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1 CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM EQUAÇÕES DIFERENCIAIS Definição de Equação Diferencial Ordinária Uma Equação Diferencial Ordinária (EDO) é uma equação da forma F(x, y(x), y’(x), y’’(x),..., y(n)(x))=0 envolvendo uma função incógnita y = y(x) e suas derivadas ou suas diferenciais. x é a variável independente, y é a variável dependente e o símbolo y(k) denota a derivada de ordem k da função y = y(x). Exemplos: 1. y’’ + 3y’ + 6y =sin(x) 2. (y’’)3 + 3y’ + 6y = tan(x) 3. y’’ + 3y y’ = e x 4. y’ = f(x, y) 5. M (x, y) dx + N(x,y) dy = 0 1.2 Ordem e Grau de uma Equação Diferencial A ordem da equação diferencial é a ordem da mais alta derivada da função incógnita que ocorre na equação. Grau é o valor do expoente para a derivada mais alta da equação, quando a equação tem a “forma” de um polinômio na função incógnita e em suas derivadas, como por exemplo, A y(3) + B y(2) + C y(1) + D y(0) = 0, tem grau 1. Exemplos: 1. y’’ + 3y’ + 6y = sin(x) e y’’ + 3y y’ = ex têm ordem 2 e grau 1. 2. (y’’)3 + 3(y’)10 + 6y = tan(x) tem ordem 2 e grau 3. 3. y’ = f(x, y) e M(x, y)dx + N(x, y)dy = 0 têm ordem 1 e grau 1. 2 1 .3 Classes de diferenciabilidade Uma função real f : R → R pertence à classe de diferenciabilidade Cn(R), se: 1. f é contínua; 2. Todas as derivadas f(k) (k =1, 2, 3, ..., n) são funções contínuas. Quando n =0, identificamos a classe das funções reais contínuas com C0(R). Exemplos: 1. A função f : R → R definida por f(x) = |x| pertence à classe C0(R) mas não pertence à classe C1(R). 2. A função g : R → R definida por g(x) = | x |3 pertence à classe C3(R) mas não pertence à classe C4(R). 3. A função h: R → R definida por h(x) = ex pertence à classe C∞(R). 1.4 Operadores diferenciais lineares Demonstra-se que o conjunto F = Cn(R) de todas as funções reais n vezes continuamente diferenciáveis, é um espaço vetorial sobre R. Para cada f ∈ F, definimos o operador diferencial D : F → F por D(f) = f’ sendo D0(f) = f. Para cada k = 1, 2, 3, ..., n, definimos o operador diferencial recursivo Dk : F → F por Dk(f) = D[Dk−1(f)] = f(k) que representa a derivada de ordem k da função f ∈ F. Demonstra-se que são lineares estes operadores diferenciais Dn :F→ F, isto é, para quaisquer f , g ∈ F e para quaisquer a, b ∈ R: Dn(af + bg) = a Dn(f) + b Dn(g) 3 Exemplo: O operador L = x5D2 + exD + sin(x)I é linear sobre o espaço vetorial F = C2(R), pois para quaisquer f , g ∈ F e para quaisquer números reais a e b, vale a identidade L(af + bg) = a L(f) + b L(g). 1.5 Equação Diferencial Ordinária Linear de ordem n Uma equação diferencial linear de ordem n é da forma a0(x) y(n) + a1(x)y(n−1) + a2(x)y(n−2) + ... + an(x)y = b(x) onde as funções b = b(x) e ak = ak(x) (k = 0, 1. 2, ..., n), são funções conhecidas a0 = a0(x) não identicamente nula e todas estas funções devem depender somente da variável x. A função (incógnita) desconhecida é y = y(x). Em virtude das informações da seção anterior, é possível definir o operador diferencial linear L = a0(x) D(n) + a1(x)D(n−1) + a2(x) D(n−2) + ... + an(x) e assim a equação diferencial acima terá a forma simplificada L(y) = b(x) e este é o motivo pelo qual, a equação diferencial acima recebe o nome de linear. 1.6 Solução de uma Equação Diferencial Uma solução para uma equação diferencial é uma função que satisfaz identicamente à equação. A solução mais geral possível que admite uma equação diferencial é denominada solução geral, enquanto que outra solução é chamada uma solução particular. Exemplos: 1. y(x)=e−x é uma solução particular de y’ + y = 0. 2. y(x) = Ce−x é a solução geral de y’ + y = 0. 3. y(x) = sin(x) é uma solução particular de y’’ + y = 0. 4 4. y(x) = Asin(x) + B cos(x) é a solução geral de y00 + y = 0. 5. y(x) = 777 é uma solução particular de y00 + 3y y0 = 0. 1.7 Existência e unicidade de solução para uma EDO Três perguntas importantes sobre soluções para uma EDO. 1. Dada uma equação diferencial, será que ela tem solução? 2. Se tiver solução, será que esta solução é única? 3. Existe uma solução que satisfaz a alguma condição especial? Para responder a estas perguntas, existe o Teorema de Existência e Unicidade de solução que nos garante resposta para algumas das questões desde que a equação tenha algumas características. Alertamos que descobrir uma solução para uma Equação Diferencial é algo “similar” ao cálculo de uma integral e nós sabemos que existem integrais que não possuem primitivas, como é o caso das integrais elípticas. Dessa forma, não é de se esperar que todas as equações diferenciais possuam soluções. 1.8 Problema de Valor Inicial (PVI) Uma equação diferencial satisfazendo algumas condições adicionais é denominada Problema de Valor Inicial (PVI). Exemplo: ex y0 + 2y = arctan(x) y(0)= π Se forem conhecidas condições adicionais, podemos obter soluções particulares para a equação diferencial e se não são conhecidas condições adicionais poderemos obter a solução geral. 5 Equações diferenciais ordinárias de primeira ordem As formas normal e diferencial de EDO de primeira ordem Uma grande quantidade de equações diferenciais ordinárias de primeira ordem pode ser escrita na sua forma normal, dada por: y0 = f(x/ y) ou quando a função f = f(x , y) pode ser escrita como o quociente de duas outras funções M = M(x , y) e N = N(x , y), temos: ),( ),( yxN yxMy =′ É vantajoso manter o sinal negativo antes da fração, na forma ),( ),( yxN yxMy −=′ pois usando o fato que dy = y0(x)dx, poderemos escrever M(x , y) dx + N(x , y) = 0. Exemplos: 1. A equação diferencial y0 = cos(x + y) está em sua forma normal. 2. A equação diferencial y xy =′ está em sua forma normal, mas pode ser reescrita na sua forma diferencial xdx − ydy = 0.