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UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP CURSO DE NUTRIÇÃO DISCIPLINA DE BROMATOLOGIA APOSTILA DE LABORATÓRIO DE BROMATOLOGIA Profª Rosa Maria Cerdeira Barros (Laboratório) - 2013 - NORMAS PARA O LABORATÓRIO 1. No laboratório é obrigatório o uso de avental e sapatos fechados. O aluno que não estiver devidamente parlamentado ficará impossibilitado de assistir as aulas práticas. 2. O aluno deverá trazer a apostila de aulas práticas todas às aulas. 3. O aluno que faltar em aula prática ficará sem a nota no relatório correspondente. 4. O aluno portador de atestado (médico, óbito) deverá entregar uma cópia do mesmo à professora da aula prática, na aula posterior à falta. Neste caso a média será feita sem a utilização da nota deste relatório. 5. Os relatórios deverão ser entregues após duas semanas do término da aula de laboratório. Caso seja feriado na data de entrega, o mesmo será entregue na semana em que houver a próxima aula prática. 6. Cada dia de atraso na data da entrega do relatório resultará na diminuição de 0,2 décimos de ponto na nota do mesmo. 7. O valor de cada relatório será de 2,0 pontos. 8. Conteúdo do relatório: a. Introdução: breve embasada na literatura texto deve ser referenciado valor máximo: 0,2 pontos b. Objetivos: claros coerentes com a prática realizada valor máximo: 0,1 pontos c. Materiais e métodos: produto analisado características sensoriais e da embalagem (data de validade, tipo e condição da embalagem) material e técnicas utilizadas valor máximo: 0,3 pontos d. Resultados cálculos, se necessário tabelas, se possível valor máximo: 0,4 pontos e. Discussão: fundamentação da prática discussão dos resultados com base na literatura texto deve ser referenciado valor máximo: 0,6 pontos f. Conclusão: não deve ser retirada da literatura é realizada com base nos resultados obtidos deve ser um laudo final da análise valor máximo: 0,2 pontos g. Referências bibliográficas devem ser feitas segundo as normas da ABNT. atualizadas valor máximo: 0,2 pontos Profª Rosa Maria Cerdeira Barros (Laboratório) DETERMINAÇÃO DE UMIDADE POR SECAGEM EM ESTUFA Objetivo geral: Determinar a composição centesimal de um alimento. Objetivo específico: Determinar o teor de umidade. 1. Introdução A determinação de umidade é uma das análises mais importantes feitas num produto alimentício. Uma vez que a quantidade de matéria seca de um alimento está inversamente relacionada à quantidade de umidade que o contém, o conteúdo de umidade é de extrema importância econômica tanto para o fabricante quanto o consumidor. Por exemplo, grãos que contem água demais estão sujeitos à rápida deterioração por crescimento de bolores, aquecimento e ataque de insetos. Pequenas diferenças no conteúdo de água podem ser responsáveis por casos inesperados de deterioração em alimentos. Importância da análise A matéria seca que permanece depois da remoção da umidade é comumente referida como SÓLIDOS TOTAIS. Este valor analítico é de grande importância econômica para o fabricante porque a água é um enchimento barato. Como principais importâncias da determinação do teor de água dos alimentos, podemos citar: 1) A umidade é um fator de qualidade na preservação de alguns produtos e afeta a estabilidade em: a) Vegetais e frutas desidratadas; b) Leite em pó; c) Ovo em pó; d) Batatas desidratadas. 2) O conteúdo de umidade (ou sólidos) é freqüentemente especificado em composições padrão, como por exemplo, em PADRÕES DE IDENTIDADE: a) Queijo “cheddar” deve ser menor ou igual a 39% de umidade; b) Farinha enriquecida deve ser menor que 15%; c) Xarope de glicose deve ter mais do que 70% de sólidos totais. 3) Cômputo do valor nutricional de alimentos requer que se saiba o conteúdo de umidade. 4) Dados de umidade expressam resultados de outras determinações analíticas em uma base uniforme (por exemplo, base peso seco). Conteúdo de umidade dos alimentos O conteúdo de água dos alimentos varia enormemente como é mostrado na tabela a baixo. A água é o principal constituinte da maioria dos produtos alimentícios. Alimento Conteúdo de umidade (%) Frutas Melão Laranja Maçãs Uvas 92,6 86,0 84,4 81,6 Vegetais Pepino Batatas brancas “snap beans, verde 95,1 79,8 90,1 Carne, aves domésticas e peixe Carne moída Frango frito 68,3 59,5 Produtos lácteos Leite integral Iogurte Queijo “cottage” Queijo “cheddar” 87,4 89,0 78,3 37,0 Ovos Ovo de galinha 73,7 Óleos e gorduras Margarina Manteiga Óleos 15,5 15,5 0 Formas de água nos alimentos A facilidade de remoção da água dos alimentos depende de como ela existe no produto alimentício. A água encontra-se nos alimentos de três formas: a) ÁGUA LIVRE - esta água retém suas propriedades físicas e d esta forma atua como agente dispersante para colóides e solventes para sais. b) ÁGUA ADSORVIDA - esta água está intimamente ligada ou está oclusa nas paredes celulares ou protoplasma e está ligada à proteínas. c) ÁGUA DE HIDRATACÃO - esta água está ligada quimicamente, por exemplo, Na2SO4.10H2O Dependendo da forma em que a água se encontra no alimento, o método usado para avaliar a umidade pode medir mais ou menos água presente. Por isso é necessário utilizar métodos oficiais de análise. Por exemplo, a AOAC (Association of Official Analytical Chemists) Método de determinação de umidade por secagem em estufa Neste caso a amostra é aquecida sob condições específicas, e a perda de peso é usada para calcular o conteúdo de umidade da amostra. O valor obtido é altamente dependente do tipo de estufa usada, condições da estufa, e o tempo e a temperatura de secagem. O tempo requerido pode ser de poucos minutos até 24 horas. 1.1. Remoção da umidade Todo método que usa estufa tem como fundamento o fato de que o ponto de ebulição da água é de 100 º C. A remoção da água de um alimento é às vezes mais eficiente em processo de 2 estágios. Produtos líquidos (sucos, leite) são comumente pré-secos sobre banho de vapor antes de serem secos na estufa. Produtos tais como pão e grãos colhidos no campo são freqüentemente secos ao ar, então moídos e secos em estufa, com o conteúdo de umidade calculado através da perda de umidade tanto no ar quanto na estufa. O tamanho da partícula, distribuição do tamanho da partícula, e a área de superfície influenciam a taxa e a eficiência da remoção da umidade. 1.2. Decomposição de outros constituintes dos alimentos A perda de umidade de uma amostra durante análise é função do tempo e temperatura. A decomposição acontece quando o tempo utilizado é longo demais ou quando a temperatura é elevada. O maior problema existente é que o processo físico deve separar toda a água sem decompor alguns dos constituintes que poderiam liberar água. Por exemplo, carboidratos se decompõem a 100 º C de acordo com a reação: C6H12O6 6C + 6H2O A água gerada na decomposição de carboidratos não é a umidade que nós queremos medir. Certamente outras reações químicas (hidrólise da sacarose) podem resultar na utilização de água, a qual poderia reduzir o teor de umidade. Um problema menos sério, mas que poderia consistir em fonte de erro é a perda de constituintes voláteis tais como ácido acético, propiônico e butírico; alcóois, ésteres e aldeídos. Enquanto que mudanças de peso durante a secagem em estufa são assumidas devido à perda de umidade, o ganho de peso pode também ocorrer devido à oxidação de ácidos graxos insaturados. 2. Procedimento experimental: Fundamento do método: Umidade corresponde à perda de peso sofrida pelo produto quando aquecido em condições na qual a água é removida. O aquecimento direto das amostras à 105º C é o processo mais usual. Amostras de alimentos que se decompõem, ou iniciem transformações a essa temperatura, devem ser aquecidas em estufa à vácuo, onde se reduz a pressão e se mantém a temperatura em torno de 70º C. Materiais: Estufa regulada a 105º C Balança analítica Cápsulas de porcelana Espátulas Dessecador com sílica Pinças Amostras: Brócolis congelados Biscoito club social Queijo parmesão ralado Grãos de soja Procedimento: 1) Tarar a cápsula que deve estar limpa, seca e numerada. 2) Pesar cerca de 5 g da amostra que deve estar homogeneizada. 3) Levar a cápsula à estufa durante 2 horas para a evaporação da água. 4) Resfriar a cápsula em dessecador e, em seguida pesar, anotando o peso encontrado. 5) Repetir as operações de aquecimento (por mais 1 hora) e de resfriamento até peso constante. Cálculos: a) Determine o valor médio da % de umidade do material, e seu respectivo desvio padrão, bem como o coeficiente de variação. b) Discutir se os resultados obtidos estão de acordo com dados de tabela de composição de alimentos. c) Determine a % de sólidos totais da amostra analisada. Para calcular a quantidade de água da amostra tem-se: Amostra Peso da cápsula (g) (tara) Amostra integral (g) Tara + amostra seca (g) Amostra seca (g) g H2O % umidade 1 2 3 % umidade = (peso água na amostra) x 100 (peso da amostra úmida) % umidade = (peso amostra úmida - peso da amostra seca) x 100 (peso da amostra úmida) % total sólidos= (peso amostra seca) x 100 (peso da amostra úmida) Referência bibliográfica: BRADLEY, R.L. Moisture and total solids analysis In: NIELSEN, S.S. Introduction to chemical analysis of foods, Boston, Jones & Bartlett, 1994. p.93-111. INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz. Métodos químicos e físicos para análise de alimentos, 3.ed., São Paulo, Inst. Adolfo Lutz, 1985, v.1, p.21-25. MASSON, L. Métodos analíticos para la determinación de humedad, alcohol, energia, materia grasa y colesterol en alimentos. In: Morón, C.; Zacarias, I.; de Pablo, S., ed. Producción y Manejo de Datos de Composición Química de Alimentos en Nutrición. Santiago: FAO/INTA, 1997.p.147-163. VOOGT, P., OSBORNE, D.R. Analisis de los nutrientes de los alimentos. Zaragoza, Editorial Acribia, S.A., 1986. p.45-48, p.103-249. CINZAS DETERMINAÇÃO DO RESÍDUO MINERAL FIXO Fundamento do método: Resíduo por incineração ou cinzas é o nome dado ao resíduo que não é destruído pela queima do produto. Sua composição depende, até certo ponto, da temperatura e do ponto em que se pode processar a ignição. Considera-se cinza total o resultado da incineração do produto à temperatura de 500-550º C em mufla. O método é baseado na determinação da perda de peso do material submetido ao aquecimento de 550º C, e, portanto, é um método gravimétrico. A perda de peso nos fornece o teor de matéria orgânica do alimento. A diferença entre o peso original da amostra e essa perda nos fornece a quantidade de cinzas presente no produto. Amostras: aquelas utilizadas no preparo e homogeneização Material e equipamentos: Mufla regulada à 550º C Triângulo de porcelana Tela de amianto Cadinho de porcelana Tripé Dessecador com sílica Bico de Bunsen Pinça Balança analítica Procedimento: 1. Aquecer o cadinho em mufla a 550oC por 1 hora. Esfriar em dessecador e pesar. 2. Pesar com exatidão em cadinho calcinado e tarado, cerca de 2 g de amostra (seca, ou integral se possuir um teor de água menor que 10%). 3. Começar a incineração aos poucos, em bico de gás, procurando aquecer igualmente todas as faces do cadinho. 4. Quando o produto estiver transformado em massa de carvão, transferir o cadinho para a mufla, deixando-o por espaço de tempo suficiente para a total destruição da matéria orgânica (material ficará branco ou cinza claro). 5. Deixar a temperatura da mufla abaixar pelo menos para 100º C. 6. Retirar o material, deixar esfriar completamente em dessecador, e pesar. Cálculos: Cálculo: Calcule a quantidade de cinza para 100g da amostra seca (bs) e para 100g da amostra integral. Referências bibliográficas: HARBERS, L.H. Ash analysis In: NIELSEN, S.S. Introduction to chemical analysis of foods,Boston, Jones & Bartlett, 1994. p.113-121. INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz. Métodos químicos e físicos para análise de alimentos, 3.ed., São Paulo, Inst. Adolfo Lutz, 1985, V.1, p.27-28. VOOGT, P., OSBORNE, D.R. Analisis de los nutrientes de los alimentos. Zaragoza, Editorial Acribia, S.A., 1986. p.45-48, p.103-249. LIPÍDEOS DETERMINAÇÃO DE LIPÍDEOS PELO MÉTODO DE SOXHLET Fundamento do método: O conteúdo total de lipídeos dos alimentos é comumente determinado através de sua extração com solventes orgânicos. A precisão desses métodos depende enormemente da solubilidade dos lipídeos no solvente usado. O conteúdo de lipídeo de um alimento determinado pela extração com um único solvente pode ser muito diferente do conteúdo determinado com outro solvente de polaridade diferente. Este método, juntamente com outros similares, é chamado de método de extração discontínua ou intermitente. O reagente permanece em contato com a amostra por um tempo, que dependerá da temperatura de destilação e do tamanho do tubo extrator. O método de Soxhlet fundamenta-se no fato de que o solvente orgânico atua diversas vezes sobre a amostra, a fim de retirar, por solubilização, toda a gordura. O solvente é aquecido, evapora, e ao atingir a parte superior, condensa-se e cai sobre a amostra, da qual se está extraindo a gordura. A sifonação permite que o solvente orgânico volte ao balão e se renove continuamente, possibilitando um trabalho em circuito fechado, pelo tempo que for necessário. Amostras: Material e equipamentos: Balões de fundo chato de 250 mL Espátulas Cartuchos de Soxhlet Aparelho de Soxhlet Balança analítica Éter etílico ou éter de petróleo Procedimento: 1) Tarar os balões em estufa 105oC por 2 horas. 2) Pesar precisamente cerca de 3,0g de amostra e colocá-la no cartucho feito de papel de filtro (com um pouco de algodão no fundo e depois cobrindo a amostra). 3) Pesar o balão de extração, previamente tarado. 4) Colocar o cartucho dentro da câmara extratora e adicionar cerca de 200 mL de éter no balão de extração. 5) Encaixar o balão ao aparelho de Soxhlet e ao condensador. 6) Ligar a torneira de água que alimenta o condensador. 7) Ligar a chapa aquecedora, contar 6 horas após o início da fervura. 8) Transcorrido esse tempo, recuperar o éter até o balão secar, mas não deixando a amostra carbonizar. 9) Levar o balão para estufa a 105º C, por 2 horas, esfriar em dessecador e pesar. 10) Repetir essa operação de secagem e pesagem até peso constante. Cálculos: % gordura = [(pf – pi) x 100] m amostra Onde: pf = peso do balão mais a gordura extraída (peso final) pi = peso do balão (tara) (peso inicial) m = massa da amostra em gramas Os resultados são expressos em gramas por cento de gordura para 100 g de amostra. Referências bibliográficas: AOAC. Official Methods of the Association of Official Analytical Chemists. Arlington: AOAC, 1995. Cap. 4, seção 4.5.0.1. ANÁLISE DE PROTEÍNAS 1) Introdução Pela importância destas substâncias nos organismos vivos e por serem portadoras de energia (ação energética) e por investirem na reprodução celular, as proteínas, polipeptídeos e aminoácidos, são considerados como elementos fundamentais da vida. São encontradas quase que em todos os alimentos, tanto de origem animal, como de origem vegetal, sendo que, nos primeiros, em geral, encontra-se uma maior quantidade e melhor qualidade, já que, nos animais, as proteínas são consideradas como proteínas de Alto Valor Biológico. Muitas proteínas dos alimentos foram purificadas e caracterizadas e são compostas por elementos incluindo hidrogênio, carbono, nitrogênio, oxigênio e enxofre. Cerca de 20 aminoácidos são os que constituem os blocos de proteínas. O nitrogênio é o elemento que mais se distingui nas proteínas. Porém, o conteúdo de nitrogênio em várias proteínas dos alimentos varia de 13,4 a 19,1 % devido à variação no aminoácido especifício que compõe as proteínas. Geralmente, proteínas ricas em aminoácidos básicos contem mais nitrogênio. A análise de proteínas é complicada pelo fato que alguns componentes do alimento possuem propriedades fisico-químicas similares. Nitrogênio não protéico poderia ser proveniente de aminoácidos livres, pequenos peptídeos, ácidos nucléicos, fosfolipídeos, aminoaçúcares, porfirinas e algumas vitaminas, alcalóides, ácido úrico, uréia e íons amônia. Assim, o nitrogênio orgânico total nos alimentos poderia ser representado primariamente pelas proteínas e em menos extensão por todas as substâncias não protéicas que contem nitrogênio. Dependendo da metodologia, outro macro elementos dos alimentos, incluindo lipídeos e carboidratos, poderia interferir fisicamente com a análise de proteínas. Numerosos métodos têm sido desenvolvidos para a medida do conteúdo de proteínas. Os princípios básicos desses métodos incluem as determinações de nitrogênio, ligações peptídicas, ácidos aromáticos, absortividade de proteínas no UV, grupos amino livres, propriedades de difusão de luz. 2) Importância da análise A análise de proteína é importante pela: a) Determinação da atividade biológica: algumas proteínas incluem enzimas ou inibidores de enzimas, que são importantes à ciência dos alimentos e nutrição: enzimas proteolíticas no amaciamento da carne, pectinases no amadurecimento de frutos, e inibidores de tripsina em sementes de leguminosas são proteínas. b) Investigação das propriedades funcionais: as proteínas em vários tipos de alimentos possuem propriedades únicas: por exemplo, gliadina e a glutelina presentes na farinha de trigo para a formação do pão, caseína no leite pra a coagulação na fabricação de queijo, e a albumina no ovo para a formação de espuma. 3) Métodos 3.1) Método de Kjeldahl 3.1.1) Princípio: No método de Kjeldahl, as proteínas e outros componentes orgânicos dos alimentos são digeridos com ácido sulfúrico na presença de um catalisador. O nitrogênio orgânico total é convertido à sulfato de amonia. A amostra digerida é neutralizada com uma solução alcalina e destilada numa solução de ácido bórico. Os ânions boratos formados são titulados com uma solução padronizada de ácido, o qual é convertido em nitrogênio presente na amostra. O resultado da análise representa o conteúdo de proteína bruta, uma vez que o nitrogênio determinado pode ser proveniente de outros componentes não protéicos. 3.1.2) Histórico do método O método original de Kjeldahl desenvolvido em 1883 inclui três etapas: Digestão: feita com ácido sulfúrico, com a adição de permanganato de potássio para a completa oxidação da amostra e conversão do nitrogênio à sulfato de amônia. Neutralização do material digerido, seguida por uma destilação em um volume conhecido de ácido, o qual contem iodeto e ioadato de potássio. Titulação do iodo liberado com solução padrão de tiossulfato de sódio. Diversas modificações importantes melhoram o método original: a) Catalisadores metálicos tais como mercúrio, cobre e selênio são adicionados para a completa digestão. Mercúrio tem sido o mais satisfatório. Dióxido de selênio e sulfato de cobre na razão de 3:1 tem sido reportado como sendo efetivo para a digestão. Dióxido de cobre e titânio também tem sido usados como uma mistura para a digestão. b) Sulfato de potássio é usado para aumentar o ponto de ebulição do ácido sulfúrico para acelerar a digestão. c) Sulfeto ou tiossulfato de sódio são adicionados no material digerido para ajudar a liberação do nitrogênio do mercúrio, o qual tende a se ligar à amônia. d) A amônia é destilada diretamente numa solução de ácido bórico e seguida pela titulação com um ácido padrão. 3.1.3) Procedimentos gerais e reações Preparo da amostra: alimentos sólidos são moídos e passados em uma malha de 20-Mesh. A amostra para a análise deve ser homogênea. Nenhumas outras preparações especiais são necessárias. Química da reação: Na etapa de digestão a amostra, precisamente pesada, é colocada num tubo de digestão. Adiciona-se o ácido, o catalisador e o sulfato de potássio e digere-se a amostra até a completa quebra de toda a matéria orgânica que é indicada pela formação de uma solução clara. Sulfato de amônio não volátil é formado da reação do nitrogênio e ácido sulfúrico: Amostra (N2) + H2SO4 _____________ (NH4)2SO4 (1) Durante a digestão, o nitrogênio da proteína é liberado na forma de íonhs amônia; o ácido sulfúrico oxida a matéria orgânica e combina com a amônia formada; elementos como carbono e hidrogênio são convertidos à dióxido de carbono e água. Na etapa de neutralização e destilação o material digerido é diluído com água. Uma solução alcalina é adicionada para neutralizar o ácido sulfúrico. A amônia formada é destilada numa solução contendo ácido bórico e indicador de azul de metileno e vermelho de metila. (NH4)2SO4 + 2 NaOH ______ 2 NH3 + Na2SO4 + 2 H2O (2) NH3 + H3BO3 ________ NH4 + H2BO3 - (3) Na etapa de titulação o ânion borato (proporcional à quantidade de nitrogênio) é titulado com uma solução padrão de HCl. H2BO3 - + H - _______ H3BO3 (4) 3.1.4) Cálculos: Moles HCl = Moles NH3 = Moles de N na amostra (5) % N = [( mL HCl – mL HCl branco) x Normalidade x 14,007 x 100 x fc]/mg amostra fc = fator de correção do ácido 14,007 = peso atômico do nitrogênio Para convertermos a % de N em % de proteína na amostra devemos multiplicar por um fator de 6,25, onde esse fator é calculado considerando-se que a maioria das proteínas possuem em média 16% de nitrogênio: 100 g Proteína _________________ 16 g N x _________________ 1 g N x = 6,25 O fator de conversão varia entre alguns alimentos e a tabela abaixo mostra o fator de conversão de % N para % de proteína de alguns deles: Alimento % N na proteína Fator Ovo ou carne 16,0 6,25 Leite 15,7 6,38 Trigo 18,0 5,70 Milho 16,0 6,25 Aveia 17,15 5,83 Soja 17,51 5,71 3.1.5) Vantagens do método: a) Aplicável a todos os tipos de alimentos. b) Relativamente simples. c) Barato. d) Exato, é o método oficial para se determinar o conteúdo de proteína total. e) Tem sido modificado para medir quantidades de microgramas de proteínas. 3.1.6) Desvantagens do método: a) Mede o conteúdo de nitrogênio orgânico total, não apenas o nitrogênio proveniente da proteína. b) Precisão mais pobre que o método de Biureto. c) Reagente corrosivo. Exercícios: 1) Uma amostra desidratada de feijão foi analisada para o conteúdo total de proteína, em duplicata, usando o método de Kjeldahl. O seguintes dados foram obtidos: % umidade do feijão = 8,0% Peso da amostra nº 1 = 0,0793 g Peso da amostra nº 2 = 0,0723 g Normalidade do HCl usado para a titulação = 0,02 N mL HCl usado para a amostra nº 1 = 9,7 mL mL HCl usado para a amostra nº 2 = 8,7 mL mL HCl usado para o branco = 0,2 mL fator do ácido = 1,043 Calcule a % de proteína do feijão ambos em base seca e base integral. Considere que a proteína do feijão contem 17,5% de nitrogênio. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL – ANÁLISE DE PROTEÍNA TOTAL PELO MÉTODO DE MICRO KJELDAHL Fundamento: O processo mais correntemente empregado para a determinação do nitrogênio total é o de Kjeldahl, para o quais inúmeras modificações de técnicas têm sido propostas. A base do processo é a seguinte: desloca-se o nitrogênio presente na amostra, transformando-o em sal amoniacal (sulfato de amonio, por meio de ácido sulfúrico). A seguir, desse sal obtido, desloca-se a amônia recebendo-a sobre a solução ácida de volume e título conhecidos. Por titulação de retorno determina-se a quantidade de nitrogênio que lhe deu origem. Reagentes: Ácido sulfúrico concentrado Indicador de Kjeldahl (solução alcóolica de vermelho de metila 0,2% e azul de metileno 0,2%, na proporção de 2:1) Sulfato cúprico Sulfato de potássio Solução de hidróxido de sódio 60% Solução saturada de ácido bórico Solução fatorada de ácido clorídrico 0,02 N Materiais: Balões de digestão Pipeta de 5 mL Bloco digestor Bureta de 25 mL Aparelho de destilação Erlenmeyer de 125 mL Papel manteiga Agitador magnético Espátula Barra magnética Papel manteiga Luvas de amianto Espátula Agitador de tubos Pipeta de 5 mL Água destilada Pisseta de água Proveta de 15 mL Descrição da técnica: 1) Pesar em papel manteiga cerca de 50 mg de amostra. Adicionar 50 mg de sulfato cúprico. Fechar o papel e colocá-lo no tubo digestor, contendo 2g de sulfato de potássio. 2) Adicionar 3 mL de ácido sulfúrico concentrado e deixar uma noite em repouso. 3) No dia seguinte colocar o tubo no bloco digestor que deverá estar na capela, e coloque a amostra para digerir, aumentando a temperatura lentamente até atingir 350º C. O tempo gasto na digestão depende da amostra e do digestor, sendo que varia de 1 até 3 horas. O final da digestão é indicado, quando o material contido no balão fica límpido. 4) Deixar esfriar, adicionar a mínima quantidade de água destilada necessária para dissolver os sólidos. 5) Transferir o material digerido para o aparelho de destilação . Adicionar em seguida 10 mL de hidróxido de sódio 60%. 6) Receber o destilado num erlenmeyer de 125 mL, contendo 5 mL de solução saturada de ácido bórico e 2-4 gotas de solução indicadora. 7) Recolher cerca de 50 mL de destilado. 8) Titular com HCl 0,02 N. 9) Fazer um branco. Cálculos: % N = [( mL HCl – mL HCl branco) x Normalidade x 14,007 x 100 x fc]/mg amostra Determinar a % de proteína na amostra, considerando-se um fator de conversão de nitrogênio para proteína de 6,25. Bibliografia: Nielsen, S.S. Introduction to the chemical analysis of foods. Purdue University, Jones and Bartlett Publishers, Boston, 1994. Ascar Filho, J.M. Alimentos: Aspectos bromatológicos e legais. Unisinos Editora, São Leopoldo do Sul, 1985. Método de determinação de nitrogênio – macroKjeldahl O nitrogênio orgânico é convertido a íon amônio por digestão sulfúrica catalisada. Com a adição de excesso de hidróxido de sódio a quente, forma-se amônia, que é extraída da solução por destilação a vapor, recolhida em solução de ácido bórico e, em seguida, titulada com ácido clorídrico padronizado. Reagentes Todos os reagentes devem ser de grau analítico e as soluções preparadas com água destilada ou deionizada. Sulfato de cobre II pentahidratado; Sulfato de potássio; Ácido sulfúrico concentrado; Ácido bórico 40 g/L; Hidróxido de sódio 33% em massa (460 g NaOH + 1 L H2O); Ácido clorídrico 0,1 M padronizado com carbonato de sódio (consultar manual de soluções, reagentes e solventes, pag. 09); Solução indicadora (0,2 g de vermelho de metila + 0,1 g de azul de metileno em 100 mL de etanol). Equipamentos Balança analítica; Bloco digestor; Capela; Destilador Kjeldahl; Bureta com precisão de 0,01 mL; Tubos para macro digestão. Procedimento Digestão da amostra: Transferir 15 g de sulfato de potássio e 0,5 g de sulfato de cobre II pentahidratado para o tubo de digestão. Em papel livre de nitrogênio (papel manteiga), pesar aproximadamente 2 g de amostra homogeneizada (1,5 g para amostras ricas em gordura). Transferir o papel com a amostra para o tubo, adicionar 25 mL de ácido sulfúrico concentrado e agitar suavemente o tubo. Colocar o tubo no bloco digestor sob a capela e ajustar aquecimento em 150 C. Observar se o conteúdo do tubo não está subindo pelas paredes, caso isso ocorra, retirar o tubo e agitar levemente. Quando este fenômeno não estiver mais ocorrendo, aumentar a temperatura de 50 C a cada 15 min até 350 C e manter nesta temperatura por mais 3 h. Ao final da digestão a solução com a amostra deve estar límpida. Desligar o digestor e aguardar resfriamento até temperatura ambiente. Adicionar 50 mL de água destilada lentamente pelas paredes do tubo e agitar até completa homogeneização. Destilação: Abrir a água de resfriamento do condensador, ligar a resistência e aguardar aquecimento de todo o sistema. Conectar na saída do condensador um erlenmeyer de 500 mL contendo 50 mL de ácido bórico 4% e 4 gotas de indicador, certificando-se de que a mangueira esteja mergulhada na solução. Encaixar firmemente o tubo no destilador, umedecendo a rolha para melhor vedação, e adicionar 100 mL da solução de hidróxido de sódio no recipiente apropriado acima do destilador. Abrir a válvula de vapor e, em seguida, a torneira do hidróxido de sódio até esgotar todo o volume, fechar a torneira do vapor e a do hidróxido de sódio e ligar o aquecimento. Recolher no mínimo 200 mL de destilado (aproximadamente 20 min.). Titular a solução obtida com ácido clorídrico 0,1 M padronizado e subtrair o volume gasto com um branco analisado paralelamente às amostras. VT = volume (mL) de HCl consumido pela amostra VB = volume (mL) de HCl consumido pelo branco M = molaridade do HCl m = massa da amostra (g) Bibliografia Official and Standardized Methods of Analysis. The Royal Society of Chemistry. 3 rd edition. 1995. p. 332-334. Manual de instruções do destilador Kjeldahl – TECNAL. m MVV gmgNC BT 14. )/(