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TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL TEORIA DAS NULIDADES E DEFEITOS OU VÍCIOS DO NEGÓCIO JURÍDICO 1.1 Nulidade absoluta e nulidade relativa 1.2 Vícios ou Defeitos do Negócio Jurídico Profa. Ms. Deise Marcelino Aula: agosto/2013 ‹nº› TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL 1.1 Nulidade absoluta e nulidade relativa Nulidade é a sanção imposta pela lei que determina a privação de efeitos jurídicos do ato negocial, praticado em desobediência ao que a norma jurídica prescreve (Maria Helena Diniz) Duas são as espécies de nulidades do negócio jurídico Nulidade Absoluta Nulidade Relativa (negócio jurídico nulo) (negócio jurídico anulável) ‹nº› TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL 1.1 Nulidade absoluta e nulidade relativa Nulidade Absoluta A nulidade absoluta ofende norma de ordem pública. Ocorre quando o negócio jurídico não produz efeitos por ausência dos requisitos do plano de validade – art. 104. O art. 166 e 167, CC/02 estabelece as hipóteses de nulidade absoluta. Cabe Ação Declaratória de Nulidade. ‹nº› TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL 1.1 Nulidade absoluta e nulidade relativa Nulidade Relativa A nulidade relativa viola preceito de ordem privada (interesses particulares). As hipóteses constam no art. 171, CC/02. O negócio anulável pode ser confirmado art. 172 e 174, CC/02 Cabe Ação Anulatória. Os artigos 178 e 179 prevêem os prazos para ingressar com a respectiva ação. ‹nº› TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL 1.1 Quadro comparativo NEGÓCIO NULO (Ordem pública) Art. 166, CC NEGÓCIO ANULÁVEL (Ordem privada) Art. 171, CC - Negócio celebrado por absolutamente incapaz (art. 3°, CC), sem a devida representação. - Objeto ilícito, impossível, indeterminado ou indeterminável. - Desrespeito à forma ou preterida alguma solenidade. - Negócio simulado (art. 167, CC), incluída a reserva mental. - Presença de coação física (vis absoluta). - Pode alegar qualquer interessado e MP (art. 168, CC) - O negócio jurídico nulo não produz efeitos. Excepcionalmente, produzirá para proteger terceiro de boa fé. - Negócio celebrado por relativamente incapaz (art. 4°, CC), sem a devida assistência. - Quando houver vício acometendo o negócio jurídico: erro, dolo, coação moral/psicológica, estado de perigo, lesão e fraude contra credores. - Lei prevê a anulabilidade. - Quem pode alegar é só a parte prejudicada - ofendido pela anulabilidade. ‹nº› TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL 1.1 Quadro comparativo NEGÓCIO NULO (Ordem pública) NEGÓCIO ANULÁVEL (Ordem privada) Ação declaratória de nulidade > Imprescritível. O NJ não pode ser suprido nem sanado (art. 169, CC). Cabe decretação de ofício pelo juiz (art. 168, § único, CC). A sentença declaratória de nulidade tem efeitosergaomnes(contra todos) eextunc(retroativos). Ação anulatória > previsão de prazos decadenciais (art. 178 e 179,CC/02). Pode ser suprida, sanada pelas partes (art. 172, CC). Não cabe decretação de ofício pelo juiz. A sentença da ação anulatória tem efeitosinter partes(entre as partes) eexnunc(não retroativos), segundo a maioria da doutrina. ‹nº› TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL ‹nº› TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL 1.2 Vícios ou Defeitos do Negócio Jurídico Quando se fala em vício no negócio jurídico, é porque ocorreu algum defeito na formação da vontade manifestada pelas partes. Logo, se houve alguma mácula na vontade declarada, o contrato está eivado de imperfeição, o que pode causar a anulação do ato. Os vícios do NJ corresponde: - Vícios de consentimento - Vícios sociais ‹nº› TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL Provocam manifestação de vontade diferente do que pensa o agente DEFEITOS DOS NEGÓCIO JURÍDICOS ‹nº› DEFEITOS DOS NEGÓCIO JURÍDICOS 9 TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL Vontade corresponde ao desejo, mas visa prejudicar terceiros É causa de nulidade no C.C. DEFEITOS DOS NEGÓCIO JURÍDICOS ‹nº› DEFEITOS DOS NEGÓCIO JURÍDICOS 10 TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL 1.2 Vícios ou Defeitos do Negócio Jurídico Os vícios de consentimento fundam-se no desequilíbrio da atuação volitiva e sua declaração São eles: - Erro ou ignorância - Dolo - Coação - Estado de Perigo - Lesão ATENÇÃO Tais vício podem ser suscitados para invalidar o negócio jurídico – nulidade relativa ‹nº› TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL Erro ou Ignorância objeto É noção inexata sobre pessoa (art. 139, CC) direito Trata-se de engano cometido pelo próprio sujeito, influenciando sua declaração de vontade. Nesse sentido, acaba emitindo uma vontade diversa daquela que teria emitido se tivesse conhecimento exato do conteúdo do negócio. ‹nº› TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL Erro ou Ignorância O art. 138, CC/02 diz em erro substancial - aquele que recai sobre aspectos relevantes do negócio jurídico (Ver Enunciado 12 da I Jornada Direito Civil do CJF - 2002) Já o erro acidental, aquele que se refere às circunstância secundária do NJ, não acarreta efetivo prejuízo e não tem força de anular o ato (ex. arts. 142, 143, e 144 do CC/02) ‹nº› TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL Erro ou Ignorância Art. 139, incisos I, II e III do CC/02: I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais; II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante; III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico ‹nº› TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL Erro ou Ignorância Vale registrar: Embora a doutrina entenda que o erro seja a falsa ideia sobre algo, e a ignorância a ausência completa de conhecimento, o legislador equiparou seus efeitos jurídicos. ‹nº› TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL Dolo É o induzimento malicioso a erro. Trata-se de um artifício astucioso para induzir alguém à prática de um ato negocial que a prejudica, em proveito do autor do dolo ou de terceiro (Clóvis Beviláqua). Ocorre quando a outra parte se utiliza de subterfúgios para lesar outrem. Dolo: procedimento fraudulento por parte de alguém com relação a outrem ‹nº› TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL Dolo Principal distinção entre o erro e o dolo : Erro: A pessoa erra/se engana sozinha O vício da vontade decorre da íntima convicção do agente. Dolo: A pessoa é levada a prática do erro A vontade do agente é fruto da influência maliciosa de outro. Ler art. 178, II, CC/02 ‹nº› TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL Dolo Espécies: Dolo essencial - art. 145, CC Dolo acidental - art. 146, CC Dolo essencial é o dolo como causa do dano, tornando-o anulável, caracterizando vício de consentimento. Dolo acidental é aquele que não impediria a realização do negócio jurídico, gerando apenas a obrigação de indenizar. Cabe ao magistrado, no caso concreto, a diferenciação das duas modalidades de dolo no sopesamento e avaliação das provas. ‹nº› TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL Dolo Espécies: Dolus bonus – tolerada juridicamente Dolus malus – macula o negócio, pois nele existe vontade de iludir para viciar o consentimento Dolo positivo – ação (ato comissivo) Dolo negativo - silêncio (ato omissivo), art. 147 Malícia tolerada pelo meio social – exagero das práticas comerciais. ‹nº› TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL Dolo Espécies: Dolo de Terceiro – art. 148, CC/02 Dolo de Representante – art. 149, CC/02 Dolo Bilateral – art. 150, CC/02 Terceiro é aquele que não intervém direta no negócio. ‹nº› TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL Coação É a violência psicológica apta a influenciar a vítima a realizar NJ que sua vontade interna não deseja efetuar. Caracteriza-se quando a pessoa não tem intenção de celebrar o negócio, mas é forçada. Trata-se da ameaça com que se constrange alguém a prática de um ato jurídico (F. Amaral). O agente sofre intimidação moral ‹nº› TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL Coação própria pessoa A ameaça pode ser sobre (art.151) familiares Coator Coagido bens da vítima Requisitos: a) a ameaça deve ser a causa determinante do ato b) ameaça tem que ser grave, (art. 152, CC/02) c) ameaça injusta, (art. 153, CC/02) d) dano atual ou iminente ‹nº› TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL Coação Excludentes da coação – art. 153, CC/02 Ameaça do exercício normal de um direito Simples temor reverencial LER ART. 187, CC ‹nº› TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL Coação A coação é dividida em dois tipos distintos: Coação Física, chamada de vis absoluta, caracteriza-se por uma pressão resultante de uma força exterior suficiente para tolher aos movimentos do agente. Coação Moral, também dita vis compulsiva, caracterizada pela existência de uma ameaça séria de algum dano (de ordem material ou moral), a ser causado ao declarante viciando sua vontade. ‹nº› TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL Coação Pergunta-se: O ato praticado por sugestão hipnótica, poderia ser anulado por coação? ‹nº› TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL Coação Tempo para ingressar com Ação Anulatória: A ação anulatória deve ser proposta pelo interessado no prazo decadência de 4 anos, contados de quando cessar a coação. Ler art. 178, I, CC ‹nº› TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL Estado de Perigo Quando alguém, premido da necessidade de salvar-se ou pessoa de sua família, de grave dano conhecido da outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa (art. 156,CC). Elemento Subjetivo: necessidade de que a outra parte tenha conhecimento da situação de risco que atinge o alienante. Elemento Objetivo: necessário a onerosidade excessiva. ‹nº› TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL Estado de Perigo Art. 156, CC/02 Alienante Adquirente Difere da coação, pois no estado de perigo não há ameaça. O negócio é anulável, não há previsão de revisão do contrato. ‹nº› TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL Estado de Perigo Exemplos: A realização de péssimo negócio para obter quantia de resgate para pagar a libertação do filho sequestrado. A promessa de recompensa suntuosa feita por pessoa a alguém que o salve. Assinatura de cheque de valor desproporcional para tratamento de pessoa ferida. ‹nº› TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL Estado de Perigo Estado de perigo em caso de prejuízo à pessoa não pertencente à família do declarante Art. 156, parágrafo único, CC/02 ‹nº› TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL Estado de Perigo Diante da anulabilidade negocial, o adquirente que se aproveitou do estado de perigo do outro negociante deverá completar o preço ou restituir o bem adquirido. A doutrina, todavia, entende que a alternativa viável seria a revisão contratual, caracterizando a prestação devida. Prioriza-se a função social do contrato (vedação do enriquecimento sem causa) - Flavio Tartuce - ‹nº› TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL Lesão Quando alguém obtém um lucro exagerado, desproporcional, aproveitando-se da inexperiência ou da situação de necessidade do outro contratante (art. 157, CC). Prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. O contrato é anulável, independentemente do conhecimento da outra parte, que não induziu, apenas teve aproveitamento. Aqui pode haver a revisão - suplementação do valor (art. 157, § 2°, CC) ‹nº› TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL 1.2 Vícios ou Defeitos do Negócio Jurídico Os vícios sociais a vontade funciona normalmente, mas contra as exigências da ordem legal. Ademais, visa prejudicar terceiros. São eles: - Fraude contra credores - Simulação ‹nº› TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL Fraude contra Credores É a atuação maliciosa do devedor, em estado de insolvência* ou na iminência de assim tornar-se, que dispõe de maneira gratuita ou onerosa o seu patrimônio, para afastar a possibilidade dos seus bens responderem por obrigações assumidas em momento anterior a transmissão. * Estado de insolvência: art. 748, CPC ‹nº› TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL Fraude contra Credores Elementos caracterizadores desse vício social: A diminuição do patrimônio do devedor, até a sua insolvência – Elemento de índole objetiva, chamado de eventus damni. O intuito malicioso do devedor de causar dano ao seu credor – Elemento de cunho subjetivo, nominado consilium fraudis. (art. 159, CC/02) ‹nº› TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL Fraude contra Credores Sobre o eventus damni: A simples diminuição do patrimônio do devedor não autoriza por si a revogação do ato, pois a fraude só se verifica quando a diminuição compromete o direito do credor, de maneira tal que o mesmo não possa receber o que lhe é devido (art. 164, CC/02). ‹nº› TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL Fraude contra Credores O art. 159, CC/02: presume a má-fé do adquirente quando a insolvência for notória (vários títulos protestados, ações, etc.) ou quando houver motivos pra ser conhecida do primeiro (parentesco, posse dos bens continua nas mãos do vendedor, preço vil, etc.) Hipóteses legais de fraude: - transmissões gratuitas; - remissão de dívidas; - pagamento antecipado de dívidas (art. 162)s e - constituição de garantias (art. 163). ‹nº› TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL Fraude contra Credores Adquirente de boa-fé: O legislador teve que optar entre proteger o interesse do credor ou do adquirente de boa-fé. Preferiu proteger interesse desse, assim conservará o bem não se anulando o negócio. Desse modo, o credor somente logrará invalidar a alienação se provar a má-fé do terceiro adquirente (art. 161 CC/02). ‹nº› TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL Fraude contra Credores Ação Pauliana ou Revocatória: visa ANULAR o negócio celebrado em fraude contra os credores. Deve ser intentada pelos credores quirografários* contra o devedor insolvente e o adquirente. * É o credor que não possui direito real de garantia, seus créditos estão representados por títulos advindos das relações obrigacionais. Ex: os cheques, as duplicatas, as promissórias. Já o credor hipotecário é aquele que possui direito real de garantia exercitável sobre bem imóvel ou bens móveis. ‹nº› TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL Fraude contra Credores Legitimidade Ativa – quem está legitimado a ajuizar Ação Pauliana? Credores quirografários (sem garantias). Os credores com garantia real (penhor, hipoteca), em princípio, não poderão reclamar a anulação por ter a segurança no seu reembolso. Legitimidade Passiva – a Ação anulatória deve ser intentada contra quem? ‹nº› FRAUDE CONTRA CREDORES Visa à anulação do negócio É defeito do negócio jurídico regulado no C.C. Ainda não existem ações ou execução em andamento (pode haver protestos) Necessidade de ação pauliana É preciso provar o conluio fraudulento, a menos que gratuita a alienação FRAUDE À EXECUÇÃO Visa à declaração de ineficácia do negócio em face do credor Incidente de processo civil Pressupõe demanda em andamento, capaz de levar à insolvência o alienante (basta a distribuição) Basta mera petição nos autos Ma-fé sempre presumida ‹nº› TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL Simulação É vício social porque visa iludir terceiros ou violar a lei. Trata-se da declaração falsa de vontade, visando aparentar negócio diverso do efetivamente desejado, realizado com o objetivo de enganar terceiro. Produto de conluio entre os contratantes, visando obter negócio divergente do que aparenta. A vítima é estranha ao negócio (por isso diverge do dolo). ‹nº› TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL Simulação Características: Negócio jurídico bilateral: há conluio fraudulento. b) A declaração de vontade está em desconformidade com a real intenção: discrepância entre a vontade real e a declarada. c) Realiza-se negócio aparente com o intuito de enganar terceiro: negócio objetiva iludir terceiro. ‹nº› Negócio Simulado ou Aparente (Disfarce, destinado a enganar) Negócio Dissimulado ou Oculto (Verdadeiramente desejado) Em ambos os casos acarreta NULIDADE do negócio simulado interposição de pessoa; ocultação da verdade c) falsidade de data TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL ‹nº› TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL BONS ESTUDOS !!! "Quando a vida lhe sugerir desafios, não fique circulando ao redor dos seus hábitos comuns." (Autor: Walter Grando) ‹nº›