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1 OAB 2ª FASE 2011.2 DIREITO CIVIL Direito das Sucessões Profª Fernanda Pimentel Fundamento constitucional Garantia ao Direito de Propriedade Art. 5º, XXII Garantia ao Direito de Herança Art. 5º, XXX Princípio de Proteção à Família Brasileira Art. 5º, XXXI 2 Base legal Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários Base legal Art. 1.786. A sucessão dá-se por lei ou por disposição de última vontade. 3 Base legal : Limites à manifestação de vontade Art. 1.846. Pertence aos herdeiros necessários, de pleno direito, a metade dos bens da herança, constituindo a legítima. Art. 1.847. Calcula-se a legítima sobre o valor dos bens existentes na abertura da sucessão, abatidas as dívidas e as despesas do funeral, adicionando-se, em seguida, o valor dos bens sujeitos a colação. Lei aplicável à transmissão causa mortis Art. 1.787. Regula a sucessão e a legitimação para suceder a lei vigente ao tempo da abertura daquela. 4 Jurisprudência APELAÇÃO CÍVEL. SOCIEDADE DE FATO. INDENIZAÇÃO POR SERVIÇOS DOMÉSTICOS PRESTADOS. CABIMENTO.1. Em nome dos princípios tempus regit ac-tum e da irretroatividade da lei, consagrados no artigo 6º da Lei de Introdução ao Código Civil, a sucessão do falecido deve ser regulada pela lei vigente à época da sua abertura, ou seja, no momento de sua morte. Incidência do Código Civil de 1916. TJ/RJ, APELACAO CIVEL Nº 2008.001.24033. Lugar de abertura da sucessão Art. 1.785. A sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido. Exceções : Art.. 1.043 e 1.044 do CPC: Se o cônjuge meeiro supérstite falecer antes da partilha dos bens do pré-morto, as duas heranças deverão ser cumulativamente inventariadas e partilhas, caso os herdeiros sejam os mesmos; Falecendo algum dos herdeiros na pendência do inventário, se o único bem a inventariar for o quinhão, este deverá ser partilhado juntamente com os bens do monte. 5 Fixação da competência: CPC Art. 96. O foro do domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade e todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro. Parágrafo único. É, porém, competente o foro: I - da situação dos bens, se o autor da herança não possuía domicílio certo; II - do lugar em que ocorreu o óbito se o autor da herança não tinha domicílio certo e possuía bens em lugares diferentes. Fixação da competência: CPC Art. 984. O juiz decidirá todas as questões de direito e também as questões de fato, quando este se achar provado por documento, só remetendo para os meios ordinários as que demandarem alta indagação ou dependerem de outras provas. 6 Fixação da competência: CPC Art. 96. O foro do domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade e todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro. Parágrafo único. É, porém, competente o foro: I - da situação dos bens, se o autor da herança não possuía domicílio certo; II - do lugar em que ocorreu o óbito se o autor da herança não tinha domicílio certo e possuía bens em lugares diferentes. Base legal: Vocação hereditária Art. 1.798. Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no momento da abertura da sucessão. Art. 1.799. Na sucessão testamentária podem ainda ser chamados a suceder: I - os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, desde que vivas estas ao abrir-se a sucessão; II - as pessoas jurídicas; III - as pessoas jurídicas, cuja organização for determinada pelo testador sob a forma de fundação. 7 Enunciados do CJF En. 267: A regra do art. 1798 do Código Civil deve ser estendida aos embriões formados mediante uso de técnicas de reprodução assistida, abrangendo, assim, a vocação hereditária da pessoa humana a nascer cujos efeitos patrimoniais se submetem às regras previstas para a petição da herança. En. 269 – Art.. 1.801: A vedação do art. 1.801, inc. III, do Código Civil não se aplica à união estável, independentemente do período de separação de fato (art. 1.723, § 1º). Base legal Art. 1.800. No caso do inciso I do artigo antecedente, os bens da herança serão confiados, após a liquidação ou partilha, a curador nomeado pelo juiz. § 1o Salvo disposição testamentária em contrário, a curatela caberá à pessoa cujo filho o testador esperava ter por herdeiro, e, sucessivamente, às pessoas indicadas no art. 1.775. § 2o Os poderes, deveres e responsabilidades do curador, assim nomeado, regem-se pelas disposições concernentes à curatela dos incapazes, no que couber. § 3o Nascendo com vida o herdeiro esperado, ser-lhe-á deferida a sucessão, com os frutos e rendimentos relativos à deixa, a partir da morte do testador. § 4o Se, decorridos dois anos após a abertura da sucessão, não for concebido o herdeiro esperado, os bens reservados, salvo disposição em contrário do testador, caberão aos herdeiros legítimos. 8 Base legal: Aceitação e renúncia da herança Art. 1.804. Aceita a herança, torna-se definitiva a sua transmissão ao herdeiro, desde a abertura da sucessão. Parágrafo único. A transmissão tem-se por não verificada quando o herdeiro renuncia à herança. Art. 1.805. A aceitação da herança, quando expressa, faz-se por declaração escrita; quando tácita, há de resultar tão-somente de atos próprios da qualidade de herdeiro. § 1o Não exprimem aceitação de herança os atos oficiosos, como o funeral do finado, os meramente conservatórios, ou os de administração e guarda provisória. § 2o Não importa igualmente aceitação a cessão gratuita, pura e simples, da herança, aos demais co-herdeiros. Art. 1.806. A renúncia da herança deve constar expressamente de instrumento público ou termo judicial. Jurisprudência Renúncia translativa se caracteriza por dois atos: uma aceitação tácita da herança e sua transferência de pessoa determinada, o que equivale a uma cessão de direitos. A aceitação da herança, decorrente da habilitação da agravante nos autos, não constitui óbice ao pedido de renúncia, sendo, na verdade, um antecedente necessário à realização da transferência pretendida. TJ/RJ – Agravo de Instrumento nº 2008.002.1317-6 9 Jurisprudência RENÚNCIA DO DIREITO À HERANÇA EM FAVOR DO MONTE, SENDO A ÚNICA BENEFICIADA A MÃE COMUM DOS HERDEIROS.DECISÃO DO JUÍZ A QUO DETERMINANDO O NÃO RECOLHIMENTO DE IMPOSTO DE TRANSMISSÃO INTER VIVOS. INOCORRÊNCIA DE ACEITAÇÃO TÁCITA DOS HERDEIROS E POSTERIOR RENÚNCIA TRANSLATIVA DOS MESMOS.CONFIGURAÇÃO DE RENÚNCIA ABDICATIVA. AUSÊNCIA DO FATO GERADOR DO IMPOSTO RELATIVO À CESSÃO DE DIREITOS À HERANÇA. TJ/RJ – Agravo de Instrumento nº 2006.002.23741 Base legal: Cessão de direitos hereditários Art. 1.793. O direito à sucessão aberta, bem como o quinhão de que disponha o co-herdeiro, pode ser objeto de cessão por escritura pública. § 1o Os direitos, conferidos ao herdeiro em conseqüência de substituição ou de direito de acrescer, presumem-se não abrangidos pela cessão feita anteriormente. § 2o É ineficaz a cessão, pelo co-herdeiro, de seu direito hereditário sobre qualquer bem da herança considerado singularmente. § 3o Ineficaz é a disposição, sem prévia autorização do juiz da sucessão, por qualquer herdeiro, de bem componente do acervo hereditário, pendente a indivisibilidade. 10 Jurisprudência “Cessão de direitos hereditários. Negócio jurídico celebrado através de instrumento particular com assinatura de duas testemunhas. Falecimento da autora no curso do processo, sendo substituída por sua irmã. Inconformismo da ré com a sentença que julgou procedente o pedido, declarando a nulidade da cessão. Impõe-se destacar que a forma do negócio jurídico é aquela prescrita ou não defesa em lei. A forma livre é a regra; a solene, a exceção. E a forma da cessão de direitos hereditários ora guerreada consubstancia-se em uma dessas exceções. Sob pena de nulidade (art. 166, IV, Código Civil), pela letra do art. 1.793, caput, CC, se faz imprescindível a cessão de direitos através de escritura pública, o que já era recomendado no Código Civil de 1916, se o valor dos bens ou direitos fossem superiores ao estabelecido pela lei (art. 134, II, Código Civil de 1916), sendo este o caso emergido dos autos. (...) Conclui-se pela nulidade do negócio” TJ/RJ – Apelação Cível nº 2008.001.00438 Modos de Suceder: Direito próprio Art. 1.834. Os descendentes da mesma classe têm os mesmos direitos à sucessão de seus ascendentes. 11 Modos de Suceder: Direito de representação Art. 1.851. Dá-se o direito de representação, quando a lei chama certos parentes do falecido a suceder em todos os direitos, em que ele sucederia, se vivo fosse. Art. 1.852. O direito de representação dá-se na linha reta descendente, mas nunca na ascendente. Art. 1.853. Na linha transversal, somente se dá o direito de representação em favor dos filhos de irmãos do falecido, quando com irmãos deste concorrerem. Modos de Suceder: Direito de transmissão Art. 1.809. Falecendo o herdeiro antes de declarar se aceita a herança, o poder de aceitar passa-lhe aos herdeiros, a menos que se trate de vocação adstrita a uma condição suspensiva, ainda não verificada. 12 Modos de partilhar In capita - Por cabeça In stirpes - Por estirpe – art. 1.851 In lineas - Por linhas - art. 1.836, § 1º Herdeiros Legítimos: Artigo 1829 Descendentes Ascendentes Cônjuge sobrevivente Colaterais até o 4 grau 13 Herdeiros Necessários: Artigo 1845 Descendentes Ascendentes Cônjuge Sobrevivente Herdeiros necessários: Artigo 1845 Cônjuge ou companheiro sobrevivente Meeiro : Em razão do regime de bens vigente Herdeiro Titular do Direito real de Habitação Posições jurídicas que podem ser ocupadas pelo cônjuge e pelo companheiro sobrevivente 14 Posições jurídicas dos cônjuges e companheiros: Meação ( conforme o regime de bens vigente) Herança ( conforme a ordem de vocação prevista nos artigos 1.829 e 1.790 ) Titular do Direito Real de Habitação ( art. 1831 ) Base legal: Artigo 1829 Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares; II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge; III - ao cônjuge sobrevivente; IV - aos colaterais. 15 1ª Classe - Concorrência sucessória entre descendentes: Autor da Herança - A B Filho 1 Netos HF G D F3 1/41/4 1/4 1/12 1/12 1/12 c Filho 2 E 1/4 Filho PRÉ-MORTO Concorrência do cônjuge com os descendentes: Art. 1829, I I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares 16 Descendentes em concorrência com o cônjuge sobrevivente HÁ CONCORRÊNCIA NÃO HÁ CONCORRÊNCIA Regime de Separação Voluntária de Bens Regime de Separação Obrigatória de Bens – Súm. 377 STF Regime da Participação Final nos Aqüestos Regime da Comunhão Universal de Bens Regime da Comunhão Parcial de Bens – existindo bens particulares Regime de Comunhão Parcial de Bens – não existindo bens particulares Concorrência do Cônjuge Sobrevivente com os filhos comuns – Art. 1832 A D – 1/3 CÔNJUGE SOBREVIVENTE C - 1/3 1/3 17 A 1/8 D E G 1/4 C - CÔNJUGE H IF 1/81/8 1/8 1/8 1/8 Concorrência do Cônjuge Sobrevivente com os filhos comuns – Art. 1832, in fine. Concorrência do Cônjuge Sobrevivente com os filhos não comuns – Art. 1832 A 1/7 D E G 1/7 C - CÔNJUGE Não Ascendente dos herdeiros H IF 1/71/7 1/7 1/7 1/7 18 2ª Classe – Concorrência sucessória entre ascendentes: Art. 1.836 AVÓS PATERNOS PRÉ-MORTA 1/2 = 50 % 1/2 1/4 1/4 A - FALECIDO AVÓS MATERNOS 1/2 = 50 % PAI - PRÉ-MORTO MÃE - PRÉ-MORTA Concorrência do Cônjuge Sobrevivente ( qualquer regime de bens ) com os ascendentes de 1º grau: Art. 1.837 ASCENDENTES DE 1.GRAU 1/3 1/3 A - FALECIDO CÔNJUGE SOBREVIVO 1/3 ( Art . 1837 NCCB) 2/3 19 Concorrência do Cônjuge Sobrevivente com os demais ascendentes: Art. 1.837 AVÓS PATERNOS PRÉ-MORTO 1/2 = 50 % 1/4 1/8 1/8 A - FALECIDO AVÓS MATERNOS PAI - PRÉ-MORTO MÃE - PRÉ-MORTA CÔNJUGE SOBREVIVO 1/4 = 25%1/4 = 25% 3ª Classe : Cônjuge sobrevivente O cônjuge sucederá qualquer que seja o regime patrimonial de bens vigente no casamento. 20 Sucessão entre companheiros – art. 1790 Art. 1.790. A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro, quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas condições seguintes: I - se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota equivalente à que por lei for atribuída ao filho; II - se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á a metade do que couber a cada um daqueles; III - se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço da herança; IV - não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da herança. Art. 1.790, inciso I – Descendentes comuns A 1/5 B D Companheiro sobrevivente E C 1/5 1/5 1/5 1/5 21 Art. 1.790, inciso II – Descendentes não comuns A 2/9 B D Companheiro sobrevivente E C 2/9 1/9 2/9 2/9 O ministro afirmou, ainda, que se a suposta companheira sair vitoriosa na demanda que ajuizou – reconhecimento de união estável – fará jus ao recebimento de sua parte nos valores que integraram o monte partilhável da herança. “É que, concorrendo a companheira com o descendente exclusivo do autor da herança, cabe-lhe a metade da quota-parte destinada ao herdeiro, vale dizer, 1/3 do patrimônio do de cujus”, conclui o ministro 22 Notícias do STJ: 01/06/2010 ... O ministro afirmou, ainda, que se a suposta companheira sair vitoriosa na demanda que ajuizou – reconhecimento de união estável – fará jus ao recebimento de sua parte nos valores que integraram o monte partilhável da herança. “É que, concorrendo a companheira com o descendente exclusivo do autor da herança, cabe-lhe a metade da quota-parte destinada ao herdeiro, vale dizer, 1/3 do patrimônio do de cujus”, conclui o ministro Art. 1.790, inciso III – DEMAIS PARENTES SUCESSÍVEIS A 2/9 B D Companheiro sobrevivente C 2/9 1/3 2/9 23 Jurisprudência AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 2007.002.04909 - DES. ANTONIO CARLOS AMADO - Julgamento: 30/05/2007 – 10ª CCÍVEL: CONCORRÊNCIA DA COMPANHEIRA COM OS COLATERAIS. APLICAÇÃO DO ARTIGO 1.790, III DO CÓDIGO CIVIL. A expressão herança utilizada na aludida disposição legal refere-se tão somente aos bens adquiridos onerosamente na constância da união estável, não abrangendo os bens particulares e recebidos pelo de cujus por doação ou sucessão. Eventual iniqüidade ou injustiça da lei não é de molde a acarretar a sua não aplicação.Constitucionalidade da referida disposição que reconhece os colaterais como herdeiros em concurso com o(a) companheiro(a). Jurisprudência REsp 1135354 /PB A Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) suscitou incidente de inconstitucionalidade dos incisos III e IV do artigo 1.790 do Código Civil, editado em 2002, e que inovou o regime sucessório dos conviventes em união estável. A questão foi levantada pelo ministro Luis Felipe Salomão, relator de recurso interposto por companheira de falecido contra o espólio do mesmo. Com isso, a questão será apreciada pela Corte Especial do STJ. Segundo o ministro, a norma tem despertado, realmente, debates doutrinário e jurisprudencial de substancial envergadura. Em seu voto, o relator citou manifestações de doutrinadores, como Francisco José Cahali, Zeno Veloso e Fábio Ulhoa, sobre o assunto. (...) 24 Jurisprudência “A tese da inconstitucionalidade do artigo 1.790 do CC tem encontrado ressonância também na jurisprudência dos tribunais estaduais. De fato, àqueles que se debruçam sobre o direito de família e sucessões, causa no mínimo estranheza a opção legislativa efetivada pelo artigo 1.790 para regular a sucessão do companheiro sobrevivo”, afirmou. O ministro lembrou que o caput do artigo 1.790 faz alusão apenas a bens “adquiridos onerosamente na vigência da união estável”. “É bem de ver, destarte, que o companheiro, mesmo na eventualidade de ter „direito à totalidade da herança‟ [inciso IV], somente receberá aqueles bens a que se refere o caput, de modo que os bens particulares do decujus, aqueles adquiridos por doação, herança ou antes da união, „não havendo parentes sucessíveis‟, terá a sorte de herança vacante”, disse Salomão. Art. 1.790, inciso IV NÃO EXISTINDO DEMAIS HERDEIROS RECEBERÁ A TOTALIDADE DA HERANÇA. Art. 1.844. Não sobrevivendo cônjuge, ou companheiro, nem parente algum sucessível, ou tendo eles renunciado a herança, esta se devolve ao Município ou ao Distrito Federal, se localizada nas respectivas circunscrições, ou à União, quando situada em território federal. 25 DIREITO REAL DE HABITAÇÃO Art. 1.831. Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será assegurado, sem prejuízo da participação que lhe caiba na herança, o direito real de habitação relativamente ao imóvel destinado à residência da família, desde que seja o único daquela natureza a inventariar. I JORNADA DE DIREITO CIVIL Enunciado 117 – Art. 1831: o direito real de habitação deve ser estendido ao companheiro, seja por não ter sido revogada a previsão da Lei n. 9.278/96, seja em razão da interpretação analógica do art. 1831, informado pelo art. 6º, caput, da CF/88 Sucessão entre colaterais Art. 1.831. Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será assegurado, sem prejuízo da participação que lhe caiba na herança, o direito real de habitação relativamente ao imóvel destinado à residência da família, desde que seja o único daquela natureza a inventariar. I JORNADA DE DIREITO CIVIL Enunciado 117 – Art. 1831: o direito real de habitação deve ser estendido ao companheiro, seja por não ter sido revogada a previsão da Lei n. 9.278/96, seja em razão da interpretação analógica do art. 1831, informado pelo art. 6º, caput, da CF/88 26 Concorrência sucessória entre colaterais: Art. 1.838 a 1.843 Pré- Morto 1/3 B D De cujus I Bil I Bil I Unil . I Unil E C 1/6 1/3 1/6 Concorrência sucessória entre colaterais: art. 1840 Ascendente pré-morto HF G Irmão 2 – 1/3Irmão 1 - 1/3 1/3 1/9 1/9 1//9 E De cujus IRMÃO PRÉ-MORTO 27 Limites da sucessão entre colaterais INVENTÁRIO. EXCLUSÃO. COLATERAL. SOBRINHA-NETA. Trata- se, originariamente, de ação de inventário em que, tendo em vista a ausência de descendentes, ascendentes e cônjuge, a herança seria dividida entre os herdeiros colaterais. Sendo os irmãos da inventariada pré-mortos, os sobrinhos do de cujus foram chamados a suceder e apresentaram plano de partilha amigável, no qual incluía a recorrente, na condição de sobrinha-neta (filha de um dos sobrinhos, também pré-morto). O juiz de primeiro grau determinou a exclusão da recorrente do inventário, com fundamento no art. 1.613 do CC/1916 e, em embargos declaratórios, indeferiu a inclusão, no inventário, da mãe da recorrente, cônjuge supérstite do sobrinho pré-morto da falecida, sendo essa decisão mantida pelo tribunal a quo em agravo de instrumento. (...) Limites da sucessão entre colaterais (...) Portanto, a controvérsia reside em definir se a recorrente deve permanecer no rol dos herdeiros do inventário de sua tia-avó, por representação de seu pai. A Turma negou provimento ao recurso com o entendimento de que, embora fosse o pai da recorrente sobrinho da inventariada, ele já havia falecido, e o direito de representação, na sucessão colateral, por expressa disposição legal, limita-se aos filhos dos irmãos, não se estendendo aos sobrinhos-netos, como é o caso da recorrente. REsp 1.064.363-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 11/10/2011 28 Base legal Art. 1.857. Toda pessoa capaz pode dispor, por testamento, da totalidade dos seus bens, ou de parte deles, para depois de sua morte. § 1o A legítima dos herdeiros necessários não poderá ser incluída no testamento. (Faça remissão aos artigos 1845 a 1848) § 2o São válidas as disposições testamentárias de caráter não patrimonial, ainda que o testador somente a elas se tenha limitado. (Faça remissão aos artigos 1.609 e 1723, dentre outros) Sucessão testamentária 29 Base legal Art. 1.857. Toda pessoa capaz pode dispor, por testamento, da totalidade dos seus bens, ou de parte deles, para depois de sua morte. § 1o A legítima dos herdeiros necessários não poderá ser incluída no testamento. (Faça remissão aos artigos 1845 a 1848) § 2o São válidas as disposições testamentárias de caráter não patrimonial, ainda que o testador somente a elas se tenha limitado. (Faça remissão aos artigos 1.609 e 1723, dentre outros) Conceito É o ato pelo qual uma pessoa dispõe de seus bens para depois de sua morte, ou faz outras declarações de última vontade” Caio Mário, ( Instituições..., vol. VI, p. 93 ) 30 Natureza jurídica • Negócio jurídico unilateral, personalíssimo, gratuito, solene, revogável e de última vontade”, pois produz efeitos post mortem. Caio Mário, Instituições, vol. VI, p. 94 a 97 Espécies • Poderá ser estabelecida a título universal ou singular. Sucessão testamentária universal é aquela em que são chamados a suceder os herdeiros com a totalidade do acervo hereditário ou através de quinhões divididos em frações ideais. • Na sucessão testamentária singular, há a instituição do legado, onde os herdeiros, ora denominados legatários, herdam coisa certa e determinada, individualizada pela vontade do testador. 31 Limites Princípio norteador da transmissão da herança: relativa liberdade de testar. O testador está limitado pela existência de herdeiros necessários, vedação explicitada no artigo 1.857, § 1°. Há a liberdade de testar mitigada, em face da existência da legítima. Pressupostos Elementos intrínsecos: capacidade do testador, espontaneidade da declaração, objeto e limites desta; Elementos extrínsecos ou formais: Cumprimento das formalidades legais. 32 Base legal Art. 1.858. O testamento é ato personalíssimo, podendo ser mudado a qualquer tempo. Pressupostos “(... )pessoa capaz de dispor dos seus bens para depois da morte; pessoa capaz de recebê-los; declaração de vontade na forma peculiar exigida pela lei; observância dos limites ao poder de dispor” ( Orlando Gomes, Sucessões, p. 85 ) 33 Capacidade de testar – art. 1860 e 1861 – Capacidade de testar é a condição objetiva para que a pessoa manifeste de forma válida sua vontade em testamento para que produza efeitos após o seu falecimento. – É uma capacidade de exercício, não se confundindo com a capacidade de direito do indivíduo. – Idade mínima: 16 anos (art. 1860, § ún.) Capacidade de testar – art. 1860 e 1861 • Ativa: Art. 1.860. Além dos incapazes, não podem testar os que, no ato de fazê-lo, não tiverem pleno discernimento. Parágrafo único. Podem testar os maiores de dezesseis anos. 34 Base legal Art. 1.848. Salvo se houver justa causa, declarada no testamento, não pode o testador estabelecer cláusula de inalienabilidade, impenhorabilidade, e de incomunicabilidade, sobre os bens da legítima. § 1o Não é permitido ao testador estabelecer a conversão dos bens da legítima em outros de espécie diversa. § 2o Mediante autorização judicial e havendo justa causa, podem ser alienados os bens gravados, convertendo-se o produto em outros bens, que ficarão sub-rogados nos ônus dos primeiros. Art. 1.849. O herdeiro necessário, a quem o testador deixar a sua parte disponível, ou algum legado, não perderá o direito à legítima. Base legal: Capacidade para testar Art. 1.860. Além dos incapazes, não podem testar os que, no ato de fazê-lo, não tiverem pleno discernimento. Parágrafo único. Podem testar os maiores de dezesseis anos. Art. 1.861. A incapacidade superveniente do testador não invalida o testamento, nem o testamento do incapaz se valida com a superveniência da capacidade. 35 Base legal: Espécies de Testamento Art. 1.862. São testamentos ordinários: I - o público; II - o cerrado; III - o particular. Art. 1.863. É proibido o testamento conjuntivo, seja simultâneo, recíproco ou correspectivo. Base legal: Espécies de Testamento Art. 1.886. São testamentos especiais: I - o marítimo; II - o aeronáutico; III - o militar 36 Capacidade testamentária passiva – art. 1798 a 1802 Passiva: Art. 1.798. Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no momento da abertura da sucessão. Art. 1.799. Na sucessão testamentária podem ainda ser chamados a suceder: I - os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, desde que vivas estas ao abrir-se a sucessão; II - as pessoas jurídicas; III - as pessoas jurídicas, cuja organização for determinada pelo testador sob a forma de fundação Capacidade de testar – art. 1860 e 1861 Art. 1.801. Não podem ser nomeados herdeiros nem legatários: I - a pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, nem o seu cônjuge ou companheiro, ou os seus ascendentes e irmãos; II - as testemunhas do testamento; III - o concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver separado de fato do cônjuge há mais de cinco anos; IV - o tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou escrivão, perante quem se fizer, assim como o que fizer ou aprovar o testamento 37 Incapacidade para testar A incapacidade para testar deve sempre ser provada em juízo, em ação de execução de testamento, admitindo-se todos os meios de prova para tal, havendo no entanto, a predominância da documental sobre a testemunhal, devendo-se provar que o manifestante da vontade era portador de uma incapacidade permanente, extensiva a todos os demais atos da vida civil ou acidental, que não decorre sempre de uma anomalia psíquica, mas que no momento da elaboração do testamento o agente não estava em seu perfeito juízo. Formas de testamento • Art. 1.862. São testamentos ordinários: • I - o público; • II - o cerrado; • III - o particular. • Art. 1.886. São testamentos especiais: • I - o marítimo; • II - o aeronáutico; • III - o militar. 38 Formas de testamento • Art. 1.863. É proibido o testamento conjuntivo, seja simultâneo, recíproco ou correspectivo. • Sendo um negócio jurídico unilateral e personalíssimo, o testamento deve necessariamente ser singular, não se admitindo que haja manifestação de vontade conjunta, denominados testamentos de mão comum. • Testamento simultâneo é aquele em que os testadores manifestam a mesma vontade, falando na primeira pessoa do plural; no testamento recíproco, os testadores se beneficiam mutuamente, designando um herdeiro do outro; e no testamento correspectivo “a reciprocidade é declaradamente resultante da interdependência das disposições, dizendo um que deixa para o outro porque este também o institui herdeiro ou legatário”. Restrições à liberdade de testar • Quanto à extensão: A Liberdade de testar é mitigada em razão da existência da Legítima, na forma dos artigos 1845 a 1847 do CCB ; 39 Cálculo da legítima – art. 1847 • O cálculo da legítima é feito sobre o patrimônio líquido da herança, descontadas todas as despesas e as dívidas que porventura tenham sido deixadas pelo falecido ou contraídas pelo espólio, somando-se ainda as doações que tenham sido feitas em vida pelo autor da herança aos seus descendentes. Limites da legítima – Art. 1.848 • Toda manifestação de vontade que incida sobre a parte que exceder aos limites da legítima será considerada uma liberalidade inoficiosa, sendo declarada ineficaz, facultando ao herdeiro lesado ingressar com ação de redução para que obtenha a reintegração da legítima. 40 Limitações – Art. 1.848 • É vedado ao testador converter os bens da herança em bens de qualquer outra natureza; • É permitido ao testador estabelecer gravames aos bens da legítima se houver justa causa declarada em testamento. Gravames • Na forma do artigo 1911, é possível se estabelecer livremente gravames se: a) não existirem herdeiros necessários; b) os gravames forem instituídos sobre a parte disponível. 41 Inalienabilidade • “Pode-se definir a inalienabilidade como sendo uma restrição à faculdade jurídica de alienação que perdura por toda a vida do herdeiro ou legatário. A impenhorabilidade tem por escopo excluir o s bens transmitidos ao herdeiro da possibilidade da penhora”. In CAHALI, F. José; HIRONAKA, Gisela M. Novaes. Ob. citada, p. 356 e 357 Impenhorabilidade • Impenhorabilidade: tem por escopo o afastamento de determinados bens da possibilidade de penhora. Só pode ser oponível em face dos credores do herdeiro instituído. Esta cláusula operará seus efeitos de pleno direito, inclusive tendo por base o artigo 649, I do CPC . Para Cahali e Hironaka, esta cláusula pode ser instituída independentemente da cláusula de inalienabilidade, podendo ser aposta aos bens alienáveis. 42 Incomunicabilidade • Quando à incomunicabilidade, segundo Orlando Gomes, “consiste ela em impedir que integrem a comunhão estabelecida pelo casamento; os bens assim clausulados formarão patrimônio exclusivo do cônjuge ou passarão a compô-lo, se já o possui”. Levantamento dos gravames • Se provenientes da legítima: Art. 1848, § 2º • Se livremente estabelecidos: Artigo 1911, § único do CCB, que prevê a possibilidade de alienação do bem por “conveniência econômica” do herdeiro, desde que autorizada judicialmente. • Procedimento nos dois casos: Alvará Judicial, procedimento de jurisdição voluntária através do qual se requererá o levantamento do gravame e a sua sub-rogação para outro bem a ser adquirido pelo seu titular. 43 Restrições à liberdade de testar • Quanto ao conteúdo, a liberdade de testar está adstrita aos limites da lei, tais como: • Impossibilidade de estabelecer a conversão dos bens da Legítima ( art. 1.848, § 1° do CCB4 ) • Limitação quanto à instituição de cláusulas restritivas, na forma do artigo 1.848 do CCB; • Vedação da instituição do herdeiro a termo, salvo nas hipóteses de fideicomisso; • Nulidade das disposições que contrariem o disposto no artigo 1.900 do CCB. Conversão dos bens da legítima • Quanto ao conteúdo, a liberdade de testar está adstrita aos limites da lei, tais como: • Impossibilidade de estabelecer a conversão dos bens da Legítima ( art. 1.848, § 1° do CCB4 ) • Limitação quanto à instituição de cláusulas restritivas, na forma do artigo 1.848 do CCB; • Vedação da instituição do herdeiro a termo, salvo nas hipóteses de fideicomisso; • Nulidade das disposições que contrariem o disposto no artigo 1.900 do CCB. 44 Exclusão da sucessão legitima e testamentária Indignidade – Arts. 1.814 a 1.818 É uma sanção civil àquele herdeiro (legítimo ou testamentário) que cometa atos criminosos ou reprováveis contra o de cujus. Ao contrário da deserdação, a indignidade não decorre da vontade expressa do falecido mas sim, de uma determinação da lei. Tal instituto se baseia num princípio de ordem pública, pois é socialmente reprovável que alguém suceda à outra pessoa após tê-la lesado. 45 Indignidade • Hipóteses: artigo 1814 • A indignidade traz um rol numerus clausus. • Reconhecimento da indignidade - Esta sanção da lei só é aplicável mediante provocação das pessoas interessadas e para que a indignidade se constitua é necessário o seu reconhecimento por sentença declaratória, proferida em ação ordinária. • Enunciado 116 – Art. 1.815: o Ministério Público, por força do art. 1.815 do novo Código Civil, desde que presente o interesse público, tem legitimidade para promover ação visando à declaração da indignidade de herdeiro ou legatário. Indignidade • Efeitos pessoais – Os descendentes do indigno sucedem como se ele morto fosse, pois esta sanção civil não poderá passar de sua própria pessoa. ( art. 1.816 ) • Restituição dos frutos e rendimentos – Uma vez excluído da sucessão, impõe-se ao herdeiro a obrigação de restituir os frutos e rendimentos dos bens da herança que eventualmente tiver recebido. ( art. 1.817, § ún. ) • Validade dos atos praticados antes da sentença – Segundo o art. 1.817, os atos praticados pelo indigno antes da exclusão são válidos, face o princípio da proteção ao terceiro de boa-fé. Contudo, os herdeiros que se sintam prejudicados com tais atos poderão demandar perdas e danos em face do indigno. 46 Indignidade: PROVA • Apelação cível. Ação de deserdação. Causa legal. Prova ausente. Recurso não provido. 1. Conforme dispõe o art. 1.965 do Código Civil de 2002, o herdeiro instituído, ou qualquer outra pessoa a quem a deserdação aproveite, tem o ônus de provar a veracidade da causa invocada. 2. Ausente prova da causa autorizadora da deserdação, revela-se correta a sentença que rejeitou a pretensão no sentido de ser confirmada a deserdação. 3. Apelação cível conhecida e não provida. • TJ/MG, Apelação cível. 1.0338.03.014052-3/001, Rel. Des.(a) CAETANO LEVI LOPES, J. 13/03/2007 Exclusão da herança x meação • DIREITO DE SUCESSÕES - EXCLUSÃO DA SUCESSÃO - HERDEIRO - HOMICÍDIO DOLOSO PRATICADO CONTRA CÔNJUGE - POSSIBILIDADE - EXCLUSÃO DA MEAÇÃO - IMPOSSIBILIDADE. 1 - Podem ser excluídos da sucessão por indignidade os herdeiros e legatários, ""ex vi"" do art. 1.814 do Código Civil. 2 - A meação pertence ao cônjuge por direito próprio, sendo inviável, portanto, a extensão da pena de exclusão do cônjuge herdeiro, em razão de indignidade (art. 1.814, inc. I, do Código Civil), ao direito do réu, decorrente do regime de bens adotado no casamento. 3 - Recurso parcialmente provido. Súmula:DERAM PROVIMENTO PARCIAL AO RECURSO. TJ/MG, Ap. Cível nº 1.0024.08.957264-8/00, Rel. Des.(a) EDGARD PENNA AMORIM, J. 22/07/2010 47 Suspensão da ação declaratória de indignidade • AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DECLARATÓRIA DE EXCLUSÃO DE HERDEIRO POR INDIGNIDADE - PROCESSO CRIMINAL EM CURSO - SUSPENSÃO DO PROCESSO NA ESFERA CÍVEL - POSSIBILIDADE - ARTIGO 265, INCISO IV, ALÍNEA A,DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL - QUESTÃO PREJUDICIAL - DECISÃO MANTIDA. 1 - À inteligência do artigo 265, inciso IV, alínea a, do Código de Processo Civil, suspende-se o processo quando a sentença de mérito depender do julgamento de outra causa, ou da declaração da existência ou inexistência da relação jurídica, que constitui o objeto principal de outro processo pendente. 2 - Recurso a que se nega provimento. – TJ/MG, AI nº 1.0024.05.700806-2/001, Rel. Des.(a) BATISTA FRANCO, J. 07/02/2006 Deserdação – Arts. 1961 a 1965 • “É o ato através do qual o testador afasta de sua sucessão um herdeiro necessário”. 48 Deserdação • instituição em testamento; • causa expressa em lei; • proposta em ação ordinária, de natureza declaratória, trazendo para os descendentes do deserdado o direito de representação, pois os efeitos da sentença de deserdação são ex tunc, retroagindo até o dia da abertura da sucessão. Deserdação • Para produzir seus efeitos deverá estar prevista cláusula clara, em testamento regular, válido e eficaz, sendo argüida através de ação ordinária, por aquele herdeiro que se beneficiar com a deserdação. A este herdeiro caberá o ônus de provar a conduta do “deserdado”. A deserdação nunca será presumida. 49 Deserdação • APELAÇÃO - AÇÃO DE EXCLUSÃO DE HERDEIRA NECESSÁRIA - ADOÇÃO "À BRASILEIRA" DESERDAÇÃO.AGRAVO RETIDO - DESPROVIMENTO. PROVA PERICIAL PRETENDIDA QUE SE MOSTRA DESNECESSÁRIA AO DESLINDE DA CAUSA.AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE INJÚRIA GRAVE E DESAMPARO DA "DE CUJUS" DURANTE ENFERMIDADE -DESPROVIMENTO DO RECURSO.Se a própria ré não nega que a falecida tinha dificuldade de locomoção por excesso de peso, sofria de diabetes e padecia dos males naturais de pessoa idosa, desnecessária é a prova pericial que pretende comprovar a existência de doença grave que acometia a testadora nos anos anteriores ao óbito.A ação de deserdação não se mostra hábil ao reconhecimento de nulidade de registro de nascimento, que, além de não requerido na inicial, nem mesmo foi buscado pela "de cujus", embora tivesse mencionado, em seu testamento, que a herdeira necessária não era sua filha biológica. ... Deserdação • ...Cabia à autora - o que não logrou fazer - comprovar a apontada prática, por parte da ré, de injúria grave contra sua mãe adotiva, a qual não se confunde com o clima de frieza que havia entre esta e aquela desde a tenra idade da ré, assim como a ocorrência do alegado abandono da mãe pela filha durante o período de doença, ou qualquer nexo de causalidade entre a ausência de contato que findou por existir entre ambas e as doenças constatadas como causa da morte, quando a testadora já tinha 93 (noventa e três anos).Hipóteses que autorizariam a deserdação não configuradas.Desprovimento do recurso. • Ap. Cível nº 2009.001.27451 -DES. MARIA HENRIQUETA LOBO - Julgamento: 26/08/2009 - SETIMA CAMARA CIVEL 50 Deserdação • Apelação Cível.Ação Declaratória. Filho Adotivo. Deserdação Ação proposta pelos herdeiros instituídos da Testadora, buscando comprovar as alegadas causas que motivaram a Testadora a deserdar o filho adotivo.Prova existente nos autos suficiente no sentido de caracterizar conduta indigna do herdeiro deserdado. Agressões físicas pelo mesmo praticadas contra a Testadora, o que configura a ocorrência da violação do disposto no artigo 1962 do Código Civil. Contemporaneidade da escritura de deserdação com a existência de registro policial de ocorrência dos maus tratos impostos pelo deserdado à testadora .Sentença que julgou procedente o pedido inicial, excluindo o herdeiro réu e ora apelante da sucessão de sua mãe adotiva, em perfeita harmonia com a legislação civil aplicável - artigo 1962, I do Código Civil. • Ap. Cível nº 2009.001.05870 – Rel. DES. AZEVEDO PINTO - Julgamento: 17/06/2009 - DECIMA TERCEIRA CAMARA CIVEL Deserdação • DESERDACAO – INTERPRETACAO RESTRITIVA – DENUNCIACAO CALUNIOSA INJURIA GRAVE NAO CONFIGURACAO - IMPROCEDENCIA DO PEDIDO. APELAÇÃO CÍVEL. DESERDAÇÃO. ACUSAÇÃO CALUNIOSA EM JUÍZO. CRIMES CONTRA A HONRA. INJÚRIA GRAVE. Não comprovação do comportamento criminoso ou ilícito. Pedido de Remoção de Inventariança e de Interdição do de cujus. Exercício regular do direito de ação. Veiculação dos fatos debatidos em juízo através da imprensa. Ausência de comprovação. 'Se a causa invocada não corresponder, exatamente, a alguma das mencionadas no Código Civil, arts. 1.814, 1.962 e 1.963, será inoperante a deserdação, e o testamento será nulo quanto à porção da legítima, subsistindo, somente, as disposições que couberem na metade disponível.' A deserdação é medida extrema que implica em restrição de direitos. Interpretação que não admite analogias ou ampliação das possibilidades. Manutenção da sentença de improcedência. DESPROVIMENTO DO RECURSO. • TJ/RJ, Ementário: 42/2008 - N. 9 - 13/11/2008, Ap. Cível nº 2008.001.49698 - DES. LEILA MARIANO - Julgamento: 08/10/2008 - SEGUNDA CAMARA CIVEL 51 Redução das disposições testamentárias – Art. 1966 a 1968. • FINALIDADE: Garantir a intangibilidade da legítima. • Havendo violação à legítima que caracterize excesso na manifestação de vontade emanada do “de cujus”, poderão os herdeiros necessários ou qualquer daqueles que estejam sub-rogados em seus direitos ou créditos ou os credores do herdeiro lesado, requerer no curso do processo de inventário ou através de ação própria, denominada “actio in rem scripta”, a anulação das partes das disposições que sejam fruto da liberalidade excessiva do testador. Esta ação somente deverá ser proposta após a abertura da sucessão, uma vez que nossa lei adorou o critério da atualidade Caducidade 52 Hipóteses de caducidade: • Exclusão do herdeiro por indignidade; • Repúdio da herança pelo herdeiro ou legatário; • Inadimplemento de condição suspensiva imposta pelo testador; • Pré-morte do herdeiro instituído; Hipóteses de caducidade: • Modificação ou perecimento da coisa legada por caso fortuito ou força maior – se perecer a coisa por culpa do herdeiro, tem o legatário direito às perdas e danos; • Testamento especial, quando o testador não vier a falecer e não ratificar sua manifestação de vontade. 53 Caducidade dos legados Art. 1.939. Caducará o legado: I - se, depois do testamento, o testador modificar a coisa legada, ao ponto de já não ter a forma nem lhe caber a denominação que possuía; II - se o testador, por qualquer título, alienar no todo ou em parte a coisa legada; nesse caso, caducará até onde ela deixou de pertencer ao testador; Caducidade dos legados IV - se o legatário for excluído da sucessão, nos termos do art. 1.815; V - se o legatário falecer antes do testador. Art. 1.940. Se o legado for de duas ou mais coisas alternativamente, e algumas delas perecerem, subsistirá quanto às restantes; perecendo parte de uma, valerá, quanto ao seu remanescente, o legado. 54 Efeitos da caducidade: • Não havendo disposição em contrário do testador, trazendo alternativa à cláusula objeto da caducidade, a sucessão se dará através da previsão legal para a sucessão legítima. Direito de acrescer: Previsão legal • Art. 1.941. Quando vários herdeiros, pela mesma disposição testamentária, forem conjuntamente chamados à herança em quinhões não determinados, e qualquer deles não puder ou não quiser aceitá-la, a sua parte acrescerá à dos co-herdeiros, salvo o direito do substituto. • Art. 1.942. O direito de acrescer competirá aos co- legatários, quando nomeados conjuntamente a respeito de uma só coisa, determinada e certa, ou quando o objeto do legado não puder ser dividido sem risco de desvalorização. 55 Direito de acrescer: Previsão legal • Art. 1.943. Se um dos co-herdeiros ou co-legatários, nas condições do artigo antecedente, morrer antes do testador; se renunciar a herança ou legado, ou destes for excluído, e, se a condição sob a qual foi instituído não se verificar, acrescerá o seu quinhão, salvo o direito do substituto, à parte dos co-herdeiros ou co- legatários conjuntos. • Parágrafo único. Os co-herdeiros ou co-legatários, aos quais acresceu o quinhão daquele que não quis ou não pôde suceder, ficam sujeitos às obrigações ou encargos que o oneravam. • Art. 1.944. Quando não se efetua o direito de acrescer, transmite-se aos herdeiros legítimos a Direito de acrescer: Previsão legal • Art. 1.944. Quando não se efetua o direito de acrescer, transmite-se aos herdeiros legítimos a quota vaga do nomeado. • Parágrafo único. Não existindo o direito de acrescer entre os co-legatários, a quota do que faltar acresce ao herdeiro ou ao legatário incumbido de satisfazer esse legado, ou a todos os herdeiros, na proporção dos seus quinhões, se o legado se deduziu da herança. 56 Direito de acrescer: Previsão legal • Art. 1.945. Não pode o beneficiário do acréscimo repudiá- lo separadamente da herança ou legado que lhe caiba, salvo se o acréscimo comportar encargos especiais impostos pelo testador; nesse caso, uma vez repudiado, reverte o acréscimo para a pessoa a favor de quem os encargos foram instituídos. • Art. 1.946. Legado um só usufruto conjuntamente a duas ou mais pessoas, a parte da que faltar acresce aos co- legatários. • Parágrafo único. Se não houver conjunção entre os co- legatários, ou se, apesar de conjuntos, só lhes foi legada certa parte do usufruto, consolidar-se-ão na propriedade as quotas dos que faltarem, à medida que eles forem faltando.