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2.2 - Três óticas de cálculo
ECO2215 - Contabilidade Social - Prof. 
Carlos Henrique Horn 1
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Faculdade de Ciências Econômicas
Departamento de Ciências Econômicas
ECO-02215 - Contabilidade Social
O Produto da economia e suas óticas de cálculo
As três óticas de cálculo do Produto
Prof. Carlos Henrique Horn
2
Introdução
► “Os aspectos relevantes da atividade 
econômica, objeto de acompanhamento pela 
contabilidade nacional, são as transações 
monetárias que decorrem do processo de 
produção.”
(Feijó e Ramos, 2008, p. 3)
► Admitamos, então, que “a preocupação inicial da 
investigação macroeconômica seja a estimativa do 
resultado da atividade social de produção.”
(Figueiredo, 1999, p. 25)
3
Problema da agregação
► A estimativa do resultado da produção social enfrenta 
uma primeira dificuldade: as quantidades físicas (volumes) 
dos bens e serviços são expressas em diferentes unidades 
de medida. Portanto, não há como somá-las ou agregá-las 
diretamente:
3 automóveis + 2 sessões de cinema + 4 quilos de açúcar + 6 horas de 
prestação de serviços do comércio + ... = ?
► É necessário um denominador comum que expresse, 
em uma única unidade de medida, os volumes de bens e 
serviços produzidos.
O que é comum ao resultado da produção econômica?
• É fruto do trabalho. Medir em horas de trabalho?
• É útil. Medir em unidades de utilidade?
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Problema da agregação: solução na CS
► Em economias mercantis monetárias, os bens e serviços 
são normalmente trocados por uma certa quantidade de 
dinheiro.
►O dinheiro cumpre três funções essenciais:
• É meio de troca.
• É unidade de conta.
• É reserva de valor.
► Em economias mercantis monetárias, portanto, os bens 
e serviços são mercadorias e, nessa condição, algo 
comum a eles é que expressam seu valor relativo através 
da quantidade de dinheiro por que são trocados nos 
mercados.
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Valor da Produção
► Denomina-se Valor da Produção (VP) à avaliação 
monetária de um certo volume de produção de um bem ou 
de um serviço.
► A unidade de medida do VP é, portanto, a moeda 
doméstica escolhida para avaliar a produção.
► Como o preço de uma mercadoria representa a 
quantidade de dinheiro que se troca por uma unidade física 
dessa mercadoria, escrevemos:
VP = p . q
Onde: p = preço e q = quantidade física ou volume
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Valor da Produção
► Procedimentos de valoração de q num período 
de referência t:
• Se q é vendido ao preço p: VP = p.q
• Se q não é vendido em t, mas há preço de mercado para 
o mesmo produto: VP = p.q
• Se q não é vendido em t (por exemplo, q é produção 
para autoconsumo), mas há preço de produto similar: 
VP = p.q
• Se q é produção do Governo que não é destinada a 
venda em mercados ou que é vendida a preços que não 
são economicamente significativos:
VP = custo de produção
2.2 - Três óticas de cálculo
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Valor da Produção
► Podemos, agora, utilizar o exemplo de Figueiredo (1999, 
p. 26) e falar em produção setorial:
Produção em Cr$ milhões
Setor agropecuário ..... 395
Setor industrial ..... 538
Setor serviços ...... 721
► Já a soma dos VP setoriais resulta no VP de toda a 
economia ou seu Valor Bruto da Produção (VBP):
VBP = Cr$ 1.654 milhões
► “O conceito de VBP é o mais geral dentre todas as 
grandezas macroeconômicas. Cabe perguntar, no entanto, 
se é a categoria mais indicada para uma avaliação do 
processo evolutivo de um país.” (Figueiredo, 1999, p. 27)
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A medida do Produto da economia
► Como calcular o “Valor da Produção sem 
duplicações”?
► Três óticas de cálculo:
• Ótica do produto
• Ótica do dispêndio
• Ótica da renda
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Ótica do produto
Iniciamos pela ótica do produto e com base em 
um exemplo numérico apresentado em Paulani e 
Braga (2006, p. 9):
Economia H (dimensão espacial).
Fechada e sem governo.
Quatro setores de produção.
Uma empresa em cada setor.
Ano X (dimensão temporal, fluxo).
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Ótica do produto
Dados da economia H no ano X (situação 1, em $)
Setor Tipo de produto
Valor da 
produção 
(VP)
Destino da 
produção → 
Vendas a:
1 Sementes 500 Setor 2
2 Trigo 1.500 Setor 3
3 Farinha de trigo 2.100 Setor 4
4 Pães 2.520 Famílias
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Ótica do produto
Cálculo do VBP da economia H no ano X (situação 1, dados em $)
Setor Tipo de produto VP
1 Sementes 500
2 Trigo 1.500
3 Farinha de trigo 2.100
4 Pães 2.520
VBP = 6.620
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Ótica do produto
Qual o Produto da economia H no ano X?
► O VBP implica múltipla contagem dos valores 
produzidos em diferentes unidades de uma cadeia 
de produção.
► Para calcular o Produto da economia, devemos 
computar apenas os valores adicionados, no 
processo de produção de cada unidade, ao 
processo global de produção.
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Ótica do produto
Qual o Produto da economia H no ano X?
► O Valor Adicionado (ou Valor Agregado) em uma 
unidade de produção obtém-se ao descontar, do seu VP, a 
parte correspondente aos insumos de bens e serviços 
adquiridos de outras unidades e utilizados e transformados 
inteiramente no processo de produção. Matematicamente:
VA = VP – CI
Onde: VA = Valor Adicionado (ou Agregado), VP = Valor da Produção 
e CI = Consumo Intermediário.
► O Consumo Intermediário de uma unidade de produção 
equivale ao VP dos bens e serviços adquiridos de outras 
unidades para serem nela utilizados como insumos a 
serem inteiramente transformados no processo de 
produção.
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Ótica do produto
Qual o Produto da economia H no ano X (situação 1, dados em $)?
Setor Tipo de produto VP CI VA
1 Sementes 500 – 500
2 Trigo 1.500 500 1.000
3 Farinha de trigo 2.100 1.500 600
4 Pães 2.520 2.100 420
Valor Adicionado Bruto (VAB) = 2.520
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Ótica do produto
O Produto em valor de uma economia é igual à 
soma dos Valores Adicionados em cada unidade 
de produção ou Valor Adicionado Bruto:
Produto = Σ VAi = VAB
Onde: VAi = Valor Adicionado (ou Agregado) na i-ésima unidade de 
produção; VAB = Valor Adicionado Bruto.
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Ótica do produto
Estimativa do VAB no exemplo de Figueiredo (1999, p. 29)
Dados em Cr$ milhões
Agropecuária Indústria Serviços
VBP 395 538 721
CI 60 160 150
Insumos
agrícolas 20 70 –
Insumos
industriais 30 60 100
Insumos de
serviços 10 30 50
VA 335 378 571
VAB 1.284
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Ótica do dispêndio
► No cálculo do Produto pela ótica do produto, “desde que se 
descontou, nos três setores em que foi dividido o sistema econômico, o 
valor das matérias-primas e demais bens e serviços utilizados 
intermediariamente (insumidos), o valor restante deve medir o 
montante da produção que se encaminha para utilização final”. 
(Figueiredo, 1999, p. 31). Portanto, segundo o destino da produção, 
temos:
► Se computarmos o valor das vendas (receitas) ou o valor das 
compras (gastos) com os bens e serviços de uso final, encontraremos 
uma medida do Produto segundo a ótica do dispêndio. 
Bens e Serviços
Uso intermediário
Uso final
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Ótica do dispêndio
Segundo a ótica do dispêndio, o Produto em valor
da economia iguala o Dispêndio Final (DF) da 
economia, ou seja, equivale à soma dos Valores 
da Produção dos bens e serviços finais:
DF = Σ VPbsf
Produto ≡ Dispêndio Final
Onde: VPbsf = Valor da Produção do i-ésimo bem ou serviço final.
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Ótica do dispêndio
Qual o DF da economia H no ano X (situação 1)?
► Na situação 1 da economia H, o VP e o destino dos 
bens é o seguinte:
Sementes = $ 500. Vendidas ao setor 2
Trigo = $ 1.500. Vendido ao setor 3
Farinha de trigo = $ 2.100.
Vendida ao setor 4
Pães = $ 2.520. Vendidos às famílias
► De acordo com o destino da produção, as sementes, o 
trigo e a farinha de trigo são bens de uso intermediário 
(bens de consumo intermediário). Já os pães são bens de 
uso final (bens de consumo final). Logo:
DF = VPpães = $ 2.520
DF ≡ VAB ≡ $ 2.520
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Ótica do dispêndio
Estimativa do DF no exemplo de Figueiredo (1999, p. 29)
Dados em Cr$ milhões
Agropecuária Indústria Serviços
VBP 395 538 721
Vendas para uso 
intermediário 90 190 90
Insumos
à agricultura 20 30 10
Insumos
à indústria 70 60 30
Insumos a 
serviços – 100 50
Vendas para uso 
final 305 348 631
DF 1.284
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Óticas do produto e do dispêndio
Resultados do exemplo de Figueiredo (1999, p. 33)
Dados em Cr$ milhões
Setores de 
produção Valor adicionado
Vendas para uso 
final
I. Agropecuária 335 305
II. Indústria 378 348
III. Serviços 571 631
Total VAB = 1.284 DF = 1.284
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Alterando os dados da economia H no ano X
(situação 2, dados em $)
Setor Tipo de produto VP
Destino da 
produção
1 Sementes 500 Venda ao setor 2
2 Trigo 1.500
Venda ao 
setor 3: 1.000
Estoque: 500
3 Farinha de trigo 1.400
Venda ao 
setor 4
4 Pães 1.680 Venda a famílias
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Ótica do produto
Qual o Produto da economia H no ano X (situação 2, dados em $)?
Setor Tipo de produto VP CI VA
1 Sementes 500 – 500
2 Trigo 1.500 500 1.000
3 Farinha de trigo 1.400 1.000 400
4 Pães 1.680 1.400 280
VAB = 2.180
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Ótica do dispêndio
Qual o DF da economia H no ano X (situação 2)?
► Se equipararmos “bens e serviços finais” a “bens e serviços de 
consumo final”, teremos apenas os pães.
Logo: DF = $ 1.680 e DF ≠ VAB !?
► Atenção: em CS, na mensuração do Produto pela ótica do 
dispêndio, o termo “bens e serviços finais” não equivale a “bens e 
serviços de consumo final”.
► Bens e serviços finais referem-se à parte da produção que, tendo 
sido obtida em determinado período de referência (por ex., ano X), não 
foi novamente transformada na produção (insumida) nesse mesmo 
ano. Na economia H (situação 2), isto inclui os pães e a parte da 
farinha de trigo retida como estoque do produtor.
Logo: DF = 1.680 + 500 = $ 2.180
DF = VAB = $ 2.180
2.2 - Três óticas de cálculo
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Óticas do produto e do dispêndio
► Segundo a ótica do produto, o Produto da economia é 
igual à soma dos Valores Adicionados à produção em cada 
unidade produtora singular. Essa soma é chamada de 
Valor Adicionado Bruto.
► Segundo a ótica do dispêndio, o Produto da economia é 
igual à soma dos Valores da Produção dos bens e serviços 
finais. Essa soma é chamada de Dispêndio Final da 
economia.
VAB ≡ DF
Produto ≡ Dispêndio
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Ótica da renda
► A produção requer, além dos insumos de bens e 
serviços que são transformados para a obtenção de novos 
bens e serviços, o uso de Fatores de Produção.
► Em contrapartida, os Fatores de Produção são 
remunerados monetariamente. “Ao conjunto de 
remunerações feitas a fatores de produção, pela sua 
contribuição ao processo produtivo em determinado 
período, denomina-se Renda gerada neste mesmo 
período.”
(Figueiredo, 1999, p. 34).
27
Ótica da renda
► O cálculo da Renda da economia exige, portanto, que se 
classifiquem os Fatores de Produção em seus diferentes 
tipos.
► No exemplo de Paulani e Braga, a economia H funciona 
com o concurso de dois Fatores de Produção:
• Trabalho – capacidade humana de transformar os RN e 
as matérias-primas com o intuito de obter bens e serviços.
• Capital – “todo o conjunto de elementos que conformam 
as condições objetivas sem as quais o processo de 
produção não pode acontecer ... Por exemplo, a padaria, o 
imóvel do moinho, os celeiros em que se estoca o trigo.” 
(Paulani e Braga, 2006, p. 15).
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Ótica da renda
► O Produto gerado na economia é apropriado pelos 
(distribuído aos) Fatores de Produção por meio de uma 
remuneração monetária ou Renda dos Fatores.
Na economia H, temos:
Trabalho – remunerado por Salários.
Capital – remunerado por Lucros.
► “Os conceitos de Produto e de Renda ... se igualam 
numericamente – ao nível de cada unidade produtora, de 
cada setor de atividade ou do sistema econômico em seu 
conjunto. A equivalência decorre das definições.” 
(Figueiredo, 1999, p. 34).
Produto ≡ Renda
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Ótica da renda
Qual a Renda da economia H no ano X (situação 1, dados em $)?
Setor Salários Lucros Renda dos 
setores
1 400 100 500
2 800 200 1.000
3 480 120 600
4 336 84 420
Renda dos 
Fatores 2.016 504 2.520
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Óticas do produto, do dispêndio e da renda
► Segundo a ótica do produto, o Produto da economia é igual à soma 
dos Valores Adicionados à produção em cada unidade produtriz 
singular. Essa soma é chamada de Valor Adicionado Bruto.
► Segundo a ótica do dispêndio, o Produto da economia é igual à 
soma dos Valores da Produção dos bens e serviços finais. Essa soma 
é chamada de Dispêndio Final da economia.
► Segundo a ótica da renda, o Produto da economia é igual à soma 
das remunerações devidas aos Fatores de Produção em face de sua 
contribuição ao processo produtivo. Essa soma é chamada de Renda 
dos Fatores.
VAB ≡ DF ≡ Renda dos Fatores
Produto ≡ Dispêndio ≡ Renda

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