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Leitão, A. M. F.; Vilar, J. L.; Almeida R. de.28 tas, chamados de metodistas por Lineu, foi a criação de diversas coleções de organismos, com descrições detalhadas de suas estruturas, inclusive análises microscópicas. Em 1735, Karl von Linnée, Carolus Linnaeus, ou simplesmente Lineu, publicou a primeira das 12 edições da obra “Systema Naturae”, que dividiu a natureza em três reinos: mineral, vegetal e animal; e criou cinco táxons: classe, ordem, gênero, espécie e variedade. Além disso, a Taxonomia sofreu modifi- cações profundas, tornando-se mais acessível e prática, pois aboliu os longos nomes descritivos, criou chaves de classificação detalhadas (characteres na- turales) para os gêneros e integrou as variedades dentro de suas respectivas espécies, evitando a criação constante de um grande número destas. Entre- tanto, a maior contribuição de Lineu foi o estabelecimento da nomenclatura binomial das espécies, que foi baseada nas características que ele conside- rou mais relevantes entre as contidas nas frases descritivas de cada espécie. Esse trabalho foi refinado ao longo dos anos até a publicação das últimas edições das obras “Systema Naturae” e “Species Plantarum”, que servem de referência para a nomenclatura de animais e plantas, respectivamente. A nomenclatura binomial, hoje conhecida como nomenclatura biológi- ca, apresenta um conjunto de normas para a criação dos nomes científicos, como especificado abaixo: Deve ser composto por duas palavras: a primeira, iniciada com letra maiúscula, referente ao gênero (nome genérico ou epíteto genérico) e a se- gunda, toda em letras minúsculas, referente à espécie (nome específico ou epíteto específico). Deve ser escrito em latim ou as palavras que o compõem devem ser latinizadas. Deve ser destacado do texto onde são escritos, aparecendo em itálico ou sublinhados, se manuscrito. Para Lineu, o epíteto específico deve ser um nome pequeno, único (ao menos dentro de um mesmo gênero) e fixo (que não varie independente das mudanças de classificação). Isso permitiu a difusão da nomenclatura cientí- fica dentro da comunidade acadêmica, tendo uma excelente aceitação nos dias atuais, permitindo que as espécies e, inclusive, as variedades, sejam re- conhecidas pelo mesmo nome em qualquer lugar do planeta, independente da língua e do nome comum (ou nome vulgar) pelo qual ela seja conhecida no local. É possível encontrar epítetos específicos iguais em espécies perten- centes a gêneros diferentes, como Arthemisia vulgaris e Strongylus vulgaris. Embora não seja uma regra, é usual que o nome científico de uma es- pécie seja escrito por inteiro quando citado pela primeira vez em um texto, podendo ser abreviado nas demais ocasiões. Para algumas espécies muito Sistemas Biológicos 29 corriqueiras, a abreviatura é utilizada sem maiores esclarecimentos. A técnica para abreviar um nome científico é simples: escrever a primeira letra do epíteto genérico seguida de um ponto e grafar o epíteto específico inteiro. Mesmo abreviado, o nome deve aparecer destacado no texto, como explicado ante- riormente. Exemplificando, os nomes científicos do homem e do cão domésti- co são, respectivamente, Homo sapiens e Canis familiaris, abreviando, temos H. sapiens e C. familiaris. O nome específico pode ser acrescido do nome de seu primeiro autor, grafado com caracteres iguais ao do texto como um todo (não destacado) e iniciado com letra maiúscula. Alguns cientistas foram importantes autores dentro da nomenclatura científica e seus nomes têm abreviaturas aceitas uni- versalmente, como é o caso de L., que significa Lineu. Caso o nome de uma espécie sofra alterações, a citação do primeiro autor deve ficar entre parênte- sis, sucedida pela citação do segundo autor. Também existem regras de nomenclatura para alguns dos outros tá- xons. Contudo, essas regras são mais simples, consistindo apenas no acrés- cimo de desinências (sufixos) aos nomes, de forma que seja possível reco- nhecer o táxon que está sendo referido. Verifique alguns exemplos dessas terminações características na tabela abaixo (Tabela 1): Tabela 1 Exemplos de desinências para táxons superiores a espécie Táxon Desinência / Exemplo Plantas Animais Divisão / Filo - phyta / Anthophyta - Classe - opsida / Lycopodiopsida - Ordem - ales / Asparagales - Família - aceae / Cactaceae - idae / Hominidae 2. Classificação atual dos seres vivos A classificação biológica atual tem suas raízes nos trabalhos desenvol- vidos por Lineu, que se baseou nas características físicas dos organismos para agrupá-los em diferentes categorias ou táxons. Embora as categorias hierárquicas mais tradicionais sejam Reino, Filo, Classe, Ordem, Família, Gê- nero e Espécie, é comum que o termo Filo seja substituído por Divisão na no- menclatura dos vegetais. Além disso, um táxon superior a Reino, o Domínio, tem sido cada vez mais aceito e utilizado, e as categorias Subespécie e Va- riedade ainda não são consideradas táxons inferiores a espécie, mas também possuem ampla utilização. Observe o diagrama a seguir para compreender melhor como foram idealizadas e quais são as mais importantes classificações propostas. Diante