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como os pássaros. A expropriação da base fundiária do produtor rural,
do camponês, forma a base de todo o processo. Sua história assume co-
loridos diferentes nos diferentes países e percorre as várias fases em se-
qüência diversa e em diferentes épocas históricas. Apenas na Inglaterra,
que, por isso, tomamos como exemplo, mostra-se em sua forma clássica.675
2. Expropriação do povo do campo de sua base fundiária
Na Inglaterra, a servidão tinha na última parte do século XIV
de fato desaparecido. A grande maioria da população676 consistia na-
quela época, e mais ainda no século XV, de camponeses livres, econo-
micamente autônomos, qualquer que fosse a etiqueta feudal que ocul-
tasse sua propriedade. Nos domínios senhoriais maiores o bailiff,677
outrora ele mesmo servo, foi desalojado pelo arrendatário livre. Os
trabalhadores assalariados da agricultura consistiam, em parte, em
camponeses, que aproveitavam seu tempo de lazer trabalhando para
os grandes proprietários, em parte numa classe independente, relativa
e absolutamente pouco numerosa, de trabalhadores assalariados pro-
priamente ditos. Também estes eram, ao mesmo tempo, de fato cam-
poneses economicamente autônomos, pois recebiam, além de seu salá-
rio, um terreno arável de 4 ou mais acres além do cottage. Além disso,
junto com os camponeses propriamente ditos, gozavam o usufruto das
terras comunais, em que pastava seu gado e que lhes forneciam ao
mesmo tempo combustíveis, como lenha, turfa etc.678 Em todos os países
OS ECONOMISTAS
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675 Na itália, onde a produção capitalista desenvolveu-se mais cedo, ocorre também mais cedo
a dissolução das relações de servidão. O servo é emancipado aqui antes de ter-se assegurado,
por prescrição, qualquer direito à base fundiária. Sua emancipação transforma-o, pois,
imediatamente num proletário livre como os pássaros, que, porém, já encontra os novos
senhores nas cidades, em sua maioria originárias da época de Roma. Quando a revolução
do mercado mundial, no final do século XV, destruiu a supremacia comercial do norte da
Itália, surgiu um movimento em sentido contrário. Os trabalhadores das cidades foram
expulsos em massa para o campo e lá deram à pequena agricultura, exercida sob a forma
de jardinagem, impulso nunca visto.
676 "Os pequenos proprietários fundiários, que cultivavam suas próprias terras com as próprias
mãos e usufruíam modesto bem-estar (...) constituíam então uma parte muito mais impor-
tante da nação em relação aos tempos atuais. (...) Nada menos que 160 mil proprietários,
que com suas famílias deviam ter representado mais de 1/7 da população total, viviam da
exploração de suas pequenas parcelas freehold" (freehold é propriedade plenamente livre).
“O rendimento médio desses pequenos proprietários fundiários (...) é avaliado como sendo
de 60 a 70 libras esterlinas. Calculou-se que o número daqueles que cultivavam sua própria
terra era maior que o dos arrendatários que lavraram terra alheia.” (MACAULAY. Hist.
of England. 10ª ed., Londres, 1854. I, pp. 333-334.) Ainda no último terço do século XVII,
4/5 da massa popular inglesa eram agricultores (Op. cit., p. 413). — Cito Macaulay porque,
como falsário sistemático da História, ele “poda” tanto quanto possível tais fatos.
677 Bailio. (N. dos T.)
678 Não se deve esquecer jamais que o próprio servo não era apenas proprietário, ainda que
proprietário sujeito a tributos, da parcela de terra pertencente a sua casa, mas também
co-proprietário das terras comunais. “O camponês é lá” (na Silésia) “servo”. Não obstante,
possuem esses serfs bens comunais. “Não se conseguiu até agora induzir os silesianos à
partilha das terras comunais, enquanto na Neumark não existe quase nenhuma aldeia em
que essa partilha não tenha sido efetuada com grande sucesso.” (MIRABEAU. De la Mo-
narchie Prussienne. Londres, 1788. t. II, pp. 125-126).

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