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PARAÍSO, de Hieronymus Bosch. Triplico O Jardim das Delícias, c. 1500. Para o tomlsmo, a teologia não se confunde com os dogmas da religião mostra que a sedução foi invencível e gradativamente, desde o início do século XIII, Aristóteles se impôs na Faculdade de Artes, a faculdade "preparatória" para as demais (Direito, Medicina e Teologia) da universidade medieval. Além do mais, a tradução de Aristóteles foi acompanhada de uma vasta coleção de "comentários" árabes e gregos, em particular os do persa mulcumano Avicena. Ele apresentou, na verdade, uma síntese original do aristotelismo em chave neopla-tônica e que ainda acrescentava ao carpus recebido tratados de medicina que foram a forma científica dessa atividade até o início da era moderna. Também foram fundamentais a contribuição do filósofo judeu aristotélico Moisés Maimônides e, principalmente, a de Averróis, o grande filósofo da Espanha mulçumana, considerado pêlos medievais o comentador, por excelência, de Aristóteles. Em pouco mais de duas gerações, os latinos sofreram o impacto de uma avalanche de ideias novas. ARISTOTELISMO E RELIGIÃO O essencial do trabalho de Tomás de Aquino foi assimilar Aristóteles. Em primeiro lugar, compreendê-lo, em segundo, mostrar que era compatível com a expressão teórica da religião. Para isso, ele escreveu vários conjuntos de obras sobre religião: um longo comentário das Sentenças do pensador do século XII Pedro Lombardo (texto que foi a base do ensino teológico até o começo da Modernidade), comentários de livros bíblicos e, em particular, duas "sumas" de teologia e mais um sem-número de opúsculos. Também escreveu comentários de diversas obras de Aristóteles, além de comentar autores neoplatônicos, como Boécio, o Pseudo-Dionisio e o anónimo Livro dos causas. Das duas "sumas", a Suma contra os gentios e a Suma de teologia (em geral chamada de Suma teológica), a segunda, mesmo incompleta, é, de longe, a mais importante e o ponto de articulação de toda a atividade intelectual de Tomás. Escrita entre 1265-1266 e 1273, a Suma teológica é concebida expressamente como um manual para estudantes (cuja capacidade intelectual, pelo visto, Tomás tinha em alta conta...). Um manual científico segundo os cânones de cientificidade aristotélicos. Daí a novidade radical do projeto. A noção de "teologia", até então, só raras vezes aparecia na tradição cristã porque implica uma pretensão de cientificidade aparentemente incompatível com a religião revelada nos textos sagrados. Tanto que os outros dois ramos do monoteísmo, o judaico e o mulcumano, nunca a incorporaram. "Teologia" ou era obra de "pagãos", como os Elementos de teologia de Próclo (410-485), ou sobretudo "teologia negativa", como a Teologia mística do neoplatônico cristão conhecido como o Pseudo-Dionisio (séc. VI), curtíssimo tratado sobre o que Deus não é, mostrando que só se pode dizer o que Deus é "simbolicamente". No século XII, Pedro Abelardo escreve, pela primeira vez, uma Teologia cristã, uma "introdução ao estudo da doutrina sagrada". Abelardo concebe a teologia como a ciência que analisa e expõe os enunciados da religião, sem entrar no mérito de sua verdade (que não estava Filipe IV da França e o papa Clemente V esmagam a rica e poderosa Ordem dos Templários, fundada em 1118 no reino cristão de Jerusalém. Os muçulmanos conquistam Acre, último bastião europeu na Terra Santa. O episódio das Cruzadas chega ao fim. Sétima Cruzada, chefiada por Luís IX da França. Eleição do papa Inocêncio IV, principal adversário de Frederico II. Luís IX da França lança a Oitava Cruzada, durante a qual morre, vítima da peste. A Nona Cruzada é organizada pelo futuro rei Eduardo l da Inglaterra, mas não consegue impedir a asfixia dos domínios cristãos no Oriente. Criação da Sorbonne, inicialmente uma faculdade de Teologia ligada à Universidade de Paris, instituição de ensino formada por volta de 1170. www.menrecerebro.com.br PENSADORES DA ALM A E DAS PAIXÕES 89