Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
Unidade 02 - Sociedade e Diversidade no Contexto Educacional Página 1 PEDAGOGIA WEB AULA 1 Unidade 2 – O trabalho como elemento central na constituição do ser social Antes de começarmos nossa discussão do trabalho do professor, acredito ser importante definirmos o que Marx pensa sobre o trabalho. Partimos do pressuposto de que é por meio do trabalho, no sentido marxista, que realizamos transformações intencionais, planejadas, que tem como resultado um produto real e concreto que antes só existia na mente humana. MARX (1985, p. 149), argumenta que é precisamente o trabalho que diferencia os homens dos outros animais quando afirma que: Para saber mais... O texto a seguir é um trecho clássico do livro O Capital de Marx quando ele define a concepção real do trabalho. Uma aranha executa operações semelhantes as do tecelão, e a abelha envergonha mais de um arquiteto humano com a construção dos favos de sua colméia. Mas o que distingue, de antemão, o pior arquiteto da melhor abelha é que ele construiu o favo em sua cabeça, antes de construí-lo em cera. No fim do processo de trabalho obtém-se um resultado que já no início deste existiu na imaginação do trabalhador e, portanto idealmente. É através do trabalho humano que as realizações objetivam e exteriorizam os sujeitos que fazem parte do mundo. Esse trabalho é atividade humana que transforma o mundo ao mesmo tempo em que transforma o sujeito. “Ao atuar, por meio deste movimento, sobre a natureza externa a ele e ao modificá-la, ele modifica, ao mesmo tempo, sua própria natureza” (Marx, 1985, p.149). É assim que o homem se reconhece em seu trabalho e se orgulha daquilo que constrói, dando-lhe significados. Aqui podemos compreender que o homem se reconhece no mundo através do seu trabalho! Mas segundo Marx, o processo de trabalho no modo de produção capitalista impede a realização do trabalho criativo, e consequentemente, a formação do trabalhador como responsável pela construção social. Vocês podem estar se perguntando: Como e por que isso acontece? Marx deu uma resposta muito bem clara: em virtude do processo de divisão da sociedade em classes sociais, através da mais valia e da propriedade privada dos meios de produção. Como consequência desse processo, temos a categoria da Alienação como elemento que impede os sujeitos de se compreenderem como produtores de tudo: política, cultural, ideologia, musica, prédios, casas, educação. Mas será que conseguimos romper com a alienação imposta pela sociedade capitalista? Vinicius de Moraes, na poesia “O homem em construção” demonstra como esse processo se efetiva. Leia a poesia e responda a essa questão: Em que momento podemos verificar a ruptura da alienação imposta pelo trabalho alienado? Guarde sua resposta para daqui a pouco! Página 2 E por que trabalhar a ruptura da alienação em Marx, no processo de formação de professores? Lembram da resposta a pergunta lançada acima? Pois bem, o professor é um dos responsáveis por ajudar no processo de ruptura da leitura de mundo imposta pela sociedade capitalista. Isso mesmo! Somos mediadores do conhecimento, e para isso temos que ter claro que ideologicamente, a sociedade não quer, na maioria das vezes, que sejamos livres de fato e de direito. Livre no sentido do pensamento, de nossas escolhas, ações. Para isso, torna-se essencial compreender o papel e o trabalho do professor nesse processo, elencando três características principais: a relação com o produto do seu trabalho, o saber e o saber fazer e a questão do vinculo afetivo. A primeira especificidade do trabalho do professor diz respeito ao produto do seu trabalho. Segundo CODO (2000), o produto do trabalho do professor é a formação de outra pessoa, ou seja, o aluno educado. Façamos um paralelo entre o trabalhador de uma fábrica de autopeças e o trabalhador docente. O produto, o resultado final, não pertence ao trabalhador em ambos os casos. No caso do operário, as peças são para o carro, propriedade do empresário e, no caso do professor, a “peça” é o aluno. Mas podemos distinguir uma especificidade entre ambos. A diferença está na qualidade do vínculo que o trabalhador necessitou estabelecer com seu produto para que a atividade se realize. Em um caso, a atividade de trabalho tem que se objetivar em um sujeito, o aluno; no outro, num objeto. No primeiro caso, o trabalhador precisa formalizar um acordo, negociar para poder desenvolver a sua atividade, no segundo ele não tem na sua frente “um outro”, mas um objeto sobre o qual imprime sua atividade. (CODO 2000, p.45). PARA A MAIORIA DOS TRABALHADORES Modificar a natureza > modificar a si mesmo > produto > modificar o outro PARA O EDUCADOR A RELAÇÃO É DIRETA Modificar a si mesmo > modificar o outro > modificar o mundo O segundo aspecto particular é que o saber e o saber-fazer estão especificamente relacionados ao professor, e são as condições centrais para o desenvolvimento do seu trabalho, embora determinados pelas condições econômicas, políticas, sociais e culturais. Portanto, há determinações internas e externas ao exercício profissional, e o professor faz a mediação entre essas determinações na sua prática profissional. A diferença da atuação do professor, comparada a outros trabalhadores assalariados, está em se objetivar, através do seu trabalho, em um outro sujeito, o aluno em seu processo de formação. Ressalte-se que essa relação direta e imediata do professor com o outro é permeada pelo vínculo afetivo, considerado um terceiro aspecto essencial do trabalho docente. O vínculo afetivo é aqui entendido como uma relação de compromisso, de respeito às potencialidades e aos limites do outro, de condução ética do trabalho de ensinar. Vídeo Youtube - Professores Apaixonados - GABRIEL PERISSÉ http://br.youtube.com/watch?v=P2HvaAjOQjs&feature=related Nesse sentido, Marx colocaria que o trabalho docente deve ser antes de mais nada, um trabalho pedagógico e político. As três características que colocamos acima (relação com seu produto de trabalho, seu saber e saber fazer e a necessidade da construção de um vínculo afetivo) demonstram que nosso trabalho é muito mais do que transmitir conhecimentos, realizar ações burocráticas (aplicar provas, corrigir provas, montar aula, trabalhos...) é formar o individuo para se reconhecer como produtor da realidade social; é romper com os paradigmas impostos pela sociedade alienante; é possibilitar ao aluno se desenvolver em sua plenitude (Marx chama isso de ominilateralidade). Nesse sentido, coloco uma questão a ser discutida em nosso Fórum: Como podemos colocar em práticas as especificidades do trabalho do professor discutidas por Codo? LINK DA WEB AULA https://www20.unopar.br/unopar/ava/aluno/formwebaula.action?gecronofer.gcofCd=231745&geoferturm.goftCd=6159088&gediscofer.gofdCd=1985127#1