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valor, o dinheiro serve, portanto, como dinheiro apenas imaginário ou ideal. Essa circunstância deu origem às mais absurdas teorias.143 Em- bora apenas dinheiro imaginário sirva para a função de medida do valor, o preço depende totalmente do material monetário real. O valor, isto é, o quantum de trabalho humano contido, por exemplo, numa tonelada de ferro, é expresso num quantum imaginário da mercadoria monetária, que contém a mesma quantidade de trabalho. Por isso, conforme ouro, prata ou cobre sirvam de medida do valor, o valor da tonelada de ferro recebe expressões de preço inteiramente diferentes ou é apresentado em quantidades de ouro, prata ou cobre totalmente diversas. Se, por isso, duas mercadorias diferentes, por exemplo ouro e prata, servem, ao mesmo tempo, de medidas de valor, então todas as mercadorias possuem duas expressões diferentes de preços, o preço em ouro e o preço em prata, que correm tranqüilamente um ao lado do outro, enquanto a relação de valor entre ouro e prata ficar inalterada, por exemplo 1: 15. Mas cada alteração dessa relação de valores perturba a relação entre os preços em ouro e os preços em prata das mercadorias, provando assim, de fato, que a duplicação da medida de valor contradiz sua função.144 Todas as mercadorias com preços determinados apresentam-se sob a forma: a mercadoria A = x ouro, b mercadoria b = z ouro, c mercadoria C = y ouro etc., em que a, b, c representam certas quan- tidades das espécies de mercadorias A, B, C, e x, y, z certas quantidades de ouro. Os valores das mercadorias são assim transformados em quan- tidades imaginárias de ouro de tamanhos diferentes, portanto, apesar MARX 221 143 Ver MARX, Karl. Zur Kritik etc., “Theorien von der Masseinheit des Geldes”, p. 53 et seqs. 144 Nota à 2ª edição. “Onde o ouro e a prata permanecem legalmente um ao lado do outro, como dinheiro, isto é, como medida de valor, sempre tentou-se, em vão, tratá-los como uma única e mesma matéria. Se foi admitido que o mesmo tempo de trabalho tem que, imuta- velmente, objetivar-se na mesma proporção de prata e de ouro, admite-se de fato que prata e ouro são a mesma matéria e que determinada quantidade do metal menos valioso, da prata, forma uma fração imutável de determinada massa de ouro. Do governo de Eduardo III até o tempo de George II, a história do sistema monetário inglês decorre numa série progressiva de perturbações resultante da colisão entre a fixação legal da relação de valor entre ouro e prata e suas reais oscilações de valor. Ora era o ouro avaliado em demasia, ora era a prata. O metal subavaliado era retirado de circulação, fundido e exportado. A relação de valor de ambos os metais era então legalmente alterada, mas o novo valor nominal entrava logo no mesmo conflito com a relação de valor real, como o antigo. — Em nossa própria época, a queda muito fraca e passageira no valor do ouro em relação à prata, em conseqüência da demanda de prata na Índia e na China, produziu o mesmo fenômeno na maior escala, na França: exportação da prata e sua expulsão da circulação pelo ouro. Durante os anos de 1855, 1856 e 1857, o excedente de importação de ouro pela França sobre a exportação de ouro pela França montou a 41,58 milhões de libras esterlinas, enquanto o excedente de exportação de prata sobre a importação de prata foi de 34,704 milhões de libras esterlinas. De fato, nos países onde os dois metais são as medidas legais de valor, portanto, onde ambos têm que ser aceitos em pagamento, mas qualquer um pode pagar à vontade em ouro e prata, o metal com valor em alta porta um ágio e mede como qualquer outra mercadoria seu preço no metal superavaliado, enquanto o último é o único que serve de medida de valor. Toda a experiência histórica nessa área se reduz simplesmente a que, onde duas mercadorias estão legalmente providas com a função de medida de valor, só uma delas se impõe como tal.” (MARX, Karl. Op. cit., p. 52-53.)