Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS 1 – A LEI DE OHM E A CONDUTIVIDADE ELÉTRICA. A resistência R é uma característica do tamanho, forma e propriedades dos materiais que compõe o circuito. Onde: � é o comprimento do condutor (em cm), A é a área de seção e ρρρρ é a resistividade elétrica do material do condutor (em ΩΩΩΩ.cm). V = R.I A R �.ρ= COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS É muito comum utilizar o termo condutividade elétrica no lugar da resistividade elétrica. A relação entre condutividade e resistividade é dada por: σ ρ 1= Onde a dimensão da condutividade elétrica é ΩΩΩΩ-1.cm-1. Assim, a equação da resistência elétrica fica: A R .σ � = COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS A análise dimensional da equação anterior fornece a unidade da grandeza resistência elétrica, conforme abaixo: Colocando as unidades, tem-se: [ ] [ ][ ] [ ] [ ][ ]AAAR ... σσσ ��� ==�� � �� � = [ ] [ ][ ][ ] ( )( ) Ω=Ω= Ω = −− 2211 . . cm cmcm cmcm cmR COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS � Pode-se usar essa equação para projetar resistores, alterando-se os fatores geométricos (comprimento e área de seção), bem como o material e interferindo-se na condutividade elétrica. � Controlando-se a resistência elétrica do condutor, pode-se minimizar as perdas por efeito Joule, uma vez que a potência dissipada é diretamente proporcional à resistência elétrica, conforme equação: 2 .. IRIVP == Substituindo-se o valor de "R" na equação da potência dissipada tem-se: 2 . . I A P σ � = COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS � Uma segunda forma de escrever a Lei de Ohm é substituindo-se o valor de "R" na expressão: Reescrevendo a expressão, tem-se: IRV .= A IV . . σ � = A IV =σ. � onde: ξ= � V J A I = e COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS Dessa forma a expressão final fica: Em termos de parâmetros microscópicos a equação da densidade de corrente pode ser escrita como: onde: ξσ .=J vqnJ ..= �"n" é o número de carregadores de cargas, ou portadores de cargas em carregadores/cm3. �"q" é a carga sobre cada carregador. No caso dos metais = 1,6x10-19C. �"v" é a velocidade média em cm/s, na qual os carregadores movem-se. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS Devido à presença de núcleos atômicos fixos e defeitos na rede cristalina dos condutores, os portadores de cargas (elétrons) são defletidos de seus caminhos, tornando a trajetória bastante aleatória, conforme figura abaixo. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS A taxa média na qual os carregadores movem-se é a velocidade líquida v t x v ∆ ∆ = Essa velocidade é calculada pela definição da cinemática: t x v ∆ ∆ = Juntando-se as duas equações da densidade de corrente, tem-se: ξσ ... =vqn COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS Reescrevendo a expressão acima de forma mais conveniente tem-se: v Onde o termo σξ = vqn .. µξ = v é chamado de mobilidade e sua unidade é cm2/V.s. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS Reescrevendo a expressão da condutividade em termos da mobilidade tem- se: µσ ..qn= OBS A carga q é uma constante. Então, a partir da equação anterior, pode-se controlar a condutividade elétrica dos materiais, controlando: 1 – O número de carregadores de cargas no material. 2 – A mobilidade, ou a facilidade de movimento dos carregadores de carga. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS Carregadores de cargas em diferentes materiais: (a) Elétrons de valência nas ligações metálicas movem-se facilmente, (b) ligações covalentes devem ser quebradas em semicondutores e isolantes para um elétron ser capaz de mover-se, e (c) íons inteiros devem difundir para carregar carga em muitos materiais ligados ionicamente. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS Valores da condutividade elétrica de alguns metais e materiais. 1,46 x 105......................3d64s2Ni 1,00 x 105......................3d64s2Fe Metais de Transição 0,66 x 105...............3s23p13d104s24p1Ga 3,77 x 1051s22s22p63s23p1Al Metais Grupo IIIA 3,16 x 105..................... 3s23p64s2Ca 2,25 x 1051s22s22p63s2Mg Metais Alc. Terrosos 1,64 x 105..................... 3s23p64s1K 2,13 x 1051s22s22p63s1Na Metais Alcalinos CONDUTIVIDADE (OHM-1.Cm-1) ESTRUT. ELETR.MATERIAL COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS Valores da condutividade elétrica de alguns metais e materiais. 0,9 x 105……………………5s25p2Sn 0,02............................ 4s24p2Ge 5 x 10-6..................... 3s23p2Si < 10-18.............1s22s22p2C (diamante) Materiais Grupo IV 4,26 x 105......................5d106s1Au 6,80 x 105......................4d105s1Ag 5,98 x 105......................3d104s1Cu CONDUTIVIDADE (OHM-1.Cm-1) ESTRUT. ELETR.Metais Grupo IB COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS 1 a 2Carbeto de Boro (B4C) 10-1 a 10-2Carbeto de Silício 10-17Nitreto de Boro (BN) 10-17Vidro Cerâmico 10-14 Alumina Cerâmica 10-12 a 10-17Epoxi 10-17 a 10-19Poliestireno 10-18Politetrafluoretileno 10-15Polietileno CONDUTIVIDADE (OHM-1.Cm-1) ESTRUT. ELETR.Polímeros COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS EXEMPLO 1: PROJETO DE UMA LINHA DE TRANSMISSÃO: Projete uma linha de transmissão elétrica, com 1500m de comprimento, que transportará uma corrente de 50A com não mais que 50x105 W de perda de potência. A condutividade elétrica de vários materiais está inclusa na tabela 1. Ω=�==�= 200)50( 10.50 . 2 5 2 2 R I PRIRP A equação da Resistência Elétrica pode ser escrita como: A R .σ � = R A .σ � = COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS Substituindo-se os valores: Ω == mA σσ 5,7 .200 1500 Como na Tabela 1 as unidades são em cm-1 e ohm-1, então deve- se fazer a conversão para cm. Ω == cmA σσ 750 .200 1500 Observa-se que a área do fio condutor depende da condutividade elétrica, que é uma característica intrínseca de cada material. Dessa forma, deve-se escolher os materiais com maiores condutividades, para minimizar a área de seção. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS Pode-se considerar três metais: alumínio, cobre e prata, que têm excelentes condutividades elétrica. A Tabela abaixo inclui dados apropriados e algumas características da linha de transmissão para cada metal. 0,0370,001106,80 x 105Prata 0,0400,00125 5,98 x 105Cobre 0,0500,001993,77 x 105Alumínio Diâmetro (cm)A (cm2)σσσσ (cm-1 x ohm-1) METAL Qualquer um dos três metais vai atender aos requisitos técnicos do projeto, porém o custo será um fator determinante. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS EXEMPLO 2: Assumindo que todos os elétrons de valência contribuem para o fluxo de corrente, (a) calcule a mobilidade de um elétron no cobre e (b) calcule a velocidade líquida média para os elétrons em um arame de cobre de 100cm quando 10 V são aplicados. As equações que regem a mobilidade e a velocidade média são: µσ ..qn= nqqn . 1 . ρ σµ == µξ = v � V v . . µξµ == COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS A valência do cobre é um. Dessa forma o número de elétrons de valência iguala-se ao número de átomos de cobre no material. O parâmetro de rede do cobre é 3,6151 x 10-8cm e, uma vez que a estrutura cristalina do cobre é CFC, existem 4 átomos/célula unitária. celacm átomoelétroncelaátomos n /]10).6151,3[( )/(1)./(4 38− = n = 8,466 x 1022 elétrons/cm3 COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS µµµµ = 44,2cm2/ohm.C = 44,2cm2/V.s. ]10).6,1].[(10).466,8].[(10).67,1[( 1 19226 −− =µ COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS s cmV v 42,4 100 )2,44).(10(. === � µ s cm v 42,4= COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS TEORIA DE BANDA. Quando N átomos juntam-se para produzir um sólido, o princípio da exclusão de Pauli ainda requer que apenas dois elétrons no sólido inteiro tenham a mesma energia. Cada nível de energia amplia-se para uma banda. Conseqüentemente, a banda 2s num sólido contém N níveis de energia discretos e 2N elétrons, dois em cada nível de energia. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS TEORIA DE BANDA. Os níveis de energia transformam-se em bandas de energia, à medida que o número de elétrons agrupados aumenta. OBS ESTRUTURA DE BANDA DO SÓDIO. � As energias dentro das bandas dependem dos espaçamentos entre os átomos. � A linha vertical representa o espaçamento interatômico de equilíbrio no sódio sólido. � Os níveis de energia 3s são as bandas de valência. � Os níveis de energia 3p vazios, os quais estão separados da banda 3s por um “gap” de energia, formam uma banda de condução. � A banda de valência 3s no sódio é semi preenchida, e no zero absoluto, apenas os menores níveis de energia são ocupados. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS ESTRUTURA DE BANDA DO SÓDIO. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS A energia de Fermi (EF) é a energia na qual metade dos níveis de energia possíveis na banda é ocupada por elétrons. IMPORTANTE COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS Quando a temperatura do material aumenta, alguns elétrons ganham energia e são excitados para níveis de energia vazios na banda de valência.IMPORTANTE O SÓDIO CONDUZ CORRENTE TANTO PELOS VAZIOS DEIXADOS NA BANDA DE VALÊNCIA QUANTO PELOS ELÉTRONS EXCITADOS TAMBÉM NA BANDA DE VALÊNCIA. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS CONSIDERAÇÕES: � No zero absoluto, todos os elétrons no nível de energia mais externo têm a menor energia possível. � Quando a temperatura é aumentada, alguns elétrons são excitados para níveis não preenchidos. Note que a Energia de Fermi é imutável. � Essa condição cria um número igual de níveis de energia vazios, ou buracos, e elétrons excitados, isto é, nºníveis vazios = nºelétrons excitados. � Uma carga elétrica pode então ser carregada por ambos: elétron excitado e buracos recém-criados. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS ESTRUTURA DE BANDA DO MAGNÉSIO. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS CONSIDERAÇÕES: �No espaçamento interatômico de equilíbrio, os níveis de energia 3s (preenchido) e 3p (vazio) sobrepõem-se. � Essa sobreposição permite que os elétrons sejam excitados para um maior número de níveis de energia não ocupados nas bandas combinadas 3s e 3p. � Esses metais têm uma alta condutividade porque a banda "p" sobrepõe à banda "s" no espaçamento interatômico de equilíbrio. � A sobreposição das bandas 3s e 3p no alumínio e outros metais da coluna IIIA da Tabela periódica promove um efeito similar. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS ESTRUTURA DE BANDA DO CARBONO. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS CONSIDERAÇÕES: � Os elementos do grupo IVA – carbono (diamante), silício, germânio e estanho – contêm dois elétrons nos seus orbitais mais externos "p" e têm uma valência de quatro. � Pode-se esperar que esses elementos tenham uma alta condutividade devido à banda "p" não preenchida, mas esse comportamento não é observado!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! � Esses elementos são ligados covalentemente; assim sendo, os elétrons nas bandas mais externas "s" e "p" são fortemente ligados aos átomos. � A ligação covalente produz uma mudança complexa na estrutura de banda, ou hibridação. � Um grande intervalo (“gap”) de energia, Eg, separa os elétrons da banda de condução no diamante. Poucos elétrons possuem energia suficiente para alcançarem a zona proibida para a banda de condução. � Conseqüentemente, o diamante tem uma condutividade elétrica menor que 10-18Ohm-1.cm-1. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS EFEITO DA TEMPERATURA NA CONDUTIVIDADE ELÉTRICA: � Quando a temperatura de um metal aumenta, a energia térmica faz os átomos vibrar na rede cristalina, aumentando a probabilidade de choques mecânicos. � Quando o caminho livre médio diminui, a mobilidade dos elétrons é reduzida, e a resistividade aumenta. � A variação da resistividade em relação à temperatura pode ser estimada a partir da equação: )1( Ta rT ∆+= ρρ Onde: T ρ é a resistividade devida somente à vibração térmica. r ρ é a resistividade na temperatura ambiente (25°°°°C) ∆∆∆∆T é diferença entre a temperatura de interesse e a temperatura ambiente “a” é o coeficiente de resistividade- temperatura. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS Tabela : Coeficiente de Resistividade-temperatura para alguns metais selecionados. 0,0040 2,35Au 0,0041 1,59Ag 0,0068 1,67 Cu 0,00696,84Ni 0,0060 6,24 Co 0,00659,71Fe 0,003012,90Cr 0,00432,65 Al 0,00423,91 Ca 0,01654,45Mg 0,02504,00Be COEFICIENTE DE RESISTIVIDADE TEMPERATURA (OHM.Cm/°°°°C) RESISTIVIDADE A TEMPERATURA AMBIENTE (X10-6 OHM.Cm) METAL COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS EXEMPLO: Calcule a condutividade elétrica do cobre puro a: (a) 400°°°°C e (b) a -100°°°°C. SOLUCÃO: A resistividade elétrica do cobre a temperatura ambiente é 1,67 x 10-6 Ohm.cm, e o coeficiente de resistividade-temperatura é 0,0068 Ohm.cm/°°°°C. (a) A 400°°°°C: ρρρρT=ρρρρr ( 1 + a.∆∆∆∆T) = (1,67 x 10-6 ).[ 1 + 0,0068(400 – 25)] ρρρρT= 5,929 x 10-6 Ohm. cm σσσσ = (1 / ρρρρT) = ( 1 / 5,929 x 10-6 ) σσσσ = 1,69 x 105 Ohm-1.cm-1. (b) A -100°°°°C: ρρρρT=ρρρρr ( 1 + a.∆∆∆∆T) = (1,67 x 10-6 ).[ 1 + 0,0068(-100 – 25)] ρρρρT= 0,251 x 10-6 Ohm.cm σσσσ = (1 / ρρρρT) = ( 1 / 0,251 x 10-6 ) σσσσ = 39,8 x 105 Ohm-1.cm-1. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS EFEITO DOS DEFEITOS DA REDE: � As imperfeições na rede espalham elétrons, reduzindo a mobilidade e a condutividade do metal. Por exemplo, o aumento na resistividade devido a átomos em solução sólida é: xxb d ).1.( −=ρ Onde: d ρ é o aumento da resistividade devido aos defeitos "x" é a fração atômica de impurezas, ou átomos presentes em solução sólida. "b" é o coeficiente de resistividade devido a defeitos. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS EFEITO DOS DEFEITOS DA REDE: ρρρρ = ρρρρT+ ρρρρd A resistividade total é: COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS CONDUTIVIDADE EM OUTROS MATERIAIS: � Condução em Materiais Iônicos. A condução em materiais iônicos freqüentemente ocorre pelo movimento entre os íons, uma vez que o gap de energia é muito grande para os elétrons entrar na banda de condução. Dessa forma, muitos materiais iônicos comportam-se como isolantes. Em materiais iônicos, a mobilidade dos carregadores de cargas, ou íons, é: kT DqZ .. =µ Onde: "D" é o coeficiente de difusão. "k" é a constante de Boltzmann. "T" é a temperatura absoluta. "q" é a carga do íon, e "Z" é a valência do íon. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS CONDUTIVIDADE EM OUTROS MATERIAIS: � A mobilidade dos materiais iônicos é muitas ordens de grandeza menor que a mobilidade dos elétrons, uma vez que a condutividade é muito pequena. � Impurezas e vacâncias aumentam a condutividade; vacâncias são necessárias para a difusão em estruturas cristalinas do tipo substitucional e as impurezas podem difundir-se e ajudar a “carregar a corrente”. � Altas temperaturas aumentam a condutividade porque a taxa de difusão aumenta. µσ ... qZn= A condutividade de materiais iônicos em função da mobilidade é dada por: COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS EXEMPLO: Suponha que a condutividade elétrica do MgO é determinada primeiramente pela difusão dos íons Mg+2. Estime a mobilidade dos íons Mg+2 e calcule a condutividade elétrica do MgO a 1800°°°°C. O coeficiente de difusão para os íons Mg+2 no MgO a 1800°°°°C é 10-10 cm2/s. SOLUÇÃO: Para o MgO: Z = 2 íons; q = 1,6 x 10-19C; k = 1,38 x 10-23J/K e T = 2073K. )2073].(10).38,1[( )10.1].(10).6,1.[(2 . .. 23 1019 − −− == Tk DqZµ COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS Como: C = A.s e J = A.V.s, então: sJ cmC . .10).12,1( 2 9− =µ sV cm . 10).12,1( 2 9− =µ COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS O MgO tem a estrutura do NaCl, com quatro íons magnésio por célula unitária. O parâmetro de rede é 3,96 x 10-8 cm, então o número de íons Mg+2 por centímetro cúbico é: 322 338 /10).4,6( /]10).96,3[( /4 cmíons celacm celaíons n == − Substituindo-se esse valor na equação da condutividade tem-se: σ= nZqµµµµ = (6,4 x 1022).(2).(1,6 x 10-19).(1,12 x 10-9) σ= 22,94 x 10-6C.cm2/cm3.V.s Desde que C = A.s e V = A.Ohm: σσσσ =2,294 x 10-5Ohm-1.cm-1. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS SEMICONDUTORES INTRÍNSECOS: � Materiais semicondutores, incluindo o Silício e o Germânio, são os alicerces para muitos de nossos dispositivos eletrônicos. � Esses materiais têm uma condutividade elétrica facilmente controlada e, quando propriamente controlada, podem atuar como chaves, amplificadores e dispositivos de estocagem (armazenagem). � Silício e Germânio puros comportam-se como semicondutores intrínsecos. � O "gap" de energia Eg entre as bandas de valência e de condução nos semicondutores é pequena e, como conseqüência, alguns elétrons possuem energia térmica suficiente para exceder o "gap" e entrar na banda de condução. � Os elétrons excitados deixaram para trás níveis de energia não ocupados, ou buracos na banda de valência. � Quando um elétron move-se para preencher um buraco, um outro buraco é criado na fonte original do elétron; conseqüentemente, os buracos aparecem para atuar como elétrons carregados positivamente e também carregar uma carga elétrica. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS 2400 2500 0,080,9 x 105................5s25p2.Sn 182038000,670,02................4s24p2.Ge 50019001,1075x10-61s22s22p63s23p2.Si 140018005,4< 10-181s22s22p2.C DIAM. MOBILIDADE DOS BURACOS (cm2/V.S) MOBILIDADE ELETRÔNICA (cm2/V.S) GAP DE ENERGIA (eV) CONDUTIVIDADE ELÉTRICA (OHM-1.cm-1) ESTRUTURA ELETRÔNICA ELEMENTO Estrutura eletrônica e condutividade elétrica de elementos do grupo IV A a 25°°°°C. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS OBS Quando uma voltagem é aplicada ao material, os elétrons na banda de condução aceleram em direção ao terminal positivo, enquanto que os buracos na banda de valência movem-se em direção ao terminal negativo. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS Quando uma voltagem é aplicada a um semi condutor, alguns elétrons saltam para a banda de condução e movem-se livremente. Os vazios deixados na banda de valência servem para que outros elétrons venham preenchê-los. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS A condutividade é determinada pelos números de pares elétron-buraco de acordo com a expressão: σσσσ = neqµµµµe + nhqµµµµh Onde ne é o número de elétrons na banda de condução, nh é o número de buracos na banda de valência e µµµµe , µµµµh são as mobilidades dos elétrons e dos buracos. Em semicondutores intrínsecos: n = ne = nh COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS Dessa forma a condutividade pode ser escrita como: σσσσ = nq(µµµµe + µµµµh) Em semicondutores intrínsecos, controla-se o número de carregadores de cargas e, dessa forma, a condutividade elétrica, através do controle da temperatura. No zero absoluto, todos os elétrons estão na banda de valência, entretanto todos os níveis de energia na banda de condução estão desocupados. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS O número de portadores de carga na banda de condução é dado por: ).( he q n µµ σ + = O número total de portadores de cargas num material é calculado pela expressão: )( )/º).(/º( célulaVolume átomoelétronsncélulaátomosn n T = COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS DISTRIBUIÇÃO ESQUEMÁTICA NO ZERO ABSOLUTO. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS Conforme a temperatura aumenta, existe uma maior probabilidade que um nível de energia na banda de condução seja ocupado ( e uma igual probabilidade que um nível de energia na banda de valência esteja desocupado, ou que um buraco esteja presente). COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS O número de elétrons na banda de condução, que é igual ao número de buracos na banda de valência, é dado por: �� � �� � − === KT E nnnn g he 2 exp. 0 onde n0 pode ser considerado constante, embora ele, também, realmente depende da temperatura. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS Maiores temperaturas permitem mais elétrons atravessarem a zona proibida, e dessa forma, aumentar a condutividade: σσσσ = n0q(µµµµe + µµµµh) exp(-Eg/2KT) Note que ambos n e σσσσ estão relacionados com a temperatura por uma equação de Arrhenius: �� � �� �− = TR QATaxa . exp. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS � O comportamento de um semicondutor é o oposto aquele dos metais. � Conforme a temperatura aumenta, a condutividade de um semicondutor aumenta devido ao fato de mais portadores de cargas estarem presentes, enquanto a condutividade de um metal diminui devido a menor mobilidade dos carregadores de carga. OBS: Se a fonte de energia excitante ou voltagem for removida, os buracos e elétrons re-combinam, mas apenas sobre um período de tempo. O número de elétrons na banda de condução diminui numa taxa dada por: � � � − = τ t nn exp. 0 COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS Onde: � t é o tempo após um campo ser removido. � n0 é uma constante. � ττττ é uma constante chamada de tempo de recombinação. Essa característica é importante na operação de um número de dispositivos semicondutores. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS EXEMPLO: Para o Germânio a 25°°°°C, estimar: (a) o número de carregadores de carga, (b) a fração do total de elétrons na banda de valência que são excitados para a banda de condução, e (c) a constante n0. SOLUÇÃO: Da tabela: σσσσ = 0,02ΩΩΩΩ-1.cm-1. Eg = 0,67eV, µµµµe=3800cm2/V.s, µµµµh = 1820 cm2/V.s 2KT = 2 . (8,63 x 10-5)(eV/K) (273 + 25) = 0,0514 eV a T = 25°°°°C. Da equação: σσσσ = neqµµµµe + nhqµµµµh e n = ne = nh tem-se que: σσσσ = nqµµµµe + nqµµµµh ���� σσσσ = nq(µµµµe + µµµµh) ���� n = σσσσ / [q(µµµµe + µµµµh )] n = (0,02) / [(1,6 x 10-19).(3800 + 1820)] = 2,2 x 1013elétrons/cm3. Existem 2,2 x 1013elétrons/cm3 e 2,2 x 1013 buracos/cm3, ajudando a conduzir uma carga no germânio, na temperatura ambiente. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS O parâmetro de rede do Germânio é 5,6575 x 10-8 cm. O número total de elétrons na banda de valência do Germânio é: nTOTAL = [(8átomos/cela).(4elétrons/átomo)] / (5,6575 x 10-8cm)3. nTOTAL = 1,77 x 1023 elétrons Fração Excitada = [2,20 x 1013 elétrons] / [1,77 x 1023 elétrons] Fração Excitada = 1,24 x 10-10. � � � − === TK E nnnn g he ..2 exp. 0 Da equação: Obtém-se: � � � − = TK E n n g ..2 exp 0 COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS 3 19 13 0 10).01,1( 0514,0 67,0 exp 10).20,2( cm escarregador n = � � � − = SEMICONDUTORES EXTRÍNSECOS: � Através da adição intencional de um pequeno número de átomos de impurezas ao material (chamado de dopagem), pode-se produzir um semicondutor extrínseco. � A condutividade do semicondutor extrínseco depende primeiramente do número de impurezas, ou dopantes, do número de átomos, e numa certa faixa de temperaturas, pode mesmo ser independente da temperatura. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS SEMICONDUTORES DO TIPO n. Suponha que se adicione um átomo de impureza tal qual o Antimônio, que tem uma valência de cinco (5), ao Silício ou ao Germânio. Quatro dos elétrons do átomo de Antimônio participam do processo de ligação covalente, enquanto o elétron extra entra num nível de energia chamado “estado doador”, logo abaixo da banda de condução. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS SEMICONDUTOR EXTRÍNSECO DO TIPO n. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS SEMICONDUTOR EXTRÍNSECO DO TIPO n. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS CONSIDERAÇÕES: �Desde que o elétron extra não é firmemente ligado aos átomos, apenas um pequeno aumento na energia, Ed, é requerida para o elétron entrar na banda de condução. � Ed é freqüentemente definida como a diferença de energia entre o topo da banda de valência e a banda doadora. Nesse caso, o aumento de energia requerido seria definido como Eg - Ed. O “gap” de energia controlando a condutividade é agora Ed ao invés de Eg, tabela seguinte. � Não são criados buracos correspondentes quando elétrons doadores entram na banda de condução. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS 0,0112eV0,160eVIn 0,0108eV0,065eVGa 0,0102eV0,057eVAl 0,0104eV0,045eV B 0,0096eV0,039eVSb 0,0127eV0,049eVAs 0,0120eV0,045eVP EaEdEaEdDOPANTE GERMÂNIOSILÍCIO GAP's DE ENERGIA DOS NÍVEIS DOADOR E RECEPTOR COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS Um pouco de condutividade (semi-condução) é devida a alguns elétrons que ganham energia suficiente para saltar o grande gap Eg. O número total de carregadores de carga na banda de condução é dado por: nTOTAL = ne (dopante) + ne (intrínseco) + nh (intrínseco), ou: � � � −+� � � − = TK E n TK E nn gd d ..2 exp.2 . exp. 000 onde n0d, n0 são aproximadamente constantes. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS Em baixas temperaturas, poucos elétrons e buracos intrínsecos são produzidos e o número de elétrons na banda de condução é cerca de: � � � − ≅ TK E nn d dTOTAL . exp. 0 SEMICONDUTORES DO TIPO p. Quando se adiciona uma impureza tal como o Gálio, que tem uma valência de três, a um semicondutor, não existem elétrons suficientes para completar o processo de ligação covalente. Um buraco é criado na banda de valência que pode ser preenchido por elétrons de outras localizações na mesma banda. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS Quando um átomo dopante, com valência menor que quatro, é introduzido na rede do silício, um buraco é criado na estrutura e um nível de energia receptor é formado um pouco acima da banda de valência. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS Pouca energia é requerida para excitar os buracos eletrônicos a moverem-se. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS IMPORTANTE Os buracos atuam como receptores de elétrons. Esses buracos têm um nível de energia um pouco maior que o normal e criam um nível receptor de possíveis energias eletrônicas logo acima da banda de valência. Um elétron deve ganhar uma energia de apenas Ea para criar um buraco na banda de valência. O buraco então, move-se e carrega a carga elétrica. Agora, tem-se um semicondutor do tipo p. À medida que nos semicondutores do tipo p, a temperatura torna-se elevada o suficiente para causar a “saturação do receptor” então; σσσσ = na.q.µµµµh onde "na" é o número máximo de níveis receptores, ou buracos, introduzidos pelo dopante. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS COMPOSTOS SEMICONDUTORES. Silício e Germânio são os únicos elementos que têm aplicações práticas como semicondutores. Entretanto, um maior número de cerâmicas e compostos intermetálicos mostram o mesmo efeito. Exemplos são dados na tabela abaixo. 6006000,37PbS 4002,42 CdS 1803,20ZnO 46033.0000,36InAs 75078.0000,165InSb 1.4004.0000,67GaSb 400 8.8001,35GaAs 1003002,24GaP 51803,54ZnS MOBILIDADE BURACOS (cm2/V.S) MOBILIDADE ELETRÔNICA (cm2/V.S) GAP ENERGIA (eV) COMPOSTOS COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS SEMICONDUTORES ESTEQUIOMÉTRICOS. � Os compostos intermetálicos, têm estruturas cristalinas e estruturas de banda similares ao Silício e ao Germânio. � Elementos do grupo III e do grupo V da Tabela Periódica são exemplos clássicos. O Gálio do grupo III e o Arsênico do grupo V combinam-se para formarem um composto GaAs, com uma média de quatro elétrons de valência por átomo. � Os níveis 4s24p1 do Gálio e os níveis 4s24p3 do Arsênico produzem duas bandas híbridas, cada uma capaz de conter 4N elétrons. � Um gap de energia de 1,35eV separa as bandas de valência e de condução. � O composto GaAs pode ser dopado para produzir um semicondutor do tipo “n” ou um do tipo “p”. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS SEMICONDUTORES NÃO ESTEQUIOMÉTRICOS. � Também são chamados de defeitos semicondutores. � são compostos iônicos contendo um excesso de outros ânions ( produzindo um semicondutor do tipo p ) ou de cátions ( produzindo um semicondutor do tipo n ). � se um átomo extra de Zinco é adicionado ao ZnO, o átomo extra, entra na estrutura como um íon Zn+2, fornecendo dois elétrons que contribuem para o número total de carregadores de cargas. � Esses elétrons podem ser excitados por um pequeno aumento na energia e passarem a carregar corrente (figura seguinte). O ZnO, agora comporta-se como um semicondutor do tipo n. � Átomos intersticiais de Zinco podem ionizar-se e introduzir elétrons extras, criando um defeito semicondutor do tipo "n" no ZnO. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS DEFEITO SEMICONDUTOR TIPO "n". COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS DEFEITO SEMICONDUTOR TIPO "p". � Outro defeito semicondutor é criado quando dois íons Fe+3 são substituídos por três íons Fe+2 no FeO, criando dessa forma uma vacância (figura seguinte). � Dois íons Fe+3 e uma vacância substituem três íons Fe+2, mantendo a carga total balanceada, mas criando um nível receptor. O resultado é um defeito semicondutor do tipo p. � Os íons Fe+3 atuam como receptores de elétrons, e um semicondutor do tipo "p" é produzido. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS DEFEITO SEMICONDUTOR TIPO "p". COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS EXEMPLO: PROJETO DE UM SEMICONDUTOR. Projete um semicondutor do tipo “p”, baseado no Silício, que forneça uma condutividade constante de 100 Ohm-1.cm-1 sobre uma faixa de temperaturas. Para obter-se a condutividade desejada, deve-se dopar o Silício com átomos que tenham uma valência de +3. Para isso, deve-se adicionar dopante suficiente para fornecer o número requerido de carregadores de cargas. Se se assumir que o número de carregadores intrínsecos (do próprio Silício) é pequeno, então: σσσσ = naqµµµµh, onde σσσσ = 100 Ohm-1.cm-1 e µµµµh= 500 cm2/V.s (dados de tabela). Lembrando-se que C = (A).(s) e V = (A).(Ohm), o número de carregadores de carga requerido é: COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS h a q n µ σ . = 3 18 19 10).25,1( 500.10).6,1( 100 cm elétrons n a == − SABE-SE QUE: celacm celaSiátomosSiátomodopátomosxdopátomoe n a /]10).4307,5[( )/.8).(./..).(./1( 338− − = COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS )/.8( /]10).4307,5).[(/(10).25,1( 338318 celaSiátomos celacmcme x −− = x = 25 x 10-6 átomos dopantes/átomo de Si. Ou x = 25 átomos dopantes/ 106 átomos de Si. Os possíveis dopantes seriam Boro, Alumínio, Gálio e Índio. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS EXEMPLO: Projeto de um defeito semicondutor. Projete um defeito semicondutor do tipo "n" no ZnO, que fornecerá 20 x 1020 carregadores de cargas por cm3. SOLUÇÃO: Para produzir o número apropriado de carregadores de carga, deve-se determinar o número de íons Zn em excesso que seria incorporado no cristal. O ZnO tem a estrutura da blenda de Zinco. Vê-se que nessa estrutura, os íons tocam-se ao longo da diagonal do corpo, onde: 0 ).3(.4.4 arr OZn =+ COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS Os raios iônicos são: O Zn r Α= 74,0 O O r Α= 32,1 Assim: O Α=+ 24,8)32,1.(4)74,0.(4 Como: .757,4).3(24,8:.).3(.4.4 000 Α=�==+ O OZn aaEntãoarr ou: cma 8 0 10).757,4( −= O número de íons de Zn+2 em um centímetro cúbico de ZnO estequiométrico é: 3 222 338 2 ).(10).72,3( )/(]10).757,4[( )/.(4 cm Zníons celacm celaZníons + − + = COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS CONSIDERAÇÕES: � Os carregadores de carga no ZnO não estequiométrico são elétrons introduzidos pelo excesso de íons Zn+2. � Dois elétrons são introduzidos para cada íon em excesso. � Se se quiser 20x1020 carregadores de cargas por cm3, precisa-se adicionar 10x1020 íons em excesso/cm3, pois cada íon Zn+2 contribuirá com dois portadores de cargas. O número de íons em excesso por íon regular é: 3222 320 /.10).72,3( /..10).10( cmZníons cmexcessoemíons + COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS O número de íons em excesso por íon regular é: 0,027 íons em excesso/íons normais ou 2,7 íons em excesso / 100 íons normais. Dessa forma, a percentagem atômica de Zn será: Zndeat OZn Zn ..%67,50%100.])100()7,102[( ).7,102( = + Ou: Zndepesoemmolg ...%8,80%100.)]16).(33,49()38,65).(67,50[( )/).(38,65).(67,50( = + COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS APLICAÇÃO DE SEMICONDUTORES EM DISPOSITIVOS ELÉTRICOS. � RETIFICADORES (DISPOSITIVOS DE JUNÇÃO p-n). Os retificadores são produzidos juntando um semicondutor do tipo "n" com um semicondutor do tipo "p", formando uma junção p-n (figura seguinte). Elétrons são concentrados na junção tipo "n"; buracos são concentrados na junção tipo "p". O desbalanço elétrico resultante cria uma voltagem, ou contato potencial, através da junção. � COMPORTAMENTO DE UMA JUNÇÃO p-n: (a) O equilíbrio é causado por elétrons concentrando-se no lado "n" e buracos no lado "p". (b) O movimento de elétrons e buracos (uns em direção aos outros) causa um fluxo de corrente, e (c) o movimento inverso (uns em direção oposta aos outros) não permite fluir corrente. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS FUNCIONAMENTO � A resposta dos transportadores de cargas à aplicação de um potencial com fluxo direto (para frente) foi mostrado na Figura (b). Os buracos no lado "p" e os elétrons no lado "n" são atraídos para a junção. � À medida que os elétrons e os buracos encontram-se uns com os outros, na região próxima à junção, eles se recombinam continuamente, aniquilando-se uns aos outros, de acordo com a reação: elétrons + buracos ���� energia. � Grandes números de portadores de cargas escoam através do semicondutor e em direção à junção, ficando evidenciado por uma corrente considerável e uma baixa resistividade. � Para o fluxo reverso, tanto os buracos como os elétrons, são rapidamente afastados da junção; essa separação entre as cargas positivas e negativas (chamada de polarização), deixa a região da junção relativamente isenta de transportadores de cargas móveis. A recombinação não irá ocorrer em qualquer grau apreciável, de tal modo que a junção torna-se altamente isolante. Vide comportamento corrente x voltagem para o fluxo reverso. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS COMPORTAMENTO CORRENTE-VOLTAGEM NUMA JUNÇÃO p-n. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS JUNÇÃO RETIFICADORA p-n. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS � A voltagem varia de forma senoidal ao longo do tempo. � O escoamento máximo de corrente para a voltagem em fluxo reverso, IR, é extremamente pequeno quando comparado com o escoamento de corrente para o fluxo direto (frente) IF. � Em altas voltagens de fluxo reverso. algumas vezes da ordem de várias centenas de volts, grandes números de portadores de cargas (elétrons e buracos) são gerados. Isso dá origem a um aumento de corrente muito brusco, em um fenômeno que é conhecido como ruptura do dielétrico, isto é, as ligações primárias da cadeia polimérica do dielétrico são rompidas e promovem elétrons livres na estrutura. Nesse caso, a integridade física do dielétrico é comprometida. � A junção p-n permite a corrente fluir em apenas uma direção. � Logo, passa apenas metade de uma corrente alternada, dessa forma, converte-se a corrente alternada em corrente direta. Essas junções são chamadas de diodos retificadores. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS �O fenômeno da ruptura pode ser usado para projetar dispositivos de voltagem limitante. � Através de dopagem e construção apropriadas de junções p-n, a ruptura pode ser pré-selecionada. Quando a voltagem no circuito exceder a voltagem de ruptura, uma alta corrente flui através da junção e é desviada do resto do circuito. Esses dispositivos, chamados diodos Zener, são usados para proteger circuitos de altas voltagens acidentais. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS TRANSISTOR DE JUNÇÃO BIPOLAR. � Um transistor pode ser usado como uma chave ou um amplificador. Um exemplo é o Transistor de Junção Bipolar, ou, “Bipolar Junction Transistor” (BJT), que é freqüentemente usado na central de processamento de unidades de computadores, devido a sua rápida resposta. � Um transistor de junção bipolar é um “sanduíche” de materiais semicondutores n-p-n ou p-n-p. � Existem três zonas no transistor: a emissora, a base e o coletor. � Na junção p-n, elétrons estão inicialmente concentrados no material tipo n e os buracos estão concentrados no material tipo p. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DE UM TRANSISTOR DE JUNÇÃO BIPOLAR DO TIPO n-p-n COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS TRANSISTOR DE JUNÇÃO BIPOLAR DO TIPO n-p-n IMPLANTADO NUM CHIP DE SILÍCIO COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS � O sinal de entrada cria um fluxo direto e um fluxo reverso, fazendo elétrons moverem-se do emissor, através da base, para o coletor, criando uma saída amplificada. � O sinal elétrico a ser amplificado está conectado entre a base e o emissor, com uma pequena voltagem entre essas duas zonas. � O sinal de saída do transistor, ou sinal amplificado, está conectado entre o emissor e o coletor e opera numa voltagem maior. � O circuito está conectado de tal forma que um fluxo direto é produzido entre o emissor e a base ( a voltagem positiva está na base tipo p ), enquanto o fluxo reverso é produzido entre a base e o coletor (com a voltagem positiva no coletor tipo n). � O fluxo direto causa movimento de elétrons saindo do emissor e chegando na base. � Os elétrons e os buracos tentam recombinar-se na base; entretanto, se a base for excepcionalmente fina (delgada) e levemente dopada, ou se o tempo de recombinação ττττ for longo, quase todos os elétrons passam através da base e entram no coletor. O fluxo reverso entre a base e o coletor acelera os elétrons através do coletor, o circuito é completado, e um sinal de saída é produzido. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS A CORRENTE ELÉTRICA ATRAVÉS DO COLETOR É DADA POR: � � � = B VII E C exp. 0 Onde I0 e B são constantes e VE é a voltagem entre o emissor e a base. Se a voltagem de entrada VE for aumentada, uma corrente muito grande IC é produzida. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DE UM TRANSISTOR DE JUNÇÃO BIPOLAR DO TIPO p-n-p COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS � Uma região de base muito fina, do tipo "n", está localizada entre uma região emissora do tipo "p" e uma região coletora também do tipo "p". � O circuito que inclui a junção emissor-base possui fluxo direto (para frente), enquanto uma voltagem de fluxo reverso é aplicada através da junção base-coletor. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS DISTRIBUIÇÃO E MOVIMENTAÇÕES ELETRÔNICAS NUM TRANSITOR DE JUNÇÃO BIPOLAR DO TIPO p-n-p COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS TRANSISTOR DE EFEITO DE CAMPO. Um segundo tipo de transistor, que é mais freqüentemente usado para armazenagem de dados em memórias de computadores, é o Transistor de Efeito de Campo ( “Field Effect Transistor”, FET), que comporta-se de uma maneira diferente que o transistor de junção bipolar. Transistor de Efeito de Campo, é feito a partir de um semicondutor de óxido metálico ( “Metal Oxide Semiconductor”, MOS), no qual duas regiões do tipo n são formadas dentro de um substrato do tipo p. Uma das regiões do tipo n é chamada de fonte; a segunda é chamada de dreno. O terceiro componente do transistor é um condutor, chamado de portão, que é separado do semicondutor por uma fina camada isolante de SiO2. Um potencial é aplicado entre o portão e a fonte, com a região do portão sendo positiva. O potencial retira elétrons das vizinhanças do portão, mas os elétrons não podem entrar no portão devido a presença da sílica. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS Transistor de Efeito de Campo n-p-n, a partir de um semicondutor de óxido metálico. COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS PROF. DR. MARCELO MARTINS � A concentração de elétrons sob a região do portão faz essa região mais condutiva, de tal forma que um grande potencial entre a fonte e o dreno permite elétrons fluir da fonte para o dreno, produzindo um sinal amplificado. � Mudando a voltagem de entrada entre o portão e a fonte, o número de elétrons no caminho condutivo muda, mudando assim também o sinal de saída. � Os transistores de efeito de campo são geralmente menos dispendiosos para produzir-se do que os transistores de junção bipolar. � Devido ao fato dos Transistores de Efeito de Campo ocuparem menos espaço, eles são preferidos em circuitos microeletrônicos interados, onde talvez 100.000 estão presentes num único chip de Silício.