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Alguns recursos de aprendizagem - Módulo 2 Metodologia do Trabalho Acadêmico 2 3 Alguns recursos de aprendizagem - Módulo 2 Metodologia do Trabalho Acadêmico Alguns Recursos de Aprendizagem Para que você possa elaborar satisfatoriamente os seus trabalhos acadêmicos, faz-se necessário co- nhecer alguns recursos de aprendizagem, que de certa forma o ajudarão durante a produção da sua redação. Leitura Técnica Você sabe ler? Tenho certeza que você respondeu que sim. Afi nal para chegar até o ensino superior cada aluno deve ser capaz de decodifi car os signos da língua e também deve conhecer o signifi cado das palavras. Mas será que ler é somente isso? Você já percebeu que às vezes lemos o que está escrito, mas não somos capazes de entender o sentido das frases? Ou então, você já se perguntou se haveria uma forma mais produtiva de ler, sobretudo textos acadêmicos, que exigem um esforço maior de compreen- são? Nessa parte de nosso estudo vamos conhecer algumas técnicas de leitura que vão facilitar sua vida de estudante e garantir uma compreensão mais aprofundada daquilo que foi lido. Orientações gerais: Antes de iniciar a leitura de qualquer texto você deve: 1- Ter clareza a respeito das informações que interessam a você nesse texto. 2- Procurar estabelecer uma relação entre o conteúdo do texto e o assunto que você está estudando Se o texto for muito grande ele deve também ser dividido em partes menores, unidades de leitura, que devem ser estudadas uma a uma. Você deve tentar compreender o sentido de cada unidade de leitura ao invés de tentar compreender o texto como um todo, ou cada frase ou página em particular. As idéias importantes de um texto são transmitidas não pelos parágrafos ou páginas isolados, mas sim através da apresentação e discussão encadeada de temas. Cada tema é abordado por uma unidade de leitura. Em um livro, por exemplo, cada capítulo é uma unidade de leitura. Os capítulos, por sua vez, podem estar divididos em unidades de leitura menores. Durante a leitura é importante que o aluno seja capaz de identifi car partes do texto que merecem desta- que e que não podem estar de fora das anotações que vão compor a documentação pessoal. Lembre-se de que as partes importantes são aquelas que estão relacionadas com os motivos que fi zeram você se interessar por ler o texto. O mesmo texto pode ser lido por razões diferentes para alunos diferentes ou até pelo mesmo aluno em ocasiões diferentes. Mas, muitas vezes, quando lemos um texto sentimos vontade de sublinhar cada frase. Nesses casos, ao fi nal da leitura, o texto está quase todo grifado. Isso demonstra uma compreensão superfi cial do sen- tido do texto, ou então uma compreensão equivocada das razões que levaram o aluno a consultar essa obra. O que acontece nesse caso é que o aluno sublinha de forma mecânica para tentar aumentar a concentração e fi xar o conteúdo que não foi compreendido ou o conteúdo que lhe pareceu interessante. Acontece que a utilidade de se grifar uma parte de um texto é para selecionar aquilo que é mais impor- tante para a compreensão das idéias principais. O que se sublinha é uma seleção ou um resumo capaz de facilitar a compreensão e o estudo posterior. Para facilitar a compreensão do texto e a seleção das partes a serem grifadas você deve seguir os se- guintes passos: Alguns recursos de aprendizagem - Módulo 2 Metodologia do Trabalho Acadêmico 4 a) Faça uma leitura preliminar do texto como um todo, ou da unidade de leitura escolhida, sem dar destaque a nenhuma parte. Busque apenas ter uma visão global do conteúdo. Nessa etapa você deve procurar por palavras, nomes de pessoas e referências a fatos que você desconhece. Antes de prosseguir procure sanar cada uma dessas dúvidas. b) Na segunda leitura você deve começar a sublinhar o texto, usando a seguinte técnica: identifi que as questões importantes que o autor está propondo e procure identifi car também as respostas que ele dá para cada uma das questões discutidas. Quando encontrar idéias ou detalhes importantes que estejam relacionadas com as questões faça uma marca no texto. c) Quando terminar sua leitura volte a olhar os itens que marcou. Se ainda achar que as idéias ou os detalhes são importantes, então grife-os. Não esqueça de que as partes selecionadas devem fazer senti- do quando são lidas juntas. Você pode também anotar nas margens do texto os assuntos e os conceitos apresentados em cada parágrafo. Ou apenas os assuntos que te interessam. Dessa forma você será capaz de encontrar as partes do texto que lhe interessam mais facilmente. Ao fi nal da leitura, se você seguiu os passos propostos até aqui, será capaz de fazer um resumo técnico do texto. Um bom resumo permite ao aluno: a) compreender melhor o texto; b) fi xar o conteúdo; c) facilitar o estudo posterior. Depois de ler o texto como um todo, para enriquecer ainda mais sua documentação pessoal sobre o tema você pode comparar as idéias do autor que leu com a de outros autores ou mesmo com sua pró- pria experiência sobre o assunto. Etapas Procedimentos Reconhecimento da fonte busca das fontes e estabelecimento de objetivos para a leitura 1ª leitura visão global do texto e levantamento de dúvidas 2ª leitura - focaliza as questões fundamentais- procura respostas destaca as principais idéias 3ª leitura elaboração da documentação pessoal Interpretação de texto avalia a consistência dos pontos de vista - compara autores- aplica à realidade Outras dicas importantes: Existem outras formas de melhorar sua leitura técnica. a) Selecionando o material de estudo 1 - Antes de iniciar a leitura de um texto, faça uma pré-leitura, também conhecida por leitura diagonal. 2 - Leia inicialmente os títulos e subtítulos do texto. 3 - Examine rapidamente os negrito, as tabelas, os gráfi cos, as fotos e as palavras em destaque 4 - Leia os parágrafos iniciais do texto ou dos seus capítulos e dê uma rápida olhada nos parágrafos fi nais 5 - Analise se o texto é de seu interesse e qual a fi nalidade da sua leitura. 6 - Se for do seu interesse, inicie a sua leitura 5 Alguns recursos de aprendizagem - Módulo 2 Metodologia do Trabalho Acadêmico b) Selecionando palavras chave para fi xar melhor as idéias de um texto. 1 - Leia tecnicamente o texto sublinhando as idéias principais de cada uma de suas partes ou das unidades de leitura que você estabeleceu. 2 - Releia o que foi sublinhado e destaque as partes que realmente são uma síntese de todo texto. 3 - Após determinar essas partes tente condensá-las em uma ou duas palavras cada uma, que conte- nham a idéia principal abordada. Estas serão as palavras chaves Fichamento - Em que consiste Consiste em armazenar informações relevantes, anotando–as em fi chas. É a anotação em fi chas dos dados do material lido em livros, revistas, publicações avulsas ou trabalhos impressos. As fi chas armazenam o material lido e permitem identifi car a obra consultada (autor e título), conhecer seu conteúdo, fazer comentários próprios e transcrever citações. São imprescindíveis para a elaboração de um trabalho que utiliza fontes de referência. O conjunto de fi chas é chamado de arquivo. Para que serve Para manter um registro do que foi lido, evitando muitas vezes que se tenha de voltar ao texto original. Outra grande vantagem é que se adquire uma compreensão maior do conteúdo do texto, uma vez que para fazer as anotações é preciso entender o que foi lido. Agora acesse a sala de aula virtual, no menu acessórios>biblioteca>texto complementar e veja os exem- plos de fi chamento Tipos de Fichas Diferentes tipos de fi chas podem ser elaborados, segundo as fi nalidades a que se destinam. Fichas descritivas: informam a autoria, registram tópicos essenciais à compreensão dos materiais consultados, escritos ou on-line, e registram o que foi entendido em relação ao conteúdo do texto. Fichas crítico-analíticas: complementam a fi cha descritiva incluindo observações sobre a importância e a contribuição da leitura feita para o futuro trabalho. Devem ser destacados os méritos e defi ciências do conteúdo lido. Comparações com outras leituras sobre o mesmo conteúdo podem constar desta fi cha. Elementos de uma fi cha As fi chas devem conter o cabeçalho com o título genérico ou específi co do trabalho fi chado. O corpo consiste das anotações sobre o conteúdo e a referência, que indica nome do autor e a procedência do material fi chado. No caso de uma só fi cha não ser sufi ciente deve-se numerar as seguintes, mantendo- se o cabeçalho. O material das fi chas Alguns recursos de aprendizagem - Módulo 2 Metodologia do Trabalho Acadêmico 6 O material mais comum utilizado era a fi cha de cartolina ou mesmo de papel recortado. Atualmente estão sendo utilizados programas de computador que garantem uma série de vantagens, economizando trabalho e tempo. O arquivo digital produzido pelo aluno facilita o manuseio das informações fi chadas, que podem ser acessadas sempre que necessário. Como fazer as anotações Anotar informações não signifi ca copiar integralmente o que foi lido. Fazer anotações requer a seleção de dados para utilizá-los posteriormente. Antes de começar a tomar nota é preciso ter uma visão do conjunto e decidir o que será anotado. As anotações refl etem o que foi entendido do conteúdo lido. É importante fazer distinção entre resumo, citação direta do autor, referência à fonte do autor e a posição pessoal de quem faz a fi cha. A utilização das anotações no trabalho futuro só será possível se elas forem feitas de forma compreensível. Sugestões para fazer o fi chamento As sugestões abaixo podem ser aproveitadas por você a fi m de facilitar suas anotações e para posterior consulta do material nela resumido. • Utilize fi chas separadas para cada uma das obras consultadas. • Escreva no topo de cada fi cha, com espaço simples, as referências, segundo as normas da ABNT. • Organize as fi chas em ordem alfabética, por sobrenome de autor. • Escreva, abaixo da referência, um breve comentário sobre a obra, sua utilidade e principais características e, principalmente, as ideias do autor. Mantenha entre a referência e as anotações espaço duplo, e nas anotações, mantenha espaço simples.Mantenha entre a referência e as anotações espaço duplo, e nas anotações, mantenha espaço simples. 7 Alguns recursos de aprendizagem - Módulo 2 Metodologia do Trabalho Acadêmico Resumo É uma boa maneira para você compreender e memorizar o texto, além de facilitar seu trabalho caso preci- se recorrer posteriormente ao texto original. Resumo de um texto é a apresentação concisa do seu conteúdo expondo as ideias do autor, destacando a ideia central e os pontos de maior relevância. É uma redução do texto que descreve fi elmente as ideias principais do autor. Ao fazer o resumo de livros, artigos etc., você deve lembrar que, além de conter a ideia principal do eixo do pensamento do autor, ele deve apresentar as ideias subsidiárias que apoiam a principal, seja na forma de argumentos, analogias e/ou exemplifi cações. O resumo de um texto não deve ser feito após uma primeira leitura ou à medida que o texto vai sendo lido, pois requer compreensão do seu conteúdo, e para isso uma leitura integral antes de fazer o resumo é indispensável. É necessário compreender todo o conteúdo e ter uma ideia geral antes de começar a escre- ver o resumo. Você aprende a fazer resumos praticando essa habilidade a partir de pequenos textos, passando a artigos, capítulos de livros até chegar a elaborar bons resumos de livros. Lembre sempre que o resumo expressa as ideias principais do autor e não anotações e comentários pesso- ais. Estes podem ser colocados ao fi nal, indicando que são observações suas. Muitas vezes, como trabalho de classe, o professor pode pedir que você acrescente ao fi nal do resumo um comentário crítico para você expor suas próprias ideias acerca do que foi escrito pelo autor. No resumo, devem constar o objeto tratado no texto, os objetivos, os procedimentos e as conclusões do autor. A referência ao documento original deve estar de acordo com as normas da ABNT. Sugestões para fazer um resumo • Leia cuidadosamente o texto, o artigo ou o livro procurando compreender o seu conteúdo. • Depois de compreender o que o autor escreveu, encontre a ideia norteadora do pensamento do autor. • Anote as ideias que apoiam a ideia central. • Tente resumir a ideia central em uma única frase, fazendo o mesmo com as ideias que a subsidiam. Finalmente, escreva um esboço de seu resumo, sem consulta ao original, evitando, assim, que o resumo seja cópia das palavras do autor e não se esqueça de fazer as referências. Agora acesse a sala de aula virtual, no menu acessórios>biblioteca e veja os exemplos de resumo. Alguns recursos de aprendizagem - Módulo 2 Metodologia do Trabalho Acadêmico 8 9 Alguns recursos de aprendizagem - Módulo 2 Metodologia do Trabalho Acadêmico Relatório Relatório, como o nome indica, é um documento que relata formalmente os resultados ou progressos obtidos na pesquisa sobre determinado tópico, ou que descreve a situação de uma questão técnica ou científi ca que está sendo estudada. O relatório é uma forma de redação técnica que descreve o trabalho que foi realizado. Não existe modelo único de relatório, já que você pode relatar pesquisas, trabalhos acadêmicos ou estudos de naturezas diversas, o que implica a presença e ordenação de elementos diferentes em cada caso. O seu relatório deve ser produto de sua refl exão sobre o trabalho que fez e deve ser escrito em lingua- gem clara, precisa e objetiva, de forma tal que sua leitura seja agradável. O relatório informa como foi feito o trabalho, quais os resultados obtidos e pode levantar discussões posteriores. Ao elaborar um relatório você precisa ler e interpretar uma série de documentos e organizar suas ideias e conclusões. Não há um tamanho ideal de relatório, e quando for um trabalho acadêmico deverá seguir as especifi cações do professor. A confecção de um relatório exige planejamento e, para planejar, é necessário saber por que está sendo escrito e com que fi nalidade. A primeira etapa de um relatório corresponde à questão: “Por que estou escrevendo este relatório?”. Existem diferentes razões para se escrever um relatório, sendo uma das mais importantes, como o próprio termo sugere, relatar o que foi feito. O cerne de um relatório é a informação: como foi feito o trabalho e os resultados obtidos. O relatório também possibilita discussões e debates. Outra questão importante no planejamento de um relatório é: á quem se destina? É impossível escrever um documento que seja igualmente acessível a leigos e a especialistas. Não há um modelo único de relatório. Os modelos poderão variar em função das circunstâncias e ne- cessidades. Entretanto, há um procedimento geralmente aceito com as seguintes partes constituintes: Introdução Apresenta o que você vai escrever e as questões a serem discutidas ao longo do relatório. Descreve também os objetivos do trabalho que foi feito e sua relevância. Desenvolvimento Nesta parte você deverá descrever as ideias e as formas com que foram abordadas durante o estudo e o trabalho realizado, como o tema foi escolhido e como foi analisado. Referencial teórico É decorrente do estudo dos livros, artigos etc., constantes do levantamento bibliográfi co feito. Nesta parte deverão estar as defi nições de conceitos, referências a trabalhos existentes sobre o assunto e o suporte teórico do trabalho que está sendo relatado. É necessário que o leitor compreenda o relatório, e o conhecimento do referencial teórico que você utilizou facilita essa compreensão. Alguns recursos de aprendizagem - Módulo 2 Metodologia do Trabalho Acadêmico 10 Metodologia A metodologia contém a descrição de toda a ação desenvolvida no trabalho, as formas como foi desen- volvido e os instrumentos utilizados. Como e porque foi escolhido o assunto e como foi analisado. Conclusão ou Considerações Finais É a parte em que você vai responder às questões que foram apresentadas, explicitamente ou não, na introdução. Os problemas que foram encontrados durante a realização do trabalho e quais os resulta- dos alcançados. Referências Lembre-se que as fontes consultadas não devem ser omitidas. Resenha O objeto resenhado pode ser de qualquer natureza: um livro, um fi lme, uma peça de teatro ou mesmo um jogo de futebol. As resenhas têm papel importante na vida científi ca de qualquer estudante, pois é através delas que tomamos conhecimento do conteúdo de um determinado livro que acaba de ser publicado. É dentro dessa informação que tomamos a decisão de ler ou não a obra publicada. A resenha pode ser: - Informativa, quando apenas expõe o conteúdo do texto. - Crítica, quando expõe o valor e o alcance do texto analisado. - Crítico-informativa, quando expõe o conteúdo e faz comentários sobre o texto analisado. Para a resenha, não há necessidade de capa, folha de rosto, etc. Como Construir uma resenha O cabeçalho se compõe dos dados bibliográfi cos do livro, de modo a identifi car o texto resenhado. Após o cabeçalho, você deve tecer algumas considerações de forma introdutória, dando a entender o assunto que será abordado no livro. Em seguida, traga algumas informações sobre o autor (quem é ele, área de formação, quantas obras tem publicadas etc.) Logo após, exponha os principais pontos do conteúdo do livro, sempre acompanhando o raciocínio do autor. Fale sobre a divisão em capítulos, sobre o foco do texto ou até, de forma sutil, o número de páginas do texto completo. Não há necessidade de muitos detalhes, destaque apenas o ponto mais relevante. Conclua com algumas abordagens fi nais, inclusive críticas, em que você avalia os aspectos positivos e os aspectos negativos (falhas, incoerências, limitações do texto etc.) tenha o cuidado de escrever sempre sobre a obra que está sendo resenhada e nunca sobre a pessoa (autor). Dessa maneira você poderá destacar a contribuição da obra para o leitor. Agora acesse a sala de aula virtual, no menu acessórios>biblioteca e veja os exemplos de resenha 11 Alguns recursos de aprendizagem - Módulo 2 Metodologia do Trabalho Acadêmico Tipos de Pesquisa Estaremos relatando tipos de pesquisa de diferentes vertentes que, por vezes, se completam, e por vezes, se antagonizam. Podemos começar? As abordagens que se pautam pela crença na positividade do conhecimento que é produzido através do método experimental produzem estudos que buscam quantifi car as características do fenômeno investigado com o objetivo de estabelecer leis e prever etapas posteriores. Elas se baseiam, entre outras coisas, na análise da freqüência com que cada característica se apresenta e na busca de componentes exemplares e exatos. Quanto maior a freqüência e exatidão, características mais recorrentes e visíveis, maior a importância que se atribui a ela. Uma das ferramentas mais importantes da pesquisa quantitativa é a estatística. Ela permite que o sujeito meça um universo bastante amplo. O censo demográfi co é um exemplo de abordagem quantitativa. O que torna possível a análise de um universo tão amplo é o fato de que o sujeito se interessa apenas por dados quantifi cáveis. Os detalhes, os signifi cados, as variáveis que se comportam de maneira incongruente, componentes fundamentais da realidade, precisam ser esquecidos em nome da “coisifi cação” do objeto. As análises quantitativas são capazes de levantar perfi s e tendências majoritárias, mas não podem explicar as relações que se estabelecem entre as diferentes características encontradas entre si, entre as características mais e as menos freqüentes, entre o fenômeno e a problemática maior na qual está inserido, e qualquer outro tipo de relação. Deu para entender? Pois bem, o processo que busca transformar o objeto numa coisa não envolve apenas a matematifi cação dos fenômenos. O sujeito do conhecimento também deve criar modelos, formas ideais, para tornar o objeto mais objetivo. Um conceito da mecânica bastante conhecido dos estudantes é o de movimento retilíneo uniforme, ou seja, aquele onde um corpo x se desloca de maneira linear e exata em direção ao ponto y. Mas este tipo de deslocamento é possível em condições normais? Na verdade, o conceito de movimento retilíneo uniforme é uma idealização, um recurso teórico que possibilita o cálculo e a análise científi ca. Este tipo de recurso também se constitui num esforço de testar, de maneira inequívoca, uma hipótese teórica. O sujeito busca levantar dados, elementos “coisifi cados”, capazes de refutar ou comprovar uma teoria. As abordagem positivas e matematizadas sempre se baseiam na crença de que aquilo que se repete ou que se manifesta de maneira mais exata é fundamental para a explicação da realidade. Na busca desta explicação, o sujeito se empenha em tornar mensurável e normatizado o fenômeno que quer compreender. Ele faz isso, afastando do campo da sua análise os componentes que não se prestam à padronização. Nesse sentido, perceber os limites desta abordagem não signifi ca negar-lhe todo e qualquer valor analítico-explicativo. A realidade se compõe de elementos diferenciados, e, para Alguns recursos de aprendizagem - Módulo 2 Metodologia do Trabalho Acadêmico 12 compreendê-la em toda sua riqueza, é preciso lançar mão de metodologias diferentes. Einstein e a nova forma de pensar as ciências exatas. Você já parou para pensar porque Einstein é tão importante para a ciência moderna? Ernest Mach, físico alemão, havia criticado as noções de tempo e espaço absolutos dos Princípios de Newton. Max Planck, outro alemão, havia concluído que partículas subatômicas eram na realidade pequenos pacotes de energia estática denominados quanta. Mas somente Einstein elaborou de fato uma teoria quadridimensional da matéria ao incluir a dimensão temporal à geometria euclidiana, afi rmando que tempo e espaço eram subjetivos. Do seu ponto de vista, seu êxito havia decorrido de um desenvolvimento intelectual lento que o fez assimilar com demora conceitos científi cos que se enraízam rapidamente tornando-se heurísticos. Essa demora permitiu que ele tivesse uma visão menos enquadrada e mais crítica do universo, trabalhando-o matematicamente, mas sem coisifi cá-lo. Após ter recebido o Prêmio Nobel em 1925 por comprovar a teoria da relatividade geral com a ajuda de dois cientistas suíços que fotografaram um eclipse solar na cidade de Sobral no Ceará, Einstein somou uma série de fracassos ao tentar realizar defi nitivamente a união da física (integrar numa mesma teoria as grandezas tempo e espaço) a qual até hoje ainda não foi realizada. Tudo entendido até aqui? Então, elabore uma síntese registrando o que você entendeu sobre essa primeira vertente da técnica de pesquisa, a pesquisa quantitativa. Podemos continuar? Agora você irá estudar sobre a Pesquisa qualitativa Na verdade, entre as principais críticas feitas à abordagem positiva matematizada estão aquelas que refutam a sua crença na pureza da observação e dos instrumentos de testagem. A teoria que serve de base ao estudo, arbitrariamente escolhida, vai orientar a observação e a verifi cação do fenômeno. O dado não é dado, não existe em si, ele é uma construção do sujeito do conhecimento. Isto no campo das ciências chamadas de exatas e nas ciências culturais. No campo específi co das ciências da cultura, sociais e humanas, aquele limite soma-se um outro, relacionado à natureza daquilo que vai ser investigado: é impossível afastar do universo da análise aspectos complexos que não podem ser singularizados em nome da verifi cação. Por exemplo: como compreender uma determinada organização social sem considerar as representações dos indivíduos? E, considerando estes elementos, como medir representações? Como prever etapas posteriores? Como estabelecer modelos invariáveis? …a linguagem matemática tem um potencial descritivo muito limitado. Essa é uma das principais objeções à sua utilização nas ciências sociais: os objetos, conteúdos e relações 13 Alguns recursos de aprendizagem - Módulo 2 Metodologia do Trabalho Acadêmico que elas focalizam difi cilmente podem ser traduzidos em linguagem matemática. (Alves-Mazzotti & Gewandsznajder, 1998: 121) Estas perguntas levaram os cientistas da cultura a se afastarem do estatuto científi co tradicional, calcado na física e na matemática, em busca de novas metodologias e princípios epistemológicos mais adequados. A abordagem qualitativa, por exemplo, pretende enfatizar os componentes simbólicos, buscando explicar e interpretar a realidade estudada considerando elementos e signifi cações subjetivos. Por outro lado, se na abordagem anterior os fenômenos deveriam ser estudados a partir de aspectos atomizados, nesta nova proposta o fenômeno deve ser compreendido dentro da sua complexidade – o todo no lugar do dado. No universo das pesquisas culturais surgiu um novo grupo de críticas ligadas ao papel desempenhado pelo conhecimento na manutenção ou transformação das relações sociais e de poder. Ao comprometimento teórico foi acrescentada uma preocupação com o comprometimento político. A ciência está a serviço de uma teoria e de um propósito político e, portanto, é preciso tematizar a relação entre o saber e o poder. O quadro compara duas abordagens diferentes: uma pautada pela crença na positividade, outra pautada na relativização do conhecimento produzido pelo método científi co. Empirismo lógico* Teoria Crítica** Objetivos da ciência desenvolvimento do conhecimento/formulação de teorias transformação da sociedade/ emancipação do homem Recorte molecular: os fenômenos complexos precisam ser descompostos em aspectos testáveis molar: os fenômenos só podem ser compreendidos se vistos na totalidade Ciência e sociedade produtos e processos da ciência são vistos como um sistema independente das relações sociais ciência e sociedade são vistos como um sistema global Ênfase no método: critérios metodológicos defi nem os problemas que podem ser pesquisados no problema: a metodologia assume aspecto secundário Objetividade buscada através de mecanismos de controle embutidos no design e no método crítico atacada como um mito que encobre estratégias de dominação Relação sujeito-objeto sujeito e objeto são elementos independentes no processo de pesquisa sujeito e objeto são elementos integrados e co-participantes do processo Neutralidade os valores do pesquisador não interferem no processo de pesquisas o julgamento de valor é considerado parte essencial do processo *Abordagem do tipo positivo matematizado / ** Abordagem do tipo qualitativo Alguns recursos de aprendizagem - Módulo 2 Metodologia do Trabalho Acadêmico 14 As técnicas de pesquisa que se pautam pela abordagem qualitativa são diversifi cadas e esta diversifi cação se apresenta muito em função do grau de interferência que o método propõe para o objeto. Agora, trataremos sobre a Pesquisa quanti-qualitativa. A abordagem quanti-qualitativa agrega elementos das duas abordagens anteriores. Ela parte do princípio de que é necessário medir e interpretar as variáveis do estudo. E por isso passou a ser a abordagem mais usada dentro do âmbito das ciências culturais nos dias de hoje. Pergunto a você: Em que dimensão do conhecimento você acredita que se situe a pesquisa que você deseja realizar: ciência da natureza ou da cultura? Por quê? Refl ita sobre a questão e anote sua justifi cativa no Bloco de notas. Essa notação lhe será útil nas próximas aulas. Vale a pena destacar a pesquisa-ação entre as metodologias de investigação orientadas qualitativamente. Esta é a mais invasiva das metodologias. Caracteriza-se por ser um estudo qualitativo-experimental onde o sujeito propõe processos inovadores ao objeto e analisa os resultados. No desenvolvimento da pesquisa-ação o sujeito pode agregar diferentes tipos de abordagens diferentes e instrumentos de coleta variados.