Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
MARIANA SARAIVA CHAVES SILVA A ADOÇÃO POR PARES HOMOSSEXUAIS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Direito. Orientador: Prof. Moacir Costa de Araújo Lima Porto Alegre 2007 FOLHA DE APROVAÇÃO MARIANA SARAIVA CHAVES SILVA A ADOÇÃO POR PARES HOMOSSEXUAIS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Direito. Orientador: Prof. Moacir Costa de Araújo Lima Aprovada em ____ de _____________ de 2007, pela Comissão Examinadora COMISSÃO EXAMINADORA _______________________________________ Prof. Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx – Sigla IES _______________________________________ Prof. Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx – Sigla IES _______________________________________ Prof. Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx – Sigla IES AGRADECIMENTO Primeiramente agradeço a Deus por ter dado um passo importante na minha vida e ter superado todos os obstáculos durante essa longa caminhada. Agradeço aos meus familiares pelo apoio e incentivo a conclusão dessa árdua tarefa. Aos meus amigos e colegas pela compreensão e apoio nos momentos mais difíceis. Aos dignos mestres, pela solidariedade, colaboração, apoio, incentivo, instrução e determinação. RESUMO Tendo em vista que as relações familiares sofreram significativas alterações ao longo dos anos, é importante que o Direito acompanhe essas modificações, na medida em que é através dele que essas novas relações irão ser tuteladas. E isso inclui as uniões homossexuais, que estão cada vez mais presentes na nossa sociedade. Tão importante quanto tutelar tais uniões, é permitir a essas pessoas a possibilidade de adotar, tendo em vista o princípio da dignidade da pessoa humana, da não discriminação e do maior interesse da criança. Apesar do preconceito e de inúmeros tabus, cabe a nós, operadores do Direito, a tarefa de abandonar conceitos pré-estabelecidos para que possamos fazer justiça e proteger aqueles que possuem, sim, condições de formar uma família, independente da sua orientação sexual, pois conforme ficará demonstrado nesse trabalho, o fator decisivo para a criação de uma criança, para o caráter de um individuo, é o afeto. Por isso, a presente monografia abordará a história da homossexualidade, para que se possa, primeiramente, entender a origem dessa forma de se relacionar, os princípios constitucionais, a evolução da família e a viabilidade da adoção por casais homoafetivos, concluindo-se que o sistema jurídico brasileiro precisa regular a adoção homossexual, não comparando essas uniões com as heterossexuais, mas, sim, através de um ordenamento próprio. Palavras-chave: homossexualidade, adoção, família, princípios constitucionais. ABSTRACT Family relations have suffered enormous transformations through the years. It is important that The Law perceives them because through it these transformations will be validated. Transformations such as homosexual unions which are increasingly present in our society. As to protect these unions is to allow the homosexual couple to adopt children, taking into account the principle of dignity, and not of the discrimination. The well being of these children is very important. In spite of some prejudice and taboos, it is our role as part of the legal system to abandon pre-established ideas in order to demand justice and protect those who have means to raise a family, apart from their sexual tendency. This paper will show that the decisive factor to raise a child is affection. This paper will present the history of homosexuality, the constitutional principles, family evolution and the possibility of adoption by homosexual parents concluding that the Brazilian judiciary system needs to legalize this situation not having as paradigm heterosexual unions, but through a specific order. Words Keys: homosexuality, adoption, family, constitutional principles. SUMÁRIO INTRODUÇÃO........................................................................................................... 1 A HOMOSSEXUALIDADE .................................................................................... 1.1Conceito e evolução terminológica ................................................................. 1.2 Visão histórica da homossexualidade ............................................................ 1.2.1 Visão Bíblica .................................................................................................... 1.2.2 Civilizações greco-romana .............................................................................. 1.2.3 Idade Média ..................................................................................................... 1.2.4 Da Idade Moderna aos dias atuais .................................................................. 1.3 Homossexualidade: Direito Estrangeiro X Direito Brasileiro ....................... 1.4 Princípios Constitucionais ............................................................................. 1.4.1 A interpretação do artigo 226, §§ 3º e 4º, da Constituição Federal ................. 1.4.2 Os princípios constitucionais do melhor interesse da criança e da igualdade e os valores familiares .............................................................................................. 1.4.3 Colisão entre o principio do melhor interesse da criança versus o direito à igualdade .................................................................................................................. 1.4.4 O principio do melhor interesse da criança e sua interpretação frente às normas constitucionais e infraconstitucionais ........................................................... 2 EVOLUÇÃO DOS MODELOS DE FAMÍLIA ......................................................... 2.1 Origens e histórico da família ......................................................................... 2.2 A união entre pessoas do mesmo sexo: um novo conceito de família ...... 2.3 A Constituição Federal, o Código Civil e o Estatuto da Criança e do Adolescente ............................................................................................................. 3 A ADOÇÃO POR PARES HOMOSSEXUAIS ....................................................... 3.1 Histórico da adoção e evolução legislativa brasileira .................................. 3.2 Requisitos e exigências para a adoção .......................................................... 3.3 A viabilidade psicológica da educação pelo par homossexual ................... 3.4 A viabilidade jurídica da adoção por casais homossexuais ........................ CONCLUSÃO ........................................................................................................... REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 07 09 09 09 09 10 10 10 11 11 12 13 15 15 16 16 16 17 19 19 20 20 22 25 27 INTRODUÇÃO O presente trabalho irá versar sobre a adoção por pares homossexuais. Sabe-se que o conceito de família evoluiu muito nos últimos anos. Antes o poder familiar era exclusivo do pai, ao contrário do que ocorre atualmente, onde esse poder é isonômico entre os cônjuges. A família era constituída exclusivamente pelo casamento, porém essa realidade não corresponde ao que se observa na sociedade contemporânea, havendo hoje, a união estável, as relações monoparentais etc. É dentro desse contexto de transformação que os homossexuais encontram respaldo para lutar pelos seus direitos. Embora o homossexualismo tenha existido durante toda a história da humanidade, o largo período de domínio cultural da Igreja fez com que a homossexualidade fosse vista como uma doença, arraigando um enorme preconceito na sociedade, tão forte que está presente até nos dias atuais. Estamos vivendo apenas o início do que será uma longa caminhada contra o preconceito até que os direitos dos homossexuais venham a ser reconhecidos pela lei. Mas a falta de legislação não é motivo para que os juristas brasileiros fechem os olhos para esta realidade, deixando desamparados pelo sistema jurídico cidadãos que lutam para ter sua orientação respeitada e acima de tudo reconhecida. A adoção é uma das várias questões que, por não serem reguladas por lei, causam restrições na vida desses indivíduos. É viável, entretanto, que os juristas garantam esse direito a pares homossexuais, para que estes possam vir a construir família, o que vai ao encontro dos Princípios da Igualdade e da Dignidade da Pessoa Humana. Quanto à estrutura dessa monografia, será abordada no primeiro capítulo a gênese histórica da homossexualidade, delimitando seu conceito e analisando as diferentes posturas adotadas com relação à união entre homossexuais pelo Direito Brasileiro e Estrangeiro. Serão evidenciados, também, os princípios constitucionais face à proibição de discriminação por orientação sexual. O segundo capítulo mostrará a evolução dos modelos de família. Serão demonstradas as mudanças que ocorreram na família brasileira, evidenciando os novos modelos atualmente existentes, diferentes dos convencionais. Far-se-á, nesse capítulo, uma abordagem jurídica, tendo como base o Código Civil, o Estatuto da Criança e do Adolescente e a Constituição Federal. No terceiro capítulo se chegará ao cerne desta monografia, que é a adoção por pares homossexuais. Primeiramente far-se-á menção ao histórico da adoção e sua evolução legislativa no Brasil. Posteriormente, serão apontados os requisitos e exigências para a adoção. Devido ao importante papel do judiciário, que é a realização da prestação jurisdicional sobre o caso concreto, será coletada alguma jurisprudência a respeito da adoção por homossexuais no Brasil. Por fim, se partirá para o estudo da viabilidade da adoção por pares homossexuais. 1 A HOMOSSEXUALIDADE 1.1 Conceito e evolução terminológica A palavra “homossexual” não vem da palavra latina homo, que significa homem, mas, sim, do prefixo grego hómos e significa “semelhante”. A palavra “sexual” vem do latim sexu e significa “relativo ou pertencente ao sexo1”. A homossexualidade, para Enézio de Deus Silva Junior2, "independe de vontade ou opção, assim como a heterossexualidade, sendo uma extensão emocional/sentimental do ser humano" Por isso, ele utiliza a expressão “homoessência”. E, ainda, um conceito tido como o mais preciso, até pouco tempo, trazido por Sutter3, dizia que a identidade do indivíduo homossexual é mantida relativa a seu sexo biológico, este não o negaria, mas quanto à atividade sexual, esta estaria somente voltada para pessoas de seu mesmo sexo. As expressões “opção sexual”, “escolha sexual”, “transtorno”, “perversão” e “inversão”, são inadequadas, na medida em que se distanciam da compreensão atual da sexualidade, no que diz respeito à orientação dos desejos das pessoas. O fato é que nenhum aspecto seja hormonal, neurofuncional, genético, ambiental, psicológico ou sociocultural “foi confirmado como isoladamente crucial para a caracterização da homossexualidade4”. 1.2 Visão histórica da homossexualidade 1.2.1 Visão Bíblica A homossexualidade sempre existiu na história da humanidade, sendo encontrada desde os povos mais antigos. 1 BRANDÃO, Débora Vanessa Caus. Parcerias homossexuais: aspectos jurídicos. 2 Revista brasileira de direito da família: Adoção por casais homossexuais, nº 30. jun/jul/2005, p. 125. 3 P. 51 4 Idem, p. 49 Conforme Chaïm Perelman: “(...) mesmo nas sociedades pluralistas, quando uma religião é nitidamente majoritária, é nela que em geral se inspiram as decisões do legislador”. (P. 315) A partir da Era Cristã, a homossexualidade passou a sofrer fortes repressões em função da sacralização da união heterossexual e da influência da lei mosaica. 1.2.2 Civilizações greco-romanas A homossexualidade era conhecida e praticada por romanos, egípcios, gregos e assírios. Além da estética em volta da homossexualidade, havia um ritual envolvendo a transmissão e a aquisição de sabedoria5. Diferentemente da Grécia, Roma censurava muito os que figuravam no pólo passivo da relação sexual entre pessoas do mesmo sexo. 1.2.3 Idade Média Na Idade Média, a homossexualidade era mais visível nos mosteiros e nos acampamentos militares. Mesmo assim, a Igreja, através da Santa Inquisição, era a maior perseguidora dos homossexuais. 1.2.4 Da Idade Moderna aos dias atuais Tudo que fugisse das relações matrimoniais voltadas para a reprodução era considerado “contra a natureza” e “contra a lei”. A partir de meados do século XX, há maior tolerância e razoável respeito aos homossexuais, como reflexo da positivação dos direitos humanos e do principio da dignidade da pessoa humana6. 5 Parcerias homossexuais: Aspectos jurídicos, p. 33. 6 JUNIOR, Enézio de Deus Silva. P.48. Os homossexuais passaram a se organizar, juridicamente, através de grupos de pressão voltados para a defesa dos seus direitos de cidadania7. 1.3 Homossexualidade: Direito Estrangeiro X Direito Brasileiro Pode-se dizer que o cenário mundial se reparte atualmente em três blocos: liberais, conservadores e intermediários. Dentre os liberais, os países nórdicos assumem a liderança, pois foram os primeiros a legalizar as uniões e recebem o aval da Igreja. No bloco conservador “(...) situam-se os países islâmicos e mulçumanos, onde é imposta a pena de morte à manifestação da homossexualidade, tanto masculina quanto feminina8”. No bloco intermediário se discute o assunto no Poder Legislativo e existe tendência jurisprudencial de reconhecer algum tipo de efeito jurídico às parcerias homossexuais. São exemplos de paises intermediários: Brasil, Espanha, Bélgica, Canadá, Eslovênia, Finlândia, República Tcheca etc. 1.4 Princípios Constitucionais Na ausência da lei, o juiz não pode deixar de julgar, devendo utilizar a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. Na fase jusnaturalista os princípios têm grau zero de normatividade. Segundo essa corrente, os princípios seriam “´axiomas jurídicos´ ou normas estabelecidas pela reta razão9”. Na fase positivista os princípios vão para os códigos, sendo concebidos como fonte normativa subsidiária, com o fito de suprimir lacunas10. A doutrina prevê duas categorias de normas: as normas-disposição (regras) e as normas-princípio (princípios). As regras têm como característica uma eficácia 7 Idem 8DIAS, Maria Berenice. União homossexual: O preconceito e a justiça, p. 47. 9 BONAVIDES, Paulo. 1999, p. 234. 10 PERES, Ana Paula Ariston Barion. P. 94. restrita às situações por elas reguladas. Os princípios possuem maior abstração e seu campo de atuação é mais amplo dentro do sistema jurídico11. Há duas concepções básicas para diferenciar regras e princípios: distinção fraca e distinção forte. A distinção fraca diz que a diferença é quantitativa e caberá ao intérprete verificar, no caso concreto, se está diante de um princípio ou de uma regra. Para a distinção forte, a diferença entre regras e princípios está na diferença de grau e no ponto de vista estrutural e lógico, pois em se tratando de regras, elas irão ou não reger uma determinada situação12. A colisão entre princípios será resolvida através da ponderação do peso que será atribuído para cada um deles no caso concreto. Com relação às regras, o conflito aparente se resolve na dimensão da validade, através da aplicação dos critérios hierárquico, cronológico ou da especialidade13 1.4.1 A interpretação do artigo 226, §§ 3º e 4º, da Constituição Federal Cada norma constitucional deve ser entendida em conjunto com todo o ordenamento constitucional. Diogo14 ensina que “podemos nos utilizar da ponderação e da concordância entre tais normas, verificando o peso de cada uma para solucionar os aparentes conflitos constitucionais” As uniões de pessoas do mesmo sexo apresentam todas as características essenciais para a configuração das entidades familiares. Com o mesmo pensamento, Fugie traça os pressupostos para que a união estável possa ser estendida às relações homossexuais: Não há, pois, obstáculo algum para que o conceito de união estável estenda-se tanto às relações homossexuais quanto às heterossexuais. A convivência diária, estável, sem impedimentos, livre, mediante comunhão de vida e de forma publica e notória na comunidade social independe de orientação sexual de cada qual. (2002, p. 135). 11 BONAVIDES, p. 236. 12 PERES, Ana Paula p. 97-98. 13 Idem, p. 98-99. 14 ANDRADE, Diego de Calasans Melo de. Adoção entre pessoas do mesmo sexo e os princípios constitucionais. Revista Brasileira de Direito de Família. Nº 30 Jun/jul, 2005. No mesmo sentido, Fernandes (P.68) adverte que quando o julgador não se sentir seguro para caracterizar as uniões homossexuais como uniões estáveis, que as conceitue de outra forma, mas aplique os mesmos efeitos jurídicos daquelas entre pessoas de sexo diferente. Lôbo entende que o artigo 226 é clausula geral de inclusão, proibindo-se a exclusão de qualquer entidade que preencha os pressupostos da afetividade, estabilidade e ostensividade. Segundo Giorgis15, o artigo 226, § 3º da Carta Magna não apresenta proibição expressa para a constituição das relações entre pessoas do mesmo sexo e deve ser interpretado com a ajuda do método da “unidade da constituição” pelo qual o operador do direito deve integrar todas as normas constitucionais. Para Talavera16 a única diferença existente entre as uniões heterossexuais e as homossexuais é a diversidade de sexo, e Moraes17 ressalta que o vinculo entre as uniões homossexuais não deve ser ignorado, como também o principio da não- discriminação e o objetivo de nossa sociedade de liberdade, justiça e solidariedade. Já Hangel apresenta como solução para o conflito do artigo 226, o princípio da igualdade jurídica entre os gêneros. 1.4.2 Os princípios constitucionais do melhor interesse da criança e da igualdade e os valores familiares Tepedino18 analisando os artigos 227, § 6º, 226, §§ 3º e 4º combinados com os artigos 1º ao 4º, revela, em três traços característicos, a nova ordem de valores em matéria de filiação: a funcionalização das entidades familiares à realização da personalidade de seus membros, em particular os filhos; a despatrimonialização das relações entre pais e filhos; e a desvinculação entre a proteção conferida aos filhos e a espécie de relação dos genitores. 15 P. 126 16 P. 39. 17 P. 62 18 TEPEDINO, Gustavo. Temas do direito civil. 1999, p.393-394. Conforme Gustavo Tepedino19, a fórmula anglo-saxônica, representada pela expressão the best interests of the child, está duplamente prevista em nosso ordenamento no artigo 1º, inciso III, da CF e no artigo 6º da Lei nº 8.069/90. Pelo parens patriae, o Rei e a Coroa tinham a tarefa de atuar como guardiões de pessoas incapazes e também proteger seu patrimônio. A partir do século XIV, esta responsabilidade foi passada ao Chanceler e as Cortes de Chancelaria distinguiram as atribuições do parens patriae de proteção infantil das de proteção dos loucos20. Todavia, o instituto do parens patriae não visou desde o início a primazia do interesse da criança. No começo, o menor era considerado como coisa pertencente ao seu pai e, posteriormente, à sua mãe21. Mais tarde, surge o Tender Years, segundo o qual a criança em tenra idade será melhor assistida por sua mãe. Havia uma presunção relativa de preferência materna. Mas o Tender Years decaiu devido à Décima Quarta Emenda à Constituição norte-americana que conferiu o direito à igualdade de proteção das leis22. No século XX, a maioria dos estados norte-americanos passou a adotar a teoria do Tie Breaker, na qual deveria prevalecer uma aplicação neutra do melhor interesse da criança, confrontando-se todos os fatores e levando-se em consideração o caso sub judice23. O ECA e o Código Civil fixaram como critério de interpretação de todo o ordenamento a prioridade à proteção da formação da personalidade do filho, ainda que se faça em detrimento da vontade dos pais24. 19 Idem, P. 395. 20 PERES, Ana Paula. P. 106. 21 Idem, Ibidem 22 Idem, p. 107. 23 Idem, Ibidem. 24 Idem, p. 110. 1.4.3 Colisão entre o principio do melhor interesse da criança versus o direito à igualdade Conforme o artigo 5º, caput, combinado com o artigo 3º, inciso IV, da CF, há o melhor interesse da criança e também o direito à igualdade. Percebe-se, assim, uma colisão entre os princípios constitucionais, caso os homossexuais sejam proibidos de adotar. A resposta para o problema dos conflitos entre princípios será obtida através da ponderação de bens. Esse método resulta, conforme Espíndola25, num processo de “balanceamento de valores e interesses (...), consoante o seu peso e a ponderação de outros princípios eventualmente conflitantes (...)” . O mecanismo de atuação do critério da ponderação de bens se faz pela mensuração de cada principio constitucional, conforme o fato apresentado, fazendo incidir o princípio da proporcionalidade26. 1.4.4 O principio do melhor interesse da criança e sua interpretação frente às normas constitucionais e infraconstitucionais A criança e o adolescente são sujeitos de direitos, reconhecidos pelo sistema jurídico brasileiro e pela Doutrina da Proteção Integral. Não é suficiente para a criança ter uma família estruturada, uma boa escola, alimentação saudável e assistência médica, mais do que isso: É necessária a compreensão dos seus desejos, a possibilidade de estabelecer vínculos afetivos estáveis, o fortalecimento da auto- estima e autoconfiança, o estimulo ao convivo social, à comunicação e ao dialogo aberto27. Nesse sentido, é perfeitamente possível que a família homossexual preencha as necessidades da criança e do adolescente 25 ESPÍNDOLA, Ruy Samuel. P. 71. 26 PERES, Ana Paula. P. 121. 27 Idem, p. 526. 2 EVOLUÇÃO DOS MODELOS DE FAMÍLIA 2.1 Origens e histórico da família Podemos relatar duas teorias básicas: a matriarcal e a patriarcal. A primeira é baseada na idéia de que a família se originou de um estágio inicial de promiscuidade. A segunda diz que o pai sempre foi o núcleo da organização familiar, negando a ocorrência do período inicial da promiscuidade28. A família, inicialmente, era uma comunidade rural, formada pelos pais, prole, parentes e agregados, sendo considerada uma unidade de produção. Esse contexto influenciou a edição do Código Civil de 1916, que só dava direitos ao relacionamento matrimoniado. Com a Revolução Industrial, foi necessário que a mulher assumisse, também, o mercado de trabalho, havendo uma mudança significativa dos papéis dos cônjuges na família e da estrutura familiar, e os laços entre o Estado e a Igreja foram diminuindo e, com isso, os padrões de moralidade também. Diante dessa nova realidade, o constituinte trouxe à Constituição Federal de 1988 a consagração dessas novas formas de convívio. Hoje, um dos maiores avanços está no fato de que todos os filhos, inclusive os adotados, possuem os mesmos direitos. 2.2 A união entre pessoas do mesmo sexo: um novo conceito de família Os filhos ou a capacidade de tê-los não são mais requisitos para a noção de família, pois a ausência de prole por um casal não desconstitui o casamento e nem a idéia de família. No pensar de Rios29 as relações entre pessoas do mesmo sexo estão inseridas no âmbito jurídico familiar em atenção ao principio da dignidade da pessoa humana, não existindo razão para a sua exclusão. 28 Idem, p. 22. 29 2001, p. 110. Para Dias30 as uniões homossexuais são relações familiares parecidas com o casamento, apenas diferenciando-se no que diz respeito à possibilidade de gerar filhos. 2.3 A Constituição Federal, o Código Civil e o Estatuto da Criança e do Adolescente Os modelos de família biparental, com ou sem casamento, e o monoparental, têm expressa previsão legal. Mas há, também, outros tipos de família, aparentemente não reguladas no ordenamento pátrio. Deve-se reconhecer a legitimidade e a constitucionalidade dos outros modelos familiares não referidos expressamente, uma vez que há expressões inequívocas, na Lei Maior, que exigem uma interpretação aberta. Como afirma Lôbo31, no caput do artigo 226 houve uma transformação no que diz respeito ao âmbito de vigência da proteção constitucional à família. Ao retirar a locução ‘constituída pelo casamento’, sem substituí-la por outra, colocou sob a tutela constitucional ‘a família’, ou seja, qualquer família, pois a cláusula de exclusão desapareceu (...). Canotilho32 faz menção ao “principio da máxima efetividade”, o qual diz que o aplicador deve valer-se da interpretação que dê maior eficácia à norma constitucional. As famílias homossexuais estão, implicitamente, amparadas pela CF, pois como aponta Maximiliano33, as disposições constitucionais estendem-se aos casos que, por semelhança de motivos, estejam enquadrados no conceito e as normas elaboradas para atenuar injustiças interpretam-se amplamente. No estatuto da criança e do adolescente, tendo em vista o objetivo de proteger os menores, evidencia-se importante aproximação deste diploma com o novo Direito de Família, sob o enfoque da Constituição Federal de 1988 e da realidade atual plural das unidades familiares. Não poderia ser diferente a orientação do ECA, na medida em que a Constituição Federal dirige-se à família e aos pais, no caput dos artigos 226, 227, 229 e 230, sem distinção de qualquer natureza. 30 2001, p. 80. 31 2002, p.44-45. 32 1989, p.162 33 1980, p.204 No tocante ao Código Civil, o novo diploma não se manifestou acerca da família homossexual, não conseguindo, o legislador, harmonizar as normas do Código Civil, em face da evolução social da convivência familiar. 3 A ADOÇÃO POR PARES HOMOSSEXUAIS 3.1 Histórico da adoção e evolução legislativa brasileira Na Grécia destaca-se a adoção entre os atenienses e apenas os cidadãos podiam adotar e serem adotados, mediante a participação de uma assembléia popular34. Entre os babilônicos o adotado podia voltar à casa de seus pais legítimos, mas só se esses o tivessem criado, sendo proibida essa situação, caso o adotante tivesse gastado dinheiro e despendido zelo com o adotando35. No Direito Romano, havia três tipos de adoção: adoção testamentária; ad- rogação, e a adoção propriamente dita36. A adoção acabou sendo incompatível com a instituição de leis fundamentais aos interesses dos senhores feudais, como as referentes à transmissão iure sanguinis dos títulos nobiliárquicos37. A questão da adoção surgiu no Brasil com a Consolidação das Leis Civis, com Teixeira de Freitas, determinando aos juízes: “conceder cartas de legitimação aos filhos sacrilégios, adulterinos e incestuosos, e confirmar as adoções”. Passado alguns anos, a adoção foi posta no Código Civil de 1916, estabelecendo diferenças entre filhos naturais e adotivos. Criou-se, mais tarde, a legitimação adotiva, a qual não fazia distinção entre filhos biológicos e adotivos. Com o tempo, a legitimação adotiva passaria a ser tratada, apenas, como adoção, nas modalidades simples e plena, havendo ainda os que admitem a classificação da adoção em civil e estatutária38. Importante é que, seja com enfoque no Código Civil, seja no ECA, ou por ambos, a adoção cumpre uma função social considerável e deve ser compreendida sem preconceitos. 34 JUNIOR, Enézio de Deus Silva. P. 79. 35 PINTO, 2007, p. 01. 36 PERES, Ana Paula. P. 69-70. 37 JUNIOR, Enézio de Deus Silva. P. 80. 38 Idem, p. 80-81. 3.2 Requisitos e exigências para a adoção O Estatuto é que deve ser aplicado aos casos em que o interesse é a adoção de menores. Há pequenas diferenças entre as duas legislações que regem o instituto, pois os principais requisitos são comuns, adequando-se, ambas, à viabilidade de constituição do vínculo adotivo de filiação entre um menor e um casal de pessoas do mesmo sexo, desde que, acolhida a inicial, preenchidos todas as exigências legais e sendo favorável o resultado do estudo psicossocial, o juiz fundamente o seu convencimento, com base na estabilidade da união homossexual. Como o princípio da proteção integral à criança e ao adolescente, em termos de adoção, é mais voltado à estrutura emocional e ao comportamento sócio-moral dos adotantes, do que às suas orientações sexuais, são desnecessárias as discussões sobre a possibilidade de adoção por homossexual solteiro. Quanto ao Estatuto, Wald39 explica que “somente poderá haver adoção na mencionada lei, que podemos denominar plena, quando o adotando não tem mais de 18 anos” ou, quando ultrapassada essa idade, anteriormente, já se encontrava sob a tutela ou guarda dos adotantes. Na condição de ser humano em processo de desenvolvimento, o menor necessita de um estágio de convivência com os adotantes, que possibilite a aproximação afetiva e a tomada de decisão pela adoção, visto ser irrevogável, conforme reza o artigo 48 do ECA. O § 1º do artigo 46, explicita a possibilidade de dispensa, de tal estágio, se o adotando não tiver mais de um ano ou se “qualquer que seja a sua idade, já estiver na companhia do adotante, durante tempo suficiente para se poder avaliar a convivência da constituição do vinculo”. O ECA e o Código Civil representam um avanço normativo, na medida em que os requisitos exigidos para adoção por casal podem ser interpretados em favor de homossexuais, que convivam em sólida base afetivo-familiar. 39 2002, p. 224. 3.3 A viabilidade psicológica da educação pelo par homossexual A indagação leiga mais comum, no que diz respeito à adoção pelo casal homossexual, apresenta a possibilidade de a orientação sexual dos pais interferir no desenvolvimento da afetividade dos filhos. Surgem, também, considerações sobre os possíveis prejuízos vindos da falta dos referenciais materno e paterno na educação do menor. Reconhece-se a ausência de fundamentação cientifica e de comprovação fática para os argumentos mais utilizados. Na tentativa de a ciência apresentar o desenvolvimento da personalidade e a influência do ambiente sobre o comportamento das crianças, no que diz respeito ao papel sexual e à identidade afetiva dessas, pode-se trazer a baila muitas teorias, entre elas, a da Aprendizagem Social, as Cognitivo- desenvolvimentais, a do Esquema de Gênero e a Psicanálise40. Com efeito, Britzman41 evidencia que “a identidade sexual está sendo constantemente rearranjada, desestabilizada e desfeita, pelas complexidades da experiência”. Nesse aspecto, fica mais claro que o comportamento e a afetividade dos pais não interferem na constituição básica da sua orientação sexual. (...) enquanto realidade estrutural psíquica e complexa de desejos ininterruptos, pois que esse traço psicológico depende da conjugação de fatores ainda não totalmente explicitados cientificamente, em meio aos quais a dinâmica intersubjetiva dos genitores-educadores pode se apresentar somente como uma das causas somatórias (JUNIOR, Enézio de Deus Silva, 2005, p. 95). A Teoria da Aprendizagem Social frisa o papel do reforço direto e da influência para modelar as atitudes infantis de papel sexual42. Verificar-se-ia tal processo através da construção de concepções precisas de gênero nas crianças, ou seja, da edificação de sentimentos que as levassem a se identificar mais com o masculino ou com o feminino. (JUNIOR, Enézio de Deus Silva, 2005, p. 96). 40 JUNIOR, Enézio. P. 95. 41 1996, p. 74. 42 JUNIOR, Enézio. 2005, p. 96-97. O comportamento dependeria “do mundo simbólico interno, da capacidade de previsão das conseqüências do comportamento e de um sistema auto-regulatório que abarca um sistema auto-recompensador e um sistema autopunitivo43”. As teorias cognitivo-desenvolvimentais apresentam a relevância da constância de gênero para que a criança se sinta “motivada a aprender a se comportar da maneira esperada ou apropriada para aquele gênero44”. Para a Teoria do Esquema de Gênero, o entendimento do gênero começa a se desenvolver na criança, assim que ela percebe as diferenças comportamentais entre homem e a mulher. Para a teoria psicanalítica, as crianças ”interiorizam características da personalidade masculina ou feminina desse progenitor e adotam muitos de seus valores e características45” A dinâmica da imitação, no enfoque da psicanálise, ocorre através de simbologias, com base no desempenho equilibrado dos papéis de gênero. 3.4 A viabilidade jurídica da adoção por casais homossexuais Como o legislador não regulamentou as uniões homossexuais, contribuiu para a marginalização dos homossexuais. Para suprir tal lacuna e tornar a ordem jurídica mais justa, grande parte do Poder Judiciário vem se orientando pelo realismo jurídico, o qual busca enquadrar o direito à realidade social. Ante o poder-dever de sentenciar, os juízes têm se utilizado da analogia, partindo de uma interpretação sociológica, pois essa possui o objetivo de conformar a finalidade normativa às novas exigências sociais. Tendo em vista que os “preceitos constitucionais reclamam interpretação adequada à exigência da realidade46”, o Judiciário tem se mostrado favorável à consideração dos relacionamentos homossexuais como uniões estáveis. 43 ROSA. 2003, p. 72. 44 BEE, 1996, p. 304 45 MUSSEN, et al., 1988, p. 336. 46 FUGIE, 2002, P. 139, Enquanto não surgir uma norma que regule a relação homossexual, “é de se aplicar a legislação pertinente aos vínculos familiares e, sobretudo, à união estável, que, por analogia, é perfeitamente, aplicável” (DIAS, 2001, p. 4). Devendo mostrar a filiação, a certidão de nascimento terá de contemplar os nomes dos pais do mesmo sexo, refletindo a realidade na qual o adotado está inserido. Não se encontram óbices na Lei 6.015/73 quanto ao fato de constarem no registro o nome de duas pessoas de sexo idêntico, tendo em mira que a referida lei é de exigências meramente formais. Um bom exemplo da viabilidade jurídica da adoção por pares homossexuais é a reportagem da revista Época, a qual traz a baila o caso de dois homens que vivem juntos há quatorze anos e adotaram uma menina, colocando em sua certidão de nascimento o nome de ambos47. Para demonstrar que a atual realidade social nos conduz à aceitação dessa formação familiar, qual seja, a formada por casais homossexuais, é importante colacionar na presente monografia o entendimento do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul acerca da adoção por pares homossexuais, através da jurisprudência: EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. ADOÇÃO. CASAL FORMADO POR DUAS PESSOAS DE MESMO SEXO. POSSIBILIDADE. Reconhecida como entidade familiar, merecedora da proteção estatal, a união formada por pessoas do mesmo sexo, com características de duração, publicidade, continuidade e intenção de constituir família, decorrência inafastável é a possibilidade de que seus componentes possam adotar. Os estudos especializados não apontam qualquer inconveniente em que crianças sejam adotadas por casais homossexuais, mais importando a qualidade do vínculo e do afeto que permeia o meio familiar em que serão inseridas e que as liga aos seus cuidadores. É hora de abandonar de vez preconceitos e atitudes hipócritas desprovidas de base científica, adotando-se uma postura de firme defesa da absoluta prioridade que constitucionalmente é assegurada aos direitos das crianças e dos adolescentes (art. 227 da Constituição Federal). Caso em que o laudo especializado comprova o saudável vínculo existente entre as crianças e as adotantes. NEGARAM PROVIMENTO. UNÂNIME. (SEGREDO DE JUSTIÇA) (Apelação Cível Nº 70013801592, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Luiz Felipe Brasil Santos, Julgado em 05/04/2006). 47 Revista Época. Nº 453, p. 80-87. A supracitada jurisprudência reforça a certeza de que em nada afetará a criança o fato de ela ser criada por casais homossexuais e que o preconceito só contribui para a marginalização dessas relações e para o abandono dos menores. CONCLUSÃO Ante as considerações apresentadas nessa monografia, podemos concluir que a homossexualidade sofreu grandes preconceitos ao longo da história, principalmente pela influência da Igreja, que concebia o casamento como uma forma de procriação. Mas aos poucos essa visão foi mudando, e mesmo havendo um preconceito fortemente arraigado até os dias atuais, a adoção por pares homossexuais é uma realidade cada vez mais latente em nossa sociedade, pois as demandas envolvendo cidadãos com essa orientação afetiva têm aumentado consideravelmente. Cabe lembrar que a sociedade está em constante mudança, não é uma realidade estática, e a família vem apresentando cada vez mais diferentes formas de organização, de modo que ficar alheio a esse processo seria negar o incontestável, não alcançando, o Direito, o seu fim: a justiça. É importante mencionar que de nada adianta permitir a adoção por apenas uma pessoa, se em verdade a criança será criada por um casal gay. Essa decisão implica uma série de prejuízos ao adotando, quais sejam: o direito referente a alimentos, numa eventual separação dos pais ou mães, o direito à visitação do parceiro que não exerce a guarda e a habilitação na sucessão, como herdeira necessária. O deferimento da adoção para casais que se atraem por pessoas do mesmo sexo, respeita a isonomia entre os seres humanos, pois todas as pessoas possuem o direito de formar uma família e contribui, também, para que a criança seja criada com carinho e educação, evitando, assim, a sua marginalização. O Direito, como regulamentador de fatos sociais, deve tutelar a adoção por pares homossexuais, não havendo justificativa para o atraso legislativo observado, principalmente quando comparado a outros países, onde há um maior ou total reconhecimento dessa entidade familiar. Essa postura atende o melhor interesse da criança. Ainda que levemos em consideração o princípio da igualdade, não podemos deixar de reconhecer a importância e a necessidade da criação de um ordenamento jurídico próprio para regular essa adoções, tendo em vista que isso garantiria aos homossexuais e à própria criança, maior segurança ao seu direito de formar uma família, na medida em que, mesmo sendo indicada a equiparação com as uniões estáveis, o juiz pode não concordar com esse entendimento, baseado apenas nos seus valores. Ou seja, para que se evite a decisão pautada em requisitos subjetivos, o que causa insegurança e aflição a essas pessoas que pretendem dar e receber afeto, é indicada a regulamentação expressa desse instituto quando se trate de casais homossexuais, para que a decisão seja avaliada através de um enfoque objetivo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, Diego de Calasans Melo de. Adoção entre pessoas do mesmo sexo e os princípios constitucionais. Revista Brasileira de Direito de Família. Nº 30 Jun/jul, 2005. ARDUINI, Juvenal. Antropologia: ousar para reinventar a humanidade. São Paulo: Paulus, 2002. AZEVEDO, Álvaro Villaça. Estatuto da família de fato: de acordo com o novo código civil. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2002. BANDEIRA, Marcos. Adoção na prática forense. Ilhéus-BA: Editus, 2001. BARROSO, Luís Roberto. O Direito Constitucional e a Efetividade de suas normas: Limites e possibilidades da Constituição Brasileira. 2ª ed. Rio de janeiro: Renovar, 1993. BEE, Helen. A criança em desenvolvimento. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996 BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 8ª ed. São Paulo: Malheiros, 1999. BRANDÃO, Débora Vanessa Caús. Parcerias Homossexuais: aspectos jurídicos, Editora Revista dos Tribunais, 2002. BRITZMAN, Deborah P. O que é esta coisa chamada amor? Identidade homossexual, educação e currículo. In: Revista & Realidade. Porto Alegre, n. 21 (1), jan/jun. 1996. CABRAL, Juçara Terezinha. A sexualidade no mundo ocidental. São Paulo: Papirus, 1995. CANOTILHO, Gomes. Direito Constitucional. Coimbra: Almedina, 1989. CARVALHO, Hilário Veiga de. Compêndio de medicina legal. São Paulo: Saraiva, 1987. CLARO, Priscila Del. Homossexualidade: as origens, os mitos e a realidade. In: Revista Educação & Família – Sexualidade: pedofilia e homossexualidade, nº. 02, a. I. São Paulo: Escala, 2002 Constituição: República Federativa do Brasil. 18ª ed. Editora CORAG, 2006. CROCE, Delton; CROCE JUNIOR, Delton. Manual de Medicina Legal. São Paulo: Saraiva, 1995. DIAS, Maria Berenice. União homossexual, o preconceito e a justiça. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2001. DIAS, Maria Berenice. União homossexual: aspectos sociais e jurídicos. In: Revista Brasileira de Direito de Família, a. I, n. 4, jan./fev./mar, 2000. Porto Alegre: Síntese ESPÍNDOLA, Ruy Samuel. Conceito de princípios constitucionais: elementos teóricos para uma formulação dogmática constitucionalmente adequada. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2002 FACHIN, Luiz Edson. Aspectos jurídicos da união de pessoas do mesmo sexo. In: A nova família: problemas e perspectivas. Rio de Janeiro: Renovar, 1997. FACHIN, Luiz Edson. Direito além do Novo Código Civil: novas situações sociais, filiação e família. In: Revista Brasileira de Direito de Família, v. 5, nº.17. Porto Alegre: Síntese, 2003. FERNANDES, Taísa Ribeiro. União homossexual e seus efeitos jurídicos. São Paulo: Método, 2004. FIGUEREDO, Luiz Carlos de Barros. Adoção para Homossexuais. Curitiba: Juruá, 2002. FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade 1: a vontade de saber. Rio de Janeiro: Graal, 1997. FREUD, Sigmund. Esboço de psicanálise. In: Freud – coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1978. FUGIE, Érica Harumi. A união homossexual e Constituição Federal. In: Revista Brasileira de Direto de Família. Porto Alegre: Síntese, v. 4, n. 15, 2002 GIORGIS, José Carlos Teixeira. A natureza jurídica da relação homoerótica. In: Família e Cidadania – o novo CB e a vacatio legis. Anais do III Congresso Brasileiro de Direito de Família. Belo Horizonte: IBDFAM/Del Rey, 2002. GOMES, Orlando. Direito de Família. Rio de Janeiro: Forense, 1992 HANGEL JUNIOR, Hamilton. Principio da moralidade constitucional. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2001. HESSE, Konrad. Elementos de Direito Constitucional da República Federal da Alemanha. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris, 1998. JUNIOR, Enézio de Deus Silva. A possibilidade jurídica de adoção por casais homossexuais. Curitiba: Editora Juruá, 2005. JUNIOR, Enézio de Deus Silva. Adoção por casais homossexuais. Revista Brasileira de Direito de Família. Nº 30 Jun/jul 2005. LÔBO, Paulo Luiz Netto. Entidades Familiares Constitucionalizadas: para além do numerus clausus. In: Revista Brasileira de Direito de Família, a. III, n.12, jan./fev./mar, 2002, Porto Alegre: Síntese. MATTOS, Paulo. Mito Genético. In: Revista Sui Generis, a. II. n. 12, 1996 MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e Aplicação do Direito. Rio de Janeiro. Forense, 1980. MORAES, Alexandre de. Constituição do Brasil Interpretada e Legislação Constitucional. São Paulo: Atlas. MORAES, Maria Celina Bedin de. A união entre pessoa do mesmo sexo: uma analise sob a perspectiva civil-constitucional. RTDC, v. 1, jan./mar 2000 MUSSEN, Paul Henry et al. Desenvolvimento e personalidade da Criança. São Paulo: HARBRA, 1988. NEGRÃO, Theotonio; GOUVÊA, José Roberto Ferreira, Código Civil, 22ª edição, Editora Saraiva, 2003 NOVAES, Maria Helena. O “maior interesse” da criança e do adolescente face às suas necessidades biopsicossociais – uma questão psicológica. In: O melhor interesse da criança: um debate interdisciplinar. Rio de Janeiro: Renovar, 2000. PEREIRA, Jane Reis Gonçalves; SILVA, Fernanda Duarte Lopes; SILVA Lucas da. A estrutura normativa das normas constitucionais. In: Os princípios da Constituição de 1988. Lúmen Júris: Rio de Janeiro, 2001. PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Direito de família: uma abordagem psicanalí- tica. 2. ed.rev.atual. Belo Horizonte: Del Rey, 1999. PERELMAN, Chaïm. Ética e direito. Trad: Maria Ermantina Galvão. São Paulo: Martins Fontes, 1999. PERES, Ana Paula Ariston Barion. A adoção por homossexuais: fronteiras da família na Pós-modernidade. Rio de Janeiro – São Paulo – Recife: Editora Renovar, 2006. PIAZZETA, Naele Ochoa. O principio da igualdade no Direito Penal Brasileiro – uma abordagem de gênero. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2001. PINTO, Flávia Ferreira. Adoção por homossexuais. Disponível em: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2669. Acesso em: 07 abril de 2007. REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito. São Paulo: Saraiva, 1994 RIOS, Roger Raup. A homossexualidade no Direito. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2001 ROSA, Jorge et al. Psicologia e educação: o significado do aprender. Porto Alegre; Edipucrs, 2003. SAPKO, Vera Lucia da Silva. Do Direito à paternidade e maternidade dos Homossexuais: sua viabilidade pela adoção e reprodução assistida, Editora Juruá, 2005, Curitiba SARMENTO, Daniel. Os Princípios Constitucionais e a Ponderação de Bens. In: Teoria dos Direitos Fundamentais. Rio de Janeiro: Renovar, 1999. SUTTER, Matilde Josefina. Determinação e mudanças de sexo: aspectos médico-legais. São Paulo: RT, 1993. TALAVERA, Glauber Moreno. União civil entre pessoas do mesmo sexo. Rio de Janeiro: Forense, 2004 TEPEDINO, Gustavo. A Disciplina Jurídica da Filiação. In: Direitos de Família e do Menor. Belo Horizonte: Del Rey, 1993. VELOSO, Beatriz; SANCHES, Mariana. Uma família brasileira. In: Revista época, janeiro/07, nº453. VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Direito de Família. São Paulo: Atlas, 2003, v. 5 VEYNE, Paul. A homossexualidade em Roma. In: ÁRIES, Philippe; BÉJIN, André (org). Sexualidade ocidentais. São Paulo: Brasiliense, 1985. WALD, Arnoldo. Curso de Direito Civil Brasileiro – O Novo Direito de Família. São Paulo: Saraiva, 2002.