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Rio, 29 de setembro de 2010 
 Direito, psicologia e subjetividade
Winnicott (1897 – 1971) trás uma visão global e muito diferente da de Freud. O pensamento de Winnicott é pós-moderno. 
Diferenças entre Winnicott e a psicanálise ortodoxa (afirmada por Freud):
Para Winnicott, existem na natureza humana tendências e não determinações. Considera-se a probabilidade de algo, sem certezas absolutas quanto a uma relação. Exemplo: para Freud, todos os sujeitos têm seu comportamento motivado pela pulsão de morte (de destruição), independentemente de sua criação. Assim, todos serão tomados por um mal-estar. Isso revela um determinismo. Para Winnicott: a natureza não é uma máquina, não funciona em termos de causa e efeito – é um organismo vivo e autopoiético (possui uma capacidade de criação). A natureza teria, então, uma perspectiva historicista. Existem tendências comuns a todos os humanos, mas por outro lado somos seres históricos – o que somos inclui muitos fatores, inclusive o fator do ambiente (a história não é determinada, é construída). A determinação é abandonada e a perspectiva das tendências é afirmada. Tendência é um movimento existente na natureza (e na natureza humana), mas cuja efetiva realização requer a participação de outros fatores. A tendência pode se realizar parcialmente ou não se realizar, dependendo das condições de vida do indivíduo. Exemplos de tendência: tendência à obesidade. Causa eficiente é aquilo que provoca um efeito e causa final é aquilo para qual o movimento se dirige. A tendência humana é uma causa final, na perspectiva determinista o corpo é máquina, regido por causas eficientes. 
Freud dizia que o indivíduo precedia a sociedade (usava a idéia moderna) – ele chamava isso de narcisismo primário. O problema do narciso seria a necessidade de socializá-lo. O social deve, assim, limitar o narcisismo. Winnicott dizia que o narcisismo primário é o bebê mais a mãe (indissociáveis). Isso terá um impacto direto na criminologia (veremos depois no curso). Para Winnicott, existe o psicosoma que é o indivíduo quando nasce. Psicosoma é um organismo biológico dotado da fantástica capacidade de fantasiar, o que permite a criação e a cultura. A criação da roda foi um exemplo de uso dessa capacidade de criação. A democracia também foi uma invenção da cultura que surgiu a partir desse atributo humano. O ser humano é um ser de linguagem porque é um ser de fantasia (é a capacidade de criação que permite a linguagem). Para Winnicott, uma das maiores fonte de sofrimento psíquico na humanidade é levar uma vida sem criatividade. A fantasia é importante porque é o que nos terno criativos. Exercermos a criatividade, que começa com a autocriatividade, e assim a vida terá sentido. O psicosoma é dotado da capacidade de fantasiar – ele vai dar sentido às questões cotidianas, como comer, dormir, acordar, mamar. Na origem, existe o bebê e mãe em uma unidade indissociável – não existe o “eu” do bebê para o bebê. O outro também não existe para o bebê. O que existe para ele é tudo, de modo indiferenciado. A mãe não existe, mas seu colo, seu aconchego, seu olhar é vivenciado pelo bebê. O bebê possui uma imaturidade neuronal. Para ele, as experiências do dia-a-dia existem, mas ele não reconhece o agente dessa experiência. O círculo, em todas as culturas, é símbolo da unidade, do “eu” ou de Deus. O pressuposto do narcisismo primário é afastado por Winnicott para poder estudar a construção do narcisismo (analisá-lo). Winnicott indica que um bebê frustrado muito precocemente pode desenvolver uma raiva muito cedo (antes de ter um ego para lidar com essa raiva) – um dos sintomas pode ser que ele vomite freqüentemente. O bebê humano é uma “esponja”, ele absorve todas as informações e capta os sentidos das intenções, do olhar, do gesto. A interação com a figura materna vai permitir a construção do narcisismo. Para construir o narcisismo, o bebê precisa passar por um momento de legítima onipotência (no qual ele se acredita criador do mundo). A mãe o auxilia nisso – a fêmea humana está programada, pela evolução, para viver a experiência da preocupação materna primária (é a capacidade natural que a fêmea mãe tem de anular seu narcisismo para entender inteiramente – intuir - o que está acontecendo com seu bebê). Intuir significa olhar para dentro. A mãe, quando o bebê está alucinando o seio, oferece a ele o seio. O bebê, nesse momento, se sente onipotente. Winnicott chama isso de legítima onipotência do bebê – ele acredita na própria capacidade de criação. Depois, a mãe começa a falhar – não está tão sensível quanto às necessidades do bebê. Nesse contexto, o bebê pode perceber que não é onipotente e caminha rumo à descoberta da alteridade.
“O desenvolvimento emocional primitivo” na pasta.

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