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Trabalho A formação econômica do Brasil parte 3

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Enviado por Jardhel Lacerda em

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Universidade Federal da Paraíba
Centro de Ciências Sociais Aplicadas
Ciências Econômicas
História Econômica Geral
Professor: Francisco de Sales Gaudêncio
 Alunos: André Felipe, Jardhel Lacerda, Juliana Araujo, Natalia Ferreira e Welington Pitancó
Período: 2013.1 Turno: Noite
A Formação Econômica do Brasil - Celso Furtado Parte 3
Introdução
Este trabalho é fruto de uma análise de parte do livro a Formação Econômica do Brasil de Celso Furtado, especificamente dos capítulos XIII, XIV e XV. Busca necessariamente relatos sobre a perspectiva econômico-social no Brasil em meados dos séculos XVII e XVIII, do período onde a colônia e a própria coroa portuguesa tentavam se recuperar da crise do açúcar até a decadência da economia mineira.
Capítulo XIII – Povoamento e articulação das regiões meridionais
Ao final do século XVII o Brasil tornava-se uma colônia cada vez mais pobre – fato resultante dos problemas com a produção açucareira – e, para a coroa portuguesa, mantê-la era cada vez mais inviável. Era inimaginável uma produção tão rentável quanto à do açúcar nos seus tempos áureos. Grande parte da população produzia apenas para a própria subsistência – algo que não remetia riqueza alguma para a metrópole. O cenário econômico era crítico e o destino era incerto. De Portugal veio a ideia de solução: a exploração de metais preciosos. O primitivo pensamento de que as colônias americanas só se justificavam com esse tipo de atividade era renascido. Sabia-se que os homens do Piratininga detinham importantes conhecimentos sobre o interior do país, e da metrópole vieram os conhecimentos técnicos que lhes faltavam para a extração do ouro.
Rapidamente essa atividade desenvolveu-se no século XVIII, devido ao anterior estado econômico catastrófico não só da colônia, mas principalmente de Portugal. Logo houve forte emigração e deslocamento de recursos internos, e um grande fluxo migratório espontâneo metrópole-colônia. Antes disso a economia brasileira sustentava-se por algumas grandes empresas (engenhos de açúcar), o que tornava inviável aos homens de poucos recursos migrarem para o Brasil, e os que vinham eram atraídos apenas por subsídios dados pela coroa portuguesa. Agora a economia mineira dava oportunidade principalmente a essas pessoas, de recursos escassos. Houve até alarme em Portugal para dificultar o fluxo migratório. Tinha-se, então, um “novo eldorado”.
Ao contrário da economia açucareira, na economia mineira os escravos não constituíam a maior parte da população (embora permanecessem como base) e estes tinham, até certo ponto, mais “liberdade social” e poderiam agora ter um maior desenvolvimento mental. O homem livre tinha uma possibilidade de ascensão muito maior e os custos de produção eram relativamente menores – com alguma sorte e alguns recursos, ele poderia agora se tornar um empresário, pois o capital fixo era reduzido. A alta margem de lucro induzia-o a concentrar todos os recursos na mineração. Contudo, tinham-se altos preços ou até mesmo desabastecimento dos meios de subsistência humana nas regiões do ouro. Analogamente, a pecuária – que antes subsistia praticamente da produção do couro para exportação – desenvolveu-se no Nordeste e principalmente no Sul do país, regiões onde não havia mineração. Foi requerido pela economia mineira, desse modo, um complexo sistema de transportes e assim criou-se um grande mercado para animais de carga.
Considerando todo o contexto, no século XVIII a economia movida pela extração de metais assumiu proporções superiores à economia do açúcar, pois as grandes regiões brasileiras foram beneficiadas através das diferentes atividades que desempenhavam para supri-la.
Capítulo XIV – Fluxo da renda
A região de extração mineira estendia-se da serra da Mantiqueira (hoje, Minas Gerais) até Cuiabá (Mato Grosso), passando também por Goiás. Em alguns locais a produção elevou e baixou seu nível rapidamente, o que fez gerar fluxos e refluxos de população. Em outros, a produção permaneceu estável, o que viabilizou um desenvolvimento demográfico regular, e, mais ainda, a fixação definitiva de núcleos de população. A produtividade mineira é difícil de ser medida, e provavelmente era muito irregular.
Em 1760 a exportação de ouro atingiu a marca de 2,5 milhões de libras e, já por volta de 1780, declinou rapidamente (atingia apenas 1 milhão de libras). Seu apogeu demarcou-se de 1750 à 1760. Contudo, de acordo com o próprio Furtado, a renda média gerada pela economia mineira nesse período era inferior a da economia açucareira nos seus tempos áureos, porém as dimensões absolutas do mercado mineiro eram maiores e a renda estava muito menos concentrada. 
Os bens de consumo corrente tinham muito mais espaço no mercado que os bens de luxo, e os artigos importados, por serem caros devido à distância entre portos e minas, eram menos consumidos. A preferência era pelos artigos de produção interna, obviamente, mais baratos. Essa etapa de dificuldade nas importações poderia ter representado grande oportunidade para o desenvolvimento das atividades manufatureiras na região, o que, entretanto, não aconteceu. A justificativa mais aceitável foi a falta de capacidade técnica dos imigrantes que ali habitavam. Isto por que Portugal também não se desenvolvia devido ao tratado de Methuen (1703), e a mínima condição para o desenvolvimento manufatureiro da colônia seria se ocorresse o mesmo na metrópole. Era preciso que Portugal desenvolvesse conhecimentos para que os mesmos fossem repassados ao Brasil.
Antes do ouro brasileiro, o tratado de Methuen tornava-se cada vez mais inviável a Portugal por que a balança comercial com a Inglaterra era desfavorável – as exportações de vinho não justificavam as importações de material têxtil -, o que desvalorizava a moeda portuguesa. Não fosse o tratado, Portugal poderia ter se desenvolvido muito com o ciclo mineiro brasileiro, e se suas manufaturas absolvessem bem a Revolução Industrial na segunda metade do século – algo que facilmente aconteceria – os destinos seriam outros. Paradoxalmente, a inexistência de um núcleo manufatureiro fez com que os produtores de vinho sempre tivessem maior força política nas decisões sobre o rumo da economia.
Diante dos fatos, o ouro das terras brasileiras foi melhor aproveitado pelo país que tinha a maior capacidade para isso: a Inglaterra. Foi ela que mais fomentou as manufaturas no período que antecedeu a Revolução Industrial. Encontrou na economia luso-brasileira um mercado em rápida expansão e soube aproveitar-se bem disso. As exportações do Brasil e de Portugal eram saldadas com ouro, o que dava a economia inglesa flexibilidade inigualável para operar em diversos mercados. Assim a Inglaterra teve condições e saldou suas importações com o norte europeu, e, concentrou-se no mercado manufatureiro mais ainda, o que pôde propiciar uma rápida evolução tecnológica. Por outro lado, como recebia a maior parte do ouro produzido no mundo, seus bancos fortaleciam-se cada vez mais e a coroa inglesa conseguiu formar uma grande reserva de metais preciosos.
Capítulo XV – Regressão econômica e expansão da área de subsistência
Não havia, nas regiões mineiras, formas permanentes de atividade econômica (com exceção de uma fraca agricultura de subsistência) – sabia-se bem que uma hora o ouro acabaria – e foi natural que, com o declínio da produção, houve uma rápida decadência. Com isso as grandes empresas desagregavam-se também rapidamente, já não se poderia repor a mão-de-obra escrava, os donos das lavras viviam cada vez mais uma regressão social e o capital aplicado no setor minerador era cada vez menor. Entretanto, havia ainda a ilusão de que se poderia descobrir uma nova mina a qualquer momento, o que contribuiu para que todos se desfizessem do restante de saldo líquido acumulado ao invés de investir em outras atividades para a manutenção do poderio econômico. Todo o sistema ficava cada vez menor e novamente formara-se uma economia de subsistência.
Caso a crise mineira tivesse efeitos diferentes, talvez o país tomasse outros rumos após a decadência, como acontecera com a Austrália e sua política protecionista que viu no excedente de mão-de-obra disponível o pontapé para uma rápida industrialização. No Brasil, o regime escravocrata impediu maiores desdobramentos. A perda maior foi para os que compraram grande número de escravos.
Ao contrário da economia do açúcar – que ainda conservava parte da rentabilidade – na economia mineira a rentabilidade tendia a zero e as empresas produtivas eram cada vez menores e mais escassas. Os que antes ganhavam muito chegaram até o ponto de trabalhar para apenas subsistir. Todo esse processo de regressão econômica ocorreu em algumas décadas e em nenhum outro lugar da América se viu algo parecido acontecer com uma população de origem europeia de maneira tão rápida.
Conclusão
Na parte a qual abordamos do livro compreendemos parte do processo histórico que resulta no Brasil de hoje. Celso Furtado analisa muito bem em sua obra os fatores que levaram ao meio econômico e social que vivemos nos dias atuais. As economias de subsistência que se formavam sempre após um período áureo de exploração colonial deixaram marcas, que, de fato, contribuíram para o subdesenvolvimento do país, desde o que fora auferido por Portugal com a cana-de-açúcar até o ouro brasileiro que financiou a Revolução Industrial inglesa.

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