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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JU´LIO DE MESQUITA FILHO” UNESP - Campus de Ilha Solteira - Departamento de Matema´tica EQUAC¸O˜ES DIFERENCIAIS ORDINA´RIAS - 2012. Aula 09 (21/03) Teoremas de existeˆncia e Unicidade Sejam I ⊂ R um intervalo aberto e p, q : I → R duas func¸o˜es cont´ınuas, isto e´, p, q ∈ C(I,R). Lembrete: C(I,R): espac¸o vetorial com operac¸o˜es [p+ q](t) = p(t) + q(t) [λ p](t) = λ p(t) p, q ∈ C(I,R), λ ∈ R Consideremos o subespac¸o C2(I,R) ⊂ C(I,R) e o operador L : C2(I,R)→ C(I,R) Teorema Se p, q e g sa˜o func¸o˜es cont´ınuas num intervalo aberto I, com t0 ∈ I, enta˜o existe exata- mente uma soluc¸a˜o y = φ(t), definida em I, do problema Teorema Se y1 e y2 sa˜o duas soluc¸o˜es da equac¸a˜o diferencial homogeˆnea L(y) = y ′′ + p(t) y ′ + q(t) y = 0 , (1) enta˜o toda combinac¸a˜o linear y = c1 y1 + c2 y2, c1, c2 ∈ R tambe´m e´ soluc¸a˜o de (5). Quando podemos escolher as constantes c1 e c2 de modo que sejam satisfeitas as condic¸o˜es iniciais? 1 Para que y = c1 y1 + c2 y2 satisfac¸a a`s condic¸o˜es y(t0) = y0 e y ′ (t0) = y ′ 0 devemos ter y(t0) = c1 y1(t0) + c2 y2(t0) = y0 , y ′ (t0) = c1 y ′ 1(t0) + c2 y ′ 2(t0) = y ′ 0 . (2) Quando o determinante da matriz do sistema e´ na˜o-nulo, existe uma u´nica soluc¸a˜o de (2), isto e´, quando det y1(t0) y2(t0) y ′ 1(t0) y ′ 2(t0) 6= 0 , (3) a soluc¸a˜o de (2) existe, e´ u´nica e e´ dada (pela regra de Cramer) por c1 = det y0 y2(t0) y ′ 0 y ′ 2(t0) det y1(t0) y2(t0) y ′ 1(t0) y ′ 2(t0) e c2 = det y1(t0) y0 y ′ 1(t0) y ′ 0 det y1(t0) y2(t0) y ′ 1(t0) y ′ 2(t0) (4) O determinante (3) e´ chamado de determinante Wronskiano das func¸o˜es y1 e y2, e e´ denotado por W (y1, y2)(t0) Podemos sintetizar tudo isso no Teorema Sejam y1 e y2 duas soluc¸o˜es da equac¸a˜o diferencial homogeˆnea (5). E´ poss´ıvel escolher constantes c1 e c2 de modo que y = c1 y1 + c2 y2 , satisfac¸a as condic¸o˜es iniciais se, e somente se, W (y1, y2)(t0) = y1(t0) y ′ 2(t0)− y2(t0) y ′ 1(t0) 6= 0 . 2 Dizemos que y1 e y2 formam um conjunto fundamental de soluc¸o˜es para a equac¸a˜o y ′′ + p(t) y ′ + q(t) y = 0, e y(t) = c1 y1(t) + c2 y2(t) , e´ a soluc¸a˜o geral da equac¸a˜o. Teorema Considere a equac¸a˜o L(y) = y ′′ + p(t) y ′ + q(t) y = 0 , (5) com p e q cont´ınuas num intervalo I, e t0 ∈ I. Suponhamos que y1(t0) = 1 , y ′ 1(t0) = 0 , y2(t0) = 0 , y ′ 2(t0) = 1 . isto e´, y1(t0) y ′ 1(t0) = 1 0 e y2(t0) y ′ 2(t0) = 0 1 Enta˜o {y1, y2} e´ um conjunto fundamental de soluc¸o˜es de (5). Observac¸a˜o O conjunto fundamental de soluc¸o˜es e´ uma base para o espac¸o das soluc¸o˜es de (5): • dizer que toda combinac¸a˜o linear de y1 e y2 tambe´m e´ soluc¸a˜o significa dizer que {y1, y2} gera o conjunto das soluc¸o˜es de (5); • dizer que W (y1, y2)(t0) 6= 0 significa dizer que {y1, y2} e´ um conjunto Linearmente Independente de vetores (que neste caso sa˜o func¸o˜es). Observac¸a˜o Como sabemos de A´lgebra Linear, existe va´rias bases para um espac¸o vetorial, e por- tanto, existem va´rios conjuntos fundamentais de soluc¸o˜es de (5). Por exemplo, para a equac¸a˜o y ′′ − y = 0, com t0 = 0, sabemos que um conjunto fundamental de soluc¸o˜es e´ {et, e−t} W (et, e−t)(0) = det et e−t et −e−t (0) = −2 6= 0 3 No entanto este na˜o e´ o conjunto fundamental de soluc¸o˜es garantido pelo teorema anterior, ja´ que y1(0) = e 0 = 1 mas y ′ 1 = e 0 6= 0. Ainda considerando o exemplo anterior, podemos a partir do conjunto fundamental de soluc¸o˜es e´ {et, e−t} obter o conjunto fundamental de soluc¸o˜es e´ {y1, y2} indicado pelo teorema. Como devemos ter que y1(0) = 1 , y ′ 1(0) = 0 , y2(0) = 0 , y ′ 2(0) = 1 , e´ fa´cil ver que y3(t) = et + e−t 2 = cosh (t) e y4(t) = et − e−t 2 = senh (t) e´ o conjunto fundamental procurado. Exemplo Vamos verificar que {et cos(2 t), et sen(2 t)}, para t ∈ R, e´ um conjunto fundamental de soluc¸o˜es para a equac¸a˜o y ′′ − 2 y′ + 5 y = 0 . Podemos enta˜o determinar a soluc¸a˜o da equac¸a˜o que satisfaz as condic¸o˜es iniciais y(0) = 1 e y ′ (0) = 0. Teorema (de Abel) Se y1 e y2 sa˜o soluc¸o˜es da equac¸a˜o diferencial homogeˆnea (5), com t ∈ I, e p e q cont´ınuas em I (intervalo aberto), enta˜o o Wronskiano W (y1, y2)(t) e´ dado por W (y1, y2)(t) = c exp [ − ∫ p(t) dt ] , sendo c uma constante que depende de y1 e y2 mas na˜o depende de t. Ale´m disso, W (y1, y2)(t) e´ nulo, para todo t ∈ I (se c = 0), ou nunca se anula em I (se c 6= 0). 4