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Epistem. Leibniz

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Enviado por Julia Caciano em

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Leibniz (1646 – 1716)
Gottfried Wilhelm Leibniz nasceu em Leipzig, a 1º de julho de 1646, filho de um professor de filosofia moral. Na biblioteca paterna obteve contato com os escritos de Platão, Aristóteles, e toda a filosofia e teologia escolásticas. Na escola aprendeu sobre Bacon, Hobbes, Galileu e Descartes. Em 1676, encontrou-se com Espinosa, com quem discutiu problemas metafísicos.
Racionalismo e Finalismo
Leibniz buscava uma conciliação entre os diferentes credos religiosos da época e tinha como objetivo uma cultura que abrangesse todas as nações. Dentre sua extensa obra cita-se: Monadologia, Novos Ensaios Sobre o Entendimento Humano, O que é Ideia, Correspondência com Arnauld,Sobre o Verdadeiro Método em Filosofia e Teologia, Sobre a Origem Radical das Coisas.
Para compreensão de sua filosofia, deve-se tomar como base dois temas provenientes de fontes distintas: um da filosofia de Descartes, outro de Aristóteles e da escolástica medieval. Descartes forneceu-lhe o ideal de uma explicação matemática do mundo, enquanto Aristóteles, a concepção de que o universo está organizado de maneira teleológica, ou seja, tudo aquilo que acontece cumpre certos fins.
Estas duas doutrinas foram sintetizadas e apareceram unificadas na concepção de Deus. Para Leibniz, a vontade do Criador (na qual se fundamenta o finalismo) submete-se ao Seu entendimento (racionalismo); Deus não rompe a Sua lógica e age sem razões, pois isto constitui Sua natureza imutável. Por consequência, o mundo criado por Deus está impregnado de racionalidade, cumprindo objetivos próprios da mente divina.
A síntese entre o racionalismo cartesiano e o finalismo aristotélico tem como núcleo alguns princípios, eis: o princípio da razão (consiste em submeter toda e qualquer explicação ao mínimo a duas exigências: o caráter não-contraditório – razão necessária; e a coisa em questão também deve existir realmente – razão suficiente); o princípio do melhor (Deus calcula todos os mundos possíveis, mas faz existir o melhor deles); o princípio da continuidade (a natureza não dá saltos, não há vazios no espaço, não há descontinuidade na hierarquia dos seres); e o princípio dos indiscerníveis (não há no universo dois seres idênticos, e essa diferença é intrínseca, ou seja, cada ser é em si diferente de qualquer outro).
A Monadologia
Enquanto Descartes formula uma concepção geométrica e mecânica dos corpos, Leibniz constrói uma concepção dinâmica. Nesse sentido, explica os seres não como máquinas que se movem, mas como forças vivas: “Os corpos materiais, por sua resistência e impenetrabilidade, revelam-se não como extensão, mas como forças; por outro lado, a experiência indica que o que se conserva num ciclo de movimento não é – como pensava Descartes – a quantidade de movimento, mas a quantidade de força viva.” A partir da noção de matéria como essencialmente atividade, Leibniz chega à ideia de que o universo é composto por unidades de força, as mônadas, noção fundamental de sua metafísica.
As notas que caracterizam as mônadas leibnizianas são: a percepção (pela percepção as mônadas representam as coisas do universo); a apercepção (a capacidade que a mônada espiritual tem de auto-representar-se, isto é, de refletir); a apetição (a tendência de cada mônada de fugir da dor e desejar o prazer, passando de uma percepção para outra); e a expressão (as mônadas, não tendo “portas nem janelas”, não recebem seus conhecimentos de fora, mas têm o poder interno de exprimir o resto do universo, a partir de si mesmas).
O Melhor dos Mundos Possíveis
Para Leibniz, os atos de cada mônada foram antecipadamente regulados de modo a estarem adequados aos atos de todas as outras; isso constituiria a harmonia preestabelecida.
A doutrina leibniziana da harmonia preestabelecida sustenta que Deus cria as mônadas como se fossem relógios, organiza-os com perfeição de maneira a marcarem sempre a mesma hora e dá-lhes corda a partir do mesmo instante, deixando em seguida que seus mecanismos operem sozinhos. Assim, Deus teria colocado em cada mônada, no instante da criação, todas as suas percepções, criando-as de tal modo que cada uma se desenvolve como se estivesse só; seu desenvolvimento, todavia, corresponde, a cada instante, exatamente ao de todas as outras. Graças a essa harmonia preestabelecida, os pontos de vista de cada mônada sobre o universo concordariam entre si. Coloca-se a questão: como explicar a presença do mal no mundo?
Leibniz tentou responder a esse problema, afirmando inicialmente que o mal se manifesta de três modos: metafísico, físico e moral. O mal metafísico é a imperfeição inerente à própria essência da criatura, pois se ela não fosse imperfeita, seria o próprio Deus. O mal metafísico é a raiz do mal moral, pois aquilo que é perfeito pode contemplar o Bem, sem possibilidade de erro, mas uma substância imperfeita não é capaz de aprender o todo, tem percepções inadequadas e se deixa envolver pelo confuso. O mal físico é entendido como consequência do mal moral, podendo ser considerado, ao mesmo tempo uma consequência física de limitação e uma consequência ética, isto é, de punição do pecado. Deus autoriza o sofrimento porque este é necessário para a produção de um Bem Superior: “Experimenta-se suficientemente a saúde, sem nunca se ter estado doente?”
A teoria do Mal, formulada por Leibniz, concluiria assim sua tentativa de síntese sistemática de uma filosofia que concebe o mundo como rigorosamente racional e como o melhor dos mundos possíveis. 
Na evolução da psicologia experimental
A Monadologia de Leibniz será o princípio sobre o qual irá sustentar-se toda uma escola psicológica, chamada de psicologia do ato, como seu representante tem-se Franz Brentano.
Brentano (1838 – 1917) teve como marca de sua existência o oposicionismo. Como padre, opôs-se ao princípio de infalibilidade do papa. Como filósofo, discordou do empirismo, do racionalismo e do criticismo kantiano. Como psicólogo, rejeitou a tese associacionista acerca do conteúdo da consciência como algo permanentemente real, assim como as ideias de Wundt sobre a consciência como epifenômeno, portanto reduzida ao fisiológico.
Brentano retomou a alma como objeto de estudo da psicologia, porém referiu-se a esta como um substrato substancial de representações, de sensações, de imagem, de lembranças, de esperanças. Denominou a todas estas vivências de fenômenos psíquicos, e como tais são intencionados. São atos que se referem a objetos exteriores e os objetos são constantes aos atos mentais. A intenção, constituindo-se na propriedade essencial da vida consciente, vai indicar uma direção ou uma tensão da consciência para o objeto.
Sua psicologia é, pois, uma psicologia do ato. Quando se vê uma cor, a cor em si não é mental, é o ver, o ato, que é mental. Mas o ato de ver não tem sentido, se não consiste em ver alguma coisa. O ato se refere a um objeto que ele contenha intencionalmente.
A consciência na psicologia do ato vai diferir da consciência cartesiana, uma vez que esta se desdobra sobre si mesma e aquela tende sempre para algo no mundo.
As ideias de Brentano vão dar início a uma psicologia que irá buscar as propriedades da consciência através da experiência interna. A partir da sistematização de sua teoria vai surgir a psicologia de Gestalt, a teoria de Lewin, a psicologia fenomenológica, enfim toda psicologia cuja ênfase recaia sobre a consciência com sua característica essencial: a intencionalidade.
Bibliografia
Coleção Os pensadores: Leibniz (Vida e Obra; consultoria Marilena de Souza Chauí) - Editora Nova Cultural - Ano 2000 - São Paulo
Tratado de Psicologia Experimental (volume I – 2ª edição) - Paul Fraisse e Jean Piaget – Editora Forense – Ano 1972 – Rio de Janeiro
http://www.existencialismo.org.br/jornalexistencial/anainfluencia.htm

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