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História do Direito
Aula 5
- Direito das Sociedades Arcaicas
Semana passada terminamos os grandes sistemas jurídicos contemporâneos e hoje começaremos no mais antigo traço que temos de
direito que é nas Sociedades Arcaicas
1) Introdução
. Nomenclaturas
	
Por sociedades arcaicas podemos chamar também de sociedades ágrafas ou pré-históricas. Não podemos, porém, chamar
de Direito Primitivo. Boa parte dos livros se refere a esse direito dessa forma, inclusive o Antonio Carlos Volkner que o
professor considera como o melhor livro para estudar esse direito. Quando colocamos essa carga de primitivo, se entende como
pouco desenvolvido, como se o nosso de hoje fosse melhor, e aprendemos que não devemos tratar esse assunto dessa forma.
. Havia Juridicidade?
	
A grande dúvida referente a esse sistema é se havia juridicidade entre os povos Ágrafos. Alguns juristas acreditam
que o direito surge a partir do Estado. Seria um elemento existente apenas dentro do Estado, pois ele é quem, de forma coerci
tiva aplica o Direito, mas essa não é a visão majoritária entre a maioria dos historiadores.
	
Havia sim juridicidade entre esses povos, pois se existia um elemento de regra de conduta e sanção, podemos falar que
havia direito envolvido. Havia sempre alguém responsável pela aplicação da sanção à inequação da regra de conduta. Qual a
grande diferença entre essa juridicidade? Hoje temos uma separação entre o que é Direito, Religião e Moral, mas isso não foi
instantâneo. Hoje, nem tudo o que é regra moral é jurídica, e vice versa. Na época das sociedades arcaicas, tudo era uma coi
sa só. Não havia distinção entre esses planos. Havia juridicidade e não havia distinção entre moral, direito e religião. A
regra era única.
A origem dessa regra estava em crenças e tradições religiosas/míticas, mas era uma regra única. Havia juridicidade, diferente
da atual, mas existia.
Se estamos falando de uma sociedade que ainda não conhecia a escrita, temos um limite, tratava-se de um direito consientudiná
rio. Não há uma garantia absoluta do que realmente se afirma do que seja esse direito, pois é tudo baseado em interpretações
de estudiosos de registros não escritos encontrados, como desenhos. Isso é apenas um limite, mas não pode ser um impedimento.
Sempre que estudarmos esse direito, temos que ver que isso é uma interpretação, não é algo que foi escrito, é uma interpreta
ção de vestígios.
. Origem
Logo, podemos afirmar que a origem desse direito está nas crenças e tradições que eram compartilhadas por um determinado gru
po. Essas crenças e tradições, com o passar do tempo, foram transformadas em normas de conduta obrigatória, e é exatamente
nessa passagem em que as crenças são passadas a norma de conduta obrigatória que surge o direito.
Ao longo da sociedade arcaica, teremos vários grupos. No início, temos a família. O direito vai surgir em crenças e tradições
que vão ser disseminadas por famílias, que com o passar do tempo se unem a si mesmas e formam as primeiras tribos, que por
sua vez, se unem para formar as primeiras cidades.
Então o direito das sociedades arcaicas foi praticado dentro da família e as tribos. Alguns autores gostam de trabalhar com
o período entre a família e as tribos, chamado de fratria.
O direito vai surgir quando uma família tem crenças e tradições e essas regras são tornadas obrigatórias. Com o exemplo da
tradição que, quando o pai da familia morria, ele deveria receber de seu primogênito alimentos e bebidas que seriam deposita
dos em seu túmulo, pois havia essa tradição. Essa crença que o morto precisava se alimentar exigia que o primogênito fizesse
esse trabalho de oferecer os alimentos colocados no túmulo. Com o tempo, isso se tornou uma norma de conduta obrigatória. O
primogênito era obrigado a fazer isso com medo de uma sanção, no caso, divina. Logo, o direito surge daí.
Com o surgimento das tribos isso não muda, crenças e tradições compartilhadas em uma tribo tornam-se regras de conduta obriga
tória.
O direito era algo comunitário, não existia questões individuais, você agia em favor do grupo. Logo, muitas vezes um roubo de
um artefato religioso era considerado crime pior que um homicídio por exemplo. Logo, não haviam direitos individuais, mas sim
a proteção da tribo pelo Direito Comunitário.
2) Família
. Composição
Quando falamos que o direito surge da família, temos que entender o que se entende por família, que é muito diferente da atu
al. A família na sociedade arcaica era formada pelo homem, mulher, filhos e escravos. Hoje em dia, é considerado família o
que origina pelo lado sanguíneo, ou até mesmo pelo afeto. Na sociedade arcaica, nenhum dos marcos de hoje são considerados,
os laços familiares eram formados pela religião, a família não era uma associação natural, mas sim, religiosa.
Uma família tipica da sociedade arcaica tem, por exemplo, dentro de sua casa um fogo, que representa a divindade. Ele não fi
ca a mostra na casa, mas todo membro daquela família respeita aquela divindade e esse respeito é o que faz que sejam todos
membros da mesma família. Quando uma filha se casava, ela se casava com um homem de outra familia, logo, deixava de fazer
parte dessa familia e fazia parte da outra, pois não mais devia obediencia à divindade daquela casa, mas sim a de seu marido.
O casamento era uma cerimônia muito menos de uma união, mas sim uma passagem de uma religião para outra, fazendo que a mulher
fizesse parte de uma nova familia. O casamento era sempre feito em volta da fogueira que representava aquela divindade.
Quando passamos para a tribo, fica igual, só amplia o objeto. O que faz que você faça parte da tribo é ter a mesma religião
que os membros dessa tribo.
Com o surgimento das tribos, foram se juntando as familias historicamente e, ao se formar a nova tribo, era feita uma nova
fogueira que representava a divindade daquela tribo, que todos deveriam respeitar. Porém, isso não anulava o fogo de cada
familia, logo, para assuntos particulares, competia a cada familia a lidar e fazer suas regras internas, mas todos submetidos
à regra geral da tribo.
. Poder Marital
Ainda trabalhando a questão da familia na sociedade arcaica, o poder marital era, evidentemente, absoluto. A esposa, assim
como os filhos e escravos, dependiam exclusivamente do chefe da familia. A mulher arcaica jamais vivia por conta própria.
Até se casar, obedecia ao pai e após, ao seu marido.
. Pátrio Porder
O pátrio poder também era absoluto, o pai tinha total controle sobre seus filhos. Escolhia qual seria qual a nova familia de
sua filha, escolhia a mulher de seu filho e, enquanto fosse vivo, seus filhos deveriam obedecer a ele, enquanto fosse vivo,
ele seria o responsável por eles, pois ele exercia o papel de sacerdote. Onde não há traço religioso entre os homens, não
há direito.
O direito deriva totalmente da religião. Extrangeiros que estivessem na tribo, por exemplo, para negócios, não teria qualquer
proteção jurídica. O direito derivava do traço religioso.
. Divindade Vingativa
É importante também dizer como a religião afetava aquela sociedade, pois, da mesma forma que dizemos "família" e relacionamos
com a atual, o mesmo acontece com a religião. A religião não era monoteísta, mas sim, politeísta e uma característica impor
tante dessa religião era o fato que a divindade era vingativa. Para uma sociedade arcaica que a divindade era vingativa, essa
questão era a principal razão que ele obedecia a norma de conduta, pois tinha medo da punição que a divindade daria.
Por exemplo, uma chuva devastadora que destruia uma plantação poderia ser um castigo divino, logo, eles faziam a risca o que
a religião mandava para não sofrer as sanções.
. Rito
Naquela época também, o rito era essencial. O rito era a forma de se estabelecer contato com a divindade. Logo, o sacerdote,
sempre que precisava da divindade, ele precisava estabelecer contato com ela, atraves do rito. Ele envolvia palavras sagradas
, vestes sagradas, danças sagradas, tudo para que a divindade participasse efetivamente daquela cerimônia, e no direito era
muito importante, já que se o direito era baseado na religião, era necessário que a divindade estivesse presente no momento
da sanção. O processo de execução era um processo ritual.
O que mostra um pouco a questão do rito era a aplicação das ordálias, que é o juízo divino. Ela foi utilizada mesmo depois
que a escrita exitia, que era uma forma de passar a decisão para a divindade, pois você não tem provas de que aquilo aconte
ceu. Vamos imaginar que uma mulher é acusada de adultério, mas não há provas. O homem diz então que aquela mulher cometeu
adultério e não havia provas, logo, o sacerdote da tribo faria uma reunião ao redor da fogueira da divindade, com cânticos,
danças e etc. Uma pedra era amarrada no calcanhar da mulher e levada para um rio e ela era atirada no rio para a divindade
responder se ela era culpada. Se sobrevivesse, ela seria inocente.
Com isso, vemos que a falsa acusação de um crime é muito grave, punida pela morte.

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