Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
modo de produção decadente por um novo modo de produção, ou seja, no essencial, da necessidade de favorecer a implantação e expansão de novas relações de produção adequadas ao desenvolvimento desobs- truído das forças produtivas. O modo de produção capitalista, em vir- tude das contradições do seu próprio movimento, teria de ceder lugar ao modo de produção comunista. Se foi enfático no concernente a esta conclusão, Marx não deixou senão escassas e sucintas idéias acerca das características do comunismo. Rejeitou as idealizações utópicas e ateve-se àquelas inferências possíveis a partir do próprio capitalismo. Marx se pretendia cientista e não profeta. Os temas a seguir abordados foram escolhidos pela relevância que assumem na concepção marxiana sobre a dinâmica do modo de produção capitalista. O capital social total e as contradições de sua reprodução No Livro Segundo — conforme já observado, aquele mais dedicado à macroeconomia —, Marx buscou esclarecer como era possível efeti- var-se a reprodução do capital social total, uma vez que este se cons- tituía de numerosos capitais individuais concorrentes, cuja atuação, pela própria natureza do capitalismo, pressupunha a ausência de su- bordinação a uma planificação centralizada. Todo modo de produção deve ser também um modo de reprodução. Por força, no fundamental, dos mecanismos econômicos e também pelo suporte que o modo de produção recebe das instituições político-jurídicas consolidadas, da ideologia dominante, dos costumes da vida cotidiana etc., cada circuito da produção é sucedido por novo circuito, numa rei- teração incessante. De outra maneira, seria inevitável a cessação da existência da própria sociedade. Se a evidência empírica comprova que a reprodução também ocorre na formação social capitalista, a questão a elucidar consiste na demonstração de como isto é possível num regime em que a produção socializada se realiza entre as paredes de empresas de propriedade privada. O feito de Marx, no Livro Segundo, encontrou precedente e fonte de inspiração no Tableau Économique de Quesnay. Marx o tinha em alta conta e realçou sua grande significação científica. Não obstante, entre o Tableau e os esquemas da reprodução do Livro Segundo medeia uma distância enorme, de cujos marcos basilares basta assinalar o primeiro: a teoria do valor-trabalho, ausente na concepção do precursor francês. Os esquemas da reprodução formulam-se em termos de valor, discriminando-se o produto social anual em três partes: capital cons- tante, capital variável e mais-valia. Ao mesmo tempo, o produto social tem a composição bissegmentada por uma grande linha divisória de- terminada, não pelo valor, mas pelo valor de uso. Em conseqüência, o produto social procede de dois departamentos: o Departamento I — produtor de bens de produção; e o Departamento II — produtor de OS ECONOMISTAS 52