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FACULDADE SALESIANA DO NORDESTE - FASNE CURSO DE BACHARELEDO EM DIREITO METODOLOGIA DA PESQUISA EM DIREITO NEYL ARMSTRONG PEREIRA DOS SANTOS OS PROGRAMAS TELEVISIVOS POLICIAIS E A REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL. RECIFE - 2013 NEYL ARMSTRONG PEREIRA DOS SANTOS OS PROGRAMAS TELEVISIVOS POLICIAIS E A REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL. Trabalho apresentado como requisito equivalente à 2ª avaliação da disciplina Metodologia da Pesquisa em Direito. RECIFE - 2013 TEMA: OS PROGRAMAS TELEVISIVOS POLICIAIS E A REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL. PROBLEMATIZAÇÃO: Uma das temáticas mais complexas na pauta da sociedade brasileira, a redução da idade mínima para a responsabilização criminal, ou a redução da maioridade penal como é amplamente conhecida, sempre volta à tona quando algum adolescente se envolve como autor ou coautor de crimes bárbaros (como são cunhados de maneira sensacionalista pelos apresentadores dos telejornais policiais), como no caso acontecido no dia 09 de Abril de 2013, e amplamente divulgado nos meios de comunicação nos dias subsequentes, em que o jovem universitário Victor Hugo Deppman, de 19 anos, foi assassinado durante um assalto cometido por um suspeito a três dias de completar 18 anos. Em pesquisa realizada seis dias depois e na mesma cidade do caso acima citado, 93% dos 600 entrevistados se declararam a favor de uma redução da atual idade mínima de responsabilização criminal. No entanto, na mesma entrevista, 42% das pessoas disseram que seria mais eficaz para reduzir a criminalidade, a criação de políticas públicas eficazes para os jovens. Os dados acima apresentados demonstram uma visível contradição nas opiniões dos entrevistados. Os que defendem a redução da maioridade penal são os mesmos, que identificam a falta de políticas públicas efetivas à população juvenil, como sendo o principal motivo da criminalidade em nossa sociedade. É inegável a influencia dos meios de comunicação de massa de nossa sociedade, no processo de formação da opinião pública. Embora o acesso a internet tenha se popularizado nos últimos anos, a TV ainda é o principal canal de informação de grande parte da população. Embora o regulamento dos serviços de radiofusão, sancionado pelo decreto Nº 52.795, de 31 de Outubro de 1963, diga em seu artigo 3º que “Os serviços de radiodifusão tem finalidade educativa e cultural, mesmo em seus aspectos informativo e recreativo, e são considerados de interesse nacional, sendo permitida, apenas, a exploração comercial dos mesmos, na medida em que não prejudique esse interesse e aquela finalidade.” Isto não é o que acontece. O dever educacional e cultural é deixado de lado, e ao invés disto, programas do tipo reality show e novelas são as únicas opções de entretenimento, como noticiários, existem programas que não dialogam com a realidade da maioria da população, como o Jornal Nacional da Rede Globo. Neste cenário, os programas policiais que demonstram os casos da violência das periferias, através de apresentadores paternalistas que fazem comentários emitindo juízo de valor a cada nova “atrocidade”, dando palavras à revolta do telespectador, ganharam espaço, e hoje constituem programação obrigatória tanto para as emissoras, quanto para a maioria da população. Isto posto cabe-nos indagar, quais são os valores difundidos pelos programas policiais? Porque há grande aceitação destes programas por parte da população? E por fim, qual é o resultado disto na formação de uma opinião publica no sentido de diminuição dos direitos individuais como no caso da redução da maioridade penal? HIPOTESE: Admitindo que as concessões de Rádio e TV são concedidas quase que exclusivamente a grandes empresários, e que estes, utilizam dos canais apenas com fins econômicos, tendo como objetivo ter programas de grande audiência para ser uma melhor vitrine onde outras empresas anunciarão suas marcas, os valores difundidos pela radiodifusão brasileira, não pode ser outro se não os de interesse dos grandes empresários (os que anunciam e os que são anunciados), ficando claro o descompromisso social dos grandes veículos de comunicação da sociedade brasileira. Este descompromisso reflete obviamente, na grade de cada emissora. A programação é feita para o povo, por técnicos cada dia mais distantes da realidade popular. É esta distancia entre os produtores e a realidade, que faz com que se criem rótulos a determinadas comunidades, como no caso do Recife, os bairros “Pei! Pei!”. Forma pejorativa e reproduzida diariamente de forma jocosa, para adjetivar os bairros [populares] com grandes índices de violência (embora quase sempre não haja dados que comprovem isto). Diante da não adequação das programações aos interesses coletivos, e sendo a educação e a conscientização historicamente negligenciadas em nosso país. O único espaço onde as populações das grandes preferias assumem um papel de protagonismo na TV são os programas policiais. É através dele, que o homem e a mulher simples, trabalhador assalariado, dona de casa, podem ver os locais de suas residências como noticia, o vizinho sendo entrevistado, o “bandido” que foi morto, o “bandido” que foi preso e etc.Os programas policiais em síntese, promovem uma espetacularização da violência nos bairros periféricos, tendo o apresentador como a grande estrela, que diz o que é certo e o errado, emite valor que como vimos nesta hipótese, são os valores de uma minoria de empresários. Estes apresentadores muitas vezes, são os únicos interpretes das leis, ao qual as populações empobrecidas tem acesso. E fazem essa interpretação de forma despolitizada, simplista, e não raramente, atribuindo os casos de violência a uma suposta “frouxidão” das leis. Essas opiniões que não são originalmente do povo, por ser diariamente repetida e somada a um sentimento de injustiça e de impunidade (também impulsionados pelo que é transmitido nesses programas), passa a ser assimilada pela população. Esta, por sua vez, começa a exigir do poder público medidas mais repressivas sem se darem conta, de que a repressão é no fundo, contra ela mesma. Poderíamos sintetizar este pensamento da seguinte forma: A Violência existe, a lei não pune, os culpados continuam livres para cometerem mais crimes. Isso tudo incentivam mais pessoas a entrarem no crime. Logo, a solução, é a punição. No caso da redução da maioridade penal não é diferente. Embora o estatuto da Criança e do Adolescente represente uma das mais avançadas leis do mundo, de proteção a essas populações. A ideia difundida nos citados programas, é de que a punição é pouca. Como em tudo, não vão aos reais motivos para a violência e se agarram em argumentos falaciosos para defenderem a ideia de que com os 16 anos, os adolescentes já podem responder com penas mais duras. Como o interesse não é social, a preocupação não é de resolver a questão da violência, mas sim, de dar uma resposta imediata e sensacionalista à problemática.