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Enviado por Mauricio Aquilante Policarpo em

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uma das melhores casas de moda de Londres. Mary Anne Walkley
adoeceu na sexta-feira e morreu no domingo, sem haver, para a surpresa
de Dona Elise, terminado antes a última peça. O médico, dr. Keys,
chamado muito tarde ao leito de morte, testemunhou perante o Coro-
ner’s Jury427 em secas palavras:
“Mary Anne Walkley morreu, por excesso de horas de trabalho
numa oficina superlotada e por dormir num cubículo superestreito
e mal ventilado”.
Para dar ao médico uma lição de boas maneiras, declarou o Co-
roner’s Jury:
“A vítima morrera de apoplexia, havendo porém razão para
temer que sua morte tenha sido apressada por sobretrabalho
numa oficina superlotada etc.”
Nossos “escravos brancos”, bradou o Morning Star, órgão dos
livre-cambistas Cobden e Bright,
“nossos escravos brancos são forçados ao túmulo pelo trabalho,
arruínam-se e morrem sem canto nem glória.”428
MARX
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um adulto num quarto de dormir deve ser de 300 pés cúbicos e numa sala de estar, de
500 pés cúbicos”. Dr. Richardson médico-chefe de um hospital de Londres: “As costureiras
de toda espécie, as modistas, costureiras de vestidos e costureiras ordinárias sofrem de
tríplice infortúnio: excesso de trabalho, carência de ar e deficiência de alimentação ou
deficiência de digestão. De modo geral, esse tipo de trabalho é mais adequado, sob qualquer
circunstância, para mulheres do que para homens. Por desgraça, esse negócio é monopo-
lizado, notadamente na capital, por uns 26 capitalistas, que, com as armas que decorrem
do capital (that spring from capital), espremem economia do trabalho (force economy out
of labour; ele pensa economizar despesas mediante desperdício da força de trabalho). Seu
poder é sentido nos limites de toda essa classe de trabalhadoras. Se uma costureira consegue
um pequeno círculo de clientes, a concorrência a força a se matar de trabalhar em casa,
para conservá-lo, e o mesmo sobre/trabalho ela tem de impor necessariamente às suas
auxiliares. Se o negócio fracassa ou se ela não pode estabelecer-se por conta própria, então
se dirige a um établissement,** onde o trabalho não é menor, mas o pagamento é seguro.
Assim posta, torna-se uma simples escrava, jogada para cá e para lá conforme cada flutuação
da sociedade: ora está em casa, num pequeno cubículo, passando fome ou quase; ora está
de novo ocupada de 15, 16 até 18 horas em 24 horas em atmosfera quase insuportável e
com alimentação que, mesmo se fosse boa, não poderia ser digerida devido à falta de ar
puro. É por causa dessas vítimas que prolifera a tísica, que não é nada mais que uma
doença oriunda do ar viciado”. (Dr. RICHARDSON, “Work and Overwork. In: Social Science
Review. 18 de julho de 1863.
* Repartição de saúde. (N. dos T.)
** Estabelecimento. (N. dos T.)
427 Júri que averigua a causa da morte. (N. dos T.)
428 Morning Star. 23 de junho de 1863. O Times aproveitou o sucedido para defender os
senhores de escravos da América contra Bright etc. “Muitos de nós”, diz, “acham que
enquanto fizermos trabalhar até a morte nossas jovens mulheres, utilizando o flagelo da
fome em lugar do estalar do chicote, quase não temos o direito de iniciar a que se empreguem
o fogo e a espada contra famílias que desde o berço possuem escravos e pelo menos os
alimentam bem, fazendo-os trabalhar moderadamente.” (Times. 2 de julho de 1863.) Do
mesmo modo o Standard, um jornal dos tories, repreendeu o reverendo Newman Hall: “Ele
excomunga os senhores de escravos, mas reza com a boa gente que fazia trabalhar os
condutores e os cocheiros de ônibus de Londres apenas 16 horas diariamente, por um

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