Logo Passei Direto
Buscar

Histologia - Sistema Endócrino e Hipófise

User badge image

Enviado por Diana Marques Moreira em

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

Morfofuncional II – Histologia
Sistema Endócrino
As atividades dos vários tecidos e órgãos são coordenadas principalmente pelos sistemas nervoso e endócrino. O sistema endócrino atua através de hormônios. A ação dos hormônios, ocorrendo por via sanguínea, é mais lenta, mas, em compensação, seu efeito é mais duradouro do que o estímulo nervoso. As glândulas endócrinas são, por sua vez, reguladas pelo sistema nervoso ou por outras glândulas endócrinas, criando um complexo e sensível mecanismo de inter-relações neuroendócrinas.
Hormônios são moléculas que funcionam no organismo como sinais químicos. Eles são liberados por células especializadas presentes nas glândulas endócrinas chamadas células endócrinas. As glândulas endócrinas geralmente se organizam sob a forma de cordões celulares. Uma exceção notável é a glândulas tireoide, cujas células são organizadas como pequenas esferas, chamadas folículos. Além das glândulas endócrinas, há muitas células endócrinas isoladas, como as células encontradas no trato digestivo. As células endócrinas estão sempre muito próximas de capilares sanguíneos, que recebem os hormônios secretados e os distribuem pelo organismo diluídos no plasma. Muitos hormônios, portanto, agem distantes do seu local de secreção. Há, no entanto, células endócrinas que produzem hormônios que agem a uma distância curta, um tipo de controle chamado parácrino. Um bom exemplo de controle parácrino é o da gastrina. Liberada pelas células G localizadas principalmente no piloro, a gastrina alcança as glândulas fúndicas do estômago por vasos sanguíneos, estimulando a produção de ácido clorídrico. Outro modo de controle é o justácrino, no qual uma molécula é libertada na matriz extracelular, difunde-se por esta matriz e atua em células situadas a uma distância muito curta de onde foi liberada. A inibição da secreção de insulina em ilhotas de Langehrans por somatostatina produzida por células da mesma ilhota é um exemplo de controle justácrino. No controle chamado autócrino, as células podem produzir moléculas que agem nelas próprias ou em células do mesmo tipo. O fator de crescimento semelhante à insulina (IGF) produzido por vários tipos celulares pode agir nas mesmas células que o produziram.
Os tecidos e órgãos nos quais os hormônios atuam são chamados tecidos-alvo ou órgãos-alvo. Estes reagem aos hormônios porque as suas células possuem receptores que reconhecem especificamente determinados hormônios e só a eles respondem. Outra vantagem da existência de receptores é a capacidade de resposta das células-alvo aos respectivos hormônios mesmo se estes estiverem presentes no sangue em concentrações muito pequenas. As próprias células endócrinas também podem ser células-alvo de outras glândulas endócrinas. Deste modo, o organismo pode controlar a secreção de hormônios por um mecanismo de retroalimentação (feedback) e manter níveis hormonais plasmáticos adequados dentro de limites muito precisos.
Hipófise
A hipófise ou pituitária é um pequeno órgão pesando cerca de 0,5g no adulto e cujas dimensões são cerca de 10x13x6mm. Localiza-se na sella túrcica do osso esfenoide e liga-se, por um pedículo, ao hipotálamo na base do cérebro.
Ela tem origem embriológica dupla: nervosa e ectodérmica; a porção de origem nervosa provém de um crescimento do assoalho do diencéfalo em direção caudal sem perder o contato com o encéfalo, de modo a formar um pedículo. A porção ectodérmica da hipófise se desenvolve a partir de um trecho do ectoderma do teto da boca primitiva que cresce em direção cranial formando a bolsa de Rathke; posteriormente, uma constrição na base desta bolsa separa-a da cavidade bucal. Ao mesmo tempo a parede anterior se espessa, diminuindo o tamanho da cavidade da bolsa de Rathke, que fica reduzida a uma pequena fissura.
A porção de origem nervosa é denominada neuro-hipófise e consta de uma porção volumosa, a pars nervosa, e do seu pedículo, o infundíbulo, que se continua com o hipotálamo (representa o SNC). 
A porção originada do ectoderma é denominada adeno-hipófise e está subdividida em três porções. A primeira e mais volumosa é a pars distalis ou lobo anterior; a segunda é a porção cranial que envolve o infundíbulo, denominada pars tuberalis; a terceira, denominada de pars intermédia, é uma região intermediária entre a neuro-hipófise e a pars distalis, separada desta última pela fissura restante da cavidade da bolsa de Rathke. Ao conjunto de pars nervosa e pars intermédia dá-se o nome de lobo posterior da hipófise.
A glândula é revestida por uma cápsula de tecido conjuntivo contínuo com a rede de fibras reticulares que suporta as células do órgão.
Suprimento Sanguíneo
O suprimento sanguíneo da hipófise é feito por dois grupos de artérias originadas da artéria carótida interna: as artérias hipofisárias superiores, direita e esquerda, irrigam a eminência mediana e o infundíbulo; as artérias hipofisárias inferiores, direita e esquerda, irrigam principalmente a neuro-hipófise, mas enviam alguns ramos para o pedículo da hipófise. No infundíbulo as artérias hipofisárias superiores formam um plexo capilar primário, cujas células endoteliais são fenestradas. Terminais axônicos de neurônios neurossecretores, contendo hormônios inibidores e estimuladores da adeno-hipófise, situam-se bem próximos à membrana basal destes capilares. Os capilares do plexo primário se reúnem parar formar vênulas e veias que atravessam o pedículo da hipófise e se ramificam na adeno-hipófise, formando um extenso plexo capilar secundário. Há, portanto, um sistema porta-hipofisário pelo qual neuro-hormônios produzidos no hipotálamo podem ser levados diretamente à adeno-hipófise, sem percorrer a circulação geral, para controlar a função de suas células. O sangue venoso sai da hipófise por diversas veias que desembocam nos seios cavernosos.
O Sistema Hipotálamo-Hipofisário
Sabe-se que há no sistema hipotálamo-hipofisário pelo menos três locais em que são produzidos três grupos de hormônios:
- O primeiro grupo é constituído por peptídeos produzidos por agregados (núcleos) de neurônios secretores situados no hipotálamo: os núcleos supra-ópticos e paraventriculares. Os hormônios produzidos por esses neurônios são transportados ao longo dos seus axônios e acumulados nas terminações destes, situadas na neuro-hipófise.
- O segundo grupo de hormônios (peptídeos) é produzido por neurônios secretores dos núcleos dorso-mediano, dorso-ventral e infundibular do hipotálamo. Estes hormônios são levados ao longo dos axônios até suas terminações na eminência mediana, onde são armazenados. Após sua liberação, os hormônios entram nos capilares que formam a rede vascular da eminência mediana e são transportados para a adeno-hipófise pelo primeiro trecho do sistema porta-hipofisário.
- O terceiro grupo de hormônios é constituído por proteínas e glicoproteínas produzidas por células da pars distalis e que entram na rede de capilares do segundo trecho do sistema porta-hipofisário, a partir de onde são distribuídos pela circulação sanguínea.
Adeno-hipófise
A adeno-hipófise sintetiza, acumula e libera hormônios produzidos localmente. Ela é constituída por três partes: a pars distalis, a pars tuberalis e a pars intermédia.
- Pars distalis: o componente principal da pars distalis são cordões de células epiteliais entremeadas por capilares sanguíneos. Os hormônios produzidos por estas células são armazenados em grânulos de secreção. Os poucos fibroblastos presentes secretam fibras reticulares que sustentam os cordões. A pars distalis corresponde a 75% da massa da hipófise. De acordo com a coloração, existem três tipos de células na pars distalis: as células cromófobas (coram-se fracamente) e dois tipos de células cromófilas (coram-se facilmente) chamadas acidófilas (rosa à vermelho) e basófilas (azul à roxo), de acordo com sua afinidade por corantes ácidos ou básicos. As cromófobas são constituídas por células com poucos grânulos de secreção e células sem grânulos de secreção. Estas últimas são provavelmente formadas de células indiferenciadas
e células foliculares. Os longos e ramificados prolongamentos das células foliculares formam uma rede que apoia as outras células. Com exceção das células gonadotróficas, que produzem dois hormônios, cada uma das outras células produzem somente um hormônio. 
Em relação às cromófilas, a distribuição dos diversos tipos celulares na glândula não é homogênea; as células acidófilas predominam na periferia, enquanto as basófilas ocupam de preferência a porção central da glândula.
A proporção das células desta glândula pode variar dentro de certos limites devido a fatores como a idade e estados funcionais ou patológicos.
O mecanismo principal controlador das atividades das células da pars distalis depende de hormônios peptídicos produzidos pelos agregados de células neurossecretoras do hipotálamo e armazenados na eminência mediana; após sua liberação eles são transportados à pars distalis pelo plexo capilar primário. A maioria desses hormônios, chamados hormônios hipofisiotrópicos ou hormônios liberadores hipotalâmicos, são estimuladores de células da pars distalis e dois deles inibem a liberação de hormônios na mesma. Devido à posição estratégica dos neurônios do hipotálamo (que recebem inervação de várias partes do encéfalo) e ao seu controle sobre a hipófise e consequentemente sobre muitas atividades do organismo, muitos estímulos externos, assim como também estímulos surgidos no cérebro, podem afetar a função da hipófise e, por conseguinte, a função de muitos tecidos e órgãos.
Um segundo mecanismo de controle se deve aos hormônios produzidos por várias glândulas endócrinas que agem sobre a liberação de peptídeos da eminência mediana e sobre a função das próprias células da pars distalis. 
Métodos imunocitoquímicos
As células cromófilas são modernamente classificadas pela identificação imunocitoquímica dos hormônios contidos em seus grânulos de secreção e pelo aspecto destes grânulos no microscópio eletrônico.
Células somatotróficas: são células acidófilas cujos grânulos de secreção são facilmente visíveis no microscópio óptico. Apresentam núcleo central e o aparelho de Golgi é bem desenvolvido. Estas células produzem o hormônio do crescimento ou somatotrofina, que estimula o metabolismo das células em geral, tendo, porém um efeito muito mais pronunciado na cartilagem epifisária dos ossos longos. A somatotrofina não atua diretamente. Ela estimula o fígado e provavelmente outros órgãos a produzirem diversos peptídeos chamados somatomedinas, que são responsáveis pelo efeito estimulante da somatotrofina. A somatotrofina promove também um aumento na concentração de glicose no sangue.
Obs:. Tumores na hipófise podem levar à produção excessiva de somatotrofina. Quando isto tem lugar na infância ou na adolescência, produz-se o gigantismo. No adulto, como as cartilagens epifisárias não existem mais, há um crescimento das extremidades chamado de acromegalia. A secreção deficiente do hormônio do crescimento na infância produz o nanismo hipofisário. Esta situação pode ser corrigida pela administração de somatotrofina.
Células mamotróficas: estas células contêm grânulos acidófilos. São pequenas e de forma irregular, exceto durante a gravidez, quando aumentam muito de tamanho. Estão presentes tanto no sexo masculino como no feminino, sendo neste último mais numerosas. Secretam prolactina ou hormônio lactogênico. Atuando sinergicamente com outros hormônios como a progesterona e o estrógeno, a prolactina promove o crescimento e o funcionamento das glândulas mamárias. As células mamotróficas permanecem em grande atividade durante o período de aleitamento do recém-nascido, porém, quando a amamentação é interrompida, os grânulos e as organelas que haviam se desenvolvido são digeridos pelos lisossomos.
Células gonadotróficas: são células basófilas e geralmente maiores do que as outras células da adeno-hipófise. Estas células secretam os dois hormônios gonadotróficos: o hormônio folículo estimulante ou FSH e o hormônio luteinizante ou LH. Por meio da técnica imunocitoquímica demonstrou-se que os dois hormônios são produzidos pelas mesmas células e coexistem nos mesmos grânulos secretores. O FSH participa do desenvolvimento dos folículos ovarianos e, no homem, estimula a espermatogênese. O LH é responsável pela maturação final dos folículos ovarianos, que culmina com a ovulação. É responsável também pela formação do corpo lúteo e pela secreção de progesterona por esta estrutura. No homem, ele colabora na manutenção das células intersticiais do testículo ou células de Leydig e estimula a secreção de testosterona por estas células.
Células tireotróficas: são células basófilas cujos grânulos de secreção são pequenos e estão localizados, preferencialmente, próximos à superfície da célula, logo abaixo da membrana celular. Produzem o hormônio tireotrófico ou TSH que estimula a síntese e a liberação dos hormônios da glândula tireoide.
Células corticotróficas: pertencem ao grupo das basófilas, possuem um núcleo descentralizado, o reticulo endoplasmático rugoso se localiza de preferência na periferia do citoplasma e seus grânulos secretores estão entre os mais volumosos da adeno-hipófise. Estas células produzem o hormônio adrenocorticotrófico ou ACTH que atua sobre as células da camada cortical da glândula adrenal, estimulando-as a sintetizar e liberar seus hormônios.
Células secretoras da pars distalis e seu hormônio hipotalâmico:
Somatotrófica → hormônio liberador de somatotropina (SRH) [estimulador] e somatostatina [inibidor]
Mamotrófica → hormônio liberador de prolactina (PRH) [estimulador] e hormônio inibidor de prolactina (PIH) [inibidor]
Gonadotrófica → hormônio liberador de gonadotropina (GnRH) [estimulador]
Tireotrófica → hormônio liberador de tireotropina (TRH) [estimulador]
Corticotrófica → hormônio liberador de corticotropina (CRH) [estimulador]
- Pars tuberalis: é uma região em forma de funil que cerca o infundíbulo da neuro-hipófise formando, juntos, o pedículo da glândula. A maioria das células da pars tuberalis secreta gonadotropinas e são organizadas em cordões em torno de vasos sanguíneos. 
- Pars intermédia: se localiza na porção dorsal da antiga bolsa de Rathke e é, em humanos, uma região rudimentar composta de cordões e folículos de células fracamente basófilas que contém pequenos grânulos de secreção do hormônio melanotrófico. Na espécie humana sua função não é bem conhecida.
Obs:. A fissura resultante da bolsa de Rathke raramente é encontrada no adulto, mas em seu lugar aparecem folículos revestidos por epitélio cúbico, contendo coloide no seu interior, denominados cistos de Rathke.
Neuro-hipófise
A neuro-hipófise consiste na pars nervosa e no infundíbulo. A pars nervosa não contém células secretoras. É composta de cerca de 100.000 axônios não mielinizados de neurônios secretores situados nos núcleos supra-ópticos e paraventriculares. Os neurônios secretores têm todas as características de neurônios típicos, mas possuem corpos de Nissl muito desenvolvidos, relacionados à produção de neurossecreção. A neurossecreção é transportada ao longo dos axônios e se acumula nas suas extremidades, situadas na pars nervosa. Seus depósitos formam estruturas conhecidas como corpos de Herring. Os corpos de Herring contêm grânulos de neurossecreção envolvidos por uma membrana. Os grânulos são liberados e seu conteúdo entra nos capilares sanguíneos fenestrados que existem em grande quantidade na pars nervosa, e os hormônios são distribuídos pela circulação geral.
Esta neurossecreção consiste nos hormônios oxitocina e vasopressina-arginina ou hormônio antidiurético (ADH) que são peptídeos cíclicos com diferentes aminoácidos, o que proporciona funções diferentes. Cada um desses hormônios é unido a uma proteína chamada neurofisina. O complexo hormônio-neurofisina é sintetizado como um único longo peptídeo, e por proteólise há a liberação do hormônio de sua proteína de ligação. Vasopressina e oxitocina são armazenadas na neuro-hipófise e liberadas por meio de impulsos nervosos de fibras nervosas originadas
do hipotálamo. As fibras de núcleos supra-ópticos estão relacionadas principalmente com a secreção de vasopressina, enquanto a maioria das fibras dos núcleos paraventriculares está envolvida com a secreção de oxitocina.
Embora a neuro-hipófise seja formada principalmente de axônios de neurônios hipotalâmicos, aproximadamente 25% do volume desta estrutura consistem em um tipo específico de célula glial muito ramificada chamada pituícito. Os pituícitos não têm características de células secretoras; admite-se que seu papel seja semelhante ao da neuroglia. Muitos prolongamentos dos pituícitos terminam nos espaços perivasculares.
A vasopressina ou hormônio antidiurético é secretado sempre que a pressão osmótica do sangue aumenta. O sangue atua estimulando osmorreceptores situados no hipotálamo anterior e promovendo a secreção em neurônios do núcleo supra-óptico. Seu efeito principal é aumentar a permeabilidade dos túbulos coletores do rim à água. Como consequência, mais água é absorvida por estes túbulos e a urina se torna hipertônica. Assim, a vasopressina ajuda a regular o equilíbrio osmótico do ambiente interno. Em doses altas ela promove a contração do músculo liso de vasos sanguíneos, elevando a pressão sanguínea.
- Lesões no hipotálamo, que causam a destruição das células neurossecretoras, produzem o diabete insípido, doença na qual os rins perdem a capacidade de concentrar a urina. O individuo com diabete insípido pode eliminar até 20 litros de urina por dia (poliúria) e bebe muita água (polidipsia).
- Os tumores da hipófise são normalmente benignos e aproximadamente dois terços produzem hormônios, o que resulta em sintomas clínicos. Os tumores podem produzir hormônio de crescimento, prolactina, adrenocorticotropina e, menos frequentemente, o hormônio tireotrófico.
A oxitocina estimula a contração do músculo liso do útero no coito e durante o parto, e também a contração das células mioepiteliais que cercam os alvéolos e tubos das glândulas mamárias durante o aleitamento. A secreção de oxitocina é estimulada pela distensão da vagina, distensão da cérvix uterina e pela amamentação, através de vias nervosas que vão atuar sobre o hipotálamo. A sucção dos mamilos promove a saída de leite, fato conhecido como reflexo de ejeção do leite.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?