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DOMESTICAÇÃO DOS ANIMAIS 1 – INTRODUÇÃO Uma vez que a domesticação é considerada a operação de tornar domésticos animais selvagens, a análise etimológica simples da expressão (latim, domus = casa)nos leva a imaginar que domésticos são animais que convivem com o homem na sua casa ou sob dependência, o que nem sempre corresponde à realidade. Convém chamar a atenção com destaque que, o fato de conviver ou mesmo depender do homem, não cria condições de dar a este ou àquele animal a posição de doméstico. Alguns animais que ―moram‖ com o homem jamais adquiriram a domesticidade,como aves cantoras e outros de caráter adornativo. Sem dúvida, os ratos que vivem nas habitações humanas, causando, inclusive, consideráveis prejuízos econômicos e constituindo perigo sanitário, e em tempo algum poderiam ser levados em conta como domésticos, sobretudo pela a não prestação de utilidades e serviços ao homem. Por outro lado, bois, carneiros e búfalos, criados extensivamente, sem que nunca tenham penetração em habitação humana, são considerados domésticos. Os animais para serem propostos como domésticos, antes de tudo, devem manter com o homem uma perfeita simbiose, através de gerações; o homem proporciona aos animais, ditos domésticos, cuidados e alimentação, recebendo em troca utilidades ou serviços. 2 – CONCEITO DE ANIMAL DOMÉSTICO É o animal que, criado e reproduzido pelo homem, perpetua tais condições através de gerações por hereditariedade, oferecendo utilidades e prestando serviços em mansidão. Frequentemente faz-se confusão entre uma espécie doméstica e um simples animal amansado ou adestrado, vivendo sob o domínio do homem. A característica,pois, do animal doméstico, ou diferença entre este e o animal não doméstico ―é a perpetuidade de sua condição, através de gerações, hereditariamente‖. 2.1 – Surgimento dos animais domésticos Desde os tempos pré-históricos, os animais domésticos acompanham o homem,na sua vida e no estabelecimento de sua civilização. A domesticação foi uma conseqüência da própria criação dos animais, realizada pelo homem primitivo, para satisfazer uma necessidade religiosa ou de companhia, de alimento ou de agasalho. O homem primitivo, agindo mais por instinto do que por experiência (resultado do desenvolvimento da inteligência), estava mais próximo dos animais e por isso foi muito fácil conviver com eles, e amansá-los, introduzindo-os na domesticidade. Data da época da ―pedra polida‖ a vida em comum do homem com o cão, depois com a cabra, carneiro, boi, e, a seguir, com o porco. E da ―idade do bronze‖, com o cavalo. É o que ensinaram os estudiosos paleontológicos. Aqui e ali foram encontrados fósseis humanos ao lado de fósseis desses animais. Além disso, os fósseis animais apresentavam, sempre, íntima relação, mais ou menos, fácil de ser verificada entre os animais atuais e aqueles. O homem domesticou essas espécies, na verdade, quando deixou de ser nômade. Nas habitações lacustres da Suíça, foi onde encontraram vestígios mais numerosos dos animais primitivos. Segundo a hipótese de Duerst (1886), a domesticação das espécies animais deve ter ocorrido 7.000 anos antes da era cristã. Os babilônios há 5.000 anos a.C. possuíam animais já vivendo em domesticidade. Pode-se dizer, portanto, que eles vivem e sempre hão vivido em simbiose com o homem. Sem este, as espécies domesticáveis estariam já extintas, com algumas exceções talvez, em certos e determinados casos de ambiente ideal para algumas delas. A prova disso é que enquanto cresce a população dos animais domésticos, cada vez mais numerosos, decresce a dos selvagens. E as próprias espécies selvagens, que originaram as domésticas, desapareceram em sua quase totalidade, por haverem sido eliminadas quando as circunstâncias do ambiente, em que viviam, se tornaram impróprias para elas; ou foram destruídas pelo homem caçador. 3 – A IMPORTÂNCIA DO ANIMAL DOMÉSTICO Isto tudo demonstra que o homem não pode prescindir do concurso do animal doméstico, qualquer que seja o seu grau de civilização ou progresso. ―Em nenhuma época - escreveu Sanson – conceber-se ia a possibilidade de um estado social, fundada no trabalho e na previdência, sem animais domésticos.‖―Muitas vezes chega-se a dizer – escreve o prof. Anderson – que seria duvidoso o homem ter saído da barbaria, se não tivesse animais em servidão.‖Pode-se afirmar, escreveu Guilherme Ferrero, ―que a intervenção da máquina a vapor não foi, na história dos povos civilizados, um acontecimento tão importante quanto a domesticação dos animais, na vida dos povos primitivos; pois, graças a ela, foi possível ao homem triplicar a velocidade de seus movimentos e a resistência de seus músculos nos trabalhos; de ter produtores de matérias nutritivas; de se auxiliar de colaboradores inteligentes e adestrados para duas principais ocupações – a caça e a guerra.‖ ―A obtenção do fogo, a aquisição das plantas cultivadas e a dos animais domésticos – disse Kronacher – são os três pilares fundamentais, sobre que repousa a civilização humana e seu progresso.‖ E, para citar autores modernos, ouçamos V. A. Rice: ―não há exemplo de uma raça ou tribo humana, que tenha alcançado um grau elevado de civilização, sem a ajuda de animais domésticos; e as nações dianteiras e vitoriosas sempre foram mais acentuadamente adiantadas na arte de criá-los‖. E. F. H. Shoosmith: ―a domesticação dos animais levou ao aumento da população e ao fortalecimento dos hábitos tribais, e provocou a divisão do trabalho, sem a qual a vida civilizada seria impossível‖. É com o animal doméstico que o homem mata sua fome. É ainda com ele que se transportam suas mercadorias e lavra a sua terra. Dele o homem obtém os meios para agasalhar-se. Além disso, é ele motivo de afetividade e divertimento. 4 – ATRIBUTOS DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS Não é possível deixar de aceitar-se como verdade existirem certas qualidades,nos animais, que facilitaram e permitiram a domesticação de algumas espécies animais,e outras não, e sem as quais ela teria, forçosamente, falhado. São o que chamamos, em Zootecnia, os atributos do animal que se tornou doméstico, isto é, que pôde ou pode ser domesticado. Logo, para que haja domesticidade, exige-se que os animais transmitam hereditariamente seus atributos, enquanto vivem sob a custódia do homem. Está fora de dúvida, porém, que estes atributos não surgiram no processo de domesticação, como pode parecer à primeira vista, mas foram atributos pré-existentes nos animais quando ainda em estado selvagem e salientados na domesticidade. Se assim não fosse, poderíamos afirmar que todas as espécies potencialmente poderiam se tornar domésticas, não havendo, então, um número tão limitado delas. 4.1 – Sociabilidade É a conduta associativa nata que leva os animais a procurarem viver em conjunto. Praticamente todas as espécies domésticas vivem em grupos e são sociáveis,sendo este comportamento uma condição que permitiu sua aproximação ao homem e seu amansamento (exceto o gato).Os animais de hábitos isolacionistas dificilmente deixam-se amansar, tornandoproblemática a sua domesticação. 4.2 – Mansidão A mansidão, ou dizendo melhor, a tendência à mansidão, é atributo, também, que essas espécies apresentam, mas quando hereditárias, pois há animais que se tornam individualmente mansos, mas não transmitem essa qualidade à descendência; isto é, sua descendência não mostra essa tendência, por isso não são inteiramente domesticáveis. Tal é o caso da galinhola, búfalo, etc, que são consideradas espécies semi domésticas.Aliás, a mansidão, sendo resultado dessa tendência hereditária, é um atributo que participa da condição de ser, em parte, ―adquirido‖, no processo de criação do animal, e que pode, por isso, deixar de se manifestar em certas circunstâncias. Temos que considerar ainda o caso da Abelha que, sendo considerada espécie doméstica, no entanto lhe falta mansidão, visto como é capaz de ferroar os que dela se aproximam.Finalmente, é preciso dizer que a mansidão é o regulador do grau de domesticidade da espécie. 4.3 – Fertilidade em cativeiro A fertilidade nem sempre se conserva nos animais amansados, quando em cativeiro. Para êxito da domesticação foi preciso que as espécies domésticas conservassem sua qualidade reprodutiva. Sem isso, é óbvio, não teria havido nem haveria o aumento da população dos animais em domesticidade (perpetuação da espécie). 4.4 – Funções especializadas Caso os animais não oferecessem funções mais ou menos especializadas, mesmo quando em estado selvagem, não haveria motivação para sua domesticação. Tal afirmativa pode ser bem observada, como exemplo, pelo fato da abelha e do bicho da seda serem considerados domésticos. Sendo a domesticação um processo que implica no aproveitamento dos produtos e trabalhos dos animais em função do homem, houve,portanto, tal pré-condição neles para alcançar a domesticidade 4.5 – Facilidade de adaptação ambiental A necessidade de fácil adaptação tem sido ultimamente uma questão levantada com muita importância entre os atributos dos animais domésticos. Vale salientar que os animais de origem múltipla geralmente apresentam melhor poder de adaptação do que aqueles de origem monofilética. 5 – PROCESSOS DE DOMESTICAÇÃO Os animais, para atingirem a domesticidade, estágio final do processo de domesticação, passam por três fases distintas, sob o domínio do homem. 5.1 – Cativeiro É a fase inicial da domesticação, quando o homem mantém o animal preso,eventualmente utilizando-o para abate. Todavia, em princípio, não aferindo dele lucro ou serviço, com aquelas vantagens que só a terceira fase (domesticidade) pode oferecer.É o caso dos animais selvagens mantidos engaiolados como material de estudo ou de embelezamento: aves e mamíferos dos parques e jardins zoológicos. 5.2 – Amansamento Esta segunda fase é a de amansamento, mansidão ou domação, em que o animal convive pacificamente com o homem, prestando utilidade ou alguma forma de serviço.Podemos exemplificar aqui alguns animais em pré-domesticação, como a grande maioria dos animais de laboratório, animais produtores de pele, peixes, moluscos e crustáceos produtivos. 5.3 – Domesticidade propriamente dita Última e definitiva fase, que constituindo o estado pleno de domesticidade, vem a ser o estado de simbiose na qual se acham os animais domésticos e o homem. E domesticação é o ato de tornar domésticos os animais selvagens. No estado de domesticação os animais vivem voluntariamente presos ou quase, são naturalmente mansos e prestam serviços de tal modo que sem eles, impossível seria a vida do homem civilizado. 6 – MOTIVOS DA DOMESTICAÇÃO Vários motivos contribuíram para a necessidade de domesticação dos animais,além do evidente interrelacionamento. Todos surgiram da necessidade de sobrevivência do homem. 6.1 – Alimentação A domesticação, por necessidade de utilizar os animais na alimentação, está perfeitamente indicada como um passo determinado pela forma de manter reserva de alimentos nos períodos de escassez. O primeiro passo foi a captura de espécimes vivos que se tornou possível com a utilização do laço e pela invenção de armadilhas, quando alguns animais apreendidos foram mantidos vivos para serem abatidos quando fosse necessário. O parto de fêmeas em cativeiro, muito provavelmente, foi o primeiro grande avanço para a domesticação. Nesta mesma oportunidade, é muito provável que uma―cria humana‖, carente de aleitamento, tivesse no leite de uma fêmea aprisionada seu substituto, e aí o início do aproveitamento do leite produzido pelos animais. 6.2 – Sobrevivência ambiental Uma das afirmações mais substanciais sobre a imperatividade da presença dos animais dá-se em função das difíceis condições de sobrevivência que o homem enfrentou na época glacial, quando, por necessidade de adaptação ambiental, passou a utilizar como agasalhos as peles e os pêlos dos animais caçados ou criados. Além desta proteção contra as intempéries e auxílio à própria arte de caçar como camuflagem, não existe dúvida que cultos religiosos tiveram bastante influência no seu uso, bem como para demonstração de gradação hierárquica dentro da comunidade humana tribal. 6.3 – Aproveitamento da força motriz A utilização da força motriz dos animais foi ―descoberta‖ quando foram colocadas cargas sobre o dorso de alguns mais dóceis, ou foi tentada sua ajuda na remoção de objetos pesados. Só posteriormente a força motriz foi utilizada na tração de carros e na montaria. A tração se desenvolveu com a evolução da roda e do eixo móvel,enquanto que a montaria só posteriormente foi aperfeiçoada com o advento dos arreios e da sela. Os animais de aproveitamento da força motriz são tipicamente o jumento, o cavalo, o boi e o búfalo. 6.4 – Inspiração religiosa Alguns autores crêem que a companhia de animais cativos junto ao homem poderia ter sido também motivada por motivos religiosos ou até mesmo por lazer. A presença de animais sem utilidade aparente foi sempre constatada em sociedades humanas atrasadas, como foi verificado pelos europeus quando, ao chegarem às Américas, encontraram animais selvagens em cativeiro, simplesmente por companhia;são os xerimbabos, até hoje comuns entre os nossos indígenas. O próprio homem civilizado ainda mantém este hábito quando cria animais ornamentais sem maior finalidade econômica (aparente).Em todas as partes do mundo, as culturas mais primitivas praticavam o toteísmo, baseado no culto aos animais. Mamíferos, aves, peixes e répteis e insetos têm sido divinizados ou a eles atribuída o origem do próprio homem. Sacrifícios e a oferenda de animais a deuses ainda são comuns nas sociedades humanas contemporâneas. É muito provável que o culto a animais tenha sua própria origem nos cerimoniais preparatórios para a caça. Atualmente, na Índia, o zebu continua a ser divinizado, sendo proibido, o consumo de sua carne. Partindo dessas premissas, provavelmente, pode ter o homem sentido a necessidade de manter animais em sua companhia como representante dos deuses. 7 – MÉTODOS EMPREGADOS DURANTE A DOMESTICAÇÃO Inúmeras têm sido as teorias levantadas sobre os métodos empregados para alcançar a domesticidade, partindo dos animais que se encontravam em estado selvagem. Os estudiosos têm levado em conta que deveriam ter sido os seguintes métodos: violentos, pacíficos e intermediários. 7.1 – Violentos No método em que se emprega a violência, a força e a fome têm sido responsabilizadas pelo uso em maior escala, seguindo- se a prisão, paralelamente aos castigos corporais. Fora de dúvida, estes foram os métodos mais largamente empregados, sobretudo em animais como o cavalo e o jumento. 7.2 – Pacíficos Pelo método pacífico, no qual não teria sido utilizada a força, os próprios animais, por instinto de sociabilidade, ofereceram condições de conviver junto ao homem. Em favor desta hipótese, são relatados episódios de animais selvagens que se aproximam do homem em busca de alimentação e proteção contra intempéries ou outras situações de dificuldade. Atualmente, coiotes solitários e famintos por falta de caça têm sido encontrados na periferia de cidades norte americanas à procura de alimentos. Este método muito provavelmente teria ocorrido com o cão, o gato e o porco. 7.3 – Intermediários De forma intermediária, a maioria das espécies foi domesticada, quando a prisão era efetuada em animais que mais facilmente teriam permitido a aproximação do homem. Os animais que tinham por hábito viver em rebanhos teriam facilitado o aprisionamento em lotes, os quais poderiam ter sido manejados e removidos de acordo com a vontade do homem. A grande maioria dos animais domésticos como o boi, a cabra, o carneiro, o zebu, o búfalo e, sobretudo as aves, fora, assim submetidas à domesticação. 8 – MODIFICAÇÕES APRESENTADAS PELOS ANIMAIS EM DOMESTICIDADE As modificações que os animais em domesticidade têm apresentado, se comparadas aos seus congêneres selvagens, são bastante significativas. Essas modificações são conseqüências de processos evolutivos dinâmicos que tendem, inclusive, a acelerar-se cada vez mais em virtude da ampliação dos conhecimentos da genética e das inesgotáveis possibilidades da Biotecnologia.São bastante evidentes tais modificações, atingindo as formas, as funções e o comportamento dos animais. 8.1 – Morfológicas Atingem a estrutura do organismo dos animais com conseqüências sobre suas atividades fisiológicas. a) Qualidade dos pêlos: nos animais silvestres, em regra geral, são grosseiros, mal distribuídos e às vezes apresentando uma maior concentração em torno da cintura escapular, enquanto nos animais de criação são geralmente mais finos e sedosos,distribuídos uniformemente sobre o corpo, às vezes com características próprias, como nos carneiros e algumas raças de caprinos e coelhos, formando a lã. b) Coloração da pelagem: nos animais selvagens, é geralmente uniforme, discreta, parda e curta, podendo mudar com a estação do ano, ou mesmo apresentar fenômenos de mimetismo. Nos animais mantidos em domesticidade, ela apresenta combinações das mais variadas, formando pelagens compostas e conjugadas, facilitando, muitas vezes, a identificação das raças pelas suas colorações características; raramente pode ocorrer muda sazonal e, quando isto ocorre, é pouco acentuada. c) Tamanho e dimensões corporais: são mais ou menos uniformes nos animais que vivem em liberdade, ocorrendo muitas vezes o maior desenvolvimento da cintura escapular. Nos animais domésticos, o tamanho varia com a raça, havendo um equilíbrio entre a cintura pélvica e a cintura escapular, podendo ser a primeira, desenvolvida nos animais produtores de leite. d) Defesas: presentes nos animais selvagens e bastante desenvolvidas devido ao processo seletivo natural. Assim, há necessidade de chifres, garras e dentes fortes em posição contrária aos animais domésticos que os têm de menor tamanho ou mesmo estão ausentes, como os chifres em algumas raças de bois, zebus e carneiros. 8.2 – Fisiológicas Estas modificações são, sem dúvida, as mais notáveis, exatamente pelo fato da exploração animal depender de maior intensidade fisiológica. a) Fertilidade: não é muito acentuada nos animais selvagens, pois estes tendem a apresentar cios estacionais, inclusive com anestro, o que não ocorre com os animais de criação, que são mais férteis e repetem sucessivamente seus ciclos estrais. b) Prolificidade: ocorre da mesma forma, pois os animais que vivem em liberdade, pela necessidade de proteger os seus filhos, os têm um número limitado, posicionando-se os animais domésticos como mais prolíferos, contando com a ajuda do homem para atender as suas crias; devido ao incentivo da seleção, apresentam uma atividade gonadal bastante aumentada, como a postura nas galinhas, codornas e marrecos. c) Lactação: nos mamíferos selvagens, está restrita às necessidades das crias, tendo sido bastante aumentada nos animais de criação, quer na sua quantidade diária, quer no número de dias de atividade das glândulas mamárias. d) Velocidade de crescimento: é muito lenta ou mesmo retardada nos animais que vivem em condições de liberdade, enquanto é bastante acelerada nos animais criados pelo homem, sobretudo os destinados à produção de carne, que apresentam altos índices de conversão alimentar. 8.3 - Etológicas Diz respeito ao comportamento individual e social dos animais e sua conseqüência nas condições sob estudo. a) Instinto de defesa: nos animais selvagens, é bastante aguçado; audição, visão e olfato muito evoluídos e adaptados, por necessidade de auto-proteção. O inverso acontece nos animais domésticos que reduziram bastante seus instintos de defesa, sendo que algumas espécies ou raças são totalmente incapazes de sobreviverem em ambientes selvagens. b) Comportamento sexual: ao contrário dos domésticos, nos animais de hábitos selvagens a monogamia ocorre na grande maioria das espécies, mantendo o instinto reprodutivo limitado à temporada da reprodução, quando as fêmeas entram em estro coletivamente e os machos passam a competir acirradamente pela posse das mesmas, o que se dá, portanto, por liberdade de iniciativa. Nos animais criados sob a orientação do homem, este orienta, por mais empírico que sejam os seus métodos de criação, a forma da população e, conseqüentemente, sua composição étnica. Nos animais domésticos a hierarquia social nem sempre é bem estabelecida o que decorre, muito provavelmente, da ausência de predadores. 9 – FATORES RESPONSÁVEIS PELAS MODIFICAÇÕES APRESENTADAS PELOS ANIMAIS EM DOMESTICIDADE Quase todos os animais, ao sofrerem as mais diversas modificações durante o processo de domesticação, tiveram como responsáveis a seleção, o regime de criação e a alimentação. 9.1 – Seleção Alterando a atividade da seleção natural, substituindo-a pela seleção artificial, o trabalho do homem foi no sentido de fazer reproduzir, em separado, formas com características próprias. Em conseqüência, muitas espécies hoje em domesticidade não apresentam nenhuma ou quase nenhuma semelhança com seus ancestrais selagens. Convém salientar que no processo seletivo inicial, muito provavelmente, o homem deve ter separado para a reprodução indivíduos mais mansos e dóceis, tendo só posteriormente enveredado pelo processo de escolha daqueles que mais vantagens produtivas apresentavam para exploração, devido à presença de atributos especiais mais destacáveis. Com exceção, algumas espécies ainda mantêm semelhanças notáveis com seus similares selvagens, como búfalo, jumento, que conserva a faixa escura, que desce da cernelha às espáduas, herdada da forma primitiva, selvagem, originária da África Oriental. 9.2 – Regime de Criação As transformações radicais surgidas pelas modificações introduzidas nos regimes de criação, quando os animais se afastaram do seu meio ecológico original e se disseminaram pelas várias partes do mundo (com exceção de algumas espécies),contribuíram, por um princípio de adaptação ambiental, para que aparecessem novas formas de vida que, por sua vez, apresentaram condições adaptativas aos ambientes novos a que foram levadas. 9.3 – Alimentação Sem sombra de dúvida, a alimentação que o homem direcionou aos seus animais em domesticidade constituiu um dos mais fortes fatores responsáveis pelas modificações que hoje estes animais apresentam comparativamente aos seus semelhantes que continuaram em vida silvestre. São exemplos as pastagens artificiais perenes e abundantes, bem como as grandes aguadas distribuídas racionalmente, oferecidas aos herbívoros domésticos. As criações em confinamento de suínos e aves representam exemplos de como a tecnologia humana passou a referendar as necessidades mínimas exigidas, ao tempo em que foram descobertas novas opções de fontes de alimento, cuja presença, ou não, era aproveitada, ou era inacessível em outras épocas e circunstâncias. 10 – CONSEQUÊNCIAS GENÉTICAS DA DOMESTICAÇÃO Em condições naturais de vida (selvagem), a população animal reproduz ao acaso, sem direcionamento e sem escolha dos pares. Ao considerarmos as populações nessas condições, deduzimos que as suas freqüências gênicas permanecerão inalteradas e, portanto, constantes. Esta afirmativa é comprovada pelo teorema das populações ou de Hardy-Weimberg. A domesticação dos animais não modificou em nada o conteúdo das leis da genética. Os princípios da hereditariedade são os mesmos, tanto para os animais selvagens como para os domésticos. A domesticação promoveu, em muitos casos, a troca do meio ambiente em que viviam na natureza para outros de interesse do homem.Estas modificações permitiram que muitas alterações genéticas nesses animais se manifestassem mais claramente do que nas condições de origem.A seleção artificial facilitou, na verdade, o direcionamento de exteriorizações genéticas, como, por exemplo, o aparecimento de vacas de maior produtividade leiteira em rebanhos em que essa era a intenção da seleção imposta pelo homem. Que seja evidente que as melhores condições de trato, alimentação, saúde, meio, não criaram novos genes, mas possibilitaram rearrumação gênica na estrutura cromossômica dos indivíduos e conseqüentes manifestações quando existiam em potencial. Do ponto de vista puramente genético, a domesticação dos animais deu lugar às \seguintes conseqüências. 10.1 – Intensificação da endogamia (consangüinidade) A endogamia, ou melhor ainda, a consangüinidade, é o resultado do acasalamento de indivíduos parentes entre si e é utilizada quando se acha necessário conservar uma característica desejável.Durante o processo de domesticação, os animais foram forçados a permanecerem juntos e, em conseqüência, a reproduzirem-se dentro dos rebanhos. Em pouco tempo, os animais de uma comunidade, tribo ou povoado passaram a ser aparentados. É até relativamente provável que nos primórdios da domesticação o homem tivesse evitado a consangüinidade, porém em pouco tempo notou-se que a abstenção do seu uso tornava bastante lento o processo de fixação das características desejáveis, sobretudo pelo fato de que a busca pela uniformidade dos rebanhos foi sempre procurada pelo homem entre seus animais de criação. Independente do fato dos homens das civilizações mais antigas desejarem manter seus animais ―em família‖ sempre houve a possibilidade de introdução de novos indivíduos no rebanho, em conseqüência de guerras ou mesmo trocas, sendo, entretanto, essas possibilidades muito mais prováveis de terem ocorrido entre vizinhos, cujos animais, por sua vez, devido a intercâmbios anteriores, já eram aparentados.A diminuição da variabilidade, como conseqüência dessa consangüinidade, gerou problemas de falta de adaptação, pelo fato do homem conseguir algumas variantes que normalmente não conseguiram sobreviver em condições plenamente naturais de criação. As situações de isolamento geográfico que deram margem ao surgimento de grupos e subgrupos diferenciados nas condições de selvagens são da mesma ordem do isolamento biológico, aqui, entretanto determinado pelo homem nos primórdios da domesticação, ao evitar que seus ―bons animais‖ passassem às mãos dos inimigos potenciais. Em conseqüência, apareceram tipos cada vez mais assemelhados entre si pelo uso de endogamia, daí a multiplicidade de raças domésticas. O êxito da consangüinidade fluiu, no entanto, da sanidade dos genótipos. 10.2 – Predomínio da seleção artificial A seleção natural, em virtude da domesticação, não foi substituída pela artificial nem muito menos desapareceu. O que teve lugar foi a supremacia da seleção efetuada pelo homem, pois sendo muito exigente nas características que pretendia selecionar, eliminou a possibilidade de procriar os animais indesejáveis, ou seja, favoreceu, para fins de reprodução os indivíduos que considerou mais desejáveis, resultando na proliferação e acúmulo da freqüência dos genes desses favorecidos. Por esses fatos, observa-se que a seleção artificial é mais intensa e direcionada do que a seleção natural. Enquanto no processo natural de seleção os mais fracos (ou indesejáveis pelo meio) são impedidos de reproduzir plenamente, sendo substituídos pelos mais aptos, a seleção praticada pelo homem afasta definitivamente os indesejáveis da reprodução (pelo menos os machos) pela prática de castração. A castração é de uso muito antigo, sendo uma das práticas cirúrgicas mais remotas. Os eunucos são citados na Bíblia, assim como no código de Hamurabi. Em bovinos, a citação mais antiga está a cargo da civilização Hindu, sendo relatada nos Purunas como existente a mais de 2.000 anos a.C., prática comum em cavalos nas civilizações dos hititas e dos assírios.Nos animais domésticos, pelo predomínio da seleção artificial, há uma diminuição das ações da seleção natural, assim substituída pelo que hoje e se costumou chamar de seleção natural em cativeiro. Esta age primordialmente, eliminando os indivíduos que apresentam características biológicas de incapacidade para a reprodução.Esta ação pode ser muito bem sentida pela diminuição da eficiência reprodutiva de certos rebanhos, ou mesmo mais genericamente em populações, pelo aumento da freqüência dos casos de infecundidade. 10.3 – Maior possibilidade de exogamia Trata-se de conseqüência inversa à da consangüinidade. Esta possibilidade foi aumentada a partir da época em que os animais puderam ser transportados mais facilmente para pontos mais distantes daqueles em que nasceram. Então passaram a ser acasalados com tipos diferentes daqueles que normalmente teriam oportunidade, caso continuassem permanecido em estado selvagem. Estas possibilidades ampliaram-se de forma expressiva com os mercadores fenícios que comercializavam animais em toda a bacia do Mediterrâneo, continuando com as conquistas dos macedônios de Alexandre Magno, dos persas e dos romanos. O intercâmbio de animais por comercialização ou saque, tornou-se mais comum a partir da época das Cruzadas, quando bovinos oriundos das mais variadas partes da Europa foram levados para todo o Oriente Médio, enquanto para a Europa foram trazidos cavalos árabes das melhores procedências. Com a descoberta dos caminhos e com a expansão do colonialismo europeu, a introdução dos animais domésticos em novas fronteiras torna-se uma atividade rotineira.As raças bovinas inglesas de corte invadiram as pastagens de clima temperado da América, Austrália e Sul da África, enquanto os zebus, originários da Índia, penetravam nas terras tropicais do Brasil, ocupando toda a faixa intertropical das Américas,encontrando-se e misturando-se com os bovinos de proveniência européia. Carneiros ingleses e espanhóis foram distribuídos por toda a Terra. Cabras do Ocidente foram levadas ao Oriente e vice-versa. Os cavalos ibéricos originados dos árabes retornaram às Américas onde tinham sido extintos na sua forma primitiva. Entretanto, quem viria a aumentar as possibilidades da exogamia foram as técnicas instrumentais de reprodução pelo congelamento de sêmen. Material fecundante tem sido transportado de todas as partes do mundo, facilitando os trabalhos de seleção, tendo culminado com a aplicação da técnica de transferência de embriões.Todos estes resultados tiveram como mérito intensificar surpreendentemente o processo evolutivo dos animais domésticos, comparativamente aos seus similares selvagens, sem que tenham sido esgotadas as possibilidades de maior aceleração quando se objetiva ultrapassar recordes de produção hoje existentes entre os animais de criação. O QUE É ZOOTECNIA ? É uma profissão que tem por objetivo principal o aperfeiçoamento da produção dos animais de interesse econômico, garantindo qualidade ao produto final, rentabilidade aos investidores e respeito ao equilíbrio ambiental. • O zootecnista desenvolve e aplica técnicas especiais para criar animais como bovinos, búfalos, suínos, eqüinos, ovelhas, cabras, aves, abelhas, coelhos, animais de companhia, peixes, rãs e demais organismos aquáticos. Sua formação também garante a atuação em empresas de pesquisa e extensão, desenvolvendo e disseminando tecnologia de ponta, de forma a garantir maior produtividade e qualidade aos produtos a serem comercializados, fortalecendo o agronegócio brasileiro. • Ao planejar qualquer atividade agropecuária, este profissional realiza a análise da viabilidade econômica do empreendimento, administra o trabalho diário aplicado aos rebanhos, controla custos e garante o melhoramento genético das espécies e raças envolvidas. •Na indústria, o mesmo acompanha e gerencia a fabricação de suplementos minerais e vitamínicos, rações e outros produtos destinados ao consumo animal, assim como também a produção de laticínios, frios e embutidos. • Por fim, destaca-se a possibilidade da gestão estratégica de empresas e atividades que visam o desenvolvimento de novos conceitos ou produtos, os quais passam a apresentar maior valor agregado e fácil aceitação no mercado. Como exemplo, podem ser citadas as atividades que visam a obtenção de produtos orgânicos, o desenvolvimento de selos de garantia e a organização logística das cadeias produtivas dentro dos elos que integram o agronegócio. • Segundo registros históricos, a arte de criar animais iniciou a 6 mil anos A.C. com a domesticação de algumas espécies animais. • Durante muito tempo as práticas de criação se desenvolveram empiricamente até que o Conde De Gasparin, em 1843, introduziu no vocabulário científico o termo ZOOTECNIA, registrado na língua francesa como " zootechnie ", sendo a palavra formada a partir dos radicais gregos " zoon " e " tecnê ", cuja composição resultou numa definição prévia como o conjunto de conhecimentos já existentes relativos à criação dos animais domésticos. • No Brasil, o seu reconhecimento efetivou-se em 1966 com a criação do primeiro curso superior de Zootecnia em Uruguaiana – RS (Faculdade Católica de Uruguaiana - PUCRS), através de estímulos e iniciativas de alguns profissionais (maior destaque ao agrônomo Octávio Domingues – pai da Zootecnia no Brasil), os quais perceberam a necessidade de separar o estudo dos animais domésticos da agricultura, dando condições de estudos mais dirigidos a esta área das ciências agrárias. ATRIBUTOS PARA DOMESTICAÇÃO DAS ESPÉCIES • Fecundidade em cativeiro, de modo que os indivíduos não precisem ser continuamente capturados/ aprisionados para serem utilizados pelo homem. • Ter tendência hereditária a mansidão, atributo pelo qual os animais que nascem no cativeiro aceitam facilmente o convívio com o homem e com outras espécies, • Apresentar sociabilidade, característica das espécies dotadas de hábitos gregários, que permite a vida em bando, próprias dos animais em domesticidade.As espécies que não possuem estes atributos permanecem selvagens, mesmo aquelas cuja domesticação foi tentada pelo homem, ou seria resultado do seu convívio com o homem, como é o caso da zebra, do chacal, do leão, do bisão americano, do falcão e etc. ÁREA DE ATUAÇÃO DO ZOOTECNISTA O graduado em Zootecnia poderá desempenhar as seguintes funções: • Prestar assistência técnica, assessoria e consultoria nas áreas de melhoramento, nutrição, reprodução, instalações e manejo dos animais explorados economicamente; • Elaborar, avaliar e executar projetos pecuários de interesse zootécnico; • Planejar, conduzir e realizar pesquisas zootécnicas e divulgar seus resultados; • Realizar atividades de ensino e extensão zootécnica; • Realizar análises químicas e físicas das matérias-primas e rações utilizadas na alimentação animal • Supervisionar o organizar exposições oficiais de animais; • Atuar como jurado nas exposições oficiais de animais; • Participar dos exames dos animais para efeito de suas inscrições na Sociedade de Registro Genealógico; • identificar o valor formativo dos alimentos, através de ensaios biológicos de digestibilidade; • realizar ensaios alimentares visando propor alternativas econômicas na alimentação animal; • Formular e balancear rações para diferentes espécies de animais explorados zootecnicamente; • Desenvolver atividades que visem a preservação do meioambiente, através da defesa da fauna e do controle da exploração das espécies de animais silvestres; • Orientar e estimular a higiene e profilaxia nos animais domésticos; • Implantar, utilizar e manejar corretamente as principais pastagens naturais e cultivadas utilizadas na alimentação animal; • Detectar e identificar problemas comportamentais dos animais explorados economicamente; • Identificar e realizar a tipificação e classificação de carcaças e avaliar as características organolépticas da carne e dos fatores que alteram sua qualidade; • Promover a adaptação de animais em climas diferentes da sua origem; • Atuar na conservação e transformação de derivados de origem animal; • Promover e aplicar medidas de fomento à produção animal; • Desenvolver atividades na área de Biotecnologia Animal; • Atuar na reprodução dos animais domésticos em práticas nãocirúrgicas; • Conhecer e aplicar conceitos em Bioclimatologia. • Fomentar, planejar, coordenar e administrar programas de criação, de melhoramento genético e de reprodução das diferentes espécies animais de interesse econômico e de preservação, visando maior produtividade, equilíbrio ambiental e respeitando as biodiversidades no desenvolvimento de novas biotecnologias agropecuárias. • Atuar na área de nutrição e alimentação animal, utilizando seus conhecimentos do funcionamento do organismo animal, visando aumentar sua produtividade e o bem-estar, suprindo suas exigências com equilíbrio fisiológico. • Responder pela formulação, fabricação e controle de qualidade das dietas e rações para animais, responsabilizando-se pela eficiência nutricional das fórmulas. • Planejar e executar projetos de construções rurais, formação e/ou produção de pastos e forrageiras e controle ambiental. • Pesquisar e propor formas mais adequadas de utilização dos animais silvestres e exóticos, adotando conhecimentos de biologia, fisiologia, etologia, bioclimatologia, nutrição, reprodução e genética, visando seu aproveitamento econômico ou sua preservação. • Administrar propriedades rurais, estabelecimentos industriais e comerciais ligados à produção, melhoramento e tecnologias animais. • Avaliar e realizar perícia em animais, identificando taras e vícios, com fins administrativos, de crédito, seguro e judiciais e elaborar laudos técnicos e científicos no seu campo de atuação. • Planejar, pesquisar e supervisionar a criação de animais de companhia, esporte ou lazer, buscando seu bem-estar, equilíbrio nutricional e controle genealógico. • Desenvolver, processar, avaliar, rastrear, classificar e tipificar animais, produtos, co-produtos e derivados de origem animal, em todos os seus estágios de produção. • Responder técnica e administrativamente pela implantação e execução de rodeios, exposições, torneios e feiras agropecuárias.Executar o julgamento, supervisionar e assessorar inscrição de animais em sociedades de registro genealógico, exposições,provas e avaliações funcionais e zootécnicas. • Realizar estudos de impacto ambiental, por ocasião da implantação de sistemas de produções de animais, adotando tecnologias adequadas ao controle, aproveitamento e reciclagem dos resíduos e dejetos. • Atuar nas técnicas de criação, transporte, manipulação e abate, e na obtenção de produtos de origem animal, buscando qualidade, segurança alimentar e do alimento eeconomia. • Atuar nas áreas de difusão, informação e comunicação especializada em Zootecnia. • O Zootecnista teve sua profissão regulamentada através da Lei no 5.550, de 04 de dezembro de 1968 e está a cargo dos Conselhos Federal e regionais de Medicina Veterinária a fiscalização do exercício profissional. • Em 1984, através da Resolução no 09/84 do MEC, foram fixados o currículo mínimo e a duração (do currículo) para o Curso de Zootecnia, ficando estabelecida a carga horária mínima de 3.600 horas. • O campo de atividades do Zootecnista ficou mais especificado através da Resolução n° 619 de 14/12/94 do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV). SURGIMENTO DA ZOOTECNIA 1 – INTRODUÇÃO A criação dos animais domésticos só começou a ser considerada um ramo de estudos à parte com a instalação do Instituto Agronômico de Versailles, em 1848, graças à distinção estabelecida pelo Conde de Gasparin entre técnica agrícola e criação. Desligou-se da agricultura, individualizando-se, constituindo um corpo independente de doutrinas, ao qual o próprio Gasparin batizava com o nome de Zootecnia, tirando-o do grego zoon-animal, e technê – arte, e pela primeira vez aplicando- o no seu célebre livro cours d’Agriculture (Paris, 1844).Peso morto, inutilidade ou mal necessário era o conceito que se tinha do animal doméstico, até 1848, ano em que foi criado o Instituto Nacional Agronômico, em Versailles. Com a criação desse instituto, desligou-se, sob a inspiração de Gasparin, o estudo dos animais domésticos do curso de Agricultura, e constituiu-se em cátedra que recebeu o nome anteriormente proposto por ele (1844), para designar o novo conjunto de conhecimentos, referentes à produção animal. Segundo o regulamento do Instituto, os candidatos às cadeiras de professor deviam expor, numa tese, o plano de ensino da matéria que desejavam lecionar. O programa de um dos candidatos, um jovem naturalista chamado Emile Baudement, identificava-se tão perfeitamente com o pensamento que presidira à função do Instituto Agronômico, que todas as simpatias se voltaram para ele. Esse concurso, realizado em fins de 1849, foi brilhante, e Baudement ganhou por isso a aprovação unânime dos membros do júri, cujo presidente era o Conde Gasparin.Com Baudement, podemos admitir que nasceu em fim a Zootecnia como um corpo de doutrinas carentes de uma base científica. Mas sua glória indiscutivelmente está no fato de haver, por primeiro determinado, e com precisão, o papel do animal doméstico na exploração rural, que até então era considerado uma inutilidade, um peso morto, um ―mal necessário‖.Com sua tese, Baudement estabeleceu o princípio teórico que consiste em considerar o animal doméstico como uma máquina viva transformadora e valorizadora de alimentos. Este é o fundamento de todos os conhecimentos zootécnicos.Como visto, a arte de criar animais é remota e a ciência relativamente nova. Até antes de Baudement reinava o empirismo. Mas no seu início, a Zootecnia como ciência não passava de uma sistematização do empirismo mesmo. É que toda a ciência começou sendo empirismo. O que a experiência prática faz é fornecer dados, desordenadamente. A ciência observava as condições dessas experiências, repete-as e deduz as leis, tudo com ordem, com método. Daí muitas vezes os equívocos do prático nas suas afirmações, que não podem ser generalizadas; daí também o caráter geral da ciência e a maleabilidade de sua doutrinação, que encara particularmente cada conjunto de condições para orientar a prática. Entregando-se, portanto, o animal doméstico à ciência, a zootecnia desde então (1848 - 1850) deixou de ser apenas uma arte que se aprende na ―lida‖ com o gado, para ser também uma ciência aplicada, que se há de aprender, não só no campo, mas nos livros, nos laboratórios, nas fazendas experimentais, enfim, em todo lugar onde o animal doméstico possa ser observado e submetido a experiências do domínio da Biologia. No Brasil a zootecnia foi ensinada como disciplina especial nos cursos de agronomia até 1966 quando foi criado, na PUC de Uruguaiana, RS, o primeiro curso de graduação em Zootecnia. A profissão foi regulamentada em 4 de dezembro de 1968 pela lei federal nº 5.550. 2 – DEFINIÇÃO DE ZOOTECNIA Vimos que o objeto da arte ou da ciência de criar é o animal doméstico. Animal esse considerado como ―máquina viva‖, de cujo funcionamento depende o lucro do criador. Quanto mais aperfeiçoada em seu funcionamento, mas lucrativa.Baudement imaginou, inicialmente, que o animal doméstico, para ser mais perfeito, de maior rendimento, mais lucrativo – seria o que realizasse uma única função produtiva elevada ao grau de especialização. De certo modo assim deverá ser, pois, a produção de mais de uma utilidade tem como conseqüência um rendimento menor em cada uma das atividades produtivas do animal. As raças chamadas mistas, de dupla utilidade (carne e leite, carne e ovos, carne e lã, etc...) na são aquelas capazes de maiores rendimentos. Estes só são conseguidos com o desenvolvimento de uma função produtiva: carne ou leite, carne ou ovos, carne ou lã. Daí, bovinos de corte ou leiteiros,galinhas para ovos, ovinos para lã, especializadamente, com os mais altos rendimentos. Essa doutrina chamada de especialização estará certa desde que: 1 – Não se eleve ao máximo a especialização, a ponto de se determinar no animal um desequilíbrio fisiológico; 2 – Não deixe de ser encarada a vitória da raça sobre o meio no qual é ou deve ser explorada. Surge então um segundo problema, o da adaptação vitoriosa dos animais ao ambiente criatório. Problema que não tardou a ser posto em evidência primeiramente por Barin (1888) e depois por Dechambre (1923). A afirmativa do primeiro é incisiva: ―os melhores animais não são necessariamente os mais aperfeiçoados e sim aqueles que mais bem se adaptam às condições da exploração a que são submetidos.‖ E Dechambre demonstrou desde logo ter bem aprendido a questão ao declarar: ―O melhor animal é aquele que, em determinada situação, se apresenta adaptado às exigências locais.‖ E então: ―O termo adaptação deve ser preferido ao de especialização.‖ Podendo-se ser mais radical, afirmando-se que o termo especialização deverá ser sempre substituído por adaptação, biologicamente e zootecnicamente muito mais acertado. O aperfeiçoamento zootécnico está, portanto, na adaptação econômica do animal ao ambiente criatório, e na adaptação econômica do meio criatório ao animal. Repare-se que diz-se ―adaptação econômica‖, pois a adaptação que não for econômica está fora da zootecnia – arte de criar gados com produção de renda lucrativa. Mesmo porque a adaptação pode ser conseguida, com prejuízo da renda. E então o animal estará ajustado às condições do meio onde vive, mas seu rendimento zootécnico não seria lucrativo, e, pois, não econômico. Isto acontece, mas não deve ser o ideal para o criador.Chegando a este ponto, tornou-se possível formular, agora, uma definição da Zootecnia, na qual se tenha presente e resolvido o problema da perfeição das máquinas vivas, exploradas pelo homem. Diremos então: Zootecnia é a ciência aplicada, que estuda e aperfeiçoa os meios de promover a adaptação econômica do animal ao ambiente criatório, e deste àquele. Nesta mútua adaptação econômica é que resume toda a tarefa do criador, e este não ambiciona realizar mais do que isto: animais fáceis de criar, cujo rendimento zootécnico dá lucro. Para isso seu trabalho é o de ajustar o animal ao ambiente, pela aplicação inteligente da genética animal, e também ajustar o meio ao animal, que deve criar, pondo em prática os ensinamentos da zootecnia, da bromatologia aplicada ao gado, da higiene veterinária, seja na construção das instalações de que aqueles carecem,seja nos meios de ambientá-los, seja na defesa e conservação da sua saúde.Tanto é assim que uma máquina viva (uma cabra, um carneiro, uma galinha) de alta capacidade produtiva, produzirá mal ou nem chegará a produzir se posta em ambiente de condições diferentes daquelas nas quais foi produzida. Sua carga genética,para um rendimento alto, não se pode expressar, porque sua fisiologia, desajustada ao novo meio, será um embaraço sério às atividades produtivas. 3 – O OBJETIVO DA ZOOTECNIA O animal doméstico é o objetivo da Zootecnia. Estudar zootecnia é realizar o perfeito conhecimento desse grupo especial e muito limitado de animais, que o homem, através dos tempos, tirou vitoriosamente da vida selvagem. Quanto mais perfeito esse conhecimento, maiores serão as probabilidades de êxito na exploração desses animais. A criação, sem esse conhecimento, será empiricamente feira, e ficará muito sujeita a descaminhos, ao primeiro desajuste entre animais e ambiente. O conhecimento do animal doméstico é feito sob os seguintes aspectos: - Domesticação – origem e entrada em domesticidade; - Individualmente – características étnicas ou raciais, e produtivas; - Bioclimatologia – ação do meio natural, clima, etc; - Melhoramento individual – ação das condições reguladas pelo homem: manejo,alimentação e higiene; - Estatística – sua variabilidade; - Genética – reprodução e hereditariedade; - Métodos de reprodução – seu melhoramento genético: do indivíduo e da raça. Como se vê, o conhecimento perfeito do animal doméstico é tarefa por demais complexa, que exige penetrar-se em vários campos científicos. O objetivo da zootecnia é realizar o perfeito conhecimento dos animais domésticos, melhorando sua nutrição, sua sanidade, seu manejo e sua genética, para,desta forma, obter desse grupo de animais uma maior produtividade econômica possível de seus produtos (carne, leite, ovos, lã, pêlos, esterco, etc). Retira-se destes animais,alimentos indispensáveis à vida humana; objetos como pele, lã, pêlos; produtos farmacêuticos; esterco; gera empregos; promove avanço no desenvolvimento socioeconômico de um povo; serve como terapia para deficientes físicos e mentais, etc. 4 – CORRELAÇÃO DA ZOOTECNIA COM A AGRONOMIA, MEDICINA VETERINÁRIA E OUTRAS CIÊNCIAS Estabelecido que a Zootecnia é uma ciência, pois constitui-se num conjunto organizado de conhecimentos sobre a criação econômica de animais, é evidente seu intercâmbio com as demais, inclusive com outras que não só aquelas da área biológica onde está inserida. Inicialmente, consideramos a anatomia que, descrevendo as formas e a estrutura do corpo animal, fornece à fisiologia toda a fundamentação para o estudo dos processos funcionais do organismo; levando em conta que toda a produtividade animal é fruto das funções orgânicas, o conhecimento profundo da fisiologia é condição primordial para a exploração racional dos animais. A genética, por intermédio do melhoramento animal,com o avanço gigantesco na sua área de conhecimento, oferece um horizonte quase infinito através de combinações e fórmulas genéticas capazes de alcançar índices de produção ainda não imaginados. A bioquímica, fornecendo subsídios à nutrição animal para aumentar a conversibilidade de alimentos em produtos, por seu lado oferece elementos preciosos à zootecnia. Seu relacionamento com a ecologia, pelos estudos da etologia e da bioclimatologia, vem se estreitando cada vez mais, pois pesquisas realizadas ultimamente têm revelado que o meio ambiente tem que ser considerado seriamente como fator desfavorável no comportamento e na adaptação dos animais aos vários meios, com possíveis prejuízos na produtividade. Com a agronomia, ciência responsável pela produtividade do solo, há um interrelacionamento bastante estreito, pois direta ou indiretamente todos os alimentos dos animais provêm da agricultura, sendo a agrostologia o segmento da ciência agrícola encarregado da produção e melhoramento das pastagens e das plantas forrageiras, ponto inicial da cadeia alimentar dos animais. Na área de medicina veterinária, alicerçada nas ciências biológicas fundamentais, vamos encontrar contribuições altamente valiosas. A patologia, juntamente com a microbiologia e parasitologia, colaborando para a saúde e integridade do organismo animal, são de valor inigualável para o êxito da produção, devendo-se dar destaque à importância da medicina veterinária preventiva, ou seja, a sanidade animal,cuja atuação é indispensável para qualquer trabalho zootécnico. A medicina veterinária curativa não pode deixar de ser considerada, pois o acervo genético dos rebanhos em muitas situações só pode ser resguardado por sua atuação eficiente. Convém dar um destaque muito especial aos estudos da reprodução animal, cujas participações na manutenção da eficiência reprodutiva em altos índices e na disseminação de genes desejáveis em grande escala, pela utilização dos bancos de sêmen têm sido pilares importantíssimos para o êxito da zootécnica moderna.Fora das ciências biológicas, a matemática é utilíssima para o melhoramento animal, pois é o elemento instrumental para o manuseio dos conhecimentos da genética. É ainda a matemática que fornece meios à estatística para os levantamentos dos rebanhos, e, sobretudo para subsidiar a bioestatística na atuação das pesquisas e experimentações tão importantes no desenvolvimento da ciência zootécnica.Finalmente, a economia é a parceira inseparável da zootecnia. Qualquer empreendimento que seja economicamente viável não pode ser considerado (independente da exploração animal), vez que a zootecnia é antes de tudo uma―indústria animal‖ como bem definiu Baudement. Vale destacar o relacionamento final e indireto da zootecnia com a tecnologia dos alimentos, especificamente aqueles de origem animal, como da carne e do leite,cujos produtos sujeitos à rigorosa inspeção dão destinados à alimentação humana, nomesmo direcionamento do homem primitivo ao procurar a caça para suprir suas necessidades de alimentos, sobretudo das proteínas nobres encontradas nos produtos originários dos animais. CLASSIFICAÇÃO ZOOLÓGICA DAS ESPÉCIES ANIMAIS - Nomenclatura X Taxonomia X Classificação X Sistemática - Sistemática – relação de parentesco entre organismos - Taxonomia – trata das regras de nomenclatura - Classificação – relacionada à taxonomia – categorias hierárquicas - Importância da nomenclatura – unificação - universal - interdisciplinar - Aristóteles – nomenclatura binomial - John Ray (1627 - 1705) - conceito moderno de espécie - Karl Von Linné (1707-1778) – bases da classificação biológica - Código Internacional de Nomenclatura Zoológica - objetivo - "promover a estabilidade e a universalidade dos nomes científicos dos animais, e assegurar que o nome de cada táxon seja único e distinto". - Categorias taxonômicas - obrigatórias – reino, filo, classe, ordem, família gênero e espécie - facultativas – subfilo, superclasse, subclasse, infraclasse, coorte, superordem, subordem, infraordem, superfamília, tribo, subtribo, subgênero e subespécie - Até séc. XVIII – textos – Latim (obrigatório) - Nacionalismo (Europa) – ≠ idiomas – nomes técnicos internacionais Algumas das principais regras de nomenclatura zoológica: Os nomes científicos devem ser escritos com raízes gregas ou latinas (ou, na falta delas, com palavras latinizadas). * Anthropoidea (gr.: anthropus → homem) * Marsupialia (lat.: marsupium → bolsa) * Homo (lat.: homo → homem) Nomes geográficos são nomes próprios e, portanto, não aceitam traduções, devendo ser latinizados na declinação neutra (―us‖ ou ―is‖). * Mesosaurus brasiliensis * Australopithecus africanus Nomes patronímios são nomes próprios e, portanto, não aceitam traduções, devendo ser latinizados na declinação masculina (―i‖) ou na feminina (―ae‖). * Latimeria chulmanae → Chulmann * Carodinia vieirai → Vieira * Ramapithecus nyanzae → Nyanz A nomenclatura estrutura-se a partir do nome da espécie, formado pelo nome ―genérico‖ e ―específico‖. * Homo habilis Numa publicação científica, deve-se acrescentar o nome do autor, uma vírgula e o ano da publicação. * Parapanochthus jaguaribensis Moreira, 1971 A nomenclatura da subespécie é trinomial (nome genérico + nome específico + nome subespecífico). * Homo sapiens neanderthalensis A nomenclatura do subgênero é tri nominal (nome genérico + nome subgenérico + nome específico). * Australopithecus (Plesianthropus) transvalensis Nomes de subespécie, espécies, subgêneros e gêneros devem aparecer sempre grifados (destacados) no texto Os nomes empregados para denominar as categorias taxonômicas de gênero para cima são sempre uninominais (escritas com inicial maiúscula). Alguns nomes devem ser escritos com terminações fixas: * Subordem → ina/dina (Hominina) * Superfamília → oidea (Hominoidea) * Familia → idae (Hominidae) * Subfamília → inae (Homininae) * Tribo → ini (Hominini) CLASSIFICAÇÃO ZOOLÓGICA DE ALGUMAS ESPÉCIES DE INTERESSE ZOOTÉCNICO FILO Annelida (anelídeos) CLASSE Clitellata ORDEM Haplotaxida FAMÍLIA Lumbricidae GÊNERO Eisenia ESPÉCIE Eisenia foetida (minhoca) FILO Arthropoda (Artrópodes) SUBFILO Hexapoda CLASSE Insecta ORDEM Hymenoptera FAMÍLIA Apidae GÊNERO – Apis ESPÉCIE – Apis mellifera (abelha) ORDEM Lepidoptera FAMÍLIA Bombycidae GÊNERO – Bombyx ESPÉCIE – Bombyx mori (bicho da seda) SUBFILO Crustacea CLASSE Malacostraca ORDEM Decapoda FAMÍLIA Penaeidae GÊNERO – Penaeus ESPÉCIE – Penaeus vannamei (camarão) FILO Mollusca (Moluscos) CLASSE Bivalvia ORDEM Mytiloida FAMÍLIA Mytilidae GÊNERO – Mytilus ESPÉCIES – Mytilus edulis (mexilhão) Mytilus galloprovincialis ORDEM Ostreoida FAMÍLIA Ostreidae GÊNERO – Crassostrea, Ostrea, outros ESPÉCIE – Crassostrea gigas (ostra) CLASSE Gastropoda (gastrópodes) ORDEM Stylommatophora FAMÍLIA Helicidae GÊNERO Helix ESPÉCIE Helix aspersa (escargot, caracol) Helix pomatia FILO Chordata (Cordados) SUBFILO Vertebrata SUPERCLASSE Osteichthyes (peixes ósseos) CLASSE Actinopterygii INFRACLASSE Teleostei (44 ordens) ORDEM Cypriniformes (± 3.268 spp.em 5 famílias) FAMÍLIA Cyprinidae GÊNERO – Cyprinus ESPÉCIE – Cyprinus carpio (carpa) ORDEM Characiformes (± 1.674 spp. 20 fam.) FAMÍLIA Characidae (± 56 gêneros BR) GÊNERO - Piaractus ESPÉCIE – P. mesopotamicus (pacu) ORDEM Siluriformes (± 32 famílias) FAMÍLIA Pimelodidae (± 300 spp.) GÊNERO – Pseudoplatystoma ESPÉCIE – P. corruscans (surubim) ORDEM Gymnotiformes (6 famílias) FAMÍLIA Gymnotidae (enguias e sarapós) GÊNERO Gymnotus ESPÉCIE Gymnotus carapo (sarapó) SUPERCLASSE Tetrapoda CLASSE Amphibia SUBCLASSE Lissamphibia (3 ordens) ORDEM Anura FAMÍLIA Ranidae GÊNERO – Rana (240 spp.) ESPÉCIE – R. catesbeiana (rã touro) CLASSE Reptilia ORDEM Crocodylia FAMÍLIA Alligatoridae GÊNERO – Alligator, Caiman, outros ESPÉCIE – A. mississipiensis (jacaré) C. latirostris (jacaré) CLASSE Aves (31 ordens) ORDEM Galliformes FAMÍLIA Numidae GÊNERO – Numida, agelastes, outros ESPÉCIE – N. meleagris (D’angola) ORDEM Galliformes FAMÍLIA Phasianidae GÊNERO – Gallus ESPÉCIE – Gallus gallus (galinha) GÊNERO – Phasianus ESPÉCIE – Phasianus colchicus (faisão) GÊNERO – Perdix, Alectoris, outros ESPÉCIE – Perdix perdix (perdiz) GÊNERO – Coturnix ESPÉCIE – Coturnix coturnix (codorna) GÊNERO – Meleagris ESPÉCIE – M. gallopavo (peru) ORDEM Anseriformes (161 spp.) FAMÍLIA Anatidae GÊNERO – Anas, Cairina, outros ESPÉCIE – Anas platyrhynchos (pato) GÊNERO – Anser ESPÉCIE – Anser anser (ganso) ORDEM Struthioniformes FAMÍLIA Struthionidae GÊNERO – Struthio ESPÉCIE – Struthio camelus (avestruz) FAMÍLIA Rheidae GÊNERO – Rhea ESPÉCIE – Rhea americana (ema) Rhea pennata ORDEM Psittaciformes (± 360 spp.) FAMÍLIA Psittacidae GÊNERO – Amazona, Psittacus, outros ESPÉCIE – Amazona aestiva (papagaio) GÊNERO – Melopsittacus, Brotoregis ESPÉCIE – M. undulatus (periquito austr.) ORDEM Passeriformes (± 5400 spp.) – pássaros SUBORDEM Passeri (31 famílias) CLASSE Mammalia (mamíferos) (57 ordens; ± 5.550 spp.) ORDEM Artiodactyla (ungulados, 1 par de dedos) FAMÍLIA Suidae GÊNERO – Sus ESPÉCIE – Sus domesticus (porco) FAMÍLIA Tayassuidae GÊNERO – Tayassu ESPÉCIE – T. tajacu (cateto) GÊNERO – Pecari ESPÉCIE – T. tajacu (queixada) FAMÍLIA Bovidae SUBFAMÍLIA Bovinae GÊNERO – Bos ESPÉCIE – Bos taurus (Boi doméstico) SUBESPÉCIE – B. taurus indicus (zebu) GÊNERO – Bubalus ESPÉCIE – B. bubalis (búfalo d’água) SUBFAMÍLIA Caprinae GÊNERO – Capra ESPÉCIE – Capra aegagrus SUBESPÉCIE – C. aegagrus hircus (cabra) GÊNERO – Ovis ESPÉCIE – Ovis aries (ovelha doméstica) ORDEM Rodentia FAMÍLIA Caviidae GÊNERO – Hydrochoerus ESPÉCIE – H. hydrochaeris (capivara) GÊNERO – Cavia ESPÉCIE – C. porcellus (Porquinho da Índia) FAMÍLIA Chinchillidae GÊNERO – Chinchilla ESPÉCIE – C.lanigera (Chinchila) FAMÍLIA Cricetidae GÊNERO – Cricetus, Mesocricetus, outros ESPÉCIE – M. auratus (Hamster) ORDEM Lagomorpha FAMÍLIA Leporidae GÊNERO Oryctolagus ESPÉCIE Oryctolagus cuniculus (coelho) ORDEM Carnivora (126 gêneros; 286 spp.) SUBORDEM Feliformia FAMÍLIA Felidae GÊNERO – Felis ESPÉCIE – F. silvestris (gato selvagem) SUBESPÉCIE – F. silvestris cattus (gato) SUBORDEM Caniformia FAMÍLIA Canidae GÊNERO – Canis ESPÉCIE – Canis lupus (lobo) SUBESPÉCIE - C. lupus familiaris (cão) FAMÍLIA Mustelidae GÊNERO – Mustela ESPÉCIE – Mustela putorius SUBESPÉCIE – M. putorius furo (ferret) ORDEM Perissodactyla FAMÍLIA Equidae GÊNERO – Equus ESPÉCIE – Equus caballus (cavalo) ESPÉCIE – Equus asinus (jumento) Obs. EQUIDEOS cavalo (E. caballus) jumento, jegue (E. asinus) Burro (híbrido) E. asinus ♂ X ♀ E. caballus ↓ ♂ burro ♀ mula A DOMESTICAÇÃO DOS ANIMAIS - Atualmente – comum (consumo de carne, leite e derivados, transporte, companhia) - Primórdios da civilizações – alimento (carne) - + tarde – outras utilidades (tração, transporte, vestuário, etc.) - Presença humana – animais mais dóceis (contato) - submissão - interação - dependência - Budiansky (1999) – animais ―escolhem‖ a domesticação – vantagens mútuas Muitas espécies extintas estariam salvas (?) - Espécie selvagem → → → → espécie mansa – processos semelhantes - Bases científicas – Genética (seleção) e Evolução – herdabilidade - Seleção natural – adaptação a ambientes desafiadores – sobrevivência - Seleção induzida (artificial) – características desejáveis ao homem - Desempenho (crescimento, ganho de peso, precocidade, etc.) - Aparência/ estética (cor de pelagem, porte físico, andamento, etc.) - Resistência (clima, sanidade, etc.) - Todo animal pode ser domesticado? Depende da finalidade - Diamond (2002) – de +/- 150 spp. → apenas 14 com sucesso – CRITÉRIOS: - Alimentação – preferencialmente onívoros/ herbívoros (+ barato); - Velocidade de crescimento – retorno do investimento mais rápido; - Docilidade – domesticação + fácil; - Fecundidade – estabilidade do plantel; - Hierarquia social – homem como líder; - Temperamento – animais muito agressivos não aceitam o cativeiro; HISTÓRIA DA DOMESTICAÇÃO - 1as evidências do homem – ligado aos animais (pinturas rupestres) - Necessidade – alimento, companhia, vestuário, etc. - Domesticação animal → domesticação humana (caçadores → produtores) - Povos que dominavam a domesticação de animais e plantas – PODER - espalhar suas culturas e línguas (Diamond, 2002) - riqueza (moeda de troca) - Domesticação – mundo todo (vários motivos) – espécies locais (+ adaptadas) - Sudoeste da Ásia - primeiros cães, ovelhas, bodes e porcos domésticos. - Ásia Central - camelos bactrianos (transporte de cargas). - Arábia - camelo árabe (dromedário). - China - domesticação do búfalo, dos porcos e dos cães. - Ucrânia - os cavalos selvagens tarpan, que os historiadores acreditam ser os ancestrais dos cavalos modernos (Rudick, 2003). - Egito - o burro foi muito útil, pois ele pode trabalhar duro sem precisar de muita água e alimento. - América do Sul - Há indícios de que a domesticação da lhama e da alpaca salvaram essas espécies da extinção. - Domesticação – modificações cerebrais (redução das habilidades sensoriais) ausência de desafios - alteração camada pilosa/ plumagem (mais sedosos/ longos) - mudança no tamanho do animal - mudanças no comportamento reprodutivo - mudança na aparência geral A DOMESTICAÇÃO DE ANIMAIS DE COMPANHIA - Cão – registros de +/- 14 mil anos (+ antigo) – organização hierárquica - Gatos – origem imprecisa (9.500 a.C. no Egito) – domesticação + difícil A DOMESTICAÇÃO DE ANIMAIS DE “CRIAÇÃO” - Bovinos – carne, leite, tração, esterco e couro (vestimentas) – 7.000 a.C. - Ovelhas – tão antigas quanto os cães – lã e carne - Cabras – grande rusticidade – regiões áridas (carne, leite e couro) - Suínos – a partir de porcos selvagens (5.000 a.C.) – onívoros A DOMESTICAÇÃO DOS ANIMAIS DE TRANSPORTE - Antes da Revolução Industrial (Séc. XVIII e XIX) – tração animal - importância – expansões territoriais, migrações, transporte, comércio - Cavalos – cerca de 5.600 a.C. – transporte (cargas e de humanos) – esportes (corridas) – Roma Antiga - Burros – domesticados por egípcios (grande importância) - Camelos – regiões áridas/ desérticas – camelos bactrianos (espessa camada pilosa) – regiões frias – inicialmente – pelos, carne e leite – depois - transporte de cargas e pessoas por longas distâncias substituiu a roda para longas distâncias - Animais de criação e de carga constituíram (e ainda constituem) grande parte do desenvolvimento das civilizações. OS PEQUENOS ANIMAIS - Galináceos – inicialmente para brigas em rinhas – a taxa de postura era muito baixa - Peru – um dos poucos animais domesticados na América (México) – a Europa desconhecia até o séc. XVI - Abelhas – antes do Séc. XIX – mel – única forma de adoçar alimentos e bebidas extração silvestre - Séc. XIX - Lorenzo Lorraine Langstroth – colméia artificial – atual - Bicho-da-seda – tecem casulo de seda para metamorfose (mariposa) - Chineses – uso da seda (3.000 a.C.) – domesticação - Coelhos – séc. 1 a.C. até Idade Média – caça esportiva - Monges franceses (Idade Média) – domesticação (carne e pele) - Chinchilas – séc. XX (1.934) – região andina (América do Sul) - a domesticação salvou a espécie da extinção - Hamster – também séc. XX (Síria) – animais de biotério – posteriormente – animais de companhia DOMESTICAÇÃO X ADESTRAMENTO (DOMA) - Atualmente - domesticação rápida – tecnologia + conhecimentos - biologia - ecologia - genética - zootecnia - os desafios mais recentes (100 anos) – organismos marinhos e de água doce - peixes (salmonídeos e outros) No Brasil – técnicas de reprodução e hibridação - camarões (marinho e de água doce) - moluscos (ostras, escargot) - plantas aquáticas (algas) - Nos últimos anos – quase o dobro de espécies domesticadas - Maior diversidade de fontes de alimentos - menor esforço de caça/ pesca (< danos à natureza) - maiores chances de preservar espécies ameaçadas de extinção . http://casa.hsw.uol.com.br/domesticacao-de-animais.htm/printable COMO FUNCIONA A DOMESTICAÇÃO DE ANIMAIS Introdução Atualmente, a domesticação de animais é algo que consideramos comum. Desde carne e laticínios até a companhia fiel, os animais domesticados nos fornecem incontáveis produtos, serviços e horas de trabalho que tiveram um efeito profundo sobre a história da humanidade. No começo, os humanos usavam os animais apenas como alimentação. Mas em certo momento, começamos a perceber que eles poderiam ser úteis para trabalhar, fornecer vestimenta e transporte. Em estado selvagem, os animais defendem a si mesmos e desconfiam de outros animais, mas os humanos conseguiram mudar esse comportamento. Com o passar do tempo, alguns animais se tornaram mais dóceis e submissos às instruções humanas, o que chamamos de domesticação. Com esse processo, toda uma espécie animal evolui para se tornar naturalmente acostumada a viver e a interagir com os humanos. A humanidade domesticou animais como estes para que eles se tornassem tão obedientes e confiantes a nós que agora dividem pacificamente o espaço de nossas habitações É importante ter em mente que nem todos acreditam que a domesticação de animais seja algo positivo. A co-fundadora do PETA (People for the Ethical Treatment of Animals), Ingrid Newkirk, é famosa por sua oposição declarada à interferência humana nas vidas dos animais. Isso significa que ela também desaprova a idéia de animais de estimação, em geral. Como uma "abolicionista dos animais", ela busca a liberdade para todos os animais cativos [fonte: Lowry]. Porém, outras pessoas vêem a história da domesticação de animais de um modo mais positivo. O químico e jornalista científico Stephen Budiansky afirma que é um processo perfeitamente natural que fornece vantagens tanto para os humanos quanto para os animais. Budiansky apóia a teoria de que na verdade, os animais escolhem a domesticação, preferindo o conforto confiável do cativeiro à vida dura na natureza [fonte: Budiansky (em inglês)]. Ele também afirma que certas espécies foram (ou poderiam ter sido) salvas da extinção por meio da domesticação. Independente de tudo isso, ninguém pode negar as enormes contribuições da domesticação animal ao avanço da humanidade. Cada espécie domesticada ofereceu seus próprios espólios e tem sua própria história de domesticação, mas todas as domesticações ocorrem, mais ou menos, por meio dos mesmos processos biológicos. Vamos dar uma olhada neste processo. Como os humanos organizam a transformação de uma espécie selvagem em uma espécie mansa? Um animal completamente diferente: como ocorre a domesticação Como é possível que criaturas selvagens, como os lobos, possam ser ancestrais de lindos cães pomerânios? Para entender isso, precisamos primeiro saber como funcionam a genética e a evolução. As crias dos animais herdam os genes de seus pais e esses genes indicam quais características a cria terá. A variedade de genes e a possibilidade de mutação permitem que as espécies animais mudem ou evoluam com o passar do tempo. Durante o processo de seleção natural, os animais com características que lhes permitam melhor sobrevivência serão os que mais provavelmente procriarão, até que, gradualmente, os únicos membros sobreviventes sejam aqueles que herdaram essas características. Os porcos foram grandes candidatos à domesticação por causa de sua dieta flexível Com a seleção artificial, os humanos escolhem as características dos animais que são desejáveis em suas crias. Por exemplo, se as pessoas quiserem cavalos maiores para levar suas cargas, elas podem deixar o maior macho e a maior fêmea juntos e encorajá-los a procriar. Assim, aumentam as chances de que as crias também sejam grandes. O uso de outro cavalo grande para procriar com essas crias dará continuidade ao processo, até que, por fim, após algumas gerações de pessoas prosseguirem com o processo em algumas gerações de cavalos, toda a espécie dos cavalos será maior. Por meio do mesmo processo, os humanos podem procriar animais para serem de determinada coloração, mais peludos, menores, mais dóceis ou mais fortes, entre outras coisas. É assim que os humanos domesticam os animais, a ponto de os lobos, em determinado momento, terem se tornado um animal diferente, dócil o suficiente para ser mantido em casa; as ovelhas darem mais lã; e os cavalos permitirem que os cavalguemos. Se isso é verdade, então por que nunca vimos um panda de estimação ou alguém cavalgando uma zebra? Acontece que não podemos domesticar todos os animais. O biólogo Jared Diamond escreve que os humanos realmente tiveram sucesso em domesticar apenas 14 espécies animais de um total de cerca de 150 [fonte: Diamond (em inglês)]. Ele acredita que para os humanos domesticarem uma espécie animal, ela normalmente deve atender aos alguns critérios. Dieta correta - crianças muito exigentes com a comida sempre complicam a vida de suas mães, então é possível imaginar as frustrações envolvidas em se manter um animal com paladar seletivo. Como muitos animais têm necessidades dietéticas específicas e os carnívoros precisam de alimentação mais cara, os humanos podem domesticar apenas animais que comem alimentos baratos e acessíveis. Alta velocidade de crescimento - a espécie deve crescer rapidamente para que pastores e fazendeiros tenham um retorno rápido do investimento na sua criação. Disposição amigável - animais naturalmente agressivos normalmente não gostam quando tentam capturá-los e não deixam que os humanos cuidem deles. Facilidade para procriar - se o animal se recusa a procriar sob as condições que os captores humanos oferecem, então é claro que o seu período sob controle humano será curto. Respeito a uma hierarquia social - quando em liberdade, se os animais formam estruturas sociais nas quais todos seguem um membro dominante, então os humanos podem se estabelecer como líderes da matilha. Resistência ao pânico - muitos animais enlouquecem quando são presos, cercados ou percebem uma ameaça. As vacas, por outro lado, permanecem razoavelmente complacentes e imperturbáveis, apesar dessas condições, por isso são mais fáceis de serem domesticadas. Pandas e zebras são muito violentos e as tentativas humanas de domesticá-los foram frustradas. Porém, percebemos algumas exceções ao examinar a lista de Diamond. Por exemplo, o lobo (antepassado do cão) não é agressivo? E as histórias dos cães e gatos são exemplos únicos sobre os quais aprenderemos um pouco, mais adiante. História da domesticação Algumas das primeiras evidências da humanidade (e da arte) são ligadas aos animais. Ilustrações em cavernas retratam bisões e veados. Obviamente, os animais tiveram uma parte importante na vida humana no decorrer de nossa história, tornando-se, assim, essenciais à nossa sobrevivência, à nossa história e até à nossa identidade. Parece natural que houvesse um desejo de incorporar e incluir animais em nossas vidas o tanto quanto a alimentação, a companhia, as vestimentas, o leite e outros itens obtidos através deles. Com base em evidências arqueológicas como os fósseis, os historiadores aprenderam muito sobre o processo da domesticação dos animais pelo homem. A domesticação animal é parcialmente ligada à domesticação humana - ou a mudança dos humanos de caçadores-coletores para fazendeiros. Apesar dos caçadores-coletores já trabalharem com cães domesticados muito antes da domesticação humana, apenas mais tarde os fazendeiros viram os benefícios em manter o seu próprio gado. Conforme as pessoas se tornavam fazendeiros e começavam a se fixar em um local, a criação de gado lhes oferecia a conveniência da carne fresca, bem como esterco para fertilizar as colheitas. Diamond aponta que as civilizações que domesticaram animais (e plantas) conseqüentemente tiveram mais poder em mãos e foram capazes de espalhar suas culturas e linguagens [fonte: Diamond (em inglês)]. Hieróglifos e imagens de animais ritualísticos adornam um manuscrito egípcio Civilizações de todo o mundo antigo domesticaram animais por vários motivos, dependendo de quais animais viviam em suas regiões e do que os animais poderiam fornecer. Certos animais até alcançaram importância religiosa em várias civilizações, como no Antigo Egito (em inglês) e em Roma (em inglês). Abaixo está uma relação de locais onde os animais foram originalmente domesticados. Sudoeste da Ásia - esta área provavelmente incluiu alguns dos primeiros cães, ovelhas, bodes e porcos domesticados. Ásia Central - na Ásia Central, as pessoas usavam camelos bactrianos para levar suas cargas. Arábia - como o nome sugere, o camelo árabe (um camelídeo de apenas uma corcova, também conhecido como dromedário) teve sua origem aqui. China - a China foi onde ocorreu o início da domesticação do búfalo d'água, dos porcos e dos cães. Ucrânia - o povo da região hoje conhecida como Ucrânia domesticou os cavalos selvagens tarpan, que os historiadores acreditam ser os ancestrais dos cavalos modernos [fonte: Rudik (em inglês)]. Egito - o burro foi muito útil aqui, pois ele pode trabalhar duro sem precisar de muita água e alimento. América do Sul - a lhama domesticada e a alpaca vieram deste continente. Os historiadores acreditam que os sul-americanos salvaram essas espécies à beira da extinção com a domesticação [fonte: History World (em inglês)]. Baseado naquilo que os especialistas aprenderam sobre o progresso da domesticação animal, quanto mais domesticada uma espécie se torna, mais ela muda. Por exemplo, o cérebro dos animais domesticados pode diminuir e suas habilidades sensoriais podem se tornar menos exatas [fonte: Diamond (em inglês)]. Supõe-se que essas mudanças ocorram porque o animal não precisa do mesmo nível de inteligência ou de sentidos de visão e audição apurados para sobreviver domesticado. Outras mudanças comuns incluem orelhas moles, pêlos cacheados e, principalmente, mudanças no tamanho do animal e nos seus hábitos de acasalamento. Animais domesticados têm maior possibilidade de se acasalar em qualquer época do ano, e não em determinadas temporadas, como fazem em ambiente selvagem [fonte: Encyclopedia Britannica]. Essas e outras mudanças costumam fazer com que os animais domesticados pareçam drasticamente diferentes de seus ancestrais selvagens. Os próprios humanos passaram por mudanças significativas como resultado da domesticação animal. Por exemplo, o leite alterou o nosso sistema digestivo. Antes da domesticação animal, as pessoas tinham uma intolerância natural à lactose. Hoje em dia, não é sempre assim. Quando os humanos começaram a criar gado, começaram a beber mais leite e isso adaptou o nosso sistema digestivo para aceitar o leite no decorrer de nossas vidas. A seguir, veremos como a lendária evolução do cão pode ter criado o mais antigo e fiel companheiro animal da humanidade. O início de uma bela amizade: domesticação canina Como um lobo pôde se transformar, de uma fera selvagem e desconfiada, em um animal fofo e obediente pode parecer espantoso ou mesmo inacreditável. Mas os cientistas usaram evidências do DNA (em inglês) para mostrar como provavelmente o cão descende do lobo cinzento. O cão moderno evoluiu do lobo cinzento, transformando-se de um perigoso predador em um amável bichinho de estimação para toda a família Apesar dos mais antigos fósseis de um cão domesticado serem de uma sepultura de cães de 14 mil anos, a evidência do DNA sugere que os cães se separaram dos lobos muito antes disso (algumas estimativas vão de 15 mil a mais de 100 mil anos atrás) [fonte: Wade (em inglês)]. Independente disso, os historiadores concordam que os humanos domesticaram os cães antes de qualquer outro animal, o que torna o cão o mais antigo amigo do homem, se não o melhor. Os cientistas apenas supõem como os cães e os humanos iniciaram sua amizade. Uma teoria sugere que os humanos começaram a pegar filhotes de lobos e, em determinado momento, conseguiram domá-los. Outra teoria propõe que os lobos mais mansos não tinham medo de andar em meio aos locais onde os humanos jogavam lixo para procurar comida. Como eles se alimentavam dessa maneira, esses lobos mais mansos tinham maiores possibilidades de evoluir para cachorros devido à seleção natural [fonte: NOVA (em inglês)]. Como os lobos agem em matilhas, foi fácil para os humanos tomar o lugar de "lobo mais importante". Assim, os animais rapidamente aprenderam a obedecer. Como os lobos mais mansos tinham mais tendência a ficar juntos com os humanos, a evolução naturalmente (ou os humanos, intencionalmente) se encarregou de criar lobos cada vez mais mansos, até que finalmente chegamos ao cão. Com uma combinação da engenhosidade humana com a velocidade e a ferocidade do lobo, essa dupla partilhava as recompensas de suas presas capturadas em uma relação mutuamente benéfica. Porém, essa evolução do lobo para o cão ainda mantém a pergunta: Por que os cães têm aparência e atitudes tão diferentes das dos lobos? Um geneticista russo do século 20, Dmitri Belyaev, conseguiu resolver parte do mistério que envolve o fato de o lobo ter passado por uma transformação tão drástica. Em suas tentativas de criar raposas domadas, Belyaev percebeu que, após várias gerações de procriação seletiva, não apenas as raposas ficaram mais mansas (como ele esperava), mas também começaram a assumir algumas características semelhantes às dos cães. Apesar da evidência do DNA apontar que os lobos, e não as raposas, são os ancestrais dos cães, esse experimento trouxe à tona surpreendentes revelações a respeito de como o comportamento e a aparência podem ter transformado lobos em cães [fonte: NOVA (em inglês)]. Conforme as raposas ficavam mais mansas, elas também desenvolviam orelhas moles, focinhos curtos, pelagens manchadas, caudas erguidas e até mesmo uma tendência a latir. Surpreendentemente, muitas dessas características são ausentes em raposas selvagens, bem como em lobos, portanto, nem a seleção artificial nem a natural poderiam intencionalmente favorecê-las. Em vez disso, os genes responsáveis pela mansidão devem ter também um código para coisas como orelhas moles. As descobertas de Belyaev também ajudam a compreender como as diferentes raças de cães acabaram tendo aparências tão diferentes entre si, enquanto os lobos têm aparências relativamente uniformes. A mansidão trouxe uma variação jamais vista nos lobos selvagens e os humanos abraçaram essa variação. Cães pequenos e fofinhos são melhores para esquentar o seu colo, enquanto cães maiores e mais velozes são melhores para a caça. Em vez de escolher um ou o outro, os humanos criaram diferentes cães para diferentes propósitos. No século 19, tivemos um crescimento no número de raças de cães, juntamente com o advento das exposições de cães (em inglês). Dias de cão no Egito No antigo Egito, os cães eram animais amados e reverenciados. Algumas evidências provam que apenas a realeza podia ter cães de raça pura. Alguns desses cães sortudos usavam colares com jóias e desfrutavam do conforto dos servos pessoais. Os arqueólogos já encontraram cães mumificados nas tumbas de seus donos. [fonte: Encyclopedia Btritannica] A curiosidade domou o gato: domesticação felina Estátua egípcia de um gato. A estátua foi descoberta nas ruínas de Bubastis. Em um contraste marcante com os cães, os gatos não evoluíram para uma aparência ou comportamento muito diferente dos de seus ancestrais selvagens. Esse fato criou dificuldades para os cientistas determinarem exatamente quando os gatos foram domesticados. Apesar de as evidências mostrarem que os gatos provavelmente não evoluíram dos grandes felinos modernos, como os leões e os tigres, os arqueólogos não podem usar os formatos dos ossos antigos e os cientistas não podem investigar o DNA (em inglês) para distinguir entre os pequenos felinos selvagens de antigamente e os felinos domesticados modernos. Porém, algumas evidências levam os cientistas a acreditar que o gato doméstico moderno (Felis catus) pode ter descendido de um felino europeu (Felis silvestris) enquanto o gato selvagem africano (Felis lybica), de felinos que ainda existem em ambiente selvagem. Algumas pistas fornecem evidências convincentes a respeito do início da domesticação felina. Por exemplo, escavações de um campo de sepulturas de 9.500 anos revelaram os restos de um humano enterrados junto a um gato. Partindo dessa evidência, os historiadores acreditam que é bem provável que os humanos dessa época já estivessem bastante apegados a seus amigos felinos. A proximidade entre o humano e o gato indica um enterro intencional e que os gatos possuíam um papel importante naquela cultura. Mesmo que seja difícil saber quando os gatos se tornaram domesticados, é um pouco mais fácil especular o motivo de os humanos os adotarem. Qualquer criança que já tenha visto o desenho animado "Tom & Jerry" está familiarizada com o notório desafeto dos gatos pelos ratos. Normalmente, os gatos têm mais sucesso em capturar, ou pelo menos assustar sua presa roedora, do que Tom jamais teve. É exatamente essa habilidade que tornou os gatos uma companhia tão interessante para os humanos. Negociando o controle das pestes em troca de alimentação e abrigo, os gatos acabaram superando sua aversão à domesticação. Os gatos provavelmente não se adaptaram à domesticação tão facilmente quanto os lobos/cães, pois não possuem hierarquia social que permita aos humanos assumir o papel de "líder". Os lobos viajam em matilhas, seguindo um lobo com posto mais alto, mas o gato é um animal solitário e orgulhoso que não aceita ordens de ninguém. Apesar de o gato doméstico ser uma espécie separada, sua independência e o fato da domesticação não ter lhe causado mudanças drásticas, permitiram que gatos selvagens sobrevivessem muito bem por conta própria mesmo se criados no conforto de um lar humano. Portanto, embora não sejam conhecidos por receber ordens de humanos, talvez os gatos permaneçam por perto porque gostam de receber comida deles. O Egito e os gatos Assim como os cães, os gatos eram muito importantes para os antigos egípcios (em inglês). Por volta de 1700 a.C., os egípcios concediam aos gatos um status semelhante ao divino e os retratavam em estátuas e pinturas nas paredes [fonte: Bard]. Os egípcios também costumavam mumificar seus gatos. Inspeções de múmias felinas revelam que os egípcios provavelmente dedicavam tanto cuidado e reverência à essa prática de mumificação quanto dedicavam à mumificação dos humanos [fonte: Owen (em inglês)]. Embora fosse muito bom ter companheiros para caça e para o controle de pestes, os humanos precisavam confiar em mais do que apenas cães e gatos para evoluir a sua civilização. A seguir, veremos como os outros animais auxiliaram o progresso humano nas áreas do transporte e da agricultura. A domesticação das vacas e de outros tipos de gado Em primeiro lugar, era óbvio que o gado oferecia aos primeiros fazendeiros um suprimento útil de carne e leite frescos. Em certo momento, as pessoas descobriram que os animais também poderiam ajudar na agricultura, bem como fornecer fertilizante e novos materiais para vestimenta. Abaixo temos uma lista dos principais tipos de animais criados como gado que tiveram funções importantes na história da humanidade. As ovelhas e o pastoreio eram comuns na época de Cristo Vacas - o auroque, uma espécie extinta, foi o ancestral do gado bovino moderno. Em lugares como o Oriente Médio e a África, as pessoas começaram a domesticar os auroques. Mais tarde, esses animais evoluíram para o gado que conhecemos atualmente. Talvez sua contribuição mais importante tenha sido o seu uso na organização do terreno, algo que ampliou de forma significativa o terreno disponível para cultivo e, como conseqüência, o rendimento das colheitas. Bois - de certa forma, a domesticação do bois (cerca de 7.000 a.C.) chega a superar a importância da invenção da roda para o início da civilização humana, pois sem a enorme força dos bois para puxar cargas pesadas sobre essas rodas, a vida seria significativamente mais difícil. Ovelhas - junto aos cães, as ovelhas são talvez o mais antigo animal domesticado. Para tirar vantagem da lã, criavam-se ovelhas selvagens para que elas perdessem a sua superfície de pêlos mais emaranhados e fosse possível tosquiar a sua lã (pêlos mais curtos e menos superficiais). Ficou claro que pastorear esses animais era apenas uma questão de assumir o papel de líder em sua hierarquia social. Apesar de a domesticação ter ocorrido no século 9 a.C., a tecelagem de lã não deve ter aparecido antes de 4000 a.C. [fonte: Tomkins (em inglês)]. Cabras - as cabras não são seletivas com a alimentação e isso as torna úteis por sua habilidade em sobreviver apesar de viverem em terreno seco e estéril. Pessoas pobres que vivem em regiões com poucos recursos podem usar as cabras para conseguir carne, leite e materiais para tecidos [Sherman (em inglês)]. Porcos - a partir da domesticação do javali selvagem, os humanos desenvolveram o porco. Como eles têm um apetite por despejos, os porcos aprenderam a comer das pilhas de lixo dos humanos, permitindo a existência de um sistema primitivo de reciclagem de lixo. E nós, por nossa vez, comemos a carne do porco. A domesticação dos animais de transporte Durante muito tempo, o camelo substituiu os veículos com roda como principal meio de transporte em certas partes do mundo Antes da invenção do motor a vapor, do automóvel e do avião, havia a carroça puxada por cavalos. Apesar de isso parecer primitivo em comparação aos transportes modernos, tenha em mente que os animais permitiram alguns dos maiores avanços da civilização durante milênios, por meio da migração e do comércio. A seguir estão alguns dos mais importantes animais que permitiram o transporte humano. Cavalos - testes no solo revelaram resíduos de altas concentrações de esterco de cavalo próximas a antigos povoados, o que serve de evidência à presença de cavalos domesticados cerca de 5.600 anos atrás [fonte: Lovett (em inglês)]. Além disso, evidências de DNA sugerem que os cavalos domesticados de hoje em dia têm origem em diversos territórios e em várias diferentes manadas selvagens [fonte: Briggs (em inglês)]. Apesar de os humanos provavelmente terem usado o gado para obter carne e leite, os cavalos se acostumaram a puxar carroças e a carregar os humanos nas costas. Com os cavalos, os humanos podiam percorrer longas distâncias e viajar rapidamente. Nenhum outro animal contribuiu tanto para o transporte humano. Em certo momento, os antigos romanos (em inglês) chegaram a usá-los em corridas. Os cavalos primitivos viveram e foram extintos na América do Norte, mas foram reintroduzidos pelos espanhóis cerca de 9.000 anos depois. Burros - os egípcios domaram os burros quase na mesma época em que os cavalos foram domesticados. Apesar de eles terem perdido o prestígio daquela época (como vemos pelo uso pejorativo do termo "burro"), os antigos egípcios os reverenciavam. Os arqueólogos descobriram alguns burros que eram distinguidos por rituais fúnebres especiais, o que sugere que os egípcios os considerassem animais muito importantes e respeitáveis [fonte: Chang (em inglês)]. Camelos - como os camelos árabes e bactrianos podiam carregar fardos pesados e se viravam bem com pouca água, o povo de áreas desérticas se beneficiou muito da domesticação desses animais. De fato, apesar de as pessoas costumarem associar os camelos a áreas quentes, o camelo bactriano tinha uma pelagem grossa que o permitia suportar até mesmo climas gélidos. Apesar de primeiramente o camelo domesticado ter sido usado apenas para extrair os pêlos, a carne e o leite, com o tempo, as pessoas começaram a usá-lo para transportar cargas pesadas por longas distâncias. Quando essa prática foi iniciada, ela substituiu completamente o uso da roda como ferramenta de transporte por um grande período de tempo em certas regiões [fonte: Meri (em inglês)]. Apesar de o gado e os animais de carga terem fornecido a força de trabalho necessária e terem ajudado os humanos a formar a civilização, não podemos esquecer dos animais pequeninos. A seguir, veremos como alguns roedores, insetos e outros animais ofereceram suas próprias contribuições por meio da domesticação. Os pássaros, as abelhas e outros animais As pessoas foram capazes de domesticar uma variedade de outros animais que cuidam de várias outras funções para nós. Trabalhadores colhendo casulos de bichos-da-seda na China Galinhas e galos - primeiramente domesticados para as "rinhas" (brigas de galo). Nessa fase, as galinhas não produziam ovos com freqüência. Isso passou a acontecer depois que as pessoas começaram a domesticá-las especialmente para esse fim [fonte: Encyclopedia Britannica]. Perus - os índios americanos da região que hoje é o México provavelmente foram os primeiros a domesticar o peru, e a Europa desconhecia o animal até o século 16. Por ser um dos poucos animais nativos domesticados da América, faz sentido que os americanos comemorem o Dia de ação de graças comendo essa ave. Abelhas - antes do século 19, as pessoas dependiam do mel como fonte principal de doçura. Elas conseguiam esse mel em colméias e não é preciso dizer que se arriscavam a levar várias ferroadas para consegui-lo. Em certo momento, as pessoas foram capazes de domesticar as abelhas levando-as a habitar colméias rudimentares feitas pelo homem. No século 19, Lorenzo Lorraine Langstroth aperfeiçoou significativamente a estrutura da colméia para permitir métodos mais eficientes para a produção do mel. Bichos-da-seda - os bichos-da-seda produzem casulos para seus ovos, que os humanos usam para fazer a seda. Os historiadores acreditam que a produção de seda teve início na China, por volta de 3.000 a.C., revelando que as pessoas já deviam ter começado a domesticar o bicho-da-seda por volta dessa época. Coelhos - por volta do primeiro século a.C, as pessoas usavam furões para expulsar os coelhos de suas tocas no chão. Mais tarde, monges franceses medievais domesticaram os coelhos e os criaram para alimentação. Hamsters - a origem dos hamsters domesticados data de 1930, quando uma mãe e uma ninhada de filhotes de hamsters foram pegos na Síria. Inicialmente, as pessoas reconheceram o seu valor em experimentos científicos e mais tarde como animais de estimação. Se você conhece a velocidade de reprodução dos hamsters, não vai ficar surpreso de saber que toda a população de hamsters domesticados descende dessa única família [fonte: History World (em inglês)]. Alguns dos animais incluídos nessa lista têm a sua "domesticação" questionada. Autoridades no assunto, como Jared Diamond, usam uma definição rígida de domesticação, que inclui apenas os animais cuja maquiagem genética foi alterada do tempo de seus ancestrais para permitir que os humanos manipulassem sua procriação e dieta. Ainda podemos domar animais individuais para fazer o que desejamos, mas sem alterar sua natureza. Por exemplo, apesar de Aníbal (em inglês) e sua famosa travessia dos Alpes sobre elefantes, Diamond diz que os elefantes podem ser chamados apenas de domados, pois eles nunca formaram uma nova espécie por meio do processo de domesticação. Apesar disso, muitas fontes, como a Encyclopedia Britannica, usam uma definição ampla do termo domesticação para incluir animais como os que discutimos nesta página. O QUE É ZOOTECNIA? QUAL A FUNÇÃO DO ZOOTECNISTA? Zootecnistas são profissionais responsáveis pelo estudo e controle da reprodução, aprimoramento genético e nutrição de animais criados com fins comerciais, que visam a aumentar a produção e melhorar a qualidade dos produtos de origem animal. Realizam experiências com alimentação e pesquisam formas de garantir as condições de higiene e de prevenir e combater doenças e parasitas, para melhorar a saúde dos rebanhos e a qualidade dos produtos derivados. Trabalham também como administradores rurais e planejadores de fazendas e instalações rurais. Ovos sem colesterol e carne de porco light são exemplos do que pode fazer a pesquisa genética em busca de alimentos mais saudáveis. O campo da ciência que se preocupa com aspectos com esse da produção animal é a zootecnia. Muitas vezes confundido com o veterinário, o Zootecnista é, na verdade, o profissional voltado para o desenvolvimento da produção. O bacharel em zootecnia tem como principal função zelar pela criação de animais para abate, como bovinos, suínos, avestruzes e frangos, aplicando técnicas de criação, de aprimoramento e de melhoramentos genéticos, e manejo das raças para o consumo humano. Administra e planeja e economia rural de modo a organizar a criação de animais numa propriedade rural, com o objetivo de aumentar a produtividade, melhorando a qualidade e garantindo a sanidade dos rebanhos. Orienta o consumidor na compra e utilização de produtos, medicamentos e rações para rebanhos, em lojas especializadas. Formula e desenvolve suplementos alimentares, em indústrias de ração e vitaminas. Supervisiona a aplicação de vacinas e remédios. Essencialmente ligada aos sistemas de produção, a Zootecnia está presente em todas as etapas que envolvem a criação de rebanhos para utilização na indústria alimentícia. Freqüentemente, a atividade do Zootecnista é confundida com a do veterinário e mesmo com a do agrônomo, pois as três áreas disputam a mesma faixa de mercado. A diferença está no foco de cada profissional. O Zootecnista é responsável por técnicas de aprimoramento genético, enquanto o veterinário se concentra mais na saúde dos animais. Já o agrônomo é um especialista no estudo dos rebanhos e na interação com o meio em que vivem. Na prática, essas atividades caminham juntas e se completam. Daí ser comum trabalho em equipes que integrem os três profissionais. Na raiz do trabalho do Zootecnista está a busca pela eficiência produtiva. Nenhum outro profissional conhece tão bem técnicas de abate e de inseminação artificial quanto o Zootecnista. Ele também atua na prevenção de doenças, cuida da nutrição e fiscaliza as condições sanitárias em que os animais são mantidos, até a fabricação de produtos de origem animal na indústria. Também é ao zootecnista que se costuma confiar a difícil tarefa de preservar espécies silvestres, selvagens ou nativas. As oportunidades de trabalho estão em cooperativas de criadores, fazendas, empresas de agropecuária, frigoríficos, órgãos de pesquisa e consultoria, universidades e instituições de extensão rural. As indústrias de ração e os laboratórios de medicamentos e vitaminas contratam o Zootecnista, especialmente se ele tiver conhecimentos em agribusiness e promoção de vendas. O crescimento do consumo do leite longa vida e seus derivados, produzidos principalmente por empresas multinacionais, aumentam as chances de trabalho. Crescem também as oportunidades na área de piscicultura, graças à multiplicação de empresas do tipo ―pesque e pague‖, que precisam de especialistas em produção. Numa escala menor, zoológicos buscam Zootecnistas para cuidar do manejo e da nutrição dos animais e mesmo o turismo ecológico já começa a mostrar interesse por esse profissional. Boa parte dos recém-formados, filhos de agricultores, acaba trabalhando por conta própria, em empresas familiares. Na área de suinocultura, que conta com as novas tecnologias para aumento de produção e oferta de trabalho. Estão estagnadas as áreas de criação de rãs, cuja carne é pouco consumida, e de bicho-da-seda, pela falta de cultura do consumo do produto no país. A caprinocultura, ovinocultura e criação de animais silvestres tendem a crescer, especialmente nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Apesar das frentes que se abrem em tantas áreas, a Zootecnia passa por momentos difíceis. ―Não há políticas governamentais que incentivem a transferência de tecnologia para o setor produtivo‖, diz Humberto Tonhati, chefe do Departamento de Zootecnia da Faculdade de Ciências Agrárias e Medicina Veterinária da Unesp, em Jaboticabal, São Paulo. ―Com isso, os pequenos agricultores são os mais prejudicados‖, avalia. O crescimento da agropecuária é diretamente proporcional ao aquecimento da economia. Basta ver o que acontece com a avicultura: o aumento do consumo de carne de frango, de 8 quilos para 30 quilos per capita em um ano, provocou uma expansão no setor. ―Se o país retomar o crescimento e oferecer empregos em todos os setores, aumentará o número de consumidores de produtos de origem animal, hoje restritos a apenas 30% da população‖, diz Tonhati. Principais Atividades De modo geral, as tarefas dos Zootecnistas incluem: • estudar processos e regimes de criação; • avaliar geneticamente o rebanho; • selecionar os animais para formação do rebanho matriz para reprodução; • determinar o sistema e as técnicas a serem usados em cruzamentos; • determinar o sistema e as técnicas a serem usados no pasto; • pesquisar as necessidades nutricionais do rebanho e estabelecer a dieta adequada aos animais; • planejar e avaliar as instalações utilizadas para a criação de animais; • verificar as condições de higiene e da alimentação dos animais; • supervisionar a vacinação, a medicação e inseminação dos animais; • determinar e acompanhar formas padronizadas de abate, preparação e armazenamento. Os que se dedicam à administração têm de: • organizar a produção animal da fazenda; • planejar as instalações; • estabelecer programas de qualidade; • desenvolver novos métodos de exploração; • acompanhar preços; • comprar e vender animais. As atividades no campo de estudos e pesquisa são: • fazer pesquisa genética em laboratório, para conseguir espécies de melhor qualidade, mais resistentes e mais férteis; • estudar sistemas de cruzamento; • estudar o aperfeiçoamento dos métodos de abate; • pesquisar novos produtos de origem animal para os quais existe demanda; • estudar novos tipos de alimento e complementos alimentares para os animais; • aperfeiçoar métodos de armazenagem; • aperfeiçoar métodos de tratamento e despejo de resíduos, para preservação do meio ambiente. O zootecnista exerce ainda a supervisão técnica das exposições oficiais de animais. Áreas de atuação Órgãos públicos, cooperativas, aviários, associações de criadores, estações experimentais, instituições de pesquisas técnicas, indústrias de rações, estabelecimentos comerciais e de ensino, frigoríficos. Ambiente de Trabalho Zootecnistas podem trabalhar em fazendas, granjas, fábricas de ração, empresas de laticínios, laboratórios, órgãos governamentais, instituições de pesquisa e escolas. Como qualquer atividade que envolva animais, o trabalho implica algum risco físico. Mordidas, chifradas, coices e bicadas não são incomuns na profissão. Com freqüência é preciso o uso de força para mover ou controlar animais. As tarefas do zootecnista podem ser desenvolvidas tanto em ambientes fechados e confortáveis — laboratórios, salas de estudo e administração — quanto ao ar livre, sujeito a sol e chuva, ou nas instalações dos animais, desconfortáveis e com odores fortes. A jornada de trabalho depende do setor em que trabalha: nas indústrias, instituições de pesquisa e órgãos governamentais costuma ser de 40 horas semanais; em fazendas é irregular. Qualificação Necessária Para trabalhar como Zootecnista, é requerido o diploma do curso superior em Zootecnia. A profissão é fiscalizada pelo Conselho Regional de Medicina Veterinária, onde o Zootecnista deve registrar-se. Quem se propõe a trabalhar no gerenciamento de fazendas deve fazer cursos complementares de administração e economia rural. Contratação Empresas normalmente buscam o profissional nas escolas para oferecer estágio. Algumas anunciam em jornais. Futuro da Profissão O mercado de trabalho para Zootecnistas ainda é restrito. Muitas empresas do setor rural são desinformadas sobre as vantagens de contratar profissionais com essa formação. Além disso, esses profissionais sofrem a concorrência de veterinários em atividades exclusivas da zootecnia, porque a lei não estabelece esse limite. Até 2000, de acordo com o Conselho Federal de Medicina Veterinária, havia 6.750 Zootecnistas registrados e cerca de 4800 profissionais atuantes em todo o país, sendo 52% deste total atuando na região Sudeste. Há oportunidades na indústria de rações e complementos alimentares, vendendo produtos, treinando equipes e descobrindo tendências de mercado, ou, ainda, em frigoríficos, fazendas e empresas avícolas; outra fonte de oferta de emprego é o mercado de carnes exóticas, que se desenvolve principalmente na região Centro-Oeste. Há mercado também em cooperativas de criadores, laboratórios, empresas de consultoria, indústrias de abate, instituições de pesquisa, nutrição e saúde animal, instituições de ensino e zoológicos. Existem boas oportunidades para o especialista em administração e economia rural, que trabalha para aumentar e aperfeiçoar a produtividade do rebanho, além da área de melhoramento genético, que visa desenvolver novas técnicas para a melhoria das raças. Currículo mínimo Experimentação Física, Climatologia Animal, Biologia Geral, Botânica, Ciências Humanas e Sociais, Ciências do Meio Ambiente, Solos, Higiene dos Animais e de Instalações, Produção e Nutrição Animal, Instalações Zootécnicas, Pastagens e Plantas Forrageiras, Fisiologia da Reprodução, Zoologia, Economia e Administração Rural. Fonte: identidadeprofissional.com http://www.zootecniabrasil.com.br/sistema/modules/tiny4/ Untitled