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CIÊNCIAS JURÍDICAS 
PSICOLOGIA APLICADA AO DIREITO (CCJ 0004) 
PROFESSOR: ADELMO SENRA GOMES 
(adelmooprofessor20132@bol.com.br) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TÓPICOS A SEREM ABORDADOS EM SALA DE AULA 
(Obs.: A leitura e os estudos dos textos a seguir deverão ser feitos conjuntamente 
aos textos das três Apostilas disponibilizadas pela Universidade!) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2013.2 
 
 
 
Temas a serem abordados 
 
Aula 1 – Introdução do Estudo da Psicologia 
História da psicologia e sua importância para o direito; 
Psicologia científica X Psicologia do senso comum; 
Objeto de estudo da psicologia; 
Fenômenos psicológicos e sua importância. 
 
Aula 2 – Desenvolvimento humano: aspectos psicossociais 
Conceito de desenvolvimento humano; 
Hereditariedade e meio ambiente; 
Teoria do desenvolvimento psicossocial. 
 
Aula 3 – Personalidade: definições, determinantes e formação 
Personalidade: definição; 
Formação e determinantes da personalidade; 
Estruturas clínicas da personalidade. 
 
Aula 4 – Gênero: representações sociais 
Conceito de gênero; 
Sexualidade e gênero; 
Identidade de gênero e orientação sexual; 
Violência de gênero. 
 
Aula 5 – A família: relações afetivas e tipos de famílias na contemporaneidade 
A formação das relações afetivas; 
Formação da família; 
Funções da família; 
Tipos de família. 
 
Aula 6 – Influências sociais, preconceitos, estereótipos e discriminação 
Construção de estigmas; 
A Lei Federal nº 10.216 (Lei Paulo Delgado). 
 
Aula 7 – Aspectos psicológicos das relações humanas. Comportamento antissocial e violência 
Lei simbólica e Lei Jurídica; 
Definição de violência e agressividade; 
Formas de violência; 
Comportamentos antissociais; 
Transtorno de personalidade antissocial: características e consequências. 
 
Aula 8 – A psicologia, o judiciário e a busca pelo ideal de Justiça – Justiça Restaurativa. Métodos 
autocompositivos de resolução de conflitos. 
Direito e Justiça; 
Justiça Restaurativa X Justiça Tradicional 
Mecanismos autocompositivos de resolução de conflitos. 
 
Aula 9 – As práticas “psi” e suas aplicações no contexto jurídico: área de família 
O trabalho do psicólogo nas varas de família; 
A guarda de crianças e adolescentes; 
O processo de alienação parental e suas consequências legais e psicológicas. 
 
Aula 10 - As práticas “psi” e suas aplicações no contexto jurídico: área da infância, juventude e 
idoso 
 
 
A importância do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA); 
Tipos de violência contra criança e adolescentes; 
O processo de adoção e suas etapas; 
O Estatuto do Idoso e a violência contra o idoso; 
O trabalho do psicólogo no Juizado da Infância, Juventude e do Idoso. 
 
Aula 11 - As práticas “psi” e suas aplicações no contexto jurídico: área da infância e juventude 
O Código de Menores e o ECA quanto aos adolescentes em conflito com a lei; 
Medidas socioeducativas; 
O processo de inclusão social dos adolescentes em conflito com a lei; 
O trabalho do psicólogo no Juizado da Infância e Juventude. 
 
Aula 12 - As práticas “psi” e suas aplicações no contexto jurídico: área criminal e sistema 
penitenciário 
O trabalho do psicólogo na área criminal; 
O Sistema Penitenciário Brasileiro – aspectos sociais; 
O trabalho do psicólogo no Sistema Penitenciário. 
 
Aula 13 – Avaliação psicológica no Judiciário. Documentos elaborados pelo psicólogo. Alguns 
itens do Código de Ética dos psicólogos. 
O processo de avaliação psicológica no judiciário: questões fundamentais; 
Perito psicológico X Assistente técnico; 
Breve apresentação sobre os documentos elaborados pelo psicólogo no judiciário; 
Algumas questões éticas ligadas ao psicólogo que presta serviço ou trabalha no judiciário. 
 
Aula 14 – Revisão da matéria até a aula 6. 
 
Aula 15 – Revisão da matéria da aula 7 em diante. 
 
 
 
 
 
 
 
CALENDÁRIO ACADÊMICO 2013.2 (1º PERÍODO) 
 
 DIAS DA SEMANA 
2ª FEIRA 3ª FEIRA 4ª FEIRA 5ª FEIRA 6ª FEIRA 
 
AGO 
12 (Início) 13 14 15 16 
19 20 21 22 23 
26 27 28 29 30 
 
 
SET 
02 03 04 05 06 
09 10 11 12 13 
16 17 18 19 20 
23 24 25 26 27 
30 
 
 
OUT 
 01 02 03 (AV1) 04 (AV1) 
07 (AV1) 08 (AV1) 09 (AV1) 10 11 
14 15 (Feriado) 16 17 18 
21 22 23 24 25 
28 29 30 31 
 
 
NOV 
 01 
04 05 06 07 08 
11 12 13 14 15 (Feriado) 
18 19 20 (Feriado) 21 (AV2) 22 (AV2) 
25 (AV2) 26 (AV2) 27 (AV2) 28 29 
 
DEZ 
02 03 04 05 (AV3) 06 (AV3) 
09 (AV3) 10 (AV3) 11(AV3) 12 13 
16 (Fim) 
OBS:. O prazo para postagem dos trabalhos relativos às aulas de 1 a 6 esgota-se 
às 24 horas do dia 25 de Setembro; o prazo para postagem dos trabalhos 
relativos às aulas de 7 a 13 esgota-se às 24 horas do dia 07 de Novembro. Tais 
prazos não serão prorrogados em hipótese alguma! 
 
 
Humor... 
 
 
AULA 1 
História da psicologia 
 
“O berço da Psicologia moderna foi a Alemanha do final do 
século 19 [1879]. Wundt, Weber e Fechner trabalharam 
juntos na Universidade de Leipzig. Seguiram para aquele 
país muitos estudiosos dessa nova ciência, como o inglês 
Edward B. Titchner e o americano William James. 
Seu status de ciência é obtido à medida que se "liberta" da 
Filosofia, que marcou sua história até aqui, e atrai novos 
estudiosos e pesquisadores, que, sob os novos padrões de 
produção do conhecimento, passam a: 
definir seu objeto de estudo (o comportamento, a vida 
psíquica, a consciência); 
delimitar seu campo de estudo, diferenciando-o de outras 
áreas de conhecimento, como a Filosofia e a Fisiologia; 
formular métodos de estudo desse objeto; 
formular teorias enquanto um corpo consistente de 
conhecimentos na área. 
Essas teorias devem obedecer aos critérios básicos da 
metodologia científica, isto é, deve-se buscar a neutralidade 
do conhecimento científico, os dados devem ser passíveis de 
comprovação, e o conhecimento deve ser cumulativo e 
servir de ponto de partida para outros experimentos e 
pesquisas na área. 
Embora a Psicologia científica tenha nascido na Alemanha, é nos Estados Unidos que 
ela encontra campo para um rápido crescimento, resultado do grande avanço 
econômico que colocou aquele país na vanguarda do sistema capitalista. Nos Estados 
Unidos surgem as primeiras abordagens ou escolas da Psicologia, as quais deram 
origem às inúmeras teorias que existem atualmente.” (BOCK; FURTADO, 
TEIXEIRA, 2008, p.41 – as chaves e os negritos são meus) 
 
A importância da Psicologia para o Direito 
 
Na busca pelo ideal de justiça e por uma melhor compreensão 
do que é o justo”, por vezes, tanto o Direito quanto as 
Ciências Jurídicas socorrem-se de várias outras disciplinas 
científicas. 
O Direito e as Ciências Jurídicas necessitam, por exemplo, de 
informações a respeito do comportamento e dos processos mentais (suas causas, 
consequências para o sujeito e para a sociedade, seus transtornos psíquicos etc). A 
ciência, portanto, que poderá fornecer tais informações é a Psicologia. Analise os 
quadros a seguir: 
 
 
 
Wundt, W. 
(1832-1920) 
 
 
Fechner, G.T 
(1801-1887) 
 
 
Weber, E.H. 
(1795-1878) 
 
Titchner, E.B. 
(1867-1920) 
 
 
James, W. 
(1842-1910) 
 
 
RELAÇÕES INTERDISCIPLINARES
(ÂMBITO EPISTEMOLÓGICO - PESQUISA)
RELAÇÕES MULTIDISCIPLINARES
(ÂMBITO DO JUDICIÁRIO - PROCESSO)
CIÊNCIAS
JURÍDICAS
MEDICINA SOCIOLOGIA PSICOLOGIAFILOSOFIA ETC.
JUSTIÇA
OPERADORES
DO DIREITO
PSICÓLOGOS
JURÍDICOS
MÉDICOS
Etc.
ASSISTENTES
SOCIAIS
ENGENHEIROS
CONTABILISTAS
 
 
São contribuições da Psicologia na sua relação com o Direito: 
“[...] avaliar aspectos emocionais e intelectuais de adultos, adolescentes e crianças 
relacionados com processos jurídicos desde sanidade, eficiência mental, contestações 
de testamentos, adoções, posse e guarda de menores, tutelados ou curatelados, através 
de metodologia psicológica ou psicométrica; possibilitar a avaliação de características 
de personalidade, bem como fornecer subsídios ao processo judicial com atenção aos 
dados psicológicos; atuar como perito judicial ou formalizando pareceres e laudos nas 
varas cíveis, criminais, Justiça do Trabalho, da família, da criança e do adolescente, 
com a finalidade de realizar orientação, tanto aos Juízes para fundamentarem suas 
decisões, quanto para orientarem as partes; prestar esclarecimentos informativos 
técnicos em audiências, quando necessário; dar encaminhamentos judiciais através de 
petições de documentos necessários a execuções e juntada aos autos de perícias; [...]” 
(ZOLET, 2009, p. 296) 
 
“[...] Seu trabalho tem sido também o de informar, apoiar, acompanhar e dar 
orientação pertinente a cada caso atendido nos diversos âmbitos do sistema judiciário. 
Há uma preocupação praticamente inexistente antes com a promoção de saúde mental 
dos que estão envolvidos em causas junto à Justiça, como também de criar condições 
que visem a eliminar a opressão e a marginalização. [...]” (ALTOÉ, (s.d.)) 
 
 
 
Psicologia científica X Psicologia do senso comum 
 
O QUE É CIÊNCIA? 
“A ciência compõe-se de um conjunto de conhecimentos sobre 
fatos ou aspectos da realidade (objeto de estudo), expresso 
por meio de uma linguagem precisa e rigorosa. Esses 
conhecimentos devem ser obtidos de maneira programada, 
sistemática e controlada, para que se permita a verificação de sua validade. Assim, 
podemos apontar o objeto dos diversos ramos da ciência e saber exatamente como 
determinado conteúdo foi construído, possibilitando a reprodução da experiência. 
Dessa forma, o saber pode ser transmitido, verificado, utilizado e desenvolvido. 
Essa característica da produção científica possibilita sua continuidade: um novo 
conhecimento é produzido sempre a partir de algo anteriormente desenvolvido. 
Negam-se, reafirmam-se, descobrem-se novos aspectos, e assim a ciência avança. 
Nesse sentido, a ciência caracteriza-se como um processo. [...]” (BOCK; FURTADO, 
TEIXEIRA, 2008, p.20 – os negritos são meus) 
 
A PSICOLOGIA É UMA CIÊNCIA? 
1ª RESPOSTA: SIM, pois os conhecimentos construídos pela pesquisa psicológica 
possuem todas as características do conhecimento científico. Os conhecimentos da 
psicologia, p.ex., baseiam-se em FATOS! Mas, que fatos seriam esses? 
 
1º FATO: O comportamento dos seres vivos. 
Definição de comportamento: O comportamento é um fenômeno 
objetivo e pode ser definido como sendo “toda forma de “[...] 
resposta ou atividade observável realizada por um ser vivo.” 
(WEITEN, 2002, p. 520) 
 
TIPOS DE COMPORTAMENTOS 
 
1º) Motores (movimentos e expressões); 
2º) Sonoros (ruídos ou discursos – este último, somente nos seres humanos). 
 
2º FATO: Os processos mentais dos seres vivos. 
Definição de processo mental: São todas as nossas experiências mentais 
subjetivas. Por exemplo, sensações, percepções, sonhos, memórias, 
pensamentos, sentimentos, inteligência etc. 
 
A PSICOLOGIA É UMA CIÊNCIA? 
RESPOSTA: SIM, pois seus instrumentos de pesquisa são 
rigorosamente científicos. Por exemplo, a experimentação, as pesquisas 
de campo, os levantamentos etc. 
 
Objeto de estudo da psicologia 
 
 
 
Psicologia do senso comum 
 
Usamos o termo psicologia no nosso cotidiano com vários sentidos. Por exemplo, 
quando falamos do poder de persuasão do vendedor, dizemos que ele usa de 
“psicologia” para vender seu produto; quando nos referimos à jovem estudante que 
usa seu poder de sedução para atrair o rapaz, falamos que ela usa de “psicologia”; e 
quando procuramos aquele amigo, que está sempre disposto a ouvir nossos 
problemas, dizemos que ele tem “psicologia” para entender as 
pessoas. 
Será essa a psicologia dos psicólogos? Certamente não. Essa 
psicologia, usada no cotidiano pelas pessoas em geral, é 
denominada de psicologia do senso comum. Mas nem por isso 
deixa de ser uma psicologia. O que estamos querendo dizer é que 
as pessoas, normalmente, têm um domínio, mesmo que pequeno e superficial, do 
conhecimento acumulado pela Psicologia científica, o que lhes permite explicar ou 
compreender seus problemas cotidianos de um ponto de vista psicológico.” [...] 
(BOCK; FURTADO, TEIXEIRA, 2008, p.16) 
*** 
 
FIXAÇÃO - Texto de Apoio – Caderno de Introdução à Psicologia – p. 7, 23 a 29 
 
 
AULA 2 
 
Conceito de desenvolvimento humano 
 
“O desenvolvimento humano refere-se ao desenvolvimento 
mental e ao crescimento orgânico. O desenvolvimento mental é 
uma construção contínua, que se caracteriza pelo aparecimento 
gradativo de estruturas mentais. Estas são formas de organização da 
atividade mental que se vão aperfeiçoando e solidificando até o 
momento em que todas, estando plenamente desenvolvidas, 
caracterizarão um estado de equilíbrio superior quanto aos aspectos 
da inteligência, vida afetiva e das relações sociais. 
Algumas dessas estruturas mentais permanecem ao longo de toda a vida. Por 
exemplo, a motivação está sempre presente como desencadeadora da ação, seja por 
necessidades fisiológicas, seja por necessidades afetivas ou intelectuais. Essas 
estruturas mentais que permanecem garantem a continuidade do desenvolvimento. 
Outras estruturas são substituídas a cada nova fase da vida do indivíduo. Por 
exemplo, a moral da obediência da criança pequena é substituída pela autonomia 
moral do adolescente. Outro exemplo: a noção de que um objeto só existe quando a 
criança o vê (antes dos 2 anos idade) é substituída, posteriormente, pela capacidade 
de atribuir ao objeto sua conservação, mesmo quando ele não está presente no seu 
campo visual. [...]”(BOCK; FURTADO, TEIXEIRA, 2008, p.116 – 7 os negritos são 
meus) 
 
OS FATORES QUE INFLUENCIAM O DESENVOLVIMENTO HUMANO 
 
Vários fatores indissociáveis e em permanente interação afetam todos os aspectos do 
desenvolvimento. São eles: 
 
* Hereditariedade — a carga genética estabelece o potencial do indivíduo, que pode 
ou não desenvolver-se. Existem pesquisas que comprovam os aspectos genéticos da 
inteligência. No entanto, a inteligência pode desenvolver-se aquém ou além do seu 
potencial, dependendo das condições do meio. 
* Crescimento orgânico — refere-se ao aspecto físico. O aumento de altura e a 
estabilização do esqueleto permitem ao indivíduo comportamentos e um domínio do 
mundo que antes não existiam. Pense nas possibilidades de descobertas de uma 
criança, quando começa a engatinhar e depois a andar, em relação a quando estava no 
berço com alguns dias de vida. 
* Maturação neurofisiológica — é o que torna possível determinado padrão de 
comportamento. A alfabetização das crianças, por exemplo, depende dessa 
maturação. Para segurar o lápis e manejá-lo como nós, é necessário um 
desenvolvimento neurológico que a criança de 2, 3 anos não tem. 
* Meio — o conjunto de influências e estimulações ambientais altera os padrões de 
comportamento do indivíduo. Por exemplo, se a estimulação verbal for muito intensa, 
 
 
uma criança de 3 anos pode ter um repertório verbal muito maior do que a média das 
crianças de sua idade, mas, ao mesmo tempo, pode não subir e descer com facilidade 
uma escada, porque esta situação pode não ter feito parte de sua experiência de vida.” 
(BOCK; FURTADO, TEIXEIRA, 2008, p.117 – 8 os negritos são meus)
A teoria do desenvolvimento psicossocial, de Erik Erikson (1902-1994) – Teoria 
Epigenética
1
 
 
Para Erikson, a personalidade é um conceito dinâmico que vai se 
modificando ao longo de toda a vida. Personalidade, segundo Erikson, 
é o resultado da interação contínua de três grandes sistemas: 
 
CONCEITO 
 
A formação da identidade psicossocial
2
 - “[...] em termos 
psicológicos, a formação da identidade emprega um processo de 
reflexão e observação simultâneas, um processo que ocorre em 
todos os níveis do funcionamento mental, pelo qual o indivíduo se 
julga a si próprio à luz daquilo que percebe ser a maneira como os 
outros o julgam, em comparação com eles próprios e com uma 
tipologia que é significativa para eles; enquanto que ele julga a maneira como eles o 
julgam, à luz do modo como se percebe a si próprio em comparação com os demais e 
com os tipos que se tornaram importantes para ele.[...]” 
(ERIKSON, E.H. Identidade: juventude e crise. 2 ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1976, p.21.) 
 
Erikson identificou oito etapas do desenvolvimento psicossocial que vão desde o 
nascimento até à morte. Cada uma delas se define mediante uma tarefa de 
desenvolvimento em que o indivíduo deve enfrentar crises e conflitos específicos. O 
indivíduo deve chegar a uma solução entre duas demandas opostas, equilibrando-as 
ou integrando-as. “Cada etapa e crise sucessivas têm uma relação especial com um 
dos elementos básicos da sociedade, e isso pela simples razão de que o ciclo da vida 
 
1 Epigenesia: Teoria segundo a qual a constituição dos seres se inicia a partir de célula sem estrutura e se faz mediante 
sucessiva formação e adição de novas partes que, previamente, não existem no ovo fecundado; epigênese. (AURÉLIO) 
2 Identidade Psicossocial – corresponde a ideia de singularidade, de papel na sociedade. 
 
 
humana e as instituições do homem têm evoluído juntos.” (ERIKSON, 1976, p.230) 
Analise o esquema a seguir: 
 
 
DUAS FASES DO DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL 
 
IDADE DEMANDAS 
OPOSTAS 
DESCRIÇÃO 
 
1ª FASE 
Do nascimento até 1 
anos. 
 
 
 
 
 
CONFIANÇA 
X 
DESCONFIANÇA 
Durante o primeiro ano de vida a 
criança é substancialmente 
dependente das pessoas que 
cuidam dela requerendo cuidados 
quanto a alimentação, higiene, 
locomoção, aprendizado de 
palavras e seus significados, bem 
como estimulação para perceber 
que existe um mundo em 
movimento ao seu redor. O 
amadurecimento ocorrerá de 
forma equilibrada se a criança 
sentir que tem segurança e afeto, 
adquirindo confiança nas pessoas 
e no mundo. 
 
 
5ª FASE 
Dos 12 aos 18 
anos. 
 
 
 
 
 
IDENTIDADE 
X 
CONFUSÃO DE 
PAPÉIS 
O jovem experimenta uma série 
de desafios que envolvem suas 
atitudes para consigo, com seus 
amigos, com pessoas do sexo 
oposto, amores e a busca de uma 
carreira e de profissionalização. 
Na medida em que as pessoas à 
sua volta ajudam na resolução 
dessas questões desenvolverá o 
sentimento de identidade pessoal, 
caso não encontre respostas para 
suas questões pode se 
desorganizar, perdendo a 
referência. Esta é fase mais 
importante do desenvolvimento 
psicossocial, segundo Erikson. 
 
 *** 
 
 
AULA 3 
 
Personalidade 
 
O vocábulo personalidade tem como principal afixo 
a expressão “persona”. “Persona, no uso coloquial, 
é um papel social ou personagem vivido por um 
ator. É uma palavra italiana derivada do latim para 
um tipo de máscara feita para ressoar com a voz do 
ator (per sonare significa "soar através de"), permitindo que 
fosse bem ouvida pelos espectadores, bem como para dar ao ator a aparência que o 
papel exigia (Wikipedia). 
 
Em psicologia, no entanto, personalidade é definida como uma “[...] totalidade 
relativamente estável e previsível dos traços emocionais e comportamentais que 
caracterizam a pessoa na vida cotidiana, sob condições normais.” (KAPLAN; 
SADOCK, 1993). 
Principais características da personalidade 
 
 
CONCEITOS 
 
1º) Estados - “[...] característica momentânea, episódica na personalidade. Um estado 
está diretamente relacionado com fatores circunstanciais.” O luto e o estresse são 
exemplos de estados. 
2º) Traços - “Os traços de personalidade são padrões persistentes no modo de 
perceber a realidade, relacionar-se consigo próprio e com os outros e, sobretudo, de 
pensar.” 
3º) Temperamento – (do latim temperare que significa “equilíbrio”) – corresponde 
aos aspectos (traços) geralmente inconscientes da personalidade relacionados às 
reações emocionais bem como de sua rapidez e intensidade. O temperamento poderá 
ser alterado, até certos limites, por influências médicas (medicações, tratamentos etc) 
bem como no decurso da aprendizagem e das experiências de vida. A impulsividade, 
a sensibilidade, a intempestividade etc. são características de temperamento. 
 
FIXAÇÃO 
Texto de Apoio – Caderno de 
Psicologia – Personalidade – 
p.432 a 435. 
 
 
4º) Caráter – Conjunto de traços de personalidade e valores éticos, aprendidos e/ou 
desenvolvidos a partir das experiências e/ou estimulações recebidas ao longo da vida, 
conscientes, que irão determinar a conduta e a moral de um determinado indivíduo. 
A empatia, a responsabilidade, o egoísmo, a honestidade etc. são características de 
caráter. 
 
Personalidade e Genética 
 
“Até bem pouco tempo, a genética do comportamento se 
preocupava em compreender até que ponto o material genético, 
transmitido hereditariamente, poderia explicar suficientemente a 
enorme diversidade do comportamento humano. Em outras 
palavras, na tentativa de atribuir valor explicativo ao 
comportamento, os pesquisadores se perguntavam até que 
momento poderiam utilizar a informação genética, considerando sua base molecular e 
bioquímica, sem cair em modelos simplistas ou meramente organicistas de explicação 
do comportamento humano. 
Atualmente, reconhece-se que o papel da experiência e da aprendizagem é 
exatamente o de propiciar a leitura de informações já impressas nos genes, fazendo 
com que o comportamento seja compreendido como uma atividade codificada a partir 
de uma sequência de nucleotídios
3
, cuja tradução pode ser deflagrada por diferentes e 
determinadas condições do ambiente (Lima, 1997; Plomin, 1989; Vogel & Motulsky, 
1996).” (apud COSTA Jr., UnB, 2000) 
REFLEXÃO 
 
Pr(XP) = PG + EA 
Ou seja, a probabilidade (Pr) de uma característica de personalidade 
qualquer (Xp), corresponderia às possíveis predisposições genéticas 
(PG) associadas (+) aos estímulos do ambiente (EA). 
 
CURIOSIDADE 
O CASO DAS MENINAS LOBO DA ÍNDIA 
 
 
 
3 Nucleotídeo: Unidade constituinte dos ácidos ribonucleicos (RNA) e desoxirribonucleicos (DNA). 
 
 
Leitura Complementar 
O CRIME SEGUNDO LOMBROSO 
(MAURICIO JORGE PEREIRA DA MOTA – UERJ 2007) 
 
Cesare Lombroso (1835-1909) foi um homem polifacético; médico, psiquiatra, antropólogo e 
político, sua extensa obra abarca temas médicos ("Medicina Legal"), psiquiátricos ("Os 
avanços da Psiquiatria"), psicológicos ("O gênio e a loucura"), demográficos ("Geografia 
Médica"), criminológicos ("L’Uomo delincuente). 
Lombroso entende o crime como um fato real, que perpassa todas as épocas históricas, natural 
e não como uma fictícia abstração jurídica. Como fenômeno natural que é, o crime tem que 
ser estudado primacialmente em sua etiologia, isto é, a identificação das suas causas como 
fenômeno, de modo a se poder combatê-lo em sua própria raiz, com eficácia, com programas
de prevenção 
realistas e científicos. 
Para Lombroso a etiologia do crime é eminentemente individual e deve ser buscada no estudo do 
delinquente. É dentro da própria natureza humana que se pode descobrir a causa dos delitos. 
Lombroso parte da ideia da ideia da completa desigualdade fundamental dos homens honestos e criminosos. 
Preocupado em encontrar no organismo humano traços diferenciais que separassem e singularizassem 
o criminoso, Lombroso vai extrair da autópsia de delinquentes uma "grande série de anomalias atávicas, 
sobretudo uma enorme fosseta occipital média e uma hipertrofia do lóbulo cerebeloso mediano (vermis) 
análoga a que se encontra nos seres inferiores". 
Assim, surgiu a hipótese, sujeita a investigações posteriores, de que haveria certas afinidades entre o 
criminoso, os animais e principalmente o homem primitivo, que ele considerava diferente, psicológica 
e fisicamente, do homem dos nossos tempos. 
Lombroso empreende um longo estudo antropológico no seu livro "L’Uomo delincuente" acerca da origem 
da criminalidade. Professando um particular evolucionismo, Lombroso procura demonstrar que o crime, 
como realidade ontológica, pode ser considerado uma característica que é comum a todos os degraus da 
escala da evolução, das plantas aos animais e aos homens; dos povos primitivos aos povos civilizados; da 
criança ao homem desenvolvido. O "crime" teria como característica ser extremamente frequente, brutal, 
violento e passional nos níveis inferiores dessas escalas. 
Assim Lombroso vai teorizar acerca dos equivalentes do crime nas plantas e nos animais ("L’Homme 
Criminel, chapitre premier), a morte de insetos pelas plantas carnívoras ("homicídio"), a morte para ter o 
comando da tribo entre os cavalos, cervos e touros ("homicídio por ambição"), a fêmea do crocodilo que 
mata seus filhotes que ainda não sabem nadar ("infanticídio"), as raposas que se devoram entre si e algumas 
vezes mesmo devoram suas progenitoras ("canibalismo e parricídio"). 
Entre os chamados "selvagens" ou "povos primitivos" Lombroso também encontra a incidência generalizada 
do crime. O incremento excessivo da população, comparativamente aos meios naturais de subsistência 
explicaria os abortos e os infanticídios. São também comuns e frequentes segundo Lombroso o homicídio 
dos velhos, das mulheres, dos doentes, os homicídios por cólera, por capricho, de parentes por ocasião do 
funeral de morto importante, por sacrifícios religiosos, os cometidos por brutalidade ou por motivo fútil, os 
causados por desejo de glória etc.. 
São ainda comuns entre os selvagens o canibalismo, o roubo, o rapto, o adultério e os crimes contra a 
autoridade (chefes, deuses ou a própria tribo). 
Dentro da ideia evolucionista lombosiana (de passagem [física ou psíquica] do organismo mais simples 
para o mais complexo) os germes da loucura moral e do crime se encontram de maneira normal na 
infância. 
Lombroso advogava a existência na infância de uma predisposição natural para o crime. As analogias 
entre o imaturo e o criminoso se dariam na fase da vida instintiva, através da qual se observa a precocidade 
da cólera, que faz com que a criança bata nos circunstantes e tudo quebre, em atitudes comparáveis ao 
comportamento violento criminoso. O ciúme, a vingança, a mentira, o desejo de destruição, a maldade para 
com os animais e os seres fracos, a predisposição para a obscenidade, a preguiça completa, exceto para as 
atividades que produzem prazer, são, entre outros, índices que Lombroso apontou, das tendências criminais 
na infância. A educação conduziria, porém, a criança para o período de "puberdade ética", 
submetendo-a a profunda metamorfose. 
Identificando pois a origem da criminalidade, como ontologia, nessas "fases primitivas" da humanidade, 
Lombroso entende que o criminoso é uma subespécie ou um subtipo humano (entre os seres vivos 
superiores, porém sem alcançar o nível superior do homo sapiens) que, por uma regressão atávica a essas 
 
 
fases primitivas, nasceria criminoso, como outros nascem loucos ou 
doentios. A herança atávica explicaria, a seu ver, a causa dos delitos. 
O criminoso seria então um delinquente nato (nascido para o crime), 
um ser degenerado, atávico, marcado pela transmissão hereditária do mal. 
O atavismo (produto da regressão, não da evolução das espécies) do 
criminoso seria demonstrado por uma série de "estigmas". De acordo com 
o seu ponto de vista, o delinquente padece de uma série de estigmas 
degenerativos, comportamentais, psicológicos e sociais. 
O criminoso nato seria caracterizado por uma cabeça sui generis, com pronunciada assimetria craniana, 
fronte baixa e fugidia, orelhas em forma de asa, zigomas, lóbulos occipitais e arcadas superciliares salientes, 
maxilares proeminentes (prognatismo), face longa e larga, apesar do crânio pequeno, cabelos abundantes, 
mas barba escassa, rosto pálido. 
O homem criminoso estaria assinalado por uma particular insensibilidade, não só física como psíquica, com 
profundo embotamento da receptividade dolorífica (analgesia) e do senso moral. Como anomalias 
fisiológicas, ainda, o mancinismo (uso preferente da mão esquerda) ou a ambidextria (uso indiferente das 
duas mãos), além da disvulnerabilidade, ou seja uma extraordinária resistência aos golpes e ferimentos 
graves ou mortais, de que os delinquentes típicos pronta e facilmente se restabeleceriam. Seriam ainda 
comuns, entre eles, certos distúrbios dos sentidos e o mau funcionamento dos reflexos vasomotores, 
acarretando a ausência de enrubescimento da face. 
Consequência do enfraquecimento da sensibilidade dolorífica no criminoso por herança seria a sua 
inclinação à tatuagem, acerca da qual Lombroso realizou detidos estudos. 
Os estigmas psicológicos seriam a atrofia do senso moral, a imprevidência e a vaidade dos grandes 
criminosos. Assim, os desvios da contextura psíquica e sentimental explicariam no criminoso a ausência do 
temor da pena, do remorso e mesmo da emoção do homicida perante os despojos da vítima. Absorvidos pelas 
paixões inferiores, nenhuma relutância eles sentem perante a ideia dominante do crime. 
As conclusões de Lombroso (L’Homme Criminel) foram construções eminentemente empíricas baseadas em 
resultados de 386 autópsias de delinquentes e nos estudos feitos em 3939 criminosos vivos por Ferri, 
Bischoff, Bonn, Corre, Biliakow, Troyski, Lacassagne e pelo próprio Lombroso. 
Lombroso porém não esgota na teoria da criminalidade nata a sua explicação para a etiologia do delito. A 
criminalidade nata não dá conta de todas as categorias antropológicas de delinquentes, nem mesmo, numa 
mesma categoria, de todos os casos habituais. Ele antevê na loucura moral e na epilepsia mais dois fatores 
capazes de fornecer uma elucidação biológica para o fenômeno delito. O louco moral é aquele indivíduo que 
tem, aparentemente, íntegra a sua inteligência, mas sofre de profunda falta de senso moral. É um homem 
perigoso pelo seu terrível egoísmo. É capaz de praticar um morticínio pelo mais ínfimo dos motivos. 
Lombroso o diferenciava do alienado definindo-o como um "cretino do senso moral" ou seja, uma pessoa 
desprovida absolutamente de senso moral. A explicação da criminalidade do louco moral também é dada 
pela biologia, é congênita, mas pode, de acordo com o meio na qual o indivíduo se desenvolve, aflorar ou 
não. A epilepsia foi outra explicação aventada por Lombroso como causa da criminalidade. A epilepsia ataca 
os centros nervosos em que se elaboram os sentimentos e as emoções. Objetaram-lhe porém que se a 
epilepsia, bem conhecida e perceptível, explica em certos casos o delito, em outros não se observa haver 
sinal objetivo da doença em face do delito praticado. 
A essa objeção Lombroso opôs a sua teoria da epilepsia larvada, sem manifestações facilmente visíveis, que
poderia explicar a etiologia do delito. Ao passo que a epilepsia declarada se exterioriza em meio a contrações 
musculares violentíssimas, a epilepsia larvada se denuncia por fugazes estados de inconsciência que nem 
todos percebem. 
Lombroso não abandonou uma das explicações da etiologia do delito pelas outras. Procurou coordená-las. 
Assim, por exemplo, acentuou que a teoria do atavismo se completava e se corrigia com os estudos 
referentes ao estado epilético. 
A etiologia do crime para Lombroso inter-relaciona portanto o atavismo, a loucura moral e a epilepsia: o 
criminoso nato é um ser inferior, atávico, que não evolucionou, igual a uma criança ou a um louco moral, 
que ainda necessita de uma abertura ao mundo dos valores; é um indivíduo que, ademais, sofre alguma forma 
de epilepsia, com suas correspondentes lesões cerebrais. 
Lombroso, baseado em suas observações, encarava o seu tipo primordial de criminoso, o criminoso nato, 
como compondo 40 % do total da população criminosa, restando as demais àquelas outras formas de crime 
que tinham por fontes a loucura, a ocasião, o alcoolismo e a paixão. Para Lombroso essas formas eram 
ligadas mais estreitamente a suas causas ocasionais e portanto, não forneceriam uma base possível para uma 
etiologia desses delitos. *** 
 
 
AULA 4 
 
Gênero: representações sociais 
 
CONCEITOS 
 
1º) SEXO - refere-se às características biológicas de homens e mulheres, 
ou seja, às características específicas dos aparelhos reprodutores femininos 
e masculinos, ao seu funcionamento e aos caracteres sexuais secundários 
decorrentes dos hormônios. 
 
2º) GÊNERO - refere-se às relações sociais desiguais de poder entre 
homens e mulheres que são o resultado de uma construção social do papel 
do homem e da mulher a partir das diferenças sexuais. 
 
3º) IDENTIFICAÇÃO SEXUAL – a partir do referencial psicanalítico tal 
conceito se referiria à constituição do desejo sexual de um indivíduo. Ou 
seja, ao gênero sexual objeto do gozo sexual. Neste sentido, um indivíduo 
pode desejar o seu mesmo gênero (homo), o gênero oposto (hetero) ou 
ambos os gêneros (bi). 
 
REFLEXÃO 
 
O papel do homem e da mulher é constituído 
histórica e culturalmente; portanto, muda conforme a 
sociedade e o tempo. 
 
 
 
 
O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DOS PAPÉIS DE GÊNERO 
 
Mulheres 
Desde meninas as mulheres são incentivadas a serem passivas, 
sensíveis, frágeis, dependentes e todos os brinquedos e jogos 
infantis reforçam o seu papel de mãe, dona de casa, e 
consequentemente responsável por todas as tarefas relacionadas 
ao cuidado dos filhos e da casa. Ou seja, as meninas brincam de 
boneca, de casinha, de fazer comida, de limpar a casa, tudo isto 
dentro do lar. 
Homens 
Os meninos brincam em espaços abertos, na rua. Eles jogam bola, 
brincam de carrinho, de guerra etc. Ou seja, desde pequenos eles se 
dão conta que pertencem ao grupo que tem poder. Até nos jogos os 
meninos comandam. Ninguém os manda arrumar a cama, ou lavar a 
 
 
louça, eles são incentivados a serem fortes, independentes, valentes. 
 
INFORMAÇÃO 
 
As relações de gênero são, portanto, produto de um processo pedagógico que se inicia 
no nascimento e continua ao longo de toda a vida, reforçando a desigualdade 
existente entre homens e mulheres, principalmente em torno de quatro eixos: 
 
1º) Sexualidade 
Mulheres 
 
A sexualidade na mulher tem sido relacionada com a 
reprodução, ou seja, para a mulher o centro da sexualidade é a 
reprodução e não o prazer. A 
sexualidade reduzida à genitalidade 
se apresenta para as mulheres como 
algo vergonhoso, proibido. 
De um modo geral podemos dizer 
que as mulheres desde que nascem 
são educadas para serem mães, para cuidar dos outros, para 
“dar prazer ao outro”. A sua sexualidade é negada, reprimida 
e temida. 
VOCÊ SABIA? 
 
A mutilação sexual consiste na extração do clitóris. É uma 
prática comum em certas comunidades, geralmente para inibir 
o prazer sexual. A mutilação pode ser permanente ou 
temporária. 
 
Homens 
 
Os homens, ao contrário das mulheres, recebem mensagens e são 
preparados para viver o prazer da sexualidade através do seu 
corpo, já que socialmente o exercício da sexualidade no homem 
é sinal de masculinidade. 
 
 
2º) Reprodução 
 
A mulher pode gerar um filho, e isto que em si é uma fonte de poder 
tem sido controlado e tem determinado outros papéis diminuindo as 
possibilidades e limitando a vida das mulheres em outros âmbitos, 
como por exemplo, no campo do trabalho. 
 
 
 
3º) Divisão sexual do trabalho 
 
Provavelmente pelo fato biológico que a mulher é quem engravida e 
dá de mamar, tem sido atribuído a ela a totalidade do trabalho 
reprodutivo. Às mulheres, portanto, se atribui o 
ficar em casa, cuidar dos filhos e realizar o 
trabalho doméstico, desvalorizado pela sociedade 
e que deixava as mulheres “donas de casas” 
limitadas ao mundo do lar; com menos 
possibilidade de educação, menos acesso à informação, menos 
acesso à formação profissional etc. 
 
4º) Espaço público e reconhecimento da cidadania 
 
Embora nos dias de hoje, uma grande proporção de 
mulheres trabalhe e muitas delas sejam a principal fonte 
para o sustento da família, isto não tem significado um 
maior desenvolvimento e reconhecimento de sua cidadania. 
Em todos os países da América Latina, incluindo o Brasil, 
os dados mostram que existe uma grande diferença entre 
homens e mulheres e que a falta de equidade prejudica as mulheres. É muito difícil 
ter mulheres em altos cargos, como diretoras de empresas, de hospitais, reitoras de 
universidades etc. Em geral, é muito difícil ter mulheres nos lugares de tomada de 
decisões. Isto se explica pelo processo de socialização que ao determinar o trabalho 
reprodutivo (casa e filhos) para a mulher, cria condições que a marginalizam do 
espaço público, e pelo contrário, o homem é quem assume o trabalho produtivo e as 
decisões da sociedade. 
 
REFLEXÃO 
 
As várias jornadas de trabalho da mulher 
 
 
 
 
 
 
OS “NOVOS” MALES DAS MULHERES 
 
 O tabagismo e drogas O estresse O infarto 
 
 
FATOS E FOTOS 
“Em muitas regiões muçulmanas, onde prevalece a Sharia (lei 
islâmica), as mulheres acusadas de adúlteras são apedrejadas 
até a morte. Um dos exemplos mais comentados em 2002, e 
que foi motivo de campanhas internacionais, é o caso de 
Amina Lawal (foto), de 31 anos, que no norte da Nigéria foi 
condenada à pena máxima porque engravidou de outro 
homem, após a separação do marido. 
Em 2003, um tribunal de apelações na mesma região considerou 
procedente a apelação, considerando que o outro tribunal havia se 
equivocado. Na realidade, a pressão internacional, que transformou 
Amina Lawal em um símbolo da luta pelos direitos humanos, com 
diversos governos se manifestando contra a sua condenação e 
intercedendo junto ao presidente nigeriano, é que fizeram com que 
houvesse mudança na sua situação.” (DIAS, 2005, p. 192) 
 
Violência contra mulher como uma questão de gênero 
 
A Lei nº 11.340/06 – Lei Maria da Penha 
Acesse: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm 
 
Sra. Maria da Penha Maia 
Ficou paraplégica por causa de um tiro dado pelo seu ex-
companheiro, que não satisfeito, ainda tentou matá-la, 
posteriormente, eletrocutando-a. 
 
 
 
CRIMES DE ESTUPRO – ESTADO DO RJ 
De 2007 até abril de 2013 
 
 
Fonte: ISP/SESP/RJ 
 
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
2007 2008 2009 2010 2011 2012 Até 03/2013 
1376
1461 
2338 
4529 
4871 
6029 
1503 
*Lei nº 12.015 de 
07/08/09 
REFLEXÃO 
 
Em Dubai, mulher é condenada à prisão após ter ter sido estuprada 
 
 
Quatro meses após ter feito a denúncia de que havia sido estuprada em Dubai, nos Emirados Árabes, 
a norueguesa Marte Deborah Dalelv foi condenada a 16 meses de prisão pelo fato. 
De acordo com as leis locais, um estuprador só pode ser condenado se confessar o crime ou se for 
visto praticando o estupro por quatro testemunhas homens. Como denunciou o abuso, Marte foi 
condenada por fazer sexo fora do casamento e perjúrio. Ela ainda foi considerada culpada por ter 
ingerido bebida alcoólica na noite em que sofreu o estupro. Nos Emirados Árabes também é proibido 
beber. 
"A sentença em Dubai a uma norueguesa que denunciou um estupro é contrária ao nosso sentido da 
justiça. Daremos a ela apoio no processo de apelação", disse Espen Barth Eide, o ministro das 
Relações Exteriores norueguês, em sua conta no Twitter. 
Segundo informações do site norueguês VG. no, no dia em que fez a denúncia, Marte ainda foi alvo de 
gozações das autoridades, que teriam perguntado a ela se"estava fazendo a denúncia por não ter 
gostado do sexo". 
(http://br.noticias.yahoo.com/em-dubai--mulher-%C3%A9-condenada-%C3%A0-pris%C3%A3o-ap%C3%B3s-ter-ter-
sido-estuprada-163822387.html) 
 
 
REFLEXÕES 
 
O homossexual como um possível “terceiro gênero” em nossa 
sociedade! 
 
 
Projeto de Lei Complementar nº 122/2006 – “Altera a Lei nº 7.716 de 5 de janeiro de 
1989, que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor, dá nova 
redação ao § 3º do art. 140 do Decreto-Lei nº 2,848, de 7 de dezembro de 1940 – 
Código Penal, e ao art. 5º da CLT, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio 
de 1943, e dá outras providências.” 
 
Para conhecer esse PLC acesse: 
(http://www.naohomofobia.com.br/lei/PROJETO%20DE%20LEI%20plc122-06.pdf) 
 
 
 
A lei e a questão de gênero 
Código Civil de 1916, revogado em 2002 
 
Art. 36. Os incapazes têm por domicílio o dos seus representantes. 
Parágrafo único. A mulher casada tem por domicílio o do marido, salvo se estiver desquitada (art. 
315), ou lhe competir a administração do casal (art. 251). 
Art. 178. Prescreve: 
§ 1º Em 10 (dez) dias, contados do casamento, a ação do marido para anular o matrimônio contraído 
com a mulher já deflorada (arts. 218, 219, IV, e 220). (Parágrafo alterado pela Lei nº 13, de 
29.1.1935 e restabelecido pelo Decreto-lei nº 5.059, de 8.12.1942) 
Art. 233. O marido é o chefe da sociedade conjugal, função que exerce com a colaboração da 
mulher, no interesse comum do casal e dos filhos (arts. 240, 247 e 251). (Redação dada pela Lei nº 
4.121, de 27.8.1962) 
Art. 240. A mulher, com o casamento, assume a condição de companheira, consorte e colaboradora 
do marido nos encargos de família, cumprindo-lhe velar pela direção material e moral desta. 
(Redação dada pela Lei nº 6.515, de 26.12.1977) 
Art. 1.299. A mulher casada não pode aceitar mandato sem autorização do marido. 
*** 
 
 
 
AULA 5 
 
A família: relações afetivas e tipos de família na contemporaneidade 
 
 
Família – do latim “famulus”, que significa um conjunto de 
servos e dependentes de um chefe ou senhor. 
 
 
Família = Instituição Social = Funções: 1. proteger as novas 
gerações; 2. reproduzir os “status quo4” social a partir dos 
processos de socialização. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DÚVIDA! 
 
As mudanças internas na constituição das famílias promoveriam mudanças sociais 
posteriores, ou são as mudanças sociais (valores, costumes etc) que promoveriam 
mudanças nas famílias? Justifique. 
 
 e FAMÍLIA 
 
“A literatura especializada é clara ao mostrar a 
importância do apego, da formação do vínculo no início 
da vida da criança como elemento essencial no 
desenvolvimento psíquico. Convém ressaltar que, 
independentemente da forma como tem se organizado em 
diferentes épocas, a família tem como função básica a 
proteção e o cuidado dos filhos. Soifer (1986), a esse 
respeito, discute a proteção e o cuidado como preparo 
 
4 Status quo – Expressão latina. Significa o estado em que se achava anteriormente certa questão. (AURÉLIO) 
Família e Sociedade 
 
 
imprescindível para a vida, entendendo que o amor, a solidariedade e a justiça 
praticados na família são as pedras angulares da convivência humana. 
Seixas (2002) assinala que a família desenvolve a capacidade de criar novos 
significados, novas formas de ação social, novas ideias. Esta capacidade de mudar, 
tanto quanto a de conservar, e a dialética entre esses elementos é que vai possibilitar a 
sua adaptabilidade às novas situações e fenômenos sociais. 
Nesse contexto, outro aspecto a ser considerado é a importância da família no 
desenvolvimento da personalidade da criança. Sisto (2004) define a personalidade em 
termos de uma síntese da atividade biopsíquica humana, que inclui além de 
tendências individuais, aspectos fisiológicos, psicológicos, sociais e culturais, 
constituindo uma unidade. Dessa forma, além dos elementos orgânicos e herdados, 
envolveria também elementos socioculturais que seriam produtos de aprendizagem. 
Já os teóricos psicanalíticos acreditam que a interação entre o ambiente e as 
características inatas da criança desempenha um papel central na formação das 
diferenças de personalidade (Bee, 2003). Para estes, o desenvolvimento da 
personalidade se dá fundamentalmente em estágios e, em cada estágio, a criança 
requer um tipo específico de ambiente apoiador para suas necessidades. 
Considerando esses aspectos, o ambiente no qual a criança se desenvolve poderá 
potencializar suas tendências individuais ou, ao contrário, poderá enfraquecê-las. 
Assim, uma criança que não encontre o ambiente necessário para seu 
desenvolvimento terá uma personalidade muito diferente daquela cujo ambiente foi 
parcial ou inteiramente adequado.” (DOS SANTOS, et al., 2010) 
 
 
 
Tipos de família na contemporaneidade 
 
AS FAMÍLIAS PÓS-MODERNAS 
 
As famílias monoparentais. 
 
 
 
 
 
 
 
As famílias homoafetivas (ou, 
homossexuais
5
) 
 
 
 
 
 
OUTRAS FORMAS DE FAMÍLIA JURIDICAMENTE ACEITAS 
 
Famílias Anaparentais: é a relação que possui vínculo de parentesco, mas não possui 
vínculo de ascendência e descendência. É a hipótese de dois irmãos que vivam juntos. 
Tal família vem disciplinada no artigo 69, caput, do Projeto do Estatuto das Famílias. 
 
Famílias Pluriparentais: é a entidade familiar que surge com o desfazimento de 
anteriores vínculos familiares e criação de novos vínculos. Como exemplo, 
destacamos a família formada por João, Gabriel e Rafael (filhos oriundos de anterior 
relacionamento de João), por sua esposa Penélope, Ana Carolina (filha de 
relacionamento anterior de Penélope), e Victor, filho de João e Penélope). 
 
Família Unipessoal: Família unipessoal é a composta por apenas uma pessoa. 
Recentemente, o STJ lhe conferiu à proteção do bem de família, como se infere da 
Súmula 364: 
O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel 
pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas. (03/11/2008) 
 
 
5 Para um maior aprofundamento sobre este tema, sugiro a leitura do seguinte texto: Configurações edípicas da 
contemporaneidade: reflexões sobre as novas formas de filiação, de Paulo Roberto Ceccarelli. Disponível em < 
http://www.editoraescuta.com.br/pulsional/161_07.pdf>. 
 
 
INFORMAÇÕES 
 
Quinta-feira,
05 de maio de 2011 – SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 
Supremo reconhece união homoafetiva. 
Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), ao julgarem a Ação Direta de 
Inconstitucionalidade (ADI) 4277 e a Arguição de Descumprimento de Preceito 
Fundamental (ADPF) 132, reconheceram a união estável para casais do mesmo sexo. As 
ações foram ajuizadas na Corte, respectivamente, pela Procuradoria-Geral da República e 
pelo governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. 
O julgamento começou na tarde de ontem (4), quando o relator das ações, ministro Ayres 
Britto, votou no sentido de dar interpretação conforme a Constituição Federal para excluir 
qualquer significado do artigo 1.723 do Código Civil que impeça o reconhecimento da 
união entre pessoas do mesmo sexo como entidade familiar. 
O ministro Ayres Britto argumentou que o artigo 3º, inciso IV
6
, da CF veda qualquer 
discriminação em virtude de sexo, raça, cor e que, nesse sentido, ninguém pode ser 
diminuído ou discriminado em função de sua preferência sexual. “O sexo das pessoas, 
salvo disposição contrária, não se presta para desigualação jurídica”, observou o ministro, 
para concluir que qualquer depreciação da união estável homoafetiva colide, portanto, com 
o inciso IV do artigo 3º da CF. [...] 
Ações 
A ADI 4277 foi protocolada na Corte inicialmente como ADPF 178. A ação buscou a 
declaração de reconhecimento da união entre pessoas do mesmo sexo como entidade 
familiar. Pediu, também, que os mesmos direitos e deveres dos companheiros nas uniões 
estáveis fossem estendidos aos companheiros nas uniões entre pessoas do mesmo sexo. 
Já na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 132, o governo do 
Estado do Rio de Janeiro (RJ) alegou que o não reconhecimento da união homoafetiva 
contraria preceitos fundamentais como igualdade, liberdade (da qual decorre a autonomia da 
vontade) e o princípio da dignidade da pessoa humana, todos da Constituição Federal. Com 
esse argumento, pediu que o STF aplicasse o regime jurídico das uniões estáveis, previsto 
no artigo 1.723 do Código Civil, às uniões homoafetivas de funcionários públicos civis do 
Rio de Janeiro. 
(Fonte: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=178931) 
 
Terça-feira, 25 de outubor de 2011 – SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA 
DECISÃO 
Quarta Turma admite casamento entre pessoas do mesmo sexo. 
Em decisão inédita, a Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), por maioria, 
proveu recurso de duas mulheres que pediam para ser habilitadas ao casamento civil. 
Seguindo o voto do relator, ministro Luis Felipe Salomão, a Turma concluiu que a 
dignidade da pessoa humana, consagrada pela Constituição, não é aumentada nem 
diminuída em razão do uso da sexualidade, e que a orientação sexual não pode servir de 
pretexto para excluir famílias da proteção jurídica representada pelo casamento. [...] 
“Por consequência, o mesmo raciocínio utilizado, tanto pelo STJ quanto pelo Supremo 
Tribunal Federal (STF), para conceder aos pares homoafetivos os direitos decorrentes da 
união estável, deve ser utilizado para lhes franquear a via do casamento civil, mesmo porque 
 
6 Art. 3º (Objetivos fundamentais da República), inciso IV da CF – “promover o bem de todos, sem preconceitos de 
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.” 
 
 
é a própria Constituição Federal que determina a facilitação da conversão da união estável 
em casamento”, concluiu Salomão. 
Em seu voto-vista, o ministro Marco Buzzi destacou que a união homoafetiva é reconhecida 
como família. Se o fundamento de existência das normas de família consiste precisamente 
em gerar proteção jurídica ao núcleo familiar, e se o casamento é o principal instrumento 
para essa opção, seria despropositado concluir que esse elemento não pode alcançar os 
casais homoafetivos. Segundo ele, tolerância e preconceito não se mostram admissíveis no 
atual estágio do desenvolvimento humano. [...] 
O recurso foi interposto por duas cidadãs residentes no Rio Grande do Sul, que já vivem em 
união estável e tiveram o pedido de habilitação para o casamento negado em primeira e 
segunda instância. A decisão do tribunal gaúcho afirmou não haver possibilidade jurídica 
para o pedido, pois só o Poder Legislativo teria competência para insituir o casamento 
homoafetivo. No recurso especial dirigido ao STJ, elas sustentaram não existir impedimento 
no ordenamento jurídico para o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Afirmaram, 
também, que deveria ser aplicada ao caso a regra de direito privado segundo a qual é 
permitido o que não é expressamente proibido. 
(Fonte: STJ, 25/10/2011) 
*** 
 
 
 
AULA 6 
 
Influências sociais: preconceito, estereótipos e discriminação 
 
O QUE SÃO ATITUDES? 
 
Uma atitude é “uma organização duradoura de crenças e 
cognições em geral, dotada de carga afetiva pró ou contra um 
objeto social definido, que predispõe a uma ação coerente com 
as cognições e afetos relativos a este objeto. 
 
Uma distinção importante é a de que “todas as atitudes incorporam crenças, mas que 
nem todas as crenças fazem parte, necessariamente, das atitudes.” [...] “as crenças 
têm apenas um componente cognitivo enquanto as atitudes têm tanto o 
componente cognitivo quanto o afetivo.”. Em termos mais simples, podemos então 
dizer que quando uma crença polariza sobre si componentes afetivos e ambos, crença 
e afeto, agem no sentido de influenciar o comportamento, aí, então, temos uma 
atitude. Analise a figura abaixo: 
 
Característica de uma atitude 
 
 
 
Mudança de atitude 
 
Apesar de serem relativamente estáveis, as atitudes 
são passíveis de mudança. [...] Como vimos 
anteriormente, os componentes cognitivo, afetivo e 
comportamental que integram as atitudes sociais 
influenciam-se mutuamente em direção a um estado 
de harmonia. Qualquer mudança num destes três 
componentes é capaz de modificar os outros, de vez 
que todo o sistema é acionado quando um de seus 
 
 
componentes é alterado, tal como num campo de forças eletromagnético. 
Consequentemente, uma informação nova, uma nova experiência ou um novo 
comportamento emitido em cumprimento as normas sociais, ou outro tipo de agente 
capaz de prescrever comportamento, pode criar um estado de inconsistência entre os 
três componentes atitudinais de forma a resultar numa mudança de atitude. 
 
Atitude negativa: o preconceito 
 
Teoricamente, os preconceitos podem ficar incluídos na classe 
das atitudes, exibindo, em consequência dessa inserção, os três 
elementos acima descritos (quais sejam, cognições, afetos e 
tendências comportamentais); apresentam, porém, em adição e 
em contraste com elas, duas características que lhes são 
específicas: a de que se formam sempre em torno de um 
núcleo afetivamente negativo e a de que são dirigidos contra 
grupos de pessoas. 
 
Discriminação 
 
Uma ação qualquer ensejada por algum preconceito 
caracterizaria o que se chama discriminação. Porém, 
“preconceito e discriminação nem sempre ocorrem 
juntos. É possível ter preconceito contra um 
determinado grupo sem se portar abertamente de 
maneira hostil ou discriminatória em relação a ele. Por 
exemplo: um lojista racista pode sorrir para um cliente 
negro para disfarçar opiniões que poderiam prejudicar 
seu negócio. Do mesmo modo, muitas práticas institucionais 
podem ser discriminatórias, embora não se baseiem no 
preconceito. Por exemplo: as normas que estabelecem uma 
altura mínima para policiais podem discriminar mulheres e 
determinados grupos étnicos – cuja altura é inferior ao padrão 
arbitrário -, embora essas
normas não se originem em atitudes 
sexistas ou racistas. 
 
INFORMAÇÃO: 
 
LEI Nº 7.716, DE 5 DE JANEIRO DE 1989 
Define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor. 
(Alterada pelas Leis nº 8.081/90 e 9.459 / 97 já incluídas no texto) 
(http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/LEIS/L7716.htm) 
 
 
 
 
 
 
Estereótipos 
 
De fato, um estereótipo não é uma crença mas um tipo de associação 
mental simplista que fazemos entre duas coisas que visa facilitar a nossa 
vida cotidiana. Tais associações podem ser conscientes (explícitas) ou 
inconscientes (implícitas). “Muitas pessoas vinculam, involuntariamente, 
deficiência com fraqueza, árabe com terrorismo ou pobre com 
inferioridade, mesmo que tais estereótipos contrariem a racionalidade e 
até mesmo valores que lhes são caros, como o de justiça ou igualdade. 
 
 
 
 
 
Estereótipos podem gerar uma percepção seletiva dos outros: “Por exemplo: uma vez 
que você classificou alguém como homem ou mulher, talvez conte mais com seu 
estereótipo daquele gênero que com suas próprias observações sobre as atitudes da 
pessoa. Pelo fato de as mulheres serem estereotipadas tradicionalmente como mais 
emotivas e submissas, e os homens como mais racionais e assertivos [...] talvez você 
veja mais esses traços em homens e mulheres do que eles realmente existem.” 
 
Leitura Complementar 
“Pessoas invisíveis” 
 
“Em novembro de 1994, o então estudante do 2º ano de Psicologia da 
Universidade de São Paulo (USP) Fernando Braga tornou-se invisível. 'Fiquei 
atordoado, não conseguia sentir o gosto da comida, perdi meu centro', lembra. 
Nem loucura nem ficção científica. Braga atingiu a invisibilidade ao vestir um 
uniforme de gari. Como parte de um estágio solicitado por uma das disciplinas 
que cursava, ele resolveu acompanhar, de duas a três vezes por semana, a rotina 
dos garis da Cidade Universitária - pegando no pesado junto com eles. Ao vestir 
calça, camisa e boné como seus colegas de 'varreção', esperava causar espanto, 
curiosidade ou até mesmo indignação em seus amigos, professores, companheiros de 
futebol e conhecidos da USP. No entanto, não conseguiu nem mesmo receber um bom-dia. 
'Atravessei o andar térreo da Psicologia de ponta a ponta. Estava 
atento, buscava a expressão de surpresa em alguém. Mas nada 
acontecia', conta. 'Deixei de esperar perguntas intrigadas, mas ainda 
seria capaz de responder a algum cumprimento. Nada.' Os professores 
com quem havia conversado pela manhã passaram por ele e nem 
perceberam sua presença. Não é que tenha sido ignorado, 
menosprezado, rejeitado. Pior: nem foi visto. Era como não estar lá; como 'não ser'. 
O mal-estar experimentado por Braga jamais o abandonou. Ele passou os nove anos 
seguintes trabalhando com os garis da USP e transformou em tese de mestrado o indigesto 
tema da 'invisibilidade pública' - o desaparecimento de um homem no meio de outros 
homens. Concluída em 2002, a tese agora vira livro lançado pela editora Globo. 
 
Vide texto “Estereótipos de gênero” –Caderno Introdução à psicologia, p. 19.) 
 
 
Ironicamente, o psicólogo ganhou visibilidade falando da invisibilidade, que, segundo ele, 
está relacionada à divisão social do trabalho e afeta até mesmo quem não é totalmente 
excluído economicamente. Ela seria uma espécie de cegueira psicossocial, que elimina 
do campo de visão da maioria da população aqueles que são condenados a exercer uma 
atividade subalterna, desqualificada, desumanizante e degradante o dia inteiro, às 
vezes uma vida inteira. É uma situação diferente da contada pelo escritor americano Ralph 
Ellison, que nos anos 50 lançou seu romance O Homem Invisível. Ellison, negro, contava a 
história de um descendente de escravos que ao percorrer os Estados Unidos descobriu 
apenas que, por ser negro, era ignorado - segundo ele, algo muito pior que ser confrontado 
ou desprezado. Braga mostra que, independentemente do preconceito racial, o 
preconceito social também é tão incrível que leva a simplesmente apagar pessoas do 
campo de visão. 'Nem na Suécia uma criança é incentivada pelos pais a ser gari, faxineiro 
ou coveiro', provoca. 'Não tem a ver com salário, mas com a simbologia.' 
Todo mundo se sente invisível em algum momento da vida - numa festa de gente de outra 
tribo, no emprego novo em que não se conhece ninguém. Mas essas são outras 
invisibilidades, circunstanciais, e portanto passageiras, reversíveis. O estudo de Braga é 
sobre uma invisibilidade tão automatizada na sociedade que muitas vezes nem mesmo 
o ser invisível se dá conta de sua degradante situação. 'Se ele percebe, carece de armas 
para o combate. Depois de ser ignorado a vida inteira ou, no máximo, 
maltratado, ninguém anda de cabeça erguida.' 
De fato, na maioria das vezes, o gari que limpa nossa 
cidade só é notado quando falta ao serviço. O 
ascensorista é tratado como uma máquina que funciona 
por comando de voz, sem direito a 'por favor' nem 
'obrigado'. A empregada doméstica põe o avental, alimenta a família e deixa a casa 
organizada anos a fio, mas os patrões mal sabem seu sobrenome, se tem filhos, se está com 
algum problema. Os únicos cidadãos que vestem uniforme para servir aos outros e 
ganham visibilidade e reconhecimento são os que estão em situação de poder sobre o 
interlocutor - médicos, enfermeiros, policiais. 'Algumas profissões estão num nível de 
rebaixamento absoluto', reforça Braga. 'As pessoas estão habituadas a passar pelos garis 
como quem passa por objetos', assinala. 
Nilce de Paula, mineiro de 61 anos, confirma. Desde que chegou a São Paulo, aos 18 anos, 
trabalhou em bar, restaurante, fez salgadinhos para vender, foi ascensorista - de terno e 
gravata, orgulha-se - e carregou contêineres de veneno. Já tinha experimentado o 
preconceito racial, mas a indiferença mesmo só conheceu quando virou gari. 'Às vezes estou 
trabalhando na avenida e passa uma pessoa. Mesmo que ela não me cumprimente, eu 
cumprimento, porque um bom-dia não custa nada', afirma. 'O pior é quando os carros quase 
passam por cima da gente, sem nem tentar desviar. A gente tem de trabalhar de frente para a 
avenida e se cuidar.' 
A invisibilidade pública vem sempre na companhia da humilhação social, o sofrimento 
pelo rebaixamento político, social e psicológico experimentado continuamente por 
cidadãos de classes D e E. O conceito é recente e foi cunhado por José Moura Gonçalves 
Filho, orientador de Braga. Afeta o raciocínio, a visão e o afeto de quem é discriminado. 
'O invisível não tem voz, seu discurso não é levado em conta, sua opinião sobre o 
mundo não importa. Ele aparece apenas como ferramenta', diz o psicólogo. Funcionária 
de uma empresa terceirizada de limpeza, a baiana Sônia Aragão, de 34 anos, veio para São 
Paulo em 1996, depois de ter passado pela lavoura, por restaurantes e casas de família. Ter 
de usar uniforme foi um choque: 'Tem gente que passa reto e faz de conta que não me vê. 
 
 
Eu mesma me sinto estranha com esta roupa, porque parece que não sou eu. Quando não 
estou de uniforme, pelo menos as pessoas me olham, mesmo que não falem comigo', diz.”7 
 
LEI No 10.216, DE 6 DE ABRIL DE 2001 
 
Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e 
redireciona o modelo assistencial em saúde mental. 
 
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e 
eu sanciono a seguinte Lei: 
 
Art. 1º Os direitos e a proteção das pessoas acometidas de 
transtorno mental, de que trata esta Lei, são assegurados sem 
qualquer forma de discriminação quanto à raça, cor, sexo, 
orientação sexual, religião, opção política, nacionalidade, 
idade, família, recursos econômicos e ao grau de
gravidade ou 
tempo de evolução de seu transtorno, ou qualquer outra. 
Art. 2º Nos atendimentos em saúde mental, de qualquer 
natureza, a pessoa e seus familiares ou responsáveis serão formalmente cientificados 
dos direitos enumerados no parágrafo único deste artigo. 
Parágrafo único. São direitos da pessoa portadora de transtorno mental: 
I - ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde, consentâneo às suas 
necessidades; 
II - ser tratada com humanidade e respeito e no interesse exclusivo de beneficiar sua 
saúde, visando alcançar sua recuperação pela inserção na família, no trabalho e na 
comunidade; 
III - ser protegida contra qualquer forma de abuso e exploração; 
IV - ter garantia de sigilo nas informações prestadas; 
V - ter direito à presença médica, em qualquer tempo, para esclarecer a necessidade 
ou não de sua hospitalização involuntária; 
VI - ter livre acesso aos meios de comunicação disponíveis; 
VII - receber o maior número de informações a respeito de sua doença e de seu 
tratamento; 
VIII - ser tratada em ambiente terapêutico pelos meios menos invasivos possíveis; 
IX - ser tratada, preferencialmente, em serviços comunitários de saúde mental. 
Art. 3º É responsabilidade do Estado o desenvolvimento da política de saúde mental, 
a assistência e a promoção de ações de saúde aos portadores de transtornos mentais, 
com a devida participação da sociedade e da família, a qual será prestada em 
estabelecimento de saúde mental, assim entendidas as instituições ou unidades que 
ofereçam assistência em saúde aos portadores de transtornos mentais. 
Art. 4º A internação, em qualquer de suas modalidades, só será indicada quando os 
recursos extra-hospitalares se mostrarem insuficientes. 
 
7 Fonte: http://revistaepoca.globo.com/Epoca/0,6993,EPT764232-1664,00.html. Acesso em 03/07/12. 
 
 
§ 1º O tratamento visará, como finalidade permanente, a reinserção social do paciente 
em seu meio. 
§ 2º O tratamento em regime de internação será estruturado de forma a oferecer 
assistência integral à pessoa portadora de transtornos mentais, incluindo serviços 
médicos, de assistência social, psicológicos, ocupacionais, de lazer, e outros. 
§ 3º É vedada a internação de pacientes portadores de transtornos mentais em 
instituições com características asilares, ou seja, aquelas desprovidas dos recursos 
mencionados no § 2o e que não assegurem aos pacientes os direitos enumerados no 
parágrafo único do art. 2o. 
Art. 5º O paciente há longo tempo hospitalizado ou para o qual se caracterize situação 
de grave dependência institucional, decorrente de seu quadro clínico ou de ausência 
de suporte social, será objeto de política específica de alta planejada e reabilitação 
psicossocial assistida, sob responsabilidade da autoridade sanitária competente e 
supervisão de instância a ser definida pelo Poder Executivo, assegurada a 
continuidade do tratamento, quando necessário. 
Art. 6º A internação psiquiátrica somente será realizada mediante laudo médico 
circunstanciado que caracterize os seus motivos. 
Parágrafo único. São considerados os seguintes tipos de internação psiquiátrica: 
I - internação voluntária: aquela que se dá com o consentimento do usuário; 
II - internação involuntária: aquela que se dá sem o consentimento do usuário e a 
pedido de terceiro; e 
III - internação compulsória: aquela determinada pela Justiça. 
Art. 7º A pessoa que solicita voluntariamente sua internação, ou que a consente, deve 
assinar, no momento da admissão, uma declaração de que optou por esse regime de 
tratamento. 
Parágrafo único. O término da internação voluntária dar-se-á por solicitação escrita 
do paciente ou por determinação do médico assistente. 
Art. 8º A internação voluntária ou involuntária somente será autorizada por médico 
devidamente registrado no Conselho Regional de Medicina - CRM do Estado onde se 
localize o estabelecimento. 
§ 1º A internação psiquiátrica involuntária deverá, no prazo de setenta e duas horas, 
ser comunicada ao Ministério Público Estadual pelo responsável técnico do 
estabelecimento no qual tenha ocorrido, devendo esse mesmo procedimento ser 
adotado quando da respectiva alta. 
§ 2º O término da internação involuntária dar-se-á por solicitação escrita do familiar, 
ou responsável legal, ou quando estabelecido pelo especialista responsável pelo 
tratamento. 
Art. 9º A internação compulsória é determinada, de acordo com a legislação vigente, 
pelo juiz competente, que levará em conta as condições de segurança do 
estabelecimento, quanto à salvaguarda do paciente, dos demais internados e 
funcionários. 
Art. 10. Evasão, transferência, acidente, intercorrência clínica grave e falecimento 
serão comunicados pela direção do estabelecimento de saúde mental aos familiares, 
ou ao representante legal do paciente, bem como à autoridade sanitária responsável, 
no prazo máximo de vinte e quatro horas da data da ocorrência. 
 
 
Art. 11. Pesquisas científicas para fins diagnósticos ou terapêuticos não poderão ser 
realizadas sem o consentimento expresso do paciente, ou de seu representante legal, e 
sem a devida comunicação aos conselhos profissionais competentes e ao Conselho 
Nacional de Saúde. 
Art. 12. O Conselho Nacional de Saúde, no âmbito de sua atuação, criará comissão 
nacional para acompanhar a implementação desta Lei. 
Art. 13. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. 
 
 
AULA 7 
 
Aspectos psicológicos das relações humanas: comportamento antissocial e 
violência 
 
LEI JURÍDICA & LEI SIMBÓLICA 
 
“As pessoas estão confundindo desejo com direito!” (M.S.Cortella) 
 
Existem regras que servem para regular as relações dos homens entre si. 
Essas são chamadas de normas sociais ou leis jurídicas. Porém, poderá 
haver, ou não, no indivíduo uma lei estruturante que funcionará para lhe 
dar limites ao gozo. De forma simplificada, essa será chamada de Lei 
simbólica. “A Constituição, carta magna de um Estado, as leis, os 
estatutos e os regimentos institucionais são modalidades de expressão da 
Lei simbólica na cultura e visam ao enquadramento e a limitação do 
gozo de uma relação aos demais.” (QUINET, 2008) 
Freud (1856-1939), por exemplo, escreve que cada nova criança 
que chega ao mundo dos humanos está diante do dever de ter que 
dar conta do Complexo de Édipo
8
. Isso faz com que o complexo de 
Édipo, com a questão da barreira contra o incesto, se torne, de uma 
maneira simples, mas na verdade muito complexa, o que a 
psicanálise chama de Lei. Lei, portanto, 
que proíbe o incesto e que proíbe o parricídio, ou seja, o 
assassinato do pai. 
Assim, porque o ser humano é um ser que se organiza e se 
desenvolve intelectual e emocionalmente a partir do 
simbólico
9
, é pelo simbólico que a Lei será transmitida, via 
cultura. Estruturar emocionalmente o sentido fundamental 
da Lei (ou seja, o da interdição aos impulsos básicos), ocorrerá, principalmente, na 
infância mais tenra e dependerá das primeiras relações sociais da criança (ou seja, 
com a mãe e com o pai). O registro estruturante da Lei é o que possibilitará, 
futuramente, à adaptação e o desenvolvimento sadio às posteriores relações 
civilizadas (escola, grupos, sociedade etc.). 
 
A AUTORIDADE DOS PAIS 
 
“A autoridade não é um atributo individual das figuras paternas. A 
autoridade dos pais - e da escola, que também anda em apuros [...] - 
deriva de uma lei simbólica que interdita os excessos de gozo. Uma 
lei que deve valer para todos. O pai que “tem moral” com seus 
 
8 Para um maior aprofundamento sobre o complexo de Édipo,
sugiro a leitura do seguinte texto: Configurações edípicas 
da contemporaneidade: reflexões sobre as novas formas de filiação, de Paulo Roberto Ceccarelli. Disponível em < 
http://www.editoraescuta.com.br/pulsional/161_07.pdf>. 
9 Simbólico, neste contexto, significa a capacidade humana de representar a realidade por signos linguísticos. 
 
 
filhos é aquele que também se submete à mesma lei, traduzida em regras de 
civilidade, de respeito e da chamada boa educação.” (KEHL, M.R.) 
 
O GOZO PELA VIOLAÇÃO DA LEI: O TRAÇO PERVERSO 
 
Para o pensamento psicanalítico, o que se chama “perverso” é, no 
âmbito dos impulsos sexuais e de suas consequentes fantasias, a 
tendência a buscar a permanência de um gozo absoluto e ilimitado. 
De um gozo (primitivo, incestuoso e, portanto, infantil) que irá 
negar quaisquer restrições ou limites (ou seja, que irá negar a Lei). 
“O desafio e a transgressão são o exercício de buscar, incessantemente, 
garantir e esticar o usufruto do gozo, além de todos os limites que a 
cultura e o pacto civilizatório impõem ao Outro.” Perverso em 
psicanálise toma o sentido de desvio ou perturbação das formas consideradas 
“normais” (maduras, adultas, satisfatórias para o sujeito etc.) do gozo sexual. 
O sentido da negação, neste contexto, significa que o sujeito perverso reconhece a 
existência da lei, porém, a nega, ou seja, não a aceita, não a estrutura em sua 
personalidade. Analise a classificação a seguir: 
 
REFLEXÕES 
 
“O apelo capitalista ao consumo que sugere, pela mídia, valores e 
atitudes de não limite ao gozo e ao prazer imediato.” 
 
“A lei da palmada, atualmente em tramitação no 
Congresso Nacional.” 
 
 
TEXTO COMPLEMENTAR 
 
Cariocas gostam de bandalha 
 
(ZUENIR VENTURA (O GLOBO, 26/11/08) 
 
A pesquisa publicada domingo pelo GLOBO, mostrando que só 
9% dos motoristas respeitam sinal de trânsito, confirma o que 
já se sabia observando o nosso dia a dia e o que Adriana 
Calcanhotto cantou na sua canção de amor ao Rio e ao seu 
povo: "Cariocas não gostam de sinal fechado." Gaúcha, ela foi 
generosa. Ao defeito apontado, contrapôs 15 qualidades positivas que enumera em 
graciosos versos: "Cariocas são bonitos/Cariocas são bacanas/Cariocas são 
sacanas/Cariocas são dourados" e por aí vai. Ela os chama ainda de modernos, 
espertos, diretos, alegres, sexy, que não gostam de dias nublados etc. Talvez por 
delicadeza de forasteira, ela não quis apontar uma verdade incômoda que explica todo 
o comportamento transgressor dos cariocas. Eles gostam de bandalha. 
E não apenas no trânsito, embora nesse quesito eles sejam imbatíveis. Gostam de 
fechar os cruzamentos, de debruçar sobre a buzina sem necessidade, de estacionar nas 
calçadas, de parar em lugar proibido, de excesso de velocidade, de falar ao celular 
enquanto dirigem, de andar na contramão e de xingar quem insiste em se manter 
dentro da lei (me lembro da senhora ao volante esperando a luz verde, e um sujeito 
histérico gritando atrás: "Pensa que tá na Suécia, perua?") 
Assim, além de responsáveis por um dos mais caóticos trânsitos do planeta, os 
cariocas também são especialistas em delitos menores, para não falar nos grandes, 
como assaltos e homicídios. Costumam urinar em lugares públicos, desrespeitar filas 
("quem gosta de fila é paulista", já ouvi um furão dizer, sem esperar a vez), levar o 
cachorro para fazer cocô no calçadão, e gostam de falar alto e atender o celular no 
cinema, enquanto comentam o filme com o vizinho. 
Outro dia uma leitora mandou carta ao jornal relatando a cena que presenciou: um 
garoto estava chutando a cadeira da frente, quando a senhora virou-se e pediu que ele 
parasse. Sabe o que fez o acompanhante, provavelmente pai ou avô do menino? 
Passou, ele mesmo, a repetir o que o neto ou filho fazia antes. Não sem chamar a 
queixosa de maluca. Há pouco tempo assisti a coisa parecida numa sessão à tarde. 
Quando alguém fez psiu para um grupo de cafajestes que discutiam aos gritos, um 
deles revidou: "Psiu é a p..., os incomodados que se mudem." Essa é a nossa 
realidade: há cada vez menos lugares para os incomodados. Em matéria de civilidade, 
os sinais foram trocados. O desvio virou norma e a exceção, regra. 
 
 
 
O DESENVOLVIMENTO DO COMPORTAMENTO ANTISSOCIAL 
 
O comportamento antissocial pode ser definido como um 
padrão de resposta cuja consequência é maximizar 
gratificações imediatas e evitar ou neutralizar as exigências 
do ambiente social. 
 
 
PRÓ-SOCIAIS 
(Competência Social) 
ANTISSOCIAIS 
(Incompetência Social) 
Solidariedade 
Altruísmo 
Cooperação 
Empatia 
Compaixão 
Respeito às normas sociais 
 
Individualismo/Egoísmo paroxísticos 
Competitividade destrutiva 
Insensibilidade/Frieza 
Crueldade 
Violação das normas sociais 
Fingir/Mentir/Trapacear/Explorar 
Fuga da escola e de casa 
Debochar/Humilhar/Implicar/Ofender 
“Bullying” 
Vandalismo 
Comportamento Violento/Ameaçar 
Roubar/Furtar 
Usar drogas 
Destruir/Matar 
 
Um aspecto importante para a definição de comportamento 
antissocial é que este exerce uma função na relação do indivíduo 
com o ambiente social (PATTERSON & cols., 1992). Embora 
seja uma forma primitiva de enfrentamento, este comportamento é 
efetivo para modificar o ambiente. Indivíduos antissociais 
utilizam comportamentos aversivos para modelar e manipular as pessoas à sua volta 
e, devido a sua efetividade, esse padrão pode se tornar a principal forma desses 
indivíduos interagirem e lidarem com as outras pessoas (PATTERSON & cols., 
1992). 
A efetividade do comportamento antissocial está relacionada principalmente às 
características da interação familiar, à medida que os membros da família treinam 
diretamente esse padrão comportamental na criança. Os pais, em geral, não são 
contingentes no uso de reforçadores positivos para iniciativas pró-sociais e fracassam 
no uso efetivo de técnicas disciplinares para enfraquecer os comportamentos 
desviantes. Além disso, essas famílias se caracterizam pelo uso de uma disciplina 
severa e inconsistente com pouco envolvimento parental e pouco monitoramento e 
supervisão do comportamento da criança. 
 
 
Patterson e colaboradores (1989) afirmam que em algumas ocasiões o 
comportamento é reforçado positivamente, através de atenção ou aprovação, mas a 
principal forma de manutenção deste padrão ocorre por meio de reforçamento 
negativo, ou condicionamento de esquiva. Em geral, a criança utiliza-se de 
comportamentos aversivos para interromper a solicitação ou a exigência de um outro 
membro da família. Ainda segundo os autores, a aprendizagem do comportamento 
antissocial ocorreria paralelamente a um déficit na aquisição de habilidades pró-
sociais. Desta forma, essas famílias parecem desenvolver crianças com dois 
problemas: alta frequência de comportamentos antissociais e pouca habilidade social 
(BOLSONI-SILVA & MARTURANO, 2002; PATTERSON & cols., 2000). 
Dessa forma, os comportamentos antissociais que ocorrem na 
infância são protótipos de comportamentos delinquentes que 
poderão acontecer mais tarde. A delinquência, então, representa 
um agravamento de um padrão antissocial que inicia na infância 
e, normalmente, persiste na adolescência e na vida adulta 
(FARRINGTON, 1995; VEIRMEIREN, 2003). 
 
REFLEXÃO 
 
O ATO INFRACIONAL E AS DEPENDÊNCIAS RELACIONAIS AFETIVAS 
 
“[...] Podemos continuar nossa reflexão, abordando uma outra dimensão traçada neste 
estudo, que se refere às dependências de contexto. Os adolescentes apontam uma estreita 
relação entre o contexto e as práticas infracionais. 
Quanto às dependências relacionais afetivas, existe um potencial afetivo importante na 
família.
Os adolescentes entrevistados descrevem um forte vínculo com a mãe, revelando 
o seu papel protetivo, acolhedor e de defesa, valorizando seu vínculo emocional com ela. 
Este é, muitas das vezes, o vínculo mais forte apresentado pelo adolescente em conflito com a lei em relação 
à sua rede social. Ao passo que a mãe protege o adolescente, este também age no mesmo sentido, procurando 
mostrar sua admiração, confiança, lealdade e proteção em relação a ela. Por isso, a atuação da mãe neste 
contexto infracional pode trazer grandes contribuições para as possíveis mudanças de comportamento e 
desenvolvimento emocional adequado do filho. 
No entanto, existe o duplo vínculo aditivo (Colle, 1996) que se estabelece na relação mãe-filho. As mães são 
permissivas ao comportamento transgressor do filho, chegando a negar a situação ou a guardar segredo do 
problema, fingindo não ver o que está acontecendo, com a intenção de minimizar os riscos e resolver o 
problema sozinhas. Esta já não é somente uma proteção, mas uma superproteção. Os filhos acabam por não 
se responsabilizarem por seus atos, pois contam com o apoio delas. Podemos ainda inferir a ausência de 
autoridade parental na vida destes jovens, quando falam sobre a atitude dos pais diante de seus 
comportamentos transgressores. A presença parental deixa de existir quando os pais perdem sua voz ativa 
perante o adolescente (Omer, 2002). Muitas vezes a permissividade e a superproteção da mãe podem levar a 
esta falta de autoridade perante seus filhos. 
Os adolescentes também falam sobre a falta do pai. Em 20 entrevistas surgiram relatos acerca da perda 
(falecimento), desconhecimento (mora longe, não tem contato, o abandonou na infância) ou desqualificação 
do pai (característica esta representada pelo alcoolismo, violência, ausência de autoridade e não ser o 
provedor da família). 
A desestruturação de uma família, seja através do divórcio, da morte de algum membro, seja por razões 
socioeconômicas, pela ação direta da pobreza ou pela falta de cultura, não são fenômenos que, por si sós, 
levam à droga dição. Mas a ausência de afetividade dentro de um sistema familiar, esta sim, é a grande 
responsável pelo fenômeno da droga dição, pois, como afirma Kalina e cols.(1999), "a única coisa 
impossível de ser substituída é o amor" (p.182). 
Neste sentido, um outro aspecto que chama a atenção presente nas falas dos adolescentes, refere-se ao 
alcoolismo do pai, seguido de atos violentos. O adolescente sente a frustração pela falta de atenção, rejeição 
 
 
ou abandono deste pai; sente a falta de uma qualidade no vínculo pai-filho: o pai sempre distante: a falta de 
intimidade e de disponibilidade dele em estar com o filho. Esta conduta do pai pode estar relacionada ao 
alcoolismo do mesmo, o que não elimina o sofrimento, a mágoa, a decepção do adolescente, que ainda não 
tem uma compreensão clara da influência do consumo de álcool do pai sobre a dinâmica familiar. O filho 
sente-se vitimado pelo pai e identificado com a mãe, como quando um adolescente coloca: "Estragou minha 
vida, estragou a vida da minha mãe..." Caberia melhor investigar como se explica esta situação do pai 
alcoolista na visão destes adolescentes. A figura paterna pode estar aparecendo como co-geradora do 
fenômeno aditivo e delituoso (Kalina & Cols., 1999). A função paterna fica comprometida, fazendo com que 
o jovem permaneça no vazio e procure "fora" a autoridade que não encontra "dentro" de casa (Omer, 2002). 
O ato infracional surge, então, como a busca deste pai, de uma autoridade, de uma lei que seja capaz de 
colocar limites, que "proíba" o adolescente de agir, mas que favoreça, em contrapartida, algum tipo de 
aproximação pai-filho. 
Do mesmo modo, há nas falas destes adolescentes a denúncia de usuários de drogas e antecedentes criminais 
na família como mediadores do vínculo. É interessante observar que 13 adolescentes entrevistados falaram 
sobre o alcoolismo do pai e/ou a presença de antecedentes criminais ou outros usuários de drogas na família. 
Esta questão nos leva a pensar no significado simbólico para o adolescente do comprometimento de algum 
membro da família com o álcool, as drogas ou os atos infracionais. Aparecem contradições nos relatos dos 
adolescentes, mostrando novamente aqui a questão do duplo vínculo aditivo que se estabelece na dinâmica 
familiar. Por um lado, veem as condutas "alcoolistas", aditivas, delituosas no sistema familiar como modelo 
(não há críticas em relação ao pai) e é o próprio sistema que os introduz na criminalidade e na adição 
(aprendem com o pai a beber, a traficar). Por outro lado, os adolescentes denunciam os membros do sistema, 
que se tornam inconvenientes quando perdem o controle. A falta de coerência no contexto familiar torna a 
relação ambivalente: abandono e regresso, aproximação e distanciamento, provocando nestes adolescentes 
sentimentos, por sua vez, também bastante contraditórios. Se em determinados momentos odeiam, rejeitam, 
estigmatizam seus familiares, em outros, amam, são cúmplices e os têm como exemplo. Podemos pensar que 
toda esta situação é conflituosa e pode estar deixando o adolescente mais vulnerável para ficar fora de casa.” 
(PEREIRA; SUDBRACK, 2005) 
 
 
 
 
Qual a diferença entre violência e agressividade? 
 
 
 
Jurandir Freire Costa (1986) estabelece a diferença entre 
agressividade e violência, pontuando que na primeira existe 
o fator necessidade, enquanto que a segunda é permeada pela 
gratuidade de sua expressão, isto é, não está vinculada à 
defesa do agressor nem à manutenção de seu bem-estar ou 
desenvolvimento, como ocorre na agressividade. A violência 
gera em sua vítima um desprazer desnecessário, violando o 
direito da mesma de ocupar um lugar no meio social, ferindo sua identidade, bem 
como as regras estabelecidas (leis). A violência é fruto de um desejo de destruir 
ou, como afirma Costa, é o emprego desejado da agressividade. Sendo uma 
manifestação da vontade, a violência é exclusivamente humana, porque só os 
homens desejam. Os animais não desejam; eles somente necessitam, ou seja, seu 
caminho tem uma determinação exclusivamente biológica. 
Por sua vez, a Organização Mundial da Saúde (OMS) define 
violência como “[...] o uso intencional da força física ou o poder, 
real ou por ameaça, contra a pessoa mesma, contra outra pessoa, 
ou contra um grupo ou comunidade, que possa resultar em ou 
tenha alta probabilidade de resultar em morte, lesão, dano 
psicológico, problemas de desenvolvimento ou privação.” 
(Relatório Mundial sobre a Violência e a Saúde – OMS/2002). 
 
 
 
TIPOS DE VIOLÊNCIA
10
 
FÍSICA PSICOLÓGICA ou 
MORAL 
SEXUAL PRIVAÇÃO ou 
NEGLIGÊNCIA 
ESTRUTURAL 
“[...] significa o uso 
da força física para 
produzir lesões, 
traumas, feridas, 
dores ou 
incapacidades em 
outra pessoa.” 
 
 
“[...] diz respeito a 
agressões verbais ou 
gestuais com o 
objetivo de 
aterrorizar, rejeitar, 
humilhar a vítima, 
restringir a liberdade 
ou ainda isolá-la do 
convívio social.” 
 
“Stalking”(seguindo, 
perseguindo) refere à 
ideia de perseguição 
persistente e 
implacável de sua 
vítima. Em geral o 
sexo feminino é o 
mais acometido. 
Refere-se geralmente 
à intrusão persistente 
na vida de uma 
pessoa, contatos 
indesejados, ameaças 
e invasão de sua 
privacidade. A 
grande dificuldade de 
caracterizar esta 
conduta é que nem 
sempre o perseguidor 
comete algum ato 
ilegal. Todo esse 
conjunto de ações 
pode culminar em 
ameaças de morte, 
sequestro e até 
homicídio. Nesse 
particular, a Lei 
Maria da Penha 
sinaliza para a 
possibilidade de 
caracterizar o 
stalking, ao incluir 
entre as formas de 
violência a
modalidade 
psicológica. 
“[...] diz respeito ao 
ato ou jogo sexual 
que ocorre nas 
relações hetero ou 
homossexuais e visa 
estimular a vítima ou 
a utilizá-la para obter 
excitação sexual e 
práticas eróticas, 
pornográficas e 
sexuais, impostas por 
meio de aliciamento, 
violência física ou 
ameaças. O abuso 
sexual é a utilização 
da violência, do 
poder, da autoridade 
ou da diferença de 
idade para obtenção 
de prazer sexual. 
Esse prazer não é 
obtido apenas por 
meio de relações 
sexuais propriamente 
ditas; pode ocorrer 
em forma de carícias, 
de manipulação dos 
órgãos genitais, 
voyeurismo, ou 
atividade sexual com 
ou sem penetração 
vaginal, anal ou 
oral.” 
“[...] ato de omissão em 
prover as necessidades 
básicas para 
desenvolvimento de 
uma pessoa, incluindo 
comida, casa, 
segurança e educação.” 
“[...] se aplica tanto 
às estruturas 
organizadas 
e institucionalizadas 
da família como aos 
sistemas econômicos, 
culturais e políticos 
que 
conduzem à opressão 
de determinadas 
pessoas 
a quem se negam 
vantagens da 
sociedade, tornando- 
as mais vulneráveis 
ao sofrimento e à 
morte. Essas 
estruturas 
determinam 
igualmente 
as práticas de 
socialização que 
levam os indivíduos 
a aceitar ou a infligir 
sofrimentos, de 
acordo com o papel 
que 
desempenham.11” 
 
 
 
 
 
 
10 MINAYO, apud Governo do Estado de São Paulo, 2009. Manual de Proteção Escolar e Promoção da Cidadania. 
11 BOULDING (1981) 
 
 
 
COMPORTAMENTO AGRESSIVO E A LEI 
 
Estado de necessidade 
Art. 24 do CP - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para 
salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo 
evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável 
exigir-se. 
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o 
perigo. 
Legítima defesa 
Art. 25 do CP - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos 
meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de 
outrem. 
*** 
 
 
 
AULA 8 
 
A Psicologia, o Judiciário e a busca pelo ideal de Justiça: justiça restaurativa. 
Métodos autocompositivos de resolução de conflitos. 
 
A Justiça Restaurativa é um "processo colaborativo que 
envolve aqueles afetados mais diretamente por um 
crime, chamados de ‘partes interessadas principais’, para 
determinar qual a melhor forma de reparar o dano 
causado pela transgressão". 
[...] "a essência da justiça restaurativa é a resolução de 
problemas de forma colaborativa. Práticas restaurativas proporcionam, àqueles que 
foram prejudicados por um incidente, a oportunidade de reunião para expressar seus 
sentimentos, descrever como foram afetados e desenvolver um plano para reparar os 
danos ou evitar que aconteça de novo. A abordagem restaurativa é reintegradora e 
permite que o transgressor repare danos e não seja mais visto como tal. [...] O 
engajamento cooperativo é elemento essencial da justiça restaurativa". Trata-se, 
enfim, de suprir as necessidades emocionais e materiais das vítimas e, ao mesmo 
tempo, fazer com que o infrator assuma responsabilidade por seus atos, mediante 
compromissos concretos. (http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=7359) 
O conceito de Justiça Restaurativa coloca a sua ênfase no dano causado à vitima 
assim como à própria comunidade onde esta se encontra inserida. Procura estabelecer 
um reconhecimento geral de que o crime é tanto uma violação das relações entre um 
conjunto específico de pessoas; como uma violação contra todos – e logo contra o 
Estado. Sempre que seja considerado apropriado, a vitima e o arguido tem a hipótese 
de se confrontar num ambiente controlado, dando desta forma a oportunidade a 
ambos de explicar as causas e as consequências pessoais do 
crime. O objetivo central passa pela revalorização do papel 
da desculpa e da tentativa real da reparação do dano 
causado. De forma simplificada, o conceito de Justiça 
Restaurativa baseia-se na teoria dos três R: 
a) Atuar para que o arguido assuma a sua Responsabilidade; 
b) Permitir uma melhor Reintegração do arguido na 
Comunidade; 
c) Estimular a Reparação do dano causado; 
(http://justicarestaurativa.wordpress.com/2007/05/01/definicao-de-justica-
restaurativa/) 
 
Benefícios da Justiça Restaurativa 
Celeridade e economia de recursos na resolução das lides judiciais; 
“Compensações psicológicas” às vítimas; 
Possibilidade de os autores reconhecerem os danos causados por suas ações e de 
agirem no sentido da restauração ou reparação do dano causado (ressocialização); 
Participação da comunidade no Judiciário. 
 
 
 
Justiça Restaurativa e Legislação Brasileira 
 
Deve-se assinalar, de início, que não há na legislação brasileira 
dispositivos com práticas totalmente restaurativas. Existem, 
contudo, determinados diplomas legais os quais podem ser 
utilizados para sua implementação, ainda que parcial. De 
acordo com Pedro Scuro Neto, um programa efetivo de Justiça 
Restaurativa requer que sejam estabelecidos, "por via 
legislativa, padrões e diretrizes legais para a implementação dos 
programas restaurativos, bem como para a qualificação, 
treinamento, avaliação e credenciamento de mediadores, administração dos 
programas, níveis de competência e padrões éticos, salvaguardas e garantias 
individuais. 
 
CONFLITO 
 
O QUE É UM CONFLITO? 
 
1. “Simplificadamente, as diferenças não compreendidas, em 
muitos casos, geram conflitos.” 
2. “[...] é resultado de um conjunto de condições 
psicossocioculturais que determinam colisão de interesses.” 
 
 
REFLEXÃO 
 
“[...] o conflito não é destrutivo em si, nem bom em si, e pode ser entendido como um 
dos elementos da própria vida, portanto, parte integral do meio no qual nascemos, 
vivemos e morremos, fazendo parte de nossas interações; por isso não pode se 
extirpado. A questão é saber como manejá-lo de forma que ambas as partes saiam 
ganhando, ou seja, eficaz e produtivamente.” 
Para alguns autores, um conflito é uma excelente oportunidade de crescimento e 
desenvolvimento. 
 
Métodos tradicionais e alternativos de solução de conflitos 
 
1º) JULGAMENTO (Método Tradicional) – De competência 
do poder Judiciário que, inicialmente, aprecia os fatos 
(processo) e, posteriormente, impõe sentença em harmonia 
com a ordem jurídica vigente. Neste método, tipicamente 
adversarial, uma das partes perde e a outra ganha. Às vezes, 
ambas perdem. 
 
 
 
2º) ARBITRAGEM (Método Extrajudicial) – Neste método a 
decisão será tomada por um terceiro neutro, o árbitro, 
escolhido pelas partes. Caracteriza-se por ser adversarial. 
A Lei n. 9.307, de 1996, retirou a obrigatoriedade de 
homologação do Laudo Arbitral pelo Poder Judiciário. 
 
3º) CONCILIAÇÃO – “O objetivo da conciliação é colocar 
fim ao conflito manifesto, isto é, a questão trazida pelas partes. 
O conciliador envolve-se segundo sua visão do que é justo ou 
não; na busca de soluções, interfere e questiona os litigantes. O 
conciliador, entretanto, não tem poder de decisão, que deve ser 
tomada, cooperativamente, pelas partes. 
Na conciliação, não há interesse em buscar ou identificar razões ocultas que levaram 
ao conflito e outras questões pessoais dos envolvidos.” (FIORELLI; MANGINI, 
2010). 
É prevista pelo Código de Processo Civil a prática da conciliação, como forma de 
resolução de conflitos em processos de separação. Essa prática é bastante
prestigiada 
pelo magistrado brasileiro, podendo ocorrer em qualquer tempo durante o processo, 
quando se oferece às partes uma oportunidade de conciliação sobre o assunto em 
pauta, extinguindo total ou parcialmente o litígio.” Principais áreas: criminal, família 
e trabalho.” 
 
4º) MEDIAÇÃO - Segundo Grunspun (2000), a mediação 
pode ser compreendida como um processo no qual uma 
terceira pessoa, neutra, o mediador, facilita a resolução de 
uma controvérsia ou disputa entre duas partes. “Na 
mediação, (o mediador), atua para promover a solução do 
conflito por meio do realinhamento das divergências entre 
as partes, os mediandos. 
Para isso, o mediador explora o conflito para identificar os interesses que se 
encontram além ou ocultos pelas queixas manifestas (as posições). O mediador não 
decide, não sugere soluções, mas trabalha para que os mediandos as encontre e se 
comprometam com eles. 
Reconhecer o ponto de vista do outro é fundamental e o mediador empenha-se para 
que isso aconteça. A pedra de toque é a cooperação e são diversas as técnicas 
empregadas. (FIORELLI; MANGINI, 2010). 
 
O MÉTODO DA NEGOCIAÇÃO (Método Extrajudicial) 
 
Nesta modalidade a resolução do conflito caberá as partes. Não se caracteriza como 
adversarial pois os envolvidos deverão se dispor a buscar uma solução que 
contemple, na medida do possível, a maior parte dos seus interesses. 
“A negociação, por outro lado, está presente nos métodos (da conciliação e da 
mediação), como parte integrante da condução dos trabalhos. Ela também pode 
 
 
acontecer no transcorrer da arbitragem ou do julgamento, com a participação 
promotores, advogados e árbitros.” (FIORELLI; MANGINI, 2010). 
*** 
 
 
 
AULA 9 
 
As práticas “Psi” e suas aplicações no contexto jurídico: área de família. 
 
Principais atividades do Psicólogo Jurídico nas Varas de Família 
 
Intervenção em casos de separação, divórcio, regulamentação de 
visitas, pensão alimentícia, destituição do poder, disputa de guarda, 
assessoria em relação aos tipos de guarda (unilateral ou 
compartilhada) não obstante os interesses dos filhos, 
acompanhamento de visitas, síndrome de alienação parental. 
 
CRITÉRIOS PARA O ESTABELECIMENTO DA PATERNIDADE NO 
DIREITO BRASILEIRO 
 
CONCEITO 
 
PATERNIDADE – “Condição do pai em relação aos filhos, quanto aos direitos e 
obrigações. Obs.: O vocábulo é comum tanto ao pai como à mãe, dado que o 
feminino etimológico maternidade tem outro sentido.” (DICIONÁRIO JURÍDICO) 
 
CRITÉRIOS 
 
1º) Presunção legal – Somente para os filhos havidos no casamento. Por 
esse critério excluíam-se os chamados “filhos bastardos”, ou seja, os 
havidos fora do casamento. 
 
2º) Biológico – Critério que estabelece a paternidade a partir da 
constatação científica (via exames de DNA, p.ex.) da descendência 
biológica, ou, laço consanguíneo. 
 
3º) Socioafetivo – Critério que poderá estabelecer a paternidade a partir 
dos vínculos de afinidade e afetividade, independentemente de qualquer 
laço consanguíneo. 
 
 
Obs.: No direito brasileiro estão positivados somente os dois primeiros critérios 
(quais sejam, o legal e o biológico). Porém, em processos de adoção, por exemplo, o 
critério afetivo é largamente aceito. 
 
DÚVIDA 
Os vínculos de paternidade, uma vez estabelecidos legalmente, são inextinguíveis. 
Porém, discute-se atualmente no direito a seguinte questão: Caso o vínculo legal de 
paternidade tenha sido estabelecido a partir do critério afetivo (p. ex., numa adoção), 
 
 
extinta essa afetividade e afinidade entre “pais” e “filhos”, pelo motivo que for, deve 
também o vínculo legal de paternidade ser extinto? JUSTIFIQUE: 
 
ALIENAÇÃO PARENTAL e SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL 
 
A Síndrome de Alienação Parental (SAP) é um distúrbio psicológico de 
crianças e adolescentes que aparece quase exclusivamente no contexto 
de disputas de custódia quando em processos de separação (importante 
não confundir com Alienação Parental, pura e simplesmente, que 
caracteriza as ações caluniadoras e difamatórias do genitor alienador em 
relação ao genitor alienado). 
Sua manifestação preliminar é a campanha denegritória contra um dos genitores, uma 
campanha feita pelo próprio filho e que não tenha nenhuma justificação. Resulta da 
combinação das instruções de um genitor (o que faz a “lavagem cerebral, 
programação, doutrinação”) e contribuições do próprio filho para caluniar o genitor-
alvo. Importante: quando o abuso e/ou a negligência parentais verdadeiros estão 
presentes, a animosidade da criança pode ser justificada, e assim a explicação de SAP 
para a hostilidade do filho não é aplicável 
 
SAP – PRINCIPAIS SINTOMAS 
Sintomas Característica 
Campanha de descrédito Esta campanha se manifesta verbalmente e nas atitudes. 
Justificativas fúteis 
O filho dá pretextos fúteis, com pouca credibilidade ou absurdos, para 
justificar a atitude. 
Situações fingidas 
O filho conta casos que manifestadamente não viveu, ou que ouviu 
contar (“memória implantada”). 
Ausência de ambivalência 
O filho está absolutamente seguro de si, e seu sentimento exprimido 
pelo genitor alienado é maquinal e sem equívoco: é o ódio. 
Ausência de culpa 
O filho não sente nenhuma culpa por denegrir ou explorar o genitor 
alienado. 
Fenômeno de 
independência 
O filho afirma que ninguém o influenciou e que chegou sozinho a esta 
conclusão. 
Sustentação 
deliberada. 
O filho adota, de uma forma racional, a defesa do genitor alienador no 
conflito. 
 
 
Generalização a outros 
membros da família do 
alienado. 
O filho estende sua animosidade para a família e amigos do genitor 
alienado. 
 
SAP - CONSEQUÊNCIAS PSICOLÓGICAS PARA OS FILHOS 
 
Os efeitos nos jovens vítimas da SAP podem ser uma depressão crônica, 
incapacidade de adaptação em ambiente psicossocial normal, desespero, 
sentimento incontrolável de culpa, sentimento de isolamento, 
comportamento hostil, falta de organização, dupla personalidade e às 
vezes suicídio. Esses jovens podem tornar-se mentirosos e 
manipuladores, como os genitores de que foram vítimas. Isto porque 
desde muito cedo são treinados para falar apenas uma parte da 
verdade. Estudos têm mostrado que, quando adultas, as vítimas da 
Alienação Parental têm inclinação ao álcool e às drogas, e 
apresentam outros sintomas de profundo mal-estar. 
 
DICA CINEMATOGRÁFICA 
 
Assista o documentário “A morte inventada: alienação 
parental”, direção de Alan Minas. 
(www.amorteinventada.com.br) 
 
 
DICA DE PESQUISA 
 
1. Para maiores informações sobre Alienação Parental visite o site 
www.alienacaoparental.com.br; 
2. Faça uma leitura da LEI Nº 12.318, de 26/08/2010 que dispõe sobre a 
alienação parental e altera o art. 236 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. 
 
 
 
 
GUARDA COMPARTILHADA 
 
LEI Nº 11.698, de 13/06/08 
Altera os arts. 1.583 e 1.584 da Lei no 10.406, de 10 de 
janeiro de 2002 – Código Civil, para instituir e 
disciplinar a guarda compartilhada. 
 
Art. 1
o
 Os arts. 1.583 e 1.584 da Lei n
o
 10.406, de 10 de 
janeiro de 2002 – Código Civil, passam a vigorar com a 
seguinte redação: 
Art. 1.583. A guarda será unilateral ou compartilhada. 
§ 1
o
 Compreende-se por guarda unilateral a atribuída a um só dos genitores ou a 
alguém que o substitua (art. 1.584, § 5
o
) e, por guarda compartilhada a 
responsabilização conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que 
não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos filhos comuns. 
§ 2
o
 A guarda unilateral será atribuída ao genitor que revele melhores condições para 
exercê-la e, objetivamente,
mais aptidão para propiciar aos filhos os seguintes fatores: 
I – afeto nas relações com o genitor e com o grupo familiar; 
II – saúde e segurança; 
III – educação. 
§ 3
o
 A guarda unilateral obriga o pai ou a mãe que não a detenha a supervisionar os 
interesses dos filhos. 
Art. 1.584. A guarda, unilateral ou compartilhada, poderá ser: 
§ 2
o
 Quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à guarda do filho, 
será aplicada, sempre que possível, a guarda compartilhada. 
§ 3
o
 Para estabelecer as atribuições do pai e da mãe e os períodos de convivência sob 
guarda compartilhada, o juiz, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, 
poderá basear-se em orientação técnico-profissional ou de equipe interdisciplinar. 
 
DISCUSSÃO 
 
O instituto da Guarda Compartilhada poderá ser um instrumento contra potenciais 
processos de alienação parental, quando das dissoluções conjugais? Justifique: 
 
 
 
 
 
FIXAÇÃO - Caderno de Psicologia – Introdução à Psicologia – p. 19 a 20 e, 
Psicologia Social – p. 200, 205, 281 e 282) 
 
 
AULAS 10 e 11 
 
As práticas “Psi” e suas aplicações no contexto jurídico: área da infância, 
juventude e do idoso 
 
Infância e Juventude 
 
Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do 
Adolescente e dá outras providências): 
 
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de 
idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade. 
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à 
pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-
se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de 
lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em 
condições de liberdade e de dignidade. 
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público 
assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à 
saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, 
à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. 
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende: 
a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias; 
b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública; 
c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas; 
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção 
à infância e à juventude. 
Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de 
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na 
forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais. 
Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a 
efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o 
desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência. 
Art. 9º O poder público, as instituições e os empregadores propiciarão condições 
adequadas ao aleitamento materno, inclusive aos filhos de mães submetidas a medida 
privativa de liberdade. 
Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade 
como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos 
civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis. 
Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos: 
I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as 
restrições legais; 
II - opinião e expressão; 
III - crença e culto religioso; 
IV - brincar, praticar esportes e divertir-se; 
 
 
V - participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação; 
VI - participar da vida política, na forma da lei; 
VII - buscar refúgio, auxílio e orientação. 
Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, 
psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, 
da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos 
pessoais. 
Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os 
a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou 
constrangedor. 
Art. 19. Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua 
família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar 
e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias 
entorpecentes. 
Art. 20. Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os 
mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias 
relativas à filiação. 
Art. 21. O poder familiar será exercido, em igualdade de condições, pelo pai e pela 
mãe, na forma do que dispuser a legislação civil, assegurado a qualquer deles o 
direito de, em caso de discordância, recorrer à autoridade judiciária competente para 
a solução da divergência. 
Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, 
cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as 
determinações judiciais. 
Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não constitui motivo suficiente 
para a perda ou a suspensão do poder familiar. 
Parágrafo único. Não existindo outro motivo que por si só autorize a decretação da 
medida, a criança ou o adolescente será mantido em sua família de origem, a qual 
deverá obrigatoriamente ser incluída em programas oficiais de auxílio. 
Art. 24. A perda e a suspensão do poder familiar serão decretadas judicialmente, em 
procedimento contraditório, nos casos previstos na legislação civil, bem como na 
hipótese de descumprimento injustificado dos deveres e obrigações a que alude o art. 
22. 
Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer 
deles e seus descendentes. 
Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou ampliada aquela que se estende 
para além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formada por parentes 
próximos com os quais a criança ou adolescente convive e mantém vínculos de 
afinidade e afetividade. 
Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão ser reconhecidos pelos pais, 
conjunta ou separadamente, no próprio termo de nascimento, por testamento, 
mediante escritura ou outro documento público, qualquer que seja a origem da 
filiação. 
Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nascimento do filho ou suceder-
lhe ao falecimento, se deixar descendentes. 
 
 
Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo, 
indisponível e imprescritível, podendo ser exercitado contra os pais ou seus herdeiros, 
sem qualquer restrição, observado o segredo de Justiça. 
Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á mediante guarda, tutela ou 
adoção, independentemente da situação jurídica da criança ou adolescente, nos 
termos desta Lei. 
§ 1º Sempre que possível, a criança ou o adolescente será previamente ouvido por 
equipe interprofissional, respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de 
compreensão sobre as implicações da medida, e terá sua opinião devidamente 
considerada. 
§ 2º Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade, será necessário seu 
consentimento, colhido em audiência. 
§ 3º Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o grau de parentesco e a relação de 
afinidade ou de afetividade, a fim de evitar ou minorar as consequências decorrentes 
da
medida. 
§ 4º Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção, tutela ou guarda da mesma 
família substituta, ressalvada a comprovada existência de risco de abuso ou outra 
situação que justifique plenamente a excepcionalidade de solução diversa, 
procurando-se, em qualquer caso, evitar o rompimento definitivo dos vínculos 
fraternais. 
§ 5º A colocação da criança ou adolescente em família substituta será precedida de 
sua preparação gradativa e acompanhamento posterior, realizados pela equipe 
interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente 
com o apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política municipal de 
garantia do direito à convivência familiar. 
Art. 29. Não se deferirá colocação em família substituta a pessoa que revele, por 
qualquer modo, incompatibilidade com a natureza da medida ou não ofereça 
ambiente familiar adequado. 
Art. 30. A colocação em família substituta não admitirá transferência da criança ou 
adolescente a terceiros ou a entidades governamentais ou não-governamentais, sem 
autorização judicial. 
Art. 31. A colocação em família substituta estrangeira constitui medida excepcional, 
somente admissível na modalidade de adoção. 
Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável prestará compromisso de bem 
e fielmente desempenhar o encargo, mediante termo nos autos. 
Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência material, moral e educacional à 
criança ou adolescente, conferindo a seu detentor o direito de opor-se a terceiros, 
inclusive aos pais. 
§ 3º A guarda confere à criança ou adolescente a condição de dependente, para todos 
os fins e efeitos de direito, inclusive previdenciários. 
Art. 39. A adoção de criança e de adolescente reger-se-á segundo o disposto nesta 
Lei. 
§ 1º A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se deve recorrer apenas 
quando esgotados os recursos de manutenção da criança ou adolescente na família 
natural ou extensa, na forma do parágrafo único do art. 25 desta Lei. 
 
 
Art. 40. O adotando deve contar com, no máximo, dezoito anos à data do pedido, 
salvo se já estiver sob a guarda ou tutela dos adotantes. 
Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmos direitos e 
deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com pais e parentes, 
salvo os impedimentos matrimoniais. 
Art. 42. Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos, independentemente do estado 
civil. 
§ 1º Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do adotando. 
§ 2º Para adoção conjunta, é indispensável que os adotantes sejam casados civilmente 
ou mantenham união estável, comprovada a estabilidade da família. 
§ 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos mais velho do que o adotando. 
§ 4º Os divorciados, os judicialmente separados e os ex-companheiros podem adotar 
conjuntamente, contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde 
que o estágio de convivência tenha sido iniciado na constância do período de 
convivência e que seja comprovada a existência de vínculos de afinidade e 
afetividade com aquele não detentor da guarda, que justifiquem a excepcionalidade 
da concessão. 
§ 6º A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após inequívoca manifestação de 
vontade, vier a falecer no curso do procedimento, antes de prolatada a sentença. 
Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar reais vantagens para o adotando e 
fundar-se em motivos legítimos. 
Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais ou do representante legal do 
adotando. 
§ 1º. O consentimento será dispensado em relação à criança ou adolescente cujos pais 
sejam desconhecidos ou tenham sido destituídos do poder familiar. 
§ 2º. Em se tratando de adotando maior de doze anos de idade, será também 
necessário o seu consentimento. 
Art. 46. A adoção será precedida de estágio de convivência com a criança ou 
adolescente, pelo prazo que a autoridade judiciária fixar, observadas as 
peculiaridades do caso. 
§ 1º O estágio de convivência poderá ser dispensado se o adotando não tiver mais de 
um ano de idade ou se, qualquer que seja a sua idade, já estiver na companhia do 
adotante durante tempo suficiente para se poder avaliar a conveniência da 
constituição do vínculo. 
§ 2º Em caso de adoção por estrangeiro residente ou domiciliado fora do País, o 
estágio de convivência, cumprido no território nacional, será de no mínimo quinze 
dias para crianças de até dois anos de idade, e de no mínimo trinta dias quando se 
tratar de adotando acima de dois anos de idade. 
§ 1º O estágio de convivência poderá ser dispensado se o adotando já estiver sob a 
tutela ou guarda legal do adotante durante tempo suficiente para que seja possível 
avaliar a conveniência da constituição do vínculo. 
§ 2º A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a dispensa da realização do 
estágio de convivência. 
 
 
§ 3º Em caso de adoção por pessoa ou casal residente ou domiciliado fora do País, o 
estágio de convivência, cumprido no território nacional, será de, no mínimo, 30 
(trinta) dias. 
§ 4º O estágio de convivência será acompanhado pela equipe interprofissional a 
serviço da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente com apoio dos 
técnicos responsáveis pela execução da política de garantia do direito à convivência 
familiar, que apresentarão relatório minucioso acerca da conveniência do deferimento 
da medida. 
Art. 48. O adotado tem direito de conhecer sua origem biológica, bem como de obter 
acesso irrestrito ao processo no qual a medida foi aplicada e seus eventuais 
incidentes, após completar 18 (dezoito) anos. 
Parágrafo único. O acesso ao processo de adoção poderá ser também deferido ao 
adotado menor de 18 (dezoito) anos, a seu pedido, assegurada orientação e assistência 
jurídica e psicológica. 
Art. 49. A morte dos adotantes não restabelece o poder familiar dos pais naturais. 
Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis sempre que 
os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados: 
I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; 
II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável; 
III - em razão de sua conduta. 
Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a autoridade 
competente poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas: 
I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade; 
II - orientação, apoio e acompanhamento temporários; 
III - matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino 
fundamental; 
IV - inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança e ao 
adolescente; 
V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime 
hospitalar ou ambulatorial; 
VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento 
a alcoólatras e toxicômanos; 
VII - abrigo em entidade; 
VIII - colocação em família substituta. 
Parágrafo único. O abrigo é medida provisória e excepcional, utilizável como forma 
de transição para a colocação em família substituta, não implicando privação de 
liberdade. 
§ 1º O acolhimento institucional e o acolhimento familiar são medidas provisórias e 
excepcionais, utilizáveis como forma de transição para reintegração familiar ou, não 
sendo esta possível, para colocação em família substituta, não implicando privação de 
liberdade. 
§ 2º Sem prejuízo da tomada de medidas emergenciais para proteção de vítimas de 
violência ou abuso sexual e das providências a que alude o art. 130 desta Lei, o 
afastamento da criança ou adolescente do convívio familiar é de competência 
exclusiva da autoridade judiciária
e importará na deflagração, a pedido do Ministério 
 
 
Público ou de quem tenha legítimo interesse, de procedimento judicial contencioso, 
no qual se garanta aos pais ou ao responsável legal o exercício do contraditório e da 
ampla defesa. 
Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção 
penal. 
Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às 
medidas previstas nesta Lei. 
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser considerada a idade do 
adolescente à data do fato. 
Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança corresponderão as medidas 
previstas no art. 101. 
Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em flagrante de 
ato infracional ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária 
competente. 
Parágrafo único. O adolescente tem direito à identificação dos responsáveis pela sua 
apreensão, devendo ser informado acerca de seus direitos. 
Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o local onde se encontra recolhido 
serão incontinenti comunicados à autoridade judiciária competente e à família do 
apreendido ou à pessoa por ele indicada. 
Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena de responsabilidade, a 
possibilidade de liberação imediata. 
Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser determinada pelo prazo máximo 
de quarenta e cinco dias. 
Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e basear-se em indícios 
suficientes de autoria e materialidade, demonstrada a necessidade imperiosa da 
medida. 
Art. 109. O adolescente civilmente identificado não será submetido a identificação 
compulsória pelos órgãos policiais, de proteção e judiciais, salvo para efeito de 
confrontação, havendo dúvida fundada. 
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá 
aplicar ao adolescente as seguintes medidas: 
I - advertência; 
II - obrigação de reparar o dano; 
III - prestação de serviços à comunidade; 
IV - liberdade assistida; 
V - inserção em regime de semiliberdade; 
VI - internação em estabelecimento educacional; 
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI. 
§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de cumpri-
la, as circunstâncias e a gravidade da infração. 
§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a prestação de trabalho 
forçado. 
§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental receberão 
tratamento individual e especializado, em local adequado às suas condições. 
Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o disposto nos arts. 99 e 100. 
 
 
Art. 114. A imposição das medidas previstas nos incisos II a VI do art. 112 pressupõe 
a existência de provas suficientes da autoria e da materialidade da infração, 
ressalvada a hipótese de remissão, nos termos do art. 127. 
Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada sempre que houver prova da 
materialidade e indícios suficientes da autoria. 
Art. 121. A internação constitui medida privativa da liberdade, sujeita aos princípios 
de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em 
desenvolvimento. 
§ 1º Será permitida a realização de atividades externas, a critério da equipe técnica da 
entidade, salvo expressa determinação judicial em contrário. 
§ 2º A medida não comporta prazo determinado, devendo sua manutenção ser 
reavaliada, mediante decisão fundamentada, no máximo a cada seis meses. 
§ 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de internação excederá a três anos. 
§ 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior, o adolescente deverá ser 
liberado, colocado em regime de semiliberdade ou de liberdade assistida. 
§ 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos de idade. 
§ 6º Em qualquer hipótese a desinternação será precedida de autorização judicial, 
ouvido o Ministério Público. 
§ 7º A determinação judicial mencionada no § 1o poderá ser revista a qualquer tempo 
pela autoridade judiciária. 
Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada quando: 
I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência a pessoa; 
II - por reiteração no cometimento de outras infrações graves; 
III - por descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta. 
§ 1º O prazo de internação na hipótese do inciso III deste artigo não poderá ser 
superior a três meses. 
§ 1º O prazo de internação na hipótese do inciso III deste artigo não poderá ser 
superior a 3 (três) meses, devendo ser decretada judicialmente após o devido processo 
legal. 
§ 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada a internação, havendo outra medida 
adequada. 
Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade exclusiva para adolescentes, 
em local distinto daquele destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por 
critérios de idade, compleição física e gravidade da infração. 
Parágrafo único. Durante o período de internação, inclusive provisória, serão 
obrigatórias atividades pedagógicas. 
Art. 124. São direitos do adolescente privado de liberdade, entre outros, os seguintes: 
I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do Ministério Público; 
II - peticionar diretamente a qualquer autoridade; 
III - avistar-se reservadamente com seu defensor; 
IV - ser informado de sua situação processual, sempre que solicitada; 
V - ser tratado com respeito e dignidade; 
VI - permanecer internado na mesma localidade ou naquela mais próxima ao 
domicílio de seus pais ou responsável; 
VII - receber visitas, ao menos, semanalmente; 
 
 
VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos; 
IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio pessoal; 
X - habitar alojamento em condições adequadas de higiene e salubridade; 
XI - receber escolarização e profissionalização; 
XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer: 
XIII - ter acesso aos meios de comunicação social; 
XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e desde que assim o deseje; 
XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de local seguro para guardá-
los, recebendo comprovante daqueles porventura depositados em poder da entidade; 
XVI - receber, quando de sua desinternação, os documentos pessoais indispensáveis à 
vida em sociedade. 
§ 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade. 
§ 2º A autoridade judiciária poderá suspender temporariamente a visita, inclusive de 
pais ou responsável, se existirem motivos sérios e fundados de sua prejudicialidade 
aos interesses do adolescente. 
Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade física e mental dos internos, 
cabendo-lhe adotar as medidas adequadas de contenção e segurança. 
 
Lei nº 6.697 de 10 de outubro de 1979 (Institui o Código de Menores) 
 
Art. 1º Este Código dispõe sobre assistência, proteção e vigilância a menores: 
I - até dezoito anos de idade, que se encontrem em situação irregular; 
II - entre dezoito e vinte e um anos, nos casos expressos em lei. 
Parágrafo único - As medidas de caráter preventivo aplicam-se a todo menor de 
dezoito anos, independentemente de sua situação. 
Art. 2º Para os efeitos deste Código, considera-se em situação irregular o menor: 
I - privado de condições essenciais à sua subsistência, saúde e instrução obrigatória, 
ainda que eventualmente, em razão de: 
a) falta, ação ou omissão dos pais ou responsável; 
b) manifesta impossibilidade dos pais ou responsável para provê-las; 
Il - vítima de maus tratos ou castigos imoderados impostos pelos pais ou responsável; 
III - em perigo moral, devido a: 
a) encontrar-se, de modo habitual, em ambiente contrário aos bons costumes; 
b) exploração em atividade
contrária aos bons costumes; 
IV - privado de representação ou assistência legal, pela falta eventual dos pais ou 
responsável; 
V - Com desvio de conduta, em virtude de grave inadaptação familiar ou 
comunitária; 
VI - autor de infração penal. 
Parágrafo único. Entende-se por responsável aquele que, não sendo pai ou mãe, 
exerce, a qualquer título, vigilância, direção ou educação de menor, ou 
voluntariamente o traz em seu poder ou companhia, independentemente de ato 
judicial. 
Art. 9º As entidades de assistência e proteção ao menor serão criadas pelo Poder 
Público, segundo as diretrizes da Política Nacional do Bem-Estar do Menor, e terão 
 
 
centros especializados destinados à recepção, triagem e observação, e à permanência 
de menores. 
§ 1º O estudo do caso do menor no centro de recepção, triagem e observação 
considerará os aspectos social, médico e psicopedagógico, e será feito no prazo 
médio de três meses. 
§ 2º A escolarização e a profissionalização do menor serão obrigatórias nos centros 
de permanência. 
§ 3º Das anotações sobre os menores assistidos ou acolhidos constarão data e 
circunstâncias do atendimento, nome do menor e de seus pais ou responsável, sexo, 
idade, ficha de controle de sua formação, relação de seus pertences e demais dados 
que possibilitem sua identificação e a individualização de seu tratamento. 
Art. 10. As entidades particulares de assistência e proteção ao menor somente 
poderão funcionar depois de registradas no órgão estadual responsável pelos 
programas de bem-estar do menor, o qual comunicará o registro à autoridade 
judiciária local e à Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor. 
Parágrafo único. Será negado registro à entidade que não se adequar às diretrizes da 
Política Nacional do Bem-Estar do menor e ao disposto nesta Lei. 
Art. 11. Toda entidade manterá arquivo das anotações a que se refere o § 3º do art. 9º 
desta Lei, e promoverá a escolarização e a profissionalização de seus assistidos, 
preferentemente em estabelecimentos abertos. 
Art. 12. É vedado à entidade particular entregar menor sub-judice a qualquer pessoa, 
ou transferi-lo a outra entidade, sem autorização judicial. 
Art. 13. Toda medida aplicável ao menor visará, fundamentalmente, à sua integração 
sócio-familiar. 
Art. 14. São medidas aplicáveis ao menor pela autoridade judiciária: 
I - advertência; 
II - entrega aos pais ou responsável, ou a pessoa idônea, mediante termo de 
responsabilidade; 
III - colocação em lar substituto; 
IV - imposição do regime de liberdade assistida; 
V - colocação em casa de semiliberdade; 
VI - internação em estabelecimento educacional, ocupacional, psicopedagógico, 
hospitalar, psiquiátrico ou outro adequado. 
Art. 15. A autoridade judiciária poderá, a qualquer tempo e no que couber, de ofício 
ou mediante provocação fundamentada dos pais ou responsável, da autoridade 
administrativa competente ou do Ministério Público, cumular ou substituir as 
medidas de que trata este Capítulo. 
Art. 16. Para a execução de qualquer das medidas previstas neste Capítulo, a 
autoridade judiciária poderá, ciente o Ministério Público, determinar a apreensão do 
menor. 
Parágrafo único. Em caso de apreensão para recambiamento, este será precedido de 
verificação do domicílio do menor, por intermédio do Juizado do domicílio indicado. 
Art. 17. A colocação em lar substituto será feita mediante: 
I - delegação do pátrio poder; 
II - guarda; 
 
 
III - tutela; 
IV - adoção simples; 
V - adoção plena. 
Parágrafo único. A guarda de fato, se decorrente de anterior situação irregular, não 
impedirá a aplicação das medidas previstas neste artigo. 
Art. 18. São requisitos para a concessão de qualquer das formas de colocação em lar 
substituto: 
I - qualificação completa do candidato a responsável e de seu cônjuge, se casado, 
com expressa anuência deste; 
II - indicação de eventual relação de parentesco do candidato ou de seu cônjuge com 
o menor, especificando se este tem ou não parente vivo; 
III - comprovação de idoneidade moral do candidato; 
IV - atestado de sanidade física e mental do candidato; 
V - qualificação completa do menor e de seus pais, se conhecidos; 
VI - indicação do cartório onde foi inscrito o nascimento do menor. 
Parágrafo único. Não se deferirá colocação em lar substituto a pessoa que: 
I - revele, por qualquer modo, incompatibilidade com a natureza da medida; 
II - não ofereça ambiente familiar adequado. 
Art. 19. A colocação em lar substituto não admitirá transferência do menor a terceiros 
ou sua internação em estabelecimentos de assistência a menores, sem autorização 
judicial. 
Art. 20. O estrangeiro residente ou domiciliado fora do País poderá pleitear colocação 
familiar somente para fins de adoção simples e se o adotando brasileiro estiver na 
situação irregular, não eventual, descrita na alínea a, inciso I, do art. 2º desta Lei. 
Art. 21. Admitir-se-á delegação do pátrio poder, desejada pelos pais ou responsável, 
para prevenir a ocorrência de situação irregular do menor. 
Art. 24. A guarda obriga à prestação de assistência material, moral e educacional ao 
menor, conferindo a seu detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive pais. 
§ 1º Dar-se-á guarda provisória de ofício ou a requerimento do interessado, como 
medida cautelar, preparatória ou incidente, para regularizar a detenção de fato ou 
atender a casos urgentes. 
§ 2º A guarda confere ao menor a condição de dependente, para fins previdenciários. 
Art. 25. Ao assumir a guarda, o responsável prestará compromisso em procedimento 
regular. 
Art. 27. A adoção simples de menor em situação irregular reger-se-á pela lei civil, 
observado o disposto neste Código. 
Art. 28. A adoção simples dependerá de autorização judicial, devendo o interessado 
indicar, no requerimento, os apelidos de família que usará o adotado, os quais, se 
deferido o pedido, constarão do alvará e da escritura, para averbação no registro de 
nascimento do menor. 
§ 1º A adoção será precedida de estágio de convivência com o menor, pelo prazo que 
a autoridade judiciária fixar, observadas a idade do adotando e outras peculiaridades 
do caso. 
§ 2º O estágio de convivência poderá ser dispensado se o adotando não tiver mais de 
um ano de idade. 
 
 
Art. 29. A adoção plena atribui a situação de filho ao adotado, desligando-o de 
qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos matrimoniais. 
Art. 30. Caberá adoção plena de menor, de até sete anos de idade, que se encontre na 
situação irregular definida no inciso I, art. 2º desta Lei, de natureza não eventual. 
Parágrafo único. A adoção plena caberá em favor de menor com mais de sete anos se, 
à época em que completou essa idade, já estivesse sob a guarda dos adotantes. 
Art. 31. A adoção plena será deferida após período mínimo de um ano de estágio de 
convivência do menor com os requerentes, computando-se, para esse efeito, qualquer 
período de tempo, desde que a guarda se tenha iniciado antes de o menor completar 
sete anos e comprovada a conveniência da medida. 
Art. 32. Somente poderão requerer adoção plena casais cujo matrimônio tenha mais 
de cinco anos e dos quais pelo menos um dos cônjuges tenha mais de trinta anos. 
Parágrafo único. Provadas a esterilidade de um dos cônjuges e a estabilidade 
conjugal, será dispensado o prazo. 
Art. 33. Autorizar-se-á a adoção plena ao viúvo ou à viúva, provado que o menor está 
integrado em seu lar, onde tenha iniciado estágio de convivência de três anos ainda 
em vida do outro cônjuge. 
Art. 34. Aos cônjuges separados judicialmente, havendo começado o estágio de 
convivência de três anos na constância da sociedade conjugal, é lícito requererem
adoção plena, se acordarem sobre a guarda do menor após a separação judicial. 
Art. 37. A adoção plena é irrevogável, ainda que aos adotantes venham a nascer 
filhos, as quais estão equiparados os adotados, com os mesmos direitos e deveres. 
Art. 38. Aplicar-se-á o regime de liberdade assistida nas hipóteses previstas nos 
inciso V e VI do art. 2º desta Lei, para o fim de vigiar, auxiliar, tratar e orientar o 
menor. 
Parágrafo único. A autoridade judiciária fixará as regras de conduta do menor e 
designará pessoa capacitada ou serviço especializado para acompanhar o caso. 
Art. 39. A colocação em casa de semiliberdade será determinada como forma de 
transição para o meio aberto, devendo, sempre que possível, utilizar os recursos da 
comunidade, visando à escolarização e profissionalização do menor. 
Art. 40. A internação somente será determinada se for inviável ou malograr a 
aplicação das demais medidas. 
Art. 41. O menor com desvio de conduta ou autor de infração penal poderá ser 
internado em estabelecimento adequado, até que a autoridade judiciária, em despacho 
fundamentado, determine o desligamento, podendo, conforme a natureza do caso, 
requisitar parecer técnico do serviço competente e ouvir o Ministério Público. 
§ 1º O menor sujeito à medida referida neste artigo será reexaminado periodicamente, 
com o intervalo máximo de dois anos, para verificação da necessidade de manutenção 
de medida. 
§ 2º Na falta de estabelecimento adequado, a internação do menor poderá ser feita, 
excepcionalmente, em seção de estabelecimento destinado a maiores, desde que 
isolada destes e com instalações apropriadas, de modo a garantir absoluta 
incomunicabilidade. 
§ 3º Se o menor completar vinte e um anos sem que tenha sido declarada a cessação 
da medida, passará à jurisdição do Juízo incumbido das Execuções Penais. 
 
 
§ 4º Na hipótese do parágrafo anterior, o menor será removido para estabelecimento 
adequado, até que o Juízo incumbido das Execuções Penais julgue extinto o motivo 
em que se fundamentara a medida, na forma estabelecida na legislação penal. 
Art. 42. São medidas aplicáveis aos pais ou responsável: 
I - advertência; 
II - obrigação de submeter o menor a tratamento em clínica, centro de orientação 
infanto-juvenil, ou outro estabelecimento especializado determinado pela autoridade 
judiciária, quando verificada a necessidade e houver recusa injustificável; 
III - perda ou suspensão do pátrio poder; 
IV - destituição da tutela; 
V - perda da guarda. 
Art. 43. Os pais ou responsável firmarão termo de compromisso, no qual a autoridade 
judiciária fixará o tratamento a ser ministrado ao menor. 
Parágrafo único. A autoridade verificará, periodicamente, o cumprimento das 
obrigações previstas no termo. 
Art. 44. A perda ou suspensão do pátrio poder e a destituição da tutela regem-se pelo 
Código Civil e pelo disposto nesta Lei. 
Art. 45. A autoridade judiciária poderá decretar a perda ou suspensão do pátrio poder 
e a destituição da tutela dos pais ou tutor que: 
I - derem causa a situação irregular do menor; 
II - descumprirem, sem justa causa, as obrigações previstas no art. 43 desta Lei. 
Parágrafo único - A perda ou a suspensão do pátrio poder não exonera os pais do 
dever de sustentar os filhos. 
Art. 46. A autoridade judiciária decretará a perda da guarda nos casos que aplicaria a 
perda ou a suspensão do pátrio poder ou a destituição da tutela. 
Art. 94. Qualquer pessoa poderá e as autoridades administrativas deverão encaminhar 
à autoridade judiciária competente o menor que se encontre em situação irregular, nos 
termos dos incisos I, II, III e IV do art. 2º desta Lei. 
§ 1º Registrada e relatada a ocorrência, pelos órgãos auxiliares do Juízo, com ou sem 
apresentação do menor a autoridade judiciária, mediante portaria, termo ou despacho, 
adotará de plano as medidas adequadas. 
§ 2º Se as medidas a que se refere o parágrafo anterior tiverem caráter meramente 
cautelar, prosseguir-se-á no procedimento verificatório, no qual, após o estudo social 
do caso ou seu aprofundamento e realizadas as diligências que se fizerem necessárias, 
a autoridade judiciária, ouvido o Ministério Público, decidirá, em cinco dias, 
definindo a situação do menor e aplicando a medida adequada. 
Art. 95. Instaurar-se-á procedimento contraditório: 
I - discordando os pais ou responsável das medidas aplicadas em procedimento 
verificatório simples previsto nos §§ 1º e 2º do art. 94 desta Lei; 
II - nas hipóteses das alíneas a e b do inciso I do art. 2º desta Lei, quando a perda do 
pátrio poder constituir pressuposto lógico da medida principal; 
Ill - para a perda da guarda ou quando sobre esta houver controvérsia; 
IV - para o decreto de suspensão do pátrio poder. 
Art. 96. Será observado o procedimento verificatório simples, previsto no § 2º do art. 
94 desta Lei, quando: 
 
 
I - na hipótese da alínea b do inciso I do art. 2º desta Lei, os pais concordarem, 
mediante declaração escrita ou termo nos autos, em que o menor seja posto sob tutela 
ou adotado; 
II - recolhido a entidade pública, provisoriamente, há mais de quatro anos, ou 
amparado por entidade particular, por igual lapso de tempo, o menor na situação 
irregular prevista nas alíneas a e b, inciso I do art. 2º desta Lei, não tiver sido 
reclamado pelos pais ou parentes próximos; 
III - já integrado em família substituta, ainda que mediante guarda de fato, há mais de 
três anos, não tiver sido reclamado pelos pais ou parentes próximos; 
IV - já integrado em família substituta, ainda que mediante guarda de fato, há mais de 
um ano, não tiver sido o menor, em orfandade total ou o menor não reconhecido 
pelos pais, reclamado pelos parentes próximos, ou na segunda hipótese, pelos 
genitores. 
Art. 97. O procedimento contraditório terá início por provocação do interessado ou 
do Ministério Público, cabendo-lhes formular petição devidamente instruída com os 
documentos necessários e com a indicação da providência pretendida. 
§ 1º Serão citados os pais, o responsável ou qualquer outro interessado para, no prazo 
de dez dias, oferecer resposta, instruída com os documentos necessários, requerendo, 
desde logo, a produção de outras provas que houver. 
§ 2º Apresentada, ou não, a resposta, a autoridade judiciária mandará proceder ao 
estudo social do caso ou à perícia por equipe interprofissional, se possível. 
Art. 98. Como medida cautelar, em qualquer dos procedimentos, demonstrada a 
gravidade do fato, poderá ser, liminar ou incidentemente, decretada a suspensão 
provisória do pátrio poder, da função de tutor ou da de guardador, ficando o menor 
confiado à autoridade administrativa competente ou a pessoa idônea, mediante termo 
de responsabilidade, até a decisão final. 
Art. 99. O menor de dezoito anos, a que se atribua autoria de infração penal, será, 
desde logo, encaminhado à autoridade judiciária. 
§ 1º Para os efeitos desta Lei, deve ser considerada a idade do menor à data do fato. 
§ 2º Sendo impossível a apresentação imediata, a autoridade policial responsável 
encaminhará o menor a repartição policial especializada ou a estabelecimento de 
assistência, que apresentará o menor à autoridade judiciária no prazo de vinte e 
quatro horas. 
§ 3º Na falta de repartição policial especializada, o menor aguardará a apresentação 
em dependência separada da destinada a maiores de dezoito anos. 
Art. 100. O procedimento de apuração de infração cometida por menor de dezoito e 
maior de quatorze anos compreenderá os seguintes atos: 
I - recebidas e autuadas as investigações, a autoridade judiciária determinará a 
realização da audiência de apresentação do menor; 
II - na audiência de apresentação, presentes o Ministério Público
e o procurador serão 
ouvidos o menor, seus pais ou responsável, a vítima e testemunhas, podendo a 
autoridade judiciária determinar a retirada do menor do recinto; 
III - após a audiência, a autoridade judiciária poderá determinar a realização de 
diligências, ouvindo técnicos; 
 
 
IV - a autoridade judiciária poderá, considerando a personalidade do menor, seus 
antecedentes e as condições em que se encontre, bem como os motivos e as 
circunstâncias da ação, proferir decisão de plano, entregando-o aos pais ou 
responsável, ouvido o Ministério Público; 
V - se ficar evidente que o fato é grave, a autoridade judiciária fixará prazo, nunca 
superior a trinta dias, para diligências e para que a equipe interprofissional apresente 
relatório do estudo do caso; 
VI - durante o prazo a que se refere o inciso V, o menor ficará em observação, 
permanecendo ou não internado; 
Art. 101. O menor com mais de dez e menos de quatorze anos será encaminhado, 
desde logo, por ofício, à autoridade judiciária, com relato circunstanciado de sua 
conduta, aplicando-se-lhe, no que couber, o disposto nos §§ 2º e 3º do art. 99 desta 
Lei. 
Parágrafo único. A autoridade judiciária poderá, considerando a personalidade do 
menor, seus antecedentes e as condições em que se encontre, bem como os motivos e 
as circunstâncias da ação, proferir, motivadamente, decisão de plano, definindo a 
situação irregular do menor, ouvido o Ministério Público. 
Art. 102. Apresentado o menor de até dez anos, a autoridade judiciária poderá 
dispensá-lo da audiência de apresentação, ou determinar que venha à sua presença 
para entrevista, ou que seja ouvido e orientado por técnico. 
Art. 103. Sempre que possível e se for o caso, a autoridade judiciária tentará, em 
audiência com a presença do menor, a composição do dano por este causado. 
Art. 104. A perda do pátrio poder, nas hipóteses dos incisos lI, III, IV, V e VI do art. 
2º desta Lei, terá o procedimento ordinário previsto na lei processual civil, e poderá 
ser proposta pelo Ministério Público, por ascendente, colateral ou afim do menor até 
o quarto grau. 
Art. 106. A autoridade judiciária poderá, em qualquer dos procedimentos deste 
Capítulo, determinar o sobrestamento do processo por até seis meses, se o pai, a mãe 
ou o responsável comprometer-se a adotar as medidas adequadas à proteção do 
menor. 
Parágrafo único. A ação prosseguirá em caso de inobservância das medidas impostas. 
Art. 107. Na petição inicial, os requerentes atenderão aos requisitos gerais para 
colocação do menor em lar substituto e aos específicos para a adoção pretendida, 
juntando os documentos probatórios, inclusive certidões do registro civil. 
Art. 108. Estando devidamente instruída a petição, será determinada a realização 
sobre os resultados do estágio de convivência e a conveniência da adoção. 
Parágrafo único. Cumprindo-se o estágio de convivência no exterior, a sindicância 
poderá ser substituída por informação prestada por agência especializada, de 
idoneidade reconhecida por organismo internacional. 
*** 
 
Atividades do Psicólogo Jurídico 
Avaliação psicológica nos casos de violência contra criança e 
adolescente; trabalhos com os Conselhos Tutelares (p.ex., 
treinamento de conselheiros); adoção, destituição do poder familiar, 
 
 
estágio de convivência; intervenção junto a crianças abrigadas e seus pais; estudos, 
pesquisas e intervenções junto a adolescentes com práticas infratoras, medidas 
socioeducativas, prevenção. 
 
Lei 10.741, de 1º de outubro de 2003 (Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá 
outras providências) 
 
Art. 1º É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular os 
direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 
(sessenta) anos. 
Art. 2º O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à 
pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata 
esta Lei, assegurando-se-lhe, por lei ou por outros meios, todas as 
oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde física e mental e seu 
aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e 
dignidade. 
Art. 3º É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público 
assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à 
alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à 
liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária. 
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende: 
I – atendimento preferencial imediato e individualizado junto aos órgãos públicos e 
privados prestadores de serviços à população; 
II – preferência na formulação e na execução de políticas sociais públicas específicas; 
III – destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a 
proteção ao idoso; 
IV – viabilização de formas alternativas de participação, ocupação e convívio do 
idoso com as demais gerações; 
V – priorização do atendimento do idoso por sua própria família, em detrimento do 
atendimento asilar, exceto dos que não a possuam ou careçam de condições de 
manutenção da própria sobrevivência; 
VI – capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas áreas de geriatria e 
gerontologia e na prestação de serviços aos idosos; 
VII – estabelecimento de mecanismos que favoreçam a divulgação de informações de 
caráter educativo sobre os aspectos biopsicossociais de envelhecimento; 
VIII – garantia de acesso à rede de serviços de saúde e de assistência social locais. 
IX – prioridade no recebimento da restituição do Imposto de Renda. (Incluído pela 
Lei nº 11.765, de 2008). 
Art. 4º Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negligência, discriminação, 
violência, crueldade ou opressão, e todo atentado aos seus direitos, por ação ou 
omissão, será punido na forma da lei. 
§ 1º É dever de todos prevenir a ameaça ou violação aos direitos do idoso. 
§ 2º As obrigações previstas nesta Lei não excluem da prevenção outras decorrentes 
dos princípios por ela adotados. 
 
 
Art. 5º A inobservância das normas de prevenção importará em responsabilidade à 
pessoa física ou jurídica nos termos da lei. 
Art. 6º Todo cidadão tem o dever de comunicar à autoridade competente qualquer 
forma de violação a esta Lei que tenha testemunhado ou de que tenha conhecimento. 
Art. 7º Os Conselhos Nacional, Estaduais, do Distrito Federal e Municipais do Idoso, 
previstos na Lei no 8.842, de 4 de janeiro de 1994, zelarão pelo cumprimento dos 
direitos do idoso, definidos nesta Lei. 
Art. 8º O envelhecimento é um direito personalíssimo e a sua proteção um direito 
social, nos termos desta Lei e da legislação vigente. 
Art. 9º É obrigação do Estado, garantir à pessoa idosa a proteção à vida e à saúde, 
mediante efetivação de políticas sociais públicas que permitam um envelhecimento 
saudável e em condições de dignidade. 
Art. 10. É obrigação do Estado e da sociedade, assegurar à pessoa idosa a liberdade, o 
respeito e a dignidade, como pessoa humana e sujeito de direitos civis, políticos, 
individuais e sociais, garantidos na Constituição e nas leis. 
§ 1º O direito à liberdade compreende, entre outros, os seguintes aspectos: 
I – faculdade de ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, 
ressalvadas as restrições legais; 
II – opinião e expressão; 
III – crença e culto religioso; 
IV – prática de esportes e de diversões; 
V – participação na vida familiar e comunitária; 
VI – participação na vida política, na forma da lei; 
VII – faculdade de buscar refúgio, auxílio e orientação. 
§ 2º O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e 
moral, abrangendo a preservação da imagem, da identidade,
da autonomia, de 
valores, ideias e crenças, dos espaços e dos objetos pessoais. 
§ 3º É dever de todos zelar pela dignidade do idoso, colocando-o a salvo de qualquer 
tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor. 
Art. 11. Os alimentos serão prestados ao idoso na forma da lei civil. 
Art. 12. A obrigação alimentar é solidária, podendo o idoso optar entre os 
prestadores. 
Art. 14. Se o idoso ou seus familiares não possuírem condições econômicas de prover 
o seu sustento, impõe-se ao Poder Público esse provimento, no âmbito da assistência 
social. 
Art. 15. É assegurada a atenção integral à saúde do idoso, por intermédio do Sistema 
Único de Saúde – SUS, garantindo-lhe o acesso universal e igualitário, em conjunto 
articulado e contínuo das ações e serviços, para a prevenção, promoção, proteção e 
recuperação da saúde, incluindo a atenção especial às doenças que afetam 
preferencialmente os idosos. 
§ 1o A prevenção e a manutenção da saúde do idoso serão efetivadas por meio de: 
I – cadastramento da população idosa em base territorial; 
II – atendimento geriátrico e gerontológico em ambulatórios; 
III – unidades geriátricas de referência, com pessoal especializado nas áreas de 
geriatria e gerontologia social; 
 
 
IV – atendimento domiciliar, incluindo a internação, para a população que dele 
necessitar e esteja impossibilitada de se locomover, inclusive para idosos abrigados e 
acolhidos por instituições públicas, filantrópicas ou sem fins lucrativos e 
eventualmente conveniadas com o Poder Público, nos meios urbano e rural; 
V – reabilitação orientada pela geriatria e gerontologia, para redução das sequelas 
decorrentes do agravo da saúde. 
§ 2º Incumbe ao Poder Público fornecer aos idosos, gratuitamente, medicamentos, 
especialmente os de uso continuado, assim como próteses, órteses e outros recursos 
relativos ao tratamento, habilitação ou reabilitação. 
§ 3º É vedada a discriminação do idoso nos planos de saúde pela cobrança de valores 
diferenciados em razão da idade. 
§ 4º Os idosos portadores de deficiência ou com limitação incapacitante terão 
atendimento especializado, nos termos da lei. 
Art. 16. Ao idoso internado ou em observação é assegurado o direito a 
acompanhante, devendo o órgão de saúde proporcionar as condições adequadas para 
a sua permanência em tempo integral, segundo o critério médico. 
Parágrafo único. Caberá ao profissional de saúde responsável pelo tratamento 
conceder autorização para o acompanhamento do idoso ou, no caso de 
impossibilidade, justificá-la por escrito. 
Art. 17. Ao idoso que esteja no domínio de suas faculdades mentais é assegurado o 
direito de optar pelo tratamento de saúde que lhe for reputado mais favorável. 
Parágrafo único. Não estando o idoso em condições de proceder à opção, esta será 
feita: 
I – pelo curador, quando o idoso for interditado; 
II – pelos familiares, quando o idoso não tiver curador ou este não puder ser 
contactado em tempo hábil; 
III – pelo médico, quando ocorrer iminente risco de vida e não houver tempo hábil 
para consulta a curador ou familiar; 
IV – pelo próprio médico, quando não houver curador ou familiar conhecido, caso em 
que deverá comunicar o fato ao Ministério Público. 
Art. 18. As instituições de saúde devem atender aos critérios mínimos para o 
atendimento às necessidades do idoso, promovendo o treinamento e a capacitação dos 
profissionais, assim como orientação a cuidadores familiares e grupos de auto-ajuda. 
Art. 19. Os casos de suspeita ou confirmação de violência praticada contra idosos 
serão objeto de notificação compulsória pelos serviços de saúde públicos e privados à 
autoridade sanitária, bem como serão obrigatoriamente comunicados por eles a 
quaisquer dos seguintes órgãos: 
I – autoridade policial; 
II – Ministério Público; 
III – Conselho Municipal do Idoso; 
IV – Conselho Estadual do Idoso; 
V – Conselho Nacional do Idoso. 
§ 1º Para os efeitos desta Lei, considera-se violência contra o idoso qualquer ação ou 
omissão praticada em local público ou privado que lhe cause morte, dano ou 
sofrimento físico ou psicológico. 
 
 
Art. 20. O idoso tem direito a educação, cultura, esporte, lazer, diversões, 
espetáculos, produtos e serviços que respeitem sua peculiar condição de idade. 
Art. 21. O Poder Público criará oportunidades de acesso do idoso à educação, 
adequando currículos, metodologias e material didático aos programas educacionais a 
ele destinados. 
§ 1º Os cursos especiais para idosos incluirão conteúdo relativo às técnicas de 
comunicação, computação e demais avanços tecnológicos, para sua integração à vida 
moderna. 
§ 2º Os idosos participarão das comemorações de caráter cívico ou cultural, para 
transmissão de conhecimentos e vivências às demais gerações, no sentido da 
preservação da memória e da identidade culturais. 
Art. 22. Nos currículos mínimos dos diversos níveis de ensino formal serão inseridos 
conteúdos voltados ao processo de envelhecimento, ao respeito e à valorização do 
idoso, de forma a eliminar o preconceito e a produzir conhecimentos sobre a matéria. 
Art. 23. A participação dos idosos em atividades culturais e de lazer será 
proporcionada mediante descontos de pelo menos 50% (cinquenta por cento) nos 
ingressos para eventos artísticos, culturais, esportivos e de lazer, bem como o acesso 
preferencial aos respectivos locais. 
Art. 24. Os meios de comunicação manterão espaços ou horários especiais voltados 
aos idosos, com finalidade informativa, educativa, artística e cultural, e ao público 
sobre o processo de envelhecimento. 
Art. 25. O Poder Público apoiará a criação de universidade aberta para as pessoas 
idosas e incentivará a publicação de livros e periódicos, de conteúdo e padrão 
editorial adequados ao idoso, que facilitem a leitura, considerada a natural redução da 
capacidade visual. 
Art. 26. O idoso tem direito ao exercício de atividade profissional, respeitadas suas 
condições físicas, intelectuais e psíquicas. 
Art. 27. Na admissão do idoso em qualquer trabalho ou emprego, é vedada a 
discriminação e a fixação de limite máximo de idade, inclusive para concursos, 
ressalvados os casos em que a natureza do cargo o exigir. 
Parágrafo único. O primeiro critério de desempate em concurso público será a idade, 
dando-se preferência ao de idade mais elevada. 
Art. 28. O Poder Público criará e estimulará programas de: 
I – profissionalização especializada para os idosos, aproveitando seus potenciais e 
habilidades para atividades regulares e remuneradas; 
II – preparação dos trabalhadores para a aposentadoria, com antecedência mínima de 
1 (um) ano, por meio de estímulo a novos projetos sociais, conforme seus interesses, 
e de esclarecimento sobre os direitos sociais e de cidadania; 
III – estímulo às empresas privadas para admissão de idosos ao trabalho. 
Art. 34. Aos idosos, a partir de 65 (sessenta e cinco) anos, que não possuam meios 
para prover sua subsistência, nem de tê-la provida por sua família, é assegurado o 
benefício mensal de 1 (um) salário-mínimo, nos termos da Lei Orgânica da 
Assistência Social – Loas. 
 
 
Parágrafo único. O benefício já concedido a qualquer membro da família nos termos 
do caput não será computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita a 
que se refere a Loas. 
Art. 35. Todas as entidades de longa permanência, ou casa-lar, são obrigadas a firmar 
contrato de prestação de serviços com a pessoa idosa abrigada. 
§ 1º No caso de entidades filantrópicas, ou casa-lar, é facultada a cobrança de 
participação do idoso no custeio da entidade. 
§ 3º Se a pessoa idosa for incapaz, caberá a seu representante legal firmar o contrato a 
que se refere o caput deste artigo.
Art. 36. O acolhimento de idosos em situação de risco social, por adulto ou núcleo 
familiar, caracteriza a dependência econômica, para os efeitos legais. 
Art. 37. O idoso tem direito a moradia digna, no seio da família natural ou substituta, 
ou desacompanhado de seus familiares, quando assim o desejar, ou, ainda, em 
instituição pública ou privada. 
§ 1º A assistência integral na modalidade de entidade de longa permanência será 
prestada quando verificada inexistência de grupo familiar, casa-lar, abandono ou 
carência de recursos financeiros próprios ou da família. 
§ 2º Toda instituição dedicada ao atendimento ao idoso fica obrigada a manter 
identificação externa visível, sob pena de interdição, além de atender toda a 
legislação pertinente. 
§ 3º As instituições que abrigarem idosos são obrigadas a manter padrões de 
habitação compatíveis com as necessidades deles, bem como provê-los com 
alimentação regular e higiene indispensáveis às normas sanitárias e com estas 
condizentes, sob as penas da lei. 
Art. 38. Nos programas habitacionais, públicos ou subsidiados com recursos 
públicos, o idoso goza de prioridade na aquisição de imóvel para moradia própria, 
observado o seguinte: 
I – reserva de 3% (três por cento) das unidades residenciais para atendimento aos 
idosos; 
I - reserva de pelo menos 3% (três por cento) das unidades habitacionais residenciais 
para atendimento aos idosos; 
II – implantação de equipamentos urbanos comunitários voltados ao idoso; 
III – eliminação de barreiras arquitetônicas e urbanísticas, para garantia de 
acessibilidade ao idoso; 
IV – critérios de financiamento compatíveis com os rendimentos de aposentadoria e 
pensão. 
Parágrafo único - As unidades residenciais reservadas para atendimento a idosos 
devem situar-se, preferencialmente, no pavimento térreo. 
Art. 39. Aos maiores de 65 (sessenta e cinco) anos fica assegurada a gratuidade dos 
transportes coletivos públicos urbanos e semi-urbanos, exceto nos serviços seletivos e 
especiais, quando prestados paralelamente aos serviços regulares. 
§ 1º Para ter acesso à gratuidade, basta que o idoso apresente qualquer documento 
pessoal que faça prova de sua idade. 
 
 
§ 2º Nos veículos de transporte coletivo de que trata este artigo, serão reservados 
10% (dez por cento) dos assentos para os idosos, devidamente identificados com a 
placa de reservado preferencialmente para idosos. 
§ 3º No caso das pessoas compreendidas na faixa etária entre 60 (sessenta) e 65 
(sessenta e cinco) anos, ficará a critério da legislação local dispor sobre as condições 
para exercício da gratuidade nos meios de transporte previstos no caput deste artigo. 
Art. 40. No sistema de transporte coletivo interestadual observar-se-á, nos termos da 
legislação específica: 
I – a reserva de 2 (duas) vagas gratuitas por veículo para idosos com renda igual ou 
inferior a 2 (dois) salários-mínimos; 
II – desconto de 50% (cinquenta por cento), no mínimo, no valor das passagens, para 
os idosos que excederem as vagas gratuitas, com renda igual ou inferior a 2 (dois) 
salários-mínimos. 
Art. 41. É assegurada a reserva, para os idosos, nos termos da lei local, de 5% (cinco 
por cento) das vagas nos estacionamentos públicos e privados, as quais deverão ser 
posicionadas de forma a garantir a melhor comodidade ao idoso. 
Art. 42. É assegurada a prioridade do idoso no embarque no sistema de transporte 
coletivo. 
Art. 43. As medidas de proteção ao idoso são aplicáveis sempre que os direitos 
reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados: 
I – por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; 
II – por falta, omissão ou abuso da família, curador ou entidade de atendimento; 
III – em razão de sua condição pessoal. 
Art. 44. As medidas de proteção ao idoso previstas nesta Lei poderão ser aplicadas, 
isolada ou cumulativamente, e levarão em conta os fins sociais a que se destinam e o 
fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários. 
Art. 45. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 43, o Ministério Público 
ou o Poder Judiciário, a requerimento daquele, poderá determinar, dentre outras, as 
seguintes medidas: 
I – encaminhamento à família ou curador, mediante termo de responsabilidade; 
II – orientação, apoio e acompanhamento temporários; 
III – requisição para tratamento de sua saúde, em regime ambulatorial, hospitalar ou 
domiciliar; 
IV – inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento 
a usuários dependentes de drogas lícitas ou ilícitas, ao próprio idoso ou à pessoa de 
sua convivência que lhe cause perturbação; 
V – abrigo em entidade; 
VI – abrigo temporário. 
Art. 46. A política de atendimento ao idoso far-se-á por meio do conjunto articulado 
de ações governamentais e não-governamentais da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios. 
Art. 47. São linhas de ação da política de atendimento: 
I – políticas sociais básicas, previstas na Lei no 8.842, de 4 de janeiro de 1994; 
II – políticas e programas de assistência social, em caráter supletivo, para aqueles que 
necessitarem; 
 
 
III – serviços especiais de prevenção e atendimento às vítimas de negligência, maus-
tratos, exploração, abuso, crueldade e opressão; 
IV – serviço de identificação e localização de parentes ou responsáveis por idosos 
abandonados em hospitais e instituições de longa permanência; 
V – proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direitos dos idosos; 
VI – mobilização da opinião pública no sentido da participação dos diversos 
segmentos da sociedade no atendimento do idoso. 
Art. 48. As entidades de atendimento são responsáveis pela manutenção das próprias 
unidades, observadas as normas de planejamento e execução emanadas do órgão 
competente da Política Nacional do Idoso, conforme a Lei no 8.842, de 1994. 
Parágrafo único. As entidades governamentais e não-governamentais de assistência 
ao idoso ficam sujeitas à inscrição de seus programas, junto ao órgão competente da 
Vigilância Sanitária e Conselho Municipal da Pessoa Idosa, e em sua falta, junto ao 
Conselho Estadual ou Nacional da Pessoa Idosa, especificando os regimes de 
atendimento, observados os seguintes requisitos: 
I – oferecer instalações físicas em condições adequadas de habitabilidade, higiene, 
salubridade e segurança; 
II – apresentar objetivos estatutários e plano de trabalho compatíveis com os 
princípios desta Lei; 
III – estar regularmente constituída; 
IV – demonstrar a idoneidade de seus dirigentes. 
Art. 49. As entidades que desenvolvam programas de institucionalização de longa 
permanência adotarão os seguintes princípios: 
I – preservação dos vínculos familiares; 
II – atendimento personalizado e em pequenos grupos; 
III – manutenção do idoso na mesma instituição, salvo em caso de força maior; 
IV – participação do idoso nas atividades comunitárias, de caráter interno e externo; 
V – observância dos direitos e garantias dos idosos; 
VI – preservação da identidade do idoso e oferecimento de ambiente de respeito e 
dignidade. 
Parágrafo único. O dirigente de instituição prestadora de atendimento ao idoso 
responderá civil e criminalmente pelos atos que praticar em detrimento do idoso, sem 
prejuízo das sanções administrativas. 
Art. 50. Constituem obrigações das entidades de atendimento: 
I – celebrar contrato escrito de prestação de serviço com o idoso, especificando o tipo 
de atendimento, as obrigações da entidade e prestações decorrentes do contrato, com 
os respectivos preços, se for o caso; 
II – observar os direitos e as garantias de que são titulares os idosos; 
III – fornecer vestuário adequado, se for pública, e alimentação suficiente; 
IV – oferecer instalações físicas em condições adequadas de habitabilidade; 
V – oferecer
atendimento personalizado; 
VI – diligenciar no sentido da preservação dos vínculos familiares; 
VII – oferecer acomodações apropriadas para recebimento de visitas; 
VIII – proporcionar cuidados à saúde, conforme a necessidade do idoso; 
IX – promover atividades educacionais, esportivas, culturais e de lazer; 
 
 
X – propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, de acordo com suas 
crenças; 
XI – proceder a estudo social e pessoal de cada caso; 
XII – comunicar à autoridade competente de saúde toda ocorrência de idoso portador 
de doenças infecto-contagiosas; 
XIII – providenciar ou solicitar que o Ministério Público requisite os documentos 
necessários ao exercício da cidadania àqueles que não os tiverem, na forma da lei; 
XIV – fornecer comprovante de depósito dos bens móveis que receberem dos idosos; 
XV – manter arquivo de anotações onde constem data e circunstâncias do 
atendimento, nome do idoso, responsável, parentes, endereços, cidade, relação de 
seus pertences, bem como o valor de contribuições, e suas alterações, se houver, e 
demais dados que possibilitem sua identificação e a individualização do atendimento; 
XVI – comunicar ao Ministério Público, para as providências cabíveis, a situação de 
abandono moral ou material por parte dos familiares; 
XVII – manter no quadro de pessoal profissionais com formação específica. 
Art. 51. As instituições filantrópicas ou sem fins lucrativos prestadoras de serviço ao 
idoso terão direito à assistência judiciária gratuita. 
Art. 52. As entidades governamentais e não-governamentais de atendimento ao idoso 
serão fiscalizadas pelos Conselhos do Idoso, Ministério Público, Vigilância Sanitária 
e outros previstos em lei. 
Art. 55. As entidades de atendimento que descumprirem as determinações desta Lei 
ficarão sujeitas, sem prejuízo da responsabilidade civil e criminal de seus dirigentes 
ou prepostos, às seguintes penalidades, observado o devido processo legal: 
I – as entidades governamentais: 
a) advertência; 
b) afastamento provisório de seus dirigentes; 
c) afastamento definitivo de seus dirigentes; 
d) fechamento de unidade ou interdição de programa; 
II – as entidades não-governamentais: 
a) advertência; 
b) multa; 
c) suspensão parcial ou total do repasse de verbas públicas; 
d) interdição de unidade ou suspensão de programa; 
e) proibição de atendimento a idosos a bem do interesse público. 
§ 1º Havendo danos aos idosos abrigados ou qualquer tipo de fraude em relação ao 
programa, caberá o afastamento provisório dos dirigentes ou a interdição da unidade 
e a suspensão do programa. 
§ 2º A suspensão parcial ou total do repasse de verbas públicas ocorrerá quando 
verificada a má aplicação ou desvio de finalidade dos recursos. 
§ 3º Na ocorrência de infração por entidade de atendimento, que coloque em risco os 
direitos assegurados nesta Lei, será o fato comunicado ao Ministério Público, para as 
providências cabíveis, inclusive para promover a suspensão das atividades ou 
dissolução da entidade, com a proibição de atendimento a idosos a bem do interesse 
público, sem prejuízo das providências a serem tomadas pela Vigilância Sanitária. 
 
 
§ 4º Na aplicação das penalidades, serão consideradas a natureza e a gravidade da 
infração cometida, os danos que dela provierem para o idoso, as circunstâncias 
agravantes ou atenuantes e os antecedentes da entidade. 
Das Infrações Administrativas 
Art. 56. Deixar a entidade de atendimento de cumprir as determinações do art. 50 
desta Lei: 
Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 3.000,00 (três mil reais), se o fato 
não for caracterizado como crime, podendo haver a interdição do estabelecimento até 
que sejam cumpridas as exigências legais. 
Parágrafo único. No caso de interdição do estabelecimento de longa permanência, os 
idosos abrigados serão transferidos para outra instituição, a expensas do 
estabelecimento interditado, enquanto durar a interdição. 
Art. 57. Deixar o profissional de saúde ou o responsável por estabelecimento de 
saúde ou instituição de longa permanência de comunicar à autoridade competente os 
casos de crimes contra idoso de que tiver conhecimento: 
Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 3.000,00 (três mil reais), aplicada 
em dobro no caso de reincidência. 
Art. 58. Deixar de cumprir as determinações desta Lei sobre a prioridade no 
atendimento ao idoso: 
Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 1.000,00 (um mil reais) e multa 
civil a ser estipulada pelo juiz, conforme o dano sofrido pelo idoso. 
Do Acesso à Justiça 
Art. 69. Aplica-se, subsidiariamente, às disposições deste Capítulo, o procedimento 
sumário previsto no Código de Processo Civil, naquilo que não contrarie os prazos 
previstos nesta Lei. 
Art. 70. O Poder Público poderá criar varas especializadas e exclusivas do idoso. 
Art. 71. É assegurada prioridade na tramitação dos processos e procedimentos e na 
execução dos atos e diligências judiciais em que figure como parte ou interveniente 
pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, em qualquer instância. 
§ 1º O interessado na obtenção da prioridade a que alude este artigo, fazendo prova 
de sua idade, requererá o benefício à autoridade judiciária competente para decidir o 
feito, que determinará as providências a serem cumpridas, anotando-se essa 
circunstância em local visível nos autos do processo. 
§ 2º A prioridade não cessará com a morte do beneficiado, estendendo-se em favor do 
cônjuge supérstite, companheiro ou companheira, com união estável, maior de 60 
(sessenta) anos. 
§ 3º A prioridade se estende aos processos e procedimentos na Administração 
Pública, empresas prestadoras de serviços públicos e instituições financeiras, ao 
atendimento preferencial junto à Defensoria Publica da União, dos Estados e do 
Distrito Federal em relação aos Serviços de Assistência Judiciária. 
§ 4º Para o atendimento prioritário será garantido ao idoso o fácil acesso aos assentos 
e caixas, identificados com a destinação a idosos em local visível e caracteres 
legíveis. 
Art. 74. Compete ao Ministério Público: 
 
 
I – instaurar o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção dos direitos e 
interesses difusos ou coletivos, individuais indisponíveis e individuais homogêneos 
do idoso; 
II – promover e acompanhar as ações de alimentos, de interdição total ou parcial, de 
designação de curador especial, em circunstâncias que justifiquem a medida e oficiar 
em todos os feitos em que se discutam os direitos de idosos em condições de risco; 
III – atuar como substituto processual do idoso em situação de risco, conforme o 
disposto no art. 43 desta Lei; 
IV – promover a revogação de instrumento procuratório do idoso, nas hipóteses 
previstas no art. 43 desta Lei, quando necessário ou o interesse público justificar; 
V – instaurar procedimento administrativo e, para instruí-lo: 
a) expedir notificações, colher depoimentos ou esclarecimentos e, em caso de não 
comparecimento injustificado da pessoa notificada, requisitar condução coercitiva, 
inclusive pela Polícia Civil ou Militar; 
b) requisitar informações, exames, perícias e documentos de autoridades municipais, 
estaduais e federais, da administração direta e indireta, bem como promover 
inspeções e diligências investigatórias; 
c) requisitar informações e documentos particulares de instituições privadas; 
VI – instaurar sindicâncias, requisitar diligências investigatórias e a instauração de 
inquérito policial, para a apuração de ilícitos ou infrações às normas de proteção ao 
idoso; 
VII – zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais assegurados ao idoso, 
promovendo as medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis; 
VIII – inspecionar
as entidades públicas e particulares de atendimento e os programas 
de que trata esta Lei, adotando de pronto as medidas administrativas ou judiciais 
necessárias à remoção de irregularidades porventura verificadas; 
IX – requisitar força policial, bem como a colaboração dos serviços de saúde, 
educacionais e de assistência social, públicos, para o desempenho de suas atribuições; 
X – referendar transações envolvendo interesses e direitos dos idosos previstos nesta 
Lei. 
§ 1º A legitimação do Ministério Público para as ações cíveis previstas neste artigo 
não impede a de terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo dispuser a lei. 
§ 2º As atribuições constantes deste artigo não excluem outras, desde que 
compatíveis com a finalidade e atribuições do Ministério Público. 
§ 3º O representante do Ministério Público, no exercício de suas funções, terá livre 
acesso a toda entidade de atendimento ao idoso. 
Art. 75. Nos processos e procedimentos em que não for parte, atuará 
obrigatoriamente o Ministério Público na defesa dos direitos e interesses de que cuida 
esta Lei, hipóteses em que terá vista dos autos depois das partes, podendo juntar 
documentos, requerer diligências e produção de outras provas, usando os recursos 
cabíveis. 
Art. 77. A falta de intervenção do Ministério Público acarreta a nulidade do feito, que 
será declarada de ofício pelo juiz ou a requerimento de qualquer interessado. 
Art. 78. As manifestações processuais do representante do Ministério Público 
deverão ser fundamentadas. 
 
 
Art. 79. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações de responsabilidade por 
ofensa aos direitos assegurados ao idoso, referentes à omissão ou ao oferecimento 
insatisfatório de: 
I – acesso às ações e serviços de saúde; 
II – atendimento especializado ao idoso portador de deficiência ou com limitação 
incapacitante; 
III – atendimento especializado ao idoso portador de doença infecto-contagiosa; 
IV – serviço de assistência social visando ao amparo do idoso. 
Parágrafo único. As hipóteses previstas neste artigo não excluem da proteção judicial 
outros interesses difusos, coletivos, individuais indisponíveis ou homogêneos, 
próprios do idoso, protegidos em lei. 
Dos Crimes 
Art. 96. Discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificultando seu acesso a operações 
bancárias, aos meios de transporte, ao direito de contratar ou por qualquer outro meio 
ou instrumento necessário ao exercício da cidadania, por motivo de idade: 
Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa. 
§ 1º Na mesma pena incorre quem desdenhar, humilhar, menosprezar ou discriminar 
pessoa idosa, por qualquer motivo. 
§ 2º A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se a vítima se encontrar sob os 
cuidados ou responsabilidade do agente. 
Art. 97. Deixar de prestar assistência ao idoso, quando possível fazê-lo sem risco 
pessoal, em situação de iminente perigo, ou recusar, retardar ou dificultar sua 
assistência à saúde, sem justa causa, ou não pedir, nesses casos, o socorro de 
autoridade pública: 
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa. 
Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal 
de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte. 
Art. 98. Abandonar o idoso em hospitais, casas de saúde, entidades de longa 
permanência, ou congêneres, ou não prover suas necessidades básicas, quando 
obrigado por lei ou mandado: 
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 3 (três) anos e multa. 
Art. 99. Expor a perigo a integridade e a saúde, física ou psíquica, do idoso, 
submetendo-o a condições desumanas ou degradantes ou privando-o de alimentos e 
cuidados indispensáveis, quando obrigado a fazê-lo, ou sujeitando-o a trabalho 
excessivo ou inadequado: 
Pena – detenção de 2 (dois) meses a 1 (um) ano e multa. 
§ 1º Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos. 
§ 2º Se resulta a morte: 
Pena – reclusão de 4 (quatro) a 12 (doze) anos. 
Art. 100. Constitui crime punível com reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e 
multa: 
I – obstar o acesso de alguém a qualquer cargo público por motivo de idade; 
II – negar a alguém, por motivo de idade, emprego ou trabalho; 
 
 
III – recusar, retardar ou dificultar atendimento ou deixar de prestar assistência à 
saúde, sem justa causa, a pessoa idosa; 
IV – deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo motivo, a execução de ordem 
judicial expedida na ação civil a que alude esta Lei; 
V – recusar, retardar ou omitir dados técnicos indispensáveis à propositura da ação 
civil objeto desta Lei, quando requisitados pelo Ministério Público. 
Art. 101. Deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo motivo, a execução de 
ordem judicial expedida nas ações em que for parte ou interveniente o idoso: 
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa. 
Art. 102. Apropriar-se de ou desviar bens, proventos, pensão ou qualquer outro 
rendimento do idoso, dando-lhes aplicação diversa da de sua finalidade: 
Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa. 
Art. 103. Negar o acolhimento ou a permanência do idoso, como abrigado, por recusa 
deste em outorgar procuração à entidade de atendimento: 
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa. 
Art. 104. Reter o cartão magnético de conta bancária relativa a benefícios, proventos 
ou pensão do idoso, bem como qualquer outro documento com objetivo de assegurar 
recebimento ou ressarcimento de dívida: 
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e multa. 
Art. 105. Exibir ou veicular, por qualquer meio de comunicação, informações ou 
imagens depreciativas ou injuriosas à pessoa do idoso: 
Pena – detenção de 1 (um) a 3 (três) anos e multa. 
Art. 106. Induzir pessoa idosa sem discernimento de seus atos a outorgar procuração 
para fins de administração de bens ou deles dispor livremente: 
Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. 
Art. 107. Coagir, de qualquer modo, o idoso a doar, contratar, testar ou outorgar 
procuração: 
Pena – reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. 
Art. 108. Lavrar ato notarial que envolva pessoa idosa sem discernimento de seus 
atos, sem a devida representação legal: 
Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos 
 
 
 
AULA 12 
 
As práticas “Psi” e suas aplicações no contexto jurídico: Área Criminal e 
Sistema Penitenciário 
 
Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 (Institui a Lei de Execução Penal) 
 
Art. 1º A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou 
decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do 
condenado e do internado. 
Art. 3º Ao condenado e ao internado serão assegurados todos os direitos não 
atingidos pela sentença ou pela lei. 
Parágrafo único. Não haverá qualquer distinção de natureza racial, social, religiosa ou 
política. 
Art. 4º O Estado deverá recorrer à cooperação da comunidade nas atividades de 
execução da pena e da medida de segurança. 
Art. 5º Os condenados serão classificados, segundo os seus antecedentes e 
personalidade, para orientar a individualização da execução penal. 
Art. 6o A classificação será feita por Comissão Técnica de Classificação que 
elaborará o programa individualizador da pena privativa de liberdade adequada ao 
condenado ou preso provisório. 
Art. 7º A Comissão Técnica de Classificação, existente em cada estabelecimento, será 
presidida pelo diretor e composta, no mínimo, por 2 (dois) chefes de serviço, 1 (um) 
psiquiatra, 1 (um) psicólogo e 1 (um) assistente social, quando se tratar de condenado 
à pena privativa de liberdade. 
Parágrafo único. Nos demais casos a Comissão atuará junto ao Juízo da Execução e 
será integrada por fiscais do serviço social. 
Art. 8º O condenado
ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em regime 
fechado, será submetido a exame criminológico para a obtenção dos elementos 
necessários a uma adequada classificação e com vistas à individualização da 
execução. 
Parágrafo único. Ao exame de que trata este artigo poderá ser submetido o condenado 
ao cumprimento da pena privativa de liberdade em regime semi-aberto. 
Art. 9º A Comissão, no exame para a obtenção de dados reveladores da 
personalidade, observando a ética profissional e tendo sempre presentes peças ou 
informações do processo, poderá: 
I - entrevistar pessoas; 
II - requisitar, de repartições ou estabelecimentos privados, dados e informações a 
respeito do condenado; 
III - realizar outras diligências e exames necessários. 
Art. 10. A assistência ao preso e ao internado é dever do Estado, objetivando prevenir 
o crime e orientar o retorno à convivência em sociedade. 
Parágrafo único. A assistência estende-se ao egresso. 
Art. 11. A assistência será: 
I - material; 
 
 
II - à saúde; 
III -jurídica; 
IV - educacional; 
V - social; 
VI - religiosa. 
Art. 12. A assistência material ao preso e ao internado consistirá no fornecimento de 
alimentação, vestuário e instalações higiênicas. 
Art. 13. O estabelecimento disporá de instalações e serviços que atendam aos presos 
nas suas necessidades pessoais, além de locais destinados à venda de produtos e 
objetos permitidos e não fornecidos pela Administração. 
Art. 14. A assistência à saúde do preso e do internado de caráter preventivo e 
curativo, compreenderá atendimento médico, farmacêutico e odontológico. 
§ 2º Quando o estabelecimento penal não estiver aparelhado para prover a assistência 
médica necessária, esta será prestada em outro local, mediante autorização da direção 
do estabelecimento. 
§ 3º Será assegurado acompanhamento médico à mulher, principalmente no pré-natal 
e no pós-parto, extensivo ao recém-nascido. 
Art. 15. A assistência jurídica é destinada aos presos e aos internados sem recursos 
financeiros para constituir advogado. 
Art. 16. As Unidades da Federação deverão ter serviços de assistência jurídica, 
integral e gratuita, pela Defensoria Pública, dentro e fora dos estabelecimentos 
penais. 
Art. 17. A assistência educacional compreenderá a instrução escolar e a formação 
profissional do preso e do internado. 
Art. 18. O ensino de 1º grau será obrigatório, integrando-se no sistema escolar da 
Unidade Federativa. 
Art. 19. O ensino profissional será ministrado em nível de iniciação ou de 
aperfeiçoamento técnico. 
Parágrafo único. A mulher condenada terá ensino profissional adequado à sua 
condição. 
Art. 20. As atividades educacionais podem ser objeto de convênio com entidades 
públicas ou particulares, que instalem escolas ou ofereçam cursos especializados. 
Art. 21. Em atendimento às condições locais, dotar-se-á cada estabelecimento de uma 
biblioteca, para uso de todas as categorias de reclusos, provida de livros instrutivos, 
recreativos e didáticos. 
Art. 22. A assistência social tem por finalidade amparar o preso e o internado e 
prepará-los para o retorno à liberdade. 
Art. 23. Incumbe ao serviço de assistência social: 
I - conhecer os resultados dos diagnósticos ou exames; 
II - relatar, por escrito, ao Diretor do estabelecimento, os problemas e as dificuldades 
enfrentadas pelo assistido; 
III - acompanhar o resultado das permissões de saídas e das saídas temporárias; 
IV - promover, no estabelecimento, pelos meios disponíveis, a recreação; 
V - promover a orientação do assistido, na fase final do cumprimento da pena, e do 
liberando, de modo a facilitar o seu retorno à liberdade; 
 
 
VI - providenciar a obtenção de documentos, dos benefícios da Previdência Social e 
do seguro por acidente no trabalho; 
VII - orientar e amparar, quando necessário, a família do preso, do internado e da 
vítima. 
Art. 24. A assistência religiosa, com liberdade de culto, será prestada aos presos e aos 
internados, permitindo-se-lhes a participação nos serviços organizados no 
estabelecimento penal, bem como a posse de livros de instrução religiosa. 
§ 1º No estabelecimento haverá local apropriado para os cultos religiosos. 
§ 2º Nenhum preso ou internado poderá ser obrigado a participar de atividade 
religiosa. 
Art. 25. A assistência ao egresso consiste: 
I - na orientação e apoio para reintegrá-lo à vida em liberdade; 
II - na concessão, se necessário, de alojamento e alimentação, em estabelecimento 
adequado, pelo prazo de 2 (dois) meses. 
Parágrafo único. O prazo estabelecido no inciso II poderá ser prorrogado uma única 
vez, comprovado, por declaração do assistente social, o empenho na obtenção de 
emprego. 
Art. 26. Considera-se egresso para os efeitos desta Lei: 
I - o liberado definitivo, pelo prazo de 1 (um) ano a contar da saída do 
estabelecimento; 
II - o liberado condicional, durante o período de prova. 
Art. 27.O serviço de assistência social colaborará com o egresso para a obtenção de 
trabalho 
 
AS PRINCIPAIS ÁREAS DE ATUAÇÃO DA  NO CAMPO JURÍDICO 
Direito Penal: avaliações psicológicas no que pese a sanidade mental 
das partes envolvidas com fatos criminosos (a questão da 
imputabilidade); avaliação da personalidade quando da fixação da 
pena (art. 59 do CP); violência doméstica contra a mulher (Lei Maria 
da Penha), intervenções junto às famílias vitimadas por crimes etc. 
 
Imputabilidade, Inimputabilidade e Semi-imputabilidade no Direito Penal 
Brasileiro e o Trabalho do Psicólogo 
Segundo o dicionário Aurélio, imputar significa atribuir a alguém 
responsabilidade por alguma ação ou omissão. À luz do direito penal brasileiro, “há 
imputabilidade quando o sujeito é capaz de compreender [dado cognitivo] a ilicitude 
de sua conduta e de agir [dado volitivo] de acordo com esse entendimento. Só é 
reprovável a conduta se o sujeito tem certo grau de capacidade psíquica que lhe 
permita compreender a antijuridicidade do fato e também a de adequar essa conduta a 
sua consciência. Quem não tem essa capacidade de entendimento e de 
determinação é inimputável, eliminando-se a culpabilidadade
12.” (Mirabete e Fabbrini, 
2013, p. 196 – os negritos e itálicos, as chaves e a nota de rodapé são meus) 
 
12 Culpabilidade - é a reprovabilidade da conduta típica e antijurídica, é o juízo de censura a respeito da conduta do autor de um fato 
típico e antijurídico. 
 
 
A lei penal brasileira, em seu artigo 26, adota o critério biopsicológico em relação à 
imputabilidade penal. “Por ele, deve verificar-se, em primeiro lugar, se o agente é 
doente mental ou tem desenvolvimento mental incompleto ou retardado [dado 
biológico]. Em caso negativo, não é inimputável. Em caso positivo, averigua-se se 
era ele capaz de entender o caráter ilícito do fato [dado psicológico]; será 
inimputável se não tiver essa capacidade. Tendo a capacidade de entendimento, 
apura-se se o agente era capaz de determinar-se de acordo com essa consciência 
[dado volitivo]. Inexistente a capacidade de determinação, o agente é também 
inimputável. 
Nos termos do CP, excluem a imputabilidade e, em consequência, a culpabilidade: a 
doença mental e o desenvolvimento mental incompleto ou retardado (art. 26); a 
menoridade, caso de desenvolvimento mental incompleto presumido (art. 27); e a 
embriaguez fortuita completa
13
 (art. 28, § 1º). 
Analise o esquema a seguir: 
 
 
13 Ou seja, embriaguez imprevisível para o homem. O indivíduo, p.ex., supõe tomar bebida não alcoólica. Ressalte-se, a propósito, 
outros tipos: (1) a embriaguez patológica, quando
pequenas doses de álcool fazem com que uma pessoa perca totalmente o controle 
de si; (2) o alcoolismo crônico, caracterizada como deformação persistente do psiquismo, assimilável a verdadeira psicose, e como 
psicose, ou doença mental, deve ser juridicamente tratado" (BRUNO, 1967, p. 158); (3) a dependência química – “mesmo que 
exista a comprovação da dependência de drogas esta não é por si só excludente de imputabilidade. Para que o sujeito seja culpado é 
preciso que as funções psíquicas cognitivas e volitivas não estejam comprometidas no momento da ação ou omissão em avaliação. 
Ainda, deverá existir o nexo causal com o ato delitivo em questão [ou seja, o fato ocorreu em função do estado alterado do indivíduo, 
estado esse proveniente dos efeitos de certa substância química]. 
Caso haja comprometimento da capacidade de entendimento ou de determinação no momento do ato em julgamento, e que haja claro 
nexo com a infração penal e a aceitação pelo Juízo, caberá a medida de segurança. De acordo com a penalidade a medida pode ser de 
internação em hospital de custódia ou tratamento ambulatorial. [...] 
A intoxicação patológica, a intoxicação aguda com delirium [estado de confusão mental] e a abstinência com distorções da 
percepção se enquadram [aos casos de inimputabiliade]. No caso específico da dependência de drogas o entendimento seria 
distorcido por psicose induzida por drogas, por exemplo. Já no caso da autodeterminação o prejuízo seria uma incapacidade de 
autocontrole [dado volitivo] em razão de abstinência, fissura ou grave impulsividade. (http://consultor-
juridico.jusbrasil.com.br/noticias/100011775/psiquiatria-forense-ajuda-a-justica-decidir-mas-ainda-e-subaproveitada. Os negritos e as 
chaves são meus) 
 
 
 
 
 
 
O agente é portador de Doença 
Mental ou Desenvolvimento Mental 
Incompleto ou Retardado? 
(Dado Biológico - Sistema Nervoso) 
O agente era capaz de determinar-se 
espontaneamente? Ex. Coação. 
(Dado Psicológico - Volitivo) 
NÃO 
SIM 
Esta sua condição o incapacitava de 
entender o caráter ilícito do fato? 
(Dado Psicológico Cognitivo) 
SIM 
INIMPUTABILIDADE 
Art. 26 do CP 
MEDIDA DE SEGURANÇA 
(Finalidade Não-Punitiva) 
Tratamento (Máximo de 30 anos – 
STF) 
Art. 96, incisos I e II, do CP – Internação em hospital 
de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, em outro 
estabelecimento; sujeição a tratamento ambulatorial. 
“É possível que se constate por alguns doutrinadores a 
comparação entre medida de segurança e a pena de prisão 
perpétua, uma vez o legislador penal não haver, previamente 
determinado, o seu término, apenas dando-se ênfase à 
cessação de periculosidade, ao passo que a nossa Lei 
Maior veda a pena de caráter perpétuo, [...]. Artigo 5º inciso 
XLVII alínea b da Constituição Federal, qual seja, princípio 
da humanidade.” (GOUVEIA, C.R. ,2012) 
IMPUTABILIDADE 
PRISÃO 
(Finalidade Punitiva) 
Ressocialização 
SEMI-IMPUTABILIDADE 
Art. 26, § Único do CP. 
(A pena pode ser reduzida 
de um a dois terços [...].) 
NÃO 
O agente era capaz de determinar-se 
de acordo com esse entendimento? 
(Dado Psicológico - Volitivo) 
NÃO 
NÃO TOTALMENTE 
(Ex.: Sociopatas (não há 
consenso entre os 
doutrinadores); graus ate-
nuados, incipientes e 
residuais de psicoses; certos 
graus de oligofrenias.) 
 
INIMPUTABILIDADE 
MENORIDADE DOENÇA MENTAL DESENVOLVIMENTO 
MENTAL 
(Incompleto ou Retardado) 
EMBRIAGUEZ COMPLETA 
(Acidente: Fortuita ou 
Força Maior) 
Lei Nº 8.069/1990 
Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA 
Medidas de Proteção junto aos Conselhos Tutelares, se Criança (até 12 anos 
incompletos) – Art. 101 do ECA; 
Medida Sócioeducativa, se Adolescente (de 12 a 18 anos) – Art. 112 do ECA. 
(Ex.: Nas chamadas 
fissuras ou nas 
compulsões em graus 
paroxísticos. Porém, não é 
consenso entre os 
teóricos.) 
PERÍCIA PSIQUIÁTRICA ou PSICOLÓGICA 
INVESTIGAÇÃO CRIMINAL 
SIM 
(Ex.: Indivíduos diagnosticados com o 
Transtorno Bipolar de Humor que, no entanto, 
quando da ação ou omissão criminosa, 
não se encontravam surtados. 
Avaliação e Decisão Judicial. 
 
 
AULA 13 
 
Avaliação Psicológica no Judiciário. Documentos 
elaborados pelo psicólogo. Alguns itens do Código de 
Ética dos psicólogos. 
 
O PROCESSO DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 
NO JUDICIÁRIO 
 
A avaliação psicológica é entendida como o processo técnico-científico de coleta de 
dados, estudos e interpretação de informações a respeito dos fenômenos psicológicos, 
que são resultantes da relação do indivíduo com a sociedade, utilizando-se, para 
tanto, de estratégias psicológicas – métodos, técnicas e instrumentos. 
Os psicólogos, ao realizarem avaliações psicológicas, devem se basear 
exclusivamente nos instrumentais técnicos (entrevistas, testes, observações, 
dinâmicas de grupo, escuta, intervenções verbais) que se configuram como métodos e 
técnicas psicológicas para a coleta de dados, estudos e interpretações de informações 
a respeito da pessoa ou grupo atendidos. Esses instrumentais técnicos devem 
obedecer às condições mínimas requeridas de qualidade e de uso, devendo ser 
adequados ao que se propõem a investigar. 
 
A avaliação psicológica no judiciário 
 
“Ao psicólogo perito cabe fornecer um laudo 
psicológico com informações pertinentes ao processo 
judicial e à problemática diagnosticada, visando auxiliar 
o magistrado na formação de seu convencimento sobre a 
decisão judicial a ser tomada, como forma de realização 
do direito objetivo das partes em oposição. [...] 
Para tanto, o psicólogo estabelece um planejamento de 
avaliação dos aspectos psicológicos implicados no caso 
atendido, com base no estudo dos autos, isto é, de todos os documentos e provas 
que compõem o processo judicial. Os instrumentos utilizados para fins de 
diagnósticos são escolhidos com base no conhecimento técnico sobre técnicas de 
exame psicológico, na formação teórica, nas condições institucionais para a 
realização do trabalho e na situação emocional dos implicados no processo judicial. 
Considera-se a especificidade da situação judicial, em que as pessoas não escolheram 
a intervenção do psicólogo e estão numa posição defensiva, procurando fazer 
prevalecer seus interesses sobre terceiros, com quem, em geral, mantém vínculos 
afetivos conflituosos. [...] 
Na atuação judiciária, a adequação dos instrumentos está relacionada à natureza do 
processo judicial (verificatório, contencioso), da natureza e gravidade das questões 
tratadas no processo (criança e adolescentes em situação de risco), do tempo 
institucional (urgência, data de audiência já fixada, número de casos agendados) e da 
 
 
livre escolha do profissional, conforme seu referencial técnico, filosófico e científico. 
[...] (BERNARDES In: CRUZ, MACIEL, RAMIREZ, 2005, p.71-80) 
 
Perícia psicológica 
 
O exame pericial psicológico é uma espécie de avaliação 
psicológica “com a finalidade de elucidar fatos do interesse de 
autoridade judiciária, policial, administrativa ou, 
eventualmente, particular. Constitui-se, pois, em meio de 
prova, devendo o examinador proceder com permanente 
cautela devido a essa singularíssima condição.” (TABORDA, 
2004, p.43). 
“Conceitua-se perícia, pois, como o conjunto de procedimentos técnicos que tenha 
como finalidade o esclarecimento de um fato de interesse da Justiça; e, perito, o 
técnico incumbido pela autoridade de esclarecer fato da causa, auxiliando, assim, na 
formação de convencimento do juiz. 
Cabe ao psicólogo, portanto, enquanto perito, elaborar relatórios (Res. CFP nº 08/10) 
sobre os aspectos psicológicos dos jurisdicionados, os quais deverão ser apresentados 
à autoridade judicial. 
 
Perícia
e dinâmica psicológica 
 
 
 
DOCUMENTOS EXARADOS PELOS  JURÍDICOS 
(De acordo com a Res. CFP nº 07/03) 
 
a) Atestado 
É um documento expedido pelo psicólogo que certifica uma determinada situação ou 
estado psicológico, tendo como finalidade afirmar sobre as condições psicológicas de 
quem, por requerimento, o solicita, com fins de: 
a) Justificar faltas e/ou impedimentos do solicitante; 
b) Justificar estar apto ou não para atividades específicas, após realização de um 
processo de avaliação psicológica, dentro do rigor técnico e ético que subscreve esta 
Resolução; 
c) Solicitar afastamento e/ou dispensa do solicitante, subsidiado na afirmação 
atestada do fato, em acordo com o disposto na Resolução CFP nº 015/96. (Res. que 
regulamenta a concessão de Atestado Psicológico para tratamento de saúde por 
problemas psicológicos). 
 
 
 
 
b) Relatório (ou, Laudo Psicológico) 
O relatório ou laudo psicológico é uma apresentação descritiva acerca de situações 
e/ou condições psicológicas e suas determinações históricas, sociais, políticas e 
culturais, pesquisadas no processo de avaliação psicológica. Como todo documento, 
deve ser subsidiado em dados colhidos e analisados, à luz de um instrumental técnico 
(entrevistas, dinâmicas, testes psicológicos, observação, exame psíquico, intervenção 
verbal), consubstanciado em referencial técnico-filosófico e científico adotado pelo 
psicólogo. 
A finalidade do relatório psicológico será a de apresentar os procedimentos e 
conclusões gerados pelo processo da avaliação psicológica, relatando sobre o 
encaminhamento, as intervenções, o diagnóstico, o prognóstico e evolução do caso, 
orientação e sugestão de projeto terapêutico, bem como, caso necessário, solicitação 
de acompanhamento psicológico, limitando-se a fornecer somente as informações 
necessárias relacionadas à demanda, solicitação ou petição. 
 
c) Parecer psicológico 
Parecer é um documento fundamentado e resumido sobre uma questão focal do 
campo psicológico cujo resultado pode ser indicativo ou conclusivo. 
O parecer tem como finalidade apresentar resposta esclarecedora, no campo do 
conhecimento psicológico, através de uma avaliação especializada, de uma “questão-
problema”, visando a dirimir dúvidas que estão interferindo na decisão, sendo, 
portanto, uma resposta a uma consulta, que exige de quem responde competência no 
assunto. 
O psicólogo parecerista deve fazer a análise do problema apresentado, destacando os 
aspectos relevantes e opinar a respeito, considerando os quesitos apontados e com 
fundamento em referencial teórico-científico. 
Havendo quesitos, o psicólogo deve respondê-los de forma sintética e convincente, 
não deixando nenhum quesito sem resposta. Quando não houver dados para a 
resposta ou quando o psicólogo não puder ser categórico, deve-se utilizar a expressão 
“sem elementos de convicção”. Se o quesito estiver mal formulado, pode-se afirmar 
“prejudicado”, “sem elementos” ou “aguarda evolução”. 
 
d) Declarações 
É um documento que visa a informar a ocorrência de fatos ou situações objetivas 
relacionados ao atendimento psicológico, com a finalidade de declarar: 
a) Comparecimentos do atendido e/ou do seu acompanhante, quando necessário; 
b) Acompanhamento psicológico do atendido; 
c) Informações sobre as condições do atendimento (tempo de acompanhamento, dias 
ou horários). 
Neste documento não deve ser feito o registro de sintomas, situações ou estados 
psicológicos. 
 
Obs.: Os Atestados e os Laudos são documentos exarados a partir de Avaliações 
Psicológicas. Já os Pareceres e as Declarações, não. Um Parecer, p.ex., pode ser 
 
 
exarado a partir de uma consulta sobre alguma questão pontual, o que não implica, 
necessariamente, a realização de uma Avaliação Psicológica. 
 
ÉTICA e MORAL
14
 
 
Professor e Filósofo Mario Sérgio Cortella 
Ética - Conjunto de valores e princípios que as pessoas utilizam para 
decidir três questões básicas da vida: quero, devo, posso. Ora, tem 
coisa que quero mas não devo, que devo mas não posso ou que 
posso mas não devo. Não existe ninguém sem uma ética própria. O 
que existe são pessoas com valores e princípios contrários à ética vigente. Essas são 
chamadas de antiéticas. A ética não é relativa. Ela busca a universalidade, o que não 
significa que ela não possa mudar com o tempo. 
Moral – É a prática de uma ética. É a ação de decidir, escolher e julgar segundos 
valores e princípios éticos vigentes. Neste sentido, portanto, imoral é todo aquele que 
decide, escolhe e julga contrariamente aos valores e princípios vigentes (ou seja, à 
ética vigente). Amoral, por sua vez, são todas aquelas pessoas que não podem 
decidir, escolher e julgar. Por exemplo, as crianças e os loucos (no direito chamados 
de incapazes). A moral, esta sim, é relativa, pois enquanto exteriorização de uma 
ética, depende de uma série de injunções e circunstâncias reais. 
A ÉTICA PROFISSIONAL DO PROFISSIONAL DE  
A Resolução nº 010/05, de 21/07/05, do Conselho Federal de Psicologia, instituiu no 
Brasil o Código de Ética Profissional do Psicólogo. 
 
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS 
 
I. O psicólogo baseará o seu trabalho no respeito e na promoção da liberdade, da 
dignidade, da igualdade e da integridade do ser humano, apoiado nos valores que 
embasam a Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
II. O psicólogo trabalhará visando promover a saúde e a qualidade de vida das 
pessoas e das coletividades e contribuirá para a eliminação de quaisquer formas de 
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. 
IV. O psicólogo atuará com responsabilidade, por meio do contínuo aprimoramento 
profissional, contribuindo para o desenvolvimento da Psicologia como campo 
científico de conhecimento e de prática. 
V. O psicólogo contribuirá para promover a universalização do acesso da população 
às informações, ao conhecimento da ciência psicológica, aos serviços e aos padrões 
éticos da profissão. 
VI. O psicólogo zelará para que o exercício profissional seja efetuado com dignidade, 
rejeitando situações em que a Psicologia esteja sendo aviltada. 
Art. 1º – São deveres fundamentais dos psicólogos: 
 
14 Texto elaborado a partir da entrevista concedida pelo prof. Sergio Cortella ao programa do Jô em 14/06/2010. 
 
 
b) Assumir responsabilidades profissionais somente por atividades para as quais 
esteja capacitado pessoal, teórica e tecnicamente; 
c) Prestar serviços psicológicos de qualidade, em condições de trabalho dignas e 
apropriadas à natureza desses serviços, utilizando princípios, conhecimentos e 
técnicas reconhecidamente fundamentados na ciência psicológica, na ética e na 
legislação profissional; 
f) Fornecer, a quem de direito, na prestação de serviços psicológicos, informações 
concernentes ao trabalho a ser realizado e ao seu objetivo profissional; 
g) Informar, a quem de direito, os resultados decorrentes da prestação de serviços 
psicológicos, transmitindo somente o que for necessário para a tomada de decisões 
que afetem o usuário ou beneficiário; 
h) Orientar a quem de direito sobre os encaminhamentos apropriados, a partir da 
prestação de serviços psicológicos, e fornecer, sempre que solicitado, os documentos 
pertinentes ao bom termo do trabalho; 
Art. 2º – Ao psicólogo é vedado: 
b) Induzir a convicções políticas, filosóficas, morais, ideológicas, religiosas, de 
orientação sexual ou a qualquer tipo de preconceito, quando do exercício de suas 
funções profissionais; 
c) Utilizar ou favorecer o uso de conhecimento e a utilização de práticas psicológicas 
como instrumentos de castigo, tortura ou qualquer
forma de violência; 
g) Emitir documentos sem fundamentação e qualidade técnico-científica; 
k) Ser perito, avaliador ou parecerista em situações nas quais seus vínculos pessoais 
ou profissionais, atuais ou anteriores, possam afetar a qualidade do trabalho a ser 
realizado ou a fidelidade aos resultados da avaliação; 
l) Desviar para serviço particular ou de outra instituição, visando benefício próprio, 
pessoas ou organizações atendidas por instituição com a qual mantenha qualquer tipo 
de vínculo profissional; 
n) Prolongar, desnecessariamente, a prestação de serviços profissionais; 
q) Realizar diagnósticos, divulgar procedimentos ou apresentar resultados de serviços 
psicológicos em meios de comunicação, de forma a expor pessoas, grupos ou 
organizações. 
Art. 6º – O psicólogo, no relacionamento com profissionais não psicólogos: 
b) Compartilhará somente informações relevantes para qualificar o serviço prestado, 
resguardando o caráter confidencial das comunicações, assinalando a 
responsabilidade, de quem as receber, de preservar o sigilo. 
Art. 9º – É dever do psicólogo respeitar o sigilo profissional a fim de proteger, por 
meio da confidencialidade, a intimidade das pessoas, grupos ou organizações, a que 
tenha acesso no exercício profissional. 
Art. 10 – Nas situações em que se configure conflito entre as exigências decorrentes 
do disposto no Art. 9º e as afirmações dos princípios fundamentais deste Código, 
excetuando-se os casos previstos em lei, o psicólogo poderá decidir pela quebra de 
sigilo, baseando sua decisão na busca do menor prejuízo. 
Parágrafo único – Em caso de quebra do sigilo previsto no caput deste artigo, o 
psicólogo deverá restringir-se a prestar as informações estritamente necessárias. 
 
 
Art. 11 – Quando requisitado a depor em juízo, o psicólogo poderá prestar 
informações, considerando o previsto neste Código. 
Art. 12 – Nos documentos que embasam as atividades em equipe multiprofissional, o 
psicólogo registrará apenas as informações necessárias para o cumprimento dos 
objetivos do trabalho. 
Art. 18 – O psicólogo não divulgará, ensinará, cederá, emprestará ou venderá a leigos 
instrumentos e técnicas psicológicas que permitam ou facilitem o exercício ilegal da 
profissão. 
 
Exercício de Fixação 
1. Pode um psicólogo atender pacientes nalgum espaço cedido por alguma igreja? 
Sim, não e porquê. 
2. Pode um psicólogo, especializado somente no atendimento a adolescentes e 
adultos, atender uma criança? Sim, não e porquê. 
3. Pode um psicólogo denunciar seu paciente, caso esse mesmo paciente, durante 
as sessões terapêuticas, revelar que é um “serial killer”? Sim, não e porquê. 
4. Pode um psicólogo diante de um juiz, numa audiência no judiciário, negar-se a 
prestar quaisquer informações a respeito de seu paciente, mesmo sabendo que 
ele é culpado do que lhe é imputado? Sim, não e porquê. 
5. Pode um professor de psicologia, durante uma aula, referir-se a um de seus 
casos atendidos, à guisa de exemplo e estudo acadêmico? Sim, não e porquê. 
*** 
 
 
 
 
"Não chores, meu filho; 
Não chores, que a vida 
É luta renhida: 
Viver é lutar. 
A vida é combate, 
Que os fracos abate, 
Que os fortes, os bravos 
Só pode exaltar!" 
(Gonçalves Dias)

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