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1867 é, por um lado, a necessidade, imposta ao Parlamento das classes dominantes, de adotar em princípio regulamentação tão extraordinária e ampla contra os excessos da exploração capitalista; por outro lado, as meias medidas, a má-vontade e a mala fides314 com que, então, adotou realmente essa regulamentação. A comissão de inquérito de 1862 propôs, igualmente, nova regu- lamentação da indústria de mineração, uma indústria que se diferencia de todas as outras porque nela os interesses dos proprietários fundiários e dos capitalistas industriais coincidem. A antítese entre esses dois interesses tinha favorecido a legislação fabril, a ausência dessa antítese basta para explicar o retardamento e as chicanas da legislação sobre mineração. A comissão de inquérito de 1840 tinha feito revelações tão ter- ríveis e revoltantes e provocado tal escândalo ante toda a Europa que o Parlamento teve de aquietar sua consciência por meio da Mining Act de 1842, em que se limitou a proibir o trabalho abaixo da superfície, de mulheres e de crianças com menos de 10 anos. Então veio, em 1860, a Mines’ Inspection Act, segundo a qual as minas seriam inspecionadas por funcionários públicos especialmente nomeados para tanto e meninos entre 10 e 12 anos não deveriam ser ocupados, exceto quando de posse de um atestado escolar ou quando freqüentassem a escola por certo número de horas. Essa lei continuou sendo totalmente letra morta devido ao número ridiculamente diminuto de inspetores nomeados, devido à insignificância de seus poderes e a outras causas que ao longo da exposição se mostrarão de modo mais preciso. Um dos mais recentes Livros Azuis sobre minas é o Report from the Select Committee on Mines, together with (...) Evidence, 23 July 1866. É a obra de um comitê de membros da Câmara dos Comuns, com plenos poderes para chamar testemunhas e inquiri-las; um volu- moso in-fólio, no qual o próprio Report só compreende 5 linhas, com o seguinte conteúdo: que o comitê nada sabe dizer e que mais teste- munhas precisam ser ouvidas. O modo de ali inquirir testemunhas lembra as cross examina- tions315 perante as cortes inglesas, onde o advogado procura, por meio de um contraquestionamento desavergonhado e capcioso, confundir a testemunha e torcer o sentido de suas palavras. Aqui, os advogados são os próprios inquiridores parlamentares, entre eles proprietários e exploradores de minas; as testemunhas, trabalhadores mineiros, ge- ralmente de minas de carvão. Toda essa farsa é demasiado caracte- rística do espírito do capital para que se deixe de apresentar aqui alguns extratos. Para facilitar a visão geral, dou os resultados do in- OS ECONOMISTAS 122 314 Má fé. (N. dos T.) 315 Inquéritos cruzados. (N. dos T.)