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temática, como lei reguladora da produção social e numa forma ade- quada ao pleno desenvolvimento humano. Tanto na agricultura quanto na manufatura, a transformação capitalista do processo de produção aparece, ao mesmo tempo, como martirológio dos produtores, o meio de trabalho como um meio de subjugação, exploração e pauperização do traba- lhador, a combinação social dos processos de trabalho como opressão orga- nizada de sua vitalidade, liberdade e autonomia individuais. A dispersão dos trabalhadores rurais em áreas cada vez maiores quebra, ao mesmo tempo, sua capacidade de resistência, enquanto a concentração aumenta a dos tra- balhadores urbanos. Assim como na indústria citadina, na agricultura mo- derna o aumento da força produtiva e a maior mobilização do trabalho são conseguidos mediante a devastação e o empestamento da própria força de trabalho. E cada progresso da agricultura capitalista não é só um progresso na arte de saquear o trabalhador, mas ao mesmo tempo na arte de saquear o solo, pois cada progresso no aumento da fertilidade por certo período é simultaneamente um progresso na ruína das fontes permanentes dessa fer- tilidade. Quanto mais um país, como, por exemplo, os Estados Unidos da América do Norte, se inicia com a grande indústria como fundamento de seu desenvolvimento, tanto mais rápido esse processo de destruição.323 Por isso, a produção capitalista só desenvolve a técnica e a combinação do processo de produção social ao minar simultaneamente as fontes de toda a riqueza: a terra e o trabalhador. MARX 133 323 Cf. LIEBIG. Die Chemie in ihrer Anwendung auf Agrikultur und Phisiologie. 7 ª ed., 1862; também no primeiro volume de Einleitung in die Naturgesetze des Feldbaus. O desenvol- vimento do lado negativo da agricultura moderna de um ponto de vista científico é um dos méritos imortais de Liebig. Também seus esboços sobre a história da agricultura contêm ainda que com erros grosseiros, observações lúcidas. É de se lamentar que ouse observações gratuitas como: “Pulverizando mais e arando com maior freqüência o solo, ativa-se a cir- culação do ar no interior das partes porosas da terra, amplia-se e renova-se a superfície do solo sobre a qual o ar deve agir, sendo, porém, facilmente compreensível que o aumento da produção do campo não pode ser proporcional ao trabalho nele aplicado, mas que cresce em proporção bem menor”. “Essa lei”, acrescenta Liebig, “foi formulada primeiro por J. St. Mill em seu Princ. of Pol. Econ., v. I, p. 17, do seguinte modo: ‘Ö produto da terra cresce caeteris paribus numa proporção decrescente ao aumento de trabalhadores ocupados’.” (O Sr. Mill até repete a lei da escola ricardiana numa formulação falsa, pois lá the decrease of the labourers employed, o decréscimo dos trabalhadores empregados, sempre marchou na Inglaterra passo a passo com o progresso da agricultura; dessa maneira essa lei descoberta na e para a Inglaterra não encontraria aplicação ao menos na Inglaterra.) “É a lei geral da agricultura, sendo bastante notável pois seu motivo lhe era desconhecido.” (LIEBIG. Op. cit., v. I, p. 143 e nota.) Além do sentido errôneo da palavra “trabalho”, pela qual Liebig entende algo diferente do que entende a Economia Política, é, de qualquer modo, “bastante notável” que ele faça do sr. J. St. Mill o primeiro enunciador de uma teoria que James Anderson, à época de A. Smith, publicou pela primeira vez e repetiu em vários textos até o início do século XIX, e da qual Malthus, esse mestre do plágio (sua teoria da população é um plágio desavergonhado), se apropriou em 1815, a qual West, à mesma época e independentemente de Anderson, desenvolveu, que Ricardo, em 1817, formulou no contexto da teoria geral do valor e que, daí por diante, sob o nome de Ricardo, deu a volta ao mundo, que, em 1820, é vulgarizada por James Mill (o pai de J. St. Mill) e, finalmente, é repetida, entre outros, pelo sr. J. St. Mill, já como um dogma escolar transformado em lugar-comum. É incontestável que J. St. Mill deve sua, de qualquer modo, “notável” auto- ridade quase somente a semelhantes qüiproquós.