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Microbiologia

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Mini curso - Microbiologia Geral 
Thalita Angélica Barbosa 1 
 
Semana da Biologia 2013 
Mini-curso: Microbiologia Geral 
CEDERJ – Volta Redonda / VRE 
 
 
Microbiologia Geral – Aula 1 
 
 
Olá a todos! Sejam bem vindos ao mini-curso de Microbiologia Geral. 
Neste curso, terei o prazer de ensiná-los um pouco mais sobre o maravilhoso e 
grandioso mundo dos micróbios. 
Ao longo do curso, você irá perceber que os micróbios fazem parte da sua 
vida mais do que imagina. 
 
E aí, estão prontos para mergulhar no mundo microscópio? 
 
 
O curso será dividido em 4 aulas, que abordarão os seguintes temas: 
 
• Microbiologia e os tipos de micróbios e sua utilização no dia a dia 
• Métodos de identificação microbiana por coloração 
• Doenças causadas por micróbios 
• Microbiologia ambiental 
 
 
Na primeira aula, vamos conhecer a Microbiologia no contexto histórico e 
teórico. Como os micróbios são utilizados no dia a dia de nossas vidas, e quais 
são os tipos de micróbios, suas formas e características que cada grupo 
apresenta. 
 
 
 
Qualquer dúvida, vocês poderão entrar em contato conosco através do fórum, 
que está disponível na página do mini-curso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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O que é Microbiologia? 
 
A Microbiologia (micro = pequeno; biologia = vida) é o ramo da Biologia que estuda os 
seres microscópicos, conhecidos como micróbios. Estes seres não são vistos a olho nu, e 
podem ser vistos apenas com microscópios. 
 
As principais áreas de atuação da Microbiologia são: 
 
 
• Microbiologia de Alimentos 
• Microbiologia Ambiental 
• Microbiologia Clínica 
• Micotoxinas 
• Microbiologia Industrial 
• Infecção hospitalar 
• Microbiologia Médica 
• Micologia 
• Parasito-Hospedeiro 
• Microbiologia do Solo 
• Microbiologia Veterinária 
• Virologia 
• Genética de Microrganismos e Bioinformática 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1: Culturas de Bactérias Gram Negativas - FIOCRUZ 
 
 
 
 
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O que são micróbios? 
 
Os micróbios foram os primeiros seres vivos a habitarem o planeta, e são indispensáveis a 
sobrevivência de qualquer ser vivo. Eles podem ser encontrados em qualquer ambiente da 
biosfera, incluindo lugares em que nenhum outro ser vivo conseguiria sobreviver. 
Eles são verdadeiros seres pré – históricos, pois estão no planeta há pelo menos, 3,9 bilhões 
de anos, antes do período Cambriano. 
 
Sua existência foi comprovada por Louis Pasteur, denominado o pai da Microbiologia. Ele 
realizou a experiência dos balões com caldo nutritivo, onde foram submetidos a fervura e 
abertos ao ar livre, em dois ambientes diferentes, na cidade e nos Alpes. Pasteur percebeu 
que os balões abertos na cidade contaminavam, ou seja, o ar estava contaminado (impuro), 
e os balões dos Alpes não contaminaram, passando a idéia de ar puro das montanhas. 
Pasteur mostrou que se os balões tivessem o gargalo longo, em formato de pescoço de 
ganso, o caldo continuaria estéril, pois as curvas do gargalo impediriam a chegada dos 
micróbios, apesar da passagem de ar não ser impedida. Esta experiência corroborou a idéia 
de que os seres vivos surgiam por espontaneidade. 
 
Pasteur também contribuiu com a técnica da PASTEURIZAÇÃO, onde produtores de 
vinhos, cervejas e leite não deparam com a acidificação gerada pela fermentação de 
micróbios. Pasteur descobriu que eles morriam quando submetidos a um aquecimento de 60 
°C seguindo de resfriamento. Este método é utilizado até hoje. 
 
Criou também a vacina contra o ANTRAZ, a cólera aviária e a vacina anti – rábica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2: Produção de vinho, queijos e pães - 
https://picasaweb.google.com/ferreira.cristina/FigurasBiotec20131?authuser=0&auth
key=Gv1sRgCIXrx4LKwczuhQE&feat=directlink 
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Utilização dos micróbios no dia a dia 
 
Os micróbios são úteis em todos os momentos de nossa vida. 
Você sabia que, graças a fermentação de fungos, podemos fazer pão e vinho? Que bactérias 
são usadas para a produção de etanol, para servir de biocombustivel? 
 
Os micróbios não causam só doenças, eles nos proporcionam mais benefícios que 
malefícios. 
 
Eles são utilizados na fabricação de antibióticos, como a Penicilina, são usados em vacinas, 
fornecem vitaminas, como as do complexo B, quando transformados geneticamente, nos 
fornecem insulina e outros hormônios. 
Alguns podem penetrar em células vegetais, sendo o vetor para transportar genes de uma 
planta a outra. Conseguem captar o nitrogênio do ar, vivendo em simbiose com raízes de 
plantas, suprindo-as de metabólitos nitrogenados. 
 
Hoje em dia, são muito utilizados na degradação de resíduos industriais e domésticos, 
ajudando na despoluição de mares, lagos e rios. Também podem degradar resíduos 
provenientes do petróleo, como o plástico em lixões ou óleo diesel de navios. 
 
Na produção de combustível, a fermentação da matéria prima, como a cana de açúcar, 
produz o etanol, que será usado depois de destilado. 
 
Em nosso corpo, também estão presentes, fazem parte de nossa microbiota. Vivem em 
simbiose com nosso organismo, associados a epiderme e mucosas que revestem nosso 
corpo. Podemos citar o fungo Candida albicans, que vive associado a biota vaginal, 
atuando como defesa da vagina contra outros micróbios. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 3: Vacina H1N1 – Deise Batista 
 
 
 
 
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Tipos de Micróbios 
 
Os micróbios podem ser: 
 
• Vírus 
• Bactérias 
• Fungos 
• Protozoários 
 
Vírus 
 
Os vírus são os menores e mais simples microorganismos que existem. São muito menores 
que células eucariotas e procariotas, ao contrário destas, possuem uma estrutura simples e 
estática. 
Não possuem metabolismo próprio. Dependem da maquinaria celular para a sua replicação 
(parasitas intracelulares obrigatórios). Possuem DNA ou RNA como genoma, mas não 
possuem ribossomos e outros fatores necessário para a produção de proteínas. Por isso 
necessitam das funções e do metabolismo celular para produzir suas proteínas e se 
multiplicar. 
O genoma viral, ácido ribonucléico (RNA) ou desoxirribonucléico (DNA), codifica as 
informações mínimas para: 1. Assegurar a sua replicação; 2. Empacotar o seu genoma e 3. 
Subverter funções celulares em seu benefício. 
Alguns vírus infectam células procariotas (bacteriófagos); outros infectam células 
eucariotas. Alguns vírus destroem as células infectadas, produzindo enfermidades; outros 
persistem em estado latente ou persistente na célula; e outros podem causar transformação 
tumoral nas células infectadas. 
 
Estrutura viral 
• Os vírus são compostos, pelo menos, do genoma de ácido nucléico RNA ou DNA e 
uma cobertura de proteínas. Muitos vírus possuem uma membrana externa adicional 
denominada envelope. 
• A cobertura protéica ou capsídeo de um vírion (vírus completo) é composta de 
cópias múltiplas de uma ou mais tipos de proteínas. Essas proteínas se associam 
entre si, formando unidades estruturais denominadas capsômeros.
• O conjunto do genoma mais o capsídeo de um vírion é denominado de 
nucleocapsídeo. 
• Os vírus mais simples não possuem envelope e possuem RNA ou DNA de cadeia 
simples. 
• Os vírus envelopados contêm uma membrana externa que recobre o nucleocapsídeo. 
Essa membrana externa (ou envelope) é derivada de membranas da célula 
hospedeira (nuclear, do aparelho de Golgi, do retículo endoplasmático ou membrana 
plasmática). Assim como essas membranas, o envelope é constituído de uma 
membrana lipídica dupla com proteínas nela inseridas. 
• As proteínas do envelope viral são codificadas pelo seu genoma. 
• Alguns vírus, como os bacteriófagos, possuem caudas protéicas complexas que são 
necessárias para a ancoragem e introdução do genoma viral na célula hospedeira. 
 
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Vacina 
 
Contém agentes infecciosos inativados ou atenuados, que induzem a produção de 
anticorpos no organismo. Esses agentes podem ser vírus ou bactérias. 
 
Bactérias 
 
É importante reforçar que o tamanho das bactérias é da ordem de milésimos de milímetro, 
ou seja, micrômetros (mm), podendo, no entanto, serem observadas em microscopia óptica, 
o que não ocorre com os vírus, que, possuidores de dimensões inferiores a 0,2 mm (limite 
de visibilidade do microscópio ótico), não podem ser observados neste instrumento. 
A maioria das bactérias estudadas nos laboratórios de Microbiologia mede de 0,5 a 1,0 mm 
de diâmetro por 2,0 a 5,0 mm de comprimento. 
 
As bactérias podem se apresentar em três tipos morfológicos fundamentais: 
 
• Bastonetes ou Bacilos 
 
Bastonetes longos ou curtos com extremidade reta ou de ponta arredondada, ou ainda 
curvos, em forma de vírgula. 
 
• Espirilos 
 
Forma de hélice, saca-rolha, ou espiralar. 
 
• Cocos 
 
Podem ser esféricos, elípticos, em forma de ponta de lança, riniformes, etc. 
 
Os cocos podem formar diferentes arranjos, de acordo com a sua divisão celular (em plano 
único, ou em mais planos): 
 
. Diplococos. Cocos agrupados 2 a 2 (divisão em um único plano). 
 
. Estreptococos. Vários cocos dispostos em cadeia, similar a um cordão de pérolas. (divisão 
em um único plano). 
 
. Tétrades. Grupos de 4 cocos unidos (divisão em 2 planos). 
 
. Sarcinas. Grupos de 8 cocos unidos, de forma semelhante a um cubo (divisão em 3 
planos). 
 
. Estafilococos. Cocos agrupados de forma aleatória, semelhante ao formato de um cacho 
de uvas (divisão em muitos planos). 
 
Os bastonetes (ou bacilos) não se dispõem em tantos arranjos como os cocos, sendo que, na 
sua grande maioria, se apresentam de forma isolada. Porém, ocasionalmente podem ocorrer 
aos pares (diplobacilos) ou em cadeias (estreptobacilos). Dependendo do gênero, fase de 
crescimento ou da composição do meio de cultura, estas bactérias podem também 
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apresentar arranjos diferenciados, como crescimento em paliçada ou letras chinesas 
(Corynebacterium/Difteria). 
Quando os bastonetes são muito curtos, podemos encontrar alguns autores denominando-os 
cocobacilos. 
 
Os espirilos ocorrem, predominantemente, como células isoladas. 
Exibem, porém, nítidas diferenças em relação ao comprimento, largura, número e 
amplitude dos espirais. 
 
Citologia 
 
Quanto à parte de Citologia bacteriana, não pretendemos nos estender neste assunto, porém 
gostaríamos de comentar que as bactérias são seres procarióticos, ou seja, desprovidos de 
membrana nuclear (também chamada de carioteca). Elas não possuem todas as estruturas 
internas das células eucarióticas, sendo mais simples em todos os níveis, menos no seu 
envoltório celular. Para se ter uma idéia, citaremos os principais elementos estruturais das 
bactérias: 
 
• Parede celular 
 
Responsável pela forma, rigidez bacteriana, divisão celular e muitas vezes manutenção 
osmótica, com uma espessura de aproximadamente 10 a 20 mm é formada, entre outras 
substâncias, por um complexo macromolecular, conhecido como mucocomplexo (também 
chamado de peptidoglicano, mureína, mucopeptídio ou glicopeptídio). 
A parede celular varia de acordo com o tipo de bactéria, caracterizando os tipos, em Gram-
positivas e Gram-negativas. 
Nas Gram-positivas a camada de peptídeoglicano (mureína) cobre a membrana plasmática 
da célula. 
Nas Gram-negativas, além de a camada de mureína ser menos espessa, existe ainda uma 
segunda camada, que é a membrana externa. 
 
• Membrana celular ou membrana citoplasmática bacteriana 
 
Também chamada de membrana plasmática. Constituída de fosfolipídios e proteínas, sua 
estrutura é semelhante a dos organismos não procarióticos, todavia, com exceção do grupo 
bacteriano dos micoplasmas, não possuem esteróis. Trata-se de uma membrana 
semipermeável, seletiva, sede de várias enzimas, que limita o citoplasma. Importante, não 
só para o transporte de íons e metabólitos (ex.: enzimas permeases e porinas), ela também 
atua em numerosos processos biossintéticos. 
 
• Citoplasma 
 
A célula bacteriana apresenta no seu citoplasma diferentes regiões, que podem ser divididas 
didaticamente. Uma área chamada citoplasmática, de aparência granular e rica em RNA, 
uma área chamada de cromatínica ou nuclear, rica em DNA, e uma porção fluída, com 
nutrientes dissolvidos. 
Na área chamada citoplasmática, temos, juntamente com o RNA, partículas protéicas, 
formando corpúsculos com cerca de 20 nm de diâmetro, chamados ribossomas. Estes 
possuem enzimas que atuam na biossíntese da célula (são responsáveis pela síntese 
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protéica, possuindo em sua composição, aproximadamente, 60% de RNA e 40% de 
proteínas). 
Como já dissemos, as bactérias não possuem membrana nuclear e nem aparato mitótico. Na 
área cromatínica, temos o chamado nucléolo ou nucleoide, composto por um cromossomo 
de DNA de dupla hélice, em sua grande maioria na forma de uma molécula única circular 
(algumas bactérias, como o Vibrio cholerae, podem possuir mais de um cromossomo; e 
outras, como a Borrelia burgdorferi, possuem um cromossomo linear). O cromossomo é 
possível de ser caracterizado em cultura de células jovens tratadas com HCl, a fim de 
destruir o RNA citoplasmático, seguido de coloração, pelo método de Giemsa. 
 
Outras estruturas 
 
Alguns elementos podem estar presentes, ou não, em determinados gêneros bacterianos. 
Podendo, muitas vezes, além de sua função para a própria célula, nos auxiliar na 
taxonomia: 
 
• Grânulos ou inclusões citoplasmáticas - Podem ser visualizados através de 
colorações especiais, pois geralmente são refringentes. Sua natureza varia de 
acordo com o organismo, porém sua função é sempre de armazenamento. 
Encontrando-se reservas de glicogênio, amido, fosfatos, enxofre, etc. 
 
• Plasmídeo - Estrutura de DNA circular extracromossomial, de duplicação 
independente (replicon), localizada no citoplasma da célula (menor que o cromossomo), 
que não é responsável por características essenciais da bactéria. Geralmente se apresentam 
com várias cópias, não possuindo homologia com o cromossomo, mas capacidade de 
conferir várias vantagens seletivas (ex.: resistência a antibióticos), podendo, inclusive, ser 
transferidos para outras bactérias. Essas estruturas têm sido largamente utilizadas, na 
atualidade, na engenharia genética. 
 
• Flagelos - São estruturas de locomoção formadas por apêndices muito finos, 
compostos de flagelina (proteína), e se encontram presentes em algumas bactérias. O 
flagelo apresenta três componentes: uma estrutura basal, uma similar a um gancho e um
longo filamento externo à parede celular. O seu comprimento geralmente é várias vezes o 
da célula, contudo, seu diâmetro é uma pequena fração do diâmetro celular (10 a 20 nm). 
Podem ser únicos ou múltiplos, polares ou peritríquios (em todo corpo bacteriano), 
auxiliando, desta forma, em estudos taxonômicos. 
Apesar destas estruturas estarem categoricamente ligadas à locomoção 
bacteriana, algumas bactérias podem se movimentar por outros meios, 
como, por exemplo, o deslizamento provocado pelo fluxo 
protoplasmático. 
 
• Pili ou fímbria - São apêndices filamentosos compostos de pilina (proteína) 
encontrados em algumas bactérias Gram-negativas, mais finos, mais curtos e geralmente 
mais numerosos que os flagelos. De acordo com sua estrutura, podem desempenhar duas 
funções de grande importância: a aderência a superfícies e como pili sexuais, permitindo a 
fixação de células doadoras e receptoras, servindo como porta de entrada para material 
genético na conjugação bacteriana. 
 
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• Esporos (endosporos) - Essas estruturas são produtos de uma resposta ao meio 
ambiente e podem ser formadas em alguns gêneros bacterianos (ex.: Bacillus e 
Clostridium), são refringentes aos corantes e altamente resistentes a agentes físicos e 
químicos. Formam-se quando o meio se torna inadequado para a sobrevivência da bactéria 
em sua forma vegetativa (ex.: escassez de água ou nutrientes). Cada célula forma um único 
esporo, que é liberado quando a bactéria morre. Sua composição se caracteriza por alto teor 
de cálcio associado ao ácido dipicolínico, relacionado à desidratação e à alta resistência, 
inclusive térmica. Essas estruturas permitem a manutenção de microrganismos em forma 
esporulada (latente ou em repouso), por longos anos, no ambiente, sendo consideradas 
notáveis estratégias de sobrevivência, já que podem reverter à forma vegetativa quando o 
local se torna viável novamente para sua sobrevida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 4 – Colônias bacterianas – FIOCRUZ 
 
Fungos 
 
Fungos são organismos eucarióticos quimio-heterotróficos, absorvem componentes 
orgânicos como fonte de energia. São aeróbios em sua grande maioria, mas alguns fungos 
anaeróbicos estritos e facultativos são conhecidos. Podem ser uni ou multicelulares e 
reproduzem-se sexuada ou assexuadamente. Alguns fungos apresentam ciclo parassexuado. 
Possuem parede celular rígida que pode ser composta de celulose, glicanas, mananas ou 
quitina e membrana celular com esteróis presentes. Seu principal material de reserva é o 
glicogênio. 
 
Fungos unicelulares 
 
As leveduras são fungos unicelulares não-filamentosos, caracteristicamente esféricas ou 
ovais. 
Reproduzem-se por brotamento e formam colônias pastosas ou cremosas. 
 
 
 
 
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Fungos multicelulares 
 
As colônias algodonosas, aveludadas ou pulverulentas são formadas por fungos de 
organização multicelular, os fungos filamentosos. O corpo de um fungo filamentoso é 
composto de longos filamentos de células conectadas, as hifas. Quando elas são divididas 
em unidades celulares uninucleadas, são chamadas hifas septadas. Os septos possuem poros 
que fazem com que o citoplasma das células se comunique. Em algumas classes de fungos 
as hifas não têm septos e são denominadas cenocíticas. 
 
Fungos dimórficos 
 
Fungos que exibem forma de crescimento uni e multicelular. Apresentam forma de 
levedura in vivo e a 37ºC, mas quando cultivados a 25ºC apresentam forma filamentosa. 
Outros fatores que regulam o dimorfismo são a concentração de CO2 e pH do meio. 
 
São amplamente encontrados na natureza, e os processos empregados na obtenção de 
energia são a respiração e fermentação, sendo o último mais característico das leveduras. 
Diferentes fontes de carbono são utilizadas, incluindo carboidratos complexos como a 
lignina (componente da madeira) para a síntese de carboidratos, lipídeos, ácidos nucléicos e 
proteínas. Essas diferenças são utilizadas na taxonomia, conjuntamente com a morfologia. 
Nenhum fungo é capaz de fixar nitrogênio. Esse pode ser obtido na forma de nitrato, nitrito, 
amônia ou nitrogênio orgânico, dependendo do fungo em questão. 
Desenvolvem-se em locais com baixa umidade e com concentrações relativamente altas de 
sais e açúcares. O pH ótimo para seu crescimento é próximo a cinco. Quase todos os fungos 
são aeróbios, enquanto a maioria das leveduras é anaeróbia facultativa. Seu crescimento e 
esporulação são influenciados por estes fatores e pela temperatura, teor de oxigênio, 
pressão, luz, radiações, entre outros. 
 
Se reproduzem assexuada ou sexuadamente. 
 
Reprodução assexuada 
 
• Brotamento: A célula parental forma um broto na sua superfície externa. Á medida 
que o broto se desenvolve, o núcleo da célula parental se divide e um dos núcleos 
migra para o broto. O material da parede celular é então sintetizado entre o broto e a 
célula parental, separando-os. Algumas leveduras produzem brotos que não se 
separam e formam uma pequena cadeia de células chamada de pseudo-hifa ou 
pseudo-micélio. 
• Fragmentação da hifa: As hifas crescem por alongamento das extremidades. Um 
fragmento quebrado pode se alongar para formar uma nova hifa. 
• Esporos: Formados pelas hifas, quando germinam tornam-se clones do indivíduo 
parental. 
 
Tipos de esporos 
 
• Conidiósporo ou conídio: produzidos em cadeia na extremidade de um conidióforo. 
• Artrósporo ou artroconídios: resultam da fragmentação de uma hifa septada células 
únicas, pequenas e levemente espessas. 
• Blastoconídio: formados a partir de brotos de uma célula parental. 
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• Clamidósporo: formado por um arredondamento e alargamento no interior de um 
segmento de hifa. 
• Esporangiósporo: formados dentro dos esporângios na hifa reprodutiva. 
 
Reprodução sexuada 
 
Espécies são heterotálicas quando os indivíduos apresentam gametas de células doadoras 
(+) e de células receptoras (-) localizadas em talos separados ou quando apresentam ambos 
os sexos, mas estes são auto-incompatíveis. Espécies hermafroditas são representadas por 
indivíduos que produzem gametas (+) e (-) compatíveis no mesmo talo. 
O tecido é denominado dicariótico quando existem dois núcleos compatíveis na mesma hifa 
e heterocariótico quando existem mais de dois tipos de núcleo na mesma hifa. 
 
O esporo sexual resulta de três etapas: 
 
• Plasmogamia: um núcleo haplóide de uma célula doadora penetra no citoplasma da 
célula receptora. 
• Cariogamia: Os núcleos e se fundem para formar um zigoto diplóide. 
• Meiose: O núcleo diplóide origina um núcleo haplóide (esporos sexuais, dos quais 
alguns podem ser recombinantes genéticos). 
 
Processos de fecundação 
 
• Conjugação planogamética: envolve o encontro de gametas móveis. 
• Conjugação gametangial: ocorre plasmogamia. 
• Contato gametangial: quando núcleo masculino passa para o gameta feminino 
• Espermatização: o gameta masculino (aplanósporo) desprende-se do micélio 
aderindo ao gameta feminino que permanece fixo ao talo. 
• Somatogamia: hifas somáticas pouco ou não diferenciadas entram em contato, e 
então ocorre a fusão e a transferência de gametas. 
 
Podem ser classificados em: 
 
Mastigomycotina: fungos aquáticos, hifas asseptadas, esporos flagelados. 
 
Zygomycotina: hifas asseptadas, reprodução sexuada com a formação do zigósporo. 
Reprodução assexuada pela formação do esporangiósporo.
Ascomycotina: Incluem fungos com hifas septadas e algumas leveduras. Seus esporos 
assexuais são normalmente conídios. Ascósporos são esporos sexuados que se originam da 
fusão do núcleo de duas células numa estrutura em forma de saco, o asco. 
 
Basidiomycotina: Fungos de hifas septadas que produzem cogumelos. Esses fungos 
produzem esporos provenientes da reprodução sexuada exógena, os basidiósporos. 
 
Deuteromycotina: fungos de hifas septadas, não apresentam reprodução sexuada, porém 
alguns têm o ciclo parassexuado. As principais espécies patogênicas para o homem e 
animais estão nesta subdivisão. 
 
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Protozoários 
 
O Reino Protista agrupa organismos eucariontes, unicelulares, autótrofos e heterótrofos. 
Neste reino se colocam as algas inferiores: euglenófitas, pirrófitas (dinoflagelados) e 
crisófitas (diatomáceas), que são Protistas autótrofos (fotossintetizantes) e os protozoários, 
que são Protistas heterótrofos. 
Eles habitam a água e o solo. Este reino é constituído por cerca de 65.000 espécies 
conhecidas, das quais 50% são fósseis e o restante ainda vive hoje; destes, 
aproximadamente 25.000 são de vida livre, 10.000 espécies são parasitos dos mais variados 
animais e apenas cerca de 30 espécies atingem o homem. 
Os protozoários apresentam grandes variações, conforme o meio a que estejam adaptados. 
Podem ser esféricos, ovais ou mesmo alongados. Alguns são revestidos de cílios, outros 
possuem flagelos, e existem ainda os que não possuem nenhuma organela locomotora 
especializada. 
Encontramos os seguintes tipos de reprodução: 
Assexuada 
• divisão binária ou cissiparidade; 
• brotamento ou gemulação; 
• esquizogonia: é uma fissão múltipla; o núcleo se divide múltiplas vezes antes da 
célula se dividir. Após a formação de vários núcleos, uma pequena porção do 
citoplasma se concentra ao redor de cada núcleo e então, uma única célula se separa 
em células-filhas. 
Sexuada 
Existem dois tipos de reprodução sexuada: 
• conjugação: união temporária de dois indivíduos, com troca mútua de materiais 
nucleares. 
• singamia ou fecundação: união de microgameta e macrogameta formando o ovo 
ou zigoto, o qual pode dividir-se para fornecer um certo número de esporozoítos. O 
processo de formação de gametas recebe o nome de gametogonia e o processo de 
formação dos esporozoítos recebe o nome de esporogonia. 
Quanto ao tipo de alimentação, os protozoários podem ser: 
• holofíticos ou autotróficos: são os que, a partir de grãos ou pigmentos 
citoplasmáticos (cromatóforos), conseguem sintetizar energia a partir da luz solar 
(fotossíntese); 
• holozóicos ou heterotróficos: ingerem partículas orgânicas, digerem-nas (enzimas) 
e, posteriormente, expulsam os metabólitos. Essa ingestão se dá por fagocitose 
(ingestão de partículas sólidas) ou pinocitose (ingestão de partículas líquidas); 
• saprozóicos: "absorvem", substancias inorgânicas, já decompostas e dissolvidas em 
meio líquido; 
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• mixotróficos: quando são capazes de se alimentar por mais de um dos métodos 
acima descrito. 
A movimentação dos protozoários é feita com auxílio de uma ou associação de duas ou 
mais das organelas abaixo: 
• Pseudópodes: são expansões citoplasmáticas transitórias que a célula emite para se 
locomover e capturar alimentos. 
• Flagelos: são prolongamentos da cutícula formando filamentos longos. São dotados 
de movimentos ondulatórios e serpenteados, permitindo o deslocamento da célula e 
a captura de alimento. 
• Cílios: tem as mesmas estruturas dos flagelos, diferindo por serem menores e 
aparentemente em grande número, movimentando-se em conjunto. Seu batimento 
produz uma corrente que facilita a captura de alimentos e locomoção. 
 
Referências bibliográficas: 
UFSC - 
http://www.enq.ufsc.br/labs/probio/disc_eng_bioq/trabalhos_pos2004/microorganismos/PR
OTOZOARIOS.htm 
Instituto Butantan - www.butantan.gov.br/home/micro_cd_aula4 
UFMG - http://www.icb.ufmg.br/mic/ 
FIOCRUZ/IOC 
TINDALL, B. J. et al. Nomenclature and taxonomy of the genus Salmonella. Germany. Int. 
J. Syst. Evol. Microbiol. v. 55, p. 521-524, 2005. 
 
TORTORA, G. J. ; FUNKE, B. R. ; CASE, C. L. Microbiologia. 8. ed. Porto Alegre: 
Artmed, 2005. 894 p. 
 
OPAS, ANVISA, REDE RM, CGLAB/SVS/MS. Medidas de prevenção e controle da 
resistência microbiana e programa de uso racional de antimicrobianos em serviços de 
saúde. São Paulo: Disciplina de Infectologia da UNIFESP, 2007. 
OPLUSTIL, C. P. et al. Procedimentos básicos em Microbiologia clínica. 2a ed. São Paulo: 
Sarvier, 2004. 340p.

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