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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE MATEMÁTICA E ESTATÍSTICA Claudia Carloni Gulliver Augusto Hosana Rachel Tânia Santos Profª.: Narcisa Santos Disciplina: Metodologia de Pesquisa Atuarial SAÚDE FINANCEIRA Rio de Janeiro 2013 Resumo O objetivo deste trabalho será avaliar o comportamento financeiro das pessoas. Devido ao tema ser bem amplo, o Município do Rio de Janeiro ficou definido como público-alvo de nossa pesquisa. As entrevistas foram realizadas em bairros localizados na zona sul, norte, centro e zona oeste, o questionário formulado também foi divulgado em redes sociais e por listas de e-mail, abrangendo uma parcela bem diversificada. Nas páginas que seguem, iremos mostrar, com base nos dados coletados, como as pessoas planejam suas finanças, se possuem algum tipo de investimento e a forma como elas se preocupam com o futuro. Também será verificado como o nível de instrução afeta o perfil financeiro e, evidenciar quais são as aplicações mais conhecidas e/ou utilizadas. Outro ponto de destaque será avaliar quais instrumentos bancários são mais utilizados, como cartão, cheque, dinheiro, etc.; e também o público em geral se mantém diante de uma emergência financeira, a aonde procuram auxílio para reverter tal situação. Enfim, estas análises irão nos ajudar a identificar o perfil de cada pessoa, como ela administra a saúde financeira própria e de sua família e como pretende manter a sua qualidade de vida mesmo após a aposentadoria. Introdução Planejamento financeiro é coisa séria! Antes de começarmos vamos compartilhar a breve história de Nivaldo Eduardo, um dos primeiros milionários pela Loteria Esportiva no Brasil, que hoje em dia se tornou morador de rua. A bolada recebida por Nivaldo equivaleria hoje a um pouco mais que R$6 milhões, valores atualizados pelo Índice Geral de Preços ao Consumidor, da Fundação Getúlio Vargas. Se Nivaldo soubesse que perderia todo o seu dinheiro, com certeza teria feito um planejamento financeiro, teria poupado uma parcela e/ou aplicado em algum tipo de investimento. Esse exemplo nos deixa bem claro sobre a importância de administrar nossa renda, a necessidade de realizar um orçamento para controlar gastos, seja com despesas básicas ou mesmo no momento de uma emergência financeira. A facilidade com que ganhamos crédito hoje em dia é surpreendente, e o uso excessivo de cheques, cartões de crédito, limite especial, entre outros nos dá uma falsa impressão de que estamos controlando gastos ao reduzi-los em parcelas menores, entretanto, quando menos esperamos, o saldo devedor chega a um patamar elevado. A necessidade de poupar dinheiro, ou gerar rendimentos por meio de investimentos deve se tornar um hábito de cada brasileiro, de forma a garantir uma boa qualidade de vida mesmo após a aposentadoria. Para verificar o hábito dos habitantes de bairros do Município Carioca, foi calculado o tamanho da amostra representativa dessa população e o resultado foi de 384. O valor obtido levou em consideração os dados extraídos do censo de 2010 relacionados à população do Município do Rio de Janeiro, que é de 6.320.446 habitantes. Além disso, foi adotado um nível de confiança de 95%. Situação Financeira Atual 1.1 - O Hábito de guardar dinheiro Neste gráfico, avaliamos o hábito de guardar dinheiro X nível de escolaridade onde podemos notar que o percentual das pessoas que afirmaram que o hábito de poupar faz parte do cotidiano e tem ensino superior é mais elevado que o das pessoas que possuem o ensino fundamental incompleto. Nota-se que as pessoas com baixo nível de escolaridade gastam a renda com despesas básicas, resultado esperado devido à baixa renda. São pessoas, que procuram até pagar as suas contas atuais, mesmo que com dificuldades, no entanto não se programam para o inesperado. 1.2 – Estado Civil x Hábito de guardar dinheiro Sobre outro ponto de vista, procuramos verificar se a afirmação de que o Estado Civil também possui influência sobre o hábito de poupar: Pelo gráfico acima, pessoas solteiras responderam que ao sobrar dinheiro elas optam por guardá-lo. Para os casados, a coluna que se refere à opção: “Não, pois meu dinheiro está sempre comprometido com despesas básicas” é bem mais elevado. Isso se dá pela responsabilidade de manter uma família, gastos com moradia, filhos, saúde, alimentação, enfim, nessa etapa de vida surgem gastos que dificultam o ato de poupar. Vale ressaltar que o percentual das pessoas que não poupam dinheiro por causa de dívidas e gastam mais do que deveriam representam uma parcela significativa em cada classe (estado civil). 1.3 – Como pagam suas contas: Pelos dados apresentados pelo gráfico 1.2, verifica-se que grande parte dos entrevistados utiliza o dinheiro para pagar suas contas contrariando uma reportagem feita pela equipe do G1 (globo.com) que afirma: “Um em cada cinco brasileiros inadimplentes têm alguma fatura não paga no cartão de crédito, mostra um estudo encomendado pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) e pelaCNDL (Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas) sobre o perfil e o planejamento das finanças pessoais.” Pela matéria acima é possível concluir que uma grande parcela da população utiliza cartão de crédito e ainda são inadimplentes. Essa divergência com o resultado no gráfico analisado pelo grupo deve-se ao fato de muitos terem vergonha de falar que utilizam cartão ou cheque especial. A maioria das pessoas não quer se expor e muito menos falar que não tem dinheiro. Além disso, também há o fator margem de erro. 1.4 – Como controlam seus gastos: Analisando o gráfico, podemos concluir que 52,48% dos entrevistados não fazem um controle formal, mas tem consciência dos gastos, representando grande parcela dos entrevistados, o que evidencia como o planejamento financeiro não é algo comum, nem rotineiro para muitas pessoas. 1.5 – Emergência financeira Quando indagados de onde eles recorreram em situações de emergência financeira, 27,94% utilizaram dinheiro guardado. Verificamos que o percentual das pessoas que recorreram a amigos e parentes, empréstimos, outros e não fizeram nada a respeito, totalizam a parcela de 72,06% dos entrevistados. Apenas 27,94% possuíam algum tipo de renda/poupança. Evidenciando novamente como a falta de planejamento financeiro pode afetar nossa qualidade de vida e nosso futuro, ou seja, grande parte não possuía um plano de ação em caso de crises financeiras. Uma análise bastante interessante refere-se à tabela acima. A partir dele, pode-se verificar que as pessoas que não fazem um controle do seu dinheiro em situações inesperadas (emergências financeiras) normalmente não possuem dinheiro guardado. É possível verificar que 65% das pessoas não controlam formalmente o seu dinheiro e, por isso, 48% delas em situações de emergência financeira não possuem dinheiro guardado. Investimentos 2.1 - Tipos de investimentos que você conhece: Quando perguntamos sobre tipos de instrumentos financeiros que os entrevistados mais tinham conhecimento, verificamos que grande parte, marcou a poupança (92,45%) e a conta corrente, como esperado, contudo aplicações diversas como títulos públicos, fundos de investimentos, CDB’s ficaram entre os menos escolhidos. Este fato se deve, em grande parte, à falta de conhecimento do mercado financeiro e como as correções e taxas de juros funcionam. Ações aparecem com um grande índice, mas verificando de forma mais detalhada, tivemos relatos de que muitos já ouviram falar. Porém quando questionados como o mercado funcionava e se tinham interesse em entrar nesse seguimento, muitos não conseguiram apresentar uma objeção clara e afirmaram não ter muito conhecimento sobre o assunto. 2.2 – Tipo de Investimento que possui: Quando a pesquisa foi voltada para investimentos que possuíam, 54,79% não possuem investimentos, Acompanhado de 32,45% que aplicam em poupança e menos de 13% tem aplicações em outras aplicações como fundos de investimentos, títulos de renda fixa e renda variável, ou mista. 2.3 - Tipo de investimento x nível de escolaridade Fazendo uma análise dos entrevistados que possuem investimentos e o seu nível de escolaridade, obtemos: O grau de instrução está ligado diretamente a um conhecimento maior do mercado financeiro, logo para aplicações como CDB, debêntures e aplicações de renda variável, os picos nos percentuais estão ligados a pessoas com maior escolaridade. Enquanto que a poupança continua sendo uma das aplicações mais utilizadas pela grande parte dos entrevistados, pelo baixo risco do investimento e pela forma mais conhecida de se guardar dinheiro. 2.4 - O que te impede de começar a investir? Quando questionados sobre o perfil investidor, a maior parte (31,85%) falou que não sobra dinheiro para investir e 17,75% afirmou que devido à renda muito baixa, não os permitem fazer investimentos. Apenas 9,40% assumiram que não tinham conhecimento sobre o assunto, como verificado abaixo: Como se manter na aposentadoria - Como irá se manter na aposentadoria? Quando perguntados sobre como pretendiam de manter na aposentadoria, verificou-se que uma pequena parcela, 30,29%, optou por contratar um plano de previdência complementar e que 59% dos entrevistados disseram que pretendiam se aposentar pelo INSS e/ou vão continuar trabalhando. Quando detalhamos o estudo para comparamos com as profissões, ver Quando detalhamos o estudo para comparamos com as profissões, verificamos que dentre as pessoas que pretendiam de aposentar pelo INSS estavam atendentes, costureiras, pessoas desempregadas, balconistas, babás e auxiliares administrativos. Isso deve-se ao fato dessas pessoas não reduzirem o seu padrão de vida aposentando-se pelo INSS, já que o teto é de R$ 4.159,00. Os que responderam que continuariam trabalhando são normalmente aqueles que tem um micronegócio e pretendem depender dele. Nesse universo encontram-se autônomos, domésticas, garçons, motoristas, manicures, costureiras e comerciantes. Já dentre os profissionais que pretendem aposentar-se pelo INSS complementado por um plano de previdência estão economistas, jornalistas, estatísticos, geólogos, gestores ambientais, advogados, contadores, enfim pessoas com um grau de conhecimento maior e, além disso, que teriam o seu padrão de vida reduzido caso só tivessem a aposentadoria do INSS. – Plano de Previdência Complementar Em relação à previdência complementar, como vimos anteriormente, uma parcela pequena optou por este plano. Verificamos o tempo de aplicação entre as pessoas que tem este tipo de plano: Analisa-se que grande parte dos entrevistados, possui um plano de previdência há pouco tempo. O que fazer caso você ganhe R$200.000,00? Esta pergunta foi feita para avaliar o comportamento das pessoas frente a uma mudança radical em termos financeiros. Dos entrevistados, 48,83% comprariam um imóvel e 20,89% gastaria de outra forma (viagem, automóvel, compras no shopping e outros). Mas a grande surpresa foi o fato de 26,89% afirmarem que investiriam o dinheiro, mesmo essa resposta não estando dentro das opções justamente para não induzir o entrevistado. Conclusão Com a pesquisa foi possível identificar como as pessoas se preocupam muito pouco em planejar o seu futuro. Elas não querem assumir a responsabilidade de guardar dinheiro. É por isso que a maioria acaba dizendo que “Sempre que sobra guardo uma quantia”. Na verdade, isso não é um hábito, é uma maneira mais fácil de dizer que tem uma certa preocupação com a sua vida financeira. As pessoas só se preocupam em poupar quando a situação adversa já apareceu; elas não se programam para o inesperado. No que diz respeito às pessoas com nível de escolaridade alto, a cultura de guardar dinheiro já deveria estar muito mais difundida, afinal são pessoas que têm acesso ao conhecimento. É preocupante ver que dos 39% entrevistados com nível superior, praticamente a metade deles não tem nenhum tipo de investimento. No quesito aposentadoria, o dado foi realmente alarmante: 27% das pessoas pretendem se aposentar pelo INSS. Os meios de comunicação estão disponíveis a todos e não é difícil ver que a situação da previdência social é preocupante. O dado recente saiu no globo.com no dia 30 de janeiro: “Déficit do INSS sobe 9% em 2012 e atinge R$ 42,2 bilhões, diz governo” Investir não é algo restrito apenas a quem tem dinheiro. Se a pessoa recebe pouco ela pode simplesmente poupar pouco, o importante é se planejar de alguma forma. Por isso, não é justificável ver respostas do tipo “Minha renda é muito baixa” ou “Não sobra dinheiro no final do mês”. Não existe aquele que não tem responsabilidades e contas a pagar, o que existe é o que não consegue administrar aquilo que ganha. Sempre sobra dinheiro para aquela roupinha, o chopp no barzinho, a balada com amigos, enfim... Se esse dinheiro que realmente sobra fosse utilizado pensando no futuro e não no hoje, estaríamos adiando uma alegria mais intensa. Portanto, com todas as análises feitas é possível concluir que as pessoas estão muito mais preocupadas com o seu hoje e esquecem de planejar o seu futuro. Muitas nem sequer conhecem os investimentos que podem ser muito mais rentáveis que a poupança. E mesmo que recebessem R$ 200.000,00 hoje provavelmente ele seria liquidado em pouco tempo. É por isso, que 42% das pessoas que disse não ter investimentos hoje também não investiriam caso recebessem 200 mil reais hoje. Referências bibliográficas G1.globo.com. Acessado em: 22/02/2013 http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-05-04/poupanca-continua-sendo-melhor-investimento-financeiro-no-brasil-diz-mantega. Acessado em: 22/02/2013 http://portal.cruzeirodosul.inf.br/acessarmateria.jsf?id=455027 Acessado em: 22/02/2013 Anexo I - Questionário UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE MATEMÁTICA E ESTATÍSTICA Este questionário trata-se de uma pesquisa realizada por alunos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Saiba que a sua identidade não será revelada e que os dados contidos aqui serão utilizados apenas para estudos acadêmicos. Questionário 1. Qual é o seu sexo? ( ) Feminino ( ) Masculino 2. Qual é a sua idade? _______________ 4. Qual é o seu estado civil? ( ) Solteiro ( )Casado/ União Estável ( )Separado ( )Divorciado ( )Viúvo 5. Qual é o seu nível de escolaridade? ( ) Ensino fundamental incompleto ( ) Ensino médio incompleto ( ) Ensino médio completo ( ) Ensino Superior incompleto ( ) Ensino Superior completo 6. Qual é a sua profissão? ____________________________________________________ 7. Tem o hábito de guardar dinheiro? ( )Ainda não, mas pretendo começar assim que pagar minhas dívidas. ( ) Não e normalmente gasto mais do que deveria. ( )Não, pois meu dinheiro está sempre comprometido com despesas básicas. ( )Sim, sempre que sobra guardo uma quantia. ( )Sim, sempre. Isso já faz parte do meu orçamento mensal. 8. Tem algum tipo de investimento? ( ) Não. ( ) Sim, apenas poupança. ( ) Sim, poupança e outros investimentos em renda fixa, como título público e CDB. ( ) Sim, em renda fixa (Ex.:título público, CDB, debêntures etc) e variável (Ex.:ações, dólar etc). ( ) Outros. Qual(is): _____________________________________________________________ 9. Há quanto tempo possui investimentos? ( )Até 5 anos. ( ) De 5 a 10 anos. ( )De 10 a 15 anos. ( )De 15 a 20 anos. ( )Mais de 20 anos. 10. Possui plano de previdência complementar? ( )Não e não sei do que se trata. ( ) Não. ( )Sim, ele é oferecido pela empresa na qual trabalho. ( )Sim, possuo um plano individual. ( )Sim, possuo um plano individual e um oferecido pela minha empresa. 11. Há quanto tempo possui plano de previdência complementar? ( )Até 5 anos. ( ) De 5 a 10 anos. ( )De 10 a 15 anos. ( )De 15 a 20 anos. ( )Mais de 20 anos. 12. Como pretende se manter na velhice? ( ) Não deixará de trabalhar mesmo na velhice. ( ) Com a aposentadoria do INSS. ( ) Com a aposentadoria do INSS e um plano de previdência complementar. ( )Sou servidor público e terei aposentadoria integral. ( ) Outros. Como: ____________________________________________________________ 13. O que te impede de começar a investir seu dinheiro: ( )Não tenho muito conhecimento sobre esse assunto. ( ) Não sobra dinheiro no final do mês. ( )Minha renda é muito baixa. ( )Estou estudando sobre o assunto para investir da forma adequada. ( )Já tenho investimentos. 14. Marque com um X os instrumentos financeiros que você conhece: ( )Poupança ( ) Conta corrente ( )Imóveis ( )Títulos de capitalização ( )CDB ( )Títulos públicos ( )Ações ( )Fundos de Investimentos ( ) Planos de Previdência Complementar (Ex.: PGBL) 15. O que você costuma fazer com a quantia que sobra no final do mês? () Ultimamente meu saldo no final do mês tem sido negativo. ( ) Sempre acabo sendo tentado por uma promoção. ( )Nunca sobra nada. ( ) Guardo. ( ) Outros. O que? ____________________________________________________________ 16. Como costuma pagar o que você compra: ( )Uso dinheiro e, quando ele acaba, recorro ao cheque especial. ( ) Na maioria das vezes utilizo o cartão de crédito, pois com ele posso parcelar minhas compras em preços acessíveis. ( )Uso um pouco de tudo (dinheiro, cartões e/ou cheques). ( )Procuro usar sempre dinheiro, cartões de crédito apenas em último caso. ( )Somente dinheiro. 17. Como costuma controlarseus gastos. ( ) Não controlo o meu dinheiro ( ) Não faço um controle formal, mas tenho consciência dos meus gastos. ( )Faço um orçamento mensal ( ) Faço um orçamento semanal ( ) Faço um orçamento diário 18.Você já recorreu a empréstimos bancários? ( ) Sim. ( ) Não. 19. Onde recorreu numa situação de emergência financeira? ( ) Dinheiro guardado ( ) Empréstimos. ( ) Amigos e parentes. ( ) Não fiz nada, apenas esperei a minha situação melhorar. ( ) Outros. 20. O que você faria se ganhasse R$ 200.000,00 hoje? ( ) Compraria um automóvel. ( ) Compraria uma casa. ( ) Faria compras no shopping.