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Transcrito por Renato Araújo 
 
Semiologia dermatológica 
Dr.ª Andréa Cavalcante 
Quando se atende um caso em dermatologia, é importante ter: 
 - História da doença atual (HDA): onde se pergunta ao paciente a queixa atual, 
tempo de evolução, sinais e sintomas, como iniciou, aguda ou crônica, a forma da ferida. 
 - Exame físico: observam-se as lesões elementares, ou seja, lesão principal que 
leva a pensar na inclusão e exclusão de diagnósticos, caracterizando a doença. Sendo o 
foco a descrição destas lesões elementares. 
 - Exames complementares: serve para estabelecer, na maioria das vezes, um 
diagnóstico em dermatologia. A biópsia da pele (ou cutânea) é o exame de eleição para 
examinar as doenças dermatológicas. Existem outros exames como sorologia, 
imunoflorescência, micológico (pesquisa de fungos), porém eles podem dar negativo; por 
isso, confirma-se com biópsia. 
Lesões elementares 
 Há alterações no tegumento de causa física (exposição exagerada aos raios 
ultravioleta), química (contato com produto químico), animada (traumas, escoriações), 
imunológica (alterações imunológicas), psíquica (delírio de parasitose) ou desconhecida. 
 Podem ser de natureza circulatória (relacionada a problema vascular), inflamatória, 
metabólica (diabetes pode levar a alterações na pele, dislipidemia ocasiona acúmulo de 
gordura na pele), degenerativa ou hiperplásica (tumores benignos e malignos). 
Classificação 
 
 
 As lesões elementares seguem esta classificação: alterações de cor; sólida; de 
conteúdo líquido; de espessura (por exemplo, da pele); por solução de continuidade 
(rompimento na barreira cutânea); por perda ou reparação (trauma e cicatrização, 
respectivamente). 
Cor 
 Alteração na cor da pele. Pode ser por mudança na melanina ou vascularização da 
pele. 
 - Mancha ou mácula: não há relevo ou depressão. Está no mesmo plano da pele 
normal. 
 - Mancha Hipocrômica: pouca melanina. Diminuição da cor, desbotada. 
 - Mancha acrômica: ausência de melanina. Perda completa da cor, fazendo um 
contraste significativo com o tom natural da pele (típico nos casos de vitiligo). 
 - Mancha hipercrômica: muita melanina. A pele terá um tom mais escuro que o 
natural. 
 - Pigmentos endógenos: alterações na metabolização da bilirrubina faz com que 
esta se acumule no organismo, e fazendo uma alteração amarelada na pele; como ocorre 
na icterícia. 
 - Pigmentos exógenos: vem de fora do organismo. Por exemplo, o caroteno 
(ingestão aumentada de laranja, mamão, cenoura, faz a pele ficar alaranjada); clofazimina 
(medicamento usado no tratamento da hanseníase; deixa uma coloração acizentada); 
tatuagem (pigmento colocado). 
 - Alterações vasculares: cianose (arroxeada, mais azulada), rubor (avermelhada), 
enantema (vermelho na região das mucusas e semimucosas), exantema (o paciente fica 
todo vermelho, eritema da cabeça aos pés), mancha angiomatosa (exemplo o 
hemangioma – ou “sinal de sangue” – pode-se nascer ou adquirir durante a vida um 
aglomerado de vasos sanguíneos que tornam aquela área mais vermelha), púrpura (é o 
extravasamento do sangue, podendo ser petéquias – lesão puntiforme pequena de até 0,5 
ou 1 cm – ou equimose – é a mesma mancha, porém maior). 
 
 
 Quando se tem uma área (mancha) mais escura que a pele normal, com deposição 
do aumento da melanina, é uma mancha hipercrômica. É um quadro de melasma 
(antigamente chamado de cloasma quando surgia na gravidez), que tem como local mais 
comum a face. Quando há uma mancha um pouco mais clara que a pele normal, é uma 
mancha hipocrômica, havendo melanina em menor quantidade. Na mancha acrômica, não 
há melanina nenhuma, surgindo um contraste com a pele normal, típica no vitiligo. Eritema 
é sinônimo de vermelho. Quadro típico de exantema é na rubéola (o paciente fica todo 
avermelhado). 
 A diferença entre exantema e petéquia é que o primeiro sob compressão 
desaparece, já o segundo não (já que é sangue extravasado, não podendo retornar). Já na 
equimose, devido ao extravasamento de sangue, forma-se um vermelho “vinho”. 
 No hemangioma, a criança já nasce com esta alteração, onde observa-se uma área 
eritematosa, bem circunscrita. Pode sumir ao decorrer do crescimento ou permanecer por 
toda a vida. 
Formação sólida 
 A lesão elementar apresenta, além da alteração da cor, mudança de relevo. 
Percebe-se contra a luz como se aquela lesão estivesse saindo da pele. Se não há 
conteúdo líquido, diz-se que é uma lesão sólida; é mais firme. Com isso, pelo tamanho, 
enquadra-se a lesão em: 
- Pápula: menor que 1 cm (exemplo: pápula hipercrômica, pápula eritematosa). 
 - Placa: maior que 1 cm (placa eritematosa, por exemplo). 
 - Nódulo: lesão saliente ou pouco saliente. È uma lesão mais palpável do que 
visível. Tem de 1 a 3 cm. 
 - Tumor: saliente ou não. Maior que 3 cm (exemplo a tumoração). 
 Existem as gomas, que, inicialmente, são lesões endurecidas, depois amolecem e 
fistulizam. São características de tuberculose; os clofilodermas gostam da região cervical. 
Lembrar que se o paciente relatar que “era um caroço, amoleceu e formou um orifício, 
onde saiu secreção”, esta é uma descrição de goma. Resumindo, seria um nódulo que 
liquefaz, ulcera e elimina o material. Tem-se também o exemplo da goma macivis, 
 
 
frequente nas esporotricoses, que são micoses profundas. Goma também pode significar 
sífilis. Furúnculo não é um tipo de goma, porque ele não fistuliza. 
 Quanto à Vegetação, pode-se ter pedunculada (sai da pele formando uma base, 
um“bracinho”) ou tipo couve-flor (comum em HPV, verrugas genitais). E Verrucosidade, 
tem superfície dura, inelástica e amarelada (por exemplo o “olho de peixe”, verruga 
causada pelo HPV). Pode apresentar pontinhos enegrecidos que são os capilares 
trombosados. 
Coleções líquidas 
 As pápulas, placas, apresentarão um conteúdo líquido. Este material pode ser 
seroso, sangue ou pus. 
 - Vesícula: tem conteúdo seroso e mede até 1 cm (exemplo: vesículas agrupadas 
em “cacho de uva”, com a base eritematosa, quadro simples de herpes simples). 
 - Bolha: conteúdo seroso, mede mais que 1 cm e, num determinado momento, pode 
apresentar pus (purulenta). 
 - Pústula: contém apenas coleção de pus desde o início, medindo no máximo 1 cm 
(conteúdo amarelado, purulento). 
 - Abscesso: tamanho variável. O paciente apresenta calor, dor e rubor no local. 
Secreção purulenta. 
 - Hematoma: coleção formada por derrame de sangue. Também se apresenta em 
tamanhos variados (exemplo: trauma que rompe vasos sanguíneos). 
Alterações da espessura 
 A espessura da pele poderá estar maior ou menor. 
 - Queratose: espessamento superficial da pele com aumento da camada córnea 
(exemplo ceratose actínica, principalmente em regiões de cotovelo, joelho, palmar e 
plantar). 
 - Liquenificação: espessamento da pele com acentuação dos sulcos e da coloração. 
É mais profundo, pois além do espessamento da camada córnea, haverá também da 
camada malpiguiana (epiderme). Sulcos naturais da pele tornam-se bem visíveis, além do 
 
 
escurecimento (pele hipercrômica). Quadro típico de liquenificação é o líquen simples, 
com etiologia pouco esclarecida (relação com doença autoimune). Líquen simples crônico 
(ou neurodermite) é originada pela coceira; já o líquen plano causa coceira, mas não surge 
devido a esta. O trauma repetido gerado pela coceira pode levar à liquenificação. 
 - Edema: por extravasamento do plasma, há aumento da espessura desde a região 
hipoderma até a derme. O mais característico é o edema tipo cacifo, onde aperta e fica 
uma depressão. 
 - Infiltração: é a espessura e consistência aumentadas da pele (mais grossa, 
endurecida
e menor elasticidade na palpação); acompanhadas de diminuição dos sulcos. A 
infiltração pode ser por infiltrado na derme ou o próprio edema. Lesão clássica de 
infiltração é no paciente com hanseníase (especialmente a virchowiana ou multibasilar). 
Placa infiltrada, eritematosa, lembrar-se de hanseníase (mais comum, mais pode ser 
também sarcoidose). 
 - Esclerose: é o aumento da consistência da pele (tem a denominação de coriácea, 
analogia ao “coro de sapato”, mais endurecida) com pregueamento difícil. O quadro mais 
típico é a esclerodermia (paciente com a pele esclerótica, endurecida, limitação de 
movimentos como nas mãos e na face), caracterizada pela fibrose do colágeno, levando 
ao espessamento. 
 - Atrofia: diminuição da espessura da pele, gerando queda do número e do volume 
dos constituintes (colágeno, vasos sanguíneos e glândulas que participam das camadas 
naturais da pele). Na atrofia a pele é bem fina (como nos idosos, cicatrização, uso de 
corticóides). O quelóide é um quadro de alteração na cicatrização (gerando atrofia na 
pele). 
 Observações: no período de cicatrização de uma ferida, crosta é por processo de 
reparação; já a descamação é na fase ativa da doença. 
 A Alteração por perda ou reparação 
 - Escama: numa fase ativa do processo inflamatório, é uma massa furfurácea 
(lembra “farinha, poeira”) que se desprende da pele, sendo uma alteração de 
queratinização (exemplo clássico é na psoríase, onde a descamação é grosseira, com 
escamas maiores e esbranquiçadas). Outro exemplo é a dermatite seborrácea. 
 
 
 - Erosão: perda superficial que atinge apenas a epiderme (exemplo herpes). Tem-se 
a esulceração, que pode chegar até a camada superficial da derme. 
 - escoriação: erosão traumática (ocasionada pela unha no ato exagerado de coçar 
que vai retirando camadas superficiais) 
 - Ulceração: perda da epiderme e derme. Pode atingir até a hipoderme, músculo e 
região óssea. Úlcera de borda elevada em moldura caracteriza a leshmaniose, comum na 
região amazônica. 
 - Fissura: perda linear da epiderme e derme (nos pés, por exemplo). A pele se parte 
e forma-se uma solução de continuidade (“rachadura”). 
 - Crosta: compressão ao dessecamento, podendo ser serosidade, pus ou sangue. 
No momento da reparação da pele, dependendo da lesão anterior, poderá se ter uma 
crosta clara, amarelada ou escura. Impetigo (infecção bacteriana da pele, comum em 
crianças, pode formar vesícula, bolha ou pústula) pode gerar crosta serosa(amarelada). 
- Cicatriz: resulta de reparação do processo destrutivo; pode ser atrófica (cicatriz 
formada pelo tratamento de acne severa, “para dentro, furinhos”) ou hipertrófica (exemplo 
disso é o quelóide, apresentando a pele bem fina, “para fora”). Destacando que cicatriz 
hipertrófica é quando se respeita os limites do trauma; já o quelóide ultrapassa. 
É importante definir em que região superficial do corpo humano está localizada a 
lesão descrita. Exemplos: “paciente apresenta vesículas agrupadas, de base eritematosa, 
com sensação de ardor, localizada em região mentoniana”; “paciente com lesão ulcerada 
em região temporal, idoso, na pele com fotodano (lesão consequente de exposição solar 
exagera), pode-se pensar em carcinoma escamo celular”; “mácula eritematosa no tronco, 
próxima a região de mamilo”. 
Classificação das lesões 
 - Erupções eritemato-escamosas (exemplo: psoríase com placa eritemato-
escamosa; dermatite seborréica, que gera descamação e lesão vermelha também). 
 - Erupções pápulo-nodulares (reação à picada de inseto ou prurigo tem-se pápula, 
mais na região exposta do corpo; escabiose gera coceira e surgem “bolinhas” na parte do 
corpo coberta pela roupa, como áreas próximas do umbigo e mama). 
 
 
 - Erupções vesico-bolhosas (herpes é o exemplo clássico de vesícula; pênfigo ilustra 
a presença de bolhas na pele, tendo o folháceo – que acomete mucosa – e o vulgar – não 
atinge a mucosa). 
 - Erupções purpúricas 
 - Erupções pustulosas (onde surgem pus, como no impetigo, exantema agudo 
pustuloso que é uma reação alérgica). 
 - Discromia (doença de pele que dá somente alteração de cor; como no vitiligo, 
albinismo, melasma, alterações da bilirrubina, uso de medicamentos). 
 - Foliculoses 
 - Micoses (doenças causadas por fungo que podem ser superficiais ou profundas). 
 - Cistos e neoplasias (aumento celular, hiperplásica, que pode ser benigna ou 
maligna).

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