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DIREITO CIVIL I PROFA. DRA. EDNA RAQUEL HOGEMANN SEMANA 4 AULA 7 TÍTULO OS DIREITOS DE PERSONALIDADE NO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO A idéia dos direitos da personalidade está vinculada ao reconhecimento de valores inerentes à pessoa humana, imprescindíveis ao desenvolvimentos de suas potencialidades físicas, psíquicas e morais, tais como a vida, a incolumidade física e psíquica, o próprio corpo, o nome, a imagem, a honra, a privacidade, entre outros A idéia, doutrina ou teoria dos direitos da personalidade, surgiu a partir do século XIX, sendo atribuída a Otto Von Gierke, a paternidade da construção e denominação jurídica . Porém, já nas civilizações antigas começou a se delinear a proteção à pessoa. Em Roma, a proteção jurídica era dada à pessoa, no que concerne a aspectos fundamentais da personalidade, como a actio iniuriarium, que era dada à vítima de delitos de iniuria, que poderia ser qualquer agressão física como também, a difamação, a injúria e a violação de domicílio (AMARAL, 2002). Mais tarde, o Cristianismo criou e desenvolveu a idéia da dignidade humana, reconhecendo a existência de um vinculo entre o homem e Deus, que estava acima das circunstâncias políticas que determinavam em Roma o conceito de pessoa - status libertatis, civitatis e familia (Amaral, 2000, p. 249). Mas, se a hybris grega e a actio injuriarum podem ser consideradas a origem remota da teoria dos direitos da personalidade, de fato, foi na Idade Média que se criou uma noção moderna de pessoa humana, baseado na dignidade e na valorização do indivíduo como pessoa" (Szaniawski, 1993, p. 22). Teorias dos direitos da personalidade Renascimento A condição humana antropocêntrica + imperiosidade da ordenação divina. Relação indivíduo/sociedade e governado/governantes dentro do Estado. Jus mais ligado à idéia de justiça e vontade humana Escola do Direito Natural Grócio, Hobbes, Pufendorf, Thomasius e Wolff Idéias humanistas individualistas e voluntárias contra idéias as medievais de que a pessoa não detinha qualquer poder sobre si mesmo (sécs. XV e XVI). A mitificação dos direitos subjetivos e do direito geral de personalidade como ius in se ipsum. Segundo os partidários do Direito Natural clássico, que vem de Aristóteles até nossos dias, passando por Tomás de Aquino e seus continuadores, os direitos da personalidade seriam inatos, o que não é aceito pelos juristas que, com o Renascimento, secularizaram o Direito, colocando o ser humano no centro do mundo geral das normas ético-jurídicas. Teorias Negativistas As teorias negativistas dos direitos da personalidade consideravam a personalidade humana como algo muito abstrato. Não aceitavam a idéia de que a personalidade pudesse atuar como sujeito e objeto em uma relação jurídica, pois isso criaria uma contradição. Século XVIII - ILUMINISMO Racionalismo e liberalismo As Idéias individual-contratualistas de Locke + sistema antropológico da E.D. Natural – liberdade individual e subjetivismo prevalecem sobre a ordem estabelecida. Finalmente, a proteção da pessoa humana, veio consagrada nos textos fundamentais que se seguiram, como o Bill of Rights, em 1689, a Declaração de Independência das Colônias inglesas, em 1776, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, proclamada em 1789, com a Revolução Francesa, culminando na mais famosa, a Declaração Universal dos Direitos do Homem, votada em 1948, pela Assembléia geral da ONU, que se constituem em verdadeiros marcos históricos da construção dos direitos da personalidade. A idéia dos direitos da personalidade está vinculada ao reconhecimento de valores inerentes à pessoa humana, imprescindíveis ao desenvolvimentos de suas potencialidades físicas, psíquicas e morais, tais como a vida, a incolumidade física e psíquica, o próprio corpo, o nome, a imagem, a honra, a privacidade, entre outros. Fontes dos Direitos da Personalidade Direito Natural – A fonte desses direitos está na própria natureza humana, são direitos pré-existentes ao ordenamento jurídico. A positivação apenas garante esses direitos, dotando-os de coercitividade. Direito Positivo – Conceito de natureza humana e direitos inerentes à pessoa varia de acordo com aspectos de natureza histórica e étnica. É o único fundamento juridicamente legítimo dos chamados direitos da personalidade. Adriano de Cupis, esclarece que todos os direitos, na medida em que conferem conteúdo à personalidade, ‘‘poderiam chamar-se direitos da personalidade. No entanto, na linguagem jurídica corrente, essa designação é reservada àqueles direitos subjetivos, cuja função, relativamente à personalidade, é especial, constituindo o ‘minimum’ necessário e imprescindível ao seu conteúdo. Ou seja, há certos direitos sem os quais a personalidade restaria completamente irrealizada, privada de todo o valor concreto— o que equivale a dizer que, se eles não existissem, a pessoa não existiria como tal’’. O direito geral de personalidade Para os que defendem a idéia de um só direito geral da personalidade, este tem a função de uma lex generalis da ordem jurídica (é o caso do direito português) em relação a outros especiais direitos de personalidade, como por exemplo, o direito ao nome, os quais são leges speciales. O direito geral da personalidade é um direito-mãe e aplica-se subsidiariamente aos direitos especiais de personalidade, nas hipóteses não reguladas por estes.