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* * * O DOLO Dolo é o artifício ou expediente astucioso, empregado para induzir alguém à prática de um ato que o prejudica e aproveita ao autor do dolo ou a terceiro. O dolo parece muito com o erro ( quanto à vítima há sempre erro ). A diferença é que no dolo ela é levada ( induzida ) a errar pelo autor do do lo. Difere do erro principalmente porque neste a parte engana-se ou erra sozinha; no dolo ela é enganada pelo autor do dolo. No entanto, alegar que houve dolo é melhor para a vítima, pois é mais fácil de provar. Não se deve confundir o dolo civil com o dolo criminal: este últi -mo é a vontade consciente de agir contra a lei; de querer atingir o resulta do criminoso. ESPÉCIES DE DOLO a) Dolo Principal - Dolo Acidental O dolo principal ( determinante, causal ) ocorre quando ele for a causa do negócio ( art. 145 do CC. ). Se não tivesse ocorrido, a vítima não teria feito o negócio. Numa compra equivocada, a vítima só comprou por que foi enganada. Só esse tipo de dolo acarreta a anulação do negócio. * * * O dolo acidental ocorre quando a vítima iria fazer mesmo o negóci o mas o realizou em condições prejudiciais em razão do dolo. Por exem – plo, iria comprar um cavalo por 100 mas é enganada pelo autor do dolo e acaba apagando 200. Esse tipo de dolo não anula o negócio, só obrigan - do o autor do dolo a pagar perdas e danos para a vítima. Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa. Art. 146. O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro mo do. b) Dolus Bonus - Dolus Malus Esta classificação, com origem no Direito Romano, considera o dolo bom aquele que não pretende prejudicar ninguém e tem fim lícito, elogiável e nobre. É o caso, por exemplo de quem engana o outro para induzir-lhe a tomar um remédio. Ou quando, mediante ardis, procura-se frustrar os planos de um criminoso. Também se considera “dolus bonus” quando as mentiras e os ardis não têm gravidade para viciar o negócio. É o caso dos comerciantes que exageram as qualidades das coisas que estão vendendo. Tais menti - * * * ras não enganam ninguém e são toleradas. O Código de Defesa do Con - sumidor, no entanto, proibe a propaganda enganosa, de modo que tal do- lo não será tolerado se enganar o consumidor. O dolo mau, por outro lado, é o artifício, o ardil, a mentira, a malan dragem praticada com o intuito de ludibriar e prejudicar. Este é que pode ser principal ou acidental. c) Dolo Positivo ( ou Comissivo ) e Dolo Negativo ( ou Omissivo ). O primeiro é o que se pratica por meio de ações, condutas comis- sivas. É o mais comum. No entanto, o dolo pode ser praticado por omis -são intencional. Ocorre tal dolo quando a parte silencia sobre circunstân -cias importantes do negócio, não revelando ( ou escondendo ) fatos que, se a vítima conhecesse, não faria o negócio. Ocorre, por exemplo, quan -do o vendedor não revela ao comprador que o pomar à venda está infes -tado de uma praga. Está previsto no art. 147 do Código Civil: Art. 147. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, cons -titui omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado. * * * d) Dolo de Terceiro. O dolo só ocorre em negócios bilaterais e, via de regra, uma parte engana a outra. Mas o engano, o dolo, pode ser praticado por uma tercei- ra pessoa que não faz parte do negócio, mas engana a vítima para ajudar o outro interessado: trata-se do chamado dolo de terceiro, que também pode anular o negócio, ou acarretar o pagamento de perdas e danos à ví-tima. Está previsto no art. 148 do Código Civil: Art. 148. Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de tercei -ro, se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em ca -so contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por to -das as perdas e danos da parte a quem ludibriou. e) Dolo do Representante. Está regulado no art. 149 do CC: Art. 149. O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o re -presentado a responder civilmente até a importância do proveito que teve; se, po- rém, o dolo for do representante convencional, o representado responderá solida- riamente com ele por perdas e danos. O representante da parte, como age em nome dela, não á um ter- * * * ceiro. Mas pode enganar a vítima, para beneficiar o seu representado. A lei distingue o dolo praticado pelo representante legal ( pais, tutores, cu radores ) do dolo praticado pelo representante convencional ( o mandatá rio ou procurador ). No primeiro caso, o menor, o pupilo, o curatelado de-verá ser responsabilizado até o limite da vantagem que teve no negócio. No caso do procurador, ele e o mandante, terão igual responsabilidade perante a vítima do dolo. Contudo, o representado, depois de indenizar a vítima do dolo, terá ação regressiva contra o seu representante. f) Dolo Bilateral está previsto no art. 150 do Código Civil : Art. 150. Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para anular o negócio, ou reclamar indenização. Se as duas partes agiram com dolo, com malandragem, como no caso de algumas espécies de “contos de vigário” ou estelionato, nenhu-ma pode invocar o benefício da lei. Trata-se da situação chamada de tor –peza bilateral, em que não há uma vítima e um espertalhão, mas dois ma- landros, cada um querendo enganar o outro. Se um deles levar a pior, a lei não o ajuda e recebe o desprezo da Justiça.