídio, roubo).
Crimes acessórios são aqueles que dependem da prática de um crime 
anterior. Os acessórios são denominados de “crimes de fusão” ou “crimes 
parasitários”. Ex.: crime de favorecimento pessoal e real (arts. 348 e 349 
do CP); receptação (art. 180 do CP).
11*8 CRIMES SIMPLES E COMPLEXOS (OU COMPOSTO)
Crime simples é aquele que se enquadra em um tipo penal. Ex.: 
furto (art. 155 do CP).
Delito complexo é a fusão de dois ou mais tipos penais. Bx: extorsão 
mediante seqüestro, roubo. Ver art. 101 do CP.
126 DIREITO PENAL para concurso - POLÍCIA FEDERAL — Bm&rson Ca$ieh Branco
11.9 CRIME PROGRESSIVO
Quando o sujeito, para alcançar um resultado mais grave, tem que 
passar por ura menos grave. Ex: o agente provoca várias lesões corporais 
até matar; nessa situação o homicídio absorve as lesões corporais.
11.10 DELITO PUTATIVO (OU IMAGINÁRIO, OU 
ERRONEAMENTE SUPOSTO)
O agente considera erroneamente que a conduta realizada por ele 
constitui crime, quando, na verdade, é um fato atípico. Hipóteses: a) crime 
putativo por erro de proibição (ex.: seduzir mulher virgem de 20 anos 
de idade supondo estar praticando crime); b) crime putativo por erro de 
tipo (ex.: mulher que ingere medicamento abortivo sem estar grávida);
c)crime putativo por obra do agente provocador (crime de ensaio, de 
experiência ou de flagrante provocado). Ver Súmula 145 do STF.
11.11 CRIMES UNISSUBSISTENTES E PLURISSUBSJ.STENTES
Diferença entre ato e conduta: a conduta é a realização material da 
vontade humana, mediante a prática de um ou mais atos. Exemplo: o 
agente deseja matar a vítima; a sua conduta pode ser composta de um 
único ato (um tiro com arma de fogo) ou de uma pluralidade deles 
(cinco facadas). Já o ato é apenas uma parte da conduta, quando esta se 
apresenta sob a forma de ação. De acordo com o número de atos que 
a compõem, a conduta pode ser plurissubsistente ou unissubsistente. Os 
delitos unissubsistentes não admitem .a forma tentada.
11.12 CRIME DE ATENTADO
Há casos em que a forma tentada é punida com a mesma pena do 
crime consumado, sem o desconto legal. Neste caso, denomina-se essa 
situação de delito cie atentado.
11.13 CRIMES DE AÇÃO MÚLTIPLA
Nos crimes de ação múltipla, a prática de várias formas de ação, 
previstas no tipo, caracteriza crime único.
Cap. 11 - CLASSIRCAÇÃO DOS CRIMES_______________________ 127
11.14 CRIME VAGO
Crime vago é o que tem por sujeito passivo entidade sem persona­
lidade jurídica.
11.15 CRIME PLUMOFENSIVO
Crime pluriofensivo é o que lesa ou expõe a perigo de dano mais 
de um bem jurídico.
11.16 CRIMES COM TIPO PENAL FECHADO E COM TÍPO 
PENAL ABERTO
Nos tipos penais denominados de abertos não se descreve especifi­
camente, detalhadamente os elementos do tipo. Assim, por exemplo, nos 
tipos penais culposos, não se descreve em que consiste o comportamento 
culposo. Por isso mesmo, os tipos que definem os crimes culposos são, 
em geral, aberto.
Os crimes culposos são considerados tipos abertos. Isto porque não 
existe uma definição típica completa e precisa para que se possa, como 
acontece em quase todos os delitos dolosos, adequar a conduta do agente 
ao modelo abstrato previsto na lei.
11.17 QUESTÕES COMENTADAS
(CESPE/UnB 2004) É característica dos crimes cie mão própria o fato de que somente 
podem ser cometidos pelo agente em pessoa, não se admitindo coautoria nem 
participação.
Resposta: Errado. Não admitem coautoria, mas sim participação. Os crimes de mão 
própria são aqueles “que exigem sujeito qualificado, devendo este cometer pessoalmente 
a conduta típica”1. Desse modo, é patente que não pade haver coautoria, nem autoria 
medlata, visío que esse tipo de crime não admite pessoa interposta para a prática da 
conduta, mas é perfeitamente possívei a participação de terceiro, seja auxiliando, instigando 
ou induzindo o agente. Observação: O Supremo Tribuna! Federal admite, excepcionalmente, 
a coautoria do advogado com a testemunha, no crime de falso testemunho.
{CESPE/UnB 2004) Admite-se a tentativa do crimes omissivos impróprios.
Resposta: Correto. São crimes omissivos impróprios aqueles em que ao agente, posto 
como garante, é imputado o tipo penal pelo resultado proveniente de sua omissão
1 NUCCt, GulSherme de Souza. Manual de Direito Penal - Parte Geral e Parte Especial, São Paulo: 
Revista
dos Tribunais, 2005, p. 154.
128 DIREITO PENAL, para ooncttrao - POLÍCIA FEDERAL - Emerson Castelo Branco
quando o mesmo tinha o dever de agir. Admite-se a tentativa quando, mesmo em face 
da omissão, o resultado não vem a se consumar, seja por um terceiro ou por força 
alheia ao garante.
(Juiz Federa! 5.a Região 2009 CESPE/UnB) Nos crimes de tendência intensificada, o 
tipo penai requer o ânimo de realizar a própria conduta ifpica legalmente prevista, 
sem necessidade de transcender tai conduta, como ocorre nos tíeSitos de intenção. 
Em outras palavras, não se exige que o autor do crime deseje um resuitado utterior 
ao previsto no tipo penal, mas apenas que confira à ação típica um sentido subjetivo 
não previsto expressamente no tipo, mas deduzível da natureza do delito. C itase, 
como exemplo, o propósito de ofender, nos crimes contra a honra.
Resposta: Correto. Os tipos penais classificados como de "tendência intensificada* são 
aqueles que exigem uma tendência (leia-se: intenção) subjetiva de realizar a conduta 
descrita na norma penal. O autor do delito deve demonstrar uma intençfio específica 
não expressa de forma clara na descrição da figura típica. Exemplos por excelência dos 
crimes de tendência intensificada são os crimes contra a honra. Dessa forma, na calúnia, 
o autor da afirmação de um faia criminoso faiso contra alguém deve necessariamente ter 
a intenção de ofender, Isto é, o an/mas csluniandt, sob pena de a conduta ser considerada 
atípica. Imagine a conduta de um humorista que, num espetáculo, imputa publicamente 
a um dos espectadores o cometimento de um fato criminoso sabidamente falso. Em que 
pese sua conduta estar subsumida na descriçSo em abstrato dó tipo penal, não haverá 
crime de calúnia, porque não sxiste a especiai tendência subjetiva de ofender a honra 
do espectador. Mesmo raciocínio adota-se nos crimas da difamação e Injúria.
11.18 QUESTÕES CESPE/UnB.
1. (CESPE/UnB 2004) Crime bipróprio é aquele que exige uma especial qualidade, 
tanto do sujeito ativo como do sujeito passivo do deitto.
2. (CESPE/UnB 2004) Ú crime de ímpeto é o delito praticado sem premeditaçâo.
3. (CESPE/UnB 2004) O crime gratuito e o crime praticado por motivo fútíl são tipos 
de crimes diferentes.
4. (CESPE/UnB 2004) Crime transeunte é aquele que não deixa vestígios.
5. (CESPEÍUnB 2008) No crime omissivo pfóprlo, a consumação se verifica com a 
produção do resuitado.
11,19 PICAS IMPRESCINDÍVEL
Crime “de obstáculo ou de preparação” é aquele cuja conduta seria apenas 
ato preparatório de outro crime (ex.: quadrilha - art. 288 do CP).
aiíCSSJKHKS!-
Crime “de tendência interna transcendente ou de intenção” é o que se 
consuma independentemente da obtenção do resultado (ex,: extorsão 
art 158 do CP).
Cap. 11 - CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES 129
Crime “bipróprio” é aquele que exige condição especial dos sujeitos 
ativo e passivo (ex.: infanticídio). Por outro lado, bicoirmm não exige 
qualidade especial alguma dos sujeitos do crime.
Crimes “de resultado cortado” são os formais, que se consumam no 
momento da realização da conduta, mesmo o tipo penal prevendo o 
resultado.
crimes instantâneos que 
podem excepcionalmente vir a ser permanentes (ex.: furto de energia 
elétrica).
Crimes “a prazo” são aqueles que dependem do cumprimento de certo 
período de tempo para se aperfeiçoarem (ex.: lesão corporal grave 
por incapacidade para exercer as ocupações habituais por mais de 30 
dias).
..................... I, U
Crimes “de dupla subjetividade passiva” são aqueles que atingem duas 
vítimas (ex.: aborto sem o consentimento da gestante - arí. 125 do 
CP ~ atinge a gestante e o feto).
gg Crimes“transeuntes” são os que não deixam vestígio (ex.: injúria); 
enquanto “não transeuntes” deixam (ex.: homicídio).
m Crime “multitudínário” é o cometido no meio de multidão.
W~<Crime “de ímpeto” é o praticado sem premeditação.
Crime “profissional” é o habitual cometido com intuito de lucro.
Quase-crime” é o crime impossível. 
Crime “falho” é a tentativa perfeita.
Crime “mutilado de dois atos” é aquele em que o agente realiza a 
conduta para atingir outra (ex.: falsidade material, quadrilha)-
130 PiREITO PENAL para concurso - POLÍCIA FEDERAL - Em&rson Csstglo Branco
Crime “habitual” é aquele que somente se aperfeiçoa em sua exis­
tência com a reiteração de atos. Em outras palavras, um ato isolado 
não configura o crime (ex.: rufianismo, curandeirismo).
DIREITO P E N A L
■ iP à r t e ‘E .s p e c ia C ,
CRIMES CONTRA A PESSOA
12.1 CRIMES CONTRA A VIDA
12.1.1 Homicídio
Art. 121 - M a tar a lgu ém :
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
12,1.1.1 Características gerais
O objeto jurídico é a vida humana extrauterma.
O objeto material é a coxpo da pessoa que sofre a ação da conduta 
delitiva.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa (crime comum).
O sujeito passivo é a pessoa que tem sua vida destruída.
Elemento subjetivo: Admite a forma dolosa e a forma culposa.
O crime se consuma com a efetiva destruição da vida (cessação da 
atividade cerebral da pessoa). Admite a forma tentada.
v 'p j '’:'J "‘nvv v , J .\
Consiste na destruição da vida humana (extrauterma) de uma pessoa 
por outra.
Haverá homicídio ainda que se prove que a vida do ser humano 
não era viável.
134 DtREiTO PENAL para concurso - POLÍCIA FEDERAL - Emerson Casfe/o Branco
NOTE! para caracterizar o /crim e,/é'necessária. a pròva.de nascimento
com vida. De acordo cem ò .árt. â.° da Let n.° .9434 /199 I.’( ré n í'^ o '::f3e
órgãos e tecidos' para o fim <je transplante), a prova dá morts ocorre com
o diagnóstico cie morte encèfáiísá..
Se a ação for cometida contra um morto (cadáver), haverá a figura 
do crime impossível.
Classificação:
a) comum (pode ser praticado por qualquer pessoa);
b) simples (lesiona apenas um bem jurídico);
c) de dano (causa uma lesão efetiva);
d) de ação livre (pode ser praticado através de qualquer meio);
e) instantâneo de efeitos permanentes (na forma consumada);
f) materiai (somente se consuma com a ocorrência do resultado morte).
12.1.1.2 Homicídio privilegiado
Art. 121, § 1 * - Se o agente comete o crime tmpelicfo por motivo de 
relevante valor moral ou social, ou sob o domfnio de violenta emoção, 
logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir 
a pena de um sexto a um terço.
Hipóteses:
a) Relevante valor social Diz respeito aos interesses da coletividade em 
geral (Ex.: a morte de um pistoleiro que ameaçava as pessoas de uma 
comunidade).
b) Relevante valor moral. Diz respeito aos interesses individuais, parti­
culares, do agente, como o sentimento de piedade (ex.: eutanásia).
c) Sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação 
da vítima. Requisitos: (1.°) a existência de uma emoção iatensa; (2.°) 
a provocação injusta por parte da vítima; e (3.°) a reação imediata.
NOTE' !S e .a ..a^o :>nã^fâÉi3feíuadavlogO::eiVirseáulda':à>lRjustaíprotó^,|6|v
/,:teremos;:apBnas”WconffgÜFaçãoídk;pÍrGünstâneia-;4tènuanfe:’:(att:i:65glneiíso;:-
12.1.1.3 Homicídio qualificado (art. 121, § 2 ° )
1. Motivo torpe (inciso I - mediante paga ou promessa de recom­
pensa, ou por outro motivo torpe). É a motivação repugnante, ignóbil,
Cap. 12 - CRIMES COHTRA A PESSO A 135
desprezível, vil, profundamente imoral. Sempre que envolve paga ou 
recompensa, é denominado homicídio ‘'mercenário”.
Vingança e ciúme, segundo a jurisprudência, não obrigatoriamente 
caracterizam motivo torpe. Dependerá das circunstâncias de cada caso.
QUESTÃO POTENCIAL DE PROVAI A vantagem precisa ser 
econômica? Apesar de ser questão polêmica na doutrina, prevalece o 
posicionamento segundo o qual a vantagem precisa ser econômica.1
2. Motivo fútil (inciso II - por motivo fútil), É o motivo sem im­
portância, absolutamente banal (Ex.: matar a mulher porque essa
permitiu 
que o feijão queimasse).
Para parte da doutrina, a ausência de motivo não caracteriza o motivo 
futíl. Outra corrente defende que deve ser considerado fútil. Não existe 
posição majoritária acerca do tema.
O motivo do crime pode ser injusto (ex.: vingança), mas não ser 
futil.
3. Meio cruel ou meio que cause perigo comum (Inciso III - com 
emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meto insi- 
ãioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum). Caracteriza-se 
pelo emprego de qualquer meio cruel, que sujeite a vítima a graves e 
inúteis vexames ou sofrimentos físicos ou morais, É o meio bárbaro, 
martirizante, brutal, que aumenta, inutilmente, o sofrimento da vitima,
QUESTÃO POTENCIAL DE PROVAI O crime de tortura qualifi­
cada com o resultado morte encontra-se previsto na Lei n.° 9.455/1997. 
Apesar de ocorrer o resultado morte, se a intenção era apenas torturar a 
vítima, haverá crime de tortura qualificada com resultado morte, e não 
homicídio.
4. Modo de execução que dificulta ou torna impossível a defesa
(inciso IV — ã traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou 
outro recurso que dificulte ou tome impossível a defesa do ofendido). 
São circunstâncias que levam à prática do crime com maior segurança
1 CUNHA, Rogério Sanches. Direito Penai - Parte Especial - Coleção Ciências Criminais V,3, 2.a Ed-, 
São Pauío: Revista dos Tribunais, p. 23.
136 D1RBTO PENM. para concurso - POLÍCIA FEDERAL - Emerson Castelo Branco
para o agente, que se vale da boa-fé ou desprevenção da vítima, e reve­
lam a covardia do autor. A traição pressupõe a existência de relação de 
confiança, A dissimulação é a fraude empregada para distrair a vítima. 
Ocorre também essa qualificadora quando se utilizar recurso que dificulte 
ou impossibilite a defesa da vítima.
5. Por conexão teleológica ou conseqüência! (inciso V ~ para as­
segurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro 
crime). Ocorre quando o homicídio é realizado como meio para executar 
outro crime (conexão teleológica) ou para ocultar a prática de outro 
delito, ou para assegurar a impunidade ou vantagem deste (conexão 
consequencial).
12.L I A Homicídio privüegiado-qualificado
Existe homicídio privüegiado-qualificado? Sim. É a posição da dou­
trina e do Superior Tribunal de Justiça. Porém, é necessário que a quali­
ficadora sempre seja uma circunstância objetiva (ex.: meio ou modo de 
execução do crime), pois, caso contrário, haveria contradição inequívoca 
com a circunstância de privilégio. Nesse sentido, julgado do STJ: “Não 
há incompatibilidade, em tese, na coexistência de qualificadora objetiva 
(v.g. § 2.°, inciso IV) com a forma privilegiada do homicídio, ainda que 
seja a referente à violenta emoção.152
Todas as circunstâncias de privilégio são subjetivas. Em relação às 
quaMcadoras, serão subjetivas as circunstâncias do motivo torpe, do mo­
tivo fütil. e da conexão teleológica ou consequencial; sendo consideradas 
objetivas as circunstâncias do modo de execução e do meio insidioso ou 
cruel. Somente se configura o homicídio qualificado-privilegiado se as 
qualificadoras forem objetivas, para esvitar contradição com as circuns­
tâncias privilegiadoras, que serão sempre subjetivas.
QUESTÃO POTENCIAL BE PROVA! O homicídio privilegiado- 
- qualificado é crime hediondo? Não, Na ponderação entre as circunstâncias 
objetivas e subjetivas, preponderam as subjetivas; não sendo, portanto, 
crime hediondo, porque as circunstâncias de privilégio prevalecem em 
face das quaMcadoras objetivas. Outro argumento utilizado pelo STJ é 
o fato de que o legislador não elencou expressamente no rol do art, 1.° 
da Lei n.° 8.072/1990 o crime de homicídio privilegiado-qualificado.3
2 Ver STJ RESP 196.578/RO;1998/aog7985-4.
3 Ver STJ, HC 18.261/RJ; 2001/0102018-1, e HC 17.064/RJ;2001/Q070978-5.
Gap. 12 - CRIMES CONTRA A PESSOA _____137
12.1.1.5 Homicídio culposo
Art. 121, § 3,° ~ Se o homicídio é culposo:
Pena - detenção, de um a três anos.
Ocorre quando o agente, agindo com negligência, imprudência ou 
imperícia, produz um resultado não querido, mas previsível, de tal modo 
que podia, com a devida atenção, ser evitado. Se existiu previsão por parte 
do agente e, ainda assim o mesmo agiu, haverá homicídio doloso.
Causas de aumento de pena no homicídio culposo (art. 121, § 4.°,
l.a parte). Se o crime resulta de inobservância de regra técnica de pro­
fissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à 
vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para 
evitar a prisão era flagrante.
Aplicação de perdão judicial (art. 121, § 5.°). Se as conseqüências 
da infração atingiram o próprio agente de forma tão grave que a sanção 
penal se tome desnecessária. Tem-se reconhecido como causa para a não 
aplicação da pena o grave sofrimento, decorrente do feto, passado pelo 
réu (ex.: pai mata o filho por um ato de imprudência).
NOTE! De acordo com a corrente majoritária, a .concessão do perdão 
judicial é úm direito subjetivo do acusado, e não uma mera 'faculdade do 
juiz. Bitencourt, liderando essa primeira corrente, entende “que se trata de 
um direito público subjetivo de liberdade do' indivíduo, a partir do momento 
em que preenche os requisitos legais."4
Referindo-se à natureza jurídica do instituto, Damásio assevera: 
“Trata-se de um direito penal público subjetivo de liberdade. Não é ura 
favor concedido pelo juiz. É um direito do réu. Se presentes as circuns­
tâncias exigidas pelo tipo, o juiz não pode, segundo seu puro arbítrio, 
deixar de aplicá-lo.”5
A decisão que concede o perdão judicial é condenatória ou declara- 
tória? Conforme assevera Luiz Régis Prado, “a orientação preponderante 
é no sentido de indicá-la como declaratória de extinção da punihilida- 
de. Nesse diapasão, o art. 120 do Código Penal destaca que ‘a senten­
ça que conceder perdão judicial não será considerada para efeitos de
“ BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal, 10.a ed„ SSo Paulo: Saraiva, 2006, p. 
870.
s JESUS, Damásio E. de. Direito Pena! ~ Parte Geral, 28.* ed., São Paulo: Saraiva, 2005, p. 685.
138 OÍREITO PSNAL p^ra concurso «■ POLlCíA FEDERAL - Btn&tson Câst&fo Branco
reincidência”6. É, ainda, o teor da súmula 18 do Superior Tribunal de 
Justiça: “A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da ex­
tinção da pumbilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório”.
QUESTÃO POTENCIAL DE PROVA! Compensação de culpas =£ 
Concorrência de culpas.
Compensação de culpas é possível? Em hipótese alguma. Se restar 
comprovada a culpa do agente, não pode ele alegar a conduta da vítima 
para excluir a sua falta de diligência.
Concorrência de culpas é possível? Sim. Porém, não para excluir 
a responsabilidade penal do agente. Servirá apenas como circunstância 
judicial (art. 59 do CP) para a fixação da pena-base de forma mais fa­
vorável para o agente.
N pT£!/Q üal 3 . diferença entre çülpa consciente" e doto eveniuai?í:^-:'cu!fja
consciènte;diferé do'dolo evenfôal,. porque nèáte o á g $ ^ 'p F e ^ ;ò/;refflllíàáj),-
o; qüi^pflssa vir a’,acóhieçe£,
eventual; õ. agçinte "diz: “não-^porfâ”; ;eriqüánío ná' culpa' consoíeVítS,". .èüpoe:
“é. passível, mas riáo vai hcòntécèr tíe forma •àíguníaV ;i' ;
12,1.1.6 Observações finais sobre o crime de homicidio
1." - Premeditaçlo configura qualificadora? Não. O homicídio premeditado 
tanto pode ser simples como qualificado, dependendo das circunstân­
cias de cada caso.
2.® - O parricídio configura alguma qualificadora? Não. Por si só, não é
o bastante para qualificar o crime. Porém, é uma circunstância agra­
vante (art. 61, inciso II, e). ,s
3.a - Como se faz o cálculo da pena, havendo mais de uma qualificadora? 
A fixação da pena deverá ser feita proporcionalmente ao número de 
quaíificadoras.
4.° - A ação penal é pública incondiclonada.
5.a - O homicídio na forma simples somente será crime hediondo quando 
praticado em atividade típica de grupo de extermínio. Esse delito, nessa 
hipótese, é denominado homicidio condicionado ou crime hediondo 
condicionado.
6:' - A n.° Lei 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) alterou a redação do § 4.° 
do art. 121 do Código Penai, acrescentado uma nova causa de aumento
5 PRADO, Luiz Régis. Curso de Direito Peno! Brasileiro, São Pauio: Revista dos Tribunais, 1999, p.
49$.
Cap, 12 - CRIMES CONTRA A PESSOA 139
de pená ao crime de homicídio doloso, quando praticado contra maior 
de 60 (sessenta) anos.
7.a - Existem duas espécies de eutanásia: ativa e passiva. Na ativa, o 
médico realiza uma ação que causa a morte do paciente (ex,: minístra- 
-Ihe uma substância letal para poupar-lhe do sofrimento). Na passiva 
(ortotanásia), o médico ou familiares descumprem o dever legal de agir 
(ex.: deixar de ministrar os medicamentos devidos, em face do estágio 
avançado da doença, poupando o paciente do sofrimento prolongado 
e desnecessário). No Brasil, ambas configuram homicídio privilegiado 
pelo relevante valor moral (CP, art. 121, § 2.°). Não se confundem 
com a distanásia (prolongamento da vida de um doente grave), que 
não constitui crime algum.
12.1.2 Induzimento, auxílio ou instigação ao suicídio
Art. 122 - induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe 
auxilio para que o faça:
Pena ~ reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou 
recíusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesâo 
corporal de natureza grave.
Parágrafo único, A pena é duplicada:
Aumento de pena
I - se o crime é praticado por motivo egoístico;
li - se a vitima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a
capacidade de resistência.
Objeto jurídico é a proteção à vida humana extrauterma.
O objeto material é o coipo da pessoa que se autodestrói
Sujeito ativo e sujeito passivo. Qualquer pessoa pode praticá-lo (crime 
comum). Qualquer pessoa pode ser vítima.
O elemento subjetivo do tipo é o dolo consistente na vontade de 
instigar, induzir ou auxiliar alguém a se matar. Não se admite o crime 
na forma culposa. Pode ser praticado com dolo eventual (ex: o pai que 
expulsa de casa filho que constantemente anuncia suicídio).
A conduta consiste em induzir,, instigar ou auxiliar alguém a destruir 
a própria vida, ocasionando morte ou lesão corporal de natureza grave. 
No Brasil, a destruição da própria vida, por si sóf não é crime.
Classificação: a) comum; b) simples; c) de dano; d) de ação livre; 
e) instantâneo; f) material.
Pode existir auxílio por omissão? O assunto é polêmico. A primeira 
corrente (minoritária) defende que a expressão “prestar auxilio” pres­
140 OÍREITO PENAL para concurso — POLÍCíA FEDERAL — Emarsan C&stôfo Br$nco
supõe uma ação (fazer algo). A segunda corrente (majoritária) defende 
ser possível, desde que exista o dever legal de impedir o resultado. 
Magalhães Noronha cita o exemplo do <£pal que deixa o filho, sob o seu 
páfcrio poder, suicidar-se”.7
Forma consumada e forma tentada. Não é possível a forma tentada, 
porque se trata de crime de ação vinculada, Havendo a morte ou a lesão 
corporal de natureza grave do suicida, o crime é consumado; por outro 
lado, caso não existam lesões ou se estas forem leves, não haverá crime 
algum. Por isso mesmo, denomina-se “crime condicionado” (sua existência 
depende dos resultados morte ou lesão coiporai grave),
NOTEI No crime de instigação, induziméntò ou auxílio ao suicídio, a ação 
deve ser direcionada a pessoafas) deterrninada(as),' não ocorrendo o delito 
quando for algo IndetèmiiriadÒ: Por exerhpld, não haverá cüriie se uni escritor 
ou o diretor de uma película cinematográfica, ou mesmo o compositor de 
uma música, levam pessoas ao suicídio, pela influência ds suas obras.
Causas de aumento de pena: “I - se o crime é praticado por motivo 
egoístico; II ™ se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, 
a capacidade de resistência” (art. 122, parágrafo único).
QUESTÕES POTENCIAIS BE PROVA!
L2 — “Pacto de morte” (ou ambicídio) - Trata-se de homicídio ou 
instigação ao suicídio? A deliberação de duas ou mais pessoas em morrer 
ao mesmo tempo, em regra, caracteriza instigação ao suicídio. Porém, se 
um dos pactuantes executar a ação de “matar” contra os outros, haverá 
em relação a este homicídio, Nelson Hungria cita como exemplo clás­
sico o local fechado com a torneira de gás aberta. A regra é a seguinte: 
O agente que abre a torneira de gás responde por crime de homicídio; 
enquanto os outros, por instigação ao %uicídio.
2? - “Roleta-russa” e “duelo americano” - Configuram homicídio ou 
instigação ao suicídio? São exemplos típicos do crime de instigação ao sui­
cídio. Na roleta-russa, os agentes deverão disparar sucessivamente contra si 
uma atma de fogo com apenas um projétil, sempre girando o tambor para 
testar a “sorte” de cada um. No duelo americano, encontramos duas armas 
de fogo, uma carregada e a outra descarregada, devendo cada agente escolher 
uma para atirar contra si mesmo, desconhecendo a que está municiada.
3.a - Suicida doente mental ou menor sem capacidade de dispor sobre 
sua vida - Quando o suicida é doente mental, ou pessoa com retardo
7 NORONHA, Edgerd Magalhães. Direito Penal Voi 2, 24.a ed„ São Paulo: Saraiva, 200E, p. 35.
Cap. 12 - CRIMES CONTRA A PESSOA 141
í ~ ~
mental, ou ainda menor sem capacidade alguma de pensar na destruição 
da própria vida, não ocorrerá o delito em estudo, diante da capacidade de 
resistência nula da vítima, mas sim um homicídio. Aquele que convence 
uma criança de cinco anos de idade ou um doente mental a matar-se 
pratica o crime de homicídio, importante distinguir duas situações: se 
a vítima menor de 18 anos possuir alguma capacidade para dispor da 
própria vida, haverá induzimento ao suicídio com a causa de aumento 
de pena do inciso I, do parágrafo único, do art. 122 do Código Penal; 
por outro lado, se o menor não possuir capacidade alguma, haverá crime 
de homicídio. Por fim, ressalte-se apenas que o agente criminoso deve 
conhecer a condição mental ou a falta de capacidade de resistência da 
pessoa, para afastar a inaceitável responsabilidade objetiva.
4.a - A fraude para destruir a vida de uma pessoa - Levar uma pes­
soa a morte mediante fraude caracteriza homicídio, e não participação 
em suicídio.
12.1,3 Infanticídio
A rt. 1 2 3 - M atar, so b a in flu ê n c ia do es tado puerperai, o próprio filho , 
durante o parto ou togo após:
Pena - detenção, de dois a seis anos.
O objeto jurídico é a vida humana do recém-nascido (neonato).
O objeto material é o corpo do neonato.
O sujeito ativo é a mãe em estado puerperal (crime próprio).
O sujeito passivo é o neonato.
Elemento subjetivo é o dolo, consistente na vontade de matar o 
próprio filho. Não existe infanticídio culposo,
O crime se consuma com a efetiva destruição da vida do recém- 
-nascido (neonato). Admite a forma tentada.
Conceito: Consiste no ato da mãe, sob a influência de estado puer­
peral, de matar o próprio filho, durante o parto ou logo após.
Classificação: a) próprio; b) simples; c) de dano; d) de ação livre; 
e) instantâneo; f) material; g) comissivo ou omissivo.
QUESTÃO POTENCIAL DE PROVA! O terceiro que auxilia a mãe 
a matar o próprio filho responde por homicídio ou infanticídio? De acordo 
com o posicionamento amplamente majoritário, responde por infanticídio,
142 DmsiTO PENAJL para concurso - PQÜCIA FEDERAL ~ Emerson Castelo Branco
pois o art, 30 do CP determina a comunicabilidade de circunstâncias 
de caráter pessoal, quando elementares do crime, desde que a lei não 
disponha de forma contrária. “Tendo o Código Penal adotado a teoria 
monista, pela qual todos os que colaborarem para o cometimento de um 
crime incidem nas penas a ele destinadas, no caso presente,
coautores e 
partícipes respondem igualmente por infanticídio. Assim, embora presente 
a injustiça, que poderia ser corrigida pelo legislador, tanto a mãe que 
mate o filho sob a influência do estado puerperal, quanto o partícipe que 
a auxilia, respondem por infanticídio. O mèsmo se dá se a mie auxilia, 
nesse estado, o terceiro que tira a vida do seu filho e ainda se ambos 
(mãe e terceiro) matam a criança nascente ou recém-nascida. A doutrina 
é amplamente predominante nesse sentido.”8
Em síntese, são três hipóteses:
I “ - Mãe mata o filho com auxílio de terceiro;
2,a - Terceiro executa a ação de matar com o auxílio da mãe;
3.a - Mãe e terceiro executara a ação de matar. Nas três situações, res­
ponderam pelo crime de infanticídio. Note: O terceiro deve conhecer 
a circunstância de caráter pessoal (“ser mãe” e “estado puerperal”), 
para que esta possa se comuaicar; caso contrário, haverá crime de 
homicídio.
Essa situação é criticável, porque fere o princípio da proporcionali­
dade das penas no Direito Penal. O terceiro é beneficiado por uma pena 
bem menos grave do que a pena do crime de homicídio. A solução do 
problema, segundo Damásio, “está em transformar o delito de infanticídio 
em tipo privilegiado de homicídio, fazendo com que o estado puerperal 
e a relação de parentesco deixem de ser elementares do tipo para serem 
apenas circunstâncias de diminuição da pena.”9
12.1.4 Aborto
Espécies:
a) Natural - provocado por fatores biológicos.
b) Acidental - provocado por erro humano ou por eventualidades.
a NUCG, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal - Parte Geral e Parte EspecialSão Pauto: 
Revista dos Tribunais, 2C05, p, S7Z 
* JESUS, Damásio £, de. Direito Penai - 2.° Volume Parte Especial. 2?.“ ed„ Ed. Saraiva São Paulo, 
2005, p. 114.
r
Cap. 12 - CRIMES CONTRA A PESSOA 143
c) Criminoso - provocado pela vontade de causar o aborto.
d) Legal ou permitido hipóteses de exclusão do crime.
12,1.4,1 Crime de autoáborto
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem 
lho provoque:
Pena - detenção, de um a três anos.
O objeto jurídico: vida humana intrauíerina.
Objeto material: embrião ou feto.
O sujeito ativo é a gestante (crime próprio).
O sujeito passivo é o feto, ou seja, o produto da concepção. Alguns 
autores entendem que o sujeito passivo é o Estado e a sociedade em 
gerai.
Elemento subjetivo é o dolo, consistente na vontade de provocar 
aborto em si mesma ou de consentir que terceira pessoa lhe provoque, 
Somente existe o crime em sua forma dolosa, não havendo hipótese de 
aborto culposo.
Consuma-se o aborto com a morte do feto. Admite-se a forma tentada.
É a interrupção da gravidez com a destruição da vida humana in- 
trauterma.
Divide-se em duas situações:
a) provocar aborto era si mesraa (autoáborto);
b) dar consentindo para que outrem realize o aborto.
Classificação: a) próprio; b) simples; c) de dano; d) de ação livre;
e) instantâneo; f) material.
Concurso de crimes e concurso de agentes. Prevalece a posição que 
entende que o concurso de agentes somente pode ocorrer caso o terceiro 
responda como partícipe (ex.: induzir gestante a abortar). Caso terceiro 
pratique atos executórios do aborto, responderá por crime autônomo, 
previsto no art. 126 do CP.
. MOTE!. Existe a possibilidade,, da prática:,dp.:çrirne;; de;::^
Sim.'-Apééar ,de 'O; assunto '.ser ma|orip'rfav.jústa^'
i^ pnté porque a mãégéstanie possuí Q é^verjjéaai ,
podendo se omitir; : ■' v ’’ ‘f^ \ : ;."v
144 DIREITO PENAL para concurso - POLÍCIA FEDERAL - Eimrsan Castelo Branco
12.1.4.2 Crime de aborto provocado sem o consentimento da gestante
A rt. 125 - Provocar aborto sem o consentimento da gestante.
Pena - reclusão, de três a dez anos.
Neste tipo penal, pune-se o aborto realizado sem o consentimento 
da gestante. O criminoso pode agir cora força, ameaça ou fraude (ex.: 
criminoso agride namorada com violência física, obrigando-a ao aborto; 
ou ameaça-a de morte; ou ainda a leva ao erro, colocando substância 
abortiva na alimentação desta).
Sujeito passivo: gestante e feto.
NOTE! Presume-se inexistente o consentimento da gestante, aplicando-se 
esta norma penal, quando a gestante não é maior de catorze anos, cm 
quando é doente mental, conforme p parágrafo único do art. 126 do CP.
Neste caso, o agente tem que saber què a vítima é menor 'de 14 anos 
ou alienada mental.
12.1.4.3 Crime de aborto provocado com o consentimento da 
gestante
A rt. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante.
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
Parágrafo único -- Aplka-se a pena do artigo anterior, se a gestante não 
é maior de quatorze anos, ou é alienada ou débíf mental, ou se o con­
sentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência.
Ocorre quando terceiro realiza o procedimento abortivo, com o con­
sentimento da gestante (ex.: médico),^
12.1.4.4 Aborto na forma qualificada (art 127)
A rt. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são au­
mentadas de um terço, se, em conseqüência do aborto ou dos meios 
empregados para provocá-lo, a gestante sofre íesão corporal de na­
tureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, !he 
sobrevêm a morte.
O aborto qualificado é crime preterdoloso. A conduta dolosa do agente 
se direciona exclusivamente para causar o aborto (dolo m antecedente); 
porém, sobrevêm um resultado lesão corporal de natureza grave ou morte, 
não querido e não previsto (culpa no conseqüente).
Cap. 12 - CRIMES CONTRA A PESSOA 145
NOTE! O resultado' mais grave {lesâo corporal grave .ou morte) não deve 
ter sido querido pelo agente, pois .nesses casos deverá ele responder por 
crimes de lesões corporais ou homíddlo, em concurso com o aborto. Em 
outras palavras, havendo também doio de causar a lesâp corporai de na­
tureza gráve ou a morte da gestante, responderá o agente pelo concurso 
de crimes de aborto é iesão corporal grave oü aborto è homicídio..'
Poderá haver concurso entre o crime de aborto e o crime de lesão 
corporal leve advinda da prática abortiva? Conforme ensinamento de 
Damásio, “a lesão leve constitui resultado natural da prática abortiva e 
o CP só pune a ofensa corporal grave. Por isso, o crime do art. 129, 
caput, fica absorvido pelo aborto.”10
Se em decorrência do procedimento abortivo a gestante morre, mas 
o feto sobrevive, haverá crime de aborto qualificado na forma tentada? 
Como os crimes preterdolosos não admitem a forma tentada, a solução 
é considerar o crime de aborto qualificado consumado. Em que pese o 
assunto ser polêmico, é a posição majoritária. Correto o raciocínio de 
Fernando Capez:
“Entendemos que, nessa hipótese, deve o sujeito responder por aborto 
qualificado consumado, pouco importando que o abortamento não se tenha 
efetivado, aliás como acontece no latrocínio, o qual se reputa consuma­
do com a morte da vítima, independentemente de o roubo consumar-se. 
Não cabe mesmo falar em tentativa de crime preíerdoloso, pois neste
0 resultado agravador não é querido, sendo impossível ao agente tentar 
produzir algo que não quis.”11
12.1.4.5 Aborto legal (art. 128)
São duas as espécies de aborto legal:
1 * - Aborto necessário - “Não se pune o aborto praticado por médico:
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante".
Cabe ao médico decidir sobre a necessidade do aborto a fim de ser 
preservado o bem jurídico que a lei considera mais importante (a vida 
da mãe) em prejuízo do bem menor (a vida intrauterina).
10 JESUS, Damásio E. de. Direito Penal - 7..a Volume Parte Especial. 27,s ed, Ed. Saraiva São Pauio, 
2005, p. 127.
,! CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal - V. 2, 6.® ed., São Pauto: Saraiva, 2006, p. 123.
146 DIREITO PENAL para concurso - POÜCSA FEDERAL - gmerson Castelo Brenco
Como a lei se refere apenas ao médico, caso o aborto seja praticado 
por
outra pessoa sem a especialidade médica, provando-se o sacrifício 
último para salvar a vida da gestante, haverá estado de necessidade, 
conforme o art. 24 do CP.
NOTE! No aborto necessário, o médico não precisa de autorização .cia 
gestante. Assim, deverá realizar o procedimento abortivo mesmo contra a 
voniade desta.
2 “ - Aborto sentimental - “Não se pune o aborto praticado por médico:
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consen­
timento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.”
MOTE! O aborto em decorrência de crirne de estupro..somente pçde ser 
reáíizádo pom a autorização da gestante, ou .quando incapaz:,\<fô-9!9W t $ - . 
presentante Segai..................
QUESTÃO POTENCIAL DE PROVA! Na hipótese do aborto 
sentimental, o médico precisa de autorização judicial? Não. Para o mé­
dico realizar o procedimento abortivo, basta o registro do boletim de 
ocorrência pelo crime de estupro, isto é, não se exige ordem judicial, 
ou sentença condenatória contra o estuprador, nem mesmo a instauração 
de inquérito policial.
Com a recente Lei 12.015, de 7 de agosto de 2009, encerra-se a 
discussão acerca da possibilidade do aborto, quando a gravidez resultasse 
de atentado violento ao pudor. Antes, era necessário aplicar analogia in 
bonam partem (a favor do réu) para excluir a antijuridicidade do crime. 
Hoje, a antiga hipótese de atentado viplento ao pudor caracteriza crime 
de estupro, restando solucionado o problema.
NOTEI A iei dos crimes contra a dignidade sexuai (Lei n.° 12.015/2009) 
criòu unria nova figura penal,’ denominada éstupro de vulneráveí,; previsto 
no .art. 2Í7-A:. Ter conjunção carnal ou
menor d.e 14;'(çatorze) anos". £ partir daJ,surgi.iumyHovp probjemaí.Ojnc, 
il; ;do 'a /i 123, do Código Penai, somehte:
quán.do a gravidez .for em-decórrênciá do (árt;--2t3j4Q'ú^
a solução? Corno sé trata: de'caso semelhante, diantèy.a iacuna. da. norrna, 
apíica-se perfeitamente a analogia in bonam partem para autorizar ò aborto 
também nessa hipótese.
Não se admite aborto por suspeita de que o feto possui degenerações 
ou anomalias graves; ou aborto social, realizado pela gestante por falta
Cap. 12 - CRIMES CONTRA A PESSOA 14?
de condições econômicas de sustentar a criança; muito menos aborto 
honoris causa, para proteger a honra.
QUESTÃO POTENCIAL DE PROVAI E o denominado “aborto 
eugenésico” (ou eugênico), admite-se? A maioria da doutrina é favorável 
à exclusão da iíicitude nessas hipóteses excepcionais, desde que atendi­
dos requisitos rígidos. As resistências no meio social, ensina Ney Moura 
Teles, “ainda são grandes, mas é preciso discutir essas excludentes sem 
preconceitos, mas com vistas na busca da proteção dos bens jurídicos. 
O Direito não pode conviver com a ideia de autoflagelação ou de puri­
ficação espiritual pelo sofrimento.”52
A posição atual do STJ vem sendo no sentido de desconsiderar a 
iíicitude do aborto nos casos de fetos anencefálicos: “Havendo diagnós­
tico médico definitivo atestando a inviabilidade de vida após o período 
normal de gestação, a indução antecipada do parto não tipifica o crime 
de aborto, uma vez que a morte do feto é inevitável, em decorrência da 
própria patologia.’”3
No STF, á matéria vem sendo discutida, em sede de Ação de Descum- 
primeato de Preceito Fundamental (ADPF), com uma tendência favorável 
ao aborto nos casos de anencefalia. A permanência de feto anômalo no 
útero da mãe, explica o Min. Marco Aurélio, “mostrar-se-ia potencialmente 
perigosa, podendo gerar danos à saúde e à vida da gestante. Consoante o 
sustentado, impor à mulher o dever de carregar por nove meses um feto 
que sabe, com plenitude de certeza, não sobreviverá, causa á gestante dor, 
angústia e frustração, resultando em violência às vertentes da dignidade 
humana ~ a física, a moral e a psicológica - e em cerceio à liberdade 
e autonomia da vontade, além de colocar em risco a saúde, tal como 
proclamada pela Organização Mundial da Saúde - o completo bem-estar 
físico, mental e social e não apenas a ausência de doença,”*4
12.1*5 Questões comentadas
(CESPE/UnB 2004) Um indivíduo, cuja esposa padecia, há anos, de uma doença 
incurável, a seu pedido ceifou-íhe a vida por meio de asfixia tóxica, produzida por 
gases deletérios (oxido de carbono, cloro s bromo) liberados no quarto em que se 
encontrava. Nessa situação, o indivíduo responderá por homicídio quaiifrcado-privttegíado, 
que, de acordo com o STJ, não é considerado crime hediondo.
12 TELES, Ney Moura. Direito Penal, São Pauto: Atias, 2004, p. 187-188.
!J HC S6572/SP, 2006/0062671-4, 5,a Turma, j, 25.04.2006. ■
M Ver informativo 354 do STF (DiU de 02.08.2004).
148 DIREITO PENAL para concurso - POLlCíA FEDERAL - Emerson Castelo Brsnco
Resposta: Correto, Trata-se de situação típica de crime de homicídio privilegiado peio 
relevante valor moral. No caso, incicfe ainda a qualificadora do meio cruel, formando a 
figura do homicidio privilegiado-quaüficado. O entendimento do STJ é no sentido de que 
o homicidio qualificado-privilegiado não é crime hediondo.
(CESPE/UnB 2004} Aido é o único herdeiro de sua irmã Sofia, que sofre de depressão. 
Induzida por Aldo, Sofia tentou tirar sua própria vida, cortando os pulsos. Levada 
para o hospital pela empregada da casa, recebeu tratamento imediato, tendo sofrido 
lesões corporais leves. Nessa situação, Aido responderá pelo crime de participação 
em suicídio.
Resposta: Para que ocorra a participação no crime de Induzimento, instigação ou auxílio 
a suicídio, ê necessário que venha a se perfazer a morte do ofendido, ou que o mesmo 
sofra lesões de natureza grave, Como o único resuitado descrito na assertiva são as 
tesões de natureza leve, Aido nâo responderá pelo crime, sendo faío atípico.' Nota-se 
que não é possíve), também, a tentativa nesse tipo de crime, já que é condicionado, 
necessariamente, aos resultados descritos no tipo penai, morte e lesão corporal de 
natureza grave.
(CESPE/UnB 2006) Considere a seguinte situação hipotética. Ronan, brincando de 
roleía-russa e sabendo que o revólver estava municiado, pôs-se a abrir, girar e 
fechar o tambor do mesmo por diversas vezes. Acionando o gatilho com o revólver 
apontado para a vítima, causou-lhe a morte. Nessa situação, é correto afirmar que 
Ronan responderá por homicidio culposo.
Resposta; Certo. Trata-se de homicidio doloso eventual, porque Ronan, com sua 
"brincadeira”, assumiu o risco de produzir o resultado morte na vítima Mote: Se fosse 
a roleta-russa típica, em que cada membro do grupo usa individualmente a arma contra 
si, haveria instigação ao suicídio.
(CESPE/UnB 2004) Ângela, sob a influência do estado puerperal, matou o próprio filho, 
'togo após o parto, por estrangulamento. Cessada a influência do estado puerperal, 
Ângela desosperou»se ©, arrependida do ato praticado, foi acometida por intenso 
sofrimento. Nessa situação, tendo em vista que as conseqüências da conduta de 
Ângela atingiram-na profundamente, poderá o juiz aplicar o perdão Judicial
Resposta: Nâo se pode faiar em perdão Judicial no crime de infanticídio por faita de 
previsão legal.
(DPU Defensor Público da União CESPE/UnB 2010) Em se tratando de homicidio, é 
incompatível o domínio de violenta ©moção com o dolo eventual.
Resposta: Errado. Conforme orientação convidada no Superior Tribunal de Justiça, o 
homicídio privilegiado é perfeitamente compatível com o dolo eventual.
(Ministério Público/SE CESPE/UnB 2010) Assinale a opção correta acerca do homicídio 
privilegiado,
a) A natureza jurídica do instituto é de circunstância atenuante especial.
b) Estando o agente em uma das situações que ensejem o reconhecimento do homicídio
privilegiado, o juiz é obrigado a reduzir a pena, mas a lei não determina o patamar 
de redução.
c) O relevante valor social não enseja o reconhecimento do homicidio privilegiado.
d) A presença
de qualificadoras impede o reconhecimento do homicidio privilegiado.
e) A violenta emoção, para ensejar o privilégio, deve ser dominante da conduta do agente
e ocorrer logo após injusta provocação da vítima
Resposta: E. O homicídio privilegiado possui natureza juridica de causa de diminuição 
de pena (mínorante), A redução é de um sexto a um terço. O relevante vator social 
constitui uma das hipóteses de homicídio privilegiado. Ê perfeitamente possível a figura
Cap. 12 ~ CRIMES CONTRA A PESSOA 149
do homicídio privltegiado-quaiificado, desde que a circunstância qualificadora se|a objetiva. 
Por flm, a violenta emoção deve ser dominante, caso contrário, nâo haverá o privilégio 
da redução da pena. E o que significa “emoção dominante"? Ê a emoção de alto 
intensidade, envolvendo o agente ao ponto deste perder completamente o equilíbrio, 
Na exata observação de Cezar Roberto Bitancourt, “Sob o domínio cfe v/o/enfa emoção 
significa agir sob choque emocional próprio de quem é absorvido por um estado de 
ânimo caracterizado por extrema excitação sensorial s afetiva, que subjuga o sistema 
nervoso do indivíduo. Nesses casos, os freios inibitórios são liberados, sendo orientados, 
basicamente, por ímpetos incontroláveis, que; é verdade, não justificam a conduta criminosa, 
mas reduzem sensivelmente a sua censurabilídade" (BITENCOURT, Cezar Roberto. Curso 
de Direito Penal. 10. ed. São Pauio: Saraiva, 2010, p. 73)
Atenção! A mera “influência” não é o suficiente para configurar o crime de ho­
micídio privilegiado. Contudo, haverá circunstância atenuante de pena, prevista 
na alínea c, do inc. III, do art. 65, do Código Penal: “SSo' circunstâncias que 
' sempre atenuam a' pena (...) 111 - ter o ágente: (...) c) cometido o" crime sob 
coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, 
ou sob a Influência d@ violenta emoção, .provocada por ato injusto da vítima"
(grifo nosso); Em sfntése, o “domínio" conftgúra a drcimstânciá privilegíádora, 
enquanto a “influência* caracteriza apenas circunstância atenuante: - '
(Ministério Públlco/SE CESPE/UnB 2010) Getúlio, a fim de auferir o seguro de vida 
do qual era beneficiário, induziu Maria a cometer suicídio, e, ainda, emprestou-lhe um 
revólver para que consumasse o crime. Maria efetuou um disparo, com a arma de fogo 
emprestada, na reglâo abdominal, mas não faleceu, tendo sofrido lesão corporal de 
natureza grave. Em relação a essa situação hipotética, assinale a opção correta.
a) Como o suicídio nâo se consumou, a conduta praticada por Getúlio é considerada
atípica.
b) Apesar de a conduta praticada por Getúlio ser típica, pois configura Indüzimento,
instigação ou auxílio ao suicídio, ele ê isento de pena, porque Maria não faleceu.
c) Getúlio deve responder por crime de indüzimento, instigação ou auxilio ao suicídio, por
uma única vez, com pena duplicada pala prática do crime por motivo egoísüco.
d) Getúlio deve responder por crime de tesão corporal grave.
e) Por ter induzido e auxiliado Maria a praticar suicídio, Getúlio deve responder por crime
de indüzimento, instigação ou auxilio ao suicídio, por duas vezes em continuidade 
detitlva, com pena duplicada pela prática do crime por motivo egoístico.
Resposta: C, O crime de Indüzimento, instigação ou auxílio ao suicídio {art. 122 do Código 
Penai) se consuma com o resultado morte ou com a provocação de lesão corporal de 
natureza grave na vítima. No caso, Getúlio deve responder por crime de indüzimento. 
Instigação ou auxílio ao suicídio, por uma única vez (evitando bis in iüçm), com pena 
duplicada peia prática do crime por motivo egoístíco. Por fim, nâo responderá duas vezes 
pelo mesmo delito, em face do princípio da alternatividade, utilizado para resolver conflito 
aparente de normas penais, nas hipóteses de tipo penai de conteúdo variado, isto ô, 
quando a norma pena! traz várias ações nucleares, consumando-se o crime numa ou 
noutra. Se várias ações nucleares forem praticadas dentfo do mesmo contexto fático, 
.haverá crime único, sob pena de dupia responsabilidade, vedada no Direito Penal.
12.1.6 Questões CESPE/UnB
Armando e Sérgio deviam a quantia de R$ 500,00 a Paulo, porém se recusavam a 
pagar. No dia marcado para o acerto de contas, Armando e Sérgio, com o ânimo 
de matar, compareceram ao iocai do encontro com Paulo portando armas de fogo, 
emprestadas por Mário, que sabia para qua! finalidade elas seriam usadas. Armando 
e Sérgio atiraram contra Paulo, ferindo-o mortalmente, Com relação à situação 
hipotética apresentada acima, julgue os itens seguintes.
1S0 DIREITO PENAL para concurso - POLiCtA FEDERAL - Bmerson Casfe/o Branco
1. (Agente - PoJícfa Civil/RR 2003 - CESPE/UnB) Armando, Sérgio a Mário são 
sujeitos ativos do crime perpetrado, sendo os dois primeiros coautores, e Mário, 
partícipe.
2. {Agente - Poiícia Civil/RR 2003 - CESPE/UnB) Paulo é sujeito passivo do crimo de 
homicídio privilegiado.
3. (Agente - Polícia Civii/RR 2003 - CESPE/UnB) Segundo determina a Lei 8.072/1990, 
o homicídio de Paulo é considerado crime hediondo.
4. {Agente - Polícia Civil/RR 2003 - CESPE/UnB) O crime de homicídio descrito acima 
se consumou no momento em que a vitima foi ferida cm sua integridade física,
5. (Escrivão da Policia Federal 2002 - CESPE/UnB) Rui era engenheiro e participava da 
construção de uma rodovia, para a qual seria necessária a destruição de uma grande 
rocha, com o uso de explosivos. Rui, contudo, por insuficiência de conhecimentos 
técnicos, não calculou bem a área de segurança para a explosão. Por isso, um 
fragmento da rocha acabou atingindo uma pessoa, a grande distância, matando-a. 
Nessa situação, devido ao fato de a morte haver decorrido do uso de explosivos, 
o caso é de homicídio qualificado.
6. (Delegado da Policia Federal 1997 - CESPE/UnB) Se for doloso o homicídio, a pena 
será aumentada de um terço, no caso de crime praticado contra pessoa menor de 
catorze anos.
7. (Delegado da Polícia Federal 1997 ~ CESPE/UnB) Não é crime o aborto realizado 
pela própria gestante, se for provado que o feto estava contaminado com vírus 
causador de doença incurável.
8. (Delegado - Polícia Clvil/SE 2006 - CESPE/UnB) Levando em consideração as 
orientações doutrinárias e jurisprudenctals dominantes, é correto afirmar que, na 
hipótese do aborto humanitário ou sentimental, quando a gravidez for decorrente 
de atentado violento ao pudor, não se aplica a excludente de ilicitude, pois a tet 
admite o aborto somente quando a gravidez for resultante de estupro.
9. (Delegado - Polícia Cívíl/TO 2008 - CESPE/UnB) Considere a seguinte situação 
hipotética. Manoel, penalmente responsável, instigou Joaquim à prática de suicídio, 
emprestando-lhe, ainda, um revólver municiado, com o qual Joaquim disparou contra 
o próprio peito. Por circunstâncias aiheps à vontade de ambos, o armamento 
apresentou falhas e a munição não foi deflagrada, não tendo resultado qualquer 
dano à integridade física de Joaquim, Nessa situação, a conduta de Joaquim, por si 
só, nSo constitui Ilícíto penal, mas Manoel responderá por tentativa de participação 
em suicídio.
10. (Delegado - Poiícia Civil/RR - CESPE/UnB) Considere a seguinte situação hipotética. 
Manoel trancafiou seu desafeto em um compartimento completamente isolado 
e Introduziu nesse compartimento gases deletérios (óxido de carbono e gás de 
iluminação), os quais causaram a morte por asfixia tóxica da vítima. Nessa situação, 
Manoel responderá pelo crime de homicídio qualificado.
1 1 . (Delegado - Policia Ctvit/RR - CESPE/UnB) Considere a seguinte situação hipotética, 
João e Maria, por enfrentarem grave crise conjugai, resolveram matar-se, instlgando- 
-se mutuamente. Conforme o combinado, João desfechou um tiro de revólver contra 
Maria e, em seguida, outro contra si próprio. Rifaria veio a faiecer; João, apesar 
do tiro, sobreviveu. Nessa situação, João
responderá pelo crime de induzimento, 
instigação ou auxílio a suicídio.
Cap. 12 - CRIMES CONTRA A PESSOA 151
12. {Agente-Poiícia Civfl/TO2008-C ESP E/U nB ) Considere que um boxeador profissional, 
durante uma luta normal, desenvolvida dentro dos limites das regras esportivas, 
cause ferimentos que resultem na morte do adversário. Nessa situação, o boxeador 
deverá responder por homicidio doloso, com atenuação de eventual pena, em face 
das circunstâncias do evento morte.
13. {Agente - Polícia Ctvrl/TO 2008 - CESPE/UnB) O aborto, o homicídio e a violação 
de domicilio são considerados crimes contra a pessoa.
14. {Técnico Judiciário - TJR R ~ 2 0 0 6 - -CESPE/UnB) Mesmo resultando em lesão 
corporal grave oü morte, o latrocínio encontra-se capitulado nos crimes contra o 
patrimônio e hão, nos crimes contra a pessoa.
15. {Técnico Judiciário - TJR R - 2006 - CESPE/UnB) Não se pune o aborto se a gravidez 
resulta de estupro, sobretudo se é precedido de consentimento da gestante.
16. {Técnico Judiciário - TJRR - 2006 - CESPE/UnB) No caso do homicidio culposo, o 
juiz poderá conceder o perdão judicial se as conseqüências da infração atingirem 
o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.
17 . (Analista Processual - TJRR - 2006 - CESPE/UnB) O delito de homicídio é crime 
de ação livre, pois o tipo nâo descreve nenhuma forma específica de atuação que 
deva ser observada pelo agente.
18. (Agente ~ Polícia Civif/TO 2008 - CESPE/UnB) O aborto, o homicídio e a violação 
de domicilio são considerados crimes contra a pessoa.
19. {Analista Processual - TJRR - 2006 - CESPE/UnB) Tentado ou consumado, o 
homicidio cometido mediante paga ou promessa de recompensa é crime hediondo, 
recebendo, por conseqüência, tratamento pena) mais gravoso.
20. (Delegado ~ Polícia Cívil/TO 2003 - CESPE/UnB) O Código Penal brasileiro permite 
três formas de abortamento legal: o denominado aborto terapêutico, empregado para 
salvar a vida da gestante; o aborto eugênlco, permitido para impedir a continuação 
da gravidez de fetos ou embriões com graves anomalias; e o aborto humanitário, 
empregado no caso de estupro.
21. (Escrivão - Polícia Civil/PA 2006 - CESPE/UnB) Há homicídio qualificado se o agente 
tiver praticado crime Impelido por motivo de relevante valor social ou morai.
22. (Delegado da Polícia Federal 2004 Nacional - CESPE/UnB) O médico Caio, por 
negligência qüe consistiu em não perguntar ou pesquisar sobre eventual gravidez 
de paciente nessa condição, receita-lhe um medicamento que provocou o aborto. 
Nessa situação, Caio agiu em erro de tipo vencível, em que se exclui o dolo, 
ficando isento de pena, por nâo existir aborto culposo.
23. {CESPE/UnB 2001) Segundo orientação do STJ, no crime de homicídio, a qualificadora 
de ter sido o delito praticado mediante paga ou promessa de recompensa é 
circunstância de caráter pessoal e, portanto, Incomunicável.
24. {CESPE/UnB 2001) O agente que, agindo com onimus necandi, mantém conjunção 
carnal com a ofendida com a intenção de transmítlr-!he o vírus da AIDS de que é 
portador, responderá, em tese, pela prática do crime de tentativa de homicídio,
25. {CESPE/UnB 2001) A s circunstâncias prlviiegiadoras, de natureza subjetiva, e 
qualificadoras, de natureza objetiva, podem concorrer no mesmo fato-homleídio. Nesse 
caso, o homicidio qualificado-privilegiado não será considerado crime hediondo.
152 DIREITO PENAL para concurso - POLÍCIA FEDERAL - Emerson Castelo Branco
26. (CESPE/UnB 2006) O resuitado morte caracterizado par uma asfixia mecânica, assim 
comprovada peto laudo de exame de corpo de delito (laudo cadavérico), provocada por 
hemorragia interna, será suficiente para configurar o crime de homicídio qualificado.
27. (CESPE/UnB 2006) No crime de homicídio qualificado, a vingança pode ser classificada 
como motivo fútil, não se confundindo com o motivo torpe.
28 .(CESPE/UnB 2006) Para efeitos penais, notadamente na análise do homicídio 
Qualificado peto emprego de veneno, tal substância é aqueta que tenha idoneidade 
para provocar lesão ao organismo humano ou morte.
29. (CESPE/UnB 2007) São compatíveis o dolo eventual e as qualificadoras do crime 
de homicídio.
30. (CESPE/UnB 2007) No homicídio culposo, se o autor do crime imagina que a 
vítima já está morta e por isso não lhe presta socorro, não responde pela causa 
de aumento de pena decorrente da omissão de socorro.
31. (CÊSPÈ/UnB 2007) Ainda que haja intenção de matar, peto princípio da especialidade, 
a prática de relação sexual forçada e dirigida à transmissão do vírus da AIDS 
caracteriza o crime de perigo , para a vida ou saúde de outrem.
32. (CESPE/UnB 2007) O ciúme, por si só, caracteriza o motivo torpe, apto a qualificar
o crime de homicídio.
33. (CESPE/UnB 200S) Se o sujeito, após ferir culposamente a vítima, sem risco pessoal, 
não lhe presta assistência, vindo ela a falecer, responde por dois crimes: homicídio 
culposo e omissão de socorro.
34. (CESPE/UnB 200S) Considere a seguinte situação hipotética. Antônio, querendo a 
morte de José, instigou Carlos a matá-lo. Carlos, que jâ havia cogitado do fato, 
ficou dominado - por ódió morta! por tudo que Antônio disse de José. Carlos, 
então, dirígíu-se à casa de José e lã resolveu ievar a cabo sua intenção criminosa, 
matando-o. Nessa situação, ambos responderão por homicídio em coautoria,
35. {CESPE/UnB 2005) No homicídio do tipo mercenário, a qualificadora relativa ao 
eometimento do crime mediante paga ou promessa de recompensa, consoante 
entendimento do STJ, comunica-se com os coautores ou participes, por tratar-se 
de condição de caráter não pessoal. ^
36. (CESPE/UnB 2007) A tentativa de suicídio é Impunívet, já que, do ponto de vista 
da poiíttca criminal, seria um estímulo punir o suicida nessa modalidade.
37. (CESPE/UnB 2007) A hipótese de autodestruíçâo na forma consumada deve ser 
sempre objeto de investigação em inquérito policial, visando-se apurar a participação 
de terceira pessoa.
3B. (CESPE/UnB 2003) Considere a seguinte situação hipotética. Um agente efetuou 
disparo de arma de fogo, com animus necandi, contra menor de quatorze anos 
de idade, que velo a faiecer em decorrência dos ferimentos após completar aqueia 
idade. Nessa situação, o autor do disparo responderá por homicídio, e a pena será 
agravada em razão da idade da vítima.
39. (CESPE/UnB 2003) No caso de aborto provocado peia gestante com auxílio de 
terceiro, há dois crimes autônomos: um praticado - peia gestante e outro, pelo 
auxiliar, ficando afastada a participação.
Cap. 12 - CRIMES CONTRA A PESSOA 15 3
40. (CESPE/UnB 2006) Apesar de não constar no tipo pena! o elemento surpresa, este 
qualifica o homicídio praticado desde que se assemelhe a traição, emboscada ou 
dissimulação, estes, sim, previstos expressamente no tipo penai,
41. (CESPE/UnB 2006) Considere a seguinte situação hipotética. Um médico, doiosa e 
Insidiosamente, entregou uma injeção de morfina, em dose demasiadamente forte, para 
uma enfermeira, que, sem desconfiar de nada, aplicou-a no paciente, o que causou a 
morte do enfermo. Nessa situação, o médico é autor mediato de homicídio doioso, ao 
passo que a enfermeira é participe do delito e responde pelo mesmo crime doloso.
42. (CESPE/UnB 2006) Considere a seguinte situação hipotética. Fábio, por motivo de 
reievante valor social, praticou um crime de homicídio com a participação de Pedro, 
que desconhecia o motivo determinante do crime. Nessa situação, o homicídio 
privilegiado, causa de diminuição da pena descrita no CP, se estenderá ao partícipe 
Pedro, pois se traía de circunstância de caráter pessoa! que se comunica aos 
demais participantes.
43. (CESPE/UnB 2006) Na hipótese de homicídio culposo, o juiz pode deixar de aplicar 
a péna, se as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão 
grave
que a sanção penal se torne desnecessária. Trata-se do instituto do perdão 
judiciai, que constitui causa extintiva da punibilidade.
44. (CESPE/UnB 2006) O CP somente pune o crime de participação em suicídio quando 
há produção do resultado morte. Se o sujeito induz a vítima a suicidar-se e esta 
sofre apenas íesões corporais de natureza grave, não hã crime a punir.
45. (CESPE/UnB 2006) Autora de infanticídio só pode ser a mãe, conforme expressa
o CP. Sendo assim, trata-se de crime próprio, que não pode ser cometido por 
qualquer autor. No entanto, essa qualificação, conforme entende a melhor doutrina, 
não afasta a possibilidade de concurso de pessoas.
46. (CESPE/UnB 2006) O aborto necessário, previsto no CFt não constituí crime, em 
foce da exclusão da culpabilidade, considerando-se que a gestante é favorecida 
pelo estado de necessidade.
47. (CESPE/UnB 2005) Um agente de polícia, usando arma de fogo, efetuou propositadamente 
disparos contra Pedro, causando a sua morte e, acidentalmente, a de Cláudio. 
Nessa situação, esse agente deve responder por homicídio doioso consumado em 
relação a Pedro, e por homicídio culposo consumado em relação a Cláudio.
48* (CESPE/UnB 2006) César induziu Luciano a cometer suicídio, além de auxiliá-lo 
nesse ato, entregando-lhe as chaves de um apartamento localizado no 19.o andar 
de um prédio. Luciano, influenciado pela conduta de César, jogou-se da janela do 
apartamento, mas foi salvo pelo Corpo de Bombeiros, vindo a sofrer lesões leves 
.em decorrência do evento. Nessa situação, César praticou crime de induzimento, 
instigação ou auxíilo a suicídio.
49. (CESPE/UnB 2006) Com intenção de matar Suzana, Geraldo desferiu contra ela três tiros 
de arma de fogo, sem, contudo, conseguir atingi-la, por erro de pontaria. Nessa situação, 
Geraldo responderá por tentativa de homicídio, na modalidade tentativa cruenta.
50, (CESPE/UnB 2007) Leonardo, indignado por não ter recebido uma dívida referente â 
venda de cinco cigarros, desferiu facadas no devedor, que, em razao dos ferimentos, 
faleceu. Logo após o fato, Leonardo escondeu o cadáver em uma gruta, Com base 
na situação hipotética acima, é correto afirmar que Leonardo praticou crime de 
homicídio qualificado por motivo torpe.
154 DIREITO RENAL para concurso - POLÍCIA FEDERAL - Emerson Castelo Brsnco
12.1.7 DICAS IMPRESCINDÍVEIS . '
| No homicídio privilegiado pelo domínio da violenta emoção, leva-se 
em consideração o momento em que o agente tomou conhecimento da 
injusta provocação, e não quando esta foi praticada? Sim. É o caso de 
um pai que toma conhecimento do estupro cometido por seu vizinho 
contra sua filha somente 6 (seis) meses depois do fato.
| O domínio da violenta emoção é compatível com o dolo eventual? 
Sim, Trata-se da orientação majoritária.
As qualificadoras subjetivas (motivo fútil, torpe e conexão conse- 
quencial ou teleológica) se comunicam no concurso de agentes? Não. 
Somente se comunicam as objetivas (meio insidioso ou cruel e modo 
de execução), nos exatos termos do art. 30 do Código Penal,
O que se considera “veneno”? O conceito é amplo, abrangendo, inclu­
sive, as substâncias que podem ser inofensivas â média das pessoas, 
mas letal para aquela pessoa que se pretende matar (ex.: alérgicos). 
Obviamente, o agente criminoso deve conhecer essa circunstância, em 
face do princípio da responsabilidade subjetiva.
Jual a exata diferença entre “meio insidioso” e “meio cruel”? Insidioso 
é a fraude. Cruel é o que gera sofrimento exacerbado e desnecessário. 
Por exemplo, o veneno pode ser insidioso, quando colocado no jantar 
de uma pessoa, sem que ela perceba. Por outro lado, se a vítima é 
obrigada a tomá-lo, o meio é cruel Mesmo raciocínio vale para a 
asfixia, sendo insidioso se a vítima não percebe; e cruel, caso note a 
ação do agente (ex.: enforcamento).
awíitífMMiwrcivivJiíw/
>ual a exata diferença entre os crimes de tortura qualificada pelo 
resultado morte e o crime de homicídio qualificado pela tortura? O 
dolo (intenção) do agente sempre deve ser a bússola a guiar a cor­
reta classificação do crime. Dessa forma, havendo dolo em relação 
ao resultado morte, mesmo que eventual, haverá crime de homicídio 
qualificado. Já o crime de tortura qualificado com resultado morte 
é preterdoloso, isto é, o agente não desejava destruir a vida da víti­
ma.
Cap. 12 - CRIMES CONTRA A PESSOA 1SS
Aplica-se a qualificadora teleológica (art. 121, § 2.® Inc. V, do CP) se 
o agente desejava assegurar a execução de uma contravenção penal? 
Não, por ausência de previsão típica. E se desejava assegurar a exe­
cução de ura crime impossível? Também não se aplica. Contudo, nada 
impede a configuração de outra qualificadora (ex.: motivo torpe).
[ A causa de aumento de pena do § 4.°, do art. 121, consistente na 
inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, pode existir 
se o homicídio culposo é cometido na modalidade de imperícia? Sim. 
Trata-se da orientação majoritária.
3>ual o crime do agente que deixa de prestar socorro a um suicida? 
Haverá omissão de socorro (art. 135, do CP). E se a omissão parte de 
pessoa que tem o dever legal de evitar o resultado (ex.: pai)? Haverá 
homicídio doloso, em face do § 2?, do art. 13, do Código Penal.
O que significa “infanticídio imaginário ou putativo”? Ocorre quando 
a mãe, em estado puerperal, logo após o parto, mata filho alheio, 
imaginando ser o seu. Qual a solução? Responderá por crime de in­
fanticídio. Neste caso, que configura erro sobre a pessoa, consideram- 
-se as características da vítima que se pretendia atingir, e não as da 
efetivamente atingida, conforme prevê o art. 20, § 3.°, do CE
O laudo pericial é imprescindível para comprovar o estado puerperal? 
Apesar de não ser assunto pacífico, a posição majoritária entende 
que não é obrigatório.
No aborto provocado sem o consentimento da gestante, a vítima é 
apenas o feto? Não. Haverá dupla subjetividade passiva: a gestante e 
o feto.
Qual o crime do agente que provoca aborto culposo numa gestante? 
Como não existe aborto na forma culposa, o agente será responsa­
bilizado por crime de lesão corporal culposa.
Se o feto for expulso com vida, haverá crime de aborto na forma 
tentada? Sim. Contudo, se vier a morrer posteriormente, haverá aborto 
consumado, desde que a morte guarde um nexo de causalidade com 
a prática do aborto.
156 DIREITO PENAL para concurso - POLICIA FEOERAL - Emerson Castelo Branco
Anunciar produto abortivo configura aborto? Não. Haverá apenas 
contravenção penai (art. 20 do Decreto-Lei n. ° 3.688/1941 - Lei 
das Contravenções Penais).
No aborto sentimental (ou humanitário), a gestante pode provocar 
em si mesma o aborto? Nâo. Somente o médico pode realizá-lo, por 
expressa disposição legal. Cumpre observar o seguinte: no aborto 
necessário, não haveria crime se a gestante o realizasse, porque se 
aplicaria o art. 24, do Código Penal.
O consentimento da gestante para que terceiro provoque o aborto 
é crime comum? Não. Trata-se de crime classificado como de mão 
própria, porque somente a gestante pode consentir.
No caso do aborto de gêmeos (desde que essa circunstância seja 
conhecida), qual a solução? Haverá dois crimes de aborto em con­
curso formal imperfeito (desígnios autônomos, isto é, o agente deseja 
dois resultados).
No aborto necessário, o risco à vida da gestante precisa ser obriga­
toriamente atual? Não. Prevalece o entendimento segundo o qual o 
risco pode ser futuro, porque estaria a vida da gestante comprometida 
da mesma forma, caso não fosse realizado o aborto.
Se a ação de matar for dirigida contra gêmeos que nascem unidos 
por partes do corpo (xÍfópagos),%ial a solução? Haverá dois ho­
micídios em concurso formal. Perfeito ou imperfeito? Imperfeito, 
porque os desígnios são autônomos. Afinal, ainda que queira atingir 
apenas um deles, o agente criminoso sabe que
a destruição da vida 
de um terminará acarretando a destruição da vida do outro.
Pode existir concurso entre os crimes de homicídio e de porte 
ilegal de arma de fogo? O assunto é dividido em duas correntes: 
l.a - Homicídio absorve o porte ilegal arma de fogo (princípio da 
consunção); 2.a - O homicídio não absorve o porte ilegal de arma 
de fogo, porque possuem objetividades jurídicas distintas. Algumas 
obras doutrinárias, citando decisões antigas de alguns tribunais 
espalhados pelo país, afirmam que a jurisprudência maíoritária é a
Cap. 12 - CRIM ES CONTRA A PESSOA 157
favor da primeira corrente. Atualmente, de acordo com o STJ. não 
prevalece mais esse entendimento: “embora seja admissível, não 
se revela possível, in casu, a aplicação do principio da consunção, 
porquanto a conduta de portar a arma de um lado, e a tentativa de 
homicídio de outro, ao que se tem, decorrem de desígnios autônomos 
nâo se verificando a relação de meío-fim que autoriza a absorção 
de uma figura típica pela outra”.55 Em. síntese, apesar de o assunto 
ainda ser polêmico na doutrina e na jurisprudência, entendeu o STJ 
pela possibilidade do concurso.
12.2 DAS LESÕES CORPORAIS
A r t 129 - Ofender a integridade corporai ou a saúde de outrem.
Pena - detenção, de 3 meses a I ano.
O objeto jurídico protegido é a incolumidade da pessoa em sua 
integridade física e psíquica.
O objeto material é o corpo da pessoa.
O sujeito ativo e o sujeito passivo podem ser qualquer pessoa.
O elemento subjetivo é o dolo e a culpa.
A consumação ocorre com a efetiva ofensa à integridade física ou 
corporal da vítima. É possível a forma tentada.
O crime de lesão corporal consiste em ofender a integridade coiporal 
ou a saúde de uma determinada pessoa. O tipo penal protege tanto a 
ofensa á integridade física como também a ofensa à saúde da vítima. 
Exemplo: cortes, escoriações, queimaduras, lesões psicológicas.
Classificação:
a) comum - qualquer pessoa pode praticá-lo;
b) simples - protege apenas um objeto jurídico;
c) de dano - gera uma lesão concreta;
d) de ação livre - pode ser praticado de qualquer forma;
e) instantâneo - a ação é imediata, não se prolongando no tempo;
£) material - consumação do crime somente ocorre com a ocorrência do 
resultado.
<S STJ. HC 101.127/SP. DJe 10.11.200S.
158 DIREITO PEfrfAl para concurso - POLÍCIA FEDERAL -■ Emerson Castelo Branco
NOTE! Em regra, não se pune Vauiqlesão, salvo quando esta for meio 
para o. cometlmentó dérputro delito (ex.rfr.3ude -pára receber seguro, es­
telionato previdenciário).
Em determinados esportes, a lesão é um exercício regular de um 
direito (ex.: jiu-jitsu, capoeira, boxe), desde que sejam estritamente 
observadas as regras do referido esporte.
Vários crimes contêm 0 termo “violência” como meio de execução 
(ex.: estupro, roubo), fazendo com que as lesões decorrentes desta sejam 
absorvidas, salvo quando 0 legislador dispõe de forma contrária. Segun­
do a jurisprudência, 0 corte de cabelo e da barba sem a anuência da 
vítima caracteriza crime de lesão corporal de natureza leve.16 Contudo, 
se 0 agente faz isso para atingir a honra da pessoa, restará configurado 
0 crime de injúria real.
QUESTÃO POTENCIAL DE PROVA! O crime pode ser praticado 
na forma omissiva? Consoante a lição de Mirabete, “o crime será pra­
ticado por omissão quando 0 sujeito tem 0 dever jurídico de impedir 0 
resultado (art. 13, § 2.°), como no caso de ‘privação de alimentos a um 
dependente’. Pode ainda ser cometido por ação indireta, como no caso 
em que 0 agente atrai a vítima ao local em que será ferida por animal 
ou qualquer meio mecânico.”17
Algumas açSes sem 0 propósito de lesionar constituem apenas con­
travenção penal de vias de fato (ex.: sacudir uma pessoa ou empurrar 
seu rosto).
12.2,1 Lesão corporal grave *
§ 1.® Se resulta:
1 - incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 30 (trinta) 
dias;
Atividade habitaal é qualquer ocupação rotineira, do dia a dia da 
vítima, como andar, trabalhar, praticar esportes etc. A lei não se refere 
apenas à incapacidade para 0 trabalho e, por isso, crianças e aposentados 
também podem ser sujeito passivo. Classifica-se doutrinariamente como
'* SMANIO, Gtanpaolo Pogglo. Direito Penal - Parte Sspeclal, 5.* ed„ São Pauto: Atlas, 2002, p, 
38.
17 MIRABETE, Júlio Fabbrtrtí. Manual de Direito Penal, 22? ed., São Paulo: AtSas, 2004, p. 106.
Cap, 12 - CRIMES CONTRA A PESSOA________________________159
“crime a prazo”, porque somente se aperfeiçoa depois de preenchido um 
determinado lapso temporal.
II - perigo de vida;
Perigo de vida é a possibilidade grave e imediata de morte. Deve 
ser um perigo efetivo, comprovado por perícia médica, onde os médicos 
devem especificar qual o perigo de vida sofrido pela vítima.
IH - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
Debilidade consiste no enfraquecimento da capacidade funcional. 
Para que- caracterize esta hipótese de lesão grave é necessário que a 
recuperação seja incerta.
IV - aceleração do parto:
Só é aplicável quando o feto nasce com vida, pois, quando ocorre 
aborto, o agente responde por lesão gravíssima.
É necessário que o agente saiba que a mulher está grávida.
Nesses casos, a pena passa a ser de reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) 
anos.
12,2.2 Lesão corporal gravíssima
§ 2 ,° Se resulta:
I - incapacidade permanente para o trabalho.
A incapacidade para o trabalho não pode ser temporária. Permanente 
significa duradoura, sem previsão de cessação.
A incapacidade, esclarece Rogério Sanches, “deve ser para o exercício 
de qualquer espécie de trabalho”.18 E a posição amplamente majoritária. 
Portanto, se o agente ficou incapacitado apenas de exercer a sua ativida­
de específica anterior, haverá lesão corporal grave. Para ser gravíssima, 
somente se a incapacidade for para qualquer trabalho.
,s CUNHA, Rogério Sanches. Direito Penai - Parte Especiai - CokçSo Ci$ncias Criminaíi V. 3 ,1 ? Ed„ 
São Paulo: Revista dos Tribunais, p. 51.
160 DiREiTO PENAL para concurso - POLlCIA FEDERAL - Emerson Castelo Branco
il - enfermidade incurável,
É a doença que gera efeitos patológicos permanentes. O termo “incu­
rável” deve levar.era consideração a medicina existente no momento.
QUESTÃO POTENCIAL DE PROVA! O tema da AIDS é contro­
vertido. Três são as correntes sobre o tema. Para a primeira, a transmissão 
intencional caracteriza lesão gravíssima. A segunda entende que, com ou 
sem a efetiva transmissão, o crime seria o de tentativa de homicídio, já 
que a doença tem a morte como conseqüência. A posição majoritária era 
a segunda, porque quem pratica essa ação, ou quer diretamente a morte 
da pessoa (dolo direto), ou assume o risco de produzir o resultado morte 
(dolo eventual). Importante observar que o agente deve ter conhecimento 
da dòença; caso contrário, não haveria o dolo. A segunda corrente (antes 
majoritária) é a orientação do Superior Tribunal de Justiça: “Em havendo 
dolo de matar, a relação sexual forçada e dirigida à transmissão do vírus 
da AIDS é idônea para a caracterização da tentativa de homicídio”.19 A 
terceira corrente (majoritária) consiste na posição do Supremo Tribunal 
Federal, tendo julgado recentemente que a transmissão do vírus da AIDS 
por agente que mantém relação sexual com parceira não configura mais 
crime de tentativa de homicídio. O agente comete o crime de perigo 
de contágio de moléstia grave (art. 131 do CP). Qual a justificativa do 
STF? Não teria cabimento se falar de dolo eventual, porque existe tipo 
penal específico descrevendo referida situação,20
lli - perda o l í inutilização de membro, sentido ou função.
A perda é a destruição do membrg: Na inutilização, o membro con­
tinua existindo, mas perde completamente a sua capacidade.
NOTÉJ A perda de parte do 'mqylmèntp. é'.lesão, grave,m as. a j3efdá'<ie,:
todo movimento é lesão gravissirná. ' / ' ■ — v: ■■■■■■>■'
IV - deformidade permanente.
É o dano estético suficiente para causar humilhação, vexame. Leía~se
o termo “permanente” como irreparável com o passar do tempo.
1S STJ, HC 9.378/R5, 6* Turma, DJ 23.10.2000. 
“ STF, HC 98.712, 05.10,2010.
Cap. 12 - CRiMES CONTRA A PESSOA 161
V - aborto.
Ocorre na hipótese em que o agente quer apenas lesionar a gestante, 
mas termina por culpa provocando o aborto nesta (figura preterdolosa); 
caso contrário, se fosse doloso, haveria crime autônomo de aborto.
NOTE! O agente deve saber que a vitima está grávida, para que não ocorra 
punlçâo decorrente dé responsabilidade objetivai .■■■ :■ ■■
Na lesão gravíssima, a pena será de reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) 
anos.
No caso de cirurgia transexual, haverá o consentimento da pessoa, nâo 
havendo crime se a cirurgia foi bem sucedida e lhe trouxe satisfação.
12,2,3 Lesão corporal seguida de morte
§ 3.° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente 
não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
Trata-se do denominado crime preterdoloso, em que o agente quer 
apenas lesionar a vítima (dolo no antecedente) e acaba provocando sua 
morte de forma não intencional, mas culposa (culpa no conseqüente). 
Exemplo; O agente delitivo desfere um soco no rosto da vítima, com a 
intenção apenas de lesioná-la, momento em que esta se desequilibra, cai, 
sofre um traumatismo craniano e tem sua vida suprimida.
NOTE! Qual a diferença entre a lesão corporal séguldp dé morte e o
: crirnè de hoipK^diò^:'.Mââtev.úítiirio^; a j ; . ■
irKiatar);' 3Ó-';<Mntr£rio;;d_o; primeiro,-, iém <j£é «âstár prgsentè apenas, a vontade
;; í^mlphatXíÍoto'rd$^SQfê$óbr^nslo;üritf
mesmo previsto,-. - . , , ill.. . . y. . .; • ^ .
Se a ação do agente criminoso demonstra que teve previsão do re­
sultado morte, não haverá lesão corporal seguida de morte, e sim crime 
de homicídio com dolo eventual, É o que ocorre, por exemplo, quando 
várias pessoas, por uma galhofada (brincadeira) atiram gasolina sobre 
alguém que se encontra dormindo e nele ateiam fogo, provocando sua 
morte. No caso houve homicídio doloso eventual.
Por ser preterdoloso, o crime de lesão corporal seguida de morte 
não admite a forma tentada.
162 DSREiTO P EH A l para concurso - POLlCIA FEDERAL - Bmerson Castelo Bmnco
NOTE! Se o agente comete apenas vias de fato e provoca a morte da 
vítima, responde por homicídio culposo. NSo há como ser lesão corporal 
seguida de morte,-, porque a s . via? de fato, não se constituem em lesão 
corporal (ex.: sacudir uma pessoa, provoca rido-lhe a morte).
12.2.4 Lesão corporal privilegiada (§ 4.°)
As causas de privilégio do crime de lesão corporal são idênticas às 
do crime de homicídio:
a) relevante valor moral;
b) relevante valor social;
c) violenta emoção, logo após a injusta provocação da vítima.
À diminuição da pena somente se aplica às lesões dolosas, sejam 
de natureza leve, grave, gravíssima, ou seguida de morte; isto é, não se 
aplica à lesão corporal culposa,
12.2.5 Substituição da pena (§ 5.°)
Se as lesões corporais forem leves, o júiz pode reduzir a pena de um 
sexto a um terço, ou substituí-la por multa, nas seguintes hipóteses:
a) Relevante valor social, ou relevante valor moral, ou violenta emoção, 
íogo após a injusta provocação da vitima (inciso I);
b) se as lesões são recíprocas (inciso II).
.nj.
12.2.6 Lesão corporal culposa {§
Se a íesão é culposa, a pena será de detenção, de 2 (dois) meses a
1 (um) ano.
Todos os comentários feitos para o crime de homicídio culposo 
servem para o crime de lesão corporal culposa.
12.2.7 Causa de aumento de pena
O § 7,°, do art. 129, do Código Penal, estabelece que a pena da 
lesão culposa será aumentada em um terço quando o agente deixa de 
prestar imediato socorro à vítima, quando foge para evitar a prisão em 
flagrante, quando não procura diminuir as conseqüências de seu ato e,
Cap. 12 ~ CRIMES CONTRA A PESSOA 163
por fim, quando o crime resulta da inobservância de regra técnica de 
arte, profissão ou ofício.
12.2.8 Perdão judicial
O § 8.°, do art. 129, do Código Penal, estabelece que se aplique à 
lesão culposa o instituto do perdão judicial, quando as conseqüências do 
crime tiverem atingido o agente de forma tão grave que a imposição da 
pena se tome desnecessária, Exemplo: mãe, por desatenção (forma de 
negligência), provoca lesãO' corporal em seu filho.
12.2.9 Violência doméstica
A Lei 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha), alte­
rou algumas disposições do crime de lesão corporal com o objetivo de 
tomar mais rigorosa a responsabilidade penal dos agentes que praticam 
violência contra a raulher.
Primeiramente, a pena cominada em abstrato para a conduta prevista 
no § 9.° do art. 129 foi alterada de 6 (seis) meses a 1 (um) ano para 3 
(três) meses a 3 (três) anos.
O § 9.° foi acrescido à redação original do Código Penal, justamente 
com o objetivo de coibir especificamente a denominada violência do­
méstica.
Com a nóva redação, o legislador criou uma forma qualificada do 
crime de lesão coiporal dolosa leve, quando esta for praticada contra 
ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem 
conviva ou tenha convivido; ou, ainda, prevalecendo-se o agente das 
relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade.
Já o § 10.° estabelece aumento de pena para as lesões de natureza 
qualificada pelo resultado - lesão corporal grave, gravíssima e seguida 
de morte —, quando existir violência doméstica,
A Lei Maria da Penha acrescentou ainda ao art. 129 o § 11.°, assim 
disposto: “Na hipótese do § 9.° deste artigo, a pena será aumentada de um 
terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência”
12.2.10 Questões comentadas
(Agente da Polícia Federal 2004 - Prova azul - CESPSU nB ) Vítor desferia duas facadas 
na mão de Joaquim, que, em conseqüência, passou a ter debilidade permanente do 
membro. Nessa situação, Vítor praticou crime de lesão corporal de natureza grave, 
classificado como crime instantâneo.
164 DIREITO PENAL para concurso - P O liC iA FEDERAL - Emerson Castelo Branco
Resposta; Certo. O crirna de lesão corporal é erfme instantâneo, de modo qua pouco 
importa para a sua consumação o tempo e a duração da lesão. Taí aspecto, ou seja, 
a análise da permanência da lesão ou sua duração prolongada, importa apenas para 
a incidência das quaíiflcadoras, no caso da questão, a debilidade permanente de um 
membro quaíifíca o crime para lesão corporal d© natureza grave.
{CESPE/UnB 2006) Admite-se no, Código Penat (CP) brasileiro, a lesão na modalidade 
levíssima.
Resposta: Errado. Existem somente três modalidades de lesões corporais no Código 
Penal brasileiro: leves, graves e gravíssimas.
(CESPE/UnB 2006} A tesão corporal é de natureza grave caso resulte em incapacidade 
da .vítima para as ocupações habituais, por mais de um mês.
Resposta: O inciso !, do § 1.® do art. 129, não faz referência a meses, classificando 
como grave a tesão corporal que resulte em incapacidade para as ocupações habituais 
por mais de trrnia dias,
(CESPE/UnB 2006) Se a lesão for cuiposa, a ação panai fica condicionada à representação 
do ofendido, adrnítindo-se, ainda, a possibilidade de concessão de perdão judiciai, nos 
termos da iei penai vigente.
Resposta: Certo. Consoante o art. 88 da Lei n.° 9.099/1995 (Lei dos Juizados Especiais 
Criminais de Pequenas Causas), as íesSes corporais nas modalidades teve e culposa 
se procedem mediante representação do ofendido, possuindo, portanto, natureza de 
ação penal pública condicionada; enquanto as ÍesSes graves, gravíssimas e seguida de 
morte serão incondicionadas. Quanto ao perdão judiciai, o § S.°, do art, 129, do Código 
Penal, autoriza sua
aplicação à lesão corporal culposa, quando as conseqüências do 
crime tiverem atingido o agente de forma tão grave que a imposição da pena se tome 
desnecessária.
(DPU Defensor Público da União CESPE/UnB 2010) Para a configuração da agravante da 
lesão corporal de natureza grave em face da incapacidade para as ocupações habituais 
por mais de trinta dias, não á necessário que a ocupação habituai seja laborativa, 
podendo ser assim compreendida qualquer atividade regularmente desempenhada 
pela vítima.
Resposta: Correto. As ocupações habituais constituem todo tipo de atividade rotineira 
de uma pessoa, e não apenas ocupação laborativa. Indusive, atividade relacionada ao 
lazer.
12.2.11 Questões CESPE/UnB
1 . (Agente - Polícia Civil- RR- 2003 - CESPE/UnB) João, ao ver sua ex-namorada sair 
do cinema acompanhada de Francisco, empunhou uma faca peixeira e golpeou as 
costas de Francisco, ocasionando-lhe lesões corporais. Nessa situação, o instrumento 
empregado para o crime deverá ser submetido a exame pericial para verificar sua 
natureza e eficiência.
2. (Delegado da Poiícia Federal 19 9 7 - CESPE/UnB) O perdão judicial pode ser aplicado 
ao crime de lesões corporais dolosas simples.
3. (Delegado - Polícia Civil* RR - CESPE/UnB) Considere a seguinte situação hipotética. 
Durante um entrevero, Carios desferiu um golpe de facão contra a mão de seu 
contentor, que veio a perder dois dedos. Nessa situação, Carios praticou o crime de 
lesão corporal de natureza grave, por resultar debilidade permanente de membro.
Cap. 12 - GRIMBS CONTRA A PESSOA 165
4. (Técnico Judiciário - TJRR - 2006- CESPE/UnB) A lesão corporal grave, da qual 
resulta incapacidade por mais de trinta dias, somente pode ser reconhecida com 
base nas declarações da vítima ou na confissão do réu, sem que haja necessidade 
de exame pericial complementar.
5. (Assístâncta Judiciária do Distrito Federal - 2006 - CESPE/UnB) Se, no laudo de 
exame de corpo de delito referente a tesões corporais, nas respostas dadas aos 
quesitos, o perito afirmou que a vitima experimentou forte dor física e que a referida 
dor causou crise nervosa, restará caracterizado o crime de tesão corporal grave, 
nos termos do dispositivo pertinente do Código Penal.
12.2.12 DICAS IMPRESCfNDÍVEIS
ÜÍSe a lesão corporal incide sobre pessoa viva, com o intuito de remo­
ção de órgãos, haverá crime de lesão corporal previsto no art. 129 do 
Código Penal? Não. Haverá crime específico de remoção criminosa 
de órgãos, previsto na Lei n.° 9,434/1997.
ttísaíyjflíMK-.iííLiíji.v.
No caso da íesão corporal grave pela impossibilidade do exercício das 
ocupações habituais por mais de 30 dias, a atividade deve ser lícita? 
Sim. Dessa forma, não haverá crime, por exemplo, se o traficante 
lesionado deixou de freqüentar a “boca de fumo” por mais de 30 
dias. Entretanto, a atividade não precisa ser moral (ex.: haverá lesão 
corporal grave se uma mulher de programa deixou de exercer suas 
atividades por mais de 30 dias).
se o nascimento
ocorre, mas logo depois o recém-nascido falece, qual a solução? A 
orientação majoritária entende que haverá lesão corporal de natureza 
gravíssima pela provocação do aborto.
O princípio da insignificância pode ser aplicado nos crimes de lesão 
corporal? Sim. Trata-se da orientação majoritária, essencialmente 
quando as lesões causadas foram irrelevantes penais.21
Ü S r ^ n ^ T corporal leve, nas situações da Lei Maria da 
Penha, a natureza do crime é de ação penal pública condicionada ou
M STJ, HC 66,853/DF) 27.11.2006.
166 DIREITO PENAL para concurso - POLÍCIA FEDERAL - Emerson Castelo Brmco
incondicionada? O Superior Tribunal de Justiça vem se orientando no 
sentido de ser crime de ação penal pública condicionada à representa­
ção, mesmo contra o texto expresso da Lei n.° 11.340/2006, excluindo 
a aplicação da Lei n.° 9.099/1995.
12.3 DA FERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE
12.3.1 Perigo de contágio venéreo
Art, 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer 
ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve 
saber que está contaminado:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.
ã I.° Se a intenção do agente é transmitir a moléstia, a pena é mais 
grave;
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos,
5 2? Somente se procede mediante representação.
O bem jurídico protegido é a saúde da vítima.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa.
O sujeito passivo é a pessoa com quem o agente pratica o ato sexual. 
Mesmo a garota de programa pode ser vítima desse crime.
O elemento subjetivo do tipo é o dolo (direto ou eventual), isto é, 
a vontade de manter a relação sexual, expondo a saúde da pessoa a 
perigo.
A consumação ocorre no momeníç, da prática do ato sexual, ainda 
que a vítima não seja contaminada. À tentativa é possível quando o 
agente quer manter a relação sexual e não consegue por circunstâncias 
alheias à sua vontade.
Esse crime caracteriza a situação do agente que mantém relações 
sexuais ou qualquer outro ato libidinoso com a vítima, expondo-a ao 
perigo de contágio de uma doença sexual.
Tomando o agente todos os cuidados para evitar a transmissão da 
moléstia venérea, não se configura o delito.
É crime de perigo individual, porque atinge a uma ou mais pessoas 
determinadas.22
n MIRABETE, Júlio Fabbríni, Manual de Direito Pena!, 22“ ed, SSo Paulo: Atlas, 2004, p. 122.
Cap. 12 - CRIMES CONTRA A PESSOA 167
12.3.2 Perigo de contágio de moléstia grave
Art. 1 3 1 ~ Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave 
de que está contaminado, ato capaz de produzir o contágio:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
Objeto jurídico: saúde da pessoa humana.
Sujeito ativo; qualquer pessoa.
Sujeito passivo: qualquer pessoa, desde que ainda não contaminada.
O elemento subjetivo do tipo é o dolo, caracterizando a vontade do 
agente de transmitir a moléstia.
A. consumação ocorre no momento da prática do ato, independen­
temente da efetiva transmissão da doença (crime formal). Ê possível a 
tentativa (conatus), quando, iniciada a execução, o agente é impedido 
por circunstâncias alheias à sua vontade.
Consiste na prática de qualquer ato (crime de ação livre) tendente 
a transmitir uma doença grave, pouco importando se incurável ou não, 
desde que contagiosa.
Na hipótese de morte, haverá o crime de lesão corporal seguida de 
morte, previsto no § 3.°, do art. 129, do CP, sendo o delito em análise 
subsidiário.23
Haverá crime impossível se o agente não está contaminado, supondo 
o contrário, ou se a pessoa que o agente quer contagiar já for portadora 
da doença, não sendo possível sequer sua agravação. Também haverá 
crime impossível se o ato praticado não é hábil a contagiar, apesar de 
ser transmissível a moléstia.24
12.3.3 Perigo para a vida ou saúde de oatrem
Art, 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto ou 
iminente:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1{um) ano, se o fato não constitui 
crime mais grave.
Parágrafo único, A pena é aumentada de um sexto a um terço se a 
exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do trans­
porte de pessoas para a prestação de serviços em estabelecimentos 
de quaiquer natureza, em desacordo com as normas legais.
s JESUS, Darnãsio E. de. Direito Penal - 2.° Volume Parte Especial. 27? ed, Ed. Saraiva São Pauto, 
2005, p. 172.
” MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de Direito Penal, 22.® ed, São Pauio: Atlas, 2004, p, 128.
168 DIREITO PENAI para concurso - POLiCJA FEDERAL ~ Emerson Castelo Branco
O objeto jurídico protegido é a vída e a saúde da pessoa humana.
Sujeito ativo e sujeito passivo: qualquer pessoa.
O elemento subjetivo é o dolo de perigo em relação a pessoa(s) 
determmada(s).
Consuma-se no momento da prática do ato que resulta em perigo 
concreto. A tentativa é possível.
Consiste na ação de expor a vida ou a saúde da vítima a perigo. Por 
ser de ação livre, pode ser executado de qualquer forma,
NO TÊrfe' crime subsidiário! Dessa' corifigujar 'criçrte.,
mais' grave, não. se. aplica' esse dispositivo penai, mas sim ò delito màí s' ' 
grave.4 i , r ' -Nv"' / ' -'.V . -
É crime de perigo concreto, comum, doloso, de ação livre, comissivo 
ou omissivo, simples, instantâneo,
12.3.4 Abandono de incapaz
A rt, 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigi­
lância ou autoridade e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se 
dos riscos resultantes do abandono;
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos.
§ 1.° Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 2.° Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Aumento de pena
§ 3.° As penas cominadas neste artigê' aumentam-se de um terço: 
í - se o abandono ocorre em lugar ermo;
ii - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor 
ou curador da vítima.
II! - se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos.
Objetividade jurídica: a segurança e a saúde do incapaz.
Sujeito ativo é a pessoa que tem o dever de cuidado, vigilância, 
guarda ou autoridade (crime próprio).
Sujeito passivo é o incapaz (ex.: menor de idade, doente mental).
B NORONHA, Edgar Magalhães. Direito Panai. 23,“ ed. V2 São Paulo: Saraiva, 2001, p. 95.
Cap. 12 - CRiMES CONTRA A PESSOA 169
0 elemento subjetivo é o dolo de “abandonar” o incapaz. Não se 
admite a forma culposa.
O crime se consuma com o abandono do incapaz em situação de perigo, 
independentemente da produção de um dano. A tentativa é possível.
Consiste na conduta de se afastar de incapaz sob sua responsabilidade, 
deixando-o sem assistência e em situação de risco; isto é, o responsável 
se desobriga de seu dever de cuidado em relação ao incapaz, colocando-o 
em perigo. Pode ser praticado por uma ação (ex,: abandonar o incapaz 
numa rua) ou por omissão (ex..* abandonar o incapaz na residência e 
desaparecer do local).
As penas são qualificadas se gerar lesão corporal de natureza grave 
(um a cinco anos) ou morte (quatro a doze anos).
As penas são aumentadas de 1/3 (um terço) se a pessoa é deixada 
em local ermo, ou se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, 
irmão, tutor ou curador da vítima; ou se a vítima é maior de 60 (ses­
senta) anos. Esta última hipótese foi acrescentada pelo Estatuto do Idoso 
(Lei n.° 10.741/2003).
É indispensável para a caracterização do crime que a vítima fique 
em situação de perigo concreto, não se podendo presumir a ocorrência 
do risco, Dessa forma, não haverá o delito em comento se o responsável 
deixa o incapaz em segurança (ex.: deixar uma criança num órgão do 
Estado destinado ao amparo desta).2*
De acordo com o pensamento de Heleno Cláudio Fragoso, o aban­
dono pode ser temporário ou definitivo. Interessa apenas saber se existiu 
um espaço de tempo juridicamente relevante, capaz de pôr em risco o 
bem jurídico tutelado.37
12.3,5 Exposição ou abandono de recém-nascido
Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra 
própria:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
§ 1.® Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - detenção, de um a três anos. 
ã 2.® Se resulta a morte:
Pena - detenção, de dois a seis anos.
u MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de Direito Penal, 22.a ed., São Paulo: Atlas, 2004, p. 132.
17 FRAGOSO, Heleno Cláudio. Lições de Direito Penal: Parte Espeeial, 4.a ed, Sâo Paulo: Forense,
1980, p. 171,
170 DIREITO PENAL para concurso — POLÍCIA FEDERAL - Emerson CastQh Br&nco
Objeto jurídico: saúde e segurança do recém-nascido,
O sujeito ativo é a mãe ou o pai, para ocultar gravidez adulterina 
(crime próprio).
O sujeito passivo é o recém-nascido.
O elemento subjetivo é o dolo de “abandonar”. Neste delito, o 
legislador estabeleceu um especial fim de agir: “para ocultar desonra 
própria”. Trata-se do dolo específico (ou elemento subjetivo do injusto). 
Essa honra refere-se à boa aparência social da pessoa.
NOTE! Se o abandono for por razoes econômicas (ex.: pobreza), haverá
o abandono de incapaz;,do art, 133 do CP. ■
A consumação ocorre com o abandono do recém-nascido, indepen­
dentemente da ocorrência de dano.
A conduta consiste em abandonar o recém-nascido, desobrigando-se 
do dever de cuidado em relação a este, para manter a reputação, pre­
servando uma condição de “status social".
As penas são qualificadas se gerar lesão corporal de natureza grave 
(um a três anos) ou morte (dois a seis anos). Qual, então, a diferença 
entre o crime de abandono de recém-nascido qualificado com resultado 
morte para o crime de homicídio? No homicídio, o dolo é de “matar”; no 
crime de abandono, o agente deseja apenas “abandonar, porém sobrevêm 
o resultado morte não querido, nem previsto (crime preterdoloso).
12.3.6 Omissão de socorro
Art, 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fa2ê-)o sem 
risco pessoal, à criança abandonada oufèxtraviada, ou à pessoa inválida 
ou ferida, ao desamparado ou em grave e Iminente perigo; ou não 
pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública..
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta 
lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.
Objeto jurídico: o dever de solidariedade para a proteção da vida e 
da saúde, que deve existir entre as pessoas.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa que deixa de prestar socorro 
(crime comum),
O sujeito passivo é a pessoa inválida, ou ferida, ao desamparo, ou em 
grave e iminente perigo, ou ainda a criança abandonada ou perdida.
Cap. 12 - CRIMES CONTRA A PESSOA 171
O elemento subjetivo é o dolo, direto ou eventual. Não existe forma 
culposa.
A consumação ocorre no momento da omissão. É inadmissível a 
forma tentada, pois se trata de crime omissivo puro (ou próprio).
O crime pode ocorrer de duas maneiras:
a) Deixar de prestar socorro imediatamente, quando possível fazê-lo;
b) Não podendo prestar o socorro pessoalmente, deixar de solicitar o 
auxílio da autoridade pública.
E se várias pessoas negam assistência à vítima? Todos respondem 
pelo crime. Nas exatas palavras de Ney Moura Teles: “Havendo várias 
pessoas obrigadas a prestar socorro, porque conscientes do perigo por 
que passa a vítima, todas têm o mesmo dever, daí que, se omitirem, 
responderão pelo crime.”
E se apenas um presta socorro, havendo várias pessoas que poderiam 
tê-lo feito? Não há crime, uma vez que a vítima foi socorrida e, em se 
tratando de obrigação solidária, o cumprimento do dever por uma delas 
desobriga todas as demais.28
Não desfigura o crime a circunstância de não consentir a vítima em 
ser socorrida, porque, no caso, trata-se de bem indisponível.
Não há forma culposa. Se o agente, ensina Ney Moura Teles, “oraítiu- 
-se por negligência, por imaginar que a vítima não estava em perigo, não 
era inválida, nem estava ferida, ou que não se tratava de uma criança, 
errando, ainda, sobre o estado de perdida ou de abandonada, crime não 
terá existido por erro de tipo. Também não haverá dolo, por erro de tipo, 
se o agente imagina a possibilidade de sofrer risco pessoal caso realize 
a conduta exigida pela norma."25
Existe ainda a omissão qualificada, prevista no parágrafo único do 
art. 135, A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão 
corporal de natureza grave; e triplicada, se resulta a morte.
NOTE! Sé a ómissêo -de .socorro ocorrer"èm face de pessoa idosa, pelo 
priricfpÍo:da especialidade, apíiqa^se a norma penai do .art, §7- da n f 
10.741/2003 (Estatuto do idoso): "éfe/xar de prestar assistência ao idoso,
w COSTA JR„ Paulo José da. Direito Penal - Curso Completo, 8.3 ed.,
São Paulo: Saraiva, 2008, p. 
221.
w TELES, Ney Moura. DíwltQ Penal, São Paulo.- Atlas, 2004, p. 244.
172 DIRBTO PENAI para concurso ~ POÜCIA FEDERAL - Emerson Casteío Branoo
quando possível fazè-lo sem risco pessoal, em situação de iminente périgo,
■ ou repusar, reiardar ou dificultar sua assistência à saúde, sem justa causa,
^'pèér^n^s^t^ çaé&g^soóomhfà Ò'parágrafo
t ‘â n & V < f è £ f ê ' ' â l s p t í s ^ y ò E o art. 100 , no inciso 
;• .eonténríou.tró: tlpp? póitâv-içuiean retardar,aü^dffkluftàe.
"atendimento ou deixar de prestar assistòncia_à saúda, sem justa causa,
■ á pessoa idosa". - ' ’ ",
12.3.7 Maus tratos
A rt. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autori­
dade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou 
custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, 
quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando 
de meios de correção ou disciplina.
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou muita.
§ 1 * - Se do fato resulta íesão corporal de natureza grave:
Pena - reciusão, de um a quatro anos.
§ 2? - Se resuita a morte:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos,
§ 3.° - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra 
pessoa menor de 14 (catorze) anos.
Objeto jurídico: A vida ou a saúde da pessoa,
O sujeito ativo deve ser pessoa que possui a guarda, vigilância ou 
autoridade em relação à vítima (crime próprio).
O sujeito passivo deve ser pessoa sob a guarda, òu autoridade, ou 
vigilância (ex.: pais e filhos, tutor e tutelado, curador e curatelado, en­
fermeiro e paciente).
O elemento subjetivo é o dolo, duíko ou eventual. Não existe forma 
culposa.
Será qualificado se do fato resulta lesão corporal de natureza grave (pena 
de um a quatro anos), ou se resulta morte (pena de quatro a doze anos).
Trata-se, pois, de crime de ação vinculada, cuja caracterização de­
pende da ocorrência de uma das situações descritas na lei
Consiste em expor a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, 
guarda, ou vigilância, por meio de uma das seguintes condutas:
a) privação de alimentos ou de cuidados indispensáveis;
b) sujeição a trabalhos excessivos ou inadequados;
c) abusar dos meios de disciplina ou correção.
Cap. 12 - CRIMES CONTRA A PESSOA 173
A consumação ocorre com a exposição a perigo, independentemen­
te da ocorrência de dano. A tentativa somente é possível nas condutas 
comissivas (“fazer”).
NOTEI Qual.a e.de Jtortura?
A Lei tu?9.455/1997 ttefintô©s,crimés/de.tòrtgra.'é^ ;déritré;elés-,^'siéàuin- 
te figura típica:- ^súbmeteralguém '^ sob’sua guarda, pòder ou autoridade,
'con^ émpp&çiQ. dé- viú!êriçj§nqm gi^yô;',aips^Qà,^ :íbts^oHsófiliyiBnto: físico 
. ou: 'm n & t; 'cp0 p :'/o/ma- de $a- pafêiçir.
prev-eM vo"(art/1 .V I I ) . v' : ' y • . . . . . , . . - . .
Apesar de as duas normas possuírem pontos semelhantes, a começar 
pela relação entre criminoso e vítima e pelo sofrimento físico ou mental 
causado, no crime de tortura, o resultado deve ser um intenso sofrimento 
físico ou mental, ao passo que no crime de maus-tratos o resultado é tão 
somente a situação de perigo decorrente do abuso dos meios corretivos 
ou disciplinares.
Principalmente, o que os distingue, explica Ney Moura Teles:
“é o elemento volitivo. É a vontade do agente. Na tortura, sua finalidade 
é castigar por castigar ou para prevenir, enquanto o agente do crime de 
maus-tratos, embora abusando dos meios que tem a seu dispor, age com 
a intenção de corrigir ou disciplinar, para os fins de educação, tratamento, 
ensino ou custódia. Naquela, o dolo é de dano, aqui é de perigo.”30
12.4 CRIME BE RIXA
Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores:
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou muita.
Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, 
aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de detenção, de 
seis meses a dois anos.
Objeto jurídico: “O crime de rixa tem dupla objetividade jurídica. A 
principal é a vida e a incolumidade pessoal, enquanto a ordem pública 
é a secundária.”31
w TELES, Ney Moura. Direito Penal, São Paulo: Atlas, 2004, p. 251-252.
31 ARANHA RLHO, Adaibesto José Queiroz Teiles de Camargo. Direito Penal - Crimes contra a
Pessoa - Arts. 121 a 154, São Paulo: Atlas, 2005, p. 153.
174 DlfiEITO PENAL para concurso - POLÍCIA FEDERAL - Emerson Castelo Branco
Sujeito ativo e passivo, É crime de concurso necessário, isto é, sua 
caracterização exige a participação de, no mínimo, três pessoas, deno­
minados “rixosos”.
O elemento subjetivo é o dolo. Não se admite a forma culposa,
A consumação ocorre com a efetiva troca de agressões. A tentativa 
é possível.
Rixa é a luta desordenada entre contendores. Todos lutam entre 
si, de tal forma que é impossível estabelecer quem iniciou a agressão. 
Agridem-se mutuamente, num grande tumulto, perturbando a ordem e a 
convivência pacífica.
Se ocorre morte ou lesão cciporal de natureza grave, aplica-se, pelo 
fato da participação na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois 
anos (parágrafo único, art. 137).
Não há crime na conduta daquele que ingressa na luta apenas para 
separar os lutadores, já que inexiste dolo nessa hipótese.
Mirabete esclarece que “não importa que um ou mais dos participantes 
não seja identificado, respondendo normalmente os demais. Exclui-se. 
porém, do número mínimo os que vão separar os contendores, já que 
não praticam aqueles um fato típico.’'32
NOTE! Não importa o momento em que o agente ingressou na rixa, se 
no .começo desta, ou durante, ou no fim; se teve participação, responderá 
penalmente.
Conceito: Rixa é a luta desordenada entre contendores. Todos lu­
tam entre si, de tal forma que é impossível estabelecer quem iniciou a 
agressão. Agridem-se mutuamente, num grande tumulto, perturbando a 
ordem e a convivência pacífica. ^
QUESTÕES POTENCIAIS DE PROVA!
l.a - Pode ser cometido sem corpo a corpo - Apesar de não exigir 
o contato físico (corpo a corpo), o crime de rixa pressupõe a violência 
física; como, por exemplo, o arremesso de pedras ou qualquer tipo de 
objeto. Somente agressões verbais, mesmo intensas, não o configuram,
2J- - Grupos rivais - A mera agressão recíproca entre grupos rivais, 
com a identificação dos membros, não configura rixa.
” MIRABETE, Júlio Fabijrini. Manual de Direito Penal ~ V, II, 22,a ed., São Paulo: Atlas, 2004, p. 
148.
Cap. 12 - CRIMES CONTRA A PESSOA 1TS
3.a - Na rixa qualificada pelo resultado morte, se o autor for identifi­
cado, qual a solução? Segundo a doutrina amplamente majoritária, deverá 
responder pelo crime de rixa qualificada em concurso com o crime de 
homicídio. A corrente minoritária defende que o agente responda por rixa 
simples era concurso com homicídio, em face do princípio do non bis in 
idem (ninguém pode ser punido duas vezes por um mesmo fato).
4 , * - E o participante que sofre a lesão grave, responde também pela 
forma qualificada do crime de rixa? Segundo entendimento majoritário, 
ele não se exime da pena qualificada.
5.8 - Participante menor ou doente mental - .Para configurar o número 
mínimo de três participantes, estão incluídos aqueles que são menores 
de idade ou doentes mentais.
12.4.1 Questões comentadas
{CESPE/UnB 2004) Bernardo, trafegando com seu veículo em estrada de pouco 
movimento, verificou que, às margens da rodovia, encontrava-se, caída, uma vítima de 
atropelamento. Tendo Importante reunião de trabalho a se' iniciar dentro de meia hora, 
não prestou assistência à vitima. Terminada a reunião, arrependeu-se, voitou ao locai 
onde a vitima 3e encontrava e providenciou sua condução para um hospital, Nessa 
situação, a conduta posteriormente praticada n io elide a responsabilidade penal de 
Bernardo, que poderá responder peio crime de omissão de socorro.
Resposta: Correto. O crime de omissão de socorro é omlsslvo puro, consumando-se 
no exato momenío da omissão, independentemente de qualquer resultado. Desse modo, 
Bernardo responderá peto crime de omissão de socorro, visto que o mesmo se consumou 
no momento em que ele deixou de agir e foi para a reunião.
(CESPE/UnB 2005} Relativamente ao delito de rixa, previsto no Código Penal brasileiro, 
a doutrina e a Jurisprudência dominantes entendem não haver rixa quando a posição 
dos contendores é definida.
Resposta: Certo. Não haverá rixa quando for possível precisar claramente dois grupos 
rivais brigando eníre si, sendo possível a identificação dos causadores das agressões. 
Portanto, a doutrina e a jurisprudência majoritária apontam no sentido de nèio se caracterizar
o deiito de rixa quando a posição dos contendores está definida.
(CESPE/UnB 2003) Se três indivíduos iniciarem luta desordenada, agindo uns contra os 
outros e ocasionando lesões corporais recíprocas, e dois deles forem comprovadamente 
inlmputãveis, tai comprovação impossibilitará a configuração do delito de rixa. 
Resposta: Errado. A rixa é crime de concurso necessário de no minlmo 3 (três) pessoas, 
não Importando nesse cômputo eventuais inimputávefe, ou pessoas não identificadas, ou ainda 
pessoas mortas na briga. É a orientação da doutrina e da jurisprudência majoritária.
12.4.2 Questões CESPE/UnB
1. (Escrivão - Polícia Civil/ES 2006 - CESPE/UnB) O crime de rixa, com tipificação 
expressa no código penal, exige, no mínimo, a participação de seis pessoas, sendo 
irrelevante que, dentro do número mínimo, um deles seja ínimputável.
176_______ DjREITO PENAL para concurso - PQLtólA FEDERAL - Emerson Castelo Branco
2. (Escrivão - Policia CívIi/ES 2006 - CESPE/UnB) Considere-se que Joaquim, 
penalmente responsável, sem o ânimo cie morte na conduta, atirou contra João, 
ferindo-o gravemente, de modo que a vítima permaneceu Internada sob cuidados 
médicos por um período de 40 dias. Nessa situação, Joaquim responderá por crime 
de lesão corporal de natureza grave, ficando absorvido o crime de pericüíação da 
vida ou da saúde humana, visto que a situação de perigo foi ultrapassada e passou 
a constituir elemento do crime mais grave.
3. {Delegado da Polícia Federai 1997- CESPE/UnB) O evento morte, ocorrido durante 
uma rixa, qualifica a conduta de todos os contendores.
4. (Analista Processual - TJRR - 2006- CESPE/UnB) No crime de rixa, a coautorla 
é obrigatória, pois a norma incriminadora reclama como condição obrigatória do 
tipo a existência de pelo menos três autores, sendo irrelevante que um deles seja 
inimputável.
5. (CESPE/UnB 2005) No interior de um bar, Iniciou-se uma briga entre integrantes 
de duas torcidas, Júlio, que a tudo assistia, passou a desferir socos e pontapés 
nos contendores, sendo que um deies veio a sofrer ferimentos de natureza grave, 
causados por outro contendor. Nessa situação hipotética, a conduta praticada por 
Júlio caracteriza-se como tentativa de homicídio.
12 4 3 DICAS IMPRESCINDÍVEIS
j f f No crime de abandono de incapaz, trata-se de incapacidade civil? Não. 
A incapacidade é a concreta (real), isto é, a pessoa não tem condição 
de se defender por algum motivo (ex,: amnésia, embriaguez).
I Se a vítima for pessoa idosa, haverá crime de omissão de socorro do 
Código Penal? Será crime de omissão de socorro específico do Esta­
tuto do Idoso. Trata-se do art. 97 da Lei n.° 10.741/2003: “Deixar de 
prestar assistência ao idoso, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, 
em situação de iminente perigo, ou secusar, retardar ou dificultar sua 
assistência à saúde, sem justa causa, ou não pedir, nesses casos, o 
socorro de autoridade pública”. A pena é aumentada de metade, se 
da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se 
resulta a morte (parágrafo único).
Havendo maus tratos contra idoso, aplica-se o delito de maus tratos do 
Código Penal? Não. Em face do princípio da especialidade, haverá o 
crime disposto no art 99 do Estatuto do Idoso (Lei n.° 10.741/2003): 
“Expor a perigo a integridade e a saúde, física ou psíquica, do idoso, 
submetendo-o a condições desumanas ou degradantes, ou privando-o 
de alimentos e cuidados indispensáveis, quando obrigado a fazê-lo, 
ou sujeitando-o a trabalho excessivo ou inadequado”.
Cap. 12 - CRIMES CONTRA A PESSOA 177
uai a exata diferença entre raaus-traíos e tortura? Na tortura, o agente 
passa por intenso sofrimento físico ou mental Afora isso, no crime 
de maus-tratos, haverá a finalidade de educação, ensino, tratamento 
ou custódia. Já no crime de tortura, a intenção do agente é submeter 
a vítima a intenso sofrimento, como forma de aplicar castigo pessoal 
ou medida de caráter preventivo.
O crime de rixa exige o emprego de arma? Não. Contudo, para que 
se configure o delito, não basta apenas discussão verbal.
O crime de rixa somente será qualificado se ocorrer resultado morte 
ou lesão corporal de natureza grave? Sím. As lesões leves e a tentativa 
de homicídio não são suficientes para qualificar a rixa.
12.5 CRIMES CONTRA A HONRA
12.5.1 Considerações iniciais sobre os crimes contra a honra
A honra constitui o patrimônio moral de uma pessoa, gerando-lhe 
autoestima e boa impressão no convívio social. Divide-se em: honra 
objetiva e honra subjetiva.
Enquanto a honra objetiva é o conceito sobre alguém formado pelas 
pessoas do seu convívio social; a honra subjetiva é a autoestima, isto é, 
o conceito de si mesmo, subdividindo-se em honxa-dignidade (atributos 
morais) e honra-decoro (atributos físicos e intelectuais).
A calúnia e a difamação atingem a honra objetiva. A injúria atinge 
a honra subjetiva.
12.5.2 Calúnia (art. 138)
Art. 138 - Caluniar alguém, irnputandc-lhe falsamente fato definido 
como crime:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
§ 1 .° - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a 
propata ou divulga.
§ 2 .° - É punlvei a calúnia contra os mortos.
Exceção da verdade
§ 3.° - Admite-se a prova da verdade, salvo:
178 DSREÍTO PENAL para concurso - POLfCtA FEDERAL - Emerson Castóto Branco
1
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido 
não foi condenado por sentença irrecorrívei;
II - se o fato é Imputado a qualquer das pessoas indicadas no n.® i 
do art. 141;
!!! - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi 
absolvido por sentença irrecorrívei.
Objeto jurídico: honra objetiva.
Consiste na afirmação em relação a alguéra de um fato criminoso 
sabidamente falso. A falsidade pode referir-se:
a) a existência do fato o agente narra um crime que não existiu;
b) a autoria do crime - o fato existiu, mas o agente mente em relação 
à autoria.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa (crime comum) que faça a 
afirmação de uni fato criminoso falso em relação a alguém.
Sujeito passivo é a pessoa que soíre a ofensa.
O elemento subjetivo é o dolo, direto ou eventual. Não admite a 
forma culposa.
O crime de calúnia se consuma no momento em que terceiro toma 
conhecimento, justamente por atingir a honra objetiva. Dessa forma, 
não importa saber quando a vítima tomou conhecimento da ofensa. 
Quanto à forma tentada, somente a admite quando a ação for realizada 
por escrito.
A calúnia somente existe se for sobre um fato determinado, isto é, 
a narração de um episódio,
Quem propala ou divulga a calúnia também responde pelo crime, 
desde que tenha espalhado o fato conhecendo sua falsidade.
Admite-se calúnia contra os mortos.
Exceção da verdade. Só existe calúnia se a imputação é falsa. Se 
ela for verdadeira o fato é atípico. Assim, a produção de prova acerca 
da veracidade da imputação exclui a tipicidade da conduta. Entretanto, 
a exceção da verdade não será possível nos seguintes casos:
a) se, constituindo o fato imputado crime de ação
penal privada, o ofen­
dido não foi condenado por sentença irrecorrívei;
b) se do crime imputado, embora de ação penal pública, o ofendido foi 
absolvido por sentença irrecorrívei;
Cap. 12 - CRIMES CONTRA A PESSOA 179
c) se o fato é imputado contra o Presidente da República, ou contra chefe 
de governo estrangeiro.
12.5.3 Difamação (art. 139)
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-ihe fato ofensivo a sua re­
putação:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e muita.
Exceção da verdade
Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o 
ofendido é funcionário púbiico e a ofensa é relativa ao exercício de 
suas funções.
Objeto jurídico: honra objetiva.
A difamação consiste na afirmação de um fato determinado ofensivo 
à reputação de alguém (ex.: dizer que alguém sempre trabalha sob o 
efeito de álcool).
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa (crime comum) que faça a 
afirmação de um fato ofensivo à reputação de alguém.
Sujeito passivo é a pessoa que sofre a ofensa.
O elemeiito subjetivo é o dolo, direto ou eventual. Não admite a 
forma culposa.
Assim como no delito de calúnia, o crime se consuma no momento 
em que terceira pessoa toma conhecimento da afirmação.
A ofensa deve ser a afirmação de um fato determinado, isto é, a 
narração de um episódio. Se forem apenas “palavras”, “termos”, ou 
“expressões” ofensivas, será injúria.
À exceção da verdade somente é cabível se a vítima for funcionário 
público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções, conforme o 
parágrafo único, do art. 139.
12.5.4 Injúria (art. 140)
A r t 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
§ 1 .” - O juiz pode deixar de apiicar a pena:
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente 
a injúria;
il - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.
DiREITO PENAL para concurso - POLlCIA FEDERAL - Emerson Castelo Branco
§ 2.° - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua 
natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena 
correspondente à violência.
§ 3.° Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a 
raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou 
portadora de deficiência:
Pena - reclusão de um a três anos e multa.
Objeto jurídico; honra subjetiva,
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa (crime comum) que profira 
uma ofensa a dignidade ou o decoro de alguém.
Sujeito passivo é a pessoa que sofre a ofensa.
O elemento subjetivo é o dolo, direto ou eventual. Não admite a 
forma culposa.
Consiste numa mera ofensa (xingamento) contra a dignidade (ex.; 
mau caráter, ladrão, canalha) ou o decoro (ex.: burro, ignorante, feio), 
isto é, palavra, termo ou expressão ofensiva, de baixo calão, contra a 
autoestima de uma pessoa. Diferencia-se da calúnia e da difamação, 
porque não implica na afirmação de um fato determinado.
A injúria se consuma no momento em que a vítima toma conheci­
mento da imputação, enquanto a calúnia e a difamação se consumam 
quando terceiro toma conhecimento. Somente admite a forma tentada 
se for por escrito.
O § 1.°, do art. 140, do CP, prevê hipótese de aplicação de perdão 
judicial. O juiz pode deixar de aplicar a pena quando o ofendido, de 
forma reprovável, provocou diretamente a injúria (inciso X); ou no caso 
de retorsão imediata, que consista em êutra injúria (inciso II).
No § 2.°, do art. 140, do CP, encontra-se o delito de injúria ieal 
Consiste na injúria cometida com violência ou com vias de fato, consi­
derados como meios aviltantes. A pena é de detenção, de três meses a 
um ano, e muita, além da pena correspondente à violência. O dolo do 
agente é de ofender a honra subjetiva da pessoa por meio de violência 
ou de vias de fato.
Não se admite, em hipótese alguma, exceção da verdade no crime 
de injúria, justamente porque nesta não existe a imputação de um fato. 
Na injúria atribui-se uma qualidade negativa e não um fato.
A Lei 10.741/2003 criou uma nova figura penal: Injúria qualificada 
(art. 140, § 3.*). É a conduta do agente que comete o crime de injúria
Cap. 12 - CRIMES CONTRA A PESSOA 181
se utilizando de elementos referentes a raça, cor; etnia, religião, origem 
ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência. Nesse caso, 
a pena será qualificada de reclusão, de um a três anos e multa.
12.5.5 Das disposições comuns aos crimes contra a honra
Art. 141 - As penas comlnadas neste Capítulo aumentam-se de um 
terço, se qualquer dos crimes é cometido:
! - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo 
estrangeiro;
li - contra funcionário público, em razão de suas funções;
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divul­
gação da calúnia, da difamação ou da injúria;
IV - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de de­
ficiência, exceto no caso de injúria.
Parágrafo único. Se o crime é cometido mediante paga au promessa 
de recompensa, aplica-se a pena em dobro.
O alimento de pena do inciso I justifica-se pela relevância das 
funções desempenhadas pelo Presidente da República e pelo chefe de 
governo estrangeiro. No inciso II, o agente lesa o prestígio do Estado, 
representante da sociedade. No inciso III, a conduta é bem mais grave 
porque a ofensa é espalhada. No inciso IV, o legislador levou em conta a 
condição pessoal das vítimas para aumentar a pena. O aumento referente 
ao “maior de 60 anos” foi acrescentado pelo Estatuto do Idoso (Lei n.° 
10.741/2003). E por fim, a majoraníe do parágrafo único leva em conta 
a motivação torpe do agente (paga ou promessa de recompensa).
■'NOTEI O disposítfrd':sxprsssaméntè''afàètbu'.suá incidência do crinie de
; tn/úHai;o-que;.ensejaria.Ws7r)';,tó®«í'(dupia apiána$ãó"pèlp;mesmo1 fatój, 'uma 
vez que .tais’ condiçqes ..estão, presentes. no,.rp.l, qua tipifica a injúria precon­
ceituosa (ou qualificada), dtóposta: no§ 3^, cíó atógo I40 !à9 Código.33 '
A calúnia, a injúria e a difamação realizadas pelos meios de comu­
nicação tipificam crimes contra a honra específicos da Lei de Imprensa 
(Lei n.° 5.250/1967), afastava os delitos do Código Penal. Entretanto, 
recentemente, o Supremo Tribunal Federal reconheceu que a referida lei 
não foi recepcionada pela Constituição Federal de 1988, devendo a lei 
ser considerada como revogada.
53 NUCCI, Guilherme de Souza. Manuat de Direito Penal - Pane Gemi e Parte Especial, São Paulo: 
■Revista dos Tribunais, 2005, p. 621.
182 DIR0TO PENAL para concurso - POLlCIA FEDERAL - Emerson Castelo Branco
Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível:
! - a ofensa iírogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou 
por seu procurador;
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, 
salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar;
lií - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em 
apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever de 
oficio.
Parágrafo único. Nos casos dos n.° I e H, responde pela injúria ou pela 
difamação quem lhe dá publicidade.
São causas de exclusão da antijuridicidade específicas desses crimes. 
O inciso I é denominado “imunidade judiciária”, destinada a assegurar 
a ampla defesa de direitos, que fatalmente, em face da exacerbação de 
ânimos, pode levar ao descontrole com as palavras. Três requisitos de­
vem estar presentes:
a) a ofensa, escrita ou verbal, deve ser realizada em juízo;
b) deve ser na discussão da causa;
c) deve ser realizada pela parte ou seu procurador.
A imunidade judiciária não alcança o magistrado, nem o diretor de 
secretaria, escreventes, oficiais de justiça, peritos, tradutores, contado­
res, a quem é proibido injuriar ou difamar,

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