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ESTÉTICA E FILOSOFIA DA ARTE

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C) ESTÉTICA E FILOSOFIA DA ARTE
AUTOR
PEDRO DE QUEIROZ SAMPAIO FILHO
Introdução
Caro leitor, você sabia que a filosofia tem servido ao longo da 
história como a base onde a humanidade pôs o desenvolvimento da 
razão? Mas não é apenas um suporte para a dúvida, é também uma 
referência para muitas áreas do desenvolvimento humano.
A apreensão do mundo através da reflexão é exercício que 
remete ao conhecimento científico e esse aspecto é esperado daqueles 
que ingressam num curso de arte. Entre outras formas de apreensão, os 
sentidos objetivos são os primeiros referentes. A visão responde por 
cerca de setenta por cento de nosso aprendizado cognitivo, enquanto a 
audição, a dezessete por cento. Os demais sentidos fecham a 
totalização.
Para o estudioso, “olhar e ver” é o ato de aprender a processar 
o pensamento através dos limites. Só quando se passa do limiar do olhar 
para o universo do ver, que se realiza um ato de leitura e de reflexão. 
Segundo esse pensamento, acredita-se que a educação do olhar pode ser 
uma ferramenta eficaz na construção raciocínio lógico e na formação do 
julgamento estético. Assim, percepção da arte é ciência.
Essa ótica não esconde ou nega a existência de grande 
documentação disponível sobre a educação pela arte, graças às 
contribuições de filólogos, antropólogos, historiadores da educação, 
etnólogos, musicólogos, museólogos, pedagogos e biblioteconomistas, 
que deixam clara a necessidade da arte no ensino-aprendizagem. 
Não existe um único indivíduo humano capaz de fugir à 
influência da arte. Pessoas de qualquer parte do planeta, se desprovidos 
de música, pintura, arquitetura ou escultura, qualquer forma de 
expressão artística, mesmo nas formas mais elementares de sua 
manifestação, estão fadados ao recrudescimento.
A Estética contribui, dessa forma para o desenvolvimento do 
pensamento artístico. É a área da filosofia que, à vista da razão, observa 
a obra de arte sob aspectos cognatos apreendidos dos cinco sentidos 
objetivos da percepção humana. Uma compreensão da realidade 
estabelecida por meio do senso crítico. 
Estética e filosofia
da arte
Introdução
131
Palavras do professor-autor
Leitor amigo, o caminho do esteta consiste em interpretar 
sinais de uma obra. Imagine o homem, na busca de ferramentas para a 
expressão do seu imaginário, usando sistematicamente recursos de sua 
própria essência: os sentidos objetivos como receptores e os subjetivos 
como fruidores. Para alcançar a comunicação os utiliza, primeiro com 
humanos e depois com outras formas de vida.
Entenda a Arte como ferramenta educacional. Ela sempre foi 
um método de reconhecimento e de aproveitamento do imaginário 
humano, desde a Grécia de Péricles; dos sofistas; de Sócrates, Platão, 
ou Aristóteles. É notada através da filosofia que forjou a consciência 
ocidental. Entretanto, foram necessários dois milênios para notarmos 
sua importância na escola institucional.
Concebida no Brasil por Anísio Teixeira, após seus estudos 
com John Dewey, a educação pela arte permitiu criar uma rede 
municipal de ensino, desde a escola primária à universidade em sua 
gestão como secretário de Educação do Rio de Janeiro. 
Alguns estetas sugerem uma visão que evidencie “emoções” 
e sentimentos latentes, por meio da catarse propiciada pela arte, sem 
privilegiar o “intelecto”. Outros, pela a vida cotidiana do “homem por 
inteiro”, dando função a todas as suas capacidades intelectuais, idéias, 
sentimentos, habilidades manipulativas, paixões e ideologias.
Muitas vezes a arte serve a propósitos distintos, seja o 
despertar de uma consciência individual ou uma mentalidade coletiva. 
Seu conteúdo é tão distinto quanto os axiomas: “As necessidades de 
muitos superam as necessidades de poucos” - Platão, ou: “A 
necessidade de um só exige o empenho de muitos”, - Aristóteles.
 As necessidades de superação estética despertam o censo 
crítico. Estes “sentimentos” dão a apreender e compreender os 
significados ocultos dos objetos de arte, garantindo a preservação 
dos povos, enquanto identidade cultural, através das gerações. Para 
compreender o processo é necessário dedicação à questão filosófica 
e social, sem esquecer que não existe cultura sem Arte.
 Pedrinho Sampaio
Estética e filosofia
da arte
Palavras do
professor - autor
132
Ementa
Introdução a Estética e a filosofia. Percepção Estética. 
Desenvolvimento da capacidade de observar criticamente uma obra de 
arte. O “fazer”, o “realizar” ou “concretizar”, sendo interpretado 
pela cognição ativa.
Experimentalismo sensorial. Introdução ao elemento criador: a 
“técnica” e a “expressão”.
4. Orientações para o estudo do caderno
Caro leitor, Interpretar, entender e compreender as diferentes 
expressões culturais presentes no cotidiano do indivíduo e da sociedade 
são situações que ocorrem cotidianamente e nem nos damos conta. A 
Estética é um elemento constitutivo de nossa civilização que aliado à 
ética nos permite viver de forma produtiva e procedente.
Desenvolver esse senso estético, crítico é acima de tudo permitir 
que as idéias possam ser apresentadas e apreciadas segundo critérios 
lógicos particulares de cada cultura.
5. Objetivos de ensino-aprendizagem
1. Responder perguntas “Como?” e “Por quê?” o observador 
como fruidor da arte, “a quem ela é direcionada?”.
2. Interpretação: Análise de uma obra de arte, 
3. Guia de estudo “Estética e Filosofia da Arte” 
4. Mostra de slides e ”visitas” a museus e outros ambientes 
(virtuais) para observação 
5. História da arte
6. Filosofia da arte
7. Guia de estudo “Estética e Filosofia da Arte” 
8. Experimentalismo sensorial. Introdução ao elemento 
criador: a “técnica” e a “expressão”. 
Estética e filosofia
da arte
Ementa
133
Unidade 1 - Estética e filosofia da arte 
Síntese da unidade
Trabalhar-se-á com a visão geral do conceito de Estética e 
Filosofia da Arte a partir da noção individualizada de cada um dos 
componentes da disciplina. A abordagem de forma não linear procurará 
dar aos alunos paralelos históricos como referências culturais. De Platão 
a Umberto Eco poderá o leitor encontrar consideráveis objetos de 
observação da construção do pensamento humano.
Introdução à estética
Embora algumas correntes da biologia social e da psicologia 
aplicada apresentem argumentos sobre a constatação de “cultura” 
advinda de outras espécies, tais relatos estão embasados em 
parâmetros como inteligências múltiplas, organização social, ou 
características restritivas a cada espécie. 
Ao contrário da natureza cruel, a história da civilização é em 
síntese a História Cultural e Social do Homem. A artificialidade de sua 
expressão cultural é a essência da própria natureza – ou “artificialeza” – 
humana. 
É compreensível que outras espécies tragam em sua gênese 
caráter social, emoção e até certa aptidão lingüística, denotando um 
traço cultural. Porém, somente humanos produzem e apreciam Arte.
É a Arte, ainda, objeto expressivo e impressivo, alvo de 
estudo da filosofia, assim como o é a Cultura, que por força da premissa 
a cerca da natureza da manifestação cultural fora do domínio humano, 
convencionou-se chamar “Cultura Humana”. 
O termo seria mais bem usado se outras formas de vida 
utilizassem a artificialidade como elemento diferencial entre o Mundo 
Real e o Ideal. Não existe, contudo, prova científica desse sentimento. É 
meu desejo o seu deleite da percepção do objeto de arte, em sua 
concepção ética e estética.
A observação criteriosa do mundo natural e do mundo 
artificial permite constatar que a obra de arte é o principal
elemento de 
diferenciação – marco referencial - que torna o homem elemento único 
para o desenvolvimento da produção e apreciação estética, suscitando 
a crítica de caráter subjetivo. 
Estética e filosia
da arte
Unidade 1
Estética e 
filosofia da arte
134
De natureza reflexiva, esse caráter permite criar uma ação 
redundante, que leva o ser humano a questionar a legitimidade de seus 
próprios atos. Assim, pode-se concluir ser a Arte, o espelho onde se 
reflete a humanidade. 
O caráter individual e o caráter coletivo representam um 
estatus quo, enquanto o caráter individual e o caráter plural 
representam a forma de conceber e produzir arte.
Como as demais ciências derivadas da filosofia, a Estética 
fornece os elementos de fundamentação conceitual vinculados 
estruturalmente a um objeto de estudo específico. Neste caso, a obra de 
arte. Sua existência se justifica por existir o senso crítico. 
 Esse “senso crítico” é desenvolvido no indivíduo ainda 
criança, ao acumular, de duas maneiras: sinérgica - os conteúdos sobre as 
relações sociais, seu ambiente; e, dinérgica - ao trabalhar suas sensações 
e emoções - decifradores de seus códigos e contextos.
O objeto de estudo nem sempre é obra ou a Arte em si. É 
antes, um estudo criterioso do processo e de seu(s) significado(s) – sua 
produção, sua importância, seu tempo e seu espaço. Esse estudo 
descreve o “estado da arte”. Por extensão, o código e o contexto 
determinam a essência da produção artística.
1.1.1.Considerações específicas
Como sabemos, a Estética é o ramo da filosofia que se 
relaciona à crítica de arte. Essa crítica analisa inicialmente o objeto 
artístico o qual percebemos em três níveis distintos, mas não 
estanques, dos cinco sentidos ordinários humanos.
A condição de cada um dos níveis está relacionada com a 
natureza das emanações e das percepções chamadas atuação e 
recepção. Estas “ferramentas” do pensamento lógico constituem as 
qualidades de julgamento estético originários da análise e da reflexão, 
características da razão, qualidades tipicamente humanas. 
O primeiro nível insere-se na exploração sensorial retratando 
a maior ou a menor liberdade na realização de obras. Assinala o processo 
evolucionário e revolucionário na expressão da arte. É mais do que 
simplesmente a leitura quanto à formalidade. É um refletir sobre o 
caráter impressivo da obra.
 
 
Procure encontrar 
referências na história 
da civilização que 
possam sustentar esse 
pensamento. 
Em seguida, utilize 
esse material como 
fonte de discussão no 
chat.
Estética e filosia
da arte
Unidade 1
Estética e 
filosofia da arte
Considerações
específicas
135
O segundo observa e estuda o aparecimento de técnicas 
novas – novas tecnologias – mostrando o grau de dependência, por parte 
de uma idéia, da “aparelhagem”, da plataforma ou do suporte físico da 
manifestação artística. Evidencia o caráter técnico que diferencia o 
autor como personagem mais que o desenvolvimento tecnológico, por 
imprimir, de si, a identidade própria da obra. 
Um exemplo: a música concreta e a música eletrônica são 
dois ícones da arte musical tecnológica do final do segundo milênio. 
Modos inusitados e personalísticos de produção musical nascidos 
respectivamente em 1948 e 1950, numa Europa do pós-guerra, 
representam um período de desenvolvimento de novas ferramentas de 
criação, sobretudo na área da eletrônica.
As duas tentativas de expressão musical estiveram em 
conflito nos primeiros doze anos de sua breve iniciação, até revelarem 
aspectos complementares em sua concepção. Embora não tenha 
havido uma fusão normativa de caráter conceitual da norma funcional 
ou no caráter institucional, traçaram um paralelo histórico sem 
precedentes, no uso de uma tecnologia específica.
Essas formas avançadas de expressão e comunicação da 
linguagem musical aglutinaram conceitos estruturais traduzidos em 
forma de poderosa agente: a síntese sonora, que utiliza gravador de 
timbres, fita magnética, sintetizador, processadores de efeitos e 
computadores, como ferramentas mediadoras do discurso sonoro. 
O terceiro nível está relacionado com a antiguidade ou a 
modernidade da arte. São registros etnológicos ou psicológicos de 
determinada forma de ordem social ou civilização. Serve-se da 
produção cultural, ou melhor; da geografia artística. Considera 
contexto e a legitimidade icônica da obra referencial. Sua história.
Infelizmente, segue padrões intencionais idiossincráticos, 
ditados por “regras” obsoletas. Para a maioria dos estetas europeus, por 
exemplo, a etnologia serviu exclusivamente para restringir. Propôs 
visões reducionistas antropológicas e sociais.
Salvo por raras exceções, tais estetas não estão preparados 
para analisar qualquer conteúdo diferente do conceito, preconceito 
ou “pré-conceito” de arte vigente na Europa. Propõem/impõem e 
Estética e filosofia
da arte
Unidade 1
Estética e 
filosofia da arte
Considerações
específicas
136
Criam em suas “colônias culturais”, limitações características e 
estilísticas. São, apesar disso, os registros gráficos do imaginário 
(imagem escrita, imagem pictórica) – e não a oralidade (imagem 
sonora) – a forma predominante de preservação da cultura.
1.1.2. Considerações gerais
A edificação do conhecimento não é apenas o acúmulo de 
informação nem a criação de um banco de dados memoriais. É a 
manipulação racional consciente de tais dados. 
A leitura evidencia na prática coletiva a necessidade do 
exercício da memória, associada a conteúdos diversos, com ênfase à 
palavra escrita. A questão específica do desenvolvimento das sinapses e 
o valor intrínseco, de caráter artístico, associam-se ao entendimento 
estético do mundo. Cabe ao fruidor interpretar e reinterpretar a obra.
Essa prática leva em conta os seguintes aspectos cognitivos: a 
captura através da visão (leitura) e a interpretação de texto (releitura); 
a captura através da audição (compreensão da imagem mental formada a 
partir do material sonoro). 
O filósofo e compositor, Pierre Schaeffer propõe em seu 
“Tratado dos Objetos Musicais”, de 1966, a análise semiótica curiosa da 
música no mundo. Evidencia três fatos que considera inovadores 
relativos à sua leitura histórica das “novas” linguagens suscitadas 
musicais, no transcorrer o século XX.
 Descreve-os segundo sua importância, por um critério 
analítico que não despreza a questão do etnocentrismo, não nega a visão 
do homem europeu - dito “civilizado” – mas aponta o caminho a seguirem 
os estetas atuais, acerca do código e do contexto, pela estruturação dos 
três níveis da semiótica convencional e introduz um quarto nível de 
percepção.
A leitura obtida por essa ótica começa com a descrição dos 
três elementos da semiótica aplicada à música, acrescidos de três fatos 
novos. O primeiro, de natureza ESTÉTICA; o segundo, de caráter 
PRAGMÁTICO; o terceiro, a FLUIÇÃO. 
ESTÉTICA: seguindo o caminho da exploração sensorial. Da 
Pragmática contextual; PRAGMÁTICO: considera o ambiente cultural de 
Estética e filosofia
da arte
Unidade 1
Estética e 
filosofia da arte
Considerações
gerais
Procure ouvir a 
diversidade de sons 
das formações 
orquestrais e corais 
de instituições da 
África do sul, 
China, Egito e 
Iugoslávia. Depois, 
compare-as com a 
música ocidental.
Elabore uma 
síntese sobre a 
educação estética 
e o gosto pela arte 
no Estado Grego e 
compare o 
pensamento de 
Platão com o dos 
pensadores e 
educadores 
brasileiros, Anísio 
Teixeira e Heitor 
Villa-Lobos, no 
estado novo de 
Vargas.
Platão considerava
a Arte um perigo 
para o Estado. 
Como a 
entenderam esses 
educadores 
brasileiros?
137
sua produção; Da analítica; FLUIÇÃO, ou REFLEXÃO: empresta ao autor 
um considerável repertório, surgido de suas experiências imaginárias 
ou perceptivas de sua idealidade ou realidade. O quarto elemento 
resulta da análise dos três anteriores. Diz respeito ao observador final. 
É a FRUIÇÃO que dá ao espectador, unicamente a ele, o poder de decidir 
sobre o significado final da obra.
Considerações sobre o uso da psicanálise, da psicologia da 
gestalt e dos estudos com o uso de novos materiais, recursos como a 
geometria e o desenho industrial, representações a partir do 
expressionismo tornam-se referentes estéticos no cubismo, 
surrealismo e folvismo.
Evidentemente as prerrogativas conceituais sobre a 
natureza e a finalidade da arte dificultam o aparecimento e 
desenvolvimento de novas técnicas e ferramentas trazidos pelas 
descobertas de materiais e recursos até então não disponíveis. É o 
pensamento de Umberto Eco que em “Obra Aberta” demonstra que a 
técnica evolui com a comunicação, mas o conteúdo permanece.
Tal pensamento já foi encontrado anteriormente em Weimar, 
quando Gropius defendeu as inovadoras concepções pedagógicas da 
Bauhaus em monografias de seus professores. Vem daí a necessidade da 
educação do olhar, da educação de “aprendimento”, a consideração da 
fenomenologia, defendida por inúmeros filósofos e pedagogos desde a 
década de 1930.
No Brasil, tal idéia chegou por Anísio Teixeira, que difundiu os 
pressupostos do movimento da “Escola Nova” tendo como princípio a 
ênfase no desenvolvimento do intelecto e a capacidade de julgamento, 
em detrimento da memorização.
1.2 O que é arte?
Até o séc. XIX de acordo com o pensamento europeu, a 
“expressão do belo”. Mas, por que parâmetros? Com o surgimento de 
novas interpretações de uma estética ampliada e global, surge a 
dificuldade de entendimento. 
Uma resposta eficaz requer profunda reflexão e exige um 
sistema que oriente e sustente a fundamentação disciplinar da Estética 
O que é arte?
O que é arte?
Diferentes correntes da 
filosofia, da ciência e 
crenças humanas 
possuem opiniões 
divergentes.
Como você entende 
isso?
Para saber mais 
pesquise outros 
pensadores. Traga a sua 
dúvida para o fórum
138
Estética e filosofia
da arte
Unidade 1
Estética e 
filosofia da arte
como um ramo da filosofia aplicada, ou seja, a “Ciência Estética”. Para 
desvendar esse “novo mundo” é necessário nos reportamos aos 
primórdios da filosofia científica, e em momento específico da história 
abre-se outra questão:
Tem sido sempre esse o objetivo da superação em arte? 
Traduzir novas linguagens, novas técnicas, novas plataformas? A Teoria 
que apresenta a arte como auto-expressão carece de fundamentação 
epistemológica quanto ao termo “auto”, sobretudo dos elementos da 
produção artística. 
Não existe resposta simples à pergunta. O Julgamento 
estético a partir da diversidade cultural é pertinente, embora possa 
permitir o declínio do Pensamento. Então devemos averiguar as 
necessidades de sua elaboração. 
Herbert Read discorre sobre o sensível e defende a 
formalidade do valor estético. Para ele, o valor de “auto”, relacionado 
com fantasia, auto-indulgência, sofrimento, fruto do romantismo ou 
ainda, inconseqüência do surto criativo de um quadro primitivo são de 
uma pobreza argumental que por si esgotam a discussão. Para o autor, a 
objetividade da arte está no fato de existir um sentido.
A estética enfrenta três grandes impasses para resolver o 
dilema: noção artística; fonte artística e comentário estético. As 
prerrogativas conceituais existentes sobre estrutura e finalidade da obra 
de arte, segundo Jean Lacoste, estariam “atrapalhando” o 
desenvolvimento de novas técnicas com ferramentas trazidas pelas 
descobertas de materiais e recursos até então não disponíveis. 
Fato: Em 2006, um prédio projetado com base na arquitetura 
da China Comunista pós-vanguarda recria no Central Park uma visão da 
China revolucionária no coração da metrópole do capitalismo. O que se 
pretende mostrar com isso? Reflita.
Fundidas por mãos de 250 operários em Santa Catarina – 
Brasil, as peças foram feitas de fibra de carbono e remetidas ao 
Metropolitan Museum, para a montagem. 
Sessenta e quatro operários nova-iorquinos participam da 
operação. De seu escritório, o Arquiteto, usando o GPS e seu palmtop, os 
orienta. Alguém passa, pára e observa a obra no Central Park.
Procure assistir aos 
filmes “Matrix”, 
“Corra Lola, Corra” 
e “Inteligência 
Artificial”.Assista 
também 
“THX1138”, 
“Formiguinha Z” e 
“Utopia”. Partindo 
de Platão e 
Aristóteles 
considere o 
pensamento de 
Jean Lacoste.
139
Estética e filosofia
da arte
Unidade 1
Estética e 
filosofia da arte
O que é arte?
O meio fenomenológico em questão, a web, permitiu a 
interatividade entre o artista preceptor e os demais parceiros na cadeia 
de produção da escultura. É a arte globalizada - filosofia de um mundo 
sem fronteiras. O aspecto multicultural desta linguagem universal 
imprime o valor intrínseco e comercial da obra.
 Nesse momento, cai o valor de culto alicerçado ao longo dos 
séculos. O produtor busca a funcionalidade da arte que rompe a última 
fronteira: a de artistas que concebem um esquema de múltipla 
funcionalidade e objetivos plurais, usando linguagem universal, ainda 
assim a criação é um esquema de um homem só. 
Arte e Verdade são elementos da imaginação. Arte como 
verdade ou como retrato da verdade, supostamente implica em 
condição consubstanciada. O princípio remonta a Platão e apesar disso, 
aparece, ainda hoje, na indústria cultural, principal usuária do legado 
cultural da Arte grega à humanidade. As novelas televisivas, 
dramatizações populares, são um retrato dessas pseudo-verdades.
1.2.1.Estética, um ramo da Filosofia
Para compreender o mundo da representação estética é 
necessário conhecer as profundas incursões ao universo imaginário, 
suas finalizações na realidade, suas interpretações na surrealidade e 
compreender as apropriações do fazer artístico. 
Lacoste sustenta que tal diversidade sistemática em filosofia 
não obstaculiza a liberdade da criação. Isso evidencia a expressão – 
fundamental para a essência da Obra. É esse o objetivo da superação 
imaginativa e criadora da raça humana? 
Se antes a criação estava submetida à reflexão filosófica, é 
agora a questão filosófica da própria verdade. A obra do artista expõe a 
verdade de cada um e a expõe em cada um.
1.2.2.Utopia principĭa (origem do sonho impossível)
Desde sua reinvenção formal e conceitual moderna, por 
Baumgarten, a Estética pertence ao mundo da história cultural 
juntamente com a Ética, a Lógica e a Metafísica. A sabedoria 
encontrada no universo artístico é a prerrogativa imprescindível na 
Procure no 
cotidiano 
referências dobre a 
problemática de 
Estética
140
O que é arte?
Estética e filosofia
da arte
Unidade 1
Estética e 
filosofia da arte
história das civilizações. Observe que não há civilização sem música, e 
música é a primordial expressão da arte.
Muitas vezes tratada como irrelevante, a Estética tem, em 
verdade, contribuído, significativamente, para o exercício consciente do 
juízo crítico e para o desenvolvimento do gosto particular e coletivo. 
Além de sensibilizar o homem à apreciação coesa, precisa, plausível e 
inteligível, seja do objeto de uso corrente ou do objeto de arte, é nos 
mostra o sentido da construção histórica. 
É pela educação estética que se desenha a forma para 
trabalhar
a qualidade que molda tanto o status quo quanto o modus 
operandi do homem, artista social, permitindo ao indivíduo moderno 
uma interpretação que vai além do senso comum, o senso crítico. É esse 
elemento, o juízo crítico, que municia o esteta em sua avaliação. 
O profundo distanciamento da arte da imitação expõe o 
criador, original, artificial em sua imagem artística, único na idealização; 
só, na concepção esquemática; única figura imaginada por Baumgartem 
e ratificada em Kant como o artista.
Hoje, tanto o argumento intelectual quanto o conteúdo 
emocional são ameaçados pela mídia da cultura de massa e pela lógica 
retificadora e pragmática do consumismo, ditada pelo mercado 
comercial da arte, que se consolida pela imagem imediata de apelo 
puramente emocional como linguagem de arte. A “arte pela grana”, a 
arte do consumo, o programa de verão. É o sentido “fácil” da arte, 
presente da indústria da propaganda a indústria cultural capitalista. 
O imediatismo estético refletindo na produção de arte o 
imediatismo social e cultural, o “non sence”, a “décadence avec 
élégance”, o “pop spot stage”, rodeados de elementos da paisagem 
cultural “underground”; Lendas urbanas retidas no imaginário popular, 
completadas no sentido mais imediato, populista não popular da arte.
Da Pop Art – da segunda metade do século XX, ao Instant Artist – 
do século XXI, “tudo é divino, tudo é maravilhoso”. Para Helio Oiticica, o 
aparecimento do supra-sensorial, tal como aconteceu com a pintura, que 
deixou o cavalete, a moldura e ganhou as paredes, os muros e viadutos, a 
escultura deixou o pedestal e misturou-se a paisagem transformou-se em 
um produto híbrido, quebrando a base e saindo para a mobilidade. 
Observe a diversidade 
de forma expressiva 
das muitas mídias, 
compare páginas da 
Web e posicione-se, 
enquanto usuário, em 
segundo critérios de 
satisfação visual, 
pratica ou prazer de 
exploração de 
conteúdo e 
navegabilidade.
141
Estética e filosofia
da arte
Unidade 1
Estética e 
filosofia da arte
O que é arte?
Cabe o questionamento sobre a qualidade o “QUÊ” do objeto 
artístico. Deve-se procurar também pelo papel do artista, independente 
da plataforma usada. O que seria então o objeto? Seria a finalização? O 
que Mário Pedrosa chamou “o exercício experimental da liberdade”? 
Limite entre expressão e impressão, artista, esteta e obra se encontram, 
se fundem, inevitavelmente em novo estado da arte. 
O problema com essa interpretação é o fato de seguir pelo 
supra-sensorial, perder o vinculo com o raciocínio que leva 
compreendê-la. 
1.2.3.Divortĭum Aquarum (Separação das águas)
O suporte é ambíguo na sua concepção, ora presente física ou 
virtualmente, ora oculto, mas sempre existente. É a zona limítrofe entre 
os universos que coabitam paralelamente. Este é o divisor de águas das 
correntes filosofias estéticas.
Sendo elementos desse sentido crítico, o código e o contexto, 
como objetivar uma relação causal entre estes dois elementos? É o 
artista, senhor de seus códigos? É a obra de arte sua propriedade final? 
Como contextualizar seus pensamentos díspares, de uma realidade física 
ou virtual coesa? Como adaptá-los a uma interpretação objetiva no 
mundo real e referencial. Encontramos exemplos que nos permitem 
avaliar esses elementos ao tempo em que consignamos a validade de sua 
referência.
O livro “Notredame De Paris” e a peça teatral “O Corcunda De 
Notredame”, de Victor Hugo, foram escritos com intervalo de quinze 
anos. Marcam a narrativa de folhetim, tendo por personagem central, 
um prédio – local das diversas tramas que envolvem os dramas pessoais 
individuais e cotidianos da comunidade. O livro, escrito em regime de 
liberdade pós-napoleônica, difere da peça, quando auto-exilado na 
Inglaterra, havia se indisposto com regime francês.
Nele o autor surpreende ao deixar para o leitor a decisão entre 
cinco possibilidades de desfecho, o final. Nos dá o primeiro exemplo de 
literatura interativa da modernidade. Nos dois trabalhos, os códigos 
usados mudam de acordo com o referente cultural. 
Victor Hugo destila sua intenção ao referir-se à catedral como 
Estética e filosofia
da arte
Unidade 1
Estética e 
filosofia da arte
O que é arte?
142
o “monumento feito de pedra”. A metáfora elege um sentimento que 
preenche toda a obra. Não é a Catedral secular, mas aos corações 
humanos, endurecidos pela sombria herança de visão histórica pouco 
perceptiva, fechada ao novo. Não é ao século XVI, mas ao século XIX que 
dirige sua mensagem.
A filosofia foi, através da história, arena de um confronto 
permanente das concepções antagônicas do pensamento humano. 
Conseqüência da impossibilidade de se objetivar inteiramente as 
múltiplas facetas da realidade. Ao considerar a história do conhecimento 
procurando entender a si mesmo e ao mundo, o homem inventa e 
reinventa linguagens, para obter maior compreensão dos limites de sua 
imaginação, de seu próprio pensamento. 
O cubismo foi, no século XX, uma das tentativas de abordar 
simultaneamente as diversas “facetas da realidade fragmentada”. 
Mesmo sem o desejar, tal idéia nos é apresentada no discurso de Kant, ao 
propor conceitualmente a necessidade de erudição cognitiva para 
compreensão universal da arte. 
Ao impor o direcionamento estético, Kant criou a “camisa de 
força” que oprimiu o livre exercício da prática criativa e conduziu o 
artista ao limite de sua possibilidade levando o universo artístico ao 
nascimento acadêmico da filosofia estética. Havia mais de uma realidade 
a ser percebida em uma obra.
Ao expor tal necessidade Kant cria, concomitantemente, a 
imediata e indesejável placenta: o Crítico de Arte, que para o olhar 
erudito, determina a existência de dois rumos. O academicismo histórico 
e o ecletismo primitivo. Para o leigo, possibilidades.
Como conseqüência, toda obra – produto da criação e da 
elaboração artística – carece de rótulo, desde então. O filósofo abre 
precedente para a diversidade interpretativa da natureza da arte e da 
realidade física. O artista tem diante de si a desagradável presença de um 
observador autor, analisando, relendo, revendo e redefinindo sua obra: o 
crítico – seja ele erudito ou guiado pelo senso comum. 
Contudo, aquele sentimento formal é mais perceptível na 
arquitetura, na escultura e na pintura dos séculos XVIII e XIX, como o 
retorno ao classicismo, através dos movimentos neoclássicos de 
engenharia, ou da metalografia, da siderurgia e do cálculo estrutural. A 
necessidade estrutural em parceria com o novo suporte determinou o 
caminho do desenho arquitetônico e escultórico do século XIX.
O que é arte?
Estética e filosofia
da arte
Unidade 1
Estética e 
filosofia da arte
143
Surge E. Rodan, este sim, libertado desse jugo pela força da 
expressão – um romântico expressionista. Sua obra é antes de tudo um 
desafio ao senso estético vigente. De um desfigurado Cirano de 
Bergerac, travestido de Honorè Balzac, com seu disforme nariz, o 
escultor mostra (quer mostrar) que apesar da deformidade de sua figura 
a essência do poeta reside na obra. 
Do drama de Edmond Rostand (1897), na Paris do século XVII, 
Cirano de Bergerac, poeta e espadachim, é secretamente apaixonado 
por Roxane, cujo coração palpita pelo belo Christian, seu amigo. Cirano 
usa de sua eloqüência, de sua veia poética para falar de amor, como 
compositor oculto o “auter ego” para pronunciar a paixão do amigo pela 
mulher que em verdade ele ama. 
Para as mulheres sensíveis, no contexto oculto da peça, 
auterego de Rostand, assim como de Balzac em Rodin, com seu nariz 
disforme que ao escultor é belo, formoso,
protuberante e sexy. 
Outro exemplo, do engenheiro Gustave Eiffel, construtor da 
torre o símbolo de Paris, notabilizado por ser um dos primeiros a utilizar 
caixões de ar comprimido na construção de pontes. 
Construiu o pavilhão de Paris para a Exposição Internacional 
de 1878, e em 1889, para o centenário da revolução francesa, a obra 
que o imortalizou: a Torre Eiffel. Com seus trezentos metros causou 
enorme polêmica ao duplicar a altura da Pirâmide de Quéops (154 
metros), por milênios a mais importante obra da engenharia e 
arquitetura humanas, até então a mais alta estrutura do mundo. 
Além da Torre, imprimiu sua marca, símbolo de uma era, o 
palácio de vidro e outras inovações associadas ao aço. 
Precursor da aerodinâmica moderna instituiu à vulgaridade 
do aço um novo ritmo que mudaria a face do planeta, dando-lhe ar de 
nobreza em suas construções. Eternizou a sua funcionalidade como o 
elemento estrutural que revolucionaria a forma de construir prédios 
elevados, marca da construção civil do século XX. A verticalidade dos 
“arranha-céus” de concreto e aço. 
Eifel é o autor da estrutura metálica da Estátua da 
Liberdade, em Nova York, daí compreender-se a necessidade de 
liberdade de expressão artística que na música surge com Beethoven, 
144
Cyrano de Bergerac: 
filme de 1950, 
dirigido por Gordon 
Michael, é um bom 
exercício de 
romantismo 
expressivo. Sua 
comparação ao 
trabalho de Rodin é 
sem sombra de 
dúvida pertinente. 
Compare e analise.
Estética e filosofia
da arte
Unidade 1
Estética e 
filosofia da arte
O que é arte?
precursor do Romantismo e espalha na Europa o impressionismo, o 
expressionismo, o nacionalismo, o cubismo e todos os “ismos” 
subseqüentes. Arte na maleabilidade do aço e na frieza do concreto.
1.2.4.Aurea mediocrĭtas
Hélio Oiticica, com seus parangolés e bólides, retoma e 
revoluciona esse conceito de liberdade, em sua obra “tropicália”, sem 
descartar Kant, do mesmo modo como Beethoven, abre uma porta para 
outra nova dimensão na arte, campo da exploração sensorial ativa e 
passiva, das emoções humanas. A supra-realidade.
Em Aspiro ao grande Labirinto, Hélio não lida apenas com 
correspondências culturais, através de correlações acadêmicas, mas por 
meio de cartas pessoais; sua amoralidade diante da imoralidade social e 
política, crítica da obra sensível, estética e ética; augúrios, soma de suas 
experiências em expressões. Do artista à obra.
Tratar especificamente de alguns artistas cujas produções 
escapariam quaisquer determinações estilísticas ou contextuais, mesmo 
quando tornados ícones do consumismo cultural, seria uma atitude 
leviana e hipócrita. A Revolução foi também conceitual.
Do movimento revolucionário, “sem lenço e sem documento” 
como descrito na música manifesto de Caetano Veloso, um registro 
inusitado: a voz do povo; a memória popular. Nomes como Tonzé, 
Gilberto Gil e Zé Rodrix se tornariam referenciais para novos artistas, 
“novos baianos” e o fruto de sua produção, clássicos de um tempo 
irreverente e conturbado. Tempo da contracultura hippie.
Diante da negativa de sua própria existência, enquanto um 
movimento cultural, a Tropicália é o marco que permite adotar medidas 
de aceitação do fenômeno “reconvexo”; daquele que adota um viés mais 
aproximado à crítica social do que à critica de arte, que era um terno em 
desuso naquele meio. É, de forma irônica, importante Inaugurar um 
monumento e não um movimento. 
Assim, Helio Oiticica definiu a sua plataforma artística sem 
identidade, negada por artistas, estetas e críticos brasileiros, mas 
reconhecida por novos estetas na França, como um legítimo produto 
cultural, derivado do gosto popular e da indelével meta a ser perseguida 
“Sem lenço e sem 
documento” -
música manifesto 
de Caetano Veloso.
Em que festival ela 
foi revelada ao 
público?
O nome do “LP” 
que apresenta o 
movimento 
também é 
Tropicália. De 
quem é a capa? 
Faça uma avaliação 
de seu significado. 
Faça um auto-
diagnóstico acerca 
do senso crítico 
que você 
desenvolveu ao 
longo dos anos, 
tendo como 
referência sua 
interpretação da 
sociedade em que 
vive, frente à arte.
145
O que é arte?
Estética e filosofia
da arte
Unidade 1
Estética e 
filosofia da arte
por sua “geração parangolé”. Liberdade de expressão.
A denúncia do estado letárgico em que mergulhara 
culturalmente a sociedade brasileira trouxe um estranhamento à 
ordem poética de seus trabalhos. Para entender a preocupação desse 
artista inovador, reinterpretemos um fenômeno de abrangência global 
da indústria cultural. O cinema. A sétima arte sempre foi uma boa 
referência cultural desse comportamento.
Em 2004, o mundo parou diante das telas de cinema para 
assistir a mais uma superprodução. Grande em muitos sentidos: No 
orçamento, na proposta, nos nomes elencados [...] principalmente nos 
erros cometidos, de narrativa histórica e de posicionamento estético-
ético, como obra de arte.
“TROIA”, do cineasta Wolfgang Petersen, como a – A Ilíada e 
a Odisséia, A Eneida – de Homero, conta a história de uma luta de 
heroísmo fútil e de derrota vergonhosa que se realiza em uma escalada 
de violência, sangue e poder, motivada pela desonra e alimentada pelo 
ódio e o desejo de vingança. 
Para chegar a esse fim, mais de uma década de lutas e uma 
armada formada por 1.000 navios, exércitos enormes, egos imensos e 
paixões arrebatadoras, servem de instrumento para aplacar a ira de um 
homem traído. Ficção ou realidade?
Se Homero, como narrador da história, serve-se do poema 
épico, como o faria Camões, vinte e três séculos depois, para glorificar 
feitos portugueses em “Os Lusíadas”, a intenção do filme realizado, 
como épico, pelo diretor Wolfgang Petersen, não foi alcançada. Sem 
motivação que dê suporte a trama; um código, um sentimento, o 
“épico” esbarra na dificuldade de encontrar elementos plausíveis para 
torná-lo interessante. A narrativa não prende o espectador. 
Seus personagens lutam por questões fora de contexto, 
tanto à realidade atual quanto ao período histórico. Atropelados por 
necessidades mercadológicas mais imediatas, considerando a 
experiência do diretor, sem um motivo aparente, por que isso ocorre? 
E mais: Como justificar o enorme sucesso de bilheteria 
alcançado pela veiculação de tal aberração pseudo–histórica dessa 
produção de 175 milhões de dólares, construída na esperança de 
146
Estética e filosofia
da arte
Unidade 1
Estética e 
filosofia da arte
O que é arte?
repetir ou superar o sucesso de “Gladiador”? 
A resposta vem por etapas: Primeiro, a escolha de Brad Pitt 
para o papel do campeão Aquiles o tornou atraente como produto de 
mercado. Segundo, Petersen, por seu histórico em filmes de guerra e 
dramas psicológicos, o credenciaram como potencial e capaz diretor.
Em “A Ilíada”, Homero trata do cerco grego à cidade de Tróia. 
No filme, os produtores escolheram o título com vernácula atenção para 
compensar, não apenas o fato de grande parte do roteiro ser de fontes 
alheias ao poema de Homero, mas também por negar o principal 
referente contextual: a força mitológica que motivou tais guerreiros. 
David Benioff e Wolfgang Petersen simplesmente 
“esqueceram” de Zeus e de todos os deuses do Monte Olimpo. 
Dificilmente a deidade de imortais egocêntricos e pouco práticos titãs do 
panteão politeísta grego teria função objetiva na trama da história. 
Porém, ignorá-los em seu universo mitológico, é cometer um genocídio 
histórico e cultural. 
Não podemos dar as costas a dados culturais relevantes, em 
uma narrativa épica. Os gregos criam piamente
em seus deuses. “Ao 
retirar do roteiro o elemento divino, a história perde seu senso de 
destino e tragédia” – afirma Kirk Honeycutt. E, na ausência de deuses, 
um líder guerreiro ou um rei que escuta adivinhos, bruxos e augúrios mais 
parece tolo do que sábio. 
Falta ao filme o elemento de coesão entre história grega e a 
narrativa épica que dê plausibilidade, mesmo quando do ponto de vista 
meramente físico, improvável ou impossível. 
Quando um herói combate “como um deus”, sua origem é 
questionada. Será ele o filho de um deus, e portanto, invulnerável, 
invencível, um semideus, como Kindah ou Hercules? Os deuses 
representam, no panteão grego, o elo que une a psicologia dos guerreiros 
ao espírito da época em questão. 
Entretanto, tal elemento não aparece em “Tróia”. Em seu 
lugar, é Brad Pitt que se mostra como um deus da mídia cinematográfica, 
transferindo para Aquiles sua magnificência, combatendo apenas por si e 
pela glória futura de seu nome. Personagem travestido de ator: um 
contra-senso.
Peternesen utiliza 
outra ótica, que 
não a linha 
histórica proposta 
por Homero. Faça 
uma síntese sobre 
seu ponto de vista 
e analise seu efeito 
na realidade 
artística cabe-nos 
um exame.
Como podemos 
entender sua 
filosofia? Que 
critérios tem ele 
em conta? 
Construir um 
modelo social em 
que cada indivíduo 
(personagem 
histórica) busque, 
a partir de um 
ponto, uma linha 
de tempo em que 
eventos isolados, 
possam alterar o 
curso da história.
147
Estética e filosofia
da arte
Unidade 1
Estética e 
filosofia da arte
O que é arte?
A cólera de Aquiles, anunciada desde o primeiro verso, é o 
motivo central da Ilíada, que narra o drama sobre-humano, do herói, 
filho da deusa Tétis e do mortal Peleu, rei de Ftia, na Tessália, em torno 
do fim da guerra dos gregos contra Tróia. 
Lendariamente, a guerra foi motivada pelo rapto de Helena 
(Diane Kruger), esposa do brutal rei de Esparta, Menelau (Brendan 
Gleeson), por Páris (Orlando Bloom), filho do rei Príamo, de Tróia. Seu 
inimigo, o herói e mártir de Tróia, é Heitor (Eric Bana), é retratado como 
o grande derrotado. 
Esta versão trata Heitor, homem de família e de honra, com 
ternura e gentileza. Suas lutas, porém são insípidas, sem veracidade. O 
roteiro, exclusivamente para Aquiles – que seria melhor título, foi 
escrito para Brad Pitt e não permite a Eric Bana tomar o destino de seu 
personagem, tornando-o mera “escada” para a atuação de Pitt. 
Agamênmnon (Brian Cox), rei de Micenas, irmão de Menelau, 
chefe dos exércitos gregos, arrebatara a Aquiles, o mais valoroso dos 
guerreiros gregos, sua cativa Briseide. Une as tribos gregas rivais em prol 
de um fim comum: atacar e destruir Tróia, justificado pela vingança da 
honra de um cidadão grego.
Em protesto, Aquiles retirou-se para o acampamento com 
seus guerreiros, e recusou-se a combater. É nesse momento que tem 
início a Ilíada, com o verso “Canto, ó deusa, a cólera”. Imaginemos o 
efeito desse fato não contextualizado em uma sociedade aberta.
Contudo, o rei Agamênmnon serve-se disso para acrescentar 
em seu império a cidade dos sete muros, até então intocada. De seu 
interior, o rei Príamo (Peter O'Toole) tem a proteção das fortes muralhas, 
de seu filho Heitor e do deus Apolo, para garantir a segurança de seu 
povo e de seu reino.
Alguns dos personagens da Ilíada, em particular Aquiles, 
encarnam o ideal heróico grego: busca da honra ao preço do sacrifício; 
valor altruísta; força descomunal, mas não monstruosa; o patriotismo de 
Heitor; a fiel amizade de Pátroclo; a compaixão de Aquiles por Príamo, 
que o levou a restituir o cadáver de seu filho Heitor. Nesse sentido, os 
heróis de Homero constituem um modelo.
O poema mostra também suas fraquezas, paixões, egoísmo, o 
148
Estética e filosofia
da arte
Unidade 1
Estética e 
filosofia da arte
O que é arte?
orgulho e o ódio desmedido. Toda a mitologia helênica, o Olimpo com 
seus deuses, semideuses e deidades auxiliares, descritos 
maravilhosamente, que inexplicavelmente não figuram no filme. 
Seqüências magnas foram criadas por Petersen: a da armada 
produzida com efeitos visuais especiais, gerados por computador; as 
batalhas entre os dois exércitos e o ardil do cavalo de Madeira, são 
impressionantes como imagens visuais gerais, mas lhes falta algo de 
“verdade” nos detalhes de composição cênica. Por quê?
Entre agosto de 2002 e janeiro de 2004 foi realizado um estudo 
que permitiu a compreensão técnica dos métodos e do processo de 
construção daquela peça de guerra. Esse estudo poderia ter servido como 
referência para a composição da imagem cenográfica do Ardil. Ao invés 
disso, Petersen resolveu dar asas a imaginação, e com “licença poética”, 
reinventou o Cavalo de tróia.
Entre as cenas mais desconcertantes do filme, está a de apelo 
puramente comercial: Aquiles (ou Pitt) aparece nu, vestindo-se para a 
batalha. A cena é triplamente inconsistente. 
A “performance” de Pitt é boa, mas falta fidelidade histórica. 
Os campeões, (heróis) não usavam roupas em combate; por suas 
qualidades deíticas, seguiam nus à frente da batalha e jamais 
enfrentavam homens ordinários; somente o campeão do exército inimigo 
o enfrentaria em combate franco. Por isso Aquiles é ferido o calcanhar, e 
não o coração. A impressão é de que os produtores não perceberam a 
complexidade histórica dos personagens e da narrativa.
A intenção, em Homero, era retirá-lo de combate para dar aos 
troianos uma vantagem tática e não assassiná-lo. Se um soldado 
meramente humano matasse, mesmo acidentalmente um semideus, a ira 
do Olimpo se abateria sobre ele e seu povo. Daí a queda de Tróia. 
O Aquiles de Brad Pitt é tão egocêntrico que se torna hilário. 
Isso dá ao filme uma leitura tragicômica, no pior sentido do termo. Não 
pela falta de critério dos produtores, na escolha dos textos, mas, o 
julgamento estético que lhes serviu de referencia: a indústria cultural, 
que não tem paralelo ético com a crítica da arte, mas sim com a “crítica 
da razão econômica”. 
Como diria Hélio Oiticica: “Ave aurea mediocrĭtas” – Salve 
Peternesen utiliza 
outra ótica, que não 
a linha histórica 
proposta por 
Homero. Faça uma 
síntese sobre seu 
ponto de vista e 
analise seu efeito na 
realidade artística 
cabe-nos um exame.
Como podemos 
entender sua 
filosofia? Que 
critérios tem ele em 
conta? 
http://www.disney.com.
br/cinema/ratatouille
149
Estética e filosofia
da arte
Unidade 1
Estética e 
filosofia da arte
O que é arte?
mediocridade dourada, fruto indesejável da arte, mas ainda assim 
outra placenta. A inefável herança dos mecenas da arte, agora 
travestidos de produtores, gestores, promotores e divulgadores. Os 
promotores da arte, comandantes pseudo-intelectuais dotados do 
controle midiático da Indústria Cultural, disseminam a ignorância 
programática da sociedade, enquanto recrudescem o conhecimento, 
frutos absurdos da história, da arte e da filosofia.
1.2.5.Anuk, Inuk, Onuk. (Era do gelo ou desuniverso?)
Se Oiticica retoma o conceito surreal atualizando-o com o 
elemento construtivista, introduz o concreto como diferença. Sua 
crítica ácida, entretanto é pertinente. O artista é ao mesmo tempo 
crítico e obra de arte. 
Outro referente cultural é o desuniverso, o underground do 
cinematógrafo e artista-plástico Andy Warhol, que baseado na 
reprodução irônica e crítica dos mais representativos símbolos da 
sociedade de consumo, reformularam o conceito de arte popular.
Como podemos compreender a passagem da realidade para a 
surrealidade e a supra-realidade? O que
é de fato esse sentimento 
abstrato, que foi o preceptor de tal atitude do artista brasileiro pós-
vanguarda? De que forma os afluentes do dadaísmo, ou do pop-art (Andy 
Warhol é a principal figura da pop art, voltado à produção artística da 
contracultura) estão vinculados, como Kandinsk, Pollock, Magritte 
Warhol e Oiticica?
O termo surrealismo criado pelo escritor Guillaume 
Apolinaire, nomeia um dos inumeráveis movimentos artísticos 
vanguardistas ocorridos entre as duas grandes guerras mundiais, 
especialmente na França, como uma corrente psicológica da literatura, 
derivado do dadaísmo: o movimento surrealista.
Foi instituído pelo poeta e crítico Breton, formalizado com a 
publicação do Manifeste du surréalisme (Manifesto surrealista,1924), 
influenciou todo o século XX e além. Exerceu a mais marcante 
influência cultural durante o século XX, estendendo a marca 
expressionista para esse desuniverso, mesmo depois de considerado 
extinto como movimento artístico ao final da década de 1930, 
Troque e-mail com os 
colegas e/ou participe do 
fórum para discussões.
Faça um breve relato 
sobre a descoberta de 
novos ícones 
estéticos. Observe a 
relevância da 
linguagem musical e 
visual – percepção 
sensorial - em 
Ratatouille e na arte 
de Magritt e Hélio 
Oiticica.
150
Estética e filosofia
da arte
Unidade 1
Estética e 
filosofia da arte
O que é arte?
constituindo a mais importante forma de expressão da metalinguagem, 
no século XXI e além. 
O surrealismo, embora breve, reacendeu a expressão do 
fantástico, elencou as diversas formas expressivas de arte conceitual 
que se apresentam, ainda agora, com variações estilísticas ou formais, 
mas cheias de seu conteúdo. 
Seus postulados, contrários ao pensamento estético, ético e 
político convencional, permitiram novos símbolos e mitos estranhos ao 
racionalismo positivista. 
O artigo “Les Champs magnétiques” de 1920 (“Os campos 
magnéticos”), de Breton, publicado na revista Littérature, definiu o 
traço fundamental do surrealismo - a “escrita automática”. 
Automatismo psíquico significa o não traçado o não arquitetado. Algumas 
correntes filosóficas admitem o Trance na empatia de ambiente surreal, 
quer sonoro, visual, palativo, olfativo ou tátil.
Trata-se de transmitir diretamente, sem refletir ou 
concentrar-se no que se queria dizer, as palavras que, sem tema 
preconcebido, viessem à mente de forma imediata. Essas frases 
procederiam diretamente do inconsciente e não teriam relação lógica 
entre si.
Da literatura às artes plásticas; do cinema ao teatro; do 
esoterismo à filosofia; do mundo da moda ao modo de vida, sua 
comunicação era supra- dimensional. 
Amparado por esse argumento, Breton se recusava a refazer, 
apagar ou retificar qualquer composição e não admitia exercício da 
crítica sobre a escrita automática, por tratar-se de um “texto puro”, 
poema surgido do inconsciente. É o cogito a priori, alicerçado na lei 
geral, por Kant.
A desconstrução da palavra, fruto da poesia concreta, a seguir 
os passos do desuniverso, mais tarde consolidaria o universo da pop art, 
da opical art e do tropicalismo, resultado dessa trama da desarticulação 
lógica. 
Para Kant, surrealismo é o puro automatismo psíquico, pelo 
qual propomos expressar verbalmente, por escrito ou qualquer outro 
meio, o processo real do pensamento. A ditadura do pensamento, na 
Para compreender 
o processo 
surrealista, um 
excelente trabalho 
sobre o sonho e a 
psicanálise pode 
ser encontrado em 
“FREUD A Aventura 
Psicanalítica” com 
desenhos de 
montagens de 
Michel Seméon e 
cenários e textos 
de Robert Ariel.
Boa Leitura!
151
Estética e filosofia
da arte
Unidade 1
Estética e 
filosofia da arte
O que é arte?
ausência de todo controle exercido pela razão e na ausência de toda 
preocupação estética ou moral.
Uma gestalt psicanalítica? Freud entende o sonho como o 
conteúdo inconsciente que assume formas extraídas do mundo real, da 
experiência sensorial. Para Breton, o sonho é a própria experiência. 
Possui “realidade” objetiva e influencia a realidade consciente 
objetiva. Um universo paralelo, onírico e concomitante.
Seu interesse pelo onírico levou-o a re-descrever Freud e 
outros pensadores e escritores interessados no mundo subjetivo, como 
Gérard de Nerval, Rimbaud e Isidore-Lucien Ducasse naquilo a que 
chamou, “surrealismo absoluto”. Considerou-se herdeiro de Victor 
Hugo, Chateaubriand, Edgar Allan Poe e Baudelaire. Elegeu Uccello, 
Seurat, Gustave Moreau, André Derain, Picasso e Marcel Duchamp 
pintores de referencia. 
No ensaio Le Surréalisme et la peinture, (O surrealismo na 
pintura) Breton anunciou um movimento pictórico paralelo ao literário. 
Tendo como referencia o objeto perturbador e mágico, imagens 
procedentes do sonho e semelhante ao automatismo verbal. Baseou-se 
na filosofia social e na antropologia, tendo como marco as teorias de 
Hegel e Marx, na busca por nova linguagem.
O surrealismo fez os pintores recorrerem à enorme 
diversidade de técnicas, como a colagem, o frottage, o decalque; e 
estilos, que variam desde as formas abstratas da pintura de André-Aimé-
René Masson aos detalhes meticulosos de efeito nas formas concretas de 
Salvador Dalí e René Magritte. 
Os italianos, assim como Oiticica e Wahrol deram um novo 
elemento. Obcecados pela arte das crianças e dos psicopatas, os 
pintores surrealistas misturaram diversas tendências como a escola 
metafísica italiana, de Giorgio de Chirico e Carlo Carrà, imbuída de suas 
próprias características, constituindo um movimento paralelo. 
Yves Tanguy criou formas irreais em paisagens ricas pela 
profusão de detalhes enquanto Salvador Dalí realizou suas primeiras 
obras surrealistas sob influência dos metafísicos italianos. Com Luis 
Buñuel realizou as primeiras experiências cinematográficas no estilo, 
com Un chien andalou (Um cão andaluz), em 1928, e com L'Âge d'or (A 
Procure informações 
sobre as técnicas: 
colagem, frottage e 
decalque. 
 
Procure referências 
entre os poetas e 
escritores que 
aderiram ao 
“surrealismo absoluto” 
Louis Aragon, Robert 
Desnos, Paul Éluard e 
Philippe Soupault 
estiveram na 
vanguarda do 
movimento.
Pesquise no ambiente 
da Web a importância 
de Vassili Kandisnski 
para o movimento 
Surrealista e sua 
influência entre outros 
modos de expressão da 
imagem visual. 
152
Estética e filosofia
da arte
Unidade 1
Estética e 
filosofia da arte
O que é arte?
idade de ouro), em 1931. A eles somam-se os nomes dos escultores Jean 
Arp e Alberto Giacometti e do fotógrafo americano Man Ray. 
O Mestre desenvolveu em sua pintura o “método paranóico-
crítico”, que propunha uma incursão no mundo alucinatório e paranóico 
para liberar imagens inconscientes com maior força, transpondo-as com 
sucesso para as obras e para a própria vida. Sua obra é marcada por 
imagens múltiplas e distorcidas, mas ainda assim, presumíveis, 
reconhecíveis. 
Outra forma de expressão pictórica que transcende é a 
pintura de Magritte. Nela o observador se encontra com uma aparente 
realidade, na qual se estabelecem relações absurdas ou ilógicas. Paul 
Delvaux combinou o padrão clássico de beleza com as imagens oníricas 
de personagens em estado de transe. Pintura hipnótica.
André Masson e Joan Miró realizaram uma pintura surrealista 
abstrata. A gestalt e a stalk eram a medida de suas realizações. 
Kandinski transmitiu aos pintores posteriores impressões diversas e até 
contraditórias, do impressionismo inicial ao expressionismo total, uma 
evolução consciente e demorada.
É tão peculiar que mesmo a classificação de “pintura 
abstrata” é insuficiente para descrever o fascínio pelo jogo de formas 
livres, produzindo sensação de dinamismo interno longe dos “ismos”. 
Diferentes em estilo, as idéias de formas concisas em 
Kandinsky e Miró são compatíveis. Miró empregou a técnica do desenho 
automático em suas representações imaginárias de animais ou 
personagens de formas caligráficas. As poéticas usadas pelas diversas 
expressões e técnicas que em conceito se chamam surrealismo, não 
impõem condições formais ou estilísticas, para seus produtores. 
Por esta razão a única condição existencial para uma obra 
surreal é a de ser fruto da idealização e materialização conceitual.
O desuniverso da expressão estética inicia quando Andy 
Warhol desenhou cartões de Natal, capas de discos e mapas do tempo 
para a televisão, em Nova York, em 1949. No início dos anos '50, 
participou de um grupo teatral que se inspirava nas idéias de Brecht. 
Sua genialidade foi reconhecida em 1962, quando expôs uma 
série de obras a partir de embalagens de sopa industrializada e caixas de 
153
Estética e filosofia
da arte
Unidade 1
Estética e 
filosofia da arte
O que é arte?
detergente. Para ele as figuras públicas eram ídolos impessoais e vazios, 
apesar da posição social e da celebridade.
 Mostrou sua concepção da produção mecânica da imagem 
em substituição ao trabalho manual em série de retratos de 
personalidades populares, como Elvis Presley e Marilyn Monroe. Usando 
principalmente a serigrafia, destacou a impessoalidade do “objeto” 
produzido em massa para o consumo, como garrafas de Coca-Cola, 
automóveis, crucifixos e dinheiro.
Com Paul Morrissey produziu uma série de filmes 
underground, em que marginais, travestis e gigolôs, eram o chamou de 
superstars. As produções caracterizavam-se pelo erotismo 
homossexual, pela realidade visual e pela forma. 
Entre 1963 e 1967, registrou em 16 mm filmes insólitos, 
subversivos, por vezes considerados artísticos, mas sempre curiosos e 
de caráter documental, capturando imagens de um mundo de 
intelectuais, músicos, pintores, atrizes, modelos e escritores do 
underground cultural norte-americano, sobretudo, o nova-iorquino.
Na música, produziu discos de um grupo ungerground e 
incentivou o trabalho de outros artistas que ele reuniu num coletivo 
chamado The Factory. Nesse período surgiram os seus “ídolos de 
plástico”, como ele os chamou. Dois filmes impressionaram pela visão 
impressionante e artisticamente poética deste submundo: 
Vinyl (1965, 63 min.), é a primeira adaptação para o cinema, 
radicalmente livre, do romance Laranja Mecânica (A clockwork orange), 
de Anthony Burgess. O personagem principal, Alex DeLarge (por Gerard 
Malanga), dança freneticamente ao som de The Kinks e Martha and the 
Vandellas, passando depois por uma sessão de tortura com verdadeiros 
peritos em sadomasoquismo. 
Procure 
compreender o que 
encerra o princípio 
da docência. Como 
se integram o ato 
de ensinar e 
aprender. Procure 
saber mais sobre a 
ordem constitutiva 
de ensino-
aprendizagem. 
(Epistemologia - 
doscintĭa et 
discintĭa.)
154
Estética e filosofia
da arte
Unidade 1
Estética e 
filosofia da arte
O que é arte?
Unidade 2 - Arte – objeto do esteta
Síntese da unidade
Viajaremos pelo mundo da Arte tendo como ponto de partida a 
possibilidade da existência do objeto - noção existencial da 
manifestação física da obra ideal de arte. Conheceremos o pensamento 
criativo, a partir do pensamento humano. A informação; como a 
processamos; a construção do conhecimento - elementos constitutivos 
da memória. 
2.1.Reflexões sobre estética
Sabemos que o estudo sobre questões relativas à possibilidade 
e à validade do conhecimento é crucial para a filosofia. A dúvida 
determina sempre o interesse pragmático, cerne da moderna sociedade, 
voltada para o saber científico e o aparato tecnológico, uma “questão-
de-ordem”: quanto maior a relevância científica, maior a necessidade 
de dotação de sólidos conceitos baseados em fundamentos teóricos e 
critérios de verdade. 
No interesse da descrição estética da arte, os valores 
simbólicos ganharam apoio de uma ciência geral: a Semiótica, neste 
caso, aplicada a arte, primeiro à literatura e à pintura, depois, aos 
demais segmentos. Trata da significação dos elementos constitutivos.
2.1.1.Epistemologia - doscintĭa et discintĭa. 
Epistemologia, gnosiologia ou teoria do conhecimento é a 
área da filosofia que tem por objeto o estudo reflexivo e crítico da 
origem, natureza, limite e validade do conhecimento humano. A reflexão 
epistemológica incide principalmente sobre duas áreas constituintes do 
conhecimento: 
1) a natureza ou essência das coisas; 
2) a questão de suas possibilidades ou seu valor.
2.2. Construção do pensamento em arte
O problema do conhecimento está relacionado com a sua 
proto-gênese. A capacidade de ser um elemento de formação do 
Estética e filosofia
da arte
Unidade - 2
Arte - objeto do
esteta
155
Reflexões
Epistemologia
Construção do
pensamento 
O valor não é um ente, mas sempre algo que adere à coisa e, 
por conseguinte, uma qualidade. Assim, revelam-se duas categorias 
dessa esfera ontológica: os valores têm a primeira categoria de valer em 
lugar de ser, e a segunda categoria da qualidade pura.
A terceira categoria da esfera ontológica do valor é a 
polaridade. 
Já que a não-indiferença é a essência do valor, ela revela que 
não ser indiferente implica sempre um ponto de indiferença, e o que não 
é indiferente afasta-se mais ou menos desse ponto de indiferença. Essa 
constatação sugere que o valor tem um pólo positivo e um pólo negativo, 
ou ainda, que todo valor tem seu contravalor, de forma que não há valor 
que seja só. Dentre os fenômenos psíquicos, o único que como os valores 
têm a característica da polaridade é o sentimento.
Por essa razão, evidenciam-se dois tipos de polaridades: a 
polaridade dos sentimentos, ou psicológica e a polaridade dos valores, ou 
axiológica.
A polaridade dos sentimentos por força subjetiva é uma 
polaridade infundada, visto que os sentimentos representam vivências 
internas da alma; enquanto a polaridade dos valores é uma polaridade 
fundada porque os valores expressam qualidades objetivas das coisas 
mesmas.
A quarta categoria da esfera ontológica do valor é a 
hierarquia. Ora, se há uma multiplicidade de valores e, se os modos de 
valer são modos da não-indiferença, essa não-indiferença dos valores nas 
suas relações múltiplas, uns com respeito aos outros, é o fundamento de 
sua hierarquia. A hierarquia permite, pois, uma classificação, uma 
organização hierárquica dos valores, tendo por base um ponto de 
indiferença, convencionalmente designado por zero. Os valores, 
seguindo sua polaridade, agrupar-se-ão à direita ou à esquerda desse 
ponto, em valores positivos ou valores negativos e, a maior ou menor 
distância do zero, implicando necessariamente em preferências, 
distinção entre o importante e o secundário, entre o que tem mais e 
menos valor. Conhecido o significado dos valores a partir de uma 
perspectiva filosófica, faz-se necessário conhecer como eles acontecem 
e se desenvolvem nas organizações formais.
156
Estética e filosofia
da arte
Unidade - 2
Arte - objeto do
esteta
Construção do
pensamento 
pensamento cognato ou reflexivo, exercício da razão ou seu uso prático 
entre os fenômenos das ciências estéticas e éticas. Um elemento único, 
fruto da perceptividade.
A questão do aprendizado passa por uma situação que não é 
impar, nem restrita aos humanos. A Memória.
E o que é Memória? Um 
dispositivo eletrônico dos computadores, destinado ao armazenamento 
de dados e instruções?
Na verdade, memória é SIM um registro, uma gravação de 
informações, capaz de propiciar aos organismos vivos o amplo 
aproveitamento de experiências passadas, a partir das quais 
fundamentem a aprendizagem, sob quaisquer aspectos, sejam eles de 
ordem motor, emocional, intelectual, automática, oral, escrita, 
consciente ou inconsciente. 
Sua plataforma pode ser a pedra, a madeira, o couro, o papel, 
o disco ótico, o magnético, o chip de silício ou o cartão perfurado, a 
etiqueta plástica, a impressão com códigos de barra. Há, entretanto, 
uma plataforma memorial que difere de todas as outras – A Mente, 
presente apenas em seres vivos – no caso, orgânicos – capaz de interação 
sinérgica e dinérgica. 
Há ainda a considerar a mente humana; chamada “Casa da 
Memória”, que é na verdade um armazém, um banco de dados no qual a 
informação está organizada por tipo de referência, por período 
temporal, por assunto, como em uma biblioteca.
Há uma importante diferença entre a memória humana e a de 
outros organismos. Até onde sabemos, somos os únicos seres com 
capacidade de reordenar: alinhar e associar dados, para criar uma 
situação inusitada, que chamamos “novo”. É a capacidade da mente 
humana de fixar, reter, evocar ou reconhecer e processar impressões ou 
reflexões de fatos passados. 
O salvo-conduto é o Memorandum – Lembrança – expressão 
latina para designar “o que deve ser lembrado”, hoje usado para 
designar impresso comercial, em formato menor que o de uma carta 
(lembrete), utilizado para comunicações breves e pontuais. 
Mais tarde, ainda, ao observar que não havia resposta na 
natureza para grande parte de tudo o que percebia, podia encontrar, 
Estética e filosofia
da arte
Unidade - 2
Arte
157
olhando, ouvindo, mais não copiando ou imitando, uma compreensão 
aceitável, mesmo implausível, atribuiu a elas um caráter mágico. 
Nesse momento, tudo o que não compreendia, mas aceitava passou a 
outro plano referencial de conhecimento que chamamos Fé.
De posse das informações adquiridas ou aceitas, pôde então 
refletir sobre o que havia aprendido. Esse tipo de reflexão cria uma 
espécie de aprendizado não experimentado pela ciência ou intuído 
pela fé. Algo não adquirido por experiência ou aceitação. É discutido, 
raciocinado. Esse conhecimento é proveniente da indução, da 
reflexão, da dedução lógica e por isso chamado Razão.
2.2.1 Memória, história da arte e da civilização
De todas as formas de arte, a música é a que mais 
profundamente consegue penetrar nos sentimentos humanos. Sua 
mensagem é dirigida diretamente ao centro das emoções. Para realizá-
la o homem precisou unir os conhecimentos da ciência, da fé e da 
Razão. Antes precisou dominar a técnica da produção e reprodução o 
som, aprendeu a usar a voz e o mais com o corpo e com ossos de 
animais. Acreditou ser capaz de comunicar suas idéias e expressar seus 
sentimentos através desses instrumentos. 
Assim, a música evoluiu em forma e conteúdo, mudou o 
mundo com sua forma e mudou também o próprio homem. De posse das 
informações adquiridas e daquelas aceitas, pode finalmente refletir 
sobre o que havia aprendido. Esse caminho, escalada para o 
desenvolvimento, foi responsável pelo avanço das sociedades e de suas 
culturas, que permitiram ao homem suporte memorial para o 
progresso. Assim nasceu a civilização.
O registro de fatos, atos ou pensamentos é aquele no qual 
baseia-se esse conhecimento. A arte, através do gênero literário 
compreendido como memórias, transporta valiosos depoimentos 
históricos, registra fatos políticos e sociais, mostra paisagens, 
costumes, manifestações religiosas e tendências de expressões 
artísticas, além dos dados pessoais e biográficos.
São aquisições, aceitações e deduções que de forma inter-
relativa constituem um banco de dados ordenado em níveis de 
158
Estética e filosofia
da arte
Unidade - 2
Arte - objeto do
esteta
Memória,
história da arte 
e da civilização
informação ciente, senciente e consciente. O Gosto estético é, portanto 
uma afinidade surgida dessa inter-relação. 
2.2.2 Conhecimento à priori? Aprimoramento da memória ou sociedade 
da memória mnemônica?
A psicologia da memória pode ter aplicações imediatas ou 
conseqüentes no desenvolvimento e fortalecimento da capacidade 
individual de memorização. Assim artistas adeptos no instant art, 
sobretudo os fotógrafos, servem-se do “momento” para registrar 
impressões. No teatro, os alemães foram os pioneiros. 
A forma de registro artificial das técnicas mnemônicas 
fundamenta-se na rápida transferência da informação contida na memória 
de curto prazo para a de longo prazo, mediante a utilização de códigos de 
informação que facilitem sua retenção. 
As mais usadas consistem em agrupar os diferentes elementos 
da informação; descobrir regras simples por meio das quais ordenar 
hierarquicamente os elementos; organizar a informação; ordenar 
seqüencialmente o que será guardado; estabelecer correlação entre os 
elementos que suscitam aprendizagem e aqueles já conhecidos.
Na idade média, os filósofos eram semelhantes aos da 
antiguidade clássica em alguns aspectos, particularmente na maneira de 
explorar, nos diversos níveis do conhecimento, por abordagens diferentes, 
o mesmo problema. A escolástica, em sua abordagem sistêmica estudou a 
questão do aprendizado. 
Memória como instrumento do aprendizado é a ferramenta 
incondicional para aquisição, aceitação ou reflexão do Conhecimento. 
Este, por sua vez ocorre quando um sujeito (o que conhece) apreende um 
objeto (o que é conhecido). Esses dois pólos, sujeito e objeto, estão 
sempre presentes na relação de conhecimento. 
O significado de cada um varia em função da posição filosófica 
da qual se analisa a relação. Enquanto os realistas defendem a primazia do 
objeto – sua existência independente do sujeito, os idealistas acreditam na 
primazia do sujeito – o objeto só existe enquanto tal, no entendimento do 
sujeito.
Em alguns casos, o subjetivismo transforma-se num solipsismo, 
159
Estética e filosofia
da arte
Unidade - 2
Arte - objeto do
esteta
Aprimoramento 
da memória
Sociedade da
memória
mnemônica
isto é, na afirmação da impossibilidade do sujeito sair de si para poder 
conhecer o objeto. É o que sugere o Cartunista norte Americano Walt 
Disney no princípio a “impossibilidade plausível”. A justificar uma ação 
não formalizada pela inviolabilidade da lei física, resta a virtualidade de 
sua hipótese. Ele usa o artifício em muitos de seus filmes. 
O sujeito só pode apreender as propriedades do objeto ao se 
transcender, ou seja, sair de si mesmo. O objeto, pelo contrário, 
permanece em sua condição e não se altera, não é modificado pelo 
sujeito. É o sujeito quem sofre modificação pelo objeto, modificação 
esta que é o próprio ato do conhecimento. 
Pitágoras chama a esse princípio de interatividade dual e 
reversa de “Sinergia versus Dinergia”. Se o sujeito representa para si o 
objeto tal como é, o conhecimento será verdadeiro. 
No caso contrário, o sujeito terá um conhecimento falso do 
objeto (em representação ou cópia). O princípio gnóstico da mimese é 
platônico em um sentido aristotélico em outro. O que implica na 
relatividade da verdade consubstancial sujeito versos objeto é o fato de 
que o objeto será único, em cada aspecto de sua forma, de acordo com o 
ponto de vista do observador. 
O que corrobora a opinião contrária é justamente a 
possibilidade mimética. Está na mimese, como a representação 
equivocada do Onto, à distorção da realidade
das múltiplas 
possibilidades reais, distorcendo o ideal. 
Apreender o objeto tal qual lhe parece, somente o deprecia.Como uma 
delas sugere uma porta para outro caminho do pensamento memorável 
objetivo, enquanto a outra leva a subjetividade, o ideal interfere no 
real.
2.2.3.Doutrinas sobre o conhecimento 
Diante da possibilidade do conhecimento, impõem-se duas 
hipóteses antagônicas: o ceticismo que defende a impossibilidade de 
conhecer o real, e o dogmatismo, que sustenta que em todos os casos é 
possível conhecer as coisas tais como são. Entre essas posições extremas 
situam-se céticos e dogmáticos “moderados”. 
Os céticos moderados afirmam a existência de limites ao 
160
Estética e filosofia
da arte
Unidade - 2
Arte - objeto do
esteta
Aprimoramento 
da memória
Sociedade da
memória
mnemônica
Doutrinas sobre
o conhecimento
conhecimento, impostos pela constituição psicológica do sujeito e pelos 
condicionamentos de seu meio, enquanto os dogmáticos moderados 
sustentam a possibilidade do conhecimento, desde que se cumpram 
algumas condições.
Quanto aos fundamentos do saber, confrontam-se empirismo e 
a racionalismo. Em “O Poder dos Limites”, György Doczi dá um exemplo de 
como a “inteligência Artificial” (arte humana) imita a “inteligência 
natural” (manifestações naturais) em situações descritas como harmonias 
e proporções da Natureza, transferindo-se ao sensível, por meio da 
mimese.
Para os empiristas, a base do conhecimento se encontra na 
realidade sensível. Na oposição, os racionalistas sustentam o caráter real 
das entidades conceituais. Os filósofos racionalistas identificam 
pragmaticamente realidade e racionalidade, o que elimina toda idéia que 
subordine o saber à experiência sensível.
A primeira abordagem do conhecimento de forma sistemática 
foi de René Descartes. O Filósofo objetivou descobrir um fundamento do 
conhecimento independente de limites e hipóteses. Para ele, conhecer é 
partir de uma proposição evidente, que se apóia numa intuição primária: 
conceito presente na célebre sentença “cogito, ergo sun” "penso, logo 
existo".
Unidade 3 - Crítica da razão pura: estética do ego
Síntese da unidade
Trabalhar-se-á com a “Estética Cartesiana”: Ética como o 
instrumento da formação estética. A evolução conceitual de Arte. 
Kantiano: A criticada Razão. 
Para Descartes, Spinoza e Kant, existe uma condição metafísica 
que explica essa variável: a humanidade. Spinoza fala de uma qualidade 
impar, exclusiva dos seres éticos. Para ser ético é preciso estabelecer 
critérios que implicam associar equilibradamente conhecimento 
científico, dogmático e racional. A condição para o reconhecimento 
humano é sua humanidade. 
Como reconhecer o traço de humanidade em um indivíduo do 
 
161
Estética e filosofia
da arte
Unidade - 2
Arte - objeto do
esteta
Doutrinas sobre
o conhecimento
Unidade - 3
Crítica da razão pura:
estética do ego
gênero homo sapiens-sapiens? Que critérios pode a lógica usar para 
distinguir um ser senciente de outro considerado irracional?
Um robô pianista foi apresentado em 1986 na feira de 
instrumentos musicais em Tóquio. Diante de uma platéia extasiada 
o. 
interpretou o Adagio Sustenuto e Ode à alegria de Beethoven, Sonata n
40, de Mozart. Um exemplo de rigor técnico e virtuose.
 A exatidão de seus movimentos, a perfeita sincronização dos 
elementos rítmicos e sua dinâmica impecável, fez daquele momento 
algo memorável. Entretanto, todas as suas “performances” 
posteriores, em várias cidades do mundo mostraram-se absolutamente 
idênticas.
Agora analisemos o caso:
Para o crítico, o rigor técnico da forma é apenas a 
demonstração lógica do conhecimento. Não é Arte. Seriam portanto, 
lógica e arte duas formas distintas de conhecimento? 
Existem basicamente duas formas de conhecimento: o 
sensível e o inteligível. O primeiro é o conhecimento adquirido por 
meio dos sentidos e atinge o objeto em sua materialidade e 
individualidade. O segundo, o qual se obtém pelos mecanismos da 
razão, atinge generalidades e leis necessárias, não o individual e 
concreto.
Decidido a demonstrar filosoficamente que o saber racional 
científico, com base na experiência, poderia ascender à condição de 
validade universal, Kant formulou a teoria do conhecimento na Crítica 
da razão pura. Só há Arte no Conhecimento. Tendo como objetivo uma 
nova filosofia alternativa à metafísica dos pensadores racionalistas, 
Kant despreza a aceitação dogmática, ao seu pensar, simplista e ao 
mesmo tempo rejeita a formalidade canônica. Primeiramente propõe: 
“Todo conhecimento sobre a realidade sensível provém 
originalmente da experiência, cujos dados se estruturam graças às 
intuições da sensibilidade: espaço e tempo.” Estes não são 
“propriedades” das coisas, mas formas mediante as quais o intelecto 
representa para si as “dimensões aparentes da realidade”, ordenando, 
assim, os dados da experiência. 
162
Estética e filosofia
da arte
Unidade - 3
Crítica da razão pura:
estética do ego
Há os que admitem a intuição como forma de apreensão 
imediata do objeto. Nessa linha, sobretudo a partir da obra Kant, fala-se 
de “conhecimento a priori”, isto é, o conhecimento que não tem origem 
na experiência, e de “conhecimento a posteriori”, que procede da 
experiência.
Há no artista uma inefável qualidade que o diferencia do 
técnico especialista, a imponderabilidade, o imprevisível, a sutileza, 
aquilo que é uma qualidade que não pode ser adquira. Que é inata do 
Artista. O verdadeiro Estado da Arte. Mesmo suscitando o sentido crítico 
da razão, é o sensível a identificar a qualidade impar da criação. 
Irreprodutível senso de resgate.
Num segundo momento, institui que as representações 
proporcionadas pela sensibilidade se ordenam segundo suas “categorias 
do entendimento” as formas “a priori” da razão, que funcionam como 
um quadro de ordenação lógica das experiências singulares das quais se 
originam os conceitos empíricos. 
As categorias ou conceitos puros são quatro, e a cada uma 
correspondem formas secundárias: qualidade, quantidade, relação e 
modalidade. A noção da “coisa em si” – o objeto tal como é – inexiste, o 
que há são fenômenos, ou seja, “as coisas da maneira como são 
percebidas” e elaboradas pelo entendimento humano. 
O conhecimento é um processo de síntese em que as 
informações que compõem a memória são ordenadas em três 
experimentação (científico); aceitação (dogmático) e reflexão 
(racional); nos quais o intelecto proporciona a forma e a experiência 
oferece o conteúdo. 
Immanuel Kant conserva apenas o nexo existente entre 
intelecto e sensação, pois entre ambos se estabelece como a faculdade 
criadora, a imaginação e o entendimento. 
Quando a razão é aplicada a conceitos que não podem provir 
da experiência (como a existência de Deus, da alma imortal ou do mundo 
perene, da eternidade), que são incognoscíveis por meio da 
sensibilidade, produzem-se segundo o filósofo, as “ilusões da razão”, 
que são figurações de pensamento meramente especulativas. 
Sempre na condição de hipóteses (para a razão), essas 
163
Estética e filosofia
da arte
Unidade - 3
Crítica da razão pura:
estética do ego
conjecturas da “ilusão” jamais terão o valor venal instituído no universo 
da lógica tendo como premissa o principio da certeza. 
Para Kant, não há o valor demonstrativo da metafísica 
tradicional em relação a tais questões: é preciso distinguir 
absolutamente entre o conhecimento objetivo do que é, e a crença ou 
certeza subjetiva no que deve ser. Para ele, a metafísica baseia-se no 
princípio da certeza à priori, enquanto a ciência
empírica, no princípio 
da incerteza. A dúvida estabelece o método da avaliação (análise) das 
possibilidades e probabilidades, a plausibilidade é fruto dessa relação.
3.1Ética e estética 
Na Crítica da razão prática, Kant expôs a doutrina ética que 
lhe serviu de base para a demonstração de uma ordem transcendente, 
sem que fosse necessário recorrer à metafísica especulativa. Como 
Spinosa, despreza as variáveis oriundas das idiossincrasias humanas e 
focaliza a lógica. 
3.1.1 Ilusões versus constatações
A ética, para Kant, não precisa dos dados da sensibilidade e, 
portanto, não pode cair em “ilusões”. Em sua ótica, a consciência moral 
é um dado tão evidente quanto a física, de Newton. 
É a razão aplicada à ação humana. Não á bondade ou maldade 
na Natureza. Somente a vontade humana pode ser boa ou má. A 
moralidade não se confunde com a legalidade. A vontade é pura, moral, 
quando suas ações são regidas por imperativos categóricos e não por 
imperativos hipotéticos, como a punição da lei. 
Nessa utopia principĭa, o pensamento imperativo da moral é 
um legisígno. A cultura Européia Condenava a nudez dos ameríndios 
tendo por base a moralidade judaico-cristã incutida na sociedade 
através do Livro do Gênesis (o mal está no pecado da carne), explicitada 
na expulsão do paraíso. 
O imperativo categórico enuncia-se da seguinte forma: age de 
tal modo que o motivo que te levou a agir possa tornar-se lei universal.
Determina a lei que as pessoas devem pautar suas ações de acordo com 
princípios éticos universalmente aceitos. A aceitação, aqui, perde o 
 
164
Estética e filosofia
da arte
Unidade - 3
Crítica da razão pura:
estética do ego
Ética e estética
 Ilusões x constatações
caráter meramente hipotético; é dogmático, determinante e imperativo. 
Tal aceitação da lei moral pelos homens é a prova de que existe 
uma ordem que transcende o meramente sensível, cujo único fundamento 
possível é a existência de Deus. Kant deduz assim a metafísica não da 
ciência, mas da ética.
Em seu último tratado importante, Crítica do juízo, analisa as noções de 
beleza e finalidade, inerentes ao homem e também não explicáveis pela 
experiência. A intuição estética realiza a síntese entre os dois termos, a 
imaginação (sensibilidade) e o entendimento, permitindo que a razão se 
torne sensível e a sensibilidade, racional
.
3.1.2 Ditadura da Razão: o pensamento kantiano. 
Kant negou que a realidade pudesse ser explicada apenas 
conceitualmente e se propôs determinar os limites e capacidades da 
razão. Embora admita a existência efetiva de juízos sintéticos a priori, 
condição a toda compreensão da natureza – o conhecimento - limita-se, ao 
reino da experiência.
Nos primeiros estudos, Kant mostra a realidade sensível como 
fundamento para o conhecimento não só de todas as entidades sensíveis, 
que impressionam nossos sentidos, mas também daquelas não sensíveis, as 
idéias. Gnosiologicamente é a afirmação de que a validade das 
proposições depende exclusivamente da experiência sensível. O Ser mais 
que ciente, o Ser senciente.
A metafísica identifica o empirismo com a doutrina que nega 
qualquer realidade válida, além daquela alcançada pelos sentidos. John 
Locke oferece tão somente e filosoficamente, uma teoria na qual firma 
que as impressões da sensibilidade formam apenas a base primária do 
conhecimento. Apresenta a sua gnosiologia “fenomenista- empirista” 
apoiada em uma metafísica “mais ou menos” materialista, o empirismo. 
Por conta deste pensamento, representantes do romantismo 
chegaram a extremos, caso de Schubert, que se embrenhava nos bosques, 
em plena tempestade para “sentir” a natureza em suas mais profundas 
nuances e traduzi-los em música. Edgar Alan Poe experimentava a reclusão 
e o auto-exílio como método válido para descrever o fenômeno da Solidão 
e da dor.
Sobre Arte e 
Conhecimento 
Científicio analise e 
faça uma síntese do 
pesamento abaixo:
“Parece-me que a 
chamada neutralidade
da ciência não existe. 
A imparcialidade dos 
cientistas tampouco.”
Paulo Freire
165
Estética e filosofia
da arte
Unidade - 3
Crítica da razão pura:
estética do ego
Ilusões x constatações
Pensamento
Kantiano
O empirismo não faz parte da dúvida universal, contudo, é 
difícil caracterizá-lo por suas ramificações. A possibilidade da idéia 
inata, a preexistência, meramente virtualizada ou implícita, é 
prejudicada, por ser contraditória com o conceito da consciência 
formulada por Descartes: possibilidade versus probabilidade, como a 
admitiu John Locke. 
A contradição à validade da teoria da abstração é de 
Berkeley. David Hume considera-a definitiva e irrespondível. O 
fenomenismo de Hume e o imaterialismo de Berkeley são duas de suas 
ramificações mais significativas. Devemos ainda acrescentar o próprio 
como variante o próprio positivismo.
Hume e mais tarde alguns autores neo-positivistas 
consideraram, ao contrário, que as noções das ciências não são 
empíricas nem conceituais, mas formais e, portanto, vazias de 
conhecimento. Na obra CINEMATOGRÁFICA “Jornada nas Estrelas – O 
filme” o cineasta Robert Wise explora esse tema e textualmente o 
coloca em cena, quando Spock (L. Nimoy) encontra V'ger e reconhece 
que apesar de a criatura-máquina deter todo o conhecimento do 
universo é frio, vazio de propósito por não possuir emoções. 
O fato é que nem sempre se torna fácil distinguir empirismo e 
ceticismo. A objetividade dos experimentos nem sempre fica 
comprovada, e muitas vezes determinam o fim. 
Para alguns empiristas, existem outras experiências além da 
sensível. Seja de natureza histórica, intelectual, condicional, evidente 
ou apreciativa, elas re-significam o conceito, trazem à luz o 
conhecimento novo. Friedrich Nietzsche e Wilhelm Dilthey, precursores 
da formulação, dificilmente considerados empiristas, tem no termo 
“experiência” um sentido mais amplo. Para eles as características 
expressivas de suas formas mais radicais são: 
(1) não há idéias inatas, nem conceitos abstratos; 
(2) o conhecimento se reduz a impressões sensíveis e a idéias 
definidas, cópias enfraquecidas das impressões sensoriais; 
(3) as qualidades sensíveis são subjetivas; 
(4) as relações entre as idéias reduzem-se a associações; 
(5) os primeiros princípios, e em particular o da causalidade, 
Sobre o 
neorealismo assista 
o filme do diretor 
francês François 
Truffaut , “A NOITE 
AMERICANA”(La 
Nuit Américaine, 
França/ Itália, 
1973).
166
Estética e filosofia
da arte
Unidade - 3
Crítica da razão pura:
estética do ego
Pensamento
Kantiano
reduzem-se a associações de idéias convertidas e generalizadas sob forma 
de associações habituais; 
(6) o conhecimento é limitado aos fenômenos; metafísica, 
conceituada em seus termos convencionais, é impossível.
3.2Arte e conhecimento científico 
Nessa linha do empirismo, os mais representativos autores são 
Heidegger e o Sartre, que defenderam posturas existencialistas. No século 
XX, esse pensamento associado ao Realismo trouxe grandes produções de 
conhecimento humano em obras cinematográficas que uniam poéticas 
ficcionais a partir de significações históricas.
Em 1973 o diretor francês Franóis Truffaut trás para a tela o 
outro lado da produção cinematográfica e realiza em “A Noite Americana” 
um filme sobre a realização de outro filme, “Je Vous Presente Pamela”. 
Além de se observar os bastidores, o diretor François Truffaut atua como “o 
diretor”. 
Um filme dentro de outro filme.Os problemas das vidas 
particulares dos envolvidos, problemas de ordem técnica ou 
orçamentária... 
O título refere-se à técnica
de iluminação para simular a noite 
na filmagem durante o dia. Com este trabalho Truffau recebeu o Oscar de 
“Melhor Filme Estrangeiro” em 1974.
Filósofos como Umberto Eco foram diretamente afetados por 
filmes como Roma Cidade Aberta ou Noite Americana, retratando faces da 
realidade através das lentes de um cineasta. No primeiro caso, a Roma pós-
ditadura e no segundo, os bastidores de uma produção de cinema. O 
próprio filósofo é autor do Best seller O nome da Rosa, transformado em 
filme pelas mãos de Jean-Jacques Annaud.
3.2.1 Impossibilidade plausível possibilidade impossível?
John Dewey e William James, cuja orientação empírica é o 
orientação pragmática, corroboram essa percepção. A realidade, fruto 
da realidade alternativa é plural. Em “O planeta das possibilidades 
Impossíveis”, obra dos franceses Jacques Bergier e Louis Pauel sugere 
um estratagema para o futuro Terra. Especulam acerca da possibilidade 
167
Estética e filosofia
da arte
Unidade - 3
Crítica da razão pura:
estética do ego
Arte e conhecimento
 científico 
Impossibilidade
plausível
possibilidade
impossível
(próxima) de uma nova idade média.
José Ortega y Gasset posicionou-se no que chamou 
raciovitalismo, na qual vida e razão, dois pólos constituintes da 
concepção do mundo, para quem o real completa-se na concepção do 
ideal e não em sua finalização.
A epistemologia é conhecida tradicionalmente como teoria do 
conhecimento em geral. Entretanto no século XX os filósofos decidiram 
construir uma filosofia científica, na suposição de que, ao formular 
teorias adequadas ao conhecimento científico, poderiam avançar pela 
mesma via na solução de problemas gnosiológicos mais gerais.
A elaboração dessa epistemologia foi a preocupação principal 
dos autores do Círculo de Viena, que formularam o germe de todo o 
movimento do empirismo ou positivismo lógico. Esses pensadores 
tentaram construir um sistema unitário de saber e conhecimento, para o 
que seria necessária a unificação da linguagem e da metodologia das 
diferentes ciências. A linguagem única deveria ser intersubjetiva. 
Isso exige a utilização de convenções formais e de uma 
semântica comum (e universal), ou seja, qualquer proposição poderia 
ser traduzida para ela. Carnap e Neurath, pertencentes ao Círculo, 
consideraram a física como a linguagem universal, na fundamentação de 
sua teoria. O fisicalismo foi entendido posteriormente como um sistema 
de propriedades e relações observáveis das coisas – todos os enunciados 
sobre quaisquer fatos podem ser traduzidos em enunciados sobre estados 
ou processos do mundo físico. 
Evidentemente, aqueles conceitos, como essência ou 
enteléquia, que não podem ser transpostos para o mundo físico não são 
admissíveis na ciência. Ser real significa sempre ver-se numa relação 
direta com a realidade dada. As proposições metafísicas careceriam, 
assim, de significado. O Materialismo científico unido ao materialismo 
histórico?
É possível, no entanto, formular a hipótese da existência de 
uma realidade independente de nossa experiência e indicar critérios 
para sua transposição para a realidade sensível, já que uma afirmação de 
existência implica enunciados perceptivos. 
168
Estética e filosofia
da arte
Unidade - 3
Crítica da razão pura:
estética do ego
Impossibilidade
plausível
possibilidade
impossível
3.2.2 Ser ou não ser...
Todas as formas epistemológicas da tradição filosófica 
inspiradas em posições metafísicas estariam fora do âmbito do 
conhecimento empírico, uma vez que tentam responder a uma pergunta 
impossível. 
Concepções como o idealismo e o realismo metafísico, o 
fenomenalismo, o solipsismo inexistem fisicamente. Assim a arte não 
tem lugar nem na física nem na metafísica. O que nos remete novamente 
à pergunta? O que é arte?
 “A arte não imita o visível: cria o visível.” Paul Klee sintetiza 
nesta frase uma das principais discussões da história da arte e como 
conseqüência deixa de um lado os adeptos da imitação enquanto de 
outro, os da invenção. Assunto provocante da verve desde os estados 
egeus, quando os gregos monitoravam – em diversos de seus períodos 
históricos – a produção “artística” em ambos os aspectos.
Por conta dessa dicotomia encontra-se até hoje um quadro 
não perfeitamente desvendado em sua extensão, razão de apaixonados 
defensores de ambas as correntes de criação da arte determinarem, 
arbitrariamente, as regras de sua interpretação em parâmetros opostos. 
De um lado a lógica absoluta e/ou dialética, de outro, a probabilidade 
estatística, a plausibilidade mesmo quando improvável – a visão típica do 
artista liberto.
Comparando o pensamento do Mestre com o de outro gênio, 
Pablo Picasso que afirma “a arte é a mentira que nos permite conhecer a 
verdade”, compreendemos a dimensão dessa imitação, do seja ou do que 
venha a ser o ato a criação e do que é histórica e socialmente a 
necessidade da Arte.
3.2.3 Discurso sobre o método lógico. Outra vez?
No discurso do método da lógica cartesiana, percebe-se que o 
método dialético possui várias definições. Entre as mais aceitas 
encontram-se a hegeliana e marxista. Para alguns estetas, elas 
constituem um modo esquemático de explicação da realidade que se 
baseia em oposições e em choques entre situações diversas ou opostas. É 
o que chamamos de absolutismo lógico. 
169
Estética e filosofia
da arte
Unidade - 3
Crítica da razão pura:
estética do ego
Ser ou não ser
Discurso sobre o 
método lógico
Exemplo: a água aquecida na chaleira provoca (causa) a 
formação de nuvens. A nuvem resfriada, por sua vez, provoca (causa) as 
chuvas. É a causa em um que gera o efeito em outro. 
Diferente do método causal, no qual se estabelecem relações 
de causa e efeito entre fatos – diametralmente opositores, – o modo 
dialético busca elementos conflitantes entre dois ou mais fatos para 
explicar uma terceira via – nova situação – decorrente desse conflito. 
Assim, os discursos decorrentes dos elementos do esquema 
básico do método dialético são três: a tese, a antítese e a síntese. É, 
portanto, lógico presumir que a água alterna seu estado físico em função 
das alterações de temperatura (síntese). 
A filosofia descreve a realidade e a reflete. A dialética busca 
refletir acerca da realidade. Por isso, seus três momentos (tese, antítese 
e síntese) não são “método”, mas derivam da natureza das coisas.A 
Estética, por seu turno, interpreta e reflete não essa realidade, mas, 
nessa realidade, o pensamento do artista, que aí depositado, será 
reinterpretado (atualizado) a cada novo “olhar”. O estado da arte é 
assim, um eterno devir.
O pintor russo Wassili Kandinski, a exemplo da corrente 
semiótica, define três elementos básicos constitutivos de toda obra de 
arte. Para sustentar a legitimidade da arte, o mestre propõe, em sua 
monografia para a Bauhaus, uma abordagem psicológica destes níveis 
perceptivos: o elemento da personalidade, próprio do artista; o 
elemento do estilo, próprio da época e do ambiente cultural; o elemento 
do puro e eternamente artístico, próprio da arte, fora de toda limitação 
espacial ou temporal.
Embora essas idéias pareçam oportunamente adequadas, 
observar isoladamente cada uma de suas características é 
imprescindível a tal abordagem. Contudo, essa análise padece de 
insuficiência de dados. Porém é o que alcançaram os estetas no início do 
século XX e que permitiu levar, por vezes, a desprezarem-se as 
possibilidades de infinitas variáveis, dentre as quais figuram as de se 
fazer um simples “ato reflexo” uma obra de arte. 
Para Tiana Sampaio “a arte é o momento do artista”. Para a 
mestra, essa definição
surgiu a partir de A face oculta, obra de referência 
Estética e filosofia
da arte
Unidade - 3
Crítica da razão pura:
estética do ego
Discurso sobre o 
método lógico
170
da escultura constante dos mais importantes circuitos de Roma e Nova 
Iorque, e é dela a resposta física a esse fenômeno. 
A partir de uma massa disforme de argila, A “inspiração” 
levou-a atuar com três cortes em cubo. A busca de um significado oculto. 
Cada um possui algum segredo. O registro do momento é o 
“instantâneo”. 
Naquele momento, nasce a obra e o artista transforma em real 
o ideal. Presentes, portanto: Personalidade, esilo e o elemento puro e 
eternamente artístico.
Tomemos um “som que aspire a condição de música”, por 
exemplo, o gorjeio de um pássaro ou o ronco cadenciado de um 
ventilador do radiador de um automóvel cujo motor esteja bem 
regulado. Duas “obras-primas” de “rigor técnico, de afinação e precisão 
da expressão rítmica”. Desse modo, o mecânico é virtualmente 
transformado em um genial compositor, por haver a intencionalidade de 
dar ao motor um ritmo “preciso”. 
Estaremos diante de uma obra de arte? E quanto ao pássaro, será ele um 
cantor genial?Consciente de suas possibilidades técnicas de afinação e 
projeção da voz?Essas questões sugerem um estudo mais profundo a 
cerca de suas implicações históricas.
3.2.4 Evolução do significado da arte
Cedo, o homem percebeu que nem tudo o que ele sentia podia 
transmitir através dos gestos e das “palavras” usadas na comunicação 
diária. Com o tempo, encontrou novas formas de utilizar o movimento, a 
forma, a linha, a cor, o cheiro, a textura, o som, a imagem. Assim, surgiu 
a arte, instrumento da expressão, aumentando enormemente as 
possibilidades, não só de comunicar-se universalmente, mas, de 
transmitir o Belo, fruto do despertar: nova percepção da realidade.
De um ponto de vista genérico, e com base em qualquer dos 
teóricos modernos, a arte é todo trabalho criativo, ou seu produto, que 
se faça consciente ou inconscientemente com intenção estética, isto é, 
com o fim de alcançar resultados belos. O que é esse estado de beleza 
que define o produto artístico?
É de Picasso a afirmativa a arte é a mentira que torna possível 
171
Estética e filosofia
da arte
Unidade - 3
Crítica da razão pura:
estética do ego
Discurso sobre o 
método lógico
Evolução do 
significado 
da arte
conhecer a verdade. Embora o ideal de beleza seja um caráter subjetivo 
e varie de acordo com o tempo e os costumes de uma sociedade cultural, 
todo artista - seja ele pintor, escultor, arquiteto, músico, escritor, 
dramaturgo ou cineasta - certamente investe mais na “possível beleza” 
de sua obra do que na “verdade”, na elevação ou na utilidade que possa 
ter. 
Nas artes visuais, ainda que limitada às chamadas artes 
plásticas, esse arquétipo esteve sempre presente, assim como todos os 
outros que eventualmente se lhe acrescentam valor intrínseco, isto é, a 
originalidade, o aspecto crítico e muitas outras características 
particulares do objeto artístico. Muitos artistas usam esse expediente 
em suas obras, sobretudo para dar uma certa ambigüidade de código.
Ao ser argüido sobre a desproporcionalidade entre a idade de 
Jesus e Maria (a mãe parece mais jovem que o filho), sobre a Pietá, 
Michelangelo respondeu semanticamente: “Aquele que ama a Cristo, 
não envelhece!” Dessa forma o fez Toulouse- Lautrec, sustentando que a 
mulher no quadro não era prostituta despindo-se ao amante, mas a 
esposa vestindo-se diante do marido.
Sua linguagem essencialmente expressiva como obra de arte, 
criou em seu primeiro cartaz de propaganda, Moulin Rouge - La Goulue, 
um sentido popular que transcende ao “tribal”. Afixados nos muros e nas 
mentes de Paris, prostitutas, dançarinas de cancã dos cabarés e outros 
personagens da cidade noturna durante a década de 1890, foram seus 
modelos prediletos. 
Por ocupar-se mais da beleza do que da verdade, o artista 
liberto jamais aceita apenas o real como fonte de inspiração ou matéria-
prima. Até mesmo quando historicamente orientado pelo realismo – 
como atitude e/ou movimento estético – não pode o artista dispensar 
como fonte de matéria-prima, e de seu trabalho, seu mundo interior 
(caráter semântico), sua experiência objetiva (interpretação particular 
do evento), sua experiência subjetiva (atitude filosófica) e, 
principalmente, sua imaginação. 
Consideradas as proporções entre o concreto e o abstrato, é 
possível depreender o credo estético de um artista conforme o maior ou 
menor peso conferido por ele a essas duas fontes primordiais de 
“inspiração artística”.
O real e o imaginário, ainda presente o dualismo na metáfora 
Estética e filosofia
da arte
Unidade - 3
Crítica da razão pura:
estética do ego
Evolução do 
significado 
da arte
172
Como as formas de 
representação 
estão associadas 
aos suportes?
Que papel o 
suporte 
desempenha na 
percepção, pelo 
fruidor?
Disserte.
platônica para o divino e o humano em Pitágoras; o celeste e o terreno, 
em Santo Agostinho; o eterno e o efêmero, em Tomás de Aquino, são o 
divisor de águas de todas as expressões da arte. 
Popular e Erudito, Bom e Mau, Bem e Mal, Perene e Efêmero, 
todos produtos variantes do dualismo.
3.2.5.Imaginação e criação 
Como o real, em si, pode despertar no homem, além da arte, 
tanto a razão quanto a fé ou a ciência, aponta-se outra fonte, a 
IMAGINAÇÃO, como a origem da criação artística. É, em síntese, a 
capacidade de “projetar imagens” e trazer do campo Ideal para o mundo 
real Forma, e Conteúdo. 
A partir do centro da emoção (inicialmente incerto) e da 
necessidade de expressão, o artista concebe um signo, icto, ícone, uma 
imagem. Gera do “nada” alguma coisa “viva”; extrai do caos a ordem e 
harmonicamente relaciona as partes. 
O aprimoramento de suas habilidades é necessário para que 
possa comunicar a outras pessoas aquilo que concebe. A arte torna-se 
uma linguagem composta de imagens e símbolos, pela qual o homem se 
comunica em termos mais perceptivos do que conceituais. Esse 
aprimoramento é obtido pelo desenvolvimento técnico.
O papel do artista, portanto, é interpretar, dramatizar e 
explicar o mundo em que vive, em todos os seus aspectos. Enquanto 
processo criativo, a arte envolve a participação tanto do artista criador 
quanto de seu público. Dele exige-se o reconhecimento das aptidões, a 
capacidade técnica de sua manifestação por meio da arte. 
A produção de obras de arte não é restrita aos artistas. Todos 
produzem imagens, como o ato de falar ou gesticular, vestir ou decorar 
um prato, consciente ou inconscientemente, estão envoltos no processo 
pelo qual projetam sua própria imagem psicológica e social. 
A produção artística desenvolve-se três tempos: com o próprio 
artista como força primeira preceptor; com o intérprete ou crítico como 
intermediário interceptor ou mediador; e com o público ou receptor, 
como destinatário final. 
Os três componentes tomam parte no processo e a 
173
Estética e filosofia
da arte
Unidade - 3
Crítica da razão pura:
estética do ego
Imaginação
e criação 
participação de cada um depende da intensidade de seu empenho. Ao 
participar de uma obra de arte como observador, o homem não é um 
receptor passivo de imagens e impressões, mas, um agente do processo 
criativo. Sua leitura da obra de arte lhe trará uma série de situações que 
a cada nova impressão, trará interpretantes diferentes.
Ao entrar em contato com a obra de arte, precisará resgatar 
(recuperar) uma série de imagens, percepções e impressões 
correspondentes, frutos de sua própria imaginação e experiência.
A 
intensidade de sua participação pode ser bem menor do que a do artista 
criador, mas estará envolto, como espectador, na atividade dinâmica de 
corresponder à mensagem. A cada percepção está atualizando a obra.
Pela educação, poderá ainda disciplinar a imaginação, 
desenvolvê-la, conferir ao olho e à mente vocabulários perceptivos 
capazes de lhes possibilitar a recepção e o entendimento de matizes 
cada vez mais sutis de percepção. Paralelamente, sua acuidade crítica 
há de ficar cada vez maior. 
As imagens mentais, produzidas como são por sensações, 
assumem determinadas formas, perceptivas e simbólicas, associadas à 
visão (imagens visuais), à audição (sonoras), ao olfato (olfativas), ao 
paladar (gustativas), ao tato (táteis) e ao movimento muscular (imagens 
sinestésicas e cinéticas). A expressão artística recorre, sobretudo aos 
chamados sentidos superiores da visão e da audição mas, embora menos 
diretamente, também se vale dos demais.
3.2.6 Classificação das artes contidas na arte
Elaborar uma classificação de Arte ou “das artes” é tarefa das 
mais difíceis, devido à necessidade de se adotar um critério objetivo e 
universal a propósito do próprio conceito de arte, de sua natureza ou 
ainda de sua aplicação e funcionalidade. 
Ao restringir o critério às disciplinas tradicionalmente 
consideradas “artísticas” - as “belas-artes” - aquelas cujo fim é 
proporcionar uma impressão estética a seu receptor, e nada além da 
pureza, vê-se claras e fundamentais diferenças entre elas. 
Por isso, atentos aos meios que cada expressão da arte utiliza, 
aceitamos diversas classificações, que permitem a delimitação 
174
Estética e filosofia
da arte
Unidade - 3
Crítica da razão pura:
estética do ego
Imaginação
e criação 
Artes na
arte
problemática de seus elementos constitutivos. Contudo não encerram a 
questão, antes, provocam novos e mais profundos estudos.
O primeiro a chamar a atenção para o problema da 
diversidade das artes foi o alemão Gotthold Ephraim Lessing, que em 
Laokoon: oder über die Grenzen der Malerei und Poesie(1766; Laocoonte 
ou Sobre os limites da pintura e da poesia) analisou as interferências da 
linguagem poética na pintura. No século XIX, o tcheco Robert Von 
Zimmermann organizou uma classificação das artes segundo suas formas 
de representação: 
(1) material: arquitetura, escultura; 
(2) perceptiva: pintura, música; 
(3) do pensamento: poesia, literatura.
Estas distinções, contudo, eram excessivamente vagas, de vez 
que seu autor reduzia os elementos temporais a espaciais ou 
“representações” e não hesitava em afirmar que o ritmo era apenas uma 
forma particular da simetria. Há, por isso, uma necessidade maior nas 
classificações da arte em função de eixos de condução, ou seja, seus 
meios expressivos.
Os escultores do século XX, por exemplo, passaram a utilizar 
metais como alumínio, ferro, aço, tratados com métodos e ferramentas 
como a fundição e o maçarico. Foi o fascínio pelos materiais novos e 
pelas técnicas inéditas que levou ao aparecimento da escultura abstrata. 
Sobras das sociedades industriais e de consumo como as 
engrenagens, os discos de aço, a sucata, o lixo, as carcaças de geladeira 
ou velhos automóveis são usados como matéria-prima pelos escultores, 
que realçam desse modo o relacionamento cada vez mais estreito 
relacionamento entre o homem e a máquina. Entre os escultores que se 
servem dessa linguagem estão aqueles adeptos do abtracionismo e o 
conceitualismo.
Novos materiais sintéticos, plásticos, como o papel, o 
papelão, a resina, e o fiberglass integram a criação escultórica 
permitindo a possibilidade de extrapolar do virtual para a obra 
escultórica, da tela do computador, para a escultura em cera ou resina, 
finalizada com o uso do raio laser – cinzel típico do escultor do século XXI.
Costuma-se dividir em dois grandes grupos as técnicas 
175
Estética e filosofia
da arte
Unidade - 3
Crítica da razão pura:
estética do ego
Artes na
arte
esculturais, a partir da adição ou subtração de matéria. No primeiro 
caso, o escultor geralmente trabalha com material mole e plasmável 
como a argila, cera ou gesso, criando a partir de um núcleo central. Dá 
forma e volume ao trabalho, do centro para a periferia. 
A finalização pode ser alcançada por endurecimento em forno 
–terracota ou transferido para metais como prata ou bronze – moldagem. 
Muitos escultores contemporâneos trabalham com o método aditivo: 
fazem assemblages de pedaços de madeira, pedra, metal, plástico e até 
mesmo o isopor, por colagem, fundição, soldagem e outros métodos.
A técnica subtrativa leva o escultor a dispor de um bloco de 
matéria sólida como madeira ou mármore, desbasta-o pouco a pouco, 
trabalhando do exterior para o interior. O material é gradativamente 
removido e o que dele resta constitui a escultura propriamente dita. 
A escultura eletrônica utiliza essa técnica, a partir de blocos 
de cera ou resina, com um cinzel a laser. Além de ter de ordenar linhas, 
planos, massas e volumes, o escultor deve levar em consideração a 
textura e a cor dos materiais que emprega, bem como a função que sobre 
estes exercerão a luz e o sombreado. 
Os valores táteis e a iluminação são relevantes devendo, 
também, preocupar o escultor, que terá o local e modo em que será 
exposto o trabalho em foco. Aspectos como interior ou exterior – um 
aposento iluminado artificialmente; ao ar livre e à luz natural; iluminado 
do alto para baixo ou de baixo para cima.
Esculturas que saíram de seu cenário original muitas vezes não 
impressionam tanto quanto antes. É o caso da Estátua da Liberdade que 
em sua reprodução menor, no Sena, não consegue o mesmo impacto da 
sua irmã maior de Nova Iorque. 
Caso das esculturas do frontifício do Partenon, idealizadas 
para uma visão acima do plano, a uma altura média de onze metros do 
chão, expostas no Museu Britânico, hoje vistas ao nível do olho humano, 
perdem o caráter impactante pretendido. O caráter sinstético 
compromete o entendimento e a apropriação do objeto.
Elabore e apresente de 
forma expositiva aos 
seus colegas um 
conceito experimental 
de necessidade 
construída a partir de 
um elemento 
inexistente. Mostre a 
“Real necessidade” de 
sua participação na 
sociedade.
176
Estética e filosofia
da arte
Unidade - 3
Crítica da razão pura:
estética do ego
Artes na
arte
Unidade 4 - Filosofia da história da arte
Síntese da unidade
Trabalhar-se-á com a história da arte como expressão da 
cultura destinada a funcionar como termômetro dos comportamentos 
sociais. Artes Menores.
Criação da escola filosófica alemã, a filosofia da história da 
arte situa-se entre a estética, a teoria geral da arte e a história da arte. A 
Estética investiga as leis do desenvolvimento artístico, levando em conta 
fatores como código e o contexto, estudando Arte a partir do ângulo 
historicista, oposto do que faz a história descritiva da arte.
É uma ciência-síntese e integra as chamadas ciências do 
espírito. Com a estética, participa da investigação filosófica da criação 
artística. Na historiografia formal da arte o objetivo principal é a crítica 
do estilo. Desse modo estabelece o sentido da história da arte, ao 
procurar definir o ritmo desse elemento do desenvolvimento. 
Responsável por importantes contribuições à metodologia das 
ciências humanas, o filósofo alemão Wilhelm Dilthey propôs uma 
abordagem relativista da história que reformulou a crítica literária.
4.1 Reflexões sobre o estado da arte
A causa do estudo da necessidade da arte é a existência do 
formalismo. O ser humano não vive sem simbolismo. É se sua natureza a
necessidade do conteúdo semântico. Nesse aspecto, quando lhe faltam 
elementos de caráter estético-ético para a composição artística serve-
se da funcionalidade, caráter muitas vezes ambíguo da arte.
Necessitamos de algo e a necessidade faz com que criemos um 
elemento que a preencha. De outro lado, criamos algo que para justiçar 
sua existência preenchemos-lhe de significação através de necessidades 
extemporâneas. É o caso das artes menores. 
O artesanato e a metalurgia culinária ou as ramificações 
gastronômicas são os exemplos mais célebres. Entretanto, criações 
atuais como a internet ou o i-pod, o MP-3, são exemplos das necessidades 
criadas a partir do objeto.
Dentre as artes menores de caráter tridimensional, destaca-
se a de ourives, que trabalha com metais. Seus materiais, embora às 
177
Estética e filosofia
da arte
Unidade 4
Filosofia da 
história da arte
Reflexões sobre
o estado da arte
vezes mais preciosos que o metal do escultor, também são maleáveis e 
podem ser moldados. 
Fabergé, ourives e joalheiro russo significou como ninguém a 
arte de joalheiro. À frente da joalheria da família, criou objetos de luxo 
originais, muito valorizados pela nobreza russa.
No Brasil os artesãos, como mestre Vitalino, como trabalhos 
de artesanato indígena ou alegoristas carnavalescos, presume a 
existência de um conhecimento empírico – senso comum – porém, 
investido de valor estético, por usar primordialmente a CRIAÇÃO – Arte 
Inata. E para concluir, a pergunta: Todo caboclo ou todo índio é escultor, 
tapeceiro ou artesão?
Entenda-se dessa forma o que seja o conhecimento inato, 
propriedade, o dom, a faculdade que torna um homem em particular, 
artista, é a necessidade de expressão. 
4.2 A necessidade da arte
Em obras como Die Kultur der Renaissance in Italien (1860; A 
cultura do Renascimento na Itália), de Wilhelm Dilthey é um marco 
literário onde o Renascimento é definido como o berço da civilização 
moderna. Dilthey, opondo-se à primazia das ciências exatas, dedicou sua 
primeira obra, Das Leben Schleiermachers (1870; A vida de 
Schleiermacher), ao fundador da teologia protestante liberal idealista. 
Em 1883 publicou Einleitung in die Geisteswissenschaften 
(Introdução às ciências do espírito), trabalho dedicado ao método 
historicista, propondo a compreensão relativista do passado como meio 
de compreender o presente e o pensamento humano em geral como 
prova dessa relação. 
No volume Weltanschauung und Analyse des Menschen seit 
Renaissance und Reformation, 1913; (Filosofia e análise do homem desde 
a Renascença e a Reforma), empregou uma análise psicológica oposta à 
psicologia experimental que se praticava na época, como método 
hermenêutico. Em Ds Erlebnis und die Dichtung (1905; A experiência e a 
poesia), apresentou os critérios gnosiológicos de sua abordagem, que 
permitiu a moderna interpretação das obras de Goethe, Lessing, Novalis 
e Hölderin. 
Investigue sobre “razão 
instrumental”, em pelo 
menos mais três fontes 
filosóficas a partir de 
Adorno. 
Estética e filosofia
da arte
Unidade 4
Filosofia da 
história da arte
Reflexões sobre
o estado da arte
A necessidade
 da arte
178
Opôs-se ao determinismo causalístico das ciências exatas. 
Deu às ciências do espírito a possibilidade de livrarem-se do naturalismo 
num retorno radical a Hegel: a compreensão psicológica. 
4.3Necessidade social da arte 
Na historiografia das artes, essa mudança de perspectiva se 
caracterizou na oposição entre os métodos de Schnaase e Burckhardt. O 
primeiro preocupado com o problema das relações da arte e o conjunto 
da vida social e espiritual, sobretudo o povo e a raça, enquanto o 
segundo, voltado para o estudo do objeto artístico, seu valor intrínseco e 
suas peculiaridades.
A forma voltou a ser objeto de atenção na obra de Heinrich 
Wölfdlin, Kunstgeschichtliche Grundbegriffe (1915; Conceitos 
fundamentais da história das artes), em especial a descrição 
fenomenológica da arte clássica e da arte barroca. 
Aspectos formais que ressaltaram o caráter humano e 
individual da criação artística, suas implicações na participação dos 
sentidos de quem cria, e na formação dos estilos, situam-no como 
mediador entre a obra de arte e o espectador: quer ensinar a ver e 
educar os olhos para que saibam interpretar a obra de arte. 
Seu Caminho foi seguido mais tarde por Arnold Hauser, e no 
Brasil, pela pintora e historiadora Bernadete Andrade. 
Worringer interpretou a arte como uma espécie de história 
psicológica do homem. Ampliou a metodologia histórica. Deu-lhe uma 
plataforma denominada “psicologia do estilo”, como expressão do 
espírito de uma época e atitude existencial do ser humano diante do 
mundo. O “estilo”, para ele, não se distingue como forma expressional 
do artista, mas como signo de um contexto histórico-cultural. 
O idealismo retornou à cena com os estudos de Max Dvorák 
sobre os irmãos van Eyck, sua releitura e interpretação da obra de El 
Greco lançaram nova luz sobre os estudos historiográficos da arte. Mas 
Frederick Antal tomou o caminho inverso, ao tratar da pintura florentina 
dos séculos XIV e XV com rigoroso realismo histórico. 
A valiosa contribuição de Houser, um dos pilares da filosofia 
da história da arte contemporânea vem de Sozialgeschichte der Kunst 
Leia atentamente 
o texto teatral “O 
Louco” e descreva 
o possível cenário 
em que está 
ambientada a 
peça.
Discutam em fórum 
as demais 
possibilidades 
(todos os alunos 
devem participar e 
comparar suas 
experiências)
179
Estética e filosofia
da arte
Unidade 4
Filosofia da 
história da arte
A necessidade
social da arte
(1953; História social da arte) e Philosophie der Kunstgeschichte (1958; 
Filosofia da história da arte) é sua interpretação do maneirismo que em 
Der Manierismus; die Krise der Renaissance und der Ursprung der 
modernen Kunst (1964; O maneirismo; a crise do Renascimento e a 
origem da arte moderna).
Na atualidade, Hauser foi seguido pelos estudos de Moritz 
Geiger (fenomenologia), do austríaco Hans Sedlmayr e do inglês Herbert 
Read, que desmistificaram a trajetória docial da arte, como pela 
participação da psicanálise. 
Theodor Adorno e Walter Benjamin trouxeram uma nova 
leitura para a interpretação do fenômeno da criação estética e na visão 
Européia. Sua contribuição em que demonstra a atualidade da obra em 
que a situação do espectador-autor é fundamental para significação 
artística traz uma nova dimensão ao caráter histórico social da Arte. 
 A Filosofia de Adorno, uma das mais complexas do século XX, 
fundamenta-se na perspectiva da dialética. Sua obra, a Dialética do 
Esclarecimento, escrita com Max Horkheimer durante a segunda guerra, 
é uma crítica da razão instrumental, conceito fundamental 
Horkheimer, ou uma crítica, fundada em uma interpretação negativa do 
iluminismo, de uma civilização técnica e da lógica cultural do sistema 
capitalista (que Adorno chama de “industria cultural”).
Tendo cedido em sua autonomia, a razão tornou-se um 
instrumento. No aspecto formalista da razão subjetiva, apoiada pelo 
positivismo, que na versão comteana associa a interpretação das 
ciências e a classificação do conhecimento a uma ética humana, 
enfatiza-se a sua não-referência a um conteúdo objetivo.
Em seu aspecto instrumental, adjetivado ao pragmatismo, 
visa a certeza de que só a ação humana, movida pela inteligência e pela 
energia, pode alterar os limites da condição humana, enfatiza a sua 
submissão a conteúdos heterônomos. A razão tornou-se algo 
inteiramente aproveitado no processo social. 
Seu valor operacional, seu papel
de domínio dos homens e da 
natureza tornou-se o único critério para avaliá-la. Ainda esse livro, uma 
crítica à sociedade de mercado que não persegue outro fim que não o do 
progresso técnico.
Estética e filosofia
da arte
Unidade 4
Filosofia da 
história da arte
A necessidade
social da arte
180
Nos Estados Unidos, Jameson demonstra como, na visão de 
Adorno, “a obra de arte reflete a sociedade e é histórica na medida em 
que recusa o social e representa o último refúgio da subjetividade 
individual em relação às forças históricas que ameaçam esmagá-la”.
Dos estudos do próprio Freud sobre Leonardo da Vinci e 
Michelangelo - e do marxismo de Ernst Fischer, Georg Lukács, Lucien 
Goldman, Karel Kosik, Galvano della Volpe a arte é social e popular. 
4.4 A arte popular
Para o senso comum, é a criação de arte plástica, musical ou 
literária, por pessoas das camadas sociais mais carentes, de baixa 
instrução ou afastadas dos centros urbanos. Assim como a arte primitiva, 
a infantil e a dos doentes mentais, a chamada arte popular nasceu 
marginal, distante do processo cultural formal, expressa nos costumes 
da contemporaneidade. 
É arte popular, aquele objeto com fim utilitário, decorativo, 
religioso, lúdico ou puramente expressivo, como estatuetas de animais e 
de figuras humanas ferramentas, utensílios domésticos, a própria casa e 
seu equipamento, roupa, jarros, toalhas bordadas ou tecidas, rendas, 
papéis cortados, xilogravura, imagens religiosas, objetos de devoção, 
brinquedos e bijuterias. 
Sua produção é artesanal, geralmente destinada a satisfazer 
necessidades materiais e espirituais inerentes a determinadas faixas da 
população, em geral, sem recursos econômicos. 
Os estilos e conteúdos exprimem o gosto, as atividades 
profissionais e os costumes de seus produtores e consumidores. Estes, 
como aqueles, em condições normais, não vêem tais produtos como arte 
e sim como “coisas necessárias à vida diária”, manifestações de seus 
sentimentos e de suas habilidades. Muitas vezes se confundem produtor 
e consumidor, pois a expressão tende a ser impessoal e coletiva, e a 
criação, como a da criança, espontânea e acrítica.
4.5 Arte e loucura
 Os loucos são como os beija-flores. Estão sempre a dois 
metros do chão. A afirmativa é de Artur Bispo do Rosário, para quem a 181
Arte e loucura
Estética e filosofia
da arte
Unidade 4
Filosofia da 
história da arte
Arte popular
criação espontânea, aquela muitas vezes dita “primitiva”, pode ser 
encontrada na manifestação esquizóide ou esquizofrênica.
Carl Jung buscou na mitologia ameríndia a resposta para o 
stress urbano. Cada homem tem seu referente animal ou elo com a 
natureza. Essa consciência do extra-corpóreo permite a cartas e dando 
ao indivíduo múltiplas referências existenciais. Essa é apenas mais forma 
usada pelos homens para lidar com poderosas e desconhecidas forças da 
natureza. 
A arte proporciona outra maneira de harmonizar suas forças 
internas sentidas muitas vezes como incontroláveis e ameaçadoras. Em 
seu artigo “Considerações sobre Loucura e Arte” a psicóloga e 
psicanalista Ana Maria Grey afirma que somente a partir do século XIX 
“[...] é que a figura do artista aparece como a daquele indivíduo livre 
para criar de acordo com sua própria subjetividade, sendo a obra criada 
vista como mensagem de suas vivências pessoais”.
É que até o século XIX, o processo artístico não abrangia o 
problema da criação como um problema de linguagem subjetiva. Mas 
Balsac, Vincent van Gogh, Ludwig Von Bethoven e tantos outros gênios 
levaram a uma nova reflexão: o artista autônomo, independente, que 
passa a viver de sua arte, o chamado “artista maldito”, são figurações 
que aparecem com o Romantismo. 
Norbert Elias, sociólogo, afirma que Mozart era um gênio, um 
ser humano excepcionalmente dotado. Sua história foi marcada pelo 
sofrimento causado principalmente pelo caráter ambivalente de seu 
status quo: de um lado, o artista burguês na sociedade de Corte, 
identificado com a nobreza; de outro, seu gosto, e ressentimento pela 
humilhação que aquela lhe impunha. 
Desde as primeiras referências entre a genialidade e a loucura 
foram tratadas por Russeau, e ainda hoje, como nas palavras de Philip 
Yenawine, nós vivemos numa época na qual a arte freqüentemente 
parece ser uma língua estrangeira.
182
Estética e filosofia
da arte
Unidade 4
Filosofia da 
história da arte
Arte popular
Unidade 5 - Gennaio: Ensaio fotográfico holístico
Resumo da unidade
Este capítulo é inteiramente dedicado a análise de um objeto 
artístico. Obra de arte atual, imagem gráfica de publicidade 
institucional, produzida por meios que possibilitam uma multiplicidade 
de aplicativos.
Entre tantas possibilidades de analisar uma imagem que 
pudesse traduzir a evolução da comunicação visual em pleno processo 
multimidiático vi-me com o óbvio: Mc DONALD'S, COCA-COLA, FUSCA... 
Mais aprofundadamente há a idéia de que antes destes ícones, outros os 
precederam, como JESUS CRISTO, MOLIN ROUGE, LONDON BRIDGE, 
GILLETTE e, porque não, PIRELLI! 
Dos processos de visuais de propaganda e marketing 
experimentados com os novos métodos até as atuais mídias eletrônicas, 
a marca que mais evoluiu em forma e conteúdo, sem perder sua 
essência, foi a Pirelli. Por que isso ocorreu?
Porque durante o século XX a Itália saiu da condição rural para 
a de país altamente industrializado em nível de artes visuais e 
comerciais. Tratar dos comerciais da Pirelli significa rever a história da 
comunicação visual italiana e suas maiores influências através do século 
XX, seu principal percurso, como enfatizado por Gillo Dorfles. 
Dorfles, especialista no campo da crítica de Arte, um 
proeminente estudioso da arquitetura italiana foi o primeiro autor a 
colocar na Itália o problema cultural e histórico do desenho industrial, 
aponta para o impacto que uma companhia de liderança industrial pode 
ter na cultura visual de uma nação. 
A primeira contribuição de arte na propaganda da Pirelli foi 
limitada aos processos gráficos do final do século XIX. No século XX novas 
técnicas e novas tecnologias foram empregadas, quer na forma de 
produção de seus artigos, quer na forma de apresentá-los. A Pirelli 
Introduziu seu “grande P”, alongado, que por décadas tem sido sua 
melhor forma de comunicação visual, um os símbolos mais conhecidos do 
mundo, um signo (legisígno) de primeira magnitude.
Entre as duas grandes guerras, o grupo de comunicação da 
marca estudou as características do desenho e internacionalizou as 183
Estética e filosofia
da arte
Unidade 5
Gennaio: Ensaio
fotográfico holístico
Arte popular
operações de propaganda institucional sem abandonar a parte cultural 
de suas idealizações. Outros artistas e desenhistas europeus foram 
admitidos e também de todas as partes do mundo. 
Como resultado, a “explosão” ocorrida nos anos 50 e 60, 
quando os melhores desenhistas da Europa estavam na Pirelli. O “grande 
P”, já muito elegante, foi enobrecido por artistas como Max Huber, Pavel 
Engelmann, Bob Noorda, Albe Steiner, Bruno Munari, Raymond 
Savignac, Armando Testa, Riccardo Manzi, Pino Tovaglia e Giulio 
Confalonieri.
Foram os anos da Pirelli magazine, desenvolvida por artistas 
geniais com artigos de Giuseppe Ungaretti, Eugenio Montale, Leonardo 
Sciascia ou Umberto Eco. Ilustrada com desenhos de Renato Guttuso e 
fotografias de Ugo Mulas, Federico Patellani e Fulvio Roiter. Sucesso 
absoluto favoreceu o pretensioso projeto de lançamento mundial; o 
“Calendário Pirelli”. 
Inicialmente produzido na Swinging London of the Sixties, nos 
anos sessenta (do “the Beatles'
hits”) durante o movimento 
cinematográfico europeu nouvelle vague, o Calendário Pirelli foi 
acompanhando as sutis mudanças comportamentais e acima de tudo – 
uma nova quebra de regras, que a cada ano, sugeria um estilo único, 
exclusivo, indiscutível. O objetivo: superar a cada edição, todas as 
expectativas e a si mesmo. A supremacia desse ato ocorreu em 2004.
5.1. Análise do processo criativo do trabalho
Em 12 de novembro de 2003, no prédio da Corte Real de 
Justiça, em Londres, o lançamento do Calendário Pirelli 2004, marco 
absoluto na iconografia da estética contemporânea, e verdadeiro ícone 
de beleza que atinge seu 40º aniversário. Na ocasião, o Calendário Pirelli 
foi idealmente apresentado à imprensa, a colecionadores e entusiastas 
de todo o mundo, Marcando os 40 anos de seu lançamento. Como em 
outros anos, um dos eventos internacionais mais aguardados pelos 
aficionados da fotografia, da moda e da beleza. 
Nessa edição, a “Pirelli Calendar” mostrou uma seqüência 
fotográfica de modelos de maior expressão, algumas, inclusive, 
presentes em edições anteriores - Maria Carla Boscono, Karolina 
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Estética e filosofia
da arte
Unidade 5
Gennaio: Ensaio
fotográfico holístico
Análise do processo
criativo do trabalho
Kurkova, Natalia Vodianova e Jessica Miller, (em 2003); Frankie Ryder, 
(em 2001); e Alek Wek (em 1999 e 2000), acompanhadas por Liberty Ross, 
Amanda Moore, Dewi Driegen, Pollyanna McIntosh, e das novatas, Esther 
De Jong, Ai Tominaga e Adina. 
O mundialmente famoso fotógrafo britânico que criou não 
apenas mais uma nova edição/versão do tradicional calendário (que 
jamais se repete), na verdade, registrou em linguagem inovadora, tanto 
técnica quanto expressão artística. O Glamour de mulheres que 
deixaram fotografar suas expressões e impressões pelas por Knight. 
São 12 fotos que levam o observador a um universo sugestivo 
de sonho e fantasia, mas que é inequivocamente uma visão da 
perspectiva da sexualidade feminina retratada por elas e não como 
tradicionalmente é percebida pelos homens - é uma ótica revertida. 
Knigth explicou: para este projeto eu perguntei as mulheres o 
que elas gostariam de ver representado no 'Pirelli', deixando que elas 
escolhessem o tema. O resultado foi um Calendário Pirelli vibrante em 
que as imagens são esculturas visuais, nascidas de uma relação 
simbiôntica entre fotografia tradicional e a arte digital. 
A arte hoje responde à crítica social, na qual o artista é 
testado pelo sistema estabelecido que por sua vez seja fruto do 
emergencialismo na busca das satisfações e necessidades qualificativas 
diferentes, de objetos neoplásticos. 
Esta inovação tecnológica criou um dos mais expressivos 
trabalhos fotográficos da atualidade. Seu extremo bom-gosto, associado 
a uma típica abordagem de “arte conceitual” trouxe como resultado um 
Calendário Pirelli único: vibrante nas cores, abstrato no design, e mágico 
para o olhar. 
O renomado artista apoiou-se em três ambientações 
empregadas simultaneamente para criar um intrigante mundo ao 
observador. O Abstrato, o Conceitual e o Fantástico. Evocando o cânone 
do estético-ético, desenhando por Umberto Eco advogamos os princípios 
de abordagem aberta e isenta da obra de Knight. 
Observemos, pois, os seus princípios: O abstracionismo 
implícito; O conceitualismo explícito; O surreal, a serviço da 
imaginação.
185
Estética e filosofia
da arte
Unidade 5
Gennaio: Ensaio
fotográfico holístico
Análise do processo
criativo do trabalho
Traçando um paralelo com outros períodos históricos, 
notamos que em Arte e Belezza nell' Estetica Medievale (1987), Eco nos 
mostra que mudou o suporte, o objeto em percepção e a qualificação 
esteta do elemento fruidor, que observa tal princípio, enquanto o objeto 
permanece (tecnologicamente diferentes embora conceitualmente 
idênticos). 
A Marca “PIRELLI” em seu longo “P” é imutável em nosso 
imaginário é um legissigno efetivamente dramático. No entanto, como o 
calendário se renova em cada evento.O que Eco evidencia na análise do 
simbolismo e do alegorismo é o que move a estruturação do ambiente 
fantástico - surreal proposto na imagem visitada: GENNAIO. Sobre esse 
tipo comportamento, o esteta propõe outro intérprete do simbolismo 
metafísico.
O Calendário Pirelli de Knight permite/exige constatar que há 
a pan-semiose metafísica entre a metáfora fotográfica incisa na 
escritura presencial impedindo que o observador determine o “real” 
(fundo branco imperativo e pluridirecional da unicidade) e o sentimento 
visual - o senso de profundidade exige/determina um parâmetro da 
dimensionalidade (Nodie since perispectru). 
Daí admitir-se que a imagem “sugerida” é abstrata; a 
significação atende aos anseios de cada espectador por está associada a 
um ou mais elementos imediatos de sua constituição.
Toda possibilidade estética está presente na imagem de 
Knigth. É uma obra formalmente aberta. A imagem mostra claros e 
escuros num contraste de luz e sombra, assim como intensidades de cor e 
brilho, propositalmente dispostas a não permitir uma contemplação 
repousante, conclusiva do objeto. 
De natureza dualista, é inquietante, enquanto relaxante; 
mística, enquanto profana; erótica, enquanto sublime; aterradora, 
enquanto tranqüilizante. Com o avanço da infografia, têm-se produzido 
peças de design cada vez mais idênticas no formato e até no conteúdo. 
No trabalho Nick Kigth esse problema não aparece. A razão é a forma de 
utilização. 
Outro fato é o mote de arte conceitual. O aspecto Modulor, 
empregado neste sistema de Design que é o Le Corbusier, em que 
186
Estética e filosofia
da arte
Unidade 5
Gennaio: Ensaio
fotográfico holístico
Análise do processo
criativo do trabalho
sistemas representam o prolongamento natural dos movimentos 
artísticos contemporâneos, que evoluíram em tecnologia científica. 
No Pirelli Calendar 2004, se os elementos são os mesmos, a 
forma de usá-los é única. De dois modos o Modulor tem contribuído para o 
design gráfico. Em aplicação direta no design da página e a maneira como 
pode desenvolver designs assimétricos a partir de um meio simétrico, 
que tem inspirado os desenhistas, fotógrafos, compositores de textos e 
artes-finalistas, designers gráficos na criação de diagramas e sistemas da 
página impressa. 
Quando analisamos a distribuição da imagem no “cromo” do 
mês de janeiro percebemos nitidamente o conceito modulor de Le 
Corbusier. Não é por acaso, nem acidente. Faz parte do processo criador 
de Knight. Portanto, é também objeto de analise do processo das etapas, 
o COMO elaborou tal arquitetura para essa imagem, que mesmo usando 
uma fórmula pronta, pudesse ser tão inovadora, ao mesmo tempo em 
que tão intrigante e tão eloqüente? 
Os prováveis caminhos traçados por Nick estão legitimados 
como forma de expressão estética, em estudos sobre os processos de 
criação artística com os meios eletrônicos. 
Entendendo que a simbiose analógico-eletrônica, fóton e 
bitmap, são os elementos em questão, dentro da interatividade proposta 
pelo artista, na criação, vislumbra as causas da construção (processo 
criativo). Do processo de 'construção-criação' de imagens, por meio de 
recursos eletrônicos, resultam as imagens eletrônicas. 
Daí entendermos que embora a captura das fotos das modelos 
seja feita com câmaras analógicas, assim como a captura dos demais 
objetos físicos sejam frutos do mesmo processo, a digitalização de tais 
imagens e a utilização do photoshop e outros instrumentos de 
composição arte- multimidiáticas, tornem o trabalho de Nick produto 
com correlações no campo da infografia ou computer graphics.
A
doutora firma ainda que na correlação entre o ato criativo - 
que deriva da produção com os novos meios tecnológicos - e a doutrina 
aristotélica das quatro causas, existe como causa material não somente 
os suportes duros sobre os quais as imagens pré-informáticas se 
inscreviam, mas, a qualidade das imagens fotográficas de serem 
A análise completa de 
Gennaio encontra-se 
no Ambiente para 
consulta.
Partindo da análise 
apresentada, comente 
em fórum e deixe sua 
opinião (releitura) para 
outras referências.
Estética e filosofia
da arte
Unidade 5
Gennaio: Ensaio
fotográfico holístico
Análise do processo
criativo do trabalho
187
codificadas sob forma numérica. 
Essa qualidade permite que impressões das imagens circulem 
através das interfaces, podendo então ser traduzidas para diferentes 
meios por intermédio de dispositivos transdutores, sem perda nem 
distorção. Em seu artigo “Do Pensamento Criador” - citando R. Amheim - 
discorre sobre método – o pensamento criador atua envolvendo dois 
processos cognitivos: a intuição e o intelecto, nitidamente observados 
na obra de Knight: 
Em sua tese, Mônica Tavares se apropria de A. Molles, ao 
discutir o papel do autor que parte do intuitivo, procedimento usual para 
aquisição de conhecimento informal: o primeiro processo. O 
desenvolvimento intelectual da idéia primordial, responde pela 
percepção de esquemas funcionais vislumbrando o produtor. A produção 
da obra gerando o resultado final: o segundo processo.
Em sua incansável busca por inspiração, Nick Knight entrou 
em contato com renomadas figuras do mundo da moda, do 
entretenimento, da literatura e das artes, trocando idéias com todas 
elas e compilando suas principais confidências. Pediu delas as idéias e 
ele as ilustrou. As respostas foram tão variadas, quanto as 
personalidades das mulheres entrevistadas – informou.
Santaella afirma que os conceitos unificadores dos dois 
domínios da imagem são os conceitos de signo e de representação. É na 
definição desses conceitos que reencontramos os dois domínios da 
imagem: o perceptível e o mental, unificados em terceiro, que é o 
signo/representação. Não esqueçamos que os processos: intuitivo e 
intelectual nos permitem alcançar os objetivos que são a emissão e a 
recepção da mensagem. Esse código está implícito no contexto. 
O calendário Pirelli está no imaginário humano, em todo o 
planeta, que esperam nas garagens de marcas como Ferrari, Maseratt, 
Bughatti, BMW Chrysler, Ford e GM, um vislumbre da personalidade 
feminina do mês; a mulher mais bela do mundo, na opinião do fotógrafo 
que a clicou, e que mexe com o imaginário coletivo. 
As tentativas da delimitação do conceito não apenas são 
muito variadas, mas, fundamentalmente imprecisas. A “representação 
pública” é o signo no sentido com a filosofia do singular, e com base 
Faça um diagnóstico 
acerca da evolução do 
seu senso crítico, 
tendo como referentes 
a disciplina Estética e 
Filosofia da Arte e sua 
interpretação 
atualizada da 
sociedade em que 
vive, frente à arte.
188
Estética e filosofia
da arte
Unidade 5
Gennaio: Ensaio
fotográfico holístico
Análise do processo
criativo do trabalho
provável, desse ponto em particular, acreditamos ter Nick Knight 
explorado ao máximo, as possibilidades de singularidade. 
Problemas do conceito de representação, em diferentes 
línguas, ligam-se à tradução. O termo também serve para a tradução de 
conceitos tão distintos como sígno ou arquétipo. Nick vence esta barreira 
usando o terceiro elemento formal de sua obra. O Estruturalismo 
Conceitual. O “conceito” de representação encontrado no termo inglês 
“representation(s)” como sinônimo de signo, é percebido já em Locke, e 
na sua primeira fase Pierce caracteriza a semiótica, em 1865, como “a 
teoria geral das representações”. 
Sperber também utiliza representação, o conceito de uma 
maneira geral, como um sinônimo de signo, quando diferencia o âmbito 
conceptual em “representação mental” e “representação pública”. No 
modelo pierceano, ambos os aspectos do signo são modos de 
representação. Daí o fotógrafo valer-se de uma lista de formadoras de 
opinião, mantendo, porém a fonte de cada idéia, incógnita. 
Embora sejam processos já sedimentados no inconsciente 
popular, sua ação insígnia não interfere na leitura pura, proposta na 
forma abstrata das imagens. O trabalho seguinte desenvolve-se a partir 
dai. A lista de personalidades proponentes de Nick Knight é diversificada. 
O objeto conceitual é antes de tudo uma forma semântica. São elas: 
cantoras, atrizes, artistas plásticas, designer de moda, atletas e 
escritoras. Mulheres que influenciam milhões de pessoas em todo o 
mundo, criando e definindo comportamento. 
Desse modo, o inconsciente popular coletivo é ao mesmo 
tempo porta de entrada e transdutor. Assim, cada imagem está associada 
a uma idéia expressada por uma personagem de grande significação o 
inconsciente e no imaginário popular. A Gestalt, empregada no elemento 
abstrato da obra reproduz esse conceito.
 Knight consultou uma imensa lista de figuras, mas os nomes 
associados às idéias não foram revelados. Walter Benjamin serve de 
amparo para a explicação do fator fantástico - o surrealismo presente em 
Gennaio. Ocorre que, como explica, “o surrealismo, último instantâneo 
da inteligência européia” como ícone crítico, pode instalar nas estradas 
intelectuais ou em “correntes espirituais”, como uma espécie de “usina 
189
Estética e filosofia
da arte
Unidade 5
Gennaio: Ensaio
fotográfico holístico
Análise do processo
criativo do trabalho
geradora quando elas atingem um declive suficientemente íngreme”.
 No caso do surrealismo, esse declive corresponde à diferença 
de nível existente entre França e Alemanha. Para Knight é a diferença 
existente no repertório contextual de cada cultura. Para o filósofo, o 
observador alemão não está situado na fonte. Ele está situado no vale. É 
capaz de avaliar as energias do movimento. 
Para ele, que como alemão está familiarizado com a crise de 
inteligência – presente em seu quintal, ou melhor, do conceito humanista 
de liberdade de Brestd – que sabe ter essa crise despertando uma 
vontade frenética de ultrapassar o estágio das eternas discussões e 
chegar a todo preço a uma decisão: O autor como produtor; traduz a 
necessidade da arte, como produto.
Em seu estúdio, Knight fez as fotos com um fundo branco e 
com variados níveis de contraste e saturação. Tons insólitos de luz foram 
constituídos para cada uma as imagens. 
Para o processo de adequação dos temas a cada uma das 
modelos, foi elaborado um programa de entrevista, entre as possíveis 
beldades (36 no total) e somente depois de várias entrevista foram 
selecionadas aquelas que “caberiam” no projeto. 
Carneiro, do departamento de Arte da Universidade Federal 
do Amazonas – UFAM, propõe que tenhamos claro o conceito comercial e 
o objetivo de solidificar a imagem de uma marca - neste caso, a Pirelli. 
Tenhamos também em mente o desejo do inusitado, do surpreendente, 
na obra de Knight. A cada novo olhar são descobertos novos elementos. 
Ao focalizá-los, uma nova torrente de informação micro-processuais 
forma novas sinapses, como um elemento mutante -algo microssísmico 
ocorre. Os Fractais, sugeridos por Le Corbusier. 
A imagem que não é estática em sua ótica. Embora sua 
perspectiva sugerida nos leve ao formalismo geométrico e simétrico do 
renascimento (note-se o sol branco ao centro e acima), sua perspectiva 
deixa-nos ao mesmo tempo próximos do barroco e do medievo, entre 
FUGA e FANTÁSTICO. Note-se a entrada acima à esquerda, com a grua
que sustenta a saboneteira-banheira, e a saída abaixo à direta, no frio 
corte da profundidade, como a sugerir um limite longitudinal, atrás das 
duas argolas.
Estética e filosofia
da arte
Unidade 5
Gennaio: Ensaio
fotográfico holístico
Análise do processo
criativo do trabalho
190
Abstrata em sua capacidade gestaltica dos contrastes e 
indefinições formais de objetos não distintos, mostra o profundo 
conhecimento da psicologia russa, deste talentoso fotógrafo. 
A foto, riquíssima em elementos de primeiridade. Trás a 
utilização de duros e saturados focos de luz em que a ausência da sombra 
não significa “chapa”, mas “vazio” - constitutivo de elemento 
psicológico que permite a imaginação não convencional, como criar uma 
nova dimensão na imagem, para onde segue o pensamento do 
espectador.
Conceitual em sua possibilidade no campo da stalk. Os 
elementos fixos e frios conservam em si uma fonte própria de energia. 
Constitui cada um deles, um trabalho individual extremamente rico em 
detalhes que mostra o quanto foi demorado e elaborado o processo de 
finalização. No plano bidimensional percebemos a inexorável fragilidade 
humana (a vida por quatro fios) e a hermenêutica presente na precisão 
da forma - postura da modelo. Um fruto do processo intelectual aliado à 
sensibilidade (intuição) do autor.
Hardware e software respondem aos comandos de uma ordem 
intelectual, nos torna senhores o processo cognitivo. Se o computador 
não trata a significação, o “olhar do espectador” o fará. Assim, as 
ferramentas encontradas no photoshop são únicas, nas mãos de cada 
artista. Isso diferencia a técnica da tecnologia. 
Nos processos de criação-produção das imagens eletrônicas 
do calendário Pirelli 2004, Nick Knight trouxe do computador os 
algoritmos, aliado ao raciocínio matemático, cujas elucubrações 
estéticas povoaram sua mente e que tais estruturas transformam, em 
última análise no atual, factual. A obra fotográfica. 
É lógico imaginar-se que para chegar a esse ponto, o autor 
passou por todas as etapas: apreensão; preparação; incubação; 
iluminação; verificação.
Os processos multimidiáticos empregados na concepção 
formal e processual da composição gráfica da foto. São eles: semiose, 
morfologia, sintaxe, semiótica, primeridade, secundidade e 
terceridade, interatividade, iconografia, sociologia, psicologia, 
temporalidade, espacialidade, bi-dimensionalidade, tri-
191
Estética e filosofia
da arte
Unidade 5
Gennaio: Ensaio
fotográfico holístico
Análise do processo
criativo do trabalho
dimensionalidade, iluminação, código, contexto e intesionalidade. 
Fruição da obra escolhida.
Tal a premissa seguida, como argumental, em seus níveis 
causais (das causas), criacionais (das do pensamento criador), 
operacionais, (das etapas), foram observados pelo autor, como um 
esquema, lembrando o que nos mencionou em sua classe, que a intuição 
aliada ao intelecto pode ser um valioso instrumento de caiação. Em seu 
artigo, a doutora nos deixa claro que “a intuição não é unicamente um 
atributo do artista”. 
Espero desse modo ter fornecido informação sobre alguns dos 
mais significativos aspectos da percepção e interpretação do objeto 
artístico. Caro leitor, carpe diem.
Estética e filosofia
da arte
Unidade 5
Gennaio: Ensaio
fotográfico holístico
Análise do processo
criativo do trabalho
192
Referências
CUPANI, Alberto. A crítica do positivismo e o futuro da filosofia. Editora 
da UFSC: Santa Catarina, 1982.
ECO, Umberto. Arte e Belezza nell' Estetica Medievale Fabbri. 
Bompiani; Milan 1987.
ECO, Umberto. Obra aberta, Perspectiva.São Paulo, [s.d.].
ELIAS, Norbert - Mozart: sociologia de um gênio. Zahar: [s.n.; s.d].
HORKHEIMER, Max. Eclipse da razão. Ed. Centauro: [s.n.;s.d.].
HURLBULT, Allen. Layout. 2. ed. São Paulo: Nobel, 1986.
LACOSTE, Jean. A filosofia da Arte. Zahar editor: Rio Janeiro,1986.
LIMA, Luis Costa. Teoria da cultura de massa. Paz e Terra: Rio de 
Janeiro, 2002.
OITICICA, Hélio. Aspiro ao grande labirinto. Rocco: Rio de Janeiro, 
1986.
VELHO, Gilberto (Org.) Arte e sociedade. Zahar: Rio de Janeiro, 1977.
WICK, Rainier. A pedagogia da Bauhaus. Martins Fontes: Rio de Janeiro, 
1989.
MARCUSE, Herbert. A arte na sociedade unidimensional. In: Teoria da 
Cultura de Massa, 2002.
SANTAELLA, Lúcia. Imagem como representação visual e mental. 
(texto)
TAVARES, Mônica. Do processo de criação artística com os meios 
eletrônicos. In: COMUNICARTE, Campinas, v. 2, n. 20,1997.
VERA E SILVA, Adriana. Uma vida inteira dedicada à escola
Revista Nova Escola, Edição agosto,1998.
193
Estética e filosofia
da arte
Referências
Glossário
Anuk, Inuk, Onuk - Era do gelo ou desuniverso. Relativo à cultura das 
regiões geladas do Alaska ou da Sibéria. Referências culturais polares e 
nórdicas também foram levadas para a Islanda e para a Escócia, 
miscigenando-se com a cultura celta. 
Aparelhagem – Ferramentas para a composição artística ou outra forma 
de expressão da cultura.
Aprendimento – Frocesso de ensino/aprendizagem. 
Artificialeza – Neologismo para o conceito tipicamente humano da 
criação, expressão e de sua formação social e cultural.
Aurea mediocrĭtas - Mediocridade dourada – exp. latina.
Carpe diem – Aproveite bem o seu dia – exp. latina.
Catarse – No modelo aristotélico é a purificação das almas pela 
experiência através da qual uma descarga emocional provocada por um 
drama.
Décadence avec élégance – decadência com elegância – exp. francesa.
Divortĭum Aquarum - Separação das águas – exp. latina.
Gestalt – A palavra é um termo intraduzível do alemão para o português 
(plural Gestalten). O Michaelis sugere como possibilidades as palavras 
figura, forma, feição, aparência, porte; estatura, conformação; vulto. 
Na esfera da psicologia e da arte se pode acrescentar estrutura e 
configuração.
Genaio – Janeiro - pal. italiana
Infografia – para designar processo de informação gráfica por mídia 
digital.
Inteligência Artificial – conceito de desenvolvimento comportamental 
autônomo e computadores ou robôs capacitados com auto-diagnose.
Modulor – Sistema de lay-out para diagramação de página até hoje 
utilizado em meios de comunicação como revistas, jornais e páginas da 
Web.
Nodie since perispectru – do objeto percebido por de noção de 
conjunto; por uma ótica específica – exp. latina.
Non sence – sem sentido (não percebido por falta de noção ética ou 
estética) – exp. francesa.
Pluridirecional – Radiante de múltiplas direções ou possibilidades.
Estética e filosofia
da arte
Glossário
194
Pop spot stage – em foco, no auge da fama, no centro de observação. – 
exp. inglesa.
Proto-gênese – fato único da criação primordial. Nascedouro e uma 
única idéia. 
Stalk - A palavra de origem russa significa: seguir, caçar espreitando, 
aproximar-se silenciosamente; andar arrogantemente. Caule, talo. 
Acometer, perseguir, andar altivamente; pedúnculo, talo, haste, 
suporte, vareta. Percepção extra-sensorial ou fenomenologia da para-
normalidade.
Underground – cultura marginal, subterrânea, escondida da mídia 
capitalista ou da indústria cultural.
Utopia principĭa - origem do sonho impossível
Currículo do Professor-autor
Pedro de Queiroz Sampaio Filho é professor graduado em Educação 
Artística pela Universidade Federal do Amazonas – UFAM; formado em 
Piano pelo CMIFI, especializado em Sintetização e Música Eletrônica, 
Músico Profissional registrado na OMB - Cons. Reg. Amazonas, como 
Pianista e Organista Erudito e Popular. Pós-graduado em Tecnologia 
Multimídia pela Universidade Federal do Amazonas – UFAM; Professor 
substituto do Departamento
de Artes da Universidade Federal do 
amazonas (2005-2007) e Professor de Arte na Rede Pública de ensino 
fundamental (SEMED desde 2005), Arte-educador (Núcleo de Arte – 
SEMED), desde 2007. Membro do NÚCLEO ARTÍSTICO DO AMAZONAS – 
NUAM desde 1984, onde assume as funções de Diretor Artístico e 
Produtor Musical desde 1992, a cadeira de número 17, cujo patrono é 
Arnaldo Rebello.Membro da ACADEMIA DE LETRAS E ARTES DE 
PARANAPUÃ – ALAP, onde ocupa a cadeira de número 17, cujo patrono é 
Arnaldo Rebello.Produtor e Diretor Musical:
· Diretor dos video-clips para o espetáculo “SHYNTESIS” 
(1992); Diretor de estúdio em gravações de Boi Bumbá 
(1994-1997) CARLOS 
· BATATA, SIDNEY REZENDE; Diretor de estúdio em gravações 
 
Estética e filosofia
da arte
Currículo
do professor-autor
195
de coral e conjuntos (1982~1998) (DIVERSOS); Diretor de 
estúdio em gravações de cantores evangélicos (1984~2002) 
(DIVERSOS); Produtor Musial e Co-apresentador de 
programas musicais em TV (Rio de Janeiro, TV E (1982-
1985); 
· Produtor e Diretor da Série Musisical Amazônica do NUAM - 
CD-0001/98 ~ 0010/98 (LINDALVA CRUZ - editado em1998 e 
2000) / CD-0002/98 ~ 0010/98 (PEDRO AMORIM - inédido) / 
CD-0002/00 ~ 0010/00 (ARNALDO REBELLO - inédito);
Diretor e compositor: 
· Diretor musical e compositor do LP “UM GRITO DE GUERRA” 
– 1982; do LP “AMANHECE” – 1984; dos LPs “AT CLASSICS” 
vols. I e II - 1984/85;
· Diretor musical e compositor do CD “SYNTHESIS” – 1999 / 
CD “VIRTUAL” – 2000 / CD “Antes de Tudo, Você” – 2003. CD 
“BAROCO” – 2004;
· Compositor da trilha musical da série de TV australiana 
BRASIALIAN COUNTRY AND PEAPLE dirigido por Jonh Mabye 
(1981~1982);
Shows, Musicais, Concertos e Óperas: 
· Pedrinho...uma palavra (Manaus - 1976); Um grito de 
Guerra (Manaus, Rio de Janeiro, Boa Vista, Brasí1ia, 
Curitiba e S. Paulo - 1980 ~ 1983); Música nas Escolas (Rio 
de Janeiro - 1981/83); Canta Brasil (França - 1985); 
SYNTHESIS Rio de Janeiro - RJ (agosto/setembo - 1992) 
Buffalo, New York, - NY (setembro- 1992) Manaus - AM 
(1992, 1994, 1995 e 1997) Roma - Itália (1995); Manaus 
Poema e Canção [série I, II e III] (Manaus 1994 ~1996); Jazz 
Bossa & Cia (Manaus - 1996); Pedrinho Sampaio in Concert 
(Manaus - 1995); Missa de Comemoração da Cidade - Coral 
da Telamazon (Itacoatiara - AM -1995); Concerto de 
homenagem a Villa-Lobos (Ponta Negra - Manaus - 1996); 
Tributo à Villa-Lobos (Manaus - 1997); Recitais de Natal do 
Coral da Telamazon (Manaus - 1996 -1997) Lindalva Cruz, 
90 anos de Música (Manaus - 1998); Concerto de Natal – 
Estética e filosofia
da arte
Currículo
do Professor
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CASINHA TORTA- ECAT (Manaus -2001) / NATAL DA CIDADE – 
Direção Musical, preparação das Orquestras e do Coral da 
Cidade (350 FIGURAS) e do Coral Infantil da OCEM (120 
crianças) Concerto Natalino na praia da Ponta Negra - 
OCEM/ECAT/PMM (Manaus - 2000, 2001 e 2002); I FESTIVAL 
DE CINEMA – Festival Lindalva Cruz de Cinema Antigo 
Composição e execução da trilha Musical pra a Obra 
cinematografica de Silvino Santos apresentação em 
(novembro/dezembro de 2004); Natal Visto do Morro – 
Cantata Natalina(Diretor e Músico) 3 apresentações 
(dezembro de 2004); Jubileu de Ouro Curso Ivete Freire 
Ibiapina (Manaus - 2005) Direção Geral e Orquestração da 
Ópera Infantil “O MILGRE DAS ROSAS” de Mário 
Mascarenhas apresentação em pauta para 17/12/05 
(Studio 5) e 23/12/05 (Teatro Amazonas). 28/07/06 
(Auditório da Prefeitura)
Artes Plásticas 
· Metas – Exposição Individual - desenho nanquim - (Manaus - 
1977) 21 nanquins (branco e preto); Uni-Verso – Exposição 
Individual – Óleo sobre tela - (Manaus - 1979) 21 telas (Tons 
de Cinza / Banco e Preto); IDEÁPOLIS - Maquete (1995-
1999); De Call tec – DEA – Ufam – (Manaus - 2001); Missões 
ICHL/UFAM – Multimídia (Manaus - 2002); Gennaio (Manaus 
– 2004 – Multimídia; Figurinos – Exposição SEMED Desenhos 
(2007) 
Literatura 
· HÁ MIL SÉCULOS ATRÁS - Ficção Científica (1976) inédito; 
Folha Morta – Poesia (coletânea) - 1981); Entrevista com 
Elie - Romance (1999) inédito; Visitas – (Memórias) – 2006-
2007) inédito;
· AUDE MUS OMES – História da evolução Musical (Manaus - 
1997); Guia prático de Teoria Musical – monografia (Manaus 
- 1996); Guia Prático de Técnica Vocal – monografia 
(Manaus - 1999); Guia Prático de Apreciação Musical – 
monografia (Manaus - 2000); Suplementos de Arte (SEMED, 
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Estética e filosofia
da arte
Currículo
do professor-autor
Manaus 2007) – Organizador; GENNAIO – Semiótica (análise 
da obra de Nick Nigth) Artigo Científico; (2004/2006); 
Lindalva Cruz – A pianista que fez da vida uma sinfonia 
(artigo -VIDA, Manaus, 2005); Estética e Filosofia da Arte 
(CED – EAD/UFAM 2007);
Teatro
Trilha sonora (autoria e execução)
· Vesti-blefá (1975 dir. Armando Louro Rosas); Drumond rima 
Bandeira (1976 dir. Sergio Cardoso); Razões ou de Tudo um 
Pouco (1976 dir. Armando Louro Rosas); Bumba meu boi 
bumbá (1982 dir. Fernando Estrela);
Texto (autoria e direção)
· O Louco (em cima do muro) – Teatro expressionista – 
psicodrama - (Rio de Janeiro – 1981, (Manaus – 2001/2004); 
O Corcunda de Notredame - Releitura estética e roteiro 
adaptado (drama) (Manaus – 2001/2005)
TV e Cinema
Pedrinho, Um Perfil Musical - Biografia - (TV E, Maurício 
Pollari – 1976); Brasilian Country and Peaple - 
Documentários (Jonh Mabye – 1981/1982); Inglês com 
Música / Sinal Aberto - (TV E, Fernando Lobo – 1982-1984); I 
love You - (Armando Menezes – 1985/1986); Silvino Santos 
(SEC, Sérgio Cardoso - 2004); Urdirura ( Francisco Carneiro 
– 2005); As Viagens de Alexandre Rodrigues (SEC, Dorineth 
Bentes - 2006); Desta vez eu Vou (animação, Francisco 
Carneiro – 2007).
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	3: introdução
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