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Vygotsky e alguns processos de criação 
Linguagem &.Cognição 
(autores?) 
2012.2 
 
 Vygostsky (data?) introduz a questão da criação como fator importantíssimo 
tanto para a psicologia quanto para a pedagogia infantis. Ele salienta que o 
desenvolvimento e o significado dessa criação e todo o trabalho requerido por ela são 
importantes para o amadurecimento e crescimento da criança. 
 Podemos perceber processos de criação nas brincadeiras infantis, que são 
estruturadas a partir do que a criança viu e ouviu dos adultos, e são repletas de 
imaginação. Através delas, é possível que ela reelabore a realidade de forma criativa, 
dando outro olhar para as experiências que viveu ou presenciou. 
 Essa imaginação, que propicia o desenrolar dos processos criativos, segundo 
Vygotsky, se mostra pobre nas crianças. A capacidade de imaginar, para ele, depende 
das experiências vivenciadas e, para as crianças, isso estaria limitado, já que seu contato 
com o mundo e com os processos externos são ainda muito restritos. Diz ainda que, de 
acordo com Ribot(data?), apesar da criança imaginar menos que um adulto, ela confia 
mais no que é produzido por sua imaginação. 
 O imaginar e o criar são processos complexos e que se ligam. A imaginação não 
é apenas um divertimento da mente ou uma atividade qualquer, ela é importante e 
essencial para nós. Para nos fazer entender sobre isso, Vygotsky(data?) faz uma relação 
entre a fantasia e a realidade no comportamento humano. Ele nos diz que toda 
imaginação se baseia em elementos presentes na realidade, na vida e nas experiências da 
pessoa. Atenta também para o caráter emocional dessa relação dizendo que os 
sentimentos tendem a se basear em imagens conhecidas, que sejam correspondentes a 
eles. 
 Outros autores falam da questão da criação e introduzem a fase da criação 
literária. De acordo com Ana Luiza Smolka (2004), a palavra como produção humana 
permite modos de interação e de operação mental. Através dela é possível conhecer o 
mundo e planejar as ações, podendo construir a realidade. 
 
 No discurso infantil as formas gramaticais estão ausentes e isso demonstra que 
as crianças não conseguem estabelecer uma relação entre objetos e fenômenos. Só com 
o tempo a utilização de complementos e circunstâncias de tempo vão se tornando mais 
frequentes. O desenvolvimento mental de uma criança, segundo Vakhtiorov (data?), 
“caracteriza-se não só pela qualidade e quantidade das imagens, mas pela maior 
quantidade e melhor qualidade dos nexos entre as imagens. Quanto mais desenvolvida 
a criança, mais imagens e ideias ela tem capacidade de unir num todo interligado...” 
 
 Vygotsky cita três principais épocas do desenvolvimento da criação infantil: o 
primeiro é o da criação oral (aproximadamente dos três aos sete anos); o segundo, da 
escrita (dos sete anos a adolescência); e, o terceiro, o período literário (final da idade de 
transição e a época da juventude). 
 O pesquisador austríaco Linke (data?)conclui que quando as crianças são 
comparadas em relação à escrita e narrativa oral, as de sete anos de idade escrevem da 
mesma forma que falam as crianças de dois anos. Segundo ele, em torno de 5 minutos, 
as crianças dizem algo que precisam de aproximadamente 15 a 20 minutos para 
escrever. O resultado dessa demora reflete-se num caráter diferente da criação infantil. 
O que antes era mais importante na fala é substituído por um olhar mais detalhado para 
o objeto da descrição. Segundo Vygotsky “A fala tende para o estilo mais ativo, e a 
escrita, para o estilo mais qualitativo.”. 
 Vygotsky introduz a questão da brincadeira como uma etapa muito importante 
no desenvolvimento infantil e de acordo com ele: 
“... o mais importante não é a satisfação que a criança obtém brincando, e sim a 
utilidade objetiva, o sentido objetivo da brincadeira para a própria criança, que se 
realiza inconscientemente. Esse sentido, como se sabe, consiste no desenvolvimento e 
no exercício de todas as forças e inclinações da criança. Da mesma forma, a criação 
literária infantil pode ser estimulada e direcionada externamente e deve ser avaliada do 
ponto de vista do significado objetivo que tem para o desenvolvimento e a educação da 
criança. Da mesma forma que ajudamos as crianças a organizar suas brincadeiras, que 
escolhemos e orientamos sua atividade de brincar, podemos também estimular e 
direcionar sua reação criadora.” 
 Uma criança precisa do estímulo para o desenvolvimento das atividades 
criadoras e de um ambiente que lhe propicie isso. Uma forma interessante para 
estimular a criação literária são os murais infantis, onde elas passam a entender para que 
escrevem. 
 A brincadeira surge de uma necessidade muito forte que permite que as crianças 
descarreguem os sentimentos que a dominam. Inicialmente temos um sincretismo - 
quando desenha ao mesmo tempo narra o que está desenhando e dramatiza -, essa 
brincadeira serve de estágio preparatório para a criação artística da criança. 
 A conclusão da importância dessa atividade na infância para Vygotsky é de que: 
“...o sentido e o significado dessa criação é que permite à criança fazer uma brusca 
transposição no desenvolvimento da imaginação criadora, que fornece uma nova 
direção para a sua fantasia e permanece por toda sua vida. Por fim, seu significado é que 
ela permite à criança, ao exercitar seus ímpetos e capacidades criadoras, dominar a fala 
humana – esse instrumento delicado e complexo de formação e de transmissão do 
pensamento, do sentimento e do mundo interior humano.” 
 Ao falar do desenho, um tipo de criação predominante na primeira infância, 
Vygotsky se pauta em Kerschensteiner (data?) e analisa os quatro estágios infantis 
propostos por ele. 
 Kerschensteiner ao realizar experiências sobre o desenhar infantil, deixa de lado 
o estágio das garatujas, dos traços e da representação de elementos disformes isolados 
(proposto por Piaget) e considera o primeiro estágio, ou estágio de esquemas, quando 
surge efetivamente o desenho. 
 Segundo ele, nesse estágio inicial, a criança desenha representações 
esquemáticas dos objetos e reproduz o que lhe parece mais importante - o que sabe e 
não o que está vendo. Quando a figura humana aparece, é comum que se desenhe 
apenas a cabeça e as pernas, deixando de lado as outras características humanas. Ele fala 
também que ao desenhar uma pessoa de perfil, a criança desenha coisas que podem não 
estar no campo de visão dela e, por exemplo, fazer dois olhos no rosto. Cita 
Buhler(data?) que diz que quando a criança desenha uma figura humana vestida, 
primeiro ela a faz nua e depois vai colocando a roupa, fazendo com que o corpo apareça 
através dela, a isso ele dá o nome de desenho raio X. Para Buhler, os esquemas da 
criança são racionais, pois eles possuem conceitos e contêm apenas o que é importante e 
constante nos objetos. Nesse estágio, para Vygotsky, o desenho da criança é uma 
narração gráfica sobre o objeto representado. 
 No segundo estágio, denominado estágio do surgimento do sentimento de forma 
e linha, há a mistura de representação formal com a esquemática e também 
representações que se assemelham à realidade. Podemos encontrar um maior 
detalhamento dos objetos desenhados como, por exemplo, na figura humana, o 
aparecimento do dorso. 
 O terceiro estágio, segundo Kerschenstein, é marcado pelo desaparecimento do 
esquema e o desenho vai adquirindo uma aparência de silhueta e de contorno. Apesar da 
criança ainda não transmitir perspectiva e plasticidade do objeto, ela o representa de 
forma plausível e real. 
 No quarto estágio, já aparecem representações isoladas em relevo e o efeito luz e 
sombra também se faz presente. A criança
já começa a fazer uso da perspectiva e seus 
desenhos passam a ideia de movimento. Segundo Vygotsky, a partir desse estágio a 
criação não é mais espontânea e passa a se ligar às habilidades e ao domínio do material 
e é depois dos 13 anos que o desenho real começa a surgir. O adolescente (que tende 
para uma forma mais naturalista) não se satisfaz com desenhos quaisquer e busca agora 
fazer com que eles sejam feitos como se fossem a vida real, com representação de 
perspectiva e espaço. Ao contrário da criança, que busca representações mais 
simbolistas. 
 Um outro autor que fala dos estágios do desenho da criança e que Vygotsky não 
menciona é Piaget, que nos coloca ao invés de quatro estágios, cinco fases do 
desenvolvimento do desenho. Para ele, o desenhar da criança é uma forma dela elaborar 
conceitos de objetos e eventos, ela desenha menos o que vê e mais o que sente. 
 A primeira fase que Piaget considera e que Kerschensteiner não levou em conta 
é a Fase da Garatuja que passa pela fase sensório-motora (0-2 anos) e por parte da fase 
pré-operacional (2-7 anos). Nesse período, a criança demonstra um enorme prazer ao 
fazer seus rabiscos e a figura humana é inexistente. Há grande interesse pelos contrastes 
e as cores tem papel secundário. Piaget as divide em duas partes: a primeira é a 
Desordenada, que consiste em movimentos amplos e bagunçados e não há preocupação 
com os traços, e a segunda é a Ordenada, aonde os movimentos circulares e 
longitudinais começam a aparecer e há uma maior coordenação viso-motora. O interesse 
pelas formas também se faz presente e a figura humana é construída de forma 
imaginária. Nesse momento, a criança diz o que quer desenhar, mas a relação fixa entre 
o objeto e sua representação não existe. 
 A segunda é a Fase do Pré-Esquematismo que acompanha a fase pré-
operacional. Nesse momento, há a descoberta da relação entre o desenho, o pensamento 
e a realidade. A distribuição dos elementos é dispersa, eles não se relacionam entre si, e 
o colorido desses elementos não tem a ver com a realidade, ele depende do estado 
emocional da criança. 
 Em seguida, Piaget fala da Fase do Esquematismo, presente na fase das 
operações concretas que vai dos sete aos doze anos aproximadamente. É nessa etapa que 
os esquemas representativos começam a aparecer e a criança já possui um conceito 
definido sobre a figura humana, mas é tomada por exageros e descuidos ao representá-
las. Também nessa fase, ela começa a construir formas diferenciadas para cada 
categoria de objetos. Seguindo essa fase, no final das operações-concretas, está presente 
a Fase do Realismo, aonde a criança começa a desenhar figuras geométricas e a 
diferenciar os sexos colocando, por exemplo, saia nas meninas e bermuda nos meninos. 
 Por último, ele fala da Fase do Pseudo Naturalismo, que está presente na fase do 
operatório formal, dos 12 anos em diante. É a partir daí que se dá o fim da arte como 
atividade espontânea e a criança passa a reproduzir seus desenhos com objetividade e 
fazendo uso consciente da cor e da profundidade. Assim, ela é envolvida por um 
realismo, que a leva a desenvolver sua arte tendo um objetivo em mente. 
 A criação, segundo Vygotsky ensina a criança a identificar sua capacidade 
criadora. Para ele, o futuro é alcançado pelo homem a partir da imaginação criadora que 
ele possui. Nossa orientação para o futuro e nosso comportamento que se apoiam e 
procedem dele,são funções da imaginação e ela é uma das principais forças no processo 
de realização dos objetivos. 
 
 
 
 
 
 
Bibliografia: 
VIGOTSKI, Liev S. A imaginação e criação na infância :ensaio psicológico: livro 
para professores/Lev Semionovich Vigotski; apresentação e comentários Ana Luiza 
Smolka; tradução Zoia Prestes. – São Paulo: Ática, 2009 
 
EYNG, Célio Roberto. A imaginação e a criação na infância segundo Vygotsky: 
resenha; Professor assistente do centro de ciências humanas da Universidade do Oeste 
do Paraná- UNIOESTE- campus de Francisco Beltrao 
Filme Abril Despedaçado: filme suíço-franco-brasileiro de 2001, dirigido por Walter 
Salles e baseado no romance Prilli i Thyer de Ismail Kadare, adaptado por Karim 
Aïnouz. 
http://www.olharpedagogico.com/site_detalheDica.php?id=10 
http://www.pedagogia.com.br/artigos/desenhonaalfabetizacao/index.php?pagina=1

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