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METEOROLOGIA E CLIMATOLOGIA Mário Adelmo Varejão-Silva Versão digital 2 – Recife, 2006 270 obter. Note-se que as cartas meteorológicas são elaboradas a partir de informações coletadas simultaneamente (abordagem sinótica, tipicamente euleriana) em diferentes pontos da atmosfera. Seria praticamente impossível empregar a abordagem lagrangeana, por ser muito complicado monitorar o movimento de partículas individualizadas de ar atmosférico. 3.2 - Diferencial total. Imagine-se que um certo volume substantivo de um fluido possui, em um determinado instante (to), uma propriedade física qualquer (H), variável com o tempo: a temperatura (T), por exemplo. Uma variação temporal da temperatura do fluido poderia ocorrer de duas maneiras dis- tintas: - como conseqüência da absorção ou da emissão de calor, experimentada simultaneamente pelo volume substantivo do fluido e pelo meio circundante, em equilíbrio térmico com ele; ou, - em decorrência de um deslocamento do volume substantivo do fluido, atravessando um meio onde a temperatura variasse com a posição (existência de um gradiente térmico); Na primeira hipótese as coordenadas de posição do volume substantivo do fluido (xo, yo e zo) não sofrem alteração alguma e a variação da temperatura com o tempo é dita local. Se ∂ T/∂ t traduzir a mudança por unidade de tempo (taxa), então, após um intervalo ∆t, a variação local da tempe- ratura será: ∆TL = (∂ T/ ∂ t) ∆t. ... (i) Na segunda alternativa o volume substantivo do fluido, animado de uma velocidade V, passaria às coordenadas xo+dx, yo+dy e zo+dz, em um dado intervalo de tempo (∆t), experimentando uma variação progressiva de T por influência do deslocamento. A alteração na temperatura, causada exclusivamente pelo fato do volume substantivo ter se movido, é: ∆TM = (∂ T/∂ x)dx + (∂ T/∂ y)dy + (∂ T/∂ z)dz ... (ii) onde (∂ T/∂ x), (∂ T/∂ y) e (∂ T/∂ z) representam incrementos da temperatura por unidade de com- primento ao longo dos eixos x, y e z, respectivamente. Cada incremento pode ser positivo, nulo ou negativo. É claro que a variação total da temperatura com o tempo (∆T), experimentada pelo volume substantivo do fluido, eqüivale à soma das duas contribuições (∆T = ∆TL + ∆TM), ou seja: ∆T = (∂ T/∂ t) ∆t + (∂ T/∂ x)dx + (∂ T/∂ y)dy + (∂ T/∂ z)dz. Dividindo essa expressão por ∆t, tem-se: ∆T/∆t = ∂ T/∂ t + (∂ T/∂ x)(dx/∆t) + (∂ T/∂ y)(dy/∆t) + (∂ T/∂ z)(dz/∆t) e no limite, quando ∆t tende a zero,