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os testemunhos dos escritores da época, os simples fatos de que do século XVI até a época da grande indústria o capital não conseguiu apoderar-se do tempo total disponível dos trabalhadores manufaturei- ros, que as manufaturas eram de vida curta e, de acordo com a imi- gração ou a emigração dos trabalhadores, tinham de deixar um país para instalarem-se em outro, falariam com a eloqüência de bibliotecas. “Ordem tem de ser estabelecida, de um modo ou de outro”, exclama em 1770 o repetidamente citado autor do Essay on Trade and Com- merce. Ordem, ressoa 66 anos mais tarde da boca do dr. Andrew Ure, “ordem” faltou na manufatura baseada no “dogma escolástico da divisão do trabalho” e “Arkwright criou a ordem”. Ao mesmo tempo, a manufatura nem podia apossar-se da pro- dução social em toda a sua extensão, nem revolucioná-la em sua pro- fundidade. Como obra de arte econômica ela eleva-se qual ápice sobre a ampla base do artesanato urbano e da indústria doméstica rural. Sua própria base técnica estreita, ao atingir certo grau de desenvol- vimento, entrou em contradição com as necessidades de produção que ela mesma criou. Uma de suas obras mais completas foi a oficina para a produção dos próprios instrumentos de trabalho, nomeadamente também dos apa- relhos mecânicos mais complicados que já começavam a ser aplicados. “Tal oficina”, diz Ure, “oferecia aos olhos a divisão do trabalho em suas múltiplas gradações. A furadeira, o cinzel, o torno tinham cada um seus próprios trabalhadores, classificados hierarquica- mente segundo o grau de sua habilidade.”687 Esse produto da divisão manufatureira do trabalho produziu, por sua vez — máquinas. Elas superam a atividade artesanal como prin- cípio regulador da produção social. Assim, por um lado, é removido o motivo técnico da anexação do trabalhador a uma função parcial, por toda a vida. Por outro lado, caem as barreiras que o mesmo princípio impunha ao domínio do capital. OS ECONOMISTAS 482 687 URE. Op. cit., p. 21.