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- Índice Fundamental do Direito Legislação - Jurisprudência - Modelos - Questionários - Grades Arrependimento Posterior - Art. 16, Arrependimento Posterior - Crime - Código Penal - CP - DL- 002.848-1940 "Atenuante de pena, prevista no Art. 16 do CP. Trata-se de uma inovação introduzida na lei penal pela L. 7.209-84, que revogou a antiga Parte Geral do CP de 1940. O arrependimento posterior foi introduzido no CP em face da orientação adotada pelo STF (Súm. 554), referente à fraude no pagamento por meio de cheque, pela qual inexiste justa causa para a ação penal se o título for pago antes da denúncia. O arrependimento posterior é causa de diminuição de pena que inclui não só os crimes contra o patrimônio, como também todos aqueles em que ocorra prejuízo patrimonial. Consoante advertência do Professor Júlio Fabbrini Mirabete, para a existência da causa de diminuição de pena, a reparação deve ser pessoal, completa e voluntária, e somente a restituição ou reparação feita pelo agente, não por terceiro, enseja a diminuição da pena." "Crítica: todo arrependimento é posterior, pois ninguém pode se arrepender antes de começar a fazer alguma coisa. A expressão é, portanto, redundante. Natureza jurídica: causa obrigatória de redução de pena. Conceito: causa de diminuição de pena que ocorre nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, em que o agente, voluntariamente, repara o dano ou restitui a coisa até o recebimento da denúncia ou queixa. Objetivo: estimular a reparação do dano nos crimes patrimoniais cometidos sem violência ou grave ameaça. Diferenças entre arrependimento posterior e eficaz 1ª) O arrependimento eficaz aplica-se também aos crimes cometidos com violência ou grave ameaça (agente descarrega a arma na vítima e depois se arrepende, a socorre e evita sua morte); o posterior só incide sobre crimes cometidos sem violência ou grave ameaça. 2ª) O arrependimento eficaz faz com que o agente não responda pelo resultado visado, mas somente pelos atos até então praticados; o posterior é uma simples causa de diminuição de pena, prevista na Parte Geral do CP, que permite a redução da pena de 1/3 a 2/3. 3ª) O arrependimento eficaz é anterior à consumação, enquanto o posterior, o nome já diz, pressupõe a produção do resultado. Requisitos a) Crime cometido sem violência ou grave ameaça à pessoa: a lei só se refere à violência dolosa, podendo a diminuição ser aplicada aos crimes culposos em que há violência, tais como homicídio e lesão corporal culposa. Do mesmo modo, se a violência é empregada contra a coisa e não contra a pessoa, como, por exemplo, no crime de dano, é possível a Referências e/ou Doutrinas Relacionadas: A Posteriori Ação Penal Aplicação da Pena Arrependimento Circunstâncias Comunicabilidade e Incomunicabilidade de Elementares e Circunstâncias Concepção do Direito Penal Concurso de Crimes Concurso de Pessoas Conduta Contagem do Prazo Crime Crime Consumado Crime Continuado Crime Culposo Crime Doloso Crime Impossível Crime Preterdoloso Culpabilidade Descriminantes Putativas Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz Direito Penal Direito Penal no Estado Democrático de Direito Efeitos da Condenação aplicação do benefício. b) Reparação do dano ou restituição da coisa: deve sempre ser integral, a não ser que a vítima ou seus herdeiros aceitem parte, renunciando ao restante. c) Voluntariedade do agente: não significa espontaneidade. A reparação ou restituição por conselho ou sugestão de terceiro não impede a diminuição, uma vez que o ato, embora não espontâneo, foi voluntário (aceitou o conselho ou sugestão porque quis). Da mesma forma, é admissível o benefício no caso de ressarcimento feito por parente ou terceiro, desde que autorizado pelo agente, por tratar-se de causa objetiva de redução obrigatória da pena, a qual não exige que o ato indenizatório seja pessoalmente realizado pelo sujeito (230. Nesse sentido: STJ, 6ª T., REsp 61.098-2-SP, ReI. Min. Adhemar Maciel, unânime, DJU, 30-10-1995.). d) Até o recebimento da denúncia ou queixa: se posterior, é circunstância atenuante genérica (CP, art. 65, III, b). A questão do peculato doloso: qual a conseqüência da reparação do dano no peculato doloso? Se o peculato é culposo, a reparação do dano antes da sentença transitada em julgado extingue a punibilidade; se doloso, a reparação antes do recebimento da denúncia ou queixa diminui a pena de 1/3 a 2/3, e, se posterior, é causa atenuante genérica. Trata-se de questão capciosa, pois, ao examinarmos o art. 312 e observarmos seu § 3º, poderemos concluir, equivocadamente, que a reparação do dano só traz conseqüências no peculato culposo. Emissão de cheque sem suficiente provisão de fundos: no caso da emissão de cheque sem suficiente provisão de fundos, a reparação do dano até o recebimento da denúncia extingue a punibilidade do agente, nos termos da Súmula 554 do Supremo Tribunal Federal, porque o delito de estelionato exige como pressuposto necessário à sua consumação o efetivo prejuízo da vítima. Desaparecendo este, não se tipifica o delito do art. 171, § 2º, VI, do CP, inexistindo, assim, justa causa para propositura de ação penal e instauração de inquérito policial, sob pena de configurar- se constrangimento ilegal. Difere, portanto, do arrependimento posterior, pois este instituto exige, para ser aplicado, que o fato praticado tenha enquadramento típico, sendo certo que a maior ou menor presteza do agente em ressarcir o dano ou em restituir a coisa deve refletir-se na aplicação de uma pena reduzida. Se o cheque, entretanto, foi preenchido fraudulentamente, o crime será o de estelionato, e a reparação do dano só trará as conseqüências do art. 16 (desde que preenchidos todos os seus requisitos). Outras hipóteses previstas em leis especiais: na hipótese de crime contra a ordem tributária, o pagamento do tributo ou contribuição social, inclusive acessórios, até o recebimento da denúncia * também extingue a punibilidade (Lei n. 9.249/95, art. 34), não havendo que se falar em arrependimento posterior. Do mesmo modo, nos crimes de ação penal privada e pública condicionada a representação do ofendido de competência dos Juizados Especiais Criminais, a reparação do dano na audiência preliminar acarreta extinção da punibilidade, por meio da renúncia ao direito de queixa ou representação (Lei n. 9.099/95, art. 74, Elementares Erro de Tipo Estado de Necessidade Estrito Cumprimento de Dever Legal Exercício Regular do Direito Extinção da Punibilidade Fato Típico Fontes do Direito Penal Função Ético-Social do Direito Penal Ilícito Penal Ilicitude Imputabilidade Interpretação da Lei Penal Irretroatividade da Lei Penal Legítima Defesa Limites de Penas Livramento Condicional Lugar do Crime Medida de Segurança Nexo Causal Objeto do Direito Penal Pena de Multa Pena de Tentativa Potencial Consciência da Ilicitude Prescrição Princípio da Legalidade Reabilitação Reincidência Relação de Causalidade Resultado Sanção Penal Suspensão Condicional da Pena Tempo do Crime e Conflito Aparente de Normas parágrafo único). Aplicação: a norma do arrependimento posterior aplica-se aos crimes dolosos e culposos, tentados e consumados, simples, privilegiados ou qualificados. Redução da pena: o juiz deve reduzir a pena de 1/3 a 2/3. Fator que orienta a maior ou menor redução da pena: como a reparação do dano ou a restituição da coisa devem sempre ser integrais, esse não pode ser o critério. Só resta o da maior ou menor sinceridade ou espontaneidade (quanto mais espontâneo o ato, maior a redução) e o da maior presteza e celeridade (quanto mais rápida a reparação ou a restituição, maior a redução). Quanto mais espontânea e rápida a reparação, maior será a redução da pena. Comunicabilidade a co-autores e partícipes: tratando-se de causa objetiva de diminuição de pena, o arrependimento posterior não se restringe à esfera pessoal de quem o realiza, tanto que extingue a obrigação erga omnes. Estende-se, portanto, aos co-autores e partícipes condenados pelo mesmo fato (Nesse mesmo sentido: STJ, 5ª T., RHC 4.147-1-SP, ReI. Min. Assis Toledo, unânime, DJU, 6-2-1995.). Delação eficaz ou premiada: instituto distinto do arrependimento posterior é o da delação premiada, no qual se estimula a delação feita por um co- autor ou partícipe em relação aos demais, mediante o benefício da redução obrigatória da pena. Lei n. 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos): em seu art. 7º dispôs que, no crime de extorsão mediante seqüestro cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do seqüestrado, terá a sua pena reduzida de 1/3 a 2/3. Para a aplicação do benefício são necessários os seguintes pressupostos: a) prática de um crime de extorsão mediante seqüestro; b) cometido em concurso; c) delação feita por um dos co-autores ou partícipes à autoridade; d) eficácia da delação, mediante a libertação do seqüestrado. Nesse caso, a pena será diminuída de 1/3 a 2/3, devendo a redução variar de acordo com a maior ou menor contribuição da delação para a libertação do seqüestrado. No parágrafo único do art. 8º, a Lei dos Crimes Hediondos criou outra forma de delação premiada, chamada de traição benéfica. Trata-se de instituto bem parecido com o anterior, aplicável aos crimes de quadrilha ou bando formado com a finalidade de praticar tortura, terrorismo, tráfico de drogas ou crime hediondo. Nesse caso, a delação do bando por um de seus integrantes leva à redução de pena de 1/3 a 2/3, desde que resulte no desmantelamento do bando. A eficácia da delação exige dois requisitos: desmantelamento do bando e nexo causal entre a delação e o desmantelamento. O quantum da diminuição varia de acordo com a maior ou menor contribuição para o fim da quadrilha. Lei n. 9.034/95 (Lei do Crime Organizado): em seu art. 6º, também prevê nos crimes praticados em organização criminosa que a pena será reduzida de 1/3 a 2/3 quando houver colaboração espontânea capaz de levar ao esclarecimento do fato e de sua autoria. Essa delação deve ser espontânea e não apenas voluntária, exigindo-se ainda que seja eficaz, isto é, que leve ao esclarecimento do crime e de seus responsáveis. A Tentativa Teoria do Crime Tipicidade Tipo Penal nos Crimes Culposos Tipo Penal nos Crimes Dolosos redução também é obrigatória. Lei n. 9.807/99 (Lei de Proteção a Testemunhas): trata-se de um novo redutor de pena incidente nos casos em que o indiciado ou acusado, em qualquer fase da investigação ou instrução criminal, qualquer que seja o crime do qual tenha participado em concurso com dois ou mais agentes, ainda que praticado com violência ou grave ameaça, colabore voluntariamente na identificação dos demais co-autores ou partícipes do crime, na localização da vítima com vida e na recuperação total ou parcial do produto do crime. A novidade é a possibilidade de sua ampla aplicação, não importa qual crime seja cometido, alcançando, inclusive, as contravenções penais. Preenchido qualquer um dos três requisitos, que são alternativos, a pena será diminuída de 1/3 a 2/3. Não se trata de arrependimento posterior nos moldes do Código Penal, pois o novo redutor é aplicável aos crimes cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa; a colaboração poderá dar-se após o recebimento da denúncia ou queixa; e, na realidade, o agente não realiza a reparação do dano ou opera a restituição da coisa, mas tão-somente colabora para esclarecimento. Nessa hipótese, se o delator for primário, sua personalidade recomendar e a repercussão social e a gravidade do fato criminoso não obstarem, em vez de redução de pena, o juiz poderá aplicar o perdão judicial (cf. no tópico respectivo). Lei n. 10.409/2002, art. 32, §§ 2º e 3º - Revogada L-011.343-2006: aquele que, após ter praticado qualquer dos crimes previstos nos arts. 12, 13 e 14 da Lei n. 6.368/76 - Revogada pela L-011.343-2006, arrepender-se e, espontaneamente (aqui a lei exigiu mais do que voluntariedade, devendo a iniciativa partir do agente), revelar a existência de organização criminosa, permitindo a prisão de um ou mais dos seus integrantes, ou a apreensão do produto, da substância ou da droga ilícita, ou de qualquer modo, justificado no acordo, contribuir para os interesses da Justiça, terá direito à suspensão do processo, quando a delação tiver ocorrido antes do oferecimento da denúncia, ou à redução da pena de 1/6 a 2/3, quando for feita após esse momento (Cf., a respeito, Fernando Capez, Legislação penal especial, tóxicos e crime organizado, São Paulo, Ed. Paloma, 2002.). * Dispõe o art. 9º da nova Lei n. 10.684/03: "É suspensa a pretensão punitiva do Estado, referente aos crimes previstos nos arts. 1º e 2º da Lei n. 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e nos arts. 168-A e 337-A do Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 Código Penal, durante o período em que a pessoa jurídica relacionada com o agente dos aludidos crimes estiver incluída no regime de parcelamento. § 1º A prescrição criminal não corre durante o período de suspensão da pretensão punitiva. § 2º Extingue-se a punibilidade dos crimes referidos neste artigo quando a pessoa jurídica relacionada com o agente efetuar o pagamento integral dos débitos oriundos de tributos e contribuições sociais, inclusive acessórios". Com essa inovação legislativa tende a surgir nova posição quanto ao momento processual oportuno para efetuar-se o pagamento do débito tributário. Heloisa Estellita, em artigo publicado no IBCCrim, n. 130, de setembro de 2003, p. 2, defende que, a partir da Lei n. 10.684/03, todo e qualquer parcelamento de dívidas tributárias, independentemente de a pessoa jurídica estar ou não incluída no Refis - Programa de Recuperação Fiscal, e pouco importando se tal parcelamento é autorizado por lei federal, estadual ou municipal, leva à suspensão da prescrição e, posteriormente, se houver a plena quitação, à extinção da punibilidade. Mas não é só. Não existe mais, já que a nova lei nada fala a respeito, o limite temporal para tal parcelamento, não havendo mais necessidade que se efetive antes do recebimento da denúncia, podendo ocorrer a qualquer momento da persecução penal. Como sustenta a articulista: "O marco temporal do recebimento da denúncia é suprimido como limite para os efeitos sobre a punibilidade (suspensão ou extinção) do parcelamento ou do pagamento. Não há mais marco temporal". O STF, por intermédio de sua 1ª Turma, em acórdão relatado pelo Ministro Cezar Peluso, ao julgar o HC 81.929-0IRJ, em 16 de dezembro de 2003, sufragou tal entendimento, aplicando o benefício do art. 9º e parágrafos da Lei n. 10.684/2003 aos crimes contra a ordem tributária cometidos por pessoas físicas e jurídicas, inscritas ou não em programas oficiais de parcelamento de débito tributário (Refis). Assim, nos delitos definidos nos arts. 12 e 22 da Lei n. 8.137/90, bem como nos arts. 168-A e 337-A do CP, o pagamento integral do tributo a qualquer tempo, mesmo após o recebimento da denúncia, leva à extinção da punibilidade. O parcelamento da dívida, por sua vez, mesmo quando obtido após o recebimento da denúncia, leva à suspensão do processo ou inquérito policial e, por conseqüência, da prescrição." STJ, 6ª T., REsp 61.098-2-SP, ReI. Min. Adhemar Maciel, DJU, 30- 10-1995. Mirabete, Júlio Fabbrini, Manual de Direito Penal, São Paulo, Atlas, 1º v., 2ª ed., 1985. Capez, Fernando, Curso de Direto Penal, parte geral, vol. 1, Saraiva, 10ª ed., 2006 (Revista Realizada por Suelen Anderson - Acadêmica em Ciências Jurídicas - 18 de novembro de 2009) Crime Agravação pelo resultado - Coação irresistível e obediência hierárquica - Crime Consumado - Crime Culposo - Crime Doloso - Crime Impossível - Descriminantes Putativas - Desistência voluntária e arrependimento eficaz - Erro determinado por terceiro - Erro sobre a ilicitude do fato - Erro sobre a pessoa - Erro sobre elementos do tipo - Estado de necessidade - Excesso punível - Exclusão de ilicitude - Legítima defesa - Pena de Tentativa - Relação de Causalidade - Relevância da omissão - Superveniência de causa independente - Tentativa Ação Penal - Aplicação da Lei Penal - Concurso de Pessoas - Crimes contra a administração pública - Crimes contra a existência, a segurança e a integridade do Estado - Crimes Contra a Família - Crimes contra a fé pública - Crimes Contra a Incolumidade Pública - Crimes Contra a Organização do Trabalho - Crimes Contra a Paz Pública - Crimes Contra a Pessoa - Crimes Contra a Propriedade Imaterial - Crimes Contra o Patrimônio - Crimes contra o sentimento religioso e contra o respeito aos mortos - Crimes Contra os Costumes - Extinção da Punibilidade - Imputabilidade Penal - Medidas de Segurança - Penas Direito Criminal [Direito Penal] Jurisprudência Relacionada: - Pagamento de Cheque Sem Fundos Após o Recebimento da Denúncia - Prosseguimento da Ação Penal - Súmila nº 554 - STF Normas Relacionadas: Art. 16, Arrependimento Posterior - Crime - Código Penal - CP - DL-002.848-1940 Ir para o início da página Ir para o início da página