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~ FIPECAfI ~ CUltUM Cont<1bU. Alva,.;"I,; Anar.c:E;f'3 FUN DA<;:AO INSTITUTO DE PES Q1J ISAS CONTAB EIS. ATUARJ AIS E FINAN CEIRAS, FEAlUSP MANUALDE CONTABILIDADE ---SOCIETARIA APLICAvEL A TODAS AS SOCIEDADES DE ACORDO COM AS NORMAS INTERNAClONAIS E DO crc SERGIO DE IUDlciBUS ELISEU MARTINS ERNESTO RUBENS GELBCKE ARIOVALDO DOS SANTOS MANUAL DE CONTABI LIDADE SOCI HARIA· APLI CAvEL A TODAS AS SOC IEDADES Em 1977. logo ap6s a revolu~ao contabil do soculo passado no Brasil traz ida pela ed i ~ao da Lei das S.A. (nO 6.404/76). a Fipecafi foi procurada pela CVM para editar 0 Manual de contabifidade das sociedades por ap5es, que visava orientar as empresas, os profissionais e 0 mercado em geral a respeito de tamas e importantes evolu~6es, ja que praticamente tuda 0 que havia de novidade em materia conrabil nessa lei ja vinha sendo pesquisado e ensinado no Departamento de Contabi lidade e Atua ria da FEA/USP. A part ir principaimeme de ]990, com a criac;ao da Comissao Consultiva de Normas Contabeis da CVM (presen<;:a, alem da CVM, da Fipecafi, do Ibracon, do CFC, da Apimec e da Abrasca), essa autarquia passou a emitir urn grande conjunto de normas ja convergentes as do LASS, dentro dos limites que a Lei permitia, e aquele Manual as foi incorporando ao longo de va rias edic;6es. Diversas evoluc;6es outras foram tam bern sendo inseridas. Com a ed i ~ao das Leis n'" 11.638/ 07 e 11 .941/09 (esta transformando em lei a MP nO 449/08) e com a c ria~ao do CPC - Comite de Pronunciamentos Contabeis - em 2005, produziu-se, durante 2008 e 2009, enorme conjunto de novas normas, aprovadas pela CVM e pelo CFC, agora com a convergencia completa as normas internacionais de contabilidade (lASB). E essa esra sendo a grande revoluc;ao conrabil deste secu lo no nosso pais. Em fun<;ao de tao grande transforma<;ao, a Fipecafi deliberou por cessar a edic;ao daquele Manual e produzir este outro, total mente conforme os Pronunciamentos, as InterpretaC;6es e as Orienta<;6es do CPC e conforme as norm as internacionais de contabilidade emitidas pelo lASS. Ao grupo de autores do Manual anterior agregou-se 0 Prof. Ariovaldo dos Santos, que tam bern tern dedicado enorme parte de sua vida como profi ssional e como academ ico ao desenvolvimento da contabilidade brasileira. NOTA SOBRE OS AUTORES Sergio de ludicibus e professor emerita da FEA/USP, professor do Mestrado em Ciencias Contabeis e Financeiras da PUC de Sao Paulo e presidente do Conselho Curador da Fipecafi. Coordenador e coautor dos iivros Contabilidade introdutoria e Teoria avanfada da contabifidade. Autor de A1uHise de balanfos, Amilise de custos, Contabilidade gerencial e Teoria da contabilidade e coautar de Contabilidade comercial, Curso de contabiIidade para nao contadores, Dicionario de termos de contabilidade, lntrodu fiio a teoria da contabilidade, Manual de con- tabilidade para nao contadores e Tributafao e politica tributaria, todos publicados pela Atlas. Eliseu Martins e tambem professor emerita da FEA/USP. Autor dos livros Contabilidade de custos e AmHise da correfao rnonetaria das de- monstrafOes financeiras, coautor de Contabilidade introdut6ria, Manual de norrnas internacionais de contabilidade (Ernst & Young & Fipecafi), Adrninistrafao financeira, Aprendendo contabilidade ern rnoeda constante e Contabifidade de custos e coautor e organizador de Avaliap5es de ernpre- sas, pubJicados pela Atlas, alem de coauror de Manuais de contabilidade e de custos de diversas instituiC;6es financeiras. Ex-diretor da CVM. Ernesto Rubens Gelbcke e socia da Directa Auditares e empresas Directa Alliance que inregram desde 2009 a rede internacional PKE Professor da FEA/USP ate 2003 e posteriormente da Fipecafi. Atuante no desenvolvimento das normas contabeis e de auditoria via Ibracon, CFC e Comissao Consulriva da CVM e internacionalmente via lASC/lASS e IFAC. Membro do Comite de Pronuncia- mentos Contabeis (CPC), sen do atualmente Vice-Coordenador Tecnico. Autor de pareceres e estudos tecnicos sobre temas conra- beis, de auditoria e de governanc;a. Ariovaldo dos Santos e professor titular do Departamento de Conrabilidade e Atuaria da FEAJUSp, autor do livro Demonstrafao do valor adiciollado, e coautor de Aprendendo contabilidade em moeda cOllstallte, Retorno de investimento e Contabilidade das sociedades cooperativas. Autor de inumeros trabalhos publicados em revistas especializadas e cientificas, alem de parecerisra em assuntos relacionados a contabilidade societaria. Ex-Presidente da Fipecafi, ex-chefe do EAC/FEA/USP e Coordenador Tecnico da revista Melhores e Maiores desde 1996. APL1CA~AO Texto complementar para as discipiinas COlltabilidade Geral, COl1tabilidade Comercial, Contabilidade l1aermediaria, COlltabilidade Avanrada, Teoria da Contabifidade, COl1tabilidade Internacional e Estrutura e Analise de Balanfos dos cursos de Ciencias Conrabeis e Administrac;ao. Leitura de re levancia profissional para consulta e atualizac;ao. FIPECAFI Fundac;ao Instituto de Pesquisas Contabeis, Atuariais e Financeiras. FEA/USP Manual de Contabilidade Societaria Apliccivel a todas as sociedades De acordo com as normas internacionais e do epe Sergio de Iudfcibus Eliseu Martins Ernesto Rubens Gelbcke Ariovaldo dos Santos sAo PAULO EDITORA ATLAS S. A. - 2010 © 2010 by Editora Atlas S. A. 1. ed. 2010; 2. reimpressao Capa: Leonardo Hennano Composi~ao: Lino~Jato Editora~ao GrMica Dados Intemacionais de Cataloga¢o na Publica~ao (CIP) (Camara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Manual de contabilidade societaria/ Sergio de Iudicibus ... let. al.l. -- Sao Paulo: Atlas, 2010. Outros autores: Eliseu Martins, Ernesto Rubens Gelbcke, Ariovaldo dos Santos FIPECAFI - Fundac;ao Instituto de Pesquisas Contaheis, Atuariais e Financeiras, PEA/USP. Bibliografia. ISBN 978-85-224-5912-4 1. Empresas - Contabilidade 2. Sociedades anonimas - Contabilidade I. Iudicibus, Sergio de. II. Martins, Eliseu. III. Gelbcke, Emesto Rubens. rv. Santos, Ariovaldo dos. 10-02219 CDD-657.92 indice para cataIogo sistematico: 1. Contabilidade societaria 657.92 TODOS OS DIREITOS RESERVADOS - E proibida a reprodu~ao total ou parcial, de qualquer forma ou por qualquer meio. A viola~ao dos direitos de autor (Lei n' 9.610/98) e crime estabelecido pelo artigo 184 do Codigo Penal. Deposito legal na Biblioteca Nacional confortne Decreto n' 1.825, de 20 de dezembro de 1907. Impressa no BrasiVPrinted in Brazil Editora Atlas S. A. Rua Conselheiro Nebias, 1384 (Campos Elisios) 01203-904 Sao Paulo (SP) Tel.: (0 __ 11) 3357-9144 (PABX) www.EditoraAtlas.com.br Prefcicio, xxvii 1 No~oes introdut6rias, 1 1.1 Introdu~iio, 1 Sumario 1.2 Contabilidade, fisco e legisla~6es especificas, 1 1.3 Resumo das demonstra~6es contabeis e outras informa~6es, 2 1.3.1 Relat6rio da administra~iio, 2 1.3.2 Balan~o Patrimonial (BP), 2 1.3.2.1 Classifica~iio das contas, 2 1.3.2.2 Criterios de avalia~iio, 3 1.3.3 Demonstra~iio do Resultado do Exercfcio (DRE) e Demonstra~iio do Resultado Abrangente (DRA), 4 1.3.4 Demonstra~6es das Muta~6es do Patrimonio Uquido (DMPL) e de Lueros ou Prejuizos Acumulados, 4 1.3.5 Demonstra~iio das Origens e Aplica~6es de Recursos (DOAR), 5 1.3.6 Demonstra~iio dos Fluxos de Caixa (DFC), 5 1.3.7 Demonstra~iio do Valor Adicionado (DVA), 5 1.3.8 Demonstra~6es comparativas, 5 1.3.9 Consolida~iio das demonstra~6es contabeis, 6 1.3.10 Demonstra~6es contabeis "separadas", 6 1.3.11 Notas explicativas, 6 1.3.12 Parecer do Conselho Fiscal, 6 1.3.13 Relat6rio do comite de auditoria, 6 1.3.14 Parecer dos Auditores Independentes, 7 1.3.15 Balan~o Social, 7 1.3.16 Fatos relevantes, 8 1.4 Aspectos complementares da Lei das Sociedades por A~6es, 8 1.4.1 Conformidade com as praticas contabeis brasileiras, 8 1.4.2 Agrupamento e destaque de contas, 9 1.4.3 Compensa~iio de saldos, 9 vi Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos 1.4.4 Apresenta~iio em milhares de unidades monetarias, 10 1.4.5 Periodicidade, 10 1.4.6 Identifica~iio das demonstra~6es contabeis, 10 1.4.7 Meios de divulga~iio, 10 1.5 Efeitos da infla~iio, 10 1.6 Codigo Civil, 12 1. 7 A cria~iio do CPC - Comite de Pronunciamentos Contabeis, 14 1.7.1 Documentos Emitidos pelo CPC, 16 1.7.2 Rela~iio entre os documentos emitidos pelo CPC e pelo IASB, 20 1.8 Promulga~iio das Leis n'" 11.638/07 e 11.941/09 eMP 449/08) e a independencia da contabilidade bra- sileira, 20 1.9 Normas internacionais de contabilidade: principais caracteristicas e consequencias, 21 1.10 Situa~ao brasileira e 0 mundo: balan~os individuais e consolidados, 23 1.11 Regime tributario de transi~iio, 24 1.12 Pequena e media empresa: pronunciamento especial do CPC, 25 1.13 Homenagens, 29 2 Estrutura conceitual da contabilidade, 31 2.1 Introdu~iio, 31 2.2 0 pronunciamento conceitual hasico: estrutura conceitual para a elabora~iio e apresenta~ao das demons- tra~6es contabeis, 32 2.3 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 48 3 Disponibilidades - caixa e equivalentes de caixa, 49 3.1 Introdu~iio, 49 3.2 Conteudo e classifica~iio, 50 3.2.1 Caixa, 50 3.2.2 Depositos bancarios a vista, 50 3.2.3 Numerario em transito, 52 3.2.4 Aplica~6es de liquidez imediata, 52 3.3 Criterios de avalia~iio, 52 3.3.1 Geral,52 3.3.2 Saldos em moeda estrangeira, 52 3.4 Tratamento para pequenas e medias empresas, 53 4 Contas a receber, 54 4.1 Conceito e conteudo, 54 4.2 Clientes, 54 4.2.1 As contas e sua classifica~iio, 54 4.2.2 Duplicatas a receber, 55 4.2.3 Perdas estimadas em creditos de liquida~ao duvidosa, 56 4.2.4 Securitiza~iio de recebiveis, 67 4.3 Outros creditos, 67 4.3.1 Conceito e criterios contabeis, 67 4.3.2 Titulos a receber, 68 4.3.3 Cheques em cobran~a, 68 4.3.4 Dividendos a receber, 68 4.3.5 Bancos - Contas vinculadas, 69 4.3.6 Juros a receber, 69 4.3.7 Adiantamentos a terceiros, 69 4.3.8 Creditos de funcionarios, 69 4.3.9 Tributos a compensar e recuperar, 70 4.3.10 Depositos restituiveis e valores vinculados, 71 4.3.11 Perdas estimadas, 71 4.4 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 71 5 Estoques, 72 5.1 Introdu~ao, 72 5.2 Conteudo e plano de contas, 72 5.2.1 Conceito e classifica~ao, 72 5.2.2 Compras em transito, 73 5.2.3 Pe~as e materiais de manuten~ao, 73 5.2.4 Materiais destinados a obras, 73 5.2.5 Pe~as de reposi~ao de equipamentos, 73 5.2.6 Elenco sugerido de contas, 73 5.3 Criterios de avalia~ao, 76 5.3.1 Criterio basico, 76 5.3.2 Apura~ao do Custo, 77 5.3.3 Apura~ao do valor realizavelliquido, 88 5.3.4 0 ICMS e os estoques, 90 5.3.5 0 PIS/Pasep, a Cofins e os estoques, 92 5.3.6 Mudan~a nos metodos de avalia~ao, 92 5.3.7 Baixa dos estoques, 92 5.4 Aspectos fiscais, 92 5.4.1 Topicos principais, 92 5.4.2 Contabilidade de custos integrada e coordenada, 93 5.5 Inventario fisico e controles, 94 5.6 Notas explicativas, 94 5.7 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 94 6 Ativos especiais e despesas antecipadas, 95 6.1 Ativos especiais, 95 6.1.1 Plano de contas, 96 6.1.2 Avalia~ao, 97 6.1.3 Notas explicativas, 97 6.2 Despesas antecipadas, 97 6.2.1 Conceito, 97 6.2.2 Conteudo e classifica~ao, 97 6.2.3 Plano de contas, 98 6.2.4 Criterios de avalia~ao, 99 6.3 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 99 7 Realizavel a longo prazo (nao circulante), 100 7.1 Conceito e classifica~ao, 100 7.2 Conteudo das contas e sua ava1ia~ao, 101 7.2.1 Plano de contas, 101 7.2.2 Creditos e valores, 101 Sumario vii viii Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos 7.2.3 Investimentos temporarios a longo prazo, 104 7.2.4 Despesas antecipadas, 104 7.3 Ajuste a valor presente, 104 7.3.1 Discussao geral, 104 7.3.2 A mudan~a de lei e 0 CPC, 105 7.3.3 Contabiliza~ao do ajuste a valor presente para contas ativas, 107 7.3.4 Contabiliza~ao do ajuste a valor presente para contas passivas, 107 7.4 Classifica~ao no balan~o, 108 7.5 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 108 8 Instrumentos financeiros, 109 8.1 Introdu~ao e escopo, 109 8.2 Passivos financeiros e instrumentos patrimoniais, 112 8.3 Reconhecimento e desreconhecimento, 112 8.3.1 Securitiza~ao de recebiveis, 119 8.3.1.1 Securitiza~ao via SPE, 119 8.3.1.2 FIDC, 121 8.3.1.3 Reconhecimento de direitos creditorios, 122 8.3.1.4 Consolida~ao das SPEs/FIDCs, 123 8.4 Mensura~ao, 124 8.4.1 Opera~6es de Swap, 127 8.4.2 Contratos a termo e futuros, 129 8.5 Recuperabilidade, 132 8.5.1 Ativos financeiros contabilizados pelo custo amortizado, 133 8.5.2 Ativos financeiros disponiveis para venda, 133 8.5.3 Possiveis modifica~6es na contabiliza~ao das irrecuperabilidades, 134 8.6 Derivativos embutidos, opera~6es estruturadas e derivativos exoticos, 135 8.6.1 Contabiliza~ao, 137 8.7 Contabilidade de hedge, 138 8.7.1 Item objeto de hedge, 138 8.7.2 Exemplo: Aplica~ao de macrohedge, 139 8.7.3 Instrumentos de hedge, 139 8.7.4 Qualifica~ao para hedge accounting, 139 8.7.5 Efetividade do hedge, 140 8.7.6 Hedge de valor justo, 142 8.7.7 Hedge de fluxo de caixa, 143 8.7.8 Hedge de investimento no exterior, 143 8.7.9 Descontinuidade da hedge accounting, 144 8.8 Evidencia~ao, 144 8.8.1 Significancia dos instrumentos financeiros para a posi~ao patrimonial e performance da entidade, 145 8.8.2 Natureza e extensao dos riscos oriundos dos instrumentos financeiros, 145 8.8.3 Exemplo, 145 8.9 Propostas de altera~6es nas normas internacionais, 146 8.10 Mensura~ao do valor justo em condi~6es de baixa liquidez, 147 8.11 Pronunciamento de pequenas e medias empresas, 148 8.12 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 150 9 Investimentos - introdul;ao e propriedade para investimento, 152 9.1 Introdu~ao, 152 9.2 Os criterios da legisla~ao, 152 9.2.1 Classifica~ao no balan~o, 152 9.2.2 Natureza das Contas, 153 9.2.3 Modelo do plano de contas, 154 9.2.4 Criterios para a classifica~ao, 155 9.3 Avalia~ao de investimentos pelo metodo de custo, 160 9.3.1 Investimentos avaliados por este metodo, 160 9.3.2 0 criterio de avalia~ao e a forma de contabiliza~ao, 160 9.4 Propriedade para investimento, 163 9.4.1 Conceitua~ao, 163 9.4.2 Custo na aquisi~ao da propridade, 164 9.4.3 Apos aquisi~ao: custo ou valor justo, 165 Sumario ix 9.4.4 Gastos com manuten~ao, amplia~ao, reforma etc. e classifica~ao na demonstra~ao do resultado, 166 9.4.5 Aspectos complementares da ado~ao inicial e do deemed cost, 167 9.5 Notas explicativas, 167 9.6 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 168 10 Investimentos em coligadas e em controladas, 169 10.1 Introdu~ao, 169 10.1.1 Compara~ao com 0 metodo de custo, 170 10.1.2 Conciusoes, 171 10.2 Casos em que se aplica 0 metodo da equivalencia, 171 10.2.1 Coligadas,l72 10.3 A essencia do metodo da equivalencia patrimonial, 174 10.4 Aplica~ao do metodo da equivalencia patrimonial, 174 10.4.1 Lucro ou prejuizo do exercicio, 176 10.4.2 Dividendos distribuidos, 176 10.4.3 Integraliza~ao de capital, 177 10.4.4 Varia~ao na participa~ao relativa, 177 10.4.5 Ajustes de exercicios anteriores, 178 10.4.6 Reavalia~ao de bens, 178 10.4.7 Baixa das contas de mais-valia e Goodwill, 179 10.5 Patrimonio liquido das investidas, 179 10.5.1 Criterios contabeis, 179 10.5.2 Defasagem na data do encerramento da coligada, 180 10.6 Resultados nao realizados de opera~oes intercompanhias, 180 10.6.1 Significado e objetivo, 180 10.6.2 Quais resultados nao realizados devem ser eliminados, 181 10.6.3 A determina~ao do valor da equivalencia patrimonial do investimento em controladas nas de- monstra~oes contabeis individuais da controladora, 183 10.6.4 Como apurar 0 valor dos resultados nao realizados, 183 10.7 Mais-valia, goodwill ou desagio e amortiza~ao, 192 10.7.1 Introdu~ao e conceito, 192 10.7.2 Segrega~ao contabil da mais-valia e do agio ou desagio, 192 10.7.3 Determina~ao da mais-valia, do agio ou desagio, 192 10.7.4 Natureza e origem da mais-valia e do agio ou desagio, 193 10.7.5 Realiza~ao da mais-valia por diferen~a de valor dos ativos liquidos, 194 10.7.6 Agio na subscri~ao, 196 10.7.7 Agio por expectativa de rentabilidade futura, 199 X Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos 10.8 Mudan~as de criterio na avalia~ao de investimentos, 199 10.9 Reconhecimento de perdas estimadas e patrimonio liquido negativo, 200 10.10 Notas explicativas, 202 10.11 Investimentos em controladas e coligadas no exterior, 203 10.11.1 Introdu~ao, 203 10.11.2 Aspectos contabeis para investimentos no exterior, 203 10.12 Perda de influencia ou controle, 205 10.13 Investimento adquirido de investida com patrimonio liquido negativo, 207 10.14 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 208 11 Efeitos das mudan~as nas taxas de cambio em investimentos no exterior e conversfio de demonstrac;oes contabeis, 209 11.1 No~oes preliminares sobre mudan~as nas taxas de cambio em investimentos no exterior e conversao de demonstra~6es contabeis, 209 11.1.1 Introdu~ao, 209 11.1.2 Metodos para reconhecimento e mensura~ao dos investimentos societarios de carater permanen- te,209 11.1.3 Identifica~ao da moeda funcional, 210 11.2 Reconhecimento e mensura~ao, 211 11.2.1 Avalia~ao de investimentos societarios no exterior pelo metodo de equivalencia patrimonial, 211 11.2.2 Realiza~ao das varia~6es cambiais de investimentos no exterior, 216 11.2.2.1 Criterio de mensura~ao segundo lAS 21 e Pronunciamento CPC 02, 216 11.2.2.2 Criterio alternativo de mensura~ao, 219 11.3 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 221 12 Ativo imobilizado, 222 12.1 Conceitua~ao, 222 12.2 Classifica~ao e conteudo das contas, 223 12.2.1 Considera~6es gerais, 223 12.2.2 0 plano de contas, 224 12.2.3 Outros fatores da segrega~ao contabil, 224 12.2.4 Conteudo das contas, 226 12.3 Criterios de avalia~ao, 230 12.3.1 Conceito da Lei, 230 12.3.2 Mensura~ao no reconhecimento e apos 0 reconhecimento, 230 12.3.2.1 Urn caso todo especial: ado~ao, pela primeira vez, das normas internacionais e dos CPCs, 231 12.3.3 Redu~ao ao valor recuperavel (impairment), 235 12.3.3.1 Considera~6es gerais, 235 12.3.3.2 Mensura~ao do valor recuperavel e da perda por desvaloriza~ao, 236 12.3.3.3 Identifica~ao da unidade geradora de caixa, 237 12.3.3.4 Reversao da perda por desvaloriza~ao, 239 12.3.3.5 Escolha da taxa de desconto, 240 12.3.3.6 Exemplo pratico, 240 12.3.4 Obriga~ao por retirada de servi~o de ativos de longo prazo, 241 12.3.4.1 Considera~6es gerais, 241 12.3.4.2 Exemplo pratico, 242 12.4 Gastos de capital vs gastos do periodo, 244 12.4.1 Conceito geral, 244 12.4.2 Manuten~ao e reparos, 245 12.4.3 Melhorias e adi~6es complementares, 248 12.4.4 Substitui~ao, 248 12.4.5 Aspectos fiscais, 248 12.5 Retiradas, 249 12.6 Deprecia~ao, exaustao e amortiza~ao, 249 12.6.1 Conceito, 249 12.6.2 Valor depreciavel, 250 12.6.3 Estimativa de vida uti! economica e taxa de deprecia~ao, 251 12.6.4 Metodos de deprecia~ao, 251 12.6.5 Registro contabi! da deprecia~ao, 252 12.6.6 Exaustao, 253 12.7 Registros e controles contabeis, 253 12.7.1 Contas de controle, 253 12.7.2 Registro individual de bens, 253 12.8 Fortna de apresenta~ao no balan~o, 254 12.9 Opera~6es de arrendamento mercanti!, 254 12.9.1 Introdu~ao, 254 12.9.2 Classifica~ao, 254 12.9.2.1 Arrendamento mercanti! financeiro, 255 12.9.2.2 Arrendamento mercanti! operacional, 255 12.9.3 Contabiliza~ao do arrendamento mercanti! no arrendatario, 256 12.9.3.1 Contabiliza~ao do arrendamento mercanti! financeiro, 256 12.9.3.2 Contabiliza~ao do arrendamento mercanti! operacional, 258 12.9.4 Contabiliza~ao do arrendamento mercanti! no arrendador, 259 12.9.4.1 Contabi!iza~ao do arrendamento mercanti! financeiro, 259 12.9.4.2 Contabiliza~ao do arrendamento mercanti! operacional, 260 12.9.5 Transa~ao de venda e leaseback, 260 12.9.6 Comentarios finais, 262 12.10 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 262 13 Ativos intangiveis, 263 13.1 Introdu~ao, 263 13.2 Aspectos conceituais, 264 13.3 Defini~ao, reconhecimento e mensura~ao inicial, 264 13.4 Mensura~ao subsequente e vida uti!, 266 13.5 Impainnent test: intangiveis com vida uti! definida, indefinida e goodwill, 267 13.6 Urn caso concreto: os direitos federativos, 268 13.7 Marcas e patentes, 269 13.8 Direitos sobre recursos naturais, 270 13.9 Pesquisa e desenvolvimento, 270 13.10 Considera~6es finais, 271 13.11 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 271 14 Ativo diferido, 272 14.1 Introdu~ao, 272 14.2 Classifica~ao anterior das contas e novo tratamento contabi!, 273 14.2.1 Plano de contas - geral, 273 14.2.2 Gastos de implanta~ao e pre-operacionais, 273 14.2.3 Gastos de implanta~ao de sistemas e metodos, 275 Sumario xi xii Manual de Contabilidade Societ,iria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos 14.2.4 Gastos de reorganiza~ao, 275 14.2.5 Gastos com coloca~ao de a~oes, 275 14.3 Avalia~ao e amortiza~ao, 275 14.4 Reclassifica~ao, baixa ou manuten~ao dos saldos do ativo diferido, 275 14.5 Resultados eventuais na fase pre-operacional, 276 14.5.1 0 conceito contabil, 276 14.5.2 0 tratamento fiscal, 277 14.6 Varia~oes monetarias e encargos financeiros na fase pre-operacional, 277 14.6.1 Aspectos gerais, 277 14.7 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 277 15 Passivo exigivel - conceitos gerais, 278 15.1 Classifica~ao, 278 15.2 Avalia~ao e conteudo do passivo, 279 15.2.1 Visao geral, 279 15.3 Plano de contas e criterios contabeis, 280 15.4 Tratamento para pequenas e medias empresas, 280 16 Fomecedores, obriga\;oes fiscais e outras obriga\;oes, 281 16.1 Fornecedores, 281 16.2 Obriga~oes fiscais, 282 16.2.1 ICMS a recolher, 282 16.2.2 IPI a recolher, 282 16.2.3 Imposto de renda a pagar, 282 16.2.4 Contribui~ao social a recolher, 283 16.2.5 IOF a pagar, 284 16.2.6 ISS a recolher, 286 16.2.7 Cofins e PIS/Pasep a recolher, 286 16.2.8 IRRF - Imposto de Renda retido na fonte a recolher, 286 16.2.9 Outros impostos e taxas a recolher, 286 16.2.10 Programa de recupera~ao fiscal CRefis), 286 16.3 Outras obriga~oes, 292 16.3.1 Adiantamentos de clientes, 292 16.3.1.1 Conceitos gerais, 292 16.3.1.2 Fornecimento de bens, obras e servi~os a longo prazo, 292 16.3.1.3 Posterga~ao do pagamento do imposto de renda em contratos a longo prazo, 296 16.3.1.4 Diferimento da contribui~ao social, 296 16.3.2 Contas a pagar, 296 16.3.3 Arrendamento operacional a pagar, 297 16.3.4 Ordenados e salarios a pagar, 297 16.3.5 Encargos sociais a pagar e FGTS a recolher, 297 16.3.6 Reten~6es contratuais, 297 16.3.6.1 Exemplo de contabiliza~ao, 297 16.3.7 Dividendo obrigatorio a pagar, 298 16.3.8 Comissoes a pagar, 298 16.3.9 Juros de emprestimos e financiamentos, 298 16.3.10 Outras contas a pagar, 298 16.4 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 299 17 Emprestimos e financiamentos, debentures e outros titulos de divida, 300 17.1 Emprestimos e financiamentos, 300 17.1.1 Emprestimos e financiamentos a longo prazo, 300 17.1.2 Credores por financiamentos, 308 17.1.3 Financiamentos band.rios a curto prazo, 308 17.1.4 Titulos a pagar, 309 17.2 Debentures, 309 17.2.1 Caracteristicas basicas, 309 17.2.2 Gastos com coloca~ao, 310 17.2.3 Remunera~ao das debentures e contabiliza~ao, 310 17.2.4 Conversao em a~6es, 311 17.2.5 Emissao de debentures com premio/desagio, 311 17.2.6 Nota explicativa, 313 17.3 Outros titulos de divida, 314 17.3.1 Notas promissorias, 314 17.3.2 Eurobonds e outros titulos de divida emitidos no exterior, 314 17.3.3 Titulos perpetuos, 314 17.4 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 316 18 Imposto sobre a renda e contribui~ao social a pagar, 317 18.1 Imposto sobre a renda, 317 18.1.1 Aspectos contabeis gerais, 317 18.1.2 Reconhecimento do encargo, 317 18.1.3 Classifica~ao no balan~o, 317 18.1.4 Redu~ao do imposto por incentivos fiscais, 318 18.1.5 Exemplos de contabiliza~ao, 318 18.1.6 Calculo do imposto de renda, 319 18.1.6.1 Apura~ao do lucro real, 319 18.1.6.2 0 RTT e 0 LALUR, 319 18.1.6.3 Adi~6es ao lucro liquido, 322 18.1.6.4 Exclusoes do lucro liquido, 323 18.1. 7 Calculo da contribui~ao social, 324 18.1.7.1 Bonus de adimplencia fiscal, 324 18.1.8 Posterga~ao do Imposto de Renda (diferimento), 325 18.1.8.1 Receitas nao realizadas, 325 18.1.8.2 Deprecia~ao incentivada, 326 18.1.9 Posterga~ao da contribui~ao social (diferimento), 327 18.1.10 Diferimento da despesa do Imposto de Renda, 327 18.1.10.1 0 conceito - regime de competencia, 327 18.1.10.2 Provisoes dedutiveis no futuro, 328 18.1.10.3 Regime de competencia e realiza~ao, 329 18.1.lO.4 Mudan~a de aliquota ou de legisla~ao, 329 18.1.lO.5 Ativo fiscal diferido relativo a prejuizos fiscais, 329 Sumario xiii 18.1.10.6 Ajuste a valor presente na determina~ao dos lucros tributaveis futuros, 331 18.1.11 Diferimento da despesa com a Contribui~ao Social, 331 18.2 Recolhimentos mensais e trimestrais do Imposto de Renda, 331 18.2.1 Recolhimento trimestral em bases reais, 332 18.2.2 Recolhimento por estimativa, 332 xiv Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos 18.2.3 Recolhimentos mensais ou trimestrais da contribui~iio social, 332 18.3 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 333 19 Provisoes, passivos contingentes e ativos contingentes, 334 19.1 Introdu~iio, 334 19.2 Provisoes e passivos contingentes, 335 19.2.1 Reconhecimento de provisoes, 335 19.2.2 Passivo contingente e ativo contingente, 336 19.3 Reembolso, 337 19.4 Exemplos de provisoes, 337 19.4.1 Provisiio para garantias, 338 19.4.2 Provisiio para riscos fiscais, trabalhistas e civeis, 338 19.4.3 Provisiio para reestrutura~iio (inclusive a relativa it descontinuidade de opera~oes), 339 19.4.4 Provisiio para danos ambientais, 340 19.4.5 Provisiio para compensa~oes ou penalidades por quebra de contratos (contratos onerosos), 340 19.4.6 Obriga~iio por retirada de servi~o de ativos de longo prazo - (Asset Retirement Obligation - ARO), 341 19.5 0 exemplo 4-a do anexo II da NPC 22 do Ibracon, 341 19.6 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 343 20 Patrimonio Ifquido, 344 20.1 Introdu~iio, 344 20.1.1 Conceitua~iio, 344 20 .1.2 Diferen~a entre reservas e provisoes, 345 20.2 Capital social, 345 20.2.1 Conceito, 345 20.2.2 Capital realizado, 345 20.2.3 Sociedades anonimas com capital autorizado, 346 20.2.4 Aspectos contabeis com rela~iio a a~oes, 346 20.2.4.1 Gastos na emissiio de a~oes, 348 20.2.5 Corre~iio monetaria do capital realizado, 349 20.3 Reservas de capital, 349 20.3.1 Conceito, 349 20.3.2 Conteudo e classifica~iio das contas, 349 20.3.3 Destina~iio das reservas de capital, 350 20.4 Ajustes de avalia~iio patrimonial, 350 20.4.1 Considera~oes gerais, 350 20.4.2 Constitui~iio e realiza~iio, 350 20.4.3 Exemplo pratico, 350 20.5 Reservas de lucros, 351 20.5.1 Conceito, 351 20.5.2 As contas de reservas de lucros, 351 20.5.3 Reserva legal, 351 20.5.4 Reservas estatutarias, 352 20.5.5 Reserva para contingencias, 352 20.5.6 Reservas de lucros a realizar, 354 20.5.7 Reserva de lucros para expansiio (reten~iio de lucros), 358 20.5.8 Reserva de incentivos fiscais, 358 20.5.9 Reserva especial para dividendo obrigat6rio nao distribuido, 360 20.5.10 Reserva de lucros - beneficios fiscais, 360 20.5.11 Dividendos propostos, 361 20.6 A~6es em tesouraria, 361 20.6.1 Conceito, 361 20.6.2 Classifica~ao contabil, 362 20.6.3 Resultados nas transa~6es com a~6es em tesouraria, 363 20.6.4 Aspectos fiscais, 363 20.7 Prejuizos acumulados, 363 20.8 Outras contas do patrim6nio liquido, 364 20.8.1 Op~6es outorgadas reconhecidas, 364 20.8.2 Gastos na emissao de a~6es, 364 20.8.3 Ajustes acumulados de conversao, 364 20.8.4 Contas extintas, 365 20.9 Dividendos, 365 20.9.1 Considera~6es iniciais, 365 20.9.1.1 Conceitua~ao e taxonomia, 365 20.9.1.2 Exemplos praticos, 369 20.9.1.3 Direito de voto de a~6es preferenciais, 372 20.9.1.4 Dividendos intermediarios, 372 20.9.1.5 Prazo para pagamento dos dividendos, 372 20.10 Juros sobre 0 capital proprio, 372 20.10.1 Considera~6es gerais, 372 20.10.2 Exemplos praticos, 374 20.11 Adiantamentos para aumento de capital, 378 20.11.1 Natureza, 378 20.11.2 Classifica~ao contabil dos adiantamentos para aumento de capital, 378 20.12 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 379 21 Reavalia~ao,380 21.1 Introdu~ao, 380 21.2 Historico, 381 21.3 Procedimentos para a reavalia~ii.o, 382 21.4 Contabiliza~ii.o, 383 21.5 Baixa de reserva de reavalia~ii.o, 384 21.6 Tratamento da baixa do ativo, 384 21.7 Tratamento fiscal da reavalia~ii.o, 384 21.8 Contabiliza~ii.o do Imposto de Renda, 384 21.9 Calculo das participa~6es e dos dividendos, 385 21.10 Imobilizado descontinuado, 386 21.11 Recupera~ii.o do valor contabil, 386 21.12 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 387 22 Contratos de constru~ao, 388 22.1 Comentarios gerais, 388 Sumario xv 22.2 Contratos de constru~ii.o - atividades de compra e venda, loteamento, incorpora~ii.o e constru~ii.o de imoveis - contabiliza~ii.o ate 0 exercicio social de 2009, 389 22.2.1 Tratamento contabil, 389 22.2.2 Disposi~6es fiscais, 391 22.3 Contratos de constru~ii.o - atividades de compra e venda, loteamento, incorpora~ii.o e constru~ii.o de imo- veis - contabiliza~ii.o a partir do exercicio social de 2010, 393 xvi Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos 22.4 Outros contratos de constru~ao - 0 CPC 17, 394 22.5 Considera~6es finais, 397 22.6 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 397 23 Ativo nao circulante mantido para venda e opera¢o descontinuada, 398 23.1 Ativo nao circulante mantido para venda, 398 23.1.1 Conceitos gerais, 398 23.1.2 Classifica~ao de ativos nao circulantes como mantidos para venda, 399 23.1.2.1 Ativos nao circulantes a serem baixados, 399 23.1.3 Mensura~ao de ativos nao circulantes classificados como mantidos para venda, 400 23.1.3.1 Mensura~ao de ativos nao circulantes mantidos para venda, 400 23.1.3.2 Reconhecimento de perdas por redu~il.o ao valor recupenivel e reversao, 400 23.1.3.3 Altera~6es em pianos de venda, 400 23.1.4 Exemplo, 400 23.2 Opera~ao descontinuada, 401 23.2.1 Apresenta~ao, 401 23.2.2 Ganhos ou perdas relacionados com opera~6es em continuidade, 401 23.2.3 Apresenta~ao de ativos nao circulantes classificados como mantidos para venda, 402 23.2.4 Exemplos, 402 23.2.5 Divulga~6es adicionais e disposi~6es transit6rias, 403 23.3 Entidades de pequeno e medio porte, 403 23.4 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 404 24 Combina~ao de neg6cios, fusao, incorpora~ao e cisao, 405 24.1 Aspectos introdut6rios, 405 24.1.1 Objetivos basicos, 405 24.2 Aspectos legais e societarios, 406 24.2.1 Incorpora~ao, 406 24.2.2 Fusao, 406 24.2.3 Cisao, 406 24.2.4 Aliena~ao de controle, 406 24.2.5 Aquisi~ao de controle, 406 24.2.6 Aspectos societarios relativos it cisao, fusao e incorpora~ao, 406 24.2.7 Institui~6es controladas pela CVM e pelo Banco Central, 408 24.3 Aspectos contabeis, 408 24.3.1 Introdu~ao, 408 24.4 Combina~6es envolvendo sociedades sob controle comum, 410 24.4.1 Introdu~ao, 410 24.4.2 Incorpora~ao de sociedades sob controle comum, 411 24.4.3 Incorpora~ao de subsidiaria integral, 412 24.4.4 Incorpora~ao de controlada, 413 24.4.5 Incorpora~ao de a~6es, 413 24.4.6 Fusao de sociedades sob controle comum, 413 24.4.7 Cisao, 414 24.4.8 Rela~ao de substitui~ao a valor de mercado, 415 24.4.8.1 Introdu~ao, 415 24.4.8.2 Exemplo de calculo de rela~ao de troca, 416 24.5 Combina~6es de neg6cios entre partes independentes, 417 24.5.1 Introdu~ao, 417 24.5.2 Identifica~iio do adquirente, 417 24.5.3 Detennina~iio da data de aquisi~iio, 418 24.5.4 Reconhecimento e mensura~iio dos ativos liquidos adquiridos, 418 24.5.4.1 Condi~oes gerais de reconhecimento e ciassifica~iio, 418 24.5.4.2 Regra geral de mensura~iio, 421 24.5.4.3 Exce~oes as regras gerais de reconhecimento e mensura~iio, 422 24.5.5 Reconhecimento e mensura~iio da participa~iio dos niio controladores, 423 24.5.6 Reconhecimento e mensura~iio do goodwill ou ganho por compra vantajosa, 424 24.5.7 Detennina~iio do que faz parte da combina~iio de negocios, 426 24.5.8 Periodo de mensura~iio, 428 24.5.9 Mensura~iio e contabiliza~oes subsequentes, 429 24.5.10 Exemplos praticos, 430 24.5.10.1 Aliena~iio/aquisi~iio do controle, 430 24.5.10.2 Incorpora~iio em que M compra, 434 24.5.10.3 Fusiio em que M compra, 436 24.6 Aquisi~iio reversa, 437 24.6.1 Introdu~iio, 437 24.6.2 Procedimentos contabeis, 437 24.6.3 Exemplo pratico, 439 24. 7 Incorpora~oes reversas, 442 24.7.1 Introdu~iio, 442 24.7.2 Exemplo pratico, 444 24.8 Divulga~iio, 448 24.8.1 Introdu~iio, 448 24.8.2 Notas explicativas para combina~oes do exerdcio corrente, 449 24.8.3 Notas explicativas para ajustes reconhecidos no exerdcio, 450 24.9 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 451 25 Concessoes, 452 25.1 No~oes preliminares sobre concessoes, 452 25.1.1 Introdu~iio, 452 25.1.2 Principais caracteristicas dos contratos de concessiio, 453 25.1.3 Controle sobre os ativos ptiblicos de infraestrutura, 455 25.1.4 Remunera~iio dos servi~os prestados pelo concessionario, 455 25.2 Reconhecimento e mensura~iio, 456 25.2.1 Ativos ptiblicos de infraestrutura, 456 25.2.2 Ativos reconhecidos pela entidade concessionaria, 457 25.2.2.1 Entidade concessionaria reconhece urn ativo financeiro, 457 25.2.2.2 Entidade concessionaria reconhece urn ativo intangivel, 457 Sumario xvii 25.2.2.3 Entidade concessionaria reconhece urn ativo financeiro e urn ativo intangivel, 458 25.2.3 Receita de servi~os de concessiio, 458 25.2.4 Custos de financiamento, 459 25.2.5 Custos de recupera~iio da infraestrutura, 460 25.2.6 Participa~iio residual, 460 25.2.7 Itens fornecidos a entidade concessionaria pelo concedente, 460 25.3 Exemplos de reconhecimento e mensura~iio de contratos de concessiio, 460 25.3.1 Reconhecimento de urn ativo financeiro pela concessionaria, 460 25.3.2 Reconhecimento de urn ativo intangivel pela concessionaria, 464 xviii Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos 25.4 Divulga~6es, 467 25.5 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 467 26 Politicas contabeis, mudan~a de estimativa e retifica~iio de erro e evento subsequente, 468 26.1 Introdu~iio, 468 26.1.1 CPC 23, 468 26.1.2 Mudan~a de politica, de estimativa ou retifica~iio de erros?, 469 26.2 Politicas contabeis, 469 26.2.1 Mudan~a nas politicas contabeis, 470 26.2.2 Limita~6es it reapresenta~iio retrospectiva, 470 26.3 Mudan~a nas estimativas contabeis, 471 26.4 Retifica~iio de erros, 472 26.4.1 Limita~6es it reapresenta~iio retrospectiva, 472 26.5 Impraticabilidade da aplica~iio e reapresenta~iio retrospectiva, 472 26.6 Evento subsequente, 475 26.6.1 0 que e evento subsequente, 475 26.6.2 0 que e data de autoriza~iio para emissiio das demonstra~6es contabeis - Obrigatoriedade de divulga~iio dessa data, 475 26.7 Evento subsequente com efeito retroativo ao balan~o, 475 26.7.1 Evento subsequente sem efeito retroativo ao balan~o, 476 26. 7.2 Divulga~iio, 476 26.8 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 476 27 Demonstra~iio do resultado do exercicio e demonstra~iio do resultado abrangente do exercicio, 477 27.1 Introdu~iio, 477 27.2 Criterios contabeis basicos, 477 27.2.1 Conceitua~ao da legisla~iio, 477 27.2.2 Osjuros embutidos,478 27.2.3 Extin~iio da corre~iio monetaria, 479 27.2.4 Calculo dejuros sobre 0 capital proprio, 479 27.3 Criterios basicos de apresenta~iio - DRE, 480 27.4 Demonstra~iio do resultado abrangente do exercicio - DRA, 482 27.5 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 484 28 Receitas de vendas, 485 28.1 Receitas de vendas de produtos e servi~os, 485 28.1.1 Conceitos, 485 28.1.2 Contas necessarias, 486 28.1.3 Mensura~iio da receita e momento de seu reconhecimento, 487 28.2 Dedu~6es das vend as, 489 28.2.1 Vendas canceladas, 489 28.2.2 Abatimentos, 490 28.2.3 Impostos incidentes sobre vendas, 490 28.3 Comentarios finais, 503 28.4 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 503 29 Custo dos produtos vendidos e dos servi~os prestados, 504 29.1 Introdu~iio, 504 29.2 0 custo dos produtos vendidos, 504 29.3 Custeio real por absor~ao, 505 29.4 Custeio direto (ou custeio variavel), 505 29.5 Custo-padrao, 505 29.6 Custeio baseado em atividades, 505 29.7 RKw, 505 29.8 Aspectos fiscais, 506 29.9 0 plano de contas, 506 29.10 Recupera~ao de custos no plano de contas, 507 29.11 Exemplo sumario, 507 29.11.1 Materias-primas, 507 29.11.2 Mao de obra direta, 508 29.11.3 Custos indiretos, 508 29.12 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 508 30 Despesas e outros resultados operacionais, 509 30.1 Conceitos gerais, 509 30.2 Despesas de vendas e administrativas, 509 30.2.1 Despesas de vendas, 509 30.2.2 Despesas administrativas, 510 30.2.3 Plano de contas das despesas de vendas e administrativas, 510 30.3 Resultados financeiros liquidos, 513 30.3.1 Conceito inicial e legisla~ao, 513 30.3.2 Classifica~ao, 514 30.3.3 Conteudo das contas, 514 30.3.4 Classifica~ao na demonstra~ao do resultado do exerdcio, 516 30.4 Outras receitas e despesas operacionais, 516 30.4.1 Conteudo e significado, 516 30.4.2 Lueros e prejuizos de participa~6es em outras sociedades, 516 30.4.3 Vendas diversas, 517 30.5 Contribui~ao social, 518 30.6 Imposto de Renda, 518 30. 7 Participa~6es e contribui~6es, 519 30.7.1 0 tratamento como despesa, 519 30.7.2 A contabiliza~ao no balan~o, 519 30.7.3 Forma de ca1culo e exemplo de contabiliza~ao, 519 30.8 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 520 31 Beneficios a empregados, 521 31.1 Introdu~ao, 521 31.1.1 Pronunciamento tecnico CPC 33, 522 31.2 Os beneficios a empregados, 523 31.2.1 Beneficios de curto prazo, 523 31.2.2 Beneficios pos-emprego, 524 31.2.3 Outros beneficios de longo prazo, 526 31.2.4 Beneficios de desligamento, 526 31.3 Reconhecimento, mensura~ao e divulga~ao, 527 31.3.1 Plano de contribui~ao definida, 527 31.3.2 Plano de beneficio definido, 528 31.4 Disposi~6es transitorias, 537 31.5 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 537 Sumario xix xx Manual de Contabilidade Societaria • Iudfcibus, Martins, Gelbcke e Santos 32 Pagamento baseado em a<;oes, 538 32.1 No<;5es preliminares sobre transa<;5es com pagamento baseado em a~oes, 538 32.1.1 Introdu~iio, 538 32.1.2 Caracteristicas das transa<;5es com pagamento baseado em a~oes, 539 32.1.3 Tipos de transa<;5es com pagamento baseado em a~5es, 540 32.1.4 Avalia~iio dos instrumentos patrimoniais outorgados, 541 32.1.4.1 Calculo do valor das op~5es de compra de a~5es, 542 32.1.5 Condi~5es de aquisi~iio dos direitos de posse (vesting conditions), 544 32.2 Reconhecimento e mensura~iio, 545 32.2.1 Transa~5es com pagamento baseado em a~oes Iiquidadas pela entrega de instrumentos patrimo· niais, 545 32.2.2 Transa~oes com pagamento baseado em a<;5es Iiquidadas em dinheiro, 546 32.2.3 Transa~5es com pagamento baseado em a~5es Iiquidadas em dinheiro ou mediante emissiio de instrumentos patrimoniais conforme a escolha da entidade ou do fornecedor de servi~os, 546 32.3 Exemplos de transa<;5es de pagamento baseado em a~5es, 547 32.3.1 Exemplo de transa~iio de pagamento baseado em a<;5es liquidadas pela entrega de instrumentos patrimoniais - condi<;5es de servi~o para aquisi<;iio dos direitos de posse, 547 32.3.2 Exemplo de transa~iio de pagamento baseado em a~5es Iiquidadas pela entrega de instrumentos patrimoniais - condi~5es de desempenho para aquisi~iio dos direitos de posse, 548 32.3.3 Exemplo de transa~iio de pagamento baseado em a~5es liquidadas pela entrega de instrumentos patrimoniais - condi~6es de mercado, 550 32.3.4 Exemplo de transa~iio de pagamento baseado em a<;5es Iiquidadas pela entrega de dinheiro, 551 32.4 Divulga~5es, 553 32.5 Criticas ao modelo, 553 32.6 Comentarios finais, 554 32.7 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 555 33 Demonstra<;iio das muta<;6es do patrim6nio Jiquido, 556 33.1 Introdu~iio, 556 33.1.1 Utilidade, 556 33.1.2 Tratamento pela Lei das Sociedades por A~5es, 556 33.1.3 Tratamento pelo comite de pronunciamentos contabeis, 557 33.2 Muta~5es nas contas patrimoniais, 557 33.2.1 0 modelo no Anexo do CPC 26, 558 33.3 Tecnica de prepara<;iio, 559 33.3.1 Geral, 559 33.3.2 Procedimentos a serem seguidos, 559 33.4 Modelos de demonstra~iio, 560 33.4.1 DMPL com a demonstra~iio do resultado abrangente e a demonstra~iio dos lucros e prejuizos acumulados, 560 33.5 DLPA, ajustes de exercicios anteriores e outros pontos, 564 33.5.1 Demonstra~iio de lucros ou prejuizos acumulados, 564 33.5.2 Ajustes de exercicios anteriores, 564 33.5.3 Revers5es e transferencias de reservas, 565 33.5.4 Juros sobre 0 capital proprio, 565 33.5.5 Dividendos e dividendo por a~iio, 565 33.5.6 Outros comentarios, 566 33.7 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 566 34 Demonstra<;ao dos Fluxos de Caixa (DFC), 567 34.1 Aspectos introdutorios, 567 34.1.1 Objetivo,567 34.1.2 Objetivo e beneffcios das informa~6es dos fluxos de caixa - Finalidade, 567 34.1.3 Requisitos, 568 34.1.4 Disponibilidades: caixa e equivalentes de caixa, 568 34.1.4.1 Equivalentes·caixa, 568 34.1.5 elassifica~ao das movimenta~6es de caixa por atividade, 569 34.1.5.1 Atividades operacionais, 569 34.1.5.2 Atividades de investimento, 570 34.1.5.3 Atividades de financiamento, 571 34.1.5.4 Transa~6es de investimento e financiamento sem efeito no caixa, 571 34.1.6 Pontos polemicos presentes na classifica~ao do lASB, 572 34.1.6.1 Juros pagos e dividendos, 572 34.1.6.2 Juros e dividendos recebidos, 572 34.1.6.3 Duplicatas descontadas, 572 34.1.6.4 Pagamento de investimento adquirido a prazo, 572 34.1.7 Fluxos de caixa em moeda estrangeira, 573 34.1.8 Imposto de Renda e eontribui~ao Social sobre 0 Lucro Liquido, 573 34.1.9 Aquisi~ao e vendas de controladas e outras unidades de negocios, 573 34.1.10 Informa~6es complementares requeridas, 573 34.2 Metodos de elabora~ao, 574 34.2.1 Metodo direto, 575 34.2.2 Metodo indireto, 575 34.2.3 eoncilia~ao lucro Jfquido versus caixa das opera~6es, 575 34.3 Tecnica de elabora~ao, 575 34.3.1 Metodo direto de apura~ao do caixa das atividades operacionais, 575 34.3.2 Metodo indireto, 576 34.3.2.1 Regra b;isica, 576 34.3.3 Exemplo completo, 577 34.3.3.1 Am\lise do exemplo, 580 34.4 eonsidera~6es finais, 581 34.5 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 582 35 Demonstrac;ao do Valor Adicionado (DVA), 583 35.1 Aspectos introdutorios, 583 35.1.1 Objetivo e beneficios das informa~6es da DVA, 583 35.1.2 Elabora~ao e apresenta~ao, 584 35.2 Modelo e tecnica de elabora~ao, 584 35.3 Aspectos conceituais discutiveis, 588 35.3.1 Deprecia~ao, amortiza~ao e exaustao, 588 35.3.2 Ativos reavaliados ou avaliados ao valor justo, 588 35.3.3 Ativos construidos pela propria empresa para uso proprio, 588 35.3.4 Distribui~ao de lucros relativos a exercicios anteriores, 588 35.3.5 Substitui~ao tributaria, 589 35.4 Exemplo de DVA, 589 35.5 Anilise da DVA, 591 35.6 eonsidera~6es finais, 592 35.7 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 592 36 Notas explicativas, 593 36.1 Aspectos introdutorios, 593 Sumario xxi 36.2 As notas explicativas conforme a Lei das Sociedades por A~6es, 0 epe e alguns orgaos reguladores, 593 xxii Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos 36.2.1 Geral, 593 36.2.2 Notas previstas pela lei, 594 36.2.3 Notas recomendadas pelo CPC, 595 36.2.4 Nota sobre opera,6es ou contexto operacional, 596 36.3 Comentarios sobre as notas da Lei das Sociedades por A,6es, 597 36.3.1 Principais criterios de avalia<;ao, 597 36.3.2 Investimentos, 598 36.3.3 Reavalia<;6es, 598 36.3.4 Onus, garantias e outras responsabilidades, 598 36.3.5 Emprestimos e financiamentos, 599 36.3.6 Capital social, 599 36.3.7 Ajustes de exercicios anteriores, 600 36.3.8 Eventos subsequentes, 600 36.3.9 Mudan<;a de criterio contabil, 601 36.4 Notas explicativas do CPC e orgaos reguladores, 601 36.4.1 Composi<;6es de contas, 601 36.4.2 Demonstra<;ao do dlculo do dividendo minimo obrigatorio, 601 36.4.3 Lucra por a<;ao e dividendo por a<;ao, 602 36.4.4 Segrega<;ao entre circulante e nao circulante, 602 36.4.5 Seguras, 602 36.4.6 Amortiza<;ao do agio/desagio - equivalencia patrimonial, 603 36.4.7 Arrendamento mercantil, 603 36.4.8 Transa<;6es entre partes relacionadas, 603 36.4.9 Tributos sobre 0 lucro, 603 36.4.10 Varia<;6es cambiais e conversao de demonstra<;6es contabeis, 604 36.4.11 Demonstra<;6es contabeis consolidadas, 604 36.4.12 Debentures, 605 36.4.13 Subven<;6es governamentais, 605 36.4.14 Beneficios a empregados (pianos de aposentadoria e pens6es), 606 36.4.15 Divulga<;ao de Instrumentos Financeiras, 606 36.4.16 Disponibilidades, 607 36.4.17 A<;6es em tesouraria, 607 36.4.18 Empresas em fase pre-operacional; 608 36.4.19 Capacidade ociosa, 608 36.4.20 Continuidade normal dos negocios, 608 36.4.21 Programa de desestatiza<;ao, 608 36.4.22 Remunera<;iio dos administradores, 609 36.4.23 Vendas ou servi,os a realizar, 609 36.4.24 Juros sobre capital proprio, 609 36.4.25 Estoques, 610 36.4.26 Ativos especiais, 610 36.4.27 Equivalencia patrimonial, 610 36.4.28 Demonstra<;6es condensadas, 611 36.4.29 Ativo intangivel, 611 36.4.30 Creditos junto a Eletrabras, 612 36.4.31 Incorpora<;iio, fusao e cisao, 612 36.4.32 Voto multiplo, 612 36.4.33 Custos de transa<;ao e premio na emissao de papeis, 612 36.4.34 Programa de recupera~ao fiscal (Refis), 612 36.4.35 Ativo imobilizado, 613 36.4.36 Perdas estimadas em crE,ditos de liquida~ao duvidosa, 613 36.4.37 Op~oes de compra de a~oes, 613 36.4.38 Despesas e receitas financeiras, 614 36.4.39 Instrumentos financeiros derivativos, 615 36.4.40 Ado~ao de nova pnitica contabil e mudan~a de politica contabil, 616 36.4.41 Corre~ao de erros de periodos anteriores, 617 36.4.42 Mudan~as em estimativas contabeis, 617 36.4.43 Informa~oes por segmento de negocio, 617 36.4.44 Informa~oes sobre concessoes, 618 36.4.45 Ativo nao circulante mantido para venda e opera~ao descontinuada, 618 36.4.46 Provisoes, passivos contingentes e ativos contingentes, 619 36.4.47 Entidades de proposito especifico (EPEs), 619 36.4.48 Paradas programadas, 620 36.4.49 Redu~ao ao valor recuperavel de ativos, 620 36.4.50 Contratos de seguro, 621 36.4.51 Ajuste a valor presente, 622 36.4.52 Combina~ao de negocios, 622 36.4.53 Contratos de constru~ao, 622 36.4.54 Investimento em coligada e em controlada, 623 36.4.55 Demonstra~ao intermediaria, 624 36.4.56 Evento subsequente, 624 36.4.57 Prapriedade para investimento, 624 36.4.58 Ativo biologico e praduto agricola, 625 36.4.59 Receitas, 625 36.4.60 Demonstra~oes separadas, 625 36.5 Notas explicativas em demonstra~oes contabeis comparativas, 626 36.5.1 Geral, 626 36.5.2 Sumario das praticas contabeis, 626 36.5.3 Mudan~as de pr<iticas contabeis, 626 36.5.4 Demonstra~oes em moeda de capacidade aquisitiva constante, 626 36.5.5 Destina~ao do lucra, 627 36.5.6 Composi~oes e detalhes de contas, 627 36.5.7 Informa~oes do ana anterior que sofrem altera~oes, 627 36.6 Normas brasileiras de contabilidade, 627 36. 7 Considera~oes finais, 628 36.8 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 628 37 Irrformac;oes por segmento, 629 37.1 Intradu~ao, 629 37.2 Finalidade, 630 37.3 Caracteristicas, 630 37.3.1 Conceito, 631 37.3.2 Fun~oes relacionadas, 631 37.3.3 Criterios de agrega~ao, 631 37.3.4 Comparabilidade, 632 37.3.5 Limite de segmentos, 632 37.4 Divulga~ao, 632 Sumario xxiii xxiv Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos 37.5 Informa~6es especificas, 633 37.5.1 Produtos, servi~os e areas geogrMicas, 633 37.5.2 Clientes principais, 633 37.5.3 Outros pontos a destacar, 633 37.6 Considera~6es finais, 634 37.7 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 634 38 Transa~6es entre partes reiacionadas, 635 38.1 Introdu~ao, 635 38.2 Partes reiacionadas, 636 38.3 Transa~6es, 638 38.3.1 Natureza das transa~6es, 638 38.3.2 Pre~os de transferencia, 639 38.4 Divulga~ao, 639 38.5 Considera~6es finais, 641 38.6 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 641 39 Consolida~ao das demonstra~6es contabeis e demonstra~6es separadas, 642 39.1 Introdu~ao, 642 39.1.1 Controladas, 642 39.1.2 Entidades controladas em conjunto (joint ventures), 647 39.2 No~6es preliminares de consolida~ao, 649 39.2.1 Introdu~ao, 649 39.2.2 Objetivo da consolida~ao e quem a faz, 649 39.2.3 Obrigatoriedade da consolida~ao nas empresas fechadas, 651 39.2.4 Diferen~a na data de encerramento do exercicio, 652 39.3 Procedimentos de consolida~ao, 652 39.3.1 Introdu~ao, 652 39.3.2 Necessidade de uniformidade de politicas e criterios contabeis, 653 39.3.3 Controle das transa~6es entre as empresas do grupo, 653 39.3.4 Papeis de trabalho, 653 39.4 Elimina~6es e ajustes de consolida~ao, 656 39.4.1 Elimina~ao de saldos e transa~6es intersociedades, 657 39.5 Lucros nos estoques, 659 39.5.1 Introdu~ao, 659 39.5.2 0 fundamento, 660 39.5.3 Casos praticos de lucro nos estoques, 660 39.6 Lucro nos ativos nao circulantes, 663 39.6.1 Introdu~ao, 663 39.6.2 Lucro ou prejuizo em investimentos, 663 39.6.3 Lucro ou prejuizo em ativo imobilizado, 666 39.7 Participa~ao dos acionistas nao controladores, 670 39.7.1 Fundamento, 670 39.7.2 Apresenta~ao no balan~o, 670 39.7.3 Apura¢o do valor da participa¢o dos nao controladores, 671 39.8 Considera~6es adicionais sobre goodwill e mais·valia de ativos, 677 39.9 Consolida~ao na existencia de defasagem nas datas dos balan~os, 678 39.10 Reavalia~ao de ativos e outros resultados abrangentes, 679 39.11 Tributos na consolida~ao, 680 39.11.1 Tributos sobre 0 lucro nas transa~6es com ativos, 680 39.11.2 ICMS, IPI, PIS e COFINS, 681 39.11.3 ISS e outros, 682 39.12 Mudan~as na participa~iio relativa da controladora, 683 39.13 Perda do controle, 686 39.14 Publica~ao e notas explicativas, 689 39.15 Consolida~ao proporcional, 689 39.15.1 Introdu~iio, 689 39.15.2 Procedimentos de consolida~iio proporcional, 690 39.15.3 Perda do controle conjunto, 694 39.15.4 Notas explicativas, 695 39.16 Demonstra~6es contabeis separadas, 695 39.16.1 Introdu~ao, 695 39.16.2 Apresenta~ao das demonstra~6es contabeis separadas, 697 39.16.3 Notas explicativas, 698 39.17 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 698 40 Corre~ao integral das demonstra~6es contabeis, 699 40.1 Introdu~ao, 699 40.1.1 Resumo da evolu~iio hist6rica da corre~iio monetaria no Brasil, 699 40.1.2 Considera~6es gerais, 701 40.1.3 Instru~ao CVM n' 64, 702 Sumario xxv 40.2 Metodologia e calculos de demonstra~6es em corre~ao integral com base nos dados nominais obtidos pela legisla~ao societaria, 702 40.2.1 Contas do balan~o, 702 40.2.2 Contas da demonstra~ao do resultado, 702 40.3 Exemplos de corre~ao integral - com corre~iio de estoques e sem ajustes a valor presente, 703 40.3.1 Dados para elabora~iio das demonstra~6es contabeis em corre~ao integral do mes 1, 703 40.3.2 Exemplo 1 - corre~ao integral do mes 1, 704 40.3.2.1 0 balan~o, 705 40.3.2.2 A demonstra~iio do resultado, 705 40.3.2.3 Compara~ao das demonstra~6es contabeis, 707 40.3.2.4 Demonstra~ao das muta~6es do patrimonio liquido, 707 40.3.2.5 Demonstra~ao dos fluxos de caixa, 708 40.3.3 Exemplo 2 - mes 2, 708 40.3.3.1 A demonstra~ao do resultado, 709 40.3.3.2 0 balan~o, 709 40.3.3.3 Compara~ao das demonstra~6es contabeis, 710 40.3.3.4 Demonstra~ao dos fluxos de caixa, 711 40.3.3.5 Imposto de renda diferido, 711 40.4 Caso especial - nao corre~ao dos estoques, 713 40.5 Ajustes a valor presente de direitos e obriga~6es, 714 40.5.1 Considera~6es gerais, 714 40.5.2 Exemplo com clientes e fornecedores, 714 40.5.3 Ajuste a valor presente em itens nao monetarios, 717 40.6 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 717 41 Relat6rio da administra~ao, 718 41.1 Introdu~iio, 718 41.2 Estagio em nivel internacional, 720 xxvi Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos 41.2.1 Geral,720 41.2.2 Estudo da ONU, 720 41.2.2.1 Conteudo hasico, 720 41.2.2.2 Amilise corporativa, 720 41.2.2.3 Analise setorial, 721 41.2.2.4 Analise financeira, 721 41.2.2.5 Outras informa~6es, 721 41.2.3 Outros estudos e normas relacionados, 721 41.2.3.1 IAS 1, 721 41.2.3.2 Relat6rio do comite tecnico da IOSCO, 721 41.2.3.3 Projeto do IASB, 722 41.2.4 Conclusiio, 722 41.3 Situa~iio no Brasil, 722 41.3.1 Uma avalia~iio geral, 722 41.3.2 A legisla~ao no Brasil, 723 41.3.3 Conteudo proposto ou exigido pela CVM e comentarios, 723 41.4 Divulga~ao de servi~os de nao auditoria prestados pelos auditores independentes, 726 41.5 Considera~6es finais, 726 41.6 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 726 42 Ado~ao inicial das normas intemacionais e do CPC, 727 42.1 Introdu~ao, 727 42.2 Ado~ao inicial das normas intemacionais - CPC 37, 728 42.2.1 Elabora~iio do balan~o de abertura, 730 42.2.1.1 Proibi~6es, 730 42.2.1.1.1 Estimativas, 730 42.2.1.1.2 Desreconhecimento de ativos e passiv~s financeiros, 731 42.2.1.1.3 Contabilidade de hedge, 731 42.2.1.1.4 Participa~ao de acionistas nao controladores, 731 42.2.1.2 Isen~6es, 732 42.2.1.2.1 Combina~6es de neg6cios, 732 42.2.1.2.2 Contratos de seguros, 733 42.2.1.2.3 Custo atribuido, 733 42.2.1.2.4 Beneficios a empregados, 734 42.2.1.2.5 Ativos e Passivos de controladas, coligadas e empreendimentos con- juntos, 734 42.2.1.2.6 Instrumentos financeiros compostos, 735 42.2.1.2.7 Passivos decorrentes da desativa~ao incluidos no custo de ativos imo- bilizados, 735 42.2.1.2.8 Ativos financeiros ou ativos intangiveis contabilizados conforme a IFRIC 12 - Service concession arrangements, 736 42.2.2 Divulga~6es, 736 42.2.3 Disposi~ao especial, 737 42.3 Ado~ao inicial dos CPCs 35 a 40 - CPC 43, 737 42.3.1 Introdu~ao, 737 42.4 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 739 Apendice (Modelo de Plano de Contas), 740 indice remissivo, 749 Prefacio Em 1977, logo apos a revolu<;ao contabil do seculo passado no Brasil trazida pela edi<;ao da Lei das S.A. (nQ 6.404/76), a Fipecafi foi procurada pela CVM para editar 0 Manual de Contabilidade das Sociedades por A<;6es, ja que praticamente tudo 0 que havia de novi- dade em materia contabil nessa lei vinha sendo pesqui- sado e ensinado no Departamento de Contabilidade e Atuaria da FENUSP. E aque1e Manual nasceu em 1979, passando a servir como fonte de consulta dos profissio- nais de contabilidade, auditoria e analise de balan<;os, acabando por se transformar tambem em livro didarico e trabalho de referencia. A partir principalmente de 1990, com a cria<;ao da Comissao Consultiva de Normas Contabeis da CVM (presen<;a, alem da CVM, da Fipecafi, do Ibracon, do CFC, da Apimec e da Abrasca), essa autarquia passou a emitir urn grande conjunto de normas ja convergentes as do IASB, dentro dos limites que a Lei permitia, e aquele Manual as foi incorporando ao longo de varias edi<;6es. Diversas outras evolu<;6es foram tambem sen- do inseridas. Com a edi<;ao das Leis n" 11.638/07 e 11.941/09 (esta transformando em lei a MP nQ 449/08) e com a cria<;ao do CPC - Comite de Pronunciamentos Conta- beis - em 2005, produziu-se, durante 2008 e 2009, enorme conjunto de novas normas, aprovadas pela CYM e pelo CFC e outros orgaos reguladores, agora com a convergencia completa as normas internacionais de contabilidade (IASB). Com essa participa<;ao do Conse- Iho Federal de Contabilidade, esta-se tendo a expansao --_._-------- das normas, que antes atingiam apenas as sociedades anonimas e certas limitadas, para praticamente todas as entidades de fins lucrativos no Brasil. Com a ado<;ao dos Pronunciamentos Tecnicos, inclusive 0 especifico de Pequenas e Medias Empresas, nao sobram empre- sas que nao tenham que aplicar as normas contabeis emitidas pelo IASB e aqui replicadas pe10 CPC. E essa esta sendo a grande revolu<;ao contabil deste seculo no nosso pais. Em fun<;ao de tao grande transforma<;ao, a Fipe- cafi deliberou por cessar a edi<;ao daquele Manual e produzir este outro, totalmente conforme os Pronun- ciamentos, as Interpreta<;6es e as Orienta<;6es do CPC e conforme as normas internacionais de contabilidade emitidas pelo IASB. E ao grupo de autores do Manual anterior agregou-se 0 Prof. Ariovaldo dos Santos, que tambem tern dedicado enorme parte de sua vida como profissional e como academico ao desenvolvimento da contabilidade brasileira. Nos, os Autores e a Fipecafi, acreditamos estar COll- tribuindo para a eleva<;ao da informa<;ao contabil das nossas empresas e para a eleva<;ao do profissional de Contabilidade a urn patamar de qualidade impar. A lin- guagem contabil e universal, e, com a globaliza<;ao dos negocios, tornou-se por demais importante para todos os paises, nao podendo mais ser praticada por cada urn conforme seus proprios desejos. Alias, tudo 0 que e re- levante e se globaJiza se obriga, cada vez mais, a urn processo de convergencia mundial para facilitar a co- IDunicac;ao, 0 entendimento, a amilise, 0 usa enfim para xxviii Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos qualquer finalidade. Se isso e relevante ate no mundo esportivo (imagine-se 0 futebol praticado com regras di- ferentes em cada pais, ou dentro de urn pais em regioes diferentes - como chegou a ser praticada a Contabili- dade em alguns paises), imagine-se no mundo dos ne- gocios. Com a Contabilidade nao aconteceu diferente. Assumindo cada vez mais importancia no mundo, ha que ser aplicada da mesma forma em todos os lugares. A transa~ao global de mercadorias, de servi~os, de tecnologia, de dinheiro na forma de emprestimos ou de investimentos etc. faz com que seja necessario que inumeros empresarios brasileiros (inclusive pequenos e medios) saibam entender as demonstra~6es conta- beis de clientes, fornecedores, potenciais investidores e outros interessados de outros pafses; e a redproca e verdadeira: e obrigatorio que as nossas demonstra~6es sejam facilmente entendidas e passiveis de analise por esses interessados no exterior. Mesmo que ja estivessemos com normas contabeis de muito boa qualidade, de qualquer forma isso era de nosso conhecimento, mas nao dos usuarios no exterior. A confian~a e fundamental no mundo dos negocios, e a confian~a na qualidade das normas utilizadas para a elabora~ao das informa~6es contabeis faz parte do processo que ajuda na facilita~ao das opera~6es, na redu~ao do custo do capital, no interesse na propria negocia~ao etc. Conhecendo agora quais as normas que utilizamos, todos entenderao melhor e, consequente- mente, terao mais confian<;a nas nossas informa<;oes. AMm do mais, a qualidade media das normas in- ternacionais do IASB e muito alta e, ao adota-las, esta- remos melhorando a nossa; temos inclusive que tirar 0 atraso. Se, por urn lado, a Lei das S.A. de 1976 havia nos colocado num elevado nivel comparativamente a outros paises, a demora na sua renova<;ao nos colocou em atraso novamente. Por isso a necessidade de estar- mos tendo que fazer em praticamente tres anos 0 que deixamos de fazer em tres decadas (como dito acima, houve sim evolu~ao nesse periodo, mas limitada pela mesma Lei que havia sido, a epoca, revolucionaria). Este Manual tern, entao, a caracteristica de tratar da Contabilidade aplicavel agora as companhias aber- tas, as sociedades por a~6es fechadas, as sociedades de grande porte, as pequenas e medias empresas (qual- quer que seja sua formajuridica), conforme nossa nova legisla~ao e conforme os Pronunciamentos do CPC, 0 que significa conforme as normas internacionais hoje aplicadas ou em fase de implanta~ao em aproximada- mente 140 paises. Sabemos que para a globaliza~ao das normas e preciso que cada pais abra mao de seu poder de criar normas especificas, se divergentes dos demais. Mas tambem e preciso que cada pais participe do processo de gera~ao dessas normas a serem por todos utilizadas. Dai nosso firme intento de participar dessa nova fase, principalmente junto ao Comite de Pronunciamentos Contabeis, com uma atua<;ao, daqui para a frente, mui- to mais intensa nas atividades de analise e fornecimen- to de sugest6es quanta as minutas das novas normas em estudo pelo IASB, de melhoria das normas existen- tes e na cria~ao das normas futuras. Por isso pedimos aos leitores que nao so nos aju- dem a melhorar este Manual, quer do ponto de vista tecnico quanto do didatico, mas tambem nos ajudem com sugest6es para melhoria das normas internacio- nais; propomo-nos e comprometemo-nos a trabalhar, e fortemente, nessa nova fase. Participaram da elabora~ao deste Manual os Pro- fessores e alunos da Pos-Gradua~ao da FWUSP Alex- sandro Broedel Lopes, Bruno Meirelles Salorti, Edgard Nogueira Junior, Fernando Dal Ri Murcia, Josue Pires Braga, Kelly Cristina Mucio Marques, Marcelo Bicalho Viturino de Araujo, Marcia Reis Machado, Sheizi Calhei- ra de Freitas, Simone Alves da Costa, Tania Regina Sordi Relvas e Tatiana Albanez, a quem muito agradecemos. OS AUTORES, Profs. Sergio de Iudicibus, Eliseu Martins, Ernesto Rubens Gelbcke e Ariovaldo dos Santos, e a FIPECAFI, Prof. Iran Siqueira Lima (Presidente) 1 No~oes Introdut6rias 1.1 Introduc,;ao Este livro esta nascendo em funr;ao de 0 Manual de Contabilidade das Sociedades par Ap5es haver terminado seu cicio, a vista da total convergencia da contabilida- de brasileira as Normas Internacionais de Contabilida- de emitidas pelo International Accounting Standards Board (lASB). Aquela obra foi originalmente elaborada entre 0 final de 1977 e 0 primeiro semestre de 1978, com 0 intuito nao so de auxiliar no processo de viabilizar;ao pratica da Lei n' 6.404176, entao recem-editada para efetiva aplicar;ao a partir de 1978, como tambem vi- sando dar entendimento e interpretar;ao uniformes a inumeras disposir;6es daquela Lei e da legislar;ao de Imposto de Renda que acabava de ser profundamente alterada. De fato, toda aquela nova legislar;ao repre- sentou uma verdadeira "revolur;ao" no campo da Con- tabilidade, introduzindo inclusive muitas tecnicas para as quais uma parcela substancial dos profissionais da area nao estava preparada. Nao ha duvida de que tal objetivo foi amplamente atingido. Mas, com a edir;ao da Lei n' 11.638/07, da Me- dida Provisoria n' 449/08 que se converteu na Lei n' 11.941/09, com a criar;ao do CPC e da emissao de seus Pronunciamentos Tecnicos, Interpreta~6es Tecnicas e Orientar;6es, a Contabilidade brasileira esta sofrendo uma Dutra "revolw:;ao", provavelmente maior do que a anterior. Assim, aquele Manual passou a precisar ter bem mais da metade de seu conteudo totalmente refor- mulado, dando lugar ao surgimento deste outro. 1.2 Contabilidade, fisco e legislac,;oes especfficas A Contabilidade sempre foi muito influenciada pelos limites e criterios fiscais, particularmente os da legislar;ao de Imposto de Renda. Esse fato, ao mesmo tempo que trouxe a Contabilidade algumas contribui- r;6es importantes e de bons efeitos, limitou a evolur;ao dos Principios Fundamentais de Contabilidade ou, ao menos, dificultou a ador;ao prarica de principios con- tabeis adequados, ja que a Contabilidade era feita pela maioria das empresas com base nos preceitos e formas de legislar;ao fiscal, a qual nem sempre se baseava em criterios contabeis corretos. Felizmente, e aqui cabe 0 nosso franco e enorme elogio a Receita Federal do Brasil, que auxiliou de for- ma marcante na transposir;ao desses problemas. A cria- r;ao do Regime Tributario de Transir;ao (RTT) foi uma inestimavel contribuir;ao no sentido de que se pudesse caminhar rumo a convergencia internacional de conta- bilidade nos balanr;os individuais sem que os aspectos tributarios sejam descumpridos. Esse problema, que persistiu por muitos anos ate 0 final de 2007, teve uma tentativa de solur;ao por meio da Lei das S.A. Essa solur;ao foi preconizada pelo art. -----_._- 2 Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos 177, ja em 1976, que determina que a escritura<;ao deve ser feita seguindo-se os preceitos da Lei das Sociedades por A<;6es e os "principios de contabilidade geralmente aceitos". Para atender Ii legisla<;ao tributaria, ou outras exigencias feitas Ii empresa que determinem criterios contabeis diferentes dos da Lei das Sociedades por A<;6es ou dos principios de contabilidade geralmente aceitos, devem ser adotados registros auxiliares Ii parte. Dessa forma, a contabiliza<;ao efetiva e oficial fica- ria inteiramente desvinculada da legisla<;ao do Imposto de Renda e outras, 0 que representa, sem duvida, urn avan<;o consideravel. Isto nao significa que a Contabi- lidade oficial deva ser inteiramente diferente dos cri- terios fiscais, ja que quanta mais proximos os criterios fiscais dos contabeis tanto melhor. Todavia, essa dis- posi<;ao foi inclufda na Lei das Sociedades pDf A<;6es com 0 objetivo de permitir a elabora<;ao de demons- tra<;6es contabeis corretas, sem prejufzo da elabora<;ao de declara<;ao do Imposto de Renda, usufruindo-se de todos os seus beneffcios e incentivos e, ao mesma tem- po, respeitando-se tados os seus limites. Mas a pratica mostrou-se muito diferente. Nas edi- ~oes anteriores fomos severamente criticos da postura da Receita Federal que acabou inviabilizando a efetiva aplica<;ao do preconizado pela Lei das S.A., e tambem criticamos alguns outros orgaos. Mas, agora, levantamo-nos e aplaudimos 0 Execu- tivo e 0 Legislativo pelas modifica<;6es introduzidas que estao conduzindo Ii efetiva independencia da Contabili- dade como instrumento informativo para fins principal- mente dos usuarios extemos, e dentre eles aplaudimos especificamente a Secretaria da Receita Federal Bra- sileira pela sua atual postura. 1.3 Resumo das demonstra~oes contabeis e outras informa~oes o conjunto de informa<;6es que deve ser divulgado por uma sociedade por a<;6es representando sua "pres- ta<;ao de contas" abrange 0 Relatorio de Administra<;ao, as Demonstra<;6es Contabeis e as Notas Explicativas que as acompanham, 0 Parecer dos Auditores Indepen- dentes (se houver), 0 Parecer do Conselho Fiscal e 0 relatorio do Comite de Auditoria (se existirem). A seguir, sera apresentado urn resumo desse COll- junto de informa<;6es, 0 qual sera detalhado ao longo deste livro. 1.3.1 Re/at6rio da administraC;iio Nao faz parte das demonstra<;6es contabeis pro- priamente ditas, mas a lei exige a apresenta<;ao desse relatorio, que deve evidenciar os negocios sociais e prin- cipais fatas administrativos ocorridos no exerdcio, os investimentos em outras empresas, a politica de distri- bui<;ao de dividendos e de reinvestimento de lucros etc. No caso das companhias abertas, a CVM da orien- ta<;ao especifica sobre esses e outros tantos topicos de releva para terceiros. Por sua importancia, mesma nao sendo especifica, sugere-se que a empresa avalie a Ins- tru<;ao n' 480/09 da CVM, emitida em 7 de dezembro de 2009, para preparar seu Relatorio de Administra<;ao. As referencias Ii divulga<;ao de riscos sao de suma im- portancia. 1.3.2 Balanc;o Patrimonial (BP) 1.3.2.1 Classificac;ao das contas o balan<;o tern por finalidade apresentar a posi<;ao financeira e patrimonial da empresa em determinada data, representando, portanto, uma posi<;ao est<:ltica. Conforme 0 art. 178 da Lei nO 6.404176, "no balan- <;0, as contas serao classificadas segundo os elementos do patrimonio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar 0 conhecimento e a analise da situa<;ao finan- ceira da companhia". Conforme as intitula<;6es da lei, 0 balan<;o e com- posto por tres elementos basicos: BAlANC;O PATRIMONIAL ATIVO I PASSIVO PATRIM6NIO LlQUIDO ATNO - Compreende os recursos controlados por uma entidade e dos quais se esperam beneficios econo- micos futuros. PASSNO - Compreende as exigibilidades e obriga<;6es. PATRIMONIO UQUIDO - Representa a diferen<;a entre 0 ativo e passivo, ou seja, 0 valor Jfquido da empresa. Portanto, e importante que as contas sejam classi- ficadas no balan<;o de forma ordenada e uniforme, para permitir aos usuarios uma adequada analise e inter- preta<;ao da situa<;ao patrimonial e financeira. Visando atender a esse objetivo, a Lei nO 6.404/76, por meio dos arts. 178 a 182, definiu como deve ser a disposi<;ao de tais cantas, seguindo, para 0 Ativo, a c1assifica<;ao em ordem decrescente de grau de liquidez e, para 0 Passi- YO, em ordem decrescente de prioridade de pagamento das exigibilidades, ou seja: • no Ativo, sao apresentadas em primeiro lugar as cantas mais rapidamente conversiveis em disponibilidades, iniciando com 0 disponfve1 (caixa e bancos), contas a receber, estoques, e assim sucessivamente; Not;oes Introdut6rias 3 • no Passivo, c1assificam-se em primeiro lugar as contas cuja exigibilidade ocoffe antes. Como se verifica, os grupos de contas apresenta- dos foram dispostos dentro do criterio do grau de li- quidez mencionado. Dentro de cada grupo, a ordem de liquidez e exigibilidade tamMm deve ser mantida. Dentro desse conceito geral, os §§ 1 Q e 2' do art. 178 determinam a segrega~ao do Ativo e do Passivo nos seguintes grupos: o Pronunciamento Tecnico 26 - Apresenta~ao das Demonstra~6es Contabeis que segue 0 padrao interna- cional, nao estabelece ordem ou formato para a apre- senta~ao das contas do balan~o patrimonial, mas deter- mina que seja observada a legisla~ao brasileira. BAlAN<;O PATRIMONIAL ATIVO ATIVO ORCULANTE ATIVO NAO CIRCULANTE REALIZAvEL A LONGO PRAZO INVESTIMENTOS IMOBILIZADO INTANGrVEL Contas a receber PASSIVO + PATRIMONIO liQUIDO PASSIVO CIRCULANTE PASSIVO NAO CIRCULANTE PATRIMONIO LfQUIDO: CAPITAL SOOAL RESERVAS DE CAPITAL AJUSTES DE AVALlA<;:AO PATRIMONIAL RESERVAS DE LUCROS A<;:OES EM TESOURARIA PREJUrZOS ACUMULADOS 1.3.2.2 Criterios de avalia.;:ao Os criterios de avalia~ao dos ativos e de registro dos passivos sao aplicados dentro do regime de com- petencia e, de forma geral, seguem sumariamente a se- guinte orienta~ao: o valor dos tftulos menos estimativas de perdas para reduzi-Ios ao valor provavel de realiza<;ao. Aplicac;6es em instrumentos fi- Pelo valor justa au pelo custa amortizado (valor inicial acrescido sistematicamente dos nanceiros e em direitos e tftulos juros e Qutros rendimentos cabfveis), neste casa ajustado ao valor provavel de realiza- de credito (temporario) <;30, se este for menor. Estoques Ao custa de aquisi<;ao au de fabrica<;ao, reduzido per estimativas de perdas para ajusta- 10 ao pre<;o de mercado, quando este for inferior. Nos produtos agrkolas e em certas commodities, ao valor justo. Ativo Imobilizado Ao custo de aquisi\=ao deduzido da deprecia\=ao, pelo desgaste ou perda de utilidade ou amortiza\=ao ou exaustao. Periodicamente deve ser feita analise sobre a recupera\=ao dos valores registrados. Os ativos biologicos, ao valor justo. Investimentos Relevantes em Co- Pelo metoda da equivalencia patrimonial, ou seja, com base no valor do patrimonio ligadas e Controladas (induindo Ifquido da coligada ou controlada proporcionalmente a participa\=ao acionaria. Quando joint Ventures) de controladas, obrigatoria a consolida\=ao; quando de jOint ventures, a consolida\=ao proporcional. Outros Investimentos Societarios Igual aos instrumentos financeiros, nao pode mais ao custo. Outros Investimentos Ao custo menos estimativas para reconhecimento de perdas permanentes. Se proprieda- de para investimento, pode ser ao valor justa Intangfvel Pelo custo incorrido na aquisi\=ao deduzido do saldo da respectiva conta de amortiza- \=ao, quando aplicavel, ajustado ao valor recuperavel se este for menor. Exigibilidades Pelos valores conhecidos ou calculaveis para as obriga\=oes, encargos e riscos, incluin- do 0 Imposto de Renda e dividendos obrigat6rios propostos. Para certos instrumentos financeiros, como a maioria dos emprestimos e financiamentos sujeitos a atualiza\=ao moneta ria ou pagaveis em moeda estrangeira, pelos valores atualizados ate a data do balan\=o e ajustados por demais encargos, como juros (custo amortizado). Para certos outros instrumentos financeiros, pete valor justo. Patrimonio Lfquido Valor residual composto por dois grandes conjuntos: transa\=oes com os s6cios (divididas em capital e reservas de capita!), e resultados abrangentes (estes ultimos divididos em reservas de lucros - ou prejufzos acumulados - e outros resultados abrangentes). Mas nao tem criterio proprio de avalia\=ao, dependendo dos criterios de avalia\=ao atribufdos aos ativos e passivos. 4 Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos Tanto os elementos do ativo niio circulante quanto os do passivo niio circulante devem ser ajustados a va- lor presente, sendo os demais ajustados quando houver efeito relevante. 1.3.3 Demonstrar;fio do Resultado do Exercicio (DRE) e Demonstrar;fio do Resultado Abrangente (DRA) a) FORMA DE APRESENTA<;:AO A Lei n' 6.404/76 define 0 conteudo da Demonstra- ~iio do Resultado do Exercicio, que deve ser apresentada na forma dedutiva, com os detalhes necessarios das re- ceitas, despesas, ganhos e perdas e definindo claramente o lucro ou prejuizo liquido do exerdcio, e por a<;ao, sem confundir-se com a conta de Lucros Acumulados, onde e feita a distribui~iio ou aloca~iio do resultado. o Pronunciamento Tecnico CPC 26 - Apresenta- ~iio das Demonstra~6es Contabeis -, aprovado pela De- libera~iio CYM n' 595/09 e tornado obrigatorio para as demais sociedades pela Resolu~iio CFC n' 1.185/09, determina a ado~iio de duas demonstra~6es: a do resul- tado do exercicio e a do resultado abrangente. A entida- de deve apresentar todos os itens de receita e despesa realizados no periodo dentro da tradicional Demons- tra~ao do Resultado do Exercicio. As demais varia~6es do patrimonio liquido (reservas de reavalia~iio, certos ajustes de instrumentos financeiros, varia<;6es cambiais de investimentos no exterior e outros), que poderiio transitar no futuro pelo resultado do periodo ou irem direto para Lucros ou Prejuizos Acumulados, siio apre- sentadas como Outros Resultados Abrangentes dentro da Demonstra~iio do Resultado Abrangente do perio- do; esta ultima corresponde a soma do resultado do pe- riodo com os outros resultados abrangentes. Ela niio faz parte do conjunto de demonstra~6es contabeis exi- gido pela Lei Societaria, porem foi incluida pelo CPC em decorrencia das mudan~as advindas da convergen- cia as normas internacionais. o resultado abrangente e a muta,ao que ocarre no patrimonio l{quido durante um periodo que resulta de transa,oes e outros eventos que nao derivados de transa- ,Des cam as socios na sua qualidade de proprietario, ou seja, e 0 resultado do exercicio acrescido de ganhos ou perdas que eram reconhecidos direta e temparariamente na Demonstra~iio das Muta~6es do Patrimonio Liquido. Para a Demonstra~iio do Resultado Abrangente, a entidade pode optar por apresenta-la separadamente ou dentro das muta~6es do patrim6nio liquido. b) CLARA DEFINI<;:AO DE LUCRO LiQUIDO A lei define com clareza, por meio da Demons- tra~iio do Resultado do Exercicio, 0 conceito de lucro liquido, estabelecendo os criterios de classifica~iio de certas despesas. De fato, 0 lucro ou prejuizo liquido apurado nes- sa demonstra~iio e 0 que se pode chamar de lucro dos acionistas, pois, alem dos itens normais, ja se deduzem como despesas 0 Imposto de Renda e as participa~6es sobre os lucros a outros que niio os acionistas, de forma que 0 lucro liquido demonstrado e 0 valor final a ser adicionado ao patrimonio liquido da empresa que, em ultima analise, pertence aos acionistas, ou e distribuido como dividendo. c) REGIME DE COMPETENCIA As receitas e despesas siio apropriadas ao periodo em fun~iio de sua incorrencia e da vincula~iio da des- pesa a receita, independentemente de seus reflexos no caixa. A Lei das Sociedades par A~6es niio admite ex- ce~6es. d) CLASSIFICA<;:AO o resultado e subdividido em alguns topieos como: lucro bruto, lucro operacional, participa~6es no resul- tado, impostos e participa~6es sobre 0 lucro e resultado liquido e resultado das opera~6es descontinuadas. Quanto a apresenta~iio das despesas na DRE do periodo, 0 CPC 26 faculta a entidade a classifiea~ao ba- seada na natureza das despesas ou em sua fun~iio na entidade. Cada metodo de apresenta~iio tern suas vantagens. A classifica~iio pelo metodo da natureza da despesa e mais simples de aplicar porque nao sao necessarias alo- ca~6es de gastos as fun~6es. Ja 0 metodo da fun~iio da despesa proporciona aos usuarios informa~6es mais re- levantes do que a classifica~iio de gastos por natureza, porem a aloca~iio das despesas as fun~6es pode envol- ver aloca~6es arbitrarias. Pelo fato de a informa~iio so- bre a natureza das despesas ser util para a previsiio de futuros fluxos de caixa, 0 CPC 26 exige a divulga~iio adi- cional quando for usada a classifica~iio com base no me- todo da fun~iio das despesas. Mas a lei brasileira exige a classifica~iio pela fun~iio (custo dos produtos vendidos, despesas administrativas, despesas financeiras etc.) 1.3.4 Demonstrar;oes das Mutar;oes do Patrimonio Liquido (DMPL) e de Lueros ou Prejufzos Aeumulados A Lei das Sociedades por A~6es aceita uma ou ou- tra; a primeira e mais completa e uma de suas colunas e ados lucros ou prejuizos acumulados. Evidencia a muta~ao do patrimonio liquido em ter- mos globais (novas integraliza~6es de capital, resultado do exercicio, ajustes de exerdcios anteriares, dividen- dos, ajuste de avalia~ao patrimonial etc.) e em termos de muta~6es intemas (incorpora~6es de reservas ao ca- pital, transferencias de lucros acumulados para reser- vas e vice-versa etc.). Na coluna (ou Demonstra~ao, se for 0 caso) de Lu- cros Acumulados, e feita toda a destina~ao do resultado do exerdcio. Assim, a forma~ao do lucro e na Demons- tra~ao do Resultado e sua destina~ao (ou compensa~ao com reservas, se houver prejuizo) e nessa coluna ou demonstra~ao. Mas com 0 CPC 26 - Apresenta~ao das Demons- tra~6es Contabeis -, so restou a oportunidade da apre- senta~ao da demonstra~ao das muta~6es do patrimonio liquido. 1.3.5 Demonstrac;ao das Origens e Aplicac;oes de Recursos (DOAR) Essa demonstra~ao, que era obrigatoria para mui- tas empresas, agora nao mais, procura evidenciar as origens de recursos que ampliam a folga financeira de curto prazo (ou 0 capital circulante liquido, numa lin- guagem mais tecnica) e as aplica~6es de recursos que consomem essa folga. As origens de recursos sao subdivididas em: gera- das pela propria empresa por suas opera~6es e obtidas dos socios e emprestadas a longo prazo de terceiros. As aplica~6es incluem a destina~ao para dividend os, as aplica~6es em ativos permanentes e de longo prazo e as utiliza~6es para devolu~ao dos emprestimos tornados a longo prazo de terceiros ou sua transferencia para 0 Circulante. Ha algum tempo ja se percebia, no mundo, a ten- dencia de substitui~ao da Demonstra~ao de Origens e Aplica~6es de Recursos pela Demonstra~ao dos Fluxos de Caixa. Com a altera~ao da Lei Societaria pela Lei nQ 11.638/07, a Demonstra~ao dos Fluxos de Caixa pas- sou a compor 0 elenco das demonstra~6es obrigatorias, em substitui~ao a Demonstra~ao de Origens e Aplica- ~6es de Recursos. 1.3.6 Demonstrac;ao dos Fluxos de Caixa (DFC) A Demonstra~ao dos Fluxos de Caixa visa mostrar como ocorreram as movimenta~6es de disponibilidades em urn dado periodo de tempo. Essa demonstra~ao e Noc;6es Introdutorias 5 obrigatoria pela Lei das Sociedades por A~6es, e 0 CFC a tomou obrigatoria para todas as demais sociedades. Divide todos os fluxos de entrada e saida de caixa em tres grupos: os derivados das atividades operacio- nais, das atividades de investimento e das atividades de financiamento. 1.3.7 Demonstrac;ao do Valor Adicionado (DVA) A DVA tern como objetivo principal informar 0 va- lor da riqueza criada pela empresa e a forma de sua distribui~ao. Nao deve ser confundida com a Demons- tra~ao do Resultado do Exerdcio, pois esta tern suas informa~6es voltadas quase que exclusivamente para os soeias e acionistas, principalmente na apresentac;ao do lucro liquido, enquanto a DVA esta dirigida para a gera~ao de riquezas e sua respectiva distribui~ao pelos fatores de produ~ao (capital e trabalho) e ao govemo. A Demonstra~ao do Valor Adicionado (DVA) nao era obrigatoria no Brasil, ate a promulga~ao da Lei nQ 11.638/07, que introduziu altera~6es a Lei nQ 6.404176, tomando obrigatoria, para as companhias abertas, sua elabora~ao e divulga~ao como parte das demonstra~6es contabeis divulgadas ao final de cada exerdcio. Antes de se tomar obrigatoria para companhias abertas, a DVA era incentivada e sua divulga~ao apoia- da pela Comissao de Valores Mobiliarios (CVM) e Con- selho Federal de Contabilidade (CFC). Ela nao faz parte das demonstra~6es obrigatorias por parte das normas intemacionais de contabilidade. 1.3.8 Demonstrac;oes comparativas A Lei das Sociedades por A~6es obriga a compara~ao das demonstra~6es contabeis dos dois exerdcios. Infelizmente nao se cuidou de obrigar a plena atua- liza~ao das demonstra~6es referentes aos exerdcios comparados, considerando 0 efeito da infla~ao. o grande objetivo da compara~ao e que a analise de uma empresa e feita sempre com vista no futuro. Por isso, e fundamental verificar a evolu~ao passada, e nao apenas a situa~ao de urn momento. No caso de ajustes serem reconhecidos retrospec- tivamente ou de reclassifica~ao de itens nas demons- trac;5es contabeis, devem ser apresentados, no minima, tres balan~os patrimoniais relativos: a) ao terminG do periodo corrente; b) ao termino do periodo anterior; e c) ao inicio do mais antigo periodo comparati- vo apresentado, se afetado. 6 Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos 1.3.9 Consolidarao das demonstraroes contabeis Alem dos aprimoramentos no metodo de avalia~ao dos investimentos, a lei exige que, complementarmente as demonstrac;6es contabeis normais, sejam apresenta- das demonstra~6es contabeis consolidadas da investi- dora com suas controladas. Essa exigencia e requerida, por Lei, somente para as Companhias Abertas e para os Grupos de Socieda- de que como tais se enquadrarem dentro da nova lei. Assim, as Companhias Fechadas ou os conjuntos de empresas que nao se formalizarem como Grupos de Sociedades nao tern essa obrigatoriedade do ponto de vista legal. Porem, as normas internacionais obrigam a consolida~ao toda vez em que existe investimento em controlada, e isso foi seguido pelo CPC no Brasil, pela Comissao de Valores Mobiliarios (CVM) e pelo Conse- lho Federal de Contabilidade (CFC). Assim, nao restam mais altemativas de nao consolida~ao quando de in- vestimento em controlada, a nao ser em situac;5es es- pecialissimas e quase inexistentes, como sera visto no capitulo proprio. Aten~ao especial as situa~6es de SPEs (sociedades de proposito espedfico), porque podem estar obrigadas a consolida~ao mesmo quando nao controladas de di- reito, mas sim de fato. No caso de investimentos em empreendimentos controlados em conjunto (joint venture), quando ne- nhuma entidade detem 0 controle individualmente, mas 0 exercem em conjunto, e obrigatoria, pelo CPC, a consolida~ao proporcional, e nao a integral. 1.3.10 Demonstraroes contabeis "separadas" o Pronunciamento Tecnico CPC 35 - Demonstra- ~6es Separadas, criou essa novidade no Brasil, trazen- do-a das normas intemacionais. Nao se trata das de- monstra~6es individuais, e sim de urn conjunto especial de demonstra~6es quando os investimentos em contro- ladas, em controladas em conjunto (joint ventures) e em coligadas nao representam muito adequadamente o valor desses investimentos. !sso ocorre quando 0 con junto de tais investimen- tos e muito mais uma carteira, urn portfolio, de investi- mentos, do que urn con junto destinado a constituir urn todo agindo em razoavel complementa~ao urn do outro. Se uma empresa cria uma controlada para fun- cionar como uma distribuidora de seus produtos, e urn complemento de atua~ao, e ambas, consolidadas, evidenciam muito melhor a situa~ao desse grupo eco- nomico, mesmo que pequeno. Mas se uma empresa investe em duas outras apenas pela oportunidade de negocio, avalia-Ios ao valor contabil pode nada repre- sentar quanta a forma como os controladores e a gestao olham 0 negocio; nesse caso e melhor a evidencia~ao desses investimentos pelo seu valor justo, basicamente pelo seu valor de mercado, quando disponivel; pode ate ser preferivel, na ausencia de valor justo, mostra-Ios ao custo e so reconhecer resultado quando do recebi- mento de dividendos ou de venda do investimento. As demonstra~6es separadas nao substituem as de- mais e nao sao obrigatorias, mas podem ser apresenta- das em adi~ao as demais. 1.3.11 Notas explicativas As demonstra~6es contabeis devem ser complemen- tadas por notas explicativas, quadros analfticos ou ou- tras demonstra~6es contabeis necessarias a plena avalia- ~ao da situa~ao e da evolu~ao patrimonial da empresa. A lei enumera 0 minimo dessas notas e induz a sua amplia~ao quando for necessario para 0 devido "escla- recimento da situa~ao patrimonial e dos resultados do exercicio" . Nesse minimo incluem-se divulgar informa~6es sobre a base de prepara~ao das demonstra~6es finan- ceiras e das praticas contabeis aplicadas, divulgar as informa~6es exigidas pelas praticas contabeis adotadas no Brasil que nao estejam apresentadas em nenhuma outra parte das demonstra~6es contabeis, descri~ao dos criterios de avalia~ao dos elementos patrimoniais e das praticas contabeis adotadas, dos ajustes dos exerdcios anteriores, reavaliac;5es, onus sobre ativos, detalha- mentos das dividas de longo prazo, do capital e dos investimentos relevantes em outras empresas, eventos subsequentes importantes apos a data do balan~o etc. 1.3.12 Parecer do Conse/ho Fiscal E importante lembrar que a Lei brasileira nao obri- ga a publica~ao do Parecer do Conselho Fiscal; quando este existir, tal parecer precisa ser oferecido a Assem- bleia Geral dos acionistas, mas sua publica~ao e optati- va. A pr<itica demonstra que ele e publicado na maioria das vezes em que existe, demonstrando a importancia desse trabalho e a amplia~ao dos conceitos de gover- nan~a corporativa. 1.3.13 Re/at6rio do comite de auditoria Da mesma forma que 0 Parecer do Conselho Fiscal, a lei brasileira nao obriga a publica~ao do relatorio do Comite de Auditoria. Como a exigencia para constitui- ~ao desse comite esta prevista apenas para as empre- sas que tern seus titulos patrimoniais negociados nos Estados Unidos da America e em alguns casos por ate de orgao regulador especifico (como no caso do Ban- co Central no Brasil), a divulga~ao desse relatorio e normalmente facultativa, alcan~ando apenas empresas que queiram aumentar ainda mais 0 nivel de divulga- ~ao de informa~5es. Espera-se 0 seu incremento em fu- turo breve, tanto dos Comites quanta da divulga~ao de seus relat6rios. 1.3.14 Parecer dos Auditores Independentes As demonstra~5es contabeis sao sempre de respon- sabilidade da administra~ao da empresa e sao assinadas pelo contabilista devidamente autorizado. 0 parecer de auditores independentes sobre elas e de fundamental importancia e obrigat6rio em certas circunstancias. Por esse motivo, a Lei das Sociedades por A~5es determinou que as demonstra~5es contabeis das com- panhias abertas sejam auditadas por auditores in- dependentes registrados na CVM. A partir da Lei n' 11.638/07 tambem sao alcan~adas por essa exigencia as sociedades de grande porte, definidas como sendo aquelas que tern ativo ou receita bruta anual superior a 240 ou 300 milh5es de reais, respectivamente. Alem disso, normas especificas exigem que as institui~5es subordinadas ao Banco Central do Brasil, II Superin- tendencia de Seguros Privados, II Agencia Nacional de Energia Eletrica e outras tambem tenham suas demons- tra~5es contabeis auditadas. Destaque-se que ainda e pequeno 0 numero de em- presas que se preocupa com a transparencia e credibili- dade de suas demonstra~5es contabeis e submete seus balan~os ao exame dos auditores independentes e os divulga, mesmo nao tendo obrigatoriedade legal. Essa situa~ao contrasta drasticamente com pai- ses de economias mais avanc;adas, cnde a auditoria e uma obrigatoriedade para a grande maioria das empre- sas e entidades, inclusive govemamentais, senao por lei, por exigencia natural da sociedade e da comuni- dade de negocios. Emprestimos, rela~5es comerciais, transa~5es importantes e linhas de credito normalmen- te so se concretizam naqueles paises se acompanhadas de demonstra~5es contabeis avalizadas por auditores independentes. o Brasil, mesma com essa nova exigencia para as sociedades de grande porte, ainda e considerado urn dos menos auditados no mundo dos neg6cios, como comprovam os dados da propor~ao do numero de audi- tores em rela~ao II popula~ao, ou do volume de empre- sas e entidades, inclusive governamentais. A fun~ao, no Noc;6es Introdutorias 7 Brasil, requerera ser multiplicada algumas vezes para se equiparar aos padr5es dos paises avan~ados. o fato importante a ser destacado e que com urn sistema mais transparente de informa~5es e de presta- ~5es de contas e com uma atua~ao de auditoria bern maior, muito se aplicani na seguranc;a dos negocios, com redu~ao de riscos e inadimplencias, permitindo inclusive menores taxas de juros. Alem disso, haveria contribui~5es na diminui~ao de corrup~ao e de sone- ga~ao de impostos. Contribuiria, finalmente, para me- !horia do nosso pais, quanto ao grau de atratividade de capitais e de investimentos intemacionais e sua COffi- petitividade. 1.3.15 Ba/ant;o Social o Balan~o Social, componente nao obrigat6rio das demonstra~5es contabeis requeridas, tern por objetivo demonstrar 0 resultado da intera~ao da empresa com 0 meio em que esta inserida. Possui quatro vertentes: o Balan~o Ambiental, 0 Balan~o de Recursos Humanos, Demonstra~ao do Valor Adicionado e Beneficios e Con- tribui~5es II Sociedade em geral. o Balan~o Ambiental reflete a postura da empresa em relac;ao aDS recursos naturais, compreendendo os gastos com preserva~ao, prote~ao e recupera~ao destes; os investimentos em equipamentos e tecnologias volta· dos II area ambiental e os passiv~s ambientais. Pode· ni ainda ter caracteristicas fisicas como, por exemplo, descri~ao das quantidades comparativas de poluentes produzidos de urn periodo a outro, acompanhadas dos parametros legais. o Balan~o de Recursos Humanos visa evidenciar o perfil da for~a de trabalho: idade, sexo, forma~ao es- colar, estado civil, tempo de trabalho na empresa etc.; remunera~ao e beneficios concedidos: salario, auxilios alimentac;ao, educac;ao, sande, transporte etc.; gastos com treinamento dos funcionarios. Esses dados po- dem ser confrontados com diversos elementos, inclu- sive com a produtividade ao longo dos periodos. Mui- to importante, ainda, e a discrimina~ao dos gastos em beneficios a sociedade circunvizinha, como centros de recrea~ao, constru~ao e/ou manuten~ao de hospitais e escolas para a comunidade etc. A Demonstra~ao do Valor Adicionado objetiva evi- denciar a contribui~ao da empresa para 0 desenvolvi- mento economico-social da regiao onde esta instalada. Discrimina 0 que a empresa agrega de riqueza II eco- nomia local e, em seguida, a forma como distribui tal riqueza. a Balan~o Social busca demonstrar 0 grau de res- ponsabilidade social assumido pe1a empresa e assim prestar contas II sociedade pelo usc do patrimonio pu- blico, constituido dos recursos naturais, humanos e 0 8 Manual de Contabilidade Societaria • Iud£cibus, Martins, Gelbcke e Santos direito de conviver e usufruir dos beneficios da socie- dade em que atua. Embora niio haja qualquer exigencia legal quanta a divulga~iio do Balan~o Social, as empresas siio continua e crescentemente solicitadas a informarem sua poHtica em rela~iio ao meio ambiente, via exigencia de sistemas de gerenciamento ambiental, Relatorios de Impactos Ambientais, e em alguns casos tern de assumir 0 onus de provar que niio agridem a natureza. No caso dos recursos humanos, as exigencias de cumprimento das legisla~6es trabalhistas e as reivindica~6es sindicais siio rigorosas. A utilidade da empresa, isto e, sua importan- cia para a sociedade fica bastante transparente com a elabora~iio da Demonstra~iio do Valor Adicionado. Por essas razoes, total ou parcialmente, as informac;oes do Balan~o Social tern importancia para divulgar a postura da empresa e para que os interessados em sua conti- nuidade tomem conhecimento da linha de conduta que esta sendo adotada pela companhia. Na quarta faceta do Balan~o Social, tem-se a evi- dencia~iio do que a empresa faz em termos de benefi- cios sociais como contribuic;oes a entidades assistenciais e filantropicas, preserva~iio de bens culturais, educa<;iio de necessitados etc. 1.3.16 Fatos re/evantes As demonstra<;6es contabeis niio siio a unica fonte de informa<;iio sobre a empresa. Atos e fatos relevantes devem ser informados aos interessados, principalmente no caso das companhias abertas ou com obriga<;iio ou vontade de presta~iio publica de contas, pois poderao causar varia<;6es na posi<;ao da empresa no mercado. Tais atos e fatos relacionam-se a decis6es de acionistas, de assembleia, ou outras que possam influir na cota<;ao dos valores mobiliarios ou nas decis6es dos investido- res e credores. Tais informa~6es siio divulgadas em jor- nais de grande circula<;ao e na rede mundial de compu- tad ores - Internet. No caso das companhias abertas, a Instru<;ao CVM n' 358/02, baseada no art. 157, § l' da Lei das Socie- dades por A<;6es, da procedimentos e defini~6es espe- dficas a divulga~ao dos atos ou fatos relevantes, para comunicar assim aos interessados os atos e fatos que poderao causar varia~6es na posi<;iio da empresa no mercado. o art. 2' da Instru~iio considera relevante: "qual- quer decisiio de acionista controlador, delibera<;ao da assembleia geral ou dos orgaos de administra<;ao da companhia aberta, ou qualquer outro ato ou fato de carater politico-administrativo, tecnico, negocial ou economico-financeiro ocorrido". Considera relevantes tambem os atos e os fatos re- lacionados a seus negocios que possam influir de modo "pondenivel" na cota<;ao de seus valores mobilitirios, nas decis6es dos investidores, em acordos e contratos de transferencia de conttole acionario, na incorpora<;ao, fusao ou cisao envolvendo a companhia ou empresas li- gadas, na transforma~ao ou dissolu<;ao da companhia, na impetra~iio de concordata, no requerimento ou con- fissao de falencia ou na propositura de a~ao judicial que possa vir a afetar a situa~ao economico-financeira da companhia, entre outros. Segundo a Instru~ao, a divulga<;ao de ato ou fato relevante deve ser feita pelo diretor de rela<;6es com investidores, que devera divulga-Ios simultaneamente ao mercado por qualquer meio de comunica~ao, inclu- sive informac;ao a imprensa, ou em reuni6es de enti- dades de classe, investidores, analistas ou com publico selecionado, no pais ou no exterior. Pelo art. 3', § 4', a divulga~ao devera dar-se por jornais de grande circula- <;ao utilizados habitualmente pela companhia, podendo ser feita de forma resumida com indica<;ao dos endere- <;os na rede mundial de computadores - Internet -, em que a informa<;ao completa devera estar disponivel a todos os investidores. Os arts. 16 e 17 tratam de estabelecer que, alem de as empresas abertas deverem adotar uma politica de di- vulga~ao de atos e fatos relevantes, devem contemplar procedimentos relativos a manuten~iio de sigilo em re- la<;iio as informa<;6es relevantes niio divulgadas; entre outros, devem tambem comunicar a CVM a aprova<;iio ou altera~iio de tal politica de divulga<;iio. A Instru<;iio trata ainda das situa<;6es em que tais atos e fatos relevantes podem ser tratados com sigilo, as penalidades da omissiio de informa~6es e de outras informa<;6es a serem divulgadas como no caso de alie- na<;iio de controle, nas negocia<;6es de administradores e pessoas ligadas, na aquisi<;iio e aliena<;iio de participa- <;ao acionaria relevante e sobre negocia<;6es de contro- ladores e acionistas. 1.4 Aspectos complementares da Lei das Sociedades por A~oes 1.4.1 Conformidade com as praticas contiibeis brasileiras Para que as demonstra<;6es contabeis representem apropriadamente a posi<;iio patrimonial e financeira, o desempenho financeiro e os fluxos de caixa da en- tidade devem ser seguidas as orienta<;6es do CPC in- seridas no Pronunciamento Conceitual Basico - Estru- tura Conceitual para a Elabora~iio e Apresenta<;iio das Demonstra<;6es Contabeis. Presume-se que a aplica<;iio dos Pronunciamentos, Orienta~6es e Interpreta~6es do epe garante as demonstra~6es contabeis a adequa~ao necessaria. o Pronunciamento Tecnico epe 26 - Apresenta- ~ao das Demonstra~6es eontabeis - estabelece que a entidade que apresentar as demonstra~6es contabeis em conformidade com os Pronunciamentos, Orienta- ~6es e Interpreta~6es do epe deve declarar de forma explicita que atende plenamente as referidas normas. easo nao seja possivel atender a todos os requisitos dos Pronunciamentos, Orienta~6es e Interpreta~6es ou a administra~ao entenda que sua aplica~ao comprome- te 0 objetivo das demonstra~6es contabeis, a entidade deve divulgar: a) que a administra~ao concluiu que as de- monstra~6es representam apropriadamente a posi~ao patrimonial e financeira, 0 desem- penho financeiro e os fluxos de caixa da en- tidade; b) que aplicou os Pronunciamentos, Orienta- ~6es e Interpreta~6es aplicaveis, exceto pela nao aplica~ao de urn requisito com a finali- dade de obter representa~6es adequadas; c) 0 titulo do Pronunciamento, Orienta~ao ou Interpreta~ao nao atendida; d) as raz6es da nao aplica~ao; e) 0 tratamento que 0 Pronunciamento, Orien- ta~ao ou Interpreta~ao exigiria e 0 pro cedi - mento efetivamente adotado; e t) 0 impacto financeiro da nao aplica~ao do Pronunciamento, Orienta~ao ou Interpreta- ~ao para cada periodo. easo a administra~ao entenda que a conformidade a determinado Pronunciamento, Orienta~ao ou Inter- preta~ao proporciona demonstra~6es contabeis distor- cidas e enganosas que comprometam os objetivos des- sas mesmas demonstra~6es, a entidade deve deixar de atender a essa determina~ao e utilizar a que considerar mais adequada, seguindo os passos dados no paragrafo acima. easo esteja nessa situa~ao de produzir demonstra- ~6es distorcidas e enganosas por seguir determina~ao de algum Pronunciamento, Orienta~ao ou Interpreta- ~ao, mas a estrutura regulat6ria vigente proiba a nao aplica~ao da altemativa considerada de melhor quali- dade, a entidade deve divulgar: a) 0 titulo e a natureza do Pronunciamento, Orienta~ao ou Interpreta~ao em questao; b) as raz6es que levaram a administra~ao a concluir que 0 cumprimento do Pronuncia- mento, Orienta~ao ou Interpreta~ao toma- Noc;5es Introdutorias 9 ria as demonstra~6es contabeis distorcidas e conflitantes com seus objetivos; e c) para cada periodo apresentado, os ajustes de cada item nas demonstra~6es contabeis que a administra<;ao concluiu serem necessarios para se obter uma representa~ao adequada. 1.4.2 Agrupamento e destaque de contas Para a apresenta~ao das demonstra~6es contabeis e notas explicativas, as contas de valor insignificante nao devem aparecer destacadamente, mas agrupadas com outras do mesmo grupo, que sejam semelhantes, desde que indicada sua natureza. A Lei nO 6.404176 obriga 0 detalhamento por conta, impedindo 0 agru- pamento de contas semelhantes se a soma dos saldos ultrapassar 10% do valor do respectivo grupo de contas (circulante e urn grupo, por exemplo). Nos casos em que certos subgrupos tenham contas com valores significativos, elas devem ser destacadas na demonstra~ao contabil, para melhor compreensao. 1.4.3 Compensar;iio de saldos A Lei das Sociedades por A~6es, no § 3' do art. 178, que trata do Balan~o Patrimonial, estabelece que "os saldos devedores e credores que a companhia nao tiver direito de compensar serao classificados separada- mente". Isso significa que os saldos devedores das con- tas devem figurar no ativo, e os credores, no passiv~, nas seguintes situa~6es: a) 0 saldo credor em urn banco nao deve es- tar como redu~ao do saldo total devedor de bancos, mas como conta de passiv~, como se fosse emprestimo a pagar; b) os saldos de contas correntes devem figurar no ativo para os casos das contas devedoras, e no passivo, para os das credoras; c) os saldos devedores de fomecedores devem constar do ativD, assim como os credores de c1ientes, no passivo. Salientamos que a mensura~ao de ativos liquidos relacionando, por exemplo, perdas estimadas em cre- dito de liquida~ao duvidosa na conta de c1ientes nao e considerada compensa~ao. o epe 26 acrescenta que receitas e despesas, tambem, nao devem ser compensadas, exceto quando forem relacionadas a mesma transa~ao, por exemplo, para ganhos e perdas na aliena~ao de imobilizado deve 10 Manual de Contabilidade Societaria • Iud(cibus, Martins, Gelbcke e Santos ser apresentado 0 valor contabil referente a venda de- duzido das despesas de vendas relacionadas. 1.4.4 Apresentar;ao em milhares de unidades monefiirias Quando a empresa utiliza essa op~ao, prevista no § 6' do art. 289 da Lei nO 6.404/76, de apresentar as demonstra~6es contabeis adotando-se como expressao monetaria 0 "milhar de unidades monetarias", que e realmente util, deve indicar 0 fato. Essa indica~ao pode ser feita no topo de cada demonstra~ao contabil. Con- sideramos adequado, em certas situa~iies especialfssi- mas, a apresentac;ao inclusive em "milhao de unidades monetarias" . 1.4.5 Periodicidade o conjunto completo das demonstra~6es contabeis (inclusive informa~iies comparativas) deve ser apresen- tado pelo menos anualmente. Caso a entidade altere a data de encerramento das demonstra~iies contabeis ou apresente-as em urn periodo superior ou inferior a urn ano, alem do periodo abrangido pelas demonstra~iies, deve divulgar: a) 0 motivo por utilizar urn periodo mais longo ou mais curto; e b) 0 fato de que nao sao inteiramente compa- raveis os montantes apresentados nessas de- monstrac;6es. 1.4.6 Identificar;ao das demonstrar;oes contabeis As praticas contabeis brasileiras aplicam-se ex- clusivamente as demonstra~6es contabeis, logo estas devem ser claramente identificadas e distinguidas de quaisquer outras informa~6es apresentadas em ou- tro relatorio anual ou documento. E importante que o usuario possa distinguir as informa~iies preparadas com base nas praticas contabeis e outras informa~6es que possam ser uteis, mas que nao sao objeto dos requi- sitos das referidas praticas. Alem de identificadas as demonstra~iies contabeis, o CPC 26 aponta como necessaria a divulga~ao das se- guintes informa~iies: a) 0 nome das entidades as quais as demons- tra~6es contabeis dizem respeito; b) se as demonstra~iies contabeis se referem a uma entidade individual ou a urn grupo de entidades; c) a data-base das demonstra~iies contabeis e notas explicativas e 0 respectivo periodo abrangido; d) a moeda na qual as demonstra~iies conta- beis sao apresentadas; e) 0 nivel de arredondamento usado na apre- senta~ao dos valores nas demonstra~6es contabeis. 1.4.7 Meios de divulgar;ao Pela Lei das Sociedades por A~6es, em seu art. 289, a divulga~ao das demonstra~6es contabeis deve ser fei- ta emjornal de grande circula~ao editado na localidade em que esta situada a sede da companhia e no orgao oficial da Uniao ou do Estado (Distrito Federal). Essas publica~iies previstas devem ser feitas sempre no mes- mo jornal, devendo qualquer mudan~a ser precedida de aviso aos acionistas no extrato da ata da assembleia geral ordinaria. Todas as publica~iies ordenadas na lei deverao ser arquivadas no registro do comercio. A lei ainda preve que, complementarmente, a CVM pode determinar que tais publica~iies sejam feitas em jornal de grande circula~ao nas localidades em que os valores mobiliarios da companhia sejam negociados, ou atraves de outro meio com ampla divulga~ao e ime- diato acesso as informa~iies. A Lei n' 10.303/01, incluindo 0 § 7' no art. 289 da Lei das Sociedades por A~6es, soma as possibilidades relativas aos meios pelos quais as referidas publica~6es serao disponibilizadas, 0 uso da rede mundial de com- putadores, como forma complementar, mas nao substi- tuindo os meios citados anteriormente. 1.5 Efeitos da infla~ao Originalmente, a Lei n' 6.404/76 previa a obriga- toriedade do reconhecimento dos efeitos da infla~ao nas demonstra~iies contabeis, por sistematica simples e eficiente, atraves da chamada Corre~ao Monetaria do Balan~o, que resultava na apura~ao do ativo permanen- te, patrim6nio lfquido e lucro mais corretos. Urn aspec- to muito importante daquele sistema e que os efeitos da corre~ao monetada no resultado do exercicio eram acei- tos para fins de dividendos e do calculo do Imposto de Renda. Essa sistematica foi sendo aprimorada ao longo dos anos por legisla~6es ou normas complementares. Paralelamente a Corre~ao Monedria de Balan~o, prevista na lei societaria, desenvolveu-se no Brasil uma metodologia bern mais completa de reconhecimento dos efeitos inflaciomlrios nas demonstra~6es contabeis, ou seja, com todos os seus valores corrigidos e expres- sos em moeda de poder aquisitivo constante, sistemati- ca essa denominada Correc;ao Integral, cujos conceitos integram os Principios Fundamentais de Contabilida- de no Brasil. Com 0 agravamento dos indices inflacio- mirios, a CVM tornou a corre~ao integral obrigatoria para as Companhias Abertas, mas como demonstra~6es condbeis complementares, publicadas em con junto com as demonstra~6es contabeis elaboradas pela legisla~ao societaria, que contemplavam a correc;ao monetaria de balan~o. Na pratica, esses modelos e experiencia adquirida pelas empresas e mercado como urn todo no trato dos efeitos da infla~ao e que permitiram a preserva~ao e so- brevivencia das empresas e dos proprios negocios, mes- mo nos periodos mais agudos de indices inflacionarios. Desde 0 advento, em boa hora, do Plano de Esta- biliza~ao Economica - Plano Real - e 0 sucesso de suas medidas, passamos a tef, no Real, uma moeda com indi- ces inflacionarios drasticamente reduzidos e declinan- tes. Como parte das medidas economicas desse Plano, a Lei nQ 9.249/95 nao so eliminou a anterior obrigatorie- dade da corre~ao monetaria, como tornou proibido tal reconhecimento dos efeitos da infla~ao a partir de 1996 nas demonstra~6es contabeis, nao so para fins fiscais, como tambem para fins societarios, sob 0 pressuposto de que, com 0 sucesso da nova moeda e com indices inflacionarios realmente baixos, os efeitos da infla~ao nao seriam de relevancia. A CVM, por seu turno, adaptando suas normas a nova legisla~ao vigente, tornou facultativa a elabora- ~ao e a divulga~ao das demonstra~6es contabeis com corre~ao integral. Como consequencia, reduziu a prati- camente zero 0 numero de empresas que continua ela- borando e divulgando tais demonstra~6es. o pressuposto de que a partir de 1996 os efeitos da infla~ao nao seriam de relevancia, todavia, nao e verdadeiro, pois mesmo com uma infla~ao bern mais baixa, seus efeitos acumulados tendem a ser relevan- tes para muitas empresas, como e comprovado nao so em inumeros estudos profissionais e academicos, como tambem em casos reais de empresas que continuaram divulgando demonstra~6es contabeis com corre~ao in- tegral, onde tais efeitos ficavam evidentes. Como consequencia dessa proibi~ao, as demons- tra~6es contabeis elaboradas e divulgadas pelas empre- sas, em geral a partir de 1996, passaram a apresentar distor~6es nao reconhecidas e, na grande maioria dos casos, sem sequer serem apuradas e divulgadas para saber se sao relevantes ou nao. Apesar de estarem em No~6es Introdut6rias 11 conformidade com a legisla~ao societaria e fiscal, apre- sentam distor~6es em rela~ao aos aspectos economicos que deveriam estar refletidos nas demonstra~6es. Outra consequencia importante e a distor~ao na apura~ao do Imposto de Renda calculado sobre urn resultado contabil incorreto, gerando tributa~ao inde- vida; efeito similar se aplica aos dividend os, ja que nor- malmente sao calculados a partir de urn lucro Iiquido que apresenta distor~6es. Convem destacar que 0 sistema de corre~ao mo- netaria, no entanto, naD e mera registro escritural de- corrente de uma sistematica legal, e sim 0 registro de urn fato economico real visando preservar a essencia economica do capital investido. Para exemplificar essa distor~ao, pode-se citar 0 indice oficial de infla~ao do Brasil: 0 IPCA Cindice Na- cional de Pre~os ao Consumidor Amplo, medido pelo IBGE) 0 qual indica que a infla~ao acumulada durante a vigencia do Plano Real ultrapassou 200% M ja urn born tempo, e a 100% depois de extinta a corre~ao mo- netaria dos balan~os, como visto na tabela a seguir: IPCA - iNDICE NACIONAL DE PREGOS AO CONSUMIDOR AMPLO Acumulado Acumulado desde a Ano desde 0 inicio do extin-;ao da corre.-;ao Ano (%) Plano Real monetaria (%) (%) 1994 18,44 18,44 - 1995 22,41 44,98 - 1996 9,56 58,84 9,56 1997 5,22 67,13 15,28 1998 1,66 69,91 17,19 1999 8,94 85,10 27,67 2000 5,97 96,15 35,29 2001 7,67 111,19 45,67 2002 12,53 137,66 63,92 2003 9,30 159,76 79,17 2004 7,60 179,50 92,78 2005 5,69 195,40 103,75 2006 3,14 204,68 110,15 2007 4,46 218,27 119,52 2008 5,90 237,05 132,47 2009 4,31 251,57 142,49 Tendo em vista ser assunto polemico e pela impor- tancia e complexidade do tema, veja 0 Capitulo sobre Corre~ao Integral, onde os efeitos da infla~ao sao ana- lisados com mais profundidade. 12 Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos 1.6 C6digo Civil o Novo Codigo Civil, com a reda~ao dada pela Lei nQ 10.406/02, contem alguns artigos de natureza connibil que sao, em boa parte, atrocidades que jamais esperariamos ver acontecer em nosso Pais. Vejamos al- gumas delas. Ele menciona que os balan~os deverao ser assina- dos por tecnico em Ciencias Contabeis legalmente habi- litado. Esse profissional nao existe no Brasil. Ou existe 0 Bacharel em Ciencias Contabeis, ou 0 Tecnico em Con- tabilidade, mas tecnico em Ciencias Contabeis, nao. Nossa Demonstra~ao do Resultado atual passaria a chamar-se balan~o de resultado economico. Obvia- mente, os legisladores e/ou seus auxiliares mostram parecer nao entender nem de Contabilidade nem de Economia. Todos nos sabemos que uma das grandes diferen~as entre essas duas areas de conhecimento esta no nao reconhecimento, ainda, pela Contabilidade, de urn dos conceitos mais relevantes da Economia: 0 do Custo de Oportunidade. Na verdade, temos muitos profissionais praticantes da Contabilidade e professores da area reclamando des- sa enorme falha desse nao reconhecimento. Contabili- zamos 0 custo de usar capital de terceiros mas nao 0 proprio. (Nao confundir com os Juros Sobre 0 Capital Proprio para fins fiscais, porque nao representam, nem de longe, esse Custo de Oportunidade dos socios.) Assim, nao e computado, para diminuir 0 lucro contabil e se chegar, efetivamente, a urn lucro mais economico, 0 Custo de Oportunidade do patrimonio liquido dos socios, ou seja, 0 quanto eles consideram como 0 que estariam ganhando na melhor alternativa desprezada ao fazerem seu investimento. Em outras pa- lavras, nao estamos contabilizando, na apura~ao do Re- sultado, 0 quanto os sodos consideram como 0 minimo abaixo do qual nao estariam interessados em manter-se como socios tendo em vista 0 juro do dinheiro, 0 risco do negocio e as demais alternativas existentes para eles no mercado. A ausencia da aceita~ao e do uso desse conceito pela Contabilidade no mundo inteiro e que levou il cria- ~ao do Valor Economico Adicionado (EVA - Economic Value Added) por profissionais norte-americanos que acabaram por fazer urn enorme furor com sua cria~ao e sua implantac;ao em muitas empresas, mas sempre para fins gerenciais ou de analise, sem mudan~a conta- bil propriamente dita (infelizmente). So que esse conceito nao e utilizado ainda na Con- tabilidade, porque 0 grande problema esta em sua men- surac;ao, e nao em seu conceito teorico. Cada investidor tern seu proprio Custo de Oportunidade, dependendo de seu nivel de aversao ao risco, das oportunidades que tern, de sua ambi~ao etc. Para cada empresa esse custo seria 0 da media ponderada dos diversos socios, e isso inclusive muda com 0 tempo e com outras condi~6es. o mercado financeiro utiliza-se de determinadas tec- nicas estatisticas e de dados referentes ao comporta- mento dos investidores em a~6es para cakular 0 Custo de Oportunidade de cada empresa em cada momento. Mas sao sempre cakulos muito aproximados e cheios de problemas. Sao utilizados por diversos profissionais, pesquisadores, revistas tecnicas etc., mas sempre com base em algumas hipoteses assumidas que nada mais sao do que aproxima~6es da realidade. o que interessa e que resultado economico nao e nosso resultado contabil, e a ado~ao dessa nomenclatu- ra nos colocara ate em situa~ao ridicula. Dizer que os autores estavam realmente pensando no maior avan~o da Contabilidade talvez ja dado nos ultimos tempos para levar 0 resultado contabil ao eco- nomico seria forjar uma explica~ao porque, tantas coi- sas absurdas estao nessa Lei nessa parte contabil (como ja mostrado no caso do tecnico em Ciencias Contabeis), que nao da para ninguem acreditar nessa eventual saida honrosa que seria justificar como avan~o que nos, pobres mortais, nao estamos conseguindo avaliar. E 0 que falar entao do uso da palavra balanfo para denominar a demonstra~ao da apura~ao do resultado de balan~o de resultado economico. Interessante, nao? Talvez uma volta ha muitas e muitas decadas atras il procura de alguns que propuseram terminologia pareci- da com essa mas que, obviamente, nunca foi utilizada. Balan~o porque veja-se 0 que se quer: "0 balan~o de re- sultado economico, ou demonstra~ao da conta de lucros e perdas, acompanh,ara 0 ba1an~o patrimonial e dele constarao credito e debito, na forma da lei especial". Voltarmos il antiga conta de Lueros e Perdas e realmente urn retrocesso estupendo. E born observar- mos que nao ha a exigencia, nesse novo Codigo Civil, da Demonstra~ao de Lueros ou Prejuizos Acumula- dos. Nos temos, com a Lei das Sociedades por A~6es atual, duas Demonstra~6es: uma apura 0 Resultado, e a outra 0 destina (constituic;ao e reversao de reservas, ajustes de exerdcios anteriores, distribui~ao de lucros etc.). Poi uma inova~ao inclusive de cunho didatico extraordinario que so quem vivenciou percebeu. A antiga Demonstra~ao da conta de Lucros e Per- das era a soma das duas de hoje. Parece que a grande aparencia de demonstra~ao mais cientifica estava na igualdade de debitos e cre- ditos, como se essa igualdade representasse alguma garantia de exatidao dos numeros, de quaJidade da demonstra~ao, de exatidao das classifica~6es, risco de nao omissao de lan~amentos contabeis, garantia de "amarrac;ao" dos numeros etc. (E ai esta tambem a ori- gem da palavra balanfo, ja que seu formato e sua ca- racteristica de dois conjuntos de valores, lado a lado, "baterem", repetem as do balan~o patrimonial.) Essa demonstra~iio na forma de debitos e creditos parece feita, e 6bvio, s6 para os contabilistas. S6 que o mais importante e que nossas demonstra~6es sejam entendidas por nossos usuarios, naD tao tecnicos e nem tiio preparados e especializados. Quanto mais dificulta- mos seu entendimento, mais as teremos longe de nos e de nosso produto, que siio nossas informa~6es. E que tal as nomenclaturas de Fundo de Reserva Legal, Fundo de Devedores Duvidosos, Fundo de De- precia~iio etc.? Estranho? Antiquado? Mas, por incr/vel que pare~a, estiio nessa Lei. Primeiramente, 0 texto fala em bens que se desgas- tam ou depreciam, parecendo terem sido esquecidos os que se exaurem, como as jazidas minerais, as florestas etc. A atual Lei das Sociedades por A~6es niio comete esse equivoco. Ha tambem 0 caso dos que simplesmen- te tern seus beneffcios usufruidos, ou tern vida util eco- nomica limitada por disposi~6es legais, como no caso de tantos intangiveis que siio amortizados, apesar de que de alguns deles essa Lei fala noutro ponto. o relevante e a volta de uma terminologia niio mais usada praticamente em lugar nenhum no mundo: fundo de amortiza,do. Sera que vamos voltar a ter as velhas confus6es? Fundo de amortiza~iio de veiculos podeni induzir al- guem il cren~a de que a empresa tenha de fato urn fun- do para renovar seus autom6veis? o Brasil tem-se caracterizado, desde a edi~iio da atual Lei das Sociedades por A~6es, final de 1976, por ser urn pais onde raras siio as confus6es entre Fundo, Provisiio e Reserva. Todos os profissionais e todos os usuarios das de- monstra~6es contabeis (estes quando com 0 minimo conhecimento para entende-Ias) sabem 0 que e urn Fundo de Garantia do Tempo de Servi~o, uma Provisao para Deprecia~iio ou uma Reserva Legal e niio confun- dem os conceitos. Ate a confusao entre Provisiio para Contingencias e ReseIVa para Contingencias diminuiu enormemente, praticamente quase desaparecendo de vez no Brasil. A ideia de fundo ligado il existencia de dinheiro ou outros ativos facilmente conversiveis em dinheiro para determinada destina~ao pode causar, de fato, como sempre causou no passado, muita confusao. Ainda mais que essa nova Lei diz que 0 fundo de deprecia~iio e para a substitui~iio ou a conserva~iio do valor do ativo. Com certeza ficara a ideia, incorreta, de que, se existe saldo nessa conta, valor igual estara il disposi~iio da empresa para repor 0 mesmo ativo ou pelo menos para manter seu valor de hoje. Noc;5es Introdutorias 13 o registro da deprecia~iio niio garante, absoluta- mente, a reposi~iio do ativo ou 0 retorno atualizado do valor nele investido. 0 que garante 0 retorno e a recei- ta obtida. Se dela, ap6s deduzidas todas as despesas, inclusive a de deprecia~ao, conseguir-se pelo menos resultado nulo, isso significara que tera sido recupera- do urn peda~o do valor aplicado no imobilizado que se depreciou, mas esse valor em caixa naa significanl capacidade para a sua reposi~iio. Para que houvesse a reposic;ao, seria necessaria que a deprecia~iio fosse calculada com base 100% no custo de reposi~iio do ativo depreciado. E mais, que alem da despesa do ano, se fizesse 0 registro do ajuste das parcelas ja depreciadas em todos os periodos ante- riores e calculadas com base em val ores de reposi~iio de cada uma dessas epocas, e que siio diferentes das de agora. E, alem de tudo, que jamais houvesse prejuizo apas isso. Mais ainda, seria necessaria que os recursos re- lativos a essa deprecia~iio niio fossem utilizados para quaisquer amortiza~6es de dividas ou investimentos em outros neg6cios. A deprecia~iio, mesmo com a imutabilidade do va- lor de reposi~iio do imobilizado, niio tern como objetivo repor 0 ativo, mas recuperar 0 valor originalmente nele investido. Isso dentro dos Principios Fundamentais da Contabilidade como praticados hoje. S6 que essa reda~iio do C6digo Civil, que fala em assegurar a reposi~iio ou manuten~iio do valor do imo- bilizado via deprecia~iio, determina que ele seja ava- liado il base do custo original de aquisi~iio. E 0 uso do custo hist6rico jamais permitira que se tenham depre- ciac;6es que retenham, na empresa lucrativa, recursos suficientes il renova~iio do imobilizado. Essa lei tambem fala em fundo de reserva. Lem- bram-se dessas express6es? (Os formados nos ultimos 30 anos provavelmente nem sabem do que estamos fa- lando. E nem queiram mesmo saber!) Outro ponto interessante no que diz respeito a essa confusiio terminol6gica que conseguimos eliminar com a Lei das Sociedades por A~6es e que agora volta com esse C6digo Civil e 0 usa da palavra previsdo em vez de provisdo para 0 caso dos Creditos de Liquida~iio Duvi- dosa. A partir de certas previsoes, constitui-se, conta- bilmente, a Provisiio. Niio da para confundir. A empre- sa pode, inclusive, prever perdas, e nao contabilizar a Provisiio se fizer uma Contabilidade incorreta. Ou, ao contrario, pode preyer niio perder e constitui-Ia. 0 cer- to e a previsao adequada levar il Provisiio. Mas chamar uma de outra nao e correto. Outro problema: fala 0 C6digo em lei especial para o caso das coligadas, talvez pensando na equivalencia patrimonial, mas simplesmente omitiu a figura das con- ANSantos Line 14 Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos troladas. 0 que demonstra a falta de qualidade tecnica de quem redigiu essa parte. E interessante tambem que varias vezes essa nova Lei dO. varias altemativas a empresa: pode avaliar os esto- ques pelo custo, pela reposi~ao ou pelo pre~o de venda; o mesmo com as a~6es e com os titulos de credito. E dada uma liberdade enorme, muito maior que a que temos hoje. E isso quando 0 mundo reclama de regras mais bern definidas e estaveis. Coisas interessantes tambem: as despesas pre- operacionais nao podem ultrapassar a 10% do capital social, e os juros pagos aos acionistas na fase de pre- opera~ao nao podem exceder a 12% ao ano. Por outro lado, assegura que s6 se registra fundo de comercio quando efetivamente adquirido. Ainda bern. Quanto a escritura~ao propriamente dita, ha tam- bern excelentes perolas. Ora fala em uso de sistemas mecanizados e ora se lembra dos eletronicos, mas exige que se tenha 0 Diario que, no maximo, tern que ser feito a base de fichas (no tempo em que vivemos, incrivel). E tudo isso previamente registrado no Registro Publico de Empresas Mercantis (atuais Juntas Comerciais?), e sem intervalos em branco, nem entrelinhas, borroes, rasu- ras, emendas ou transportes para as margens. Ha outros pontos que nao estao aqui tratados por- que 0 espa~o e limitado, mas ja dO. para vennos as atro- cidades contabeis cometidas nessa Lei n' 10.406, de ja- neiro de 2002, que entrou em vigor no inicio de janeiro de 2003, e, esses aspectos, felizmente, nao tern sido observados pelos profissionais de contabilidade. Ou seja, trata-se de uma Lei totalmente extempo- ranea, fora da realidade nacional e com atrasos enor- mes com rela~ao ao que ja tinhamos a epoca, imagine- se com a convergencia atual as normas internacionais de contabilidade! 1.7 A criac;ao do CPC - Comite de Pronunciamentos Contiibeis Foi com enorme felicidade que saudamos, na ul- tima edi~ao do Manual de Contabilidade das Socieda- des por A,6es, a cria~ao do cpe. Hoje aplaudimos seu sucesso. Desde final de 1985 vimos, os autores deste Manual e outros profissionais, trabalhando pela centra- liza~ao, numa unica entidade, da emissao das normas contabeis no Brasil. A existencia da Lei (das Sociedades por A~6es), se por urn lade foi a maior alavanca para a melhoria da Contabilidade no Brasil nas ultimas deca- das, com 0 decorrer do tempo levou a uma situa~ao de camisa de for~a que impediu a evolu~ao, principalmen- te rumo as Normas Internacionais de Contabilidade. E tudo piorou quando 0 estatuido no paragrafo segundo do seu art. 177 nao produziu os frutos que levaram a sua introdu~ao nessa Lei de n' 6.404/76, confonne ja explicado; criado para separar a contabilidade fiscal da societaria, obrigou ao surgimento, que se fonnalizou pelo DL n' 1.598/77, do Lalur - Livro de Apura~ao do Lucro Real (tributavel). S6 que as nonnaliza~6es poste- riores tornaram esse objetivo quase nulificado pelas re- sistencias, bern conhecidas de todos n6s, de se ter as di- feren~as todas entre a contabilidade societaria e a fiscal registradas nesse livro. AMm disso, temos, no Brasil, a CVM com poderes legais para introduzir novos padr6es de contabilidade, e 0 Banco Central tambem, alem de agencias regulado- ras, fiscalizadoras e mesmo associa~6es de profissionais que, mesmo sem autoriza~6es legais expressas na quase totalidade das vezes, vinham emitindo nonnas nessa area. E extraordinaria a qualidade de muitas dessas normas e desses pronunciamentos, nao ha duvida al- guma. Mas 0 problema e que, infelizmente, muitas de- las acabaram, nao raramente, conflitando entre si (isso ainda vern, infelizmente, ocorrendo, porque 0 Banco Central nao esta totalmente emparelhado com 0 CPC ainda). o caso da entao Secretaria da Receita Federal era todo especial: alem de exemplos conhecidos, ate que nao muitos, de normas fora da pr"-tica contabil mais recomendada, possuia uma extraordinaria influencia indireta que levava as empresas a abandonar a melhor contabilidade para nao ter que, com isso, adiantar pa- gamento de tributos. Isso ocorria, por exemplo, com a obriga~ao da contabiliza~ao da deprecia~ao: para sua dedutibilidade fiscal, precisava contabiliza-la; e se 0 va- lor estivesse dentro dos limites aceitos pelo fisco, pode- ria, se registrada, deduzi-la fiscalmente, mesmo quan- do tais valores fossem maiores que os economicamente devidos. Se a entidade registrasse valor menor do que o permitido fiscalmente, porque considerava esse valor mais representativo da efetiva realidade, perdia 0 direi- to a dedutibilidade da diferen~a, nesse periodo, da par- cela nao contabilizada - era impedido 0 uso do Lalur para ajustes como esses. Outros exemplos existiam como no caso de produ- tos agricolas avaliados a mercado, opera~6es de leasing financeiro, provisoes nao dedutiveis etc. Com isso, reconhecemos que nao havia uma in- terferencia fiscal direta obrigando as empresas a nao utilizarem os criterios contabeis de melhor qualidade, mas havia, certamente, uma influencia indireta pelas raz6es dadas. Por isso vimos, ha mais de 20 anos, "brigando" pela modifica~ao dessa situa~ao que tern trazido tan- tos custos para os elaboradores da infonna~ao conta- bil, constrangimento para os contadores e auditores, dificuldades para os analistas e, pior, riscos para os tomadores de decis6es, quer credores, investidores mi- noritarios, controladores etc. porque recebiam demons- tra~6es contabeis nao elaboradas segundo as melhores disposi~6es tecnicas conhecidas. E, quando por causa de todas essas amarras, inclusive legais, nos distancia- mas do resta do mundo, vimos aumentar 0 custo de es- trangeiros investindo em nosso Pais, 0 custo de nossas empresas investirem no exterior, 0 custo de tamarmos emprestimos ou Dutra forma de credito; vimos nossa profissao ser olhada com certas ressalvas (para dizer 0 minimo) pela sociedade; vimos tantos gastos para pro- duzir algo que tantas vezes simplesmente niio adicio- nava valor a qualquer usuario. E vimos paises tambem emergentes correndo muito mais celeremente em dire- ~iio a uma situa~ao tao diferenciada de nos. Fora 0 caso de nossas empresas que investem no exterior tendo que converter demonstra~6es elaboradas por suas contro- ladas no exterior para os nossos criterios, muitas vezes com perda de qualidade da informa~iio. Por isso a absoluta necessidade de termos uma unica normatiza~ao contabil no Brasil, suportada le- galmente, mas nao limitada por esse vinculo, e cami- nhando rumo a uma unica Contabilidade mundial. E, hoje, esse encaminhamento a uma norma unica mun- dial se da pela convergencia as Normas Internacionais de Contabilidade emitidas pelo IASB - International Accounting Standards Board, as quais a Uniao Europeia ja esta totalmente aderente e tantos outros paises no mundo tambem para elas caminham, totalizando mais de uma centena; ha inclusive todo urn processo para uma convergencia entre essas normas e as norte-ame- ricanas, 0 que sera, de fato, 0 melhor dos mundos para nos, Contadores. Nao que essas nonnas sejam a unica verdade, niio que niio tenham falhas, niio que precise- mos simplesmente aceita-las sem qualquer critica. Mas porque sao, no seu conjunto, efetivamente mais evolui- das do que as nossas. Precisamos inclusive for~ar nossa participa~iio nesse processo da gera~ao de tais normas intemacionais para levarmos nossa experit~ncia, nossas propostas, nossas criticas e conseguirmos influenciar no processo de sua continua melhoria, sem criarmos informa~6es divergentes para os mesmos fatos e tran- sa~6es. E urn importante passo, no Brasil, foi dado pela cria~ao do CPC - Comite de Pronunciamentos Conta- beis. Depois de duas decadas, seis entidades niio gover- namentais entraram em acordo, uniram-se, e cinco de- las pediram a sexta a formaliza~iio do Comite. Assim, 0 CFC - Conselho Federal de Contabilidade, a pedido da APIMEC NACIONAL - Associa~ao dos Analistas e Pro- fissionais de Investimento do Mercado de Capitais -, da ABRASCA - Associa~iio Brasileira das Companhias Abertas -, da BM&FBOVESPA - Bolsa de Mercadorias, Valores e Futuros -, da FIPECAFI - Funda~iio Instituto de Pesquisas Contabeis, Atuariais e Financeiras (con- veniada a FENUSP) -, e do IBRACON - Instituto dos No~5es Introdutorias 15 Auditores Independentes do Brasil -, emitiu sua Reso- lu~iio 1.055/05, criando esse Comite. Ele esta sendo su- portado materialmente pelo Conselho Federal de Con- tabilidade, mas possui total e completa independencia em suas delibera~6es (Pronunciamentos Tecnicos, In- terpreta~6es e Orienta~6es). Esse modelo brasileiro acompanha aquele que mais resultado tern produzido no mundo: juntam-se os preparadores (profissionais e empresas) da informa~ao contabil, os auditores independentes dessa informa~ao, os analistas e usuarios, os intermediarios e a academia para juntos, inclusive no calor dos confiitos de seus le- gitimos interesses, produzir uma unica norma. Alem do mais, no Brasil, esse nascimento do CPC se deu sob 0 formal, expresso e forte apoio das autarquias governa- mentais CVM e BACEN, bern como com a concordancia do Ministerio da Fazenda. Inclusive aquelas duas au- tarquias, CVM e Banco Central e mais a SUSEP - Supe- rintendencia dos Seguros Privados e a RFB - Secretaria da Receita Federal Brasileira (e mais recentemente a FEBRABAN - Federa~iio Brasileira de Bancos e a CNI - Confedera~iio Nacional da Industria) siio membros permanentemente convidados as reuni6es do CPC, bern como seriio convidadas outras entidades nas discuss6es de temas espedficos (ANA TEL, ANEEL, SPC, ANS, ANP etc.), bern como algumas dessas e outras entidades po- deriio tambem vir a ser convidadas para membros efe- tivos do Comite. A unica restri~iio e a necessidade de a maioria das pessoas fisicas componentes do CPC serem Contadores devidamente habilitados e registrados. Outro ponto interessante: no Brasil, nossa Cons- titui~ao impede que orgiios govemamentais deleguem fun~6es a outras institui~6es. Assim, nao sera possivel termos 0 que ocorre em outros paises, com os 6rgaos federais de controle simplesmente deliberando por de- legar seu poder de emitir normas a seus "CPCs", (FASB, IASB etc.). Assim, 0 processo acordado no Brasil e 0 de 0 CPC, primeiramente, emitir seu Pronunciamento Tecnico, apos discussiio com as entidades envolvidas e audiencia publica: apos, tem-se 0 orgiio publico (CVM, BACEN, SUSEP etc.) ou mesmo privado (CFC etc.) emitindo sua propria resolu~ao acatando e determinando 0 segui- mento desse Pronunciamento do cpe. Assim fica 0 Pro- nunciamento transfonnado em "norma" a ser seguida pelos que estiverem subordinados a tais orgiios. Com isso, a CVM, por exemplo, emite sua Delibera~iio (como tern feito, desde 1986, com pronunciamentos emitidos pelo IBRACON) aprovando 0 Pronunciamento do CPC; o proprio CFC emite sua Resolu~ao fazendo 0 mesmo, idem com 0 BACEN, a SUSEP etc. Estamos, pois, numa nova fase, quase que de civi- lidade ate, no Brasil, que precisamos apoiar, incentivar e com ele colaborar. 16 Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos o CPC possui quatra Coordenadorias (de Opera- ~iies, Tecnica, de Rela~iies Institucionais e de Rela~iies Internacionais) e tern seu site proprio (http://www.cpc. org.br/). Participe das audiencias publicas dando suas su- gestiies, criticas, colabora~iies e apoie esse orgao que vern elevando enormemente a qualidade da nossa Con- tabilidade. 1.7.1 Documentos Emitidos pe/o CPC Em 2007/2008: Apenas os CPCs 01 e 02 foram emitidos em 2007. Os documentos, com seus vfnculos com as normas do IASB (se "BR" e porque sem vinculo), seus titulos e al- guns comentarios sobre seus impactos ou suas caracte- risticas mais importantes estao listados a seguir: Pronunciamentos Tecnicos: • epe "00" - "Pronunciamento Conceitual Ba- sica - Estrutura Conceitual para a Elabora~ao e Apresenta~ao das Demonstra~iies Contabeis "("Framework" - lasb) - contem os prindpios e conceitos basicos que regem a prepara~ao e a apresenta~ao dessas demonstra~iies. o CPC 01 - "Redu~ao ao Valor Recuperavel de Ativos" (lAS 36) - "Impairment" - nenhum ativo pode ficar por valor maior do que seu valor de venda ou sua capacidade de gera~ao de caixa; recupera<;ao posterior e revertida, exceto no goodwill. o CPC 02 - "Efeitos das mudan~s nas taxas de cambio e conversao de demonstra~iies conta- beis" (lAS 21) - Varia~ao cambial de investi- mento societario no exterior nao e resultado ate baixa final do investimento. Moeda fun- cional: defini~ao e ado~ao; moeda de reporte. o CPC 03 - "Demonstra~ao dos Fluxos de Cai- xa" (lAS 7) - Todos os fluxos de caixa sao agrupados em 3 conjuntos de fluxos: das ati- vidades operacionais, das de investimento e das de financiamento. o CPC 04 - ':Ativo Intangivel" (lAS 38) - Maior restri~ao ao ativo intangivel: saem despesas pre-operacionais, gastos com pesquisa; nao ha ativo diferido; gastos com desenvolvimen- to sao ativos, mas com restri<;ao; restri<;ao no registro de intangiveis gerados internamente, continua veda~ao de ativa~ao de goodwill ge- rado internamente, intangiveis sem vida uti! definida nao sao mais amortizados (goodwill, p.e.); softwares com vida propria. o CPC 05 - "Divulga~ao sobre Partes Relacio- nadas" (lAS 24) - Muda 0 conceito de parte relacionada, mais voltado it figura de quem controla ou possa ter influencia sobre a ges- tao - inclui pessoas fisicas e juridicas. IASB acaba de alterar para 0 caso do Estado como parte relacionada. Divulga~ao das partes rela- cionadas, independentemente de transa~iies. o CPC 06 - "Opera~iies de Arrendamento Mer- canti!" (lAS 17) - os leasings financeiras sao vendas no arrendador e compras de ativos no arrendatario; os operacionais, nao. o CPC 07 - "Subven~ao e Assistencia Governa- mentais" (lAS 20) - as subven~iies para in- vestimento e para custeio transitam pelo re- sultado, no ate ou posteriormente conforme a situa~ao; algumas podem ser segregadas depois para evitar tributa~ao. o CPC 08 - "Custos de Transa~ao e Premios na Emissao de Titulos e Valores Mobiliarios" (lAS 39 - parte) - Encargos financeiras in- cluem custos da transa~ao, como gastos com intermediarios, publica<;5es, contratos, via- gens etc., apropriados ao longo do tempo; gastos com emissao de a~iies nao sao despe- sas da entidade, reduzindo 0 patrimonio Ii- qUido diretamente. o CPC 09 - "Demonstra~ao do Valor Adicio- nado" (BR) - Evidencia a gera~ao do valor adicionado (peda~o do PIB criado pela en- tidade), e como e distribuido entre recursos humanos, capitais de terceiros, capitais pro- prios e governo. o CPC 10 - Pagamento baseado em a~6es (IFRS 2) - Stock options sao despesas reconhecidas com base no valor justo das op~iies quando outorgadas aos administradores e emprega- dos e distribuidas pelo prazo contratual. o CPC 11 - "Contratos de seguras" (IFRS 4) - quando 0 contrato e de segura, mesmo que nao com seguradora, e como contabilizar. o CPC 12 - ':Ajuste a valor presente" (BR) - ati- vos e passiv~s de longo prazo sao ajustados a valor presente (exceto tributos diferidos, e os de curto quando relevante 0 ajuste). o CPC 13 - ':Ado~ao inicial da Lei n' 11.638/07 e da MP 449/08" (BR) (valido so para 2008). o CPC 14 - "Instrumentos financeiras: Reco- nhecimento, Mensura<;ao e Evidencia<;ao" - fase I. (lAS 39, lAS 32 e IFRS 7 - partes) - revogado a partir de 2010, transformado na OCPC 03. Orienta<;oes: • OCPC 01 - "Entidades de Incorpora<;ao Imo- biliaria" (BR) - tratamento de certos aspectos dessa atividade, como ajuste a valor presente, gastos com estandes, propaganda etc. • OCPC 02 - "Esclarecimentos sobre as De- monstra<;6es Contabeis de 2008" (BR) - vali- do so para 2008. Em 2009: Pronunciamentos Tecnicos • CPC 15 - "Combina<;ao de Negocios" (IFRS 3) - Goodwill (agio por expectativa de renta- bilidade futura) na combina<;ao de negocios e so 0 que exceder 0 valor justo dos ativos e passivQs adquiridos, inclusive ativos nae COll- tabilizados e passivos contingentes (diferen<;a entre valor justo e valor contabil nao e agio, e sim mais-valia); goodwill nao e amortiza- vel, sofre baixa por impairment. "Desagio" e ganho por compra vantajosa e reconhecido imediatamente no resultado. • CPC 16 - "Estoques" (lAS 2) - Na produ<;ao de estoques, ociosidade e despesa (capacida- de normal e a base); Lifo (Ueps) nao e aceito. • CPC 17 - "Contratos de Constru<;ao" (lAS 11) - como antes: resultado apurado conforme execuc;ao, a naD ser que imprevisivel 0 termi- no; prejuizo reconhecido imediatamente. • CPC 18 - "Investimento em Coligada e em Controlada" (lAS 28) - Elimina<;ao de resul- tado nao realizado em transa<;6es da inves- tid ora para a investida, inclusive coligada, e da controlada para controladora ou outras controladas; continua uso da equivalencia patrimonial. Demonstra<;ao individual com controlada avaliada por equivalencia nao e aceita pelo IASB, que exige, diretamente, a consolida<;ao (unico efetivo problema da con- vergencia) . • CPC 19 - "Investimento em Empreendimen- to Controlado em Conjunto" (lAS 31) - Joint ventures avaliadas, no individual, pela equi- valencia. Consolidada proporcionalmente de forma obrigatoria; no IASB e opcional manter equivalencia mesmo nas demonstra<;6es con- solidadas; lucro da investidora na venda para ajoint venture so e reconbecido na parcela de venda para demais investidores, no sentido contnirio nae ha reconhecimento enquanto nao realizado. No~oes Introdutorias 17 • CPC 20 - "Custos de Emprestimos" (lAS 23) - sem mudan<;a para companhias abertas; juros durante constru<;ao integram 0 custo do ativo produzido a prazo longo. • CPC 21 - "Demonstra<;ao Intermediaria" (lAS 34) - informa<;6es trimestrais ao publico, p. ex.; s6 e necessaria, como nota, 0 que difere das demonstra<;6es do final do exercfcio ante- rior. Basicamente so para companhia aberta ou que tenha a obriga<;ao estabelecida por or- gao regulador proprio. • CPC 22 - "Informa<;6es por Segmento" (IFRS 8) - Informa<;ao por segmento de atividade economica conforme definida gerencialmen- te: ativQs, passivQs, receitas e despesas. Tam- bern informa<;ao por regiao geogr1ifica, quan- do cabivel. Basicamente so para companhia aberta ou tenba a obriga<;ao estabelecida por orgao regulador proprio. • CPC 23 - "Politicas Contabeis, Mudan<;a de Estimativa e Retifica<;ao de Erro" (lAS 8) - mudan<;a de politica contabil e retifica<;ao de erro obrigam it reapresenta<;ao das demons- tra<;5es anteriores; mudan<;a de estimativa so com efeito prospectivo. • CPC 24 - "Evento Subsequente" (lAS 10) - Evento entre balan<;o e data da autoriza<;ao para emissao pode retificar balan<;o se rela- tivo a fata dessa data; caso contnlrio, nae, uma nota pode ser suficiente. Obriga<;ao de informar data em que e autorizada a emissao (conhecimento ao Conselho de Administra- <;ao, Conselho Fiscal etc.). • epe 25 - "Provisoes, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes" (lAS 37) - Sem mudan- <;a; provisao para riscos contingentes quando provaveis (> 50%); se possiveis, so nota; se remotos, nada. Ativo contingente naD e ativa- vel, so quando praticamente certo. Custos de desativa<;ao sao provisionados durante imo- biliza<;ao; gastos com paradas programadas nao sao provisiomiveis, com novos custos ati- vados e anteriores baixados. • CPC 26 - '~presenta<;ao das Demonstra<;5es Contabeis" -(lAS 1) cria<;ao da Demonstra<;ao do Resultado Abrangente: come<;a com Lucro Liquido, identifica outros resultados abran- gentes (varia<;5es cambiais do CPC02, varia- <;5es a valor justo de certos ativos e passivos, stock options (contrapartida da despesa), re- avalia<;ao etc.) e reclassifica<;ao para 0 resul- tado. Resultados abrangentes: tudo que mo- difica 0 Patrimonio liquido e nao e Transa<;ao com os Proprietarios (aumento/redu<;ao de 18 Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos capital, dividend os, compra e venda de a~6es proprias etc.). No Brasil, demonstra~ao a par- te da do resultado; pode ser na DMPL. IASB admite uma unica (DRA + DRE). No mais, sem mudan~as significativas nas demais De- monstra~6es. Nao ha segrega~ao de resulta- do nao operacional ou item extraordimirio na DRE, so 0 resultado de Opera~6es Desconti- nuadas. DMPL precisa evidenciar parte dos acionistas nao controladores no patrimonio das controladas. • CPC 27 - '1'..tivo Imobilizado" (lAS 16) - no Brasil, vedada a reavalia~ao do imobilizado que 0 IASB expressamente nao recomenda, mas aceita. Deprecia~ao com base na vida util economica e valor residual de venda. Inclui alguns gastos que no Brasil iam para 0 Ativo Diferido (prepara~ao de maquinas, por exem- plo). Inclui intangivel vinculado ao imobiliza- do, como softwares sem vida propria. • cpe 28 - "Propriedade para Investimento" (lAS 40) - novidade; imoveis destinados a renda ou a valoriza~ao, mantidos a parte po- dem ser avaliados a valor justo ou ao custo. • epe 29 - '1'..tivo Biologico e Produto Agrico- la" (lAS 41) - produtos agricolas vegetais e animais na eolheita ou nascimento, e ap6s, enquanto commodities sao avaliados ao valor justo. Novidade mundial: Ativos biologicos tambem (imobilizado gerador de produto agricola). • epe 30 - "Receitas" (lAS 18) - condi~6es de registro da receita (pre~o objetivo, execu~ao do que e relevante para consegui-Ia, capaci- dade de realiza~ao financeira e despesas as- sociadas mensuniveis, aumento do patrimo- nio liquido). Segrega~ao de varios produtos ou servi~os vendidos conjuntamente. Fide- lidade de clientes (milhagem, premios etc.) obriga a distribui~ao da receita para 0 que e ofertado "gratuitamente". • epe 31 - '1'..tivo Nao eirculante Mantido para Venda e Opera~ao Descontinuada" (IFRS 5) - ativo nao circulante destinado a venda trans- ferido para 0 circulante so quando de certas condi~6es restritas e por nao mais do que urn balan~o; pelo valor original ou 0 valor justo diminuido das despesas de venda, dos dois 0 menor. Opera~ao descontinuada tern ativos, passivos, receitas e despesas evidenciadas se- paradamente; na DRE, 0 unico valor eviden- ciado segregadamente. • CPC 32 - "Tributos sobre 0 Lucro" (lAS 12) - Imposto de Renda e eontribui~ao Social apropriado por total competencia, e nao so quando devido legalmente; sem mudan~as. Tributos diferidos nao sao ajustados a valor presente. • epe 33 - "Beneficios a Empregados" (lAS 19) - beneficios pos-emprego 100% provisio- naveis quando recebido 0 servi~o. Beneficios definidos mensurados a valor presente con- forme criterio da unidade de credito projeta- da. Reconhecimento de debito compulsorio e de credito sob certas condi~6es quando 0 fundo de pensao tern deficit ou superavit, res- peetivamente. "Corredor" para evitar excessi- vas oscila~6es. Beneficios durante 0 empre- go tambem por competencia. Beneficios no desligamento, so no desligamento ou quando atendidas certas condi~6es. • epe 35 - "Demonstra~6es Separadas" (lAS 27) - novidade no Brasil para substituir equi- valencia patrimonial ou consolida~ao; opta- tivas e adicionais as obrigatorias. Quando investimento societario avaliado por valor justo ou ao custo representa melhor do que equivalencia patrimonial ou consolida~ao. In- vestimento "com cara de portfolio". • epe 36 - "Demonstra~6es eonsolidadas" (lAS 27) - participa~ao minoritaria passa a ter a inclusao de sua participa~ao na mais-valia dos ativos (valor justo menos valor contabil). Participa~ao dos nao controladores e parte do patrimonio liquido e do lucro liquido, apenas evidenciados a parte. Forte novidade: a partir da aquisi~ao do controle, compras ou vendas adicionais junto aos minoritarios (sem perda de controle) passam a ser consideradas tran- sa<;5es entre socios, como se fossem a<;5es em tesouraria e nao eriam agio novo ou mesmo "desagio". SPEs, consolidadas como ja exigi- do pela CVM anteriormente, se riscos e bene- ficios sao da entidade que reporta. • cpe 37 - '1'..do~ao Inicial das Normas Interna- cionais de Contabilidade" (IFRS 1) - como se aplicam as IFRSs pela primeira vez para de- monstra~6es consolidadas totalmente confor- me IASB (bancos, seguradoras e companhias abertas). Ajustes retroativos obrigatorios ou opcionais. • epe 38 - "Instrumentos Financeiros: Reco- nhecimento e Mensura~ao" (lAS 39) - ins- trumentos financeiros: se mantidos ate 0 vencimento, registrados pelo custo amortiza- do ("curva"); derivativos e instrumentos co- locados a venda: pelo valor justo, alterando o resultado; para venda futura: valor justo, em outro resultado abrangente ate venda, no patrimonio liquido, mais juros intrinsecos no resultado; hedge, s6 quando assim classifica- do na origem e comprova~ao da efetividade; baixa de instrumentos financeiros, s6 quando transferidos riscos e beneficios. Impainnent s6 por perdas efetivas. Derivativos embutidos desmembrados. IASB introduziu modifica- ~6es no recentissimo IFRS 9 para implanta- ~ao em 2013 (antecipa~ao autorizada). • epe 39 - "Instrumentos Financeiros: Apre- senta~ao" (lAS 32) - Apresenta~ao de Instru- mentos Financeiros: classifica~ao pela essen- cia; a<;5es resgataveis sao Passiv~; debentures perpetuas participantes no acervo liquido iguais as a<;6es ordimirias ou conversiveis a op~ao da empresa sao PL. • CPC 40 - "Instrumentos Financeiros: Eviden- cia~ao" (IFRS 7) - divulga~ao de instrumen- tos financeiros: notas explicativas completas, quadro de analise de sensibilidade. • CPC 43 - '1\do~ao inicial dos Pronunciamen- tos Tecnicos CPC 15 a 40" (BR) - objetivo: demonstra~6es individuais com mesmo LL e PL que os das consolidadas (rarissimas exce- ~6es). Vinculado ao CPC 37. • Pronunciamento Tecnico PME - "Contabili- dade para Pequenas e Medias Empresas" - 0 conjunto das normas internacionais aplica- veis as pequenas e medias empresas. Interpreta~6es Tecnicas • ICPC 01 - "Contratos de Concessao" (IFRlC 12) - Concess6es com infraestrutura do Esta- do, regula~ao da tarifa e outras caracterfsti- cas: 0 custo do imobilizado construido e custo de aquisi~ao do direito de concessao; logo, e intangivel a ser amortizado no prazo da con- cessao. Se parte e ressardvel, reduz 0 custo do intangivel e vira instrumento financeiro, a valor presente. A constru~ao do imobilizado e atividade a parte, com resultado pr6prio. • ICpe 02 - "Contrato de Constru~ao Imobi- liaria" (IFRlC 15): se caracterizado como ser- vi~o prestado, aplica-se epc 17 (resultado apropriado ao longo da constru~ao); se como recebimento antecipado para entrega futura, aplica-se CPC 30 (resultado na entrega das chaves); 0 problema dos tipos de contrato,ju- risprudencia e praticas comerciais entre Bra- sil e outros paises. No~6es Introdutorias 19 • ICPC 03 -')\spectos Complementares das Opera~6es de Arrendamento Mercantil" (IFRlC 4, SIC 15 e SIC 27) - complementa 0 CPC06. • ICPC 04 - '1\lcance do Pronunciamento Tec- nico CPC 10 - Pagamento Baseado em A~6es" (IFRlC 8) - complementa 0 CPC 10. • Iepe 05 - "Pronunciamento Tecnico CPC 10 - Pagamento Baseado em A~6es - Transa~6es de A~6es do Grupo e em Tesouraria" (IFRlC 11) - complementa 0 cpe 10. • ICPC 06 - "Hedge de Investimento Liquido em Opera~ao no Exterior" (IFRlC 16) - comple- menta 0 CPC 02. • ICPC 07 - "Distribui~ao de Lucros In Natura" (IFRlC 17) - contabiliza~ao desse tipo de di- videndo ou de entrega in natura para devolu- ~ao de capital aos s6cios. • ICPC 08 - "Contabiliza~ao da Proposta de Pagamento de Dividendos" (BR) - dividendo obrigat6rio por lei ou estatuto e passivo ja no balan~o, mas 0 distribuido adicionalmente s6 e passivo quando aprovado pelo 6rgao com- petente. • ICPC 09 - "Demonstra~6es Contabeis Indivi- duais, Demonstra~6es Separadas, Demons- tra~6es Consolidadas e Aplica~ao do Metodo de Equivalencia Patrimonial" (BR) - comple- menta os CPCs 18, 19,35 e 36. • ICPC 10 - "Interpreta~ao Sobre a Aplica~ao Inicial ao Ativo Imobilizado e a Proprieda- de para Investimento dos Pronunciamentos Tecnicos epes 27, 28, 37 e 43" (BR e IFRS 1) - na transi~ao para os novos CPCs, esses ativos podem ser ajustados ao custo atribuido (deemed cost), que e 0 seu valor justo; nao e reavalia~ao e nem corre~ao monetaria. Ajus- tes as deprecia~6es acumuladas. Ajustes con- tra 0 PL. • ICPC 11 - "Recebimento em Transferencia de Ativos de Clientes" (IFRlC 18) - contratados que recebem ativos dos seus contratantes para prestar servi~os ou outras atividades a esses contratantes. • ICPC 12 - "Mudan~as em Passivos por Desati- va~ao, Restaura~ao e Outros Passivos Simila- res" (IFRlC 1) - altera~6es nos valores espe- rados desses passivos. • 10 Interpreta~6es Anexas a 8 epes (CPCs 04,19,21,30,32,33,36 e 38) (IFRlCs 9,10, 13, 14 e SICs 12, 13, 21, 25, 31 e 32) - com- plementos desses CPCs enumerados. 20 Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos Orienta~oes • OCPC 03 - "Instrumentos Financeiros: Re- conhecimento, Mensura~ao e Evidencia~ao" - Antigo CPC 14. Este vale para 2009. CPCs 38 a 40 valem a partir de 2010. Esta orienta- ~ao vale como referencia para transa~6es nao sofisticadas a partir de 2010, por ser resumo dos CPCs 38 a 40. Nao foram emitidos pelo CPC: • CPC 34 - "Explora<;ao e Avalia¢o de Recurso Mineral" (IFRS 6) - 0 IASB nao 0 obriga e aceita as pniticas atuais e esse documento e parcial, nao abrangendo as fases de prospec- <;ao, desenvolvimento e extra<;ao. Sera emiti- do quando do documento original do IASB. • CPC 41 - "Resultado por a<;ao" (lAS 33) - 0 IASB ficou de alteni-Io, mas nao 0 fez e reti- rou a urgencia - sendo emitido no infcio de 2010. • CPC 42 - "Contabilidade e Evidencia<;ao em Economia Hiperinflacionaria" (lAS 29) - em processo de sugestao ao IASB para modifi- ca<;ao. 1.7.2 Re/a~iio entre os documentos emitidos pe/o CPC e pe/o lASH Os Pronunciamentos, as Interpreta<;6es e as Orien- ta<;6es emanadas do CPC sao, basicamente, tradu<;6es das nonnas internacionais, com raras adapta<;6es de linguagem e de algumas situa<;oes especificas. Tambem em raras situac;6es ocorre 0 seguinte: uma das alterna- tivas dadas pela norma internacional nao e aqui reco- nhecida, normalmente por problemas legais. Por exem- plo, nao podemos adotar a reavalia<;ao. Ou entao, no caso da demonstra<;ao do resultado abrangente, 0 IASB permite que seja divulgada uma unica demonstra<;ao, juntando a do resultado com ados outros resultados abrangentes, mas por for<;a da nossa Lei, 0 CPC aceitou apenas a alternativa de exibi<;ao em duas alternativas. Ainda, 0 lASB aceita que os investimentos em joint ven- tures nao sejam consolidados proporcionalmente (estao para mudar), apesar de dizerem que preferem essa al- ternativa. No Brasil 0 CPC detenninou a continua<;ao obrigatcria da consolida<;iio proporcional. Todavia, nao existe uma unica determina<;iio do CPC que niio esteja abrigada pelas normas internacio- nais, com a unica exce<;iio de que as normas do IASB niio reconhecem 0 balan<;o individual com investimento em controlada, obrigando a sua substitui<;ao pelo consoli- dado, mas nos, no Brasil, somos obrigados, por lei, a ter esse balan<;o individual. Assim, nao ha, genuinamente, urn conflito, e sim uma demonstrac;ao nao referenciada pelo IASB. Tambem deve ser destacada a Demonstra- <;iio do Valor Adicionado que foi tornada obrigatcria para as companhias abertas, pela Lei, e para as demais sociedades, por Resolu<;iio do CFC, mesmo nao sendo especificamente prevista nas normas do IASB. 1.8 Promulga.;;ao das Leis n'" 11.638/07 e 11.941/09 (MP 449/08) e a independencia da contabilidade brasileira Na setima edi<;iio do Manual de Contabilidade das Sociedades por A,oes, quase que imploravamos pela aprova<;ao, pelo Congresso Nacional, do entiio Projeto de Lei n' 3.741/00. A Comissao Consultiva de Normas Contabeis havia ajudado a CVM a preparar urn Projeto de Lei em 1999, que foi entregue ao Ministro da Fa- zenda da epoca, Pedro Malan (hoje membro do board da Funda<;iio IASC - que supervisiona e prove recursos ao IASB!); 0 Poder Executivo enviou esse projeto ao Congresso em 2000, quando recebeu essa identifica<;iio de Projeto de Lei nQ 3.741/00. Somente nos ultimos dias de 2007, apes pressiio que se iniciara com 0 entiio Ministro da Fazenda Antonio Palocd e se seguiu com 0 empenho do novo Ministro Guido Mantega, conseguiu- se a aptova<;ao da Lei nQ 11.638/07, a partir daquele projeto. Essa Lei, alterando a de n' 6.404/76, a Lei das S.A., foi a grande mudan<;a que propiciou condi<;oes para a convergencia as normas internacionais de conta- bilidade. 0 texto legal nao s6 determinou essa conver- gencia como produziu altera<;oes na Lei que impediam a adoc;ao de varias dessas normas internacionais. Alem disso, fez expressa men<;ao a figura do CPC e, 0 mais fundamental de tudo, determinou, de forma enfarica, a segrega<;ao entre Contabilidade para fins de Demons- tra<;6es Contabeis e Contabilidade para fins Fiscais. Mudou 0 conceito de ativo imobilizado, ao admitir que sejam nesse grupo registrados aqueles que, mesmo nao sendo de propriedade juridica da empresa, estao sob seu controle, sendo dessa empresa os beneficios e os riscos advindos de seu controle. Essa foi a abertura que passou a permitir a figura da Prevalencia da Essen- cia sobre a Forma, conceito fundamental para uma boa Contabilidade, rica e informativa aos administradores da entidade, aos investidores, aos credores, aos empre- gad os, ao governo, a sociedade em geral. Apes edi<;ao dessa Lei no crepusculo de 2007, sur- giram dois pontos: 0 projeto de lei havia demorado tantos anos para ser aprovado que, quando saiu, saiu defasado. Era ja necessaria uma serie de outras mo- difica~6es na Lei das S/ As porque as normas Ja fora tinham avanc;ado. Assim, saiu a Medida Provis6ria nQ 449/08, depois convertida integralmente lei dentro da Lei nQ 11.941/09, que produziu alguns complementos de modifica~ao a Lei das S.A., como a extin~ao do ativo diferido e dos resultados de exercicios futuros e outras. o segundo ponto foi a formaliza~ao, agora do ponto de vista tributario, e nao societario, da desvinculac;ao entre Fisco e Contabilidade, com a cria~ao do Regime Transitorio de Tributa~ao (RTT). A partir dessas legisla~6es passou a ser possivel praticar-se, de fato, Contabilidade no Brasil sem in- fluencias diretas ou indiretas de natureza fiscal, com a Secretaria da Receita Federal Brasileira passando a ser enorme parceira da evolu~ao contabil. De agora em diante, trabalham juntas, as normas contabeis e as normas fiscais, mas cada urn seguindo seu caminho. Nenhuma norma contabil nova, convergente as inter- nacionais, provoca qualquer efeito tributario, aumen- tando ou reduzindo tributos, sem que haja uma outra norma de natureza fiscal para faze-Io; nao saindo essa nova norma tributaria, prevalece a que existia anterior- mente (no caso de 2010 ainda prevalecem as do final de 2007). Por outro lado, se 0 Fisco determinar uma nova forma de apropria~ao de receita ou despesa para fins proprios, isso nao tern automatica aplica~ao na Contabilidade, sem que saia uma nova norma contabil. E todas essas diferen~as sao controladas no Lalur, agora E-Lalur, no F-Cont etc. Devemos, os Contabilistas brasileiros, aplaudir es- tes momentos historicos que estamos vivendo e apro- veitar para fazer valer a grande utilidade da nossa pro- fissao: a de ajudar no processo de controle e no de bern infortnar. 1.9 Normas internacionais de contabilidade: principais caracteristicas e consequencias As normas internacionais de contabilidade emi- tidas pelo lASB estao sendo implementadas no Brasil pelo CPC e pelos orgaos reguladores brasileiros, princi- palmente pela CVM e pelo CFC. Elas tern algumas ca- racteristicas basicas: a) Sao baseadas muito mais em principios do que em regras: elas sao razoavelmen- te detalhadas mas nao tern necessariamente resposta para todas as duvidas. Preocupam- se muito mais em dar a filosofia, os princi- pios basicos a serem seguidos pelo racioci- nia contabil. Apesar de que, na pnitica, esse balanceamento entre principio e regrinha No~6es Introdut6rias 21 seja muito dificil, essa e a filosofia basica do lASB (as vezes, e claro, com alguma tenden- cia a cair urn pouco mais para urn lade do que para outro). 0 costume nosso de que- rermos tudo com base em regras, alias fiui- to difundido em outros paises tambem, tern sido a morte da profissao contabil, porque nos acostumamos simplesmente a cumprir 0 que e determinado, sem grandes analises e julgamentos. o uso de principios, ao inves de regras, obriga, e claro, a maior julgamento e a maior analise, exigindo maior prepara~ao, mas, por outro lado, pertnite que se produzam in- forma~6es contabeis com muito maior qua- lidade e utilidade, dependendo, e claro, da qualidade com que 0 contabilista exer~a sua profissao. b) Sao baseadas na Prevalencia da Essencia sobre a Forma: isso significa que, antes de qualquer procedimento, 0 profissional que contabiliza, bern como 0 que audita, devem, antes de mais nada, conhecer muito bern a opera~ao a ser contabilizada e as circuns- tancias que a cercam. Assim, nao basta sim- plesmente contabilizar 0 que esta escrito. E necessario ter certeza de que 0 documento formal represente, de fato, a essencia econo- mica dos fatos sendo registrados. Assim, se a empresa esta vendendo urn imovel para alguem, comprometendo-se a aluga-Io e recompra-Io daqui a quatro anos, quando 0 emprestimo estiver pago, e ne- cessario analisar e verificar se, ao inves de uma venda, urn contrato de aluguel e uma recompra, 0 que esta ocorrendo, na verdade, nao e uma opera~ao de emprestimo em que o imovel esteja sendo dado como garantia. Com isso, 0 registro contabil devera seguir a essencia, e nao a forma, se esta nao repre- sentar bern a realidade da opera~ao. No Brasil tinhamos, praticamente, antes dessa mudan~a legislativa, uma unica si- tua~ao em que isso era de fato praticado. 0 Banco Central, desde ha muitos anos, por iniciativa do seu entao Chefe de Departa- mento, Iran Siqueira Lima, havia deter- minado uma mudan~a na contabiliza~ao das transa~6es de titulos com cIausulas de recompra. Urn banco adquiria urn titulo no mercado e 0 registrava pelo custo; a se- guir, ''vendia-o'' ao cliente, com clausula de recompra dai a urn cefto mimero de dias (opera~ao compromissada); contabilizava a 22 Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos venda pelo valor recebido, registrando lucro ou prejuizo com rela~ao ao custo anterior de aquisic;ao. Depois, recomprava-o do cliente pelo novo valor e novamente come~ava 0 drculo. Assim, 0 banco apenas reconhecia lucro ou prejuizo na transa~ao de compra e venda, e nunca como despesa financeira (0 que poderia permitir certas arbitrarieda- des nesses pre~os). S6 que, na essencia, 0 cliente queria (e quer) e fazer uma aplica- ~ao financeira e ganhar sua receita financei- ra. 0 cliente considera muito mais seu in- vestimento como uma aplica~ao financeira no banco, mas este nao registrava qualquer obriga~ao no seu passivo, apesar de ser obri- gat6ria a transa~ao de recompra do titulo. A modifica~ao constituiu-se em aplicar, M de- cadas, a figura da essencia sobre a forma. 0 Banco Central obrigou Ii contabiliza~ao, pelo banco, nao de uma venda do titulo quando o cliente efetuasse a aquisi~ao, mas sim a de urn emprestimo. 0 titulo continuava na car- teira ativa do banco, e 0 dinheiro recebido tinha como contrapartida 0 passivo. Assim, 0 titulo passou a produzir receita para 0 banco pelos juros, corre~ao monetaria e outros ren- dimentos a ele atinentes, e a produzir despe- sas financeiras com 0 passiv~ assumido, nao mais reconhecendo lucros ou prejuizos por opera~6es formais de compra e venda de ti- tulos. Veja-se, entao, que a pratica da essen- cia sobre a forma tern, nesse exemplo, com excelentes resultados, uma hist6ria nao tao recente no Brasil. A consolida~ao de balan~os e tambem uma forma de prevalencia da essencia sobre a forma, provavelmente a experiencia mais antiga da Contabilidade: juntam-se os ba- lan~os e produz-se uma informa~ao como se as varias entidades, controladora e contro- ladas, fossem uma so; representa-se a enti- dade economica, e nao a entidade juridica. E e tao relevante essa informa~ao (a con- solidada) que somente ela e, basicamente, a utilizada no mercado financeiro mundial hoje em dia. No caso dos norte-americanos, e a unica informa~ao disponibilizada publi- camente. o exemplo do leasing financeiro e outro exemplo classico da prevalencia da essencia sobre a forma. Esse conceito fundamental tern, e claro, seus problemas, porque exige do profissional conhecimentos de gestao, de economia, de direito, de neg6cios em geral, da empresa, das transa~6es que ela pratica, da termino- logia envolvida etc. Por isso precisa ele estar sempre atualizado e cercando-se de cuida- dos para obter todo 0 conhecimento neces- sario. E exige dele tambem julgamento, born senso, e coragem de representar a realidade, o que e sua obriga~ao mais importante, por sinal. Essencia sobre a forma nao significa arbi- trariedade a qualquer gosto, disponibilidade para fazer 0 que se acha deva ser feito etc. E preciso muito cautela, julgamento e born senso, mas tambem e preciso que se regis- tre, e bern claramente, todas as raz6es pelas quais chegou-se Ii conclusao de que a essen- cia nao esta bern representada formalmente. c) Sao muito mais importantes os concei- tos de controle, de obten~ao de benefi- cios e de incorrencia em riscos do que a propriedade juridica para registro de ati- vos, passivos, receitas e despesas: 0 pro- prio conceito de essencia sobre a forma ja induz a essa consequencia, tratando-se de urn complemento fundamental; assim, se uma entidade vende sua carteira de recebi- veis, mas se obriga a repor qualquer titulo com inadimplencia, continua mantendo to- dos os onus e riscos dessa carteira. De fato nao a tenl vendido, teni, isso sim, efetuado urn emprestimo e dado a carteira como ga- rantia, obrigando-se a recompo-Ia quando necessario. E 0 caso, inclusive, do descon- to de duplicatas no Brasil, que e, por cau- sa disso, urn emprestimo com as duplicatas dadas em garantia, e nao uma efetiva venda de duplicatas. Dai estarmos mudando sua contabiliza~ao. Veja-se, inclusive, 0 novo conceito de ativo imobilizado dado pela Lei das S/ A, conforme altera~ao dada pela Lei nQ 11.638/07, onde prevalece a figura da transferencia do controle, dos riscos e dos beneficios, e nao da titularidade juridica. d) A Contabilidade passa a ser de toda a empresa, nao s6 do Contador: apesar de parecer isso uma afronta Ii profissao conta- bil, trata-se, na realidade, de uma ascensao da profissao, por elevar 0 patamar com que e praticada e reconhecida a Contabilidade. Por exemplo, anteriormente, para calcular a deprecia~ao, a grande maioria dos profissio- nais simplesmente utilizava a tabela admiti- da pela SRF, e ninguem mais na empresa, na maioria das vezes, tomava qualquer conhe- cimento, efetuava qualquer critica ou analise sobre isso. Hoje, como e necessario conhecer e registrar com base na vida util economica e no valor residual estimados, a deprecia~iio, na grande maioria das situac;6es, precisara ser efetuada a partir de dados e informa~oes da engenharia, de areas extemas etc. Outros departamentos, que nao 0 contabil, e outras diretorias tamMm estariio envolvidos e se responsabilizando pela gera~iio do que 0 Contador usara como dados para calcular e registrar como deprecia~ao. No calculo do valor justo dos instrumen- tos financeiros, noutro exemplo, naG e mais o Contador que simplesmente verifica 0 titu- lo e suas condi~oes de juros etc. Agora pre- cisani a area financeira, a tesouraria ou 0 lo- cal devido, providenciar e se responsabilizar pela gera~ao dessas informa~oes relativas a avalia~ao do derivativo, do valor justo de certos titulos e obriga~oes etc. (Alias, precisa o Contador se munir de todos esses docu- mentos para fundamentar seus registros.) Noutro exemplo, na apura~ao da recu- perabilidade dos valores dos ativos (impair- ment), a defini~ao do que e unidade gera- dora de caixa e da alta administra~ao da empresa (numa empresa de explora~ao de transporte rodoviario, por exemplo, cada onibus e uma unidade geradora de caixa ou urn conjunto de onibus que e utilizado numa linha recebida em concessao e que e a uni- dade geradora de caixa?), bern como a res- ponsabilidade pelo fomecimento dos fluxos de caixa esperados, da taxa de desconto etc. o Contador vai participar, mas nao sozinho desse processo. No caso da informa~ao por segmento, e tamMm a alta administra~ao que delibera pelos segmentos a divulgar, porque precisam ser os que ela usa para a propria gestao. Ou seja, a Contabilidade passa a ser ali- mentada com numero muito maior de inputs de outras areas, devidamente formalizados tais dados, e passam a Diretoria, 0 Conse- Iho de Administra~ao, 0 Conselho Fiscal, 0 Comite de Auditoria e outros organismos, se existirem, a se responsabilizar por todo esse processo, porque afirmarao, indiretamente, que tudo isso esta sendo cumprido quando assinarem os balan~os. Mudam os proprios papeis desses orgaos todos. Isso influencia inclusive, e fortemente, 0 processo de Go- veman~a Corporativa da entidade. Princi- palmente quando da aplica~ao do conceito da Essencia sobre a Forma! No~6es Introdut6rias 23 1.1 0 Situa~ao brasileira e 0 mundo: balan~os individuais e consolidados Quando pretendiamos a aprova~ao do entao Proje- to de Lei nQ 3.741/00, queriamos que 0 Brasil estivesse entre as primeiros paises, se naD 0 primeiro do mundo, a adotar as normas intemacionais de contabilidade de forma completa. Todavia, com a demora de mais de 7 anos nesse processo de aprovac;ao, a Uniao Europeia passou todinha a nossa frente, implantando, desde 2005, as nonnas internacionais. Mas so 0 fez nos ba- lan~os consolidados, dadas as diferentes legisla~oes na- cionais e, igualmente ao Brasil, com muitos paises com problemas fiscais para sua aplica~ao aos balan~os indi- viduais. Assim, os paises da UnUio Europeia estao, ain- da, numa situa~ao desconfortavel: duas contabilidades, uma para os balan~os individuais locais, e outra para os balan~os consolidados nos mercados financeiros, com ativos diferentes, patrimonios liquidos diferentes, lucros diferentes etc. Agora e que estao no processo da convergencia, cada urn no seu ritmo. Vejam-se recentes modifica~oes nas normas contabeis portuguesas, espa- nholas etc. Com as modifica~oes tardias, mas excepcionais em termos de qualidade, da nossa legisla~ao brasileira, es- tamos implantando, desde 2008, as normas internacio- nais via os documentos do CPC, mas nao so nos balan- ~os consolidados, e sim na contabilidade primaria, ou seja, nas demonstra~oes individuais. Assim, com a completa convergencia em 2010 as normas do IASB, 0 Brasil sera 0 primeiro pais do mundo a ter balan~os individuais e consolidados conforme as nonnas internacionais. Hoje, apenas a Inglaterra tern essa possibilidade, mas nao obrigatorie- dade (ia as empresas pod em, nos balan~os individuais, adotar as normas intemacionais ou as locais, mas nao sao obrigadas ainda). Uma das grandes razoes de podermos fazer isso e porque dois fatos aconteceram no Brasil de suma im- portancia: a Lei das S.A., em 1976, representou uma revolu~ao contabil e uma evolu~ao que nos colocou, a epoca, praticamente a par de muitos paises evoluidos (depois nos amarrou, e verdade). Alem disso, a CVM, por meio de sua Comissao Consultiva de Normas Con- tabeis criada a partir de 1990, come~ou a emitir nor- mas convergentes as intemacionais, apenas que com a limita~ao do que podia ser feito sem a mudan~a na Lei das S.A. De qualquer forma, isso foi fazendo com que nos, no Brasil, estivessemos, com as mudan~as legais em 2007/2008, muito mais proximos das normas inter- nacionais do que a maioria dos pafses europeus, com exce~ao da Inglaterra e demais anglo-saxoes. Agora, com essa nova legisla~ao, e com 0 extraor- dinario desempenho conjunto do CPC, da CVM e do 24 Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos CFC, e mais a enorme colabora~ao das demais entida- des participantes do CPC, estamos, a partir de 2010, podendo de fato nos colocar nessa posi<;ao pioneira no mundo. Teremos apenas urn unico problema de diverg€m- cia com rela~ao as normas internacionais. Estas vedam, como ja dito, que haja balan~o individual com investi- mento em controlada, obrigando que a demonstra~ao consolidada substitua essa individual. Assim, nossos balan~os individuais com investimentos em controla- das avaliados pela equivalencia patrimonial nao podem ser dados, exclusivamente por isso, como estando total- mente dentro das nonnas internacionais, mesmo com resultados e patrimonios liquidos absolutamente iguais aos providos pelas demonstra~6es consolidadas. Somos obrigados a isso porque nossa legisla~ao obriga ao uso do balan~o individual para fins socie- tarios, inclusive para calculo de valor patrimonial das a~6es, dividendo minimo obrigat6rio etc. Quem sabe tenhamos, proximamente, modifica~ao na nossa legis- la~ao para tambem eliminarmos esses balan~os indivi- duais que, de fato, nada informam e, as vezes, ate sao indutores a erro por nao fornecerem a ideia do todo se nao vierem acompanhados das demonstra~6es consoli- dadas. Ainda bern que, a partir de 2010, as demonstra- ~6es consolidadas terao que ser preparadas por todas as empresas, abertas, fechadas etc., quando divulgadas publicamente suas demonstra~6es individuais. o que continua e a ainda infeliz situa~ao de balan- ~os de empresas fechadas, principalmente as de grande porte, nao divulgadas obrigatoriamente a sociedade. 1.11 Regime tributario de transi\;ao o Regime Tributario de Transi~ao (RTT), introdu- zido por meio da Medida Provis6ria n' 449/08, trans- formada na Lei n' 11.941/09, passou a considerar, para fins fiscais, as regras tributarias existentes ao final de dezembro de 2007. Em resumo, todas as modifica~6es introduzidas pelas referidas Leis e pelas novas normas emitidas pelo CPC em dire~ao as Normas Internacio- nais de Contabilidade sao fiscalmente neutras. Ou seja, nao tern efeito fiscal. Devemos destacar que, antes da cria~ao do CPC, a CVM ja vinha emitindo normas con- vergentemente as do IASB ha varios anos, somente que vinha limitada pela legisla~ao de entao, e aquelas nor- mas se sujeitavam e continuam se sujeitando aos efei- tos fiscais, porque antes da MP n' 449/08. Na verdade, para 2008 e 2009 a empresa pode op- tar por nao adotar 0 RTT, se isso Ihe fosse conveniente. Por exemplo, se 0 conjunto de tadas as modifica~6es dadas por essa nova legisla~ao em 2008 e 2009 fossem urn saldo liquido devedor, que Ihe diminuisse a tribu- ta~ao, a empresa podia nao optar pelo RTT e tomar a dedutibilidade liquida (os acrescimos passaram a ser tributaveis e os decrescimos dedutiveis). Esse procedi- mento devia ser considerado em seu conjunto, consi- derando todas as consequencias relativas ao Imposto de Renda, a Contribui~ao Social sobre 0 Luero Uquido, ao PIS e a COFINS. Assim, se as novas regras conta- beis de subven~ao para investimento (que aumentam a receita tributavel se nao houvesse a op~ao pelo RTT), de arrendamento mercantil financeiro (que podiam aumentar ou diminuir a receita tributavel), de depre- cia~ao (idem) etc. provocassem urn saldo liquido que reduziria a tributa~ao, a empresa podia simplesmente nao optar pelo RTT e tomar essas reeeitas e despesas contabeis novas para fins fiscais tambem. Se a empresa optasse pelo RTT, todos os efeitos (todos, nao podiam ser escolhidos apenas alguns) des- sa nova legisla~ao precisavam ser excluidos ou adicio- nados no Lalur para fins da tributa~ao. Vejamos 0 que esra explicito no texta da Lei n' 11.941, de 27 de maio de 2009: '~. 15. Fica instituido 0 Regime Tribut<irio de Transirrao - RTT de apurarrao do lucro real, que trata dos ajustes tributarios decorrentes dos novos metodos e criterios contabeis introduzidos pela Lei n' 11.638, de 28 de dezembro de 2007, e pelos arts. 37 e 38 desta Lei. § 1 Q 0 RTT vigeni ate a entrada em vigor de lei que discipline os efeitos tributarios dos novos metodos e criterios contabeis, buscando a neutra- lidade tributaria. § 2' Nos anos-caIendario de 2008 e 2009, 0 RTT sera optativo, observado 0 seguinte: I - a op<;ao aplicar-se-a ao bienio 2008-2009, vedada a aplicarrao do regime em urn unico ano- calendario; II - a op<;ao a que se refere 0 inciso I deste paragrafo devera ser manifestada, de forma irre- tratavel, na Declara<;ao de Informarr6es Economico- Fiscais da Pessoa Juridica 2009; III - no caso de apurarrao pelo lucro real tri- mestral dos trimestres ja transcorridos do ano- calendario de 2008, a eventual diferenrra entre 0 valor do imposto devido com base na oprrao pelo RTT e 0 valor antes apurado devera ser compen- sada ou recolhida ate 0 ultimo dia util do primeiro mes subsequente ao de publicarrao desta Lei, con- forme 0 caso; N - na hip6tese de inicio de atividades no ano-calendario de 2009, a oprrao devera ser ma- nifestada, de forma irretratavel, na Dec1ararrao de Informarr6es Econ6mico-Fiscais da Pessoa Juridica 2010. § 3Q Observado 0 prazo estabelecido no § l' deste artigo, 0 RIT sera obrigat6rio a par- tir do ano-eaIendario de 2010, inclusive para a apurac;ao do impasto sobre a renda com base no luero presumido ou arbitrado, da Contribui~ao So- cial sobre 0 Luero Uquido - CSLL, da Contribui~ao para 0 PIS/PASEP e da Contribui~ao para 0 Finan- ciamento da Seguridade Social - COFINS." (grifos adicionados) Como se ve, 0 Regime Tributario de Transi~ao, que era optativo nos anos de 2008 e 2009, ja que nenhum novo dispositivo legal foi emitido, passou a ser obriga- torio a partir de 2010, inclusive para as empresas que apuram seus impostos sobre 0 lucro com base na forma de lucro; a forma de lucro presumido ja estava contem- plada no art. 20 da Lei. E importante atentar para 0 que decorre da Lei n' 11.941/09 (Medida Provisoria n' 449/08), que mudou a Lei das S/ A; seu art. 36 da nova reda~ao ao art. 177 da Lei n' 6.404/76: ')\ft. 177 ............................... . § 22 A eompanhia observani exclusivamente em livros ou registros auxiliares, sem qualquer mo- difieaC;ao da eseriturac;ao mereantil e das demons- trac;5es reguladas nesta Lei, as disposic;oes da lei tributaria, ou de legislac;ao especial sobre a ativida- de que eonstitui seu objeto, que preserevam, eon- duzam ou ineentivem a utilizac;ao de metodos ou eriterios contabeis diferentes ou detenninem registros, lanc;amentos ou ajustes ou a elaborac;ao de outras demonstrac;oes finaneeiras. § 3Q AE demonstrac;oes finaneeiras das compa- nhias abertas observarao, ainda, as nonnas expe- didas pela Comissao de Valores Mobiliarios e serao obrigatoriamente submetidas a auditoria por audi- tores independentes nela registrados." (g.n.) Atente-se que na nova reda~ao ha men~ao a qual- quer lei tributaria que nao so prescreva, mas que con- duza ou incentive a utiliza~ao de metodo ou criterio contabil diferente dos da propria Lei. A legisla~ao ja deterrninava, por exemplo, 0 usa da vida util para cal- culos da deprecia~ao, mas as tabelas fiscais induziam as empresas ao usa das taxas prefixadas. Assim, agora fica valendo, a nosso ver, a possibilidade de escritura- ~ao desse novo procedimento: pela Lei n' 11.638/07, ficou muito mais clara a obrigatoriedade de, para fins contabeis, adotar-se a vida util economica e 0 valor re- sidual para ca1culo da deprecia~ao, e, para fins fiscais, a manuten~ao das tabelas fiscais. No caso da opera~ao de arrendamento mercantil financeiro (leasing), por exemplo, a empresa contabi- liza agora, no resultado, a despesa de deprecia~ao e a despesa financeira do passivo assumido, e registra, contabilmente, a contrapresta~ao do leasing contra 0 passivo. No Lalur exclui a despesa de deprecia~ao e a despesa financeira, e toma como dedutivel 0 valor da ----------------------_. No~oes Introdut6rias 25 contrapresta~ao devida. Pod era ate ocorrer de haver exercicio social em que isso aumente 0 lucro tributavel com rela~ao ao contabil ou 0 inverso. Noutro exemplo, a amortiza~ao do agio por expec- tativa de rentabilidade futura (goodwill) foi feita conta- bilmente em 2008, mas cessou a partir de 2009. Mas as empresas que tem 0 direito a sua dedutibilidade con- tinuam, para fins tributarios, com esse mesmo direito, efetuando 0 ajuste no Lalur a partir de 2009. Mais uma vez queremos deixar patente que 0 RTT foi uma das mais brilhantes inova~6es da Receita Fe- deral do Brasil, e que possibilitou que fossem dados os enormes passos no sentido da convergencia contabil brasileira as normas intemacionais. 1.12 Pequena e media empresa: pronunciamento especial do CPC o IASB emitiu, no inlcio do segundo semestre de 2009, 0 documento para ser aplicado as Pequenas e Medias Empresas (PMEs). 0 CPC, ao final desse semes- tre, emitiu seu Pronunciamento relativo a tal documen- to, aprovado pelo CFC pela sua Resolu~ao n' 1.255/09. Trata-se de um documento que se salienta forte- mente por sua linguagem bem mais acesslvel e por re- sumir a praticamente 10% 0 volume total de paginas quando comparado com os IFRSs. AJem do mais, con- tem diversas (nao muitas) simplifica~6es. Comentan- do-se algumas dessas simplifica~6es: o CPC PME nao trata de informa~6es por segmen- to, lucro por a~ao e relatorio da administra~ao, por con- siderar esses documentos nao necessarios as PMEs. (Ha que se lembrar, todavia, que nossa legisla~ao nao exime a pequena ou media empresa na forma de sociedade por a~6es a emitir seu relatorio de administra~ao.) o conceito de PME adotado pelo IASB, e tambem pelo CPC (e, consequentemente, pelo CFC), para fins de relatorios e demonstra~6es contabeis, e 0 seguinte: Pequenas e medias empresas, conforme conceito adotado pelo IASB e pelo CPC (consequentemente tam- bem pelo CFC) sao empresas que nao tem obriga~ao publica de presta~ao de contas e elaboram demonstra- ~6es contabeis, alem de para fins internos de gestao, para usuarios externos, mas para finalidades gerais, como e 0 caso de socios que nao estao envolvidos na administra~ao do negocio, credores existentes e poten- ciais, e agencias de avalia~ao de credito. Note-se que inumeras sociedades por a~6es brasileiras estao enqua- dradas nessa condi~ao, bem como as limitadas e todas as demais sociedades que nao captam recursos junto ao publico. 26 Manual de Contabilidade Societa.ria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos Uma empresa tern obriga~ao publica de presta~ao de contas se seus instrumentos de divida (debentures, notas promissorias etc.) Oil patrimoniais (ac;6es, bo- nus de subscri~ao etc.) sao negociados em mercado de a~6es ou estao para virem a ser negociados em bolsa de valores (nacional ou estrangeira) ou em mercado de balcao, incluindo mercados locais ou regionais. Tambem tern obriga~ao publica de presta~ao de contas a empresa que tiver ativos em condi~ao fidu- ciaria perante urn grupo amplo de terceiros como urn de seus principais neg6cios, como e 0 caso tipico de bancos, cooperativas de credito, companhias de segu- ro, corretoras de seguro, fundos mutuos e bancos de investimento. Portanto, no Brasil as sociedades por a~6es fecha- das (sem negocia~ao de suas a~6es ou outros instru- mentos patrimoniais ou de divida no mercado e que nao possuam ativos em condi~ao fiduciaria perante urn amplo grupo de terceiros), mesmo que obrigadas Ii pu- blica~ao de suas demonstra~6es contabeis, sao tidas, para fins do Pronunciamento sobre PME do CPC, como pequenas e medias empresas, desde que nao enquadra- das pela Lei n' 11.638/07 como sociedades de gran- de porte. As sociedades limitadas e demais sociedades comerciais, desde que nao enquadradas pela Lei n' 11.638/07 como sociedades de grande porte, tambem sao tidas como pequenas e medias empresas. o Pronunciamento lembra que ha empresas que possuem ativos em condi~ao fiduciaria perante tercei- ros por possuir e gerenciar recursos financeiros confia- dos a eles pelos clientes, consumidores ou membros nao envolvidos na administra~ao da empresa. Entre- tanto, se elas 0 fazem por raz6es da natureza do neg6- cio principal, (como, por exemplo, pode ser 0 caso de agendas de viagens ou corretoras de im6veis, escolas, empresas que recebem pagamento adiantado para en- trega futura dos produtos), isso nao as faz ter obriga~ao de presta~ao publica de contas. Note-se que, com a ado~ao desse Pronunciamento pelo Conselho Federal de Contabilidade, fica facilitada, enormemente, 0 estudo e a analise por parte dos pro- fissionais de Contabilidade com rela~ao as normas in- temacionais, porque, como regra, basta conhecer esse Pronunciamento especificamente. Mas e born lembrar que, em algumas situa~6es (raras na pratica), alguns assuntos podem exigir 0 conhecimento dos Pronuncia- mentos Tecnicos propriamente ditos, como e 0 caso de pequena e media empresa que aplique em derivativos ou outros instrumentos financeiros complexos. Na ver- dade, 0 item Instrumento Financeiro e 0 mais complexo assunto das normas contabeis hoje em dia, mas como a grande maioria das empresas nao trabalha com ins- trumentos financeiros que nao os tradicionais (contas a receber e a pagar originadas de transa~6es comerciais, opera~6es financeiras de capta~ao de recursos junto a bancos, aplica~6es financeiras "normais" em institui- ~6es financeiras e semelhantes), nada de muito novo existe para elas. E interessante notar que as maiores diferen~as que existem, na forma de simplifica~ao, para as PMEs, quando comparadas as normas com os Pronunciamen- tos Tecnicos do CPC, sao basicamente as seguintes, alem das ja comentadas anteriormente (e aqui estao ci- tadas tambem as diferen~as entre 0 conjunto completo de normas internacionais - full IFRSs - e 0 pronuncia- mento de pequena e media do IASB - IFRS SME - small and medium enterprise): Diferen,as entre 0 conjunto completo das IFRS (full IFRSs) e a IFRS SME, ou seja, entre 0 con- T6pico junto completo, de um lado, dos Pronunciamentos Tecnicos, Interpretac;oes e Orientac;oes do CPC, e do outro, 0 Pronunciamento Tecnico PME - Contabilidade para Pequenas e Medias Empresas Informac;ao por T6pico nao abordado pelo IFRS-SME (pronunciamento Henieo PME - Contabilidade para Peque- Segmento nas e Medias Empresas). Demonstrac;oes T6pieo nao abordado pelo IFRS-PME. Contabeis Intermediarias (lTR) Lucre por Ac;ao T6pieo nao abordado pelo IFRS-SME. Seguros T6pieo nao abordado pelo IFRS-SME. T6pico nao abordado pelo IFRS-SME. A norma para PMEs nao possui uma mensurac;ao e classificac;ao espedfica para tais ativos, con- forme preconizado pela IFRS 5 (CPC 31 - Ativo Nao Circulante Mantido para Venda e Operac;ao Ativos Mantidos Descontinuada) que exige que: (i) tais ativos nao sejam mais depreciados e (ii) sejam mensurados pelo para Venda menor valor entre 0 valor contabilizado e 0 valor justo menos as despesas para vender. Contudo, a manutenc;ao de um ativo ou grupo de ativos para venda e uma indicac;ao de desvalorizac;ao. Nesse senti do, a entidade devera fazer 0 Teste de Recuperabilidade de Ativos (Impairment Test) para tais ativos. Do mesmo modo, quando a entidade estiver engajada em urn cornprornisso para vender urn ativo ou passivo, ela devera divulgar tal fato em nota explicativa. Not;6es Introdutorias 27 Escolha contabil: aplica<;ao da lAS 39 (epe 38 - Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensura<;ao) ou das se<;5es 11 e 12 do IFRS-SME (PME). Em razao da lAS 39 ser muito trabalhosa para as pequenas e medias empresas, foram realizadas algumas simplificac;6es, sao elas: I) Algumas classificac;6es para instrumentos financeiros foram exclufdas: disponfvel para a venda, mantido ate 0 vencimento e opc;ao de valor justo (fair value option). Portanto, para instrumentos finan- ceiros, tem-se apenas duas opc;6es ao inves de quatro. Os instrumentos financeiros que atenderem aos criterios especificados devem ser mensurados pelo custo ou custo amortizado. Todos os outros instrumentos financeiros devem ser mensurados pelo valor justo por meio do resultado. Essa mudanc;a foi realizada de modo a simplificar a classificaC;ao e aumentar a comparabilidade. II) Utilizac;ao de um principio mais simples para 0 desreconhecimento de um instrumento finan- ceiro. Assim, a abordagem do envolvimento continuo e do 'passthrough' para 0 desreconhecimento de tais instrumentos foi retirada. Tais exigencias sao complexas e geralmente nao aplicaveis as enti- dades de pequeno e medio porte. III) A contabilidade para opera<;5es de hedge (hedge accounting) foi simplificada de modo a aten- der as necessidades das empresas de pequeno e medio porte. Nesse senti do, a IFRS-SME (PME) foca especificamente nos tipos de hedge mais comuns das entidades de pequeno e medio porte; sao eles: i) hedge de um taxa de juros de um instrumento de dfvida mensurado pelo custo amortizado; Instrumentos ii) hedge de uma taxa de cambio ou de uma taxa de juros em um compromisso firme ou em uma Financeiros transac;ao futura altamente provavel; iii) hedge do prec;o de uma commodity que a entidade mantenha ou de um compromisso firme ou de uma transac;ao futura altamente provavel de compra ou venda; e iv) risco de uma taxa de cambio em um investimento Ifquido em uma operac;ao estrangeira. Do mesmo modo, os criterios para avaliac;ao da efetividade do hedge sao menos rfgidos na IFRS- SME (PME), po is tal avaliaC;ao e a possfvel descontinuaC;ao do uso de hedge accounting deverao ser realizadas a partir do final do perfodo contabil e nao necessariamente a partir do momenta em que 0 hedge e considerado ineficaz conforme preconizado pel a lAS 39. No que tange a contabilidade para as opera<;5es de hedge, a IFRS-SME (PME) tambem difere da lAS 39 (epe 38) nos seguintes aspectos: a) A contabilidade para operac;6es de hedge (hedge accounting) nao pode ser realizada por meio da utiliza<;ao de instrumentos de divida como instrumentos de hedge. A lAS 39 (CPC 38) permite tal tratamento para um hedge de risco de uma taxa de cambio. b) A contabilidade para operac;6es de hedge (hedge accounting) nao e permitida como uma estra- tegia de hedge baseada em op<;5es (option-based hedging strategy). c) A contabilidade para operac;6es de hedge (hedge accounting) para portf61ios nao e permitida. IV) Nao ha necessidade de separac;ao dos derivativos embutidos. Contudo, os contratos nao fi- nanceiros que incluem derivativos embutidos com caracterfsticas diferentes dos contratos host, sao contabilizados inteiramente pelo valor justo. Consolida<;ao das Opc;ao da consolidac;ao proporcional foi exclufda para os investimentos em entidades controladas Demonstrac;6es conjuntamente (jointly controlled entities). Contabeis I) Reavaliac;ao nao e permitida como base de mensurac;ao para tais ativos, mesmo que a legislac;ao local permita. II) 0 valor residual, a vida util e 0 metodo de depreciac;ao necessitam ser revistos apenas quando existir uma indicaC;ao relevante de alterac;ao, isto e, nao necessitam ser revistos anualmente como preconizado no IFRS completo (todos os CPCs) (full IFRSs). III) A adoc;ao de um novo valor e permitido as PMEs apenas quando da adoc;ao inicial do Pronun- ciamento Tecnico PME - Contabilidade para Pequenas e Medias Empresas, a semelhanc;a do "dee- med cost" das demais sociedades. Consultar, para esta ultima figura, a Interpretac;ao Tecnica ICPC Ativo Imobilizado 10- Interpretac;ao Sobre a AplicaC;ao Inicial ao Ativo Imobilizado e a Propriedade para Investimento dos Pronunciamentos Tecnicos CPCs 27,28,37 e 43. IV) Nos contratos de arrendamento mercantil (leasing) operacional, nao se exige que 0 arrendatario reconhec;a os pagamentos numa base linear se os pagamentos para 0 arrendador sao estruturados de modo a aumentar, de acordo com inflaC;ao esperada, de modo a compensar 0 arrendador pelo custo inflacionario no perfodo. V) Nao e exigida a mensurac;ao dos ativos biol6gicos pelo valor justa quando 0 computo de tal valor demandar custo eJou esforc;o excessivo. Nesses casos, tais ativos devem ser mensurados pelo modele de custo - depreciac;ao - desvalorizac;ao. 28 Manual de Contabilidade Societaria • Iudidbus, Martins, Gelbcke e Santos I) Reavaliac;ao na~ e permitida como base de mensurac;ao para os intangfveis. II) 0 valor residual, a vida util eo metodo de amortizac;ao necessitam ser revistos apenas quando Ativo Intangfvel existir uma indicac;ao relevante de alterac;ao, isto e, nao necessitam ser revistos anualmente como preconizado no IFRS completo. III) Todos os intangfveis precisam ser amortizados, inclusive 0 agio por expectativa de rentabilida- de futura (goodwill). Para estes, na falta de outro criterio mais objetivo, em 10 anos. A base de mensurac;ao deve ser escolhida com base nas circunstancias, isto e, nao e permitido Propriedade para escolher entre 0 metodo de custo e 0 metodo do valor justo. Portanto, caso a empresa consiga medir 0 valor justo sem custo e esforc;o excessive ela deve utilizar 0 metodo do valor justo por meio do resul-Investimento tado; todas as outras propriedades para investimento serao contabilizadas como ativo imobilizado e devem ser mensuradas pelo modelo custo-depreciac;5es-perdas por desvalorizac;ao (impairment loss). Escolha nao e permitida; todas as subvenc;5es governamentais devem ser mensuradas utilizando- Subvenc;5es se um metoda unico e simples: reconhecimento como receita quando as condic;5es de desempenho Governamentais forem atendidas (ou antecipadamente quando nao existirem condic;5es de desempenho) e mensura- das pelo valor justo do ativo recebido ou recebfvel. I) Utilizac;ao da abordagem do indicador, on de a norma apresenta uma lista de eventos que indi- cam a existencia de perda por desvalorizaC;ao (impairment loss), de modo a facilitar 0 ca.lculo desse Agio por Expectativa valor e reduzir a dependencia dos experts, 0 que aumentaria 0 custo para as pequenas e medias de Rentabil idade empresas. Futura (Goodwim II) Todo 0 agio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill) e amortizado, isto e, considera-se que se possui vida utillimitada. Caso nao seja possfvel estimar a vida util de maneira confiavel, deve- se considera-Ia como sendo de 10 anos. Gastos com Pesquisa Todos os gastos com pesquisa e desenvolvimento sao despesa, isto e, gastos com desenvolvimento e Desenvolvimento na~ sao ativados em nenhum caso. I nvesti mentos em Existe a oPC;ao de se avaliar os investimentos em coligadas pelo metodo de custo, desde que nao Coligadas e haja uma cotac;ao de prec;o publicada (nesse caso utiliza-se 0 valor justo). Mas essa oPC;ao nao e va- Controladas lida no Brasil em funC;ao da Lei das S/A. As diferenc;as decorrentes de taxas de cambio de itens monetarios que sao inicialmente reco- lnvestimentos em nhecidas em outros resultados abrangentes nao necessitam ser reclassificadas para a demonstrac;ao Entidade no Exterior do resultado na venda (alienaC;ao) do investimento. 1550 visa simplificar a contabilizaC;ao de tais diferenc;as, haja vista que as pequenas e medias empresas nao necessitarao acompanha-Ias ap6s 0 reconhecimento inicial. Atividade de o metodo do valor justa por meio do resultado e exigido para os ativos biol6gicos apenas quando Agricultura tal valor for computado sem custo e/ou esforc;o excessivo. Caso contrario, deve ser utilizado como base de mensuraC;ao 0 modelo de custo - depreciaC;ao - desvalorizaC;ao (impairment). Custos dos Todos os custos dos emprestimos sao reconhecidos como despesa no resultado, isto e, nunca sao Emprestimos ativados. Nao e exigido que 0 arrendatario reconhec;a os pagamentos, sob os contratos de arrendamento Arrendamento mercantil operacional, numa base linear, se os pagamentos para 0 arrendador sao estruturados de Mercantil modo a aumentar de acordo com inflaC;ao esperada, de modo a compensar 0 arrendador pelo custo inflacionario no perfodo. I) Os ganhos e perdas atuariais devem ser reconhecidos imediatamente no resultado do exercfcio ou em outros resultados abrangentes. II) Os custos de servic;os passados (inclufdos aqueles que se relacionam com os beneffcios ainda nao adquiridos - unvested) devem ser reconhecidos imediatamente no resultado quando um plano Beneffcios aos de beneficio definido e introduzido ou alterado. Isto e, nao ha diferimento nos pianos de beneffcio Empregados definido. III) Nao e exigida a utilizaC;ao do metodo de 'unit credit projected' caso isso acarrete demasiado esforc;o e/ou custo para a empresa. IV) Tampouco ha necessidade de uma avaliaC;ao compreensiva das premissas utilizadas para 0 calculo do valor devido relativo aos beneffcios aos empregados todos os anos. Ado,ao pel a Primeira Nao ha necessidade de apresentar todas as informac;5es de perfodos anteriores, isto e, permite-se que a empresa de pequeno e medio porte nao apresente determinada informac;ao de perfodo anterior Vez das IFRS-SME quando isso for demasiadamente custoso au demande um esforc;o excessivo. Nor;oes Introdutorias 29 Pagamento baseado Pode-se utilizar 0 julgamento da administrac;ao na estimac;ao do valor do pagamento baseado em ac;6es liquidado em tftulos patrimoniais quando os prec;os de mercado nao forem diretamente em Ac;6es observaveis. As diferenc;as decorrentes de taxas de cambio de itens monetarios que sao inicialmente reconhe- Conversao das cidas em outros resultados abrangentes nao necessitam ser reclassificadas para a demonstrac;ao do Demonstrac;6es resultado na venda (alienac;ao) do investimento. Esse criterio visa simplificar a contabilizaC;ao de tais Contabeis diferenc;as, haja vista que as pequenas e medias empresas nao necessitarao acompanhar tais diferen- c;as nas taxas de cambio ap6s 0 reconhecimento inicial. Demonstrac;ao das Pode ser substitufda pel a Demonstrac;ao dos Lucros ou Prejufzos Acumulados quando as unicas Muta~6es do mutac;6es patrimoniais forem resultado do perfodo, pagamento de dividendos, correc;6es de perfodos Patrimonio Uquido anteriores e mudanc;as de politicas contabeis, I) A entidade de pequeno e medio porte nao necessita apresentar seu balanc;o patrimonial a partir do infcio do perfodo comparativo mais antigo quando tal entidade aplicar uma polftica contabil re- trospectivamente, realizar urn ajuste retrospectivo ou reclassificar determinado item no seu balanc;o. Apresentac;6es II) Todos os ativos e passivos fiscais diferidos devem ser classificados no nao circulante. III) A entidade pode apresentar uma unica demonstrac;ao dos lucros acumulados no lugar da de- monstrac;ao das mutac;6es do patrimonio Ifquido se as unicas mudanc;as no patrimonio Ifquido duran- te 0 perfodo para quais as demonstrac;6es contabeis sao apresentadas derivarem do: resultado do pe- rlodo, pagamento de dividendos, correc;6es de perfodos anteriores e mudanc;as de pol fticas contabeis. Divulgac;ao reduzida: FuIiIFRS: 3000 itens IFRS-SME: 300 itens lsso ocorre principal mente em razao de: i) alguns t6picos nao sao abordados pelo IFRS-SME, como, por exemplo, informac;ao por segmen- to, lucro por aC;ao etc.; Divulga~6es ii) algumas divulgac;6es nao sao exigidas porque elas se relacionam a princfpios de reconhecimen- to e mensurac;ao que foram simplificados na IFRS-SME, como por exemplo, a reavaliac;ao de ativos; iii) algumas divulgac;6es nao sao requeridas por que elas se referem a opc;6es existentes no con- junto completo daslFRS (fuIIIFRSs) que nao estao presentes na IFRS-SME, como, por exemplo, 0 valor dos gastos com desenvolvimento capitalizados no perfodo. iv) algumas divulgac;6es nao sao exigidas, pois elas nao foram consideradas apropriadas para 0 usuario de tais demonstrac;6es contabeis, levando-se em conta 0 custo-beneffcio de tal usuario como, por exemplo, informac;6es relacionadas ao mercado de capitais. Assim, 0 volume de notas e bem menor do que para as demais sociedades. DVA Nao e tratada no IFRS-SME e tampouco no CPCPME Correc;ao Monetaria o t6pico nao foi inclufdo no CPC-PME. Demais T 6picos Tratamento igual aos Pronunciamentos Tecnicos do CPC para as demais sociedades. Este Manual apresenta, ao final de cada capitulo, 0 que existe de diferente entre 0 nele contido e 0 Pronun- ciamento para PMEs novamente. dades por A,oes, substituido por este outro Manual; se- ria impossivellembrar de todos, mas sentimo-nos sem- pre gratos a eles. Mas e fundamentallembrar que qualquer entidade de pequeno e medio porte tern 0 direito de adotar os Pronunciamentos Tecnicos do CPC na sua integridade. Assim, elas tern duas op~6es: adotam os Pronuncia- mentos Tecnicos, Interpreta~6es e Orienta~6es do CPC, ou adotam 0 Pronunciamento Tecnico PME - Contabi- lidade para Pequenas e Medias Empresas. 1.13 Homenagens Inumeros foram os que colaboraram com suges- toes e crlticas, para a me1horia das diversas versoes ao longo do tempo do Manual de Contabilidade das Socie- Mas fazemos questao de citar e homenagear a to- dos os professores e profissionais que participaram da elabora~ao das sete edi~6es daquele Manual, a quem agradecemos, e muito. Na setima edi~ao trabalharam Ariovaldo dos San- tos, Adolfo Henrique C. e Silva, Alexandre David Vivas, Edilson Paulo, Fernando Caio Galdi, Jorge Vieira da Costa Junior e Agostinho Imicio Rodrigues. Na sexta edi~ao, Andre Carlos Busanelli de Aqui- no, Poueri do Carmo Mario, Ricardo Lopes Cardoso, Vinicius Aversari Martins e Agostinho Imicio Rodrigues. Na quinta, Ariovaldo dos Santos, Lazaro Placido Lisboa, Maisa de Souza Ribeiro e Agostinho Inacio Ro- drigues. --~----------------------.-------------- 30 Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos Na quarta, Ariovaldo dos Santos, Nahor Placido Lisboa, Rubens Lopes da Silva, Heraldo Gilberto de Oliveira, Gilberto Carlos Rigamonti e Maisa de Souza Ribeiro. Na terceira, Antonio Carlos Bonini S. Pinto, Anto- nio Carlos C. Andrade, Eduardo Tadeu A. Falcao, Gilber- to Carlos Rigamonti, Jose Paulo de Castro, Marina Mitio Yamamoto, Rubens Lopes da Silva e Hugo Rocha Braga. Na segunda edi~ao, Artemio Bertholini, Claudio C. Monteiro e Vitorio Perim Saldanha. E, na primeira, Antonio T. Sakurai, Artemio Bertho- lini, Eduardo G. Fernandez e Vitorio Perim Saldanha. Ressaltamos, para a primeira edi~ao, a inestimavel co- labora~ao do saudoso Alvaro Ayres Couto, primeiro Superintendente de Normas de Contabilidade e Audi- toria da CVM, que acompanhou pari passu 0 desenvol- vimento daquele trabalho e a quem rendemos nossas homenagens. E para as edi~6es posteriores sempre contamos com a inspira~lio e a colabora~ao dos que assumiram a Superintendencia de Normas de Contabilidade e Audi- toria da CVM: Hugo Rocha Braga e Antonio Carlos de Santana. E rendemos, finalmente, nossas homenagens ao fa- lecido Manoel Ribeiro da Cruz Filho, redator do Capitu- lo 15 e demais partes contabeis da Lei das S.A. de 1976. A primeira edi~ao desta obra foi financiada, em grande parte, pela propria CVM, entao recem-criada; a segunda, pelo Banco Central do Brasil; a terceira, pelo Comite de Divulga~ao do Mercado de Capitais (Codi- mec); e as demais, inclusive esta, pela Editora Arlas e pela Fipecafi. A participa~ao dessas entidades prova a relevancia do trabalho para 0 estudo, a pesquisa e a aplica~ao pratica da contabilidade no Brasil. Tambem nossos agradecimentos e nossas homenagens. 2 Estrutura Conceitual da Contabilidade 2.1 IntrodUl;;ao o Brasil teve, durante muitos anos, dois documen- tos sobre a estrutura conceitual da Contabilidade. Urn deles, elaborado em 1986 pelo Instituto Brasileiro de Pesquisas Contabeis, Atuariais e Financeiras (Ipecafi) sob as maos do Prof. Sergio de Iudicibus, Professor Emerito da Faculdade de Economia, Administra~iio e Contabilidade da Universidade de Sao Paulo. Esse do- cumento foi aprovado e divulgado pelo Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon) (antigo Instituto Brasileiro de Contadores) como Pronuncia- mento desse Instituto e referendado pela Comissao de Valores Mobiliarios (CVM) por sua Delibera~ao n' 29/86. Com isso foi tornado obrigat6rio para as com- panhias abertas brasileiras desde entao. Tern 0 titulo de Estrutura Conceitual Basica da Contabilidade. Esse documento discorria sobre os postulados, os principios e as conven~6es contabeis, denominando-os genericamente de Principios Fundamentais da Conta- bilidade. o outro documento foi emitido pelo Conselho Fe- deral de Contabilidade, pela sua Resolu~ao n' 750 em 1993, Principios Fundamentais de Contabilidade, se- guida de urn apendice introduzido pela Resolu~ao CFC n' 774/94 e da Resolu~ao CFC n' 785/95, esta sobre as Caracteristicas da Informa~ao Contabil. Ambos os conjuntos descreviam basicamente 0 que a epoca se denominava de Principios Fundamentais de Contabilidade, bern como as caracteristicas Msicas que precisavam estar contidas na informa~ao contabil. Eram muito convergentes entre si, com diferenciac;6es em poucos pontos bern especificos. Com 0 advento da Lei n' 11.638/07 e a decisao pela convergencia da Contabilidade brasileira as Nor- mas Internacionais de Contabilidade emitidas pelo IASB, 0 CPC adotou integralmente 0 documento da- quele 6rgao denominado Framework for the Prepara- tion and Presentation of Financial Statements e emitiu seu Pronunciamento Conceitual Basico - Estrutura Conceitual para a Elabora~ao e Apresenta~ao das Demonstra~oes Contabeis (informalmente denomi- nado, as vezes, de CPC "00"). o que este documento contem basicamente es- tava de alguma forma contido nos dois conjuntos de documentos conceituais brasileiros atras referidos, mas apresenta 0 que aqueles nao tinham: as defini~6es dos principais elementos contabeis: ativo, passivo, receita e despesa. Nao utiliza a denomina~ao de principios fundamentais, ou de principios contabeis geralmente aceitos etc., e sim a de Caracteristicas Qualitativas da Informa~ao Contabil. Do ponto de vista de efetivo conteudo, a grande diferen~a nesse documento do CPC reside na sua muito maior aderencia ao conceito da Primazia da Essencia Sobre a Forma, bandeira essa levada praticamente ao extrema pelo IASB, principalmente no lAS 1, represen- tado no Brasil pelo Pronunciamento Tecnico CPC 26 - Apresenta~iio das Demonstra~6es Contabeis (vejam-se principalmente seus itens 15 a 20). ----~--------------------- 32 Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos E de se notar, todavia, que diversos aspectos trata- dos pelos documentos brasileiros estavam melhor des- critos e considerados do que nesse documento do CPC. Ha diversos pontos, mais com relac;ao ao da CVM, que deverao dar ensejo, inclusive, a urn documento comple- mentar do CPC a fim de nao se perder conceituac;6es tao importantes. Urn documento como esse tern a caracteristica de nao significar uma norma, uma regra, mas sim urn con- junto basico de principios a serem seguidos na elabora- c;ao dos Pronunciamentos e das Normas propriamente ditas, bern como na sua aplica~ao; consequentemente, tambem na analise e na interpretac;ao das informac;6es contabeis. E fundamental conhecer e entender essa es- trutura conceitual, porque dela derivam todos os pro- cedimentos e sobre ela se assenta toda a elaborac;ao das demonstraC;6es contabeis. Por isso recomendamos, fortemente, a sua leitura. Vamos, pais, a esse documento que, pela sua im- porti'mcia, reproduzimos na integra. Foi ele aprovado pela Deliberac;ao CVM nQ 539/08 e pela Resoluc;ao CFC n· 1.121/08. 2.2 0 pronunciamento conceitual basico: estrutura conceitual para a elabora~iio e apresenta~iio das demonstra~iies contabeis COMITE DE PRONUNCIAMENTOS CONTABEIS (CPC) PRONUNCIAMENTO CONCEITUAL BAsICO ESTRUTURA CONCEITUAL PARA A ELABORA<;AO E APRESENTAGli.O DAS DEMONSTRAGOES CONTABEIS Correlac;ao as Normas Internacionais de Contabilidade - "Estrutura para a Preparac;ao e a Apresenta- c;ao das Demonstrac;oes Contabeis" (Framework for the Preparation and Presentation of Financial Statements) - (IASB) PRONUNCIAMENTO Conteudo Item PREFACIO INTRODUt;:AO FINALIDADE 1-4 ALCANCE 5-8 USUARIOS E SUAS NECESSIDADES DE INFORMAt;:AO 9 -11 o OBJETIVO DAS DEMONSTRAt;:OES CONTABEIS 12 -14 Posic;ao patrimonial e financeira, desempenho e mutac;6es na posic;ao financeira 15 - 20 Notas explicativas e demonstrac;6es suplementares 21 PRESSUPOSTOS BAslCOS Regime de competencia 22 Continuidade 23 CARACTERfSTICAS QUALITATIVAS DAS DEMONSTRAt;:OES CONTABEIS 24 Compreensibilidade 25 Relevancia 26 -28 Materialidade 29-30 Confiabilidade 31 - 32 Representac;ao adequada 33 -34 Primazia da essencia sobre a forma 35 Neutralidade 36 Pruden cia 37 I ntegridade 38 Estrutura Conceitual da Contabilidade 33 Conteudo Item Comparabilidade 39 - 42 Limita\=oes na relevancia e na confiabilidade das informa\=oes Tempestividade 43 Equillbrio entre custo e beneffcio 44 Equillbrio entre caracterfsticas qualitativas 45 Visao verdadeira e apropriada 46 ELEMENTOS DAS DEMONSTRA<;:OES CONTABEIS 47-48 Posi\=ao patrimonial e financeira 49 - 52 Ativos 53 - 59 Passivos 60-64 Patrimonio Lfquido 65 - 68 Desempenho 69 -73 Receitas 74-77 Despesas 78-80 Ajustes para manutenc;ao do capital 81 RECONHECIMENTO DOS ELEMENTOS DAS DEMONSTRA<;:OES CONTABEIS 82 -84 Probabilidade de realizac;ao de beneffcio economico futuro 85 Confiabilidade da mensura\=ao 86 - 88 Reconhecimento de ativos 89-90 Reconhecimento de passiv~s 91 Reconhecimento de receitas 92 - 93 Reconhecimento de despesas 94 - 98 MENSURA<;:AO DOS ELEMENTOS DAS DEMONSTRA<;:OES CONTABEIS 99 - 101 CONCEITOS DE CAPITAL E MANUTEN<;:AO DE CAPITAL Conceitos de capital 102 -103 Conceitos de manuten\=ao do capital e determinac;ao do lucro 104-110 PREFAcIO As demonstra~5es eontabeis sao preparadas e apresentadas para usuarios externos em geral, tendo em vista suas finalidades distintas e neeessidades di- versas. Governos, orgaos reguladores ou autoridades fiseais, por exemplo, podem especifieamente determi- nar exigeneias para atender a seus proprios fins. Essas exigencias, no entanto, nao devem afetar as demons- tra~5es eontabeis preparadas segundo esta Estrutura Coneeitual. Demonstra~5es eontabeis preparadas sob a egide desta Estrutura Coneeitual objetivam forneeer informa- ~5es que sejam liteis na tomada de decis5es e avalia- ~5es por parte dos usuarios em geral, nao tendo 0 pro- p6sito de atender finalidade ou necessidade especffica de determinados grupos de usuarios. As demonstra~5es eontabeis preparadas eom tal finalidade satisfazem as neeessidades eomuns da maio- ria dos seus usuarios, uma vez que quase todos eles utilizam essas demonstra~5es eontabeis para a tomada de decis5es economicas, tais como: a) deeidir quando eomprar, manter ou vender urn investirnento em ac;5es; b) avaliar a Administra~ao quanto it responsabi- lidade que Ihe tenha sido conferida, qualida- de de seu desempenho e presta~iio de eontas; e) avaliar a eapacidade da entidade de pagar seus empregados e proporcionar-Ihes outros beneffcios; d) avaliar a seguran~a quanta it reeupera~iio dos reeursos finaneeiros emprestados it en- tidade; e) determinar politicas tributarias; f) determinar a distribui~iio de lueros e divi- dendos; 34 Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos g) preparar e usar estatisticas da renda nacio- nal; ou h) regulamentar as atividades das entidades. As demonstrac;oes contabeis sao mais comumente preparadas segundo modele contabil baseado no custo historico recuperavel e no conceito da manuten,ao do capital financeiro nominal. Outros modelos e conceitos podem ser considera- dos mais apropriados para atingir 0 objetivo de pro- porcionar informa,6es que sejam llteis para tomada de decisoes economicas, embora nao haja presentemente consenso nesse sentido. Esta Estrutura Conceitual foi desenvolvida de for- ma a ser aplicavel a uma gama de modelos contabeis e conceitos de capital e sua manuten,ao. Pronunciamentos Conceituais Complementares se- rao emitidos. INTRODU<;AO FINALIDADE 1. Esta Estrutura Conceitual estabelece os conceitos que fundamentam a prepara,ao e a apresenta,ao de demonstra,6es contabeis destinadas a usuatios externos. A finalidade desta Estrutura Conceitual e: a) dar suporte ao desenvolvimento de novos Pro- nunciamentos Tecnicos e a revisao de Pronun- ciamentos existentes quando necessario; b) dar suporte aos responsaveis pela elabora,ao das demonstra,6es contabeis na aplica,ao dos Pronunciamentos Tecnicos e no tratamento de assuntos que ainda nao tiverem sido objeto de Pronunciamentos Tecnicos; c) auxiliar os auditores independentes a formar sua opiniao sobre a conformidade das demons- trac;6es contabeis com os Pronunciamentos Tecnicos; d) apoiar os usuarios das demonstra,6es conta- beis na interpreta,ao de informa,6es nelas contidas, preparadas em confortnidade com os Pronunciamentos Tecnicos; e e) proporcionar, aqueles interessados, informa- ,6es sobre 0 enfoque adotado na formula,ao dos Pronunciamentos Tecnicos. 2. Esta Estrutura Conceitual nao define nortnas ou procedimentos para qualquer questao particular sobre aspectos de mensura,ao ou divulga,ao. 3. Nao devera haver conflito entre 0 estabelecido nes- ta Estrutura Conceitual e qualquer Pronunciamen- to Tecnico. 4. Esta Estrutura Conceitual sera revisada de tempos em tempos com base na experiencia decorrente de sua utiliza<;ao. ALCANCE S. Esta Estrutura Conceitual aborda: a) 0 objetivo das demonstra,6es contabeis; b) as caracteristicas qualitativas que determinam a utilidade das infortna,6es contidas nas de- monstra<;oes contabeis; c) a defini<;ao, 0 reconhecimento e a mensura,ao dos elementos que comp6em as demonstra,6es contabeis; e d) os conceitos de capital e de manuten,ao do ca- pital. 6. Esta Estrutura Conceitual trata das demonstra,6es contabeis para fins gerais Cdaqui por diante desig- nadas como "demonstrac;6es contabeis"), inclusive das demonstra,6es contabeis consolidadas. Tais demonstra,6es contabeis sao preparadas e apre- sentadas pelo menos anualmente e visam atender as necessidades comuns de informa<;6es de urn grande numero de usuarios. Alguns desses usua- rios talvez necessitem de informa<;6es, e tenham 0 poder de obte-las, alem daquelas contidas nas de- monstra<;6es contabeis. Muitos usuarios, todavia, tern de confiar nas demonstra,6es contabeis como a principal fonte de informa,6es financeiras. Tais demonstra,6es, portanto, devem ser preparadas e apresentadas tendo em vista essas necessidades. Estao fora do alcance desta Estrutura Conceitual informa<;6es financeiras elaboradas para fins es- peciais, como, por exemplo, aquelas incluidas em prospectos para lan,amentos de a,6es no mercado e/ou elaboradas exclusivamente para fins fiscais. Nao obstante, esta Estrutura Conceitual pode ser aplicada na prepara,ao dessas demonstra,6es para fins especiais, quando as exigencias de tais de- monstrac;5es 0 permitirem. 7. As demonstra,6es contabeis sao parte integrante das informa,6es financeiras divulgadas por uma entidade. 0 conjunto completo de demonstra,6es contabeis inclui, normalmente, 0 balan,o patrimo- nial, a demonstra,ao do resultado, a demonstra,ao das muta,6es na posi,ao financeira Cdemonstra- ,ao dos fluxos de caixa, de origens e aplica,6es de recursos ou alternativa reconhecida e aceitavel), a demonstra,ao das muta,6es do patrimonio Ii- quido, notas explicativas e outras demonstra,6es e material explicativo que saO parte integrante dessas demonstra,6es contabeis. Podem tamhem incluir quadros e informa,6es suplementares ba- seados ou originados de demonstra~6es contabeis que se espera sejam lidos em conjunto com tais demonstra~6es. Tais quadros e informa~6es suple- mentares podem conter, por exemplo, informa~6es financeiras sobre segmentos ou divis6es industriais ou divis6es situadas em diferentes locais e divulga- ~6es sobre os efeitos das mudan~as de pre~os. As demonstrac;6es contabeis naa incluem, entretanto, itens como relat6rios da administra~iio, relat6rios do presidente da entidade, comentarios e analises gerenciais e itens semelhantes que possam ser in- cluidos em urn relat6rio anual ou financeiro. 8. Esta Estrutura Conceitual se aplica as demonstra- ~6es contabeis de todas as entidades comerciais, industriais e outras de neg6cios que reportam, se- jam no setor publico ou no setor privado. Entidade que reporta e aquela para a qual existem usuarios que se apoiam em suas demonstra~6es contabeis como fonte principal de informa~6es patrimoniais e financeiras sobre a entidade. usuARIos E SUAS NECESSIDADES DE INFORMA<;AO 9. Entre os usuarios das demonstra~6es contabeis in- cluem-se investidores atuais e potenciais, emprega- dos, credores por emprestimos, fornecedores e ou- tr08 credores comerciais, clientes, govemos e suas agencias e 0 publico. Eles usam as demonstra~6es contabeis para satisfazer algumas das suas diversas necessidades de informa~iio. Essas necessidades in- cluem: a) Investidores. Os provedores de capital de risco e seus analistas que se preocupam com 0 ris- co inerente ao investimento e 0 retorno que ele produz. Eles necessitam de informa~6es para ajuda-Ios a decidir se devem comprar, manter ou vender investimentos. as acionistas tambem estiio interessados em informa~6es que os habi- litem a avaliar se a entidade tern capacidade de pagar dividendos. b) Empregados. Os empregados e seus represen- tantes estiio interessados em informa~6es sobre a estabilidade e a lucratividade de seus empre- gad ores. Tambem se interessam por informa- ~6es que Ihes permitam avaliar a capacidade que tern a entidade de prover sua remunera~iio, seus beneficios de aposentadoria e suas oportu- nidades de emprego. c) Credores por empnistimos. Estes estiio interes- sados em informa~6es que Ihes permitam de- terminar a capacidade da entidade em pagar seus emprestimos e os correspondentes juros no vencimento. Estrutura Conceitual da Contabilidade 35 d) Fomecedores e outros credores comerCtalS. Os fornecedores e outros credores estao interessa- dos em informa~6es que Ihes permitam avaliar se as importancias que Ihes sao devidas seriio pagas nos respectivos vencimentos. Os credores comerciais provavelmente estarao interessados em uma entidade por urn periodo menor do que os credores por emprestimos, a naa ser que dependam da continuidade da entidade como urn cliente importante. e) Clientes. Os clientes tern interesse em infor- ma~6es sobre a continuidade operacional da entidade, especialmente quando tern urn rela- cionamento a longo prazo com ela, ou dela de- pendem como fornecedor importante. f) Governo e suas agencias. Os governos e suas agencias estao interessados na destina~iio de recursos e, portanto, nas atividades das enti- dades. Necessitam tambem de informa~6es a fim de regulamentar as atividades das entida- des, estabelecer politicas fiscais e servir de base para determinar a renda nacional e estatisticas semelhantes. g) Publico. As entidades afetam 0 publico de diver- sas maneiras. Elas podem, por exemplo, fazer contribui~iio substancial a economia local de varios mod os, inclusive empregando pessoas e utilizando fornecedores locais. As demons- tra~6es contabeis podem ajudar 0 publico for- necendo informa~6es sobre a evolu~iio do de- sempenho da entidade e os desenvolvimentos recentes. 10. Embora nem todas as necessidades de informa- ~6es desses usuarios possam ser satisfeitas pelas demonstra~6es contabeis, ha necessidades que siio comuns a tedos os usuarios. Como os investidores contribuem com 0 capital de risco para a entidade, o fornecimento de demonstra~6es contabeis que atendam as suas necessidades tambem atendera a maior parte das necessidades de informa~iio de outros uswirios. 11 A Administra~iio da entidade tern a responsabili- dade primaria pela prepara~iio e apresenta~iio das suas demonstra~6es contabeis. A Administra~iio tambem esta interessada nas informa~6es contidas nas demonstra~6es contabeis, embora tenha aces- so a informa~6es adicionais que contribuem para o desempenho das suas responsabilidades de pla- nejamento, tomada de decis6es e controle. A Ad- ministra~iio tern 0 poder de estabelecer a forma e o conteudo de tais informa~6es adicionais a fim de atender as suas pr6prias necessidades. A forma de divulga~iio de tais informa~6es, entretanto, esta fora do alcance desta Estrutura Conceitual. Niio 36 Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos obstante, as demonstra~6es eontabeis divulgadas sao baseadas em informa~6es utilizadas pela Admi- nistrac;ao sobre a posiC;ao patrimonial e financeira, o desempenho e as muta~6es na posi~ao financeira da entidade. o OBJETIVO DAS DEMONSTRA<;:OES CONTABEIS 12. 0 objetivo das demonstra~6es contabeis e fornecer inforrna~6es sobre a posi~ao patrimonial e finan- ceira, 0 desempenho e as mudan~as na posi~ao fi- nanceira da entidade, que sejam uteis a urn grande numero de usuarios em suas avalia~6es e tomadas de decisao economica. 13. Demonstra~6es contabeis preparadas de aeordo com 0 item 12 atendem as necessidades comuns da maioria dos usuarios. Entretanto, as demonstra- ~6es contabeis nao fornecem todas as informa~6es que os usuarios possam necessitar, uma Vez que elas retratam os efeitos financeiros de aconteci- mentos passados e nao incluem, necessariamente, informa~6es nao financeiras. 14. Demonstra~6es eontabeis tamhem objetivam apre- sentar os resultados da atua~ao da Administra~ao na gestao da entidade e sua capacita~ao na pres- ta~ao de contas quanto aos recursos que the foram eonfiados. Aqueles usuarios que desejam avaliar a atua~ao ou presta~ao de contas da Administra~ao fazem-no com a finalidade de estar em condi~6es de tomar decis6es economicas que podem inc1uir, por exemplo, manter ou vender seus investimen- tos na entidade ou reeleger ou substituir a Admi- nistrac;ao. Posi~ao patrimonial e finaneeira, desempenho e muta~6es na posi~ao financeira 15. As decis6es economicas que sao tomadas pelos usuarios das demonstra~6es contabeis requerem uma avalia~ao da capacidade que a entidade tern para gerar caixa e equivalentes de caixa, e da epoca e grau de certeza dessa gera~ao. Em ultima analise, essa capacidade determina, por exemplo, se a enti- dade podera pagar seus empregados e fornecedo- res, os juros e amortizac;oes dos SeUS emprestimos e fazer distribui<;6es de lucros aos seus acionistas. Os usuarios poderao melhor avaliar essa capacidade de gerar caixa e equivalentes de caixa se lhes forem fornecidas informa<;6es que focalizem a posi<;ao pa- trimonial e financeira, 0 resultado e as muta<;6es na posi<;ao financeira da entidade. 16. A posi<;ao patrimonial e financeira da entidade e afetada pelos recursos economicos que ela contro- la, sua estrutura finaneeira, sua liquidez e solven- cia e sua capacidade de adapta<;ao as mudan<;as no ambiente em que opera. As inforrna<;6es sobre os recursos economicos controlados pela entidade e a sua capacidade, no passado, de modificar esses recursos sao uteis para preyer a capacidade que a entidade tern de gerar caixa e equivalentes de caixa no futuro. Informa<;6es sobre a estrutura financei- ra sao l1teis para preyer as futuras necessidades de finaneiamento e como os lucros futuros e os fluxos de caixa serao distribuidos entre aqueles que tern participa<;ao na entidade; sao tamhem uteis para ajudar a avaliar a probabilidade de que a entidade seja bem-sucedida no levantamento de financia- mentos adicionais. As informa~6es sobre liquidez e solvencia sao uteis para preyer a capacidade que a entidade tern de cumprir com seus compromissos financeiros nos respectivos vencimentos. Liquidez se refere a disponibilidade de caixa no futuro pro- ximo, apas considerar os compromissos financeiros do respectivo periodo. Solvencia se refere a dispo- nibilidade de caixa no longo prazo para eumprir os compromissos financeiros nos respectivos venci- mentos. 17. As informa<;6es referentes ao desempenho da en- tidade, espeeialmente a sua rentabilidade, sao requeridas com a finalidade de avaliar possiveis mudan<;as necessarias na composi<;ao dos recursos economicos que provavelmente serao controlados pela entidade. As inforrna<;6es sobre as varia<;6es nos resultados sao importantes nesse sentido. As informa~6es sobre os resultados sao uteis para pre- ver a capacidade que a entidade tern de gerar flu- xos de caixa a partir dos recursos atualmente con- trolados por ela. Tamhem e uti! para a avalia<;ao da efidcia com que a entidade poderia usar recursos adicionais. 18. As inforrna<;6es referentes as muta~6es na posi<;ao financeira da entidade sao uteis para avaliar as suas atividades de investimento, de financiamento e operacionais durante 0 periodo abrangido pelas demonstra<;6es contabeis_ Essas informa<;6es sao l.lteis para fornecer ao usuario uma base para ava- liar a capacidade que a entidade tern de gerar eaixa e equivalentes de caixa e as suas necessidades de utiliza~ao desses reeursos. Na elabora<;ao de uma demonstra<;ao das muta<;6es na posi<;ao financeira, os fundos podem ser definidos de varias maneiras, tais como recursos financeiros totais, capital circu- lante liquido, ativos liquidos ou caixa. Nesta Estru- tura Conceitual nao foi feita nenhuma tentativa de especificar uma defini<;ao de fundos. 19. As inforrna<;6es sobre a posi<;ao patrimonial e fi- nanceira sao principalmente fornecidas pelo balan- ~o patrimonial. As informa<;6es sobre 0 desempe- nho sao basicamente fornecidas na demonstra<;ao do resultado. As informa<;6es sobre as muta<;6es na posi~ao financeira sao fomecidas nas demonstra- ~6es contabeis por meio de uma demonstra~ao em separado, tal como a de fluxos de caixa, de origens e aplica<;6es de recursos etc. 20. As partes componentes das demonstra<;6es conta- beis se inter-relacionam porque refletem diferentes aspectos das mesmas transa~6es ou outros eventos. Embora cada demonstra<;ao apresente informa<;6es que sao diferentes das outras, nenhuma provavel- mente se presta a urn unico proposito, nem fome- ce todas as informa~oes necessarias para necessi R dades especificas dos usuarios. Por exemplo, uma demonstra<;ao do resultado fomece urn retrato in- completo do desempenho da entidade, a nao ser que seja usada em conjunto com 0 balan<;o patri- monial e a demonstra<;ao das muta<;6es na posi<;ao financeira. Notas explicativas e demonstra<;6es suplementares 21. As demonstra<;6es contabeis tambem englobam notas explicativas, quadros suplementares e outras informa<;6es. Por exemplo, poderao conter infor- ma~6es adicionais que sejam relevantes as neces- sidades dos usuarios sobre itens constantes do ba- lan<;o patrimonial e da demonstra<;ao do resultado. Poderao incluir divulga<;6es sobre os riscos e incer- tezas que afetem a entidade e quaisquer recursos e/ou obriga<;6es para os quais nao exista obrigato- riedade de serem reconhecidos no balan<;o patri- monial (tais como reservas minerais). Informa<;6es sobre segmentos industriais ou geograficos e 0 efei- to de mudan<;as de pre<;os sobre a entidade podem tambem ser fomecidas sob a forma de informa<;6es suplementares. PRESSUPOSTOS BAsICOS Regime de Competencia 22. A fim de atingir seus objetivos, demonstra<;6es con- tabeis sao preparadas conforme 0 regime contabil de competencia. Segundo esse regime, os efeitos das transac;6es e Dutros eventos sao reconhecidos quando ocortem (e nao quando caixa ou outros recursos financeiros sao recebidos ou pagos) e sao lan<;ados nos registros contabeis e reportados nas demonstra<;6es contabeis dos periodos a que se referem. As demonstra<;6es contabeis prepa- radas pelo regime de competencia informam aos usuarios nao somente sobre transa<;6es passadas envolvendo 0 pagamento e recebimento de caixa ou Dutros recursos financeiros, mas tambem sabre obriga~6es de pagamento no futuro e sobre recur- sos que serao recebidos no futuro. Dessa forma, apresentam informa<;6es sobre transa~6es passadas Estrutura Conceitual da Contabilidade 37 e Dutros eventos que sejam as mais uteis aos usua- rios na tamada de decis6es economicas. 0 regime de competencia pressup6e a confronta<;ao entre re- ceitas e despesas que e destacada nos itens 95 e 96. Continuidade 23. As demonstra<;6es contabeis sao normalmente pre- paradas no pressuposto de que a entidade conti- nuara em opera<;ao no futuro previsivel. Dessa for- ma, presume-se que a entidade nao tern a intenc;ao nem a necessidade de entrar em liquida<;ao, nem re- duzir materialmente a escala das suas opera<;6es; se tal inten<;ao ou necessidade existir, as demonstra<;6es contabeis terao que ser preparadas numa base dife- rente e, nesse caso, tal base devera ser divulgada. CARACTERlSTICAS QUALlTATIVAS DAS DEMONSTRA<;:OES CONTABEIS 24. As caracteristicas qualitativas sao os atributos que tomam as demonstra<;6es contabeis uteis para os usuarios. As quatro principais caracteristicas quali- tativas sao: compreensibilidade, relevancia, confia- bilidade e comparabilidade. Compreensibilidade 25. Uma qualidade essencial das informa<;6es apresen- tadas nas demonstra<;6es contabeis e que elas se- jam prontamente entendidas pelos usuarios. Para esse fim, presume-se que as usuarios tenharn urn conhecimento razoavel dos negocios, atividades economicas e contabilidade e a disposi<;ao de es- tudar as informa<;6es com razoavel diligencia. To- davia, informa<;6es sobre assuntos complexos que devam ser incluidas nas demonstra<;6es contabeis por causa da sua relevancia para as necessidades de tomada de decisao pelos usuarios nao devem ser excluidas em nenhuma hip6tese, inclusive sob o pretexto de que seria dificil para certos usuarios entende-las. Relevancia 26. Para serem uteis, as informa<;6es devem ser rele- vantes as necessidades dos usuarios na tomada de decis6es. As informa<;6es sao relevantes quan- do podem influenciar as decis6es economicas dos usuarios, ajudando-os a avaliar 0 impacto de even- tos passados, presentes ou futuros ou confirmando ou corrigindo as suas avalia<;6es anteriores. 27. As fun<;6es de previsao e confirma<;ao das infor- ma<;6es sao inter-relacionadas. Por exemplo, in- forma<;6es sobre 0 nivel atual e a estrutura dos ativos tern valor para os usuarios na tentativa de 38 Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos preyer a capacidade que a entidade tenha de apro- veitar oportunidades e a sua capacidade de reagir a situa~6es adversas. As mesmas informa~6es tern o papel de confirmar as previs6es passadas sobre, por exemplo, a forma na qual a entidade seria es- truturada ou 0 resultado de opera~6es planejadas. 28. Informa~6es sobre a posi~ao patrimonial e finan- ceira e 0 desempenho passado sao frequentemente utilizadas como base para projetar a posi~ao e 0 de- sempenho futuros, assim como outros assuntos nos quais os usuarios estejam diretamente interessa- dos, tais como pagamento de dividendos e sahirios, altera~6es no pre~o das a~6es e a capacidade que a entidade tenha de atender seus compromissos it medida que se tornem devidos. Para terem valor como previsao, as informa~6es nao precisam estar em forma de proje~ao explicita. A capacidade de fazer previs6es com base nas demonstra~6es con- nibeis pode ser ampliada, entretanto, pela forma como as informa~6es sobre transa~6es e eventos anteriores sao apresentadas. Por exemplo, 0 valor da demonstra~ao do resultado como elemento de previsao e ampliado quando itens incomuns, anor- mais e espon\dicos de receita ou despesa sao divul- gados separadamente. Materialidade 29. A relevancia das informa~6es e afetada pela sua natureza e materialidade. Em alguns casos, a na- tureza das informa~6es, por si so, e suficiente para determinar a sua relevancia. Por exemplo, reportar urn novo segmento em que a entidade tenha pas- sado a operar podera afetar a avalia~ao dos riscos e oportunidades com que a entidade se depara, in- dependentemente da materialidade dos resultados atingidos pelo novo segmento no periodo abrangi- do pelas demonstra~6es contabeis. Em outros ca- sos, tanto a natureza quanta a materialidade sao importantes; por exemplo: os valores dos estoques existentes em cada uma das suas principais classes, conforme a classifica~ao apropriada ao negocio. 30. Uma informa~ao e material se a sua omissao ou distor~o puder infiuenciar as decis5es economicas dos usuarios, tomadas com base nas demonstra~5es contabeis. A materialidade depende do tamanho do item ou do erro, julgado nas circunstancias especi- ficas de sua omissao ou distor~ao. Assim, materiali- dade proporciona urn patamar ou ponto de corte ao inves de ser uma caracteristica qualitativa primaria que a informa~ao necessita ter para ser util. Confiabilidade 31. Para ser util, a informa~ao deve ser confiavel, ou seja, deve estar livre de erros ou vieses relevantes e representar adequadamente aquilo que se prop6e a representar. 32. Uma informa~ao pode ser relevante, mas a tal pon- to nao confiavel em sua natureza ou divulga~ao que 0 seu reconhecimento pode potencialmente distorcer as demonstra~6es contabeis. Por exem- plo, se a validade legal e 0 valor de uma reclama- ~ao por danos em uma a~ao judicial movida contra a entidade sao questionados, pode ser inadequado reconhecer 0 valor total da reclama~ao no balan~o patrimonial, embora possa ser apropriado divulgar o valor e as circunstancias da reclama~ao. Representa~ao Adequada 33. Para ser confiavei, a informa~ao deve representar adequadamente as transa~6es e outros eventos que ela diz representar. Assim, por exemplo, 0 balan~o patrimonial numa determinada data deve repre- sentar adequadamente as transa~6es e outros even- tos que resultam em ativos, passivos e patrimonio liquido da entidade e que atendam aos criterios de reconhecimento. 34. A maioria das informa~6es contabeis esta sujeita a algum risco de ser menos do que uma representa- ~ao fiel daquilo que se prop6e a retratar. Isso pode decorrer de dificuldades inerentes it identifica~ao das transa~6es ou outros eventos a serem avalia- dos ou it identifica~ao e aplica~ao de tecnicas de mensura~ao e apresenta~ao que possam transmitir, adequadamente, informa~6es que correspondam a tais transa~6es e eventos. Em certos casos, a mensu- ra~ao dos efeitos financeiros dos itens pode ser tao incerta que nao e apropriado 0 seu reconhecimen- to nas demonstra~6es contabeis; por exemplo, em- bora muitas entidades gerem, internamente, agio decorrente de expectativa de rentabilidade futura ao longo do tempo (goodwill), e usualmente dificil identificar ou mensurar esse agio com confiabilida- de. Em outros casos, entretanto, pode ser relevante reconhecer itens e divulgar 0 risco de erro envol- venda 0 seu reconhecimento e mensuraC;ao. Primazia da Essencia sobre a Forma 35. Para que a informa~ao represente adequadamente as transa~6es e outros eventos que ela se prop6e a representar, e necessario que essas transac;6es e eventos sejam contabilizados e apresentados de acordo com a sua substancia e realidade economi- ca, e nao meramente sua forma legal. A essencia das transa~6es ou outros eventos nem sempre e consistente com 0 que aparenta ser com base na sua forma legal ou artificialmente produzida. Por exemplo, uma entidade pode vender urn ativo a urn terceiro de tal maneira que a documenta~ao indique a transferencia legal da propriedade a esse terceiro; entretanto, poderao existir acordos que assegurem que a entidade continuara a usufruir os futuros beneficios econ6micos gerados pelo ati- vo e 0 recomprara depois de urn certo tempo por urn montante que se aproxima do valor original de venda acrescido de juros de mercado durante esse periodo. Em tais circunstancias, reportar a venda nao representaria adequadamente a transa~ao for- malizada. Neutralidade 36. Para ser confiavel, a informa~ao contida nas de- monstrat;6es contabeis deve ser neutra, isto e, imparcial. As demonstra~6es contabeis nao sao neutras se, pela escolha ou apresenta~ao da infor- ma~ao, elas induzirem a tomada de decisao ou urn julgamento, visando atingir urn resultado ou desfe- cho predeterminado. Prudencia 37. Os preparadores de demonstra~6es contabeis se deparam com incertezas que inevitavelmente en- volvem certos eventos e circunstancias, tais como a possibilidade de recebimento de contas a receber de liquida~ao duvidosa, a vida uti! provavel das maquinas e equipamentos e 0 numero de reclama- ~6es cobertas por garantias que possam ocorrer. Tais incertezas sao reconhecidas pela divulga~ao da sua natureza e extensao e pelo exercicio de prudencia na prepara~ao das demonstra~6es con- tabeis. Prudencia consiste no emprego de urn certo grau de precau~ao no exercicio dos julgamentos necessarios as estimativas em certas condic;5es de incerteza, no sentido de que ativos ou receitas nao sejam superestimados e que passiv~s ou despesas naD sejam subestimados. Entretanto, 0 exerdcio da prudencia nao permite, por exemplo, a cria~ao de reservas ocultas ou provisoes excessivas, a subava- lia~ao deliberada de ativos ou receitas, a superava- lia~ao deliberada de passiv~s ou despesas, pois as demonstra~6es contabeis deixariam de ser neutras e, portanto, nao seriam confiaveis. Integridade 38. Para ser confiavel, a informa~ao constante das de- monstra~6es contabeis deve ser completa, dentro dos limites de materialidade e clista. Uma amissae pode tomar a informa~ao falsa ou distorcida e, por- tanto, nao confiavel e deficiente em termos de sua relevancia. Estrutura Conceitual da Contabilidade 39 Comparabilidade 39. Os usuarios devem poder camparar as demonstra- ~6es contabeis de uma entidade ao longo do tem- po, a fim de identificar tendencias na sua posi~ao patrimonial e financeira e no seu desempenho. Os usuarios devem tambem ser capazes de comparar as demonstra~6es contabeis de diferentes entida- des a fim de avaliar, em termos relativos, a sua po- si~ao patrimonial e financeira, 0 desempenho e as muta~6es na posi~ao financeira. Consequentemen- te, a mensura~ao e apresenta~ao dos efeitos finan- ceiros de transa~6es semelhantes e outros eventos devem ser feitas de modo consistente pela entida- de, ao longo dos diversos periodos, e tambem por entidades diferentes. 40. Vma importante implica~ao da caracteristica quali- tativa da comparabilidade e que os usuarios devem ser informados das praticas contabeis seguidas na elabora~ao das demonstra~6es contabeis, de quais- quer mudan~as nessas praricas e tambem 0 efeito de tais mudan~as. Os usuarios precisam ter infor- ma~6es suficientes que lhes permitam identificar diferen~as entre as praticas contabeis aplicadas a transa~6es e eventos semelhantes, usadas pela mesma entidade de urn periodo a outro e por di- ferentes entidades. A observancia dos Pronuncia- mentos Tecnicos, inclusive a divulga~ao das pra- ticas contabeis utilizadas pela entidade, ajudam a atingir a comparabi!idade. 41. A necessidade de comparabilidade nao deve ser confundida com mera uniformidade e nao se deve permitir que se tome urn impedimento it intro- du~ao de normas contabeis aperfei~oadas. Nao e apropriado que uma entidade continue contabili- zando da mesma maneira uma transa<;ao OU evento se a prarica contabi! adotada nao esta em confor- midade com as caracteristicas qualitativas de rele- vancia e confiabilidade. Tambem e inapropriado manter praricas contabeis quando existem alterna- tivas mais relevantes e confhiveis. 42. Tendo em vista que os usuarios desejam comparar a posi~ao patrimonial e financeira, 0 desempenho e as muta~6es na posi~ao financeira ao longo do tempo, e importante que as demonstra~6es conta- beis apresentem as correspondentes informa~6es de periodos anteriores. Limitac;6es na Relevancia e na Confiabilidade das Informac;6es Tempestividade 43. Quando M demora indevida na divulga~ao de uma informa~ao, e possivel que ela perca a relevancia. 40 Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos A Administra~ao da entidade necessita ponderar os meritos relativos entre a tempestividade da divul- ga~ao e a confiabilidade da infonna~ao fornecida. Para fornecer uma informa~ao na epoca oportuna pode ser necessario divulga-la antes que todos os aspectos de uma transa~ao ou evento sejam conhe- cidos, prejudicando assim a sua confiabilidade. Por outro lado, se para divulgar a informa~ao a entida- de aguardar ate que todos os aspectos se tornem conhecidos, a infonna~ao pode ser altamente con- fiavel, porem de pouca utilidade para os usuarios que tenham tide necessidade de tomar decis6es nesse interim. Para atingir 0 adequado equilibrio entre a relevancia e a confiabilidade, 0 principio basico consiste em identificar qual a melhor forma para atender as necessidades do processo de deci- sao economica dos usuarios. Equilibrio entre Custo e Beneficio 44. 0 equilibrio entre 0 custo e 0 beneficio e uma li- mita~ao de ordem pratica, ao inves de uma carac- teristica qualitativa. Os beneficios decorrentes da informa~ao devem exceder 0 custo de produzi-la. A avalia~ao dos custos e beneficios e, entretanto, em essencia, urn exerdcio de julgamento. Alem disso, os custos nao recaem, necessariamente, so- bre aqueles usuarios que usufruem os beneficios. Os beneficios podem tambi'm ser aproveitados por outros usuarios, alem daqueles para os quais as informa~6es foram preparadas; por exemplo, 0 fornecimento de maiores infonna~6es aos credores por emprestimos pode reduzir os custos financei- ros da entidade. Por essas raz6es, e dificil aplicar o teste de custo-beneficio em qualquer caso espe- dfico. Nao obstante, os argaos normativos em es- pecial, assim como os elaboradores e usuarios das demonstrac;6es contabeis, devem estar conscientes dessa limita~ao. Equilibrio entre Caracteristicas Qualitativas 45. Na prMica, e frequentemente necessario urn balan- ceamento entre as caractensticas qualitativas. Ge- ralmente, 0 objetivo e atingir urn equilibrio apro- priado entre as caracteristicas, a fim de satisfazer aos objetivos das demonstra~6es contabeis. A im- portancia relativa das caracteristicas em diferentes casos e uma questao de julgamento profissional. Visao Verdadeira e Apropriada 46. Demonstra~6es contabeis sao frequentemente des- critas como apresentando uma visao verdadeira e apropriada (true and/air view) da posi~ao patrimo- nial e financeira, do desempenho e das muta~6es na posi~ao financeira de uma entidade. Embora esta Estrutura Conceitual nao trate diretamente de tais conceitos, a aplicac;ao das principais caracte- risticas qualitativas e de normas e praticas de con- tabilidade apropriadas normalmente resultam em demonstra~6es contabeis que refletem aquilo que geralmente se entende como apresenta~ao verda- deira e apropriada das referidas informa~6es. ELEMENTOS DAS DEMONSTRA<;OES CONTABEIS 47. Demonstra~6es contabeis retratam os efeitos pa- trimoniais e financeiros das transa~6es e outros eventos, agrupando-os em classes de acordo com as suas caractensticas economicas. Essas classes sao chamadas de elementos das demonstra~6es contabeis. Os elementos diretamente relacionados a mensura~ao da posi~ao patrimonial e financeira no balan~o sao os ativos, os passiv~s e 0 patrimonio liquido. Os elementos diretamente relacionados com a mensura~ao do desempenho na demonstra- ~ao do resultado sao as receitas e as despesas. A demonstra~ao das muta~6es na posi~ao financeira usualmente reflete os elementos da demonstra~o do resultado e as muta~6es nos elementos do ba- lan~o patrimonial; assim, esta Estrutura Conceitual nao identifica nenhum elemento que seja exclusivo dessa demonstra~ao. 48. A apresenta~ao desses elementos no balan~o patri- monial e na demonstra~ao do resultado envolve urn processo de subclassifica~ao. Por exemplo, ativos e passiv~s podem ser classificados por sua natureza ou fun~ao nos negocios da entidade, a fim de mos- trar as informa~6es da maneira mais util aos usua- rios para fins de tomada de decis6es economicas. Posi<;iio Patrimonial e Financeira 49. Os elementos diretamente relacionados com a mensura~ao da posi~ao patrimonial financeira sao ativos, passiv~s e patrimonio liquido. Estes sao de- finidos como segue: a) Ativo e urn recurso controlado pela entidade como resultado de eventos passados e do qual se espera que resultem futuros beneficios eco- nomicos para a entidade; b) Pa.ssivo e uma obriga~ao presente da entidade, derivada de eventos ja ocorridos, cuja liquida- ~ao se espera que resulte em saida de recursos capazes de gerar beneficios economicos; c) Patrimilnio Liquido e 0 valor residual dos ativos da entidade depois de deduzidos todos os seus passivos. 50. As defini~oes de ativo e passiv~ identificam os seus aspectos essenciais, mas naD tentam especificar os criterios que precisam ser atendidos para que possam ser reconhecidos no balan~o patrimonial. Assim, as defini~oes abrangem itens que nao sao reconhecidos como ativos ou passiv~s no balan~o porque nao satisfazem aos criterios de reconheci- mento discutidos nos itens 82 a 98. Especificamen- te, a expectativa de que futuros beneficios econo- micos fluam para a entidade ou deixem a entidade deve ser suficientemente certa para que seja aten- dido 0 criterio de probabilidade do item 83, antes que urn ativo ou urn passiv~ seja reconhecido. 51. Ao avaliar se urn item se enquadra na defini~ao de ativo, passivo ou patrimonio liquido, deve-se atentar para a sua essencia e realidade economica e nao apenas sua forma legal. Assim, por exemplo, no caso do arrendamento financeiro, a essen~ia e a realidade economica sao que 0 arrendatario ad- quire os beneficios economicos do uso do ativo ar- rendado pela maior parte da sua vida uti!, como contrapresta~ao de aceitar a obriga~ao de pagar por esse direito urn valor proximo do valor justo do ativo e 0 respectivo encargo financeiro. Dessa for- ma, 0 arrendamento financeiro da origem a itens que atendem a defini~ao de urn ativo e urn passiv~ €, portanto, sao reconhecidos como tais no balan<;o patrimonial do arrendatario. 52. Balan~os patrimoniais elaborados de acordo com as Pronunciamentos Tecnicos devem incluir como ativo ou passiv~ itens que satisfa~am a essas defi- ni~oes. Ativos 53. 0 beneficio economico futuro embutido em urn ativo e 0 seu potencial em contribuir, direta ou in- diretamente, para 0 fluxo de caixa ou equivalentes de caixa para a entidade. Tal potencial podera ser produtivo, quando 0 recurso for parte integrante das atividades operacionais da entidade. Podera tambem ter a forma de conversibilidade em caixa ou equivalentes de caixa ou podera ainda ser capaz de reduzir as saidas de caixa, como no caso de urn processo industrial alternativo que reduza os cus- tos de produ~ao. 54. A entidade geralmente usa os seus ativos na pro- du~ao de mercadorias ou presta~ao de servi~os capazes de satisfazer os desejos e necessidades dos clientes. Tendo em vista que essas mercado- rias ou servi~os podem atender aos seus desejos ou necessidades, os clientes se dispoem a pagar por eles e contribuir assim para 0 fluxo de caixa da entidade. Estrutura Conceitual da Contabilidade 41 55. Os beneficios economicos futuros de urn ativo po- dem fluir para a entidade de diversas maneiras. Por exemplo, urn ativo pode ser: a) usado isoladamente ou em conjunto com ou- tros ativos na produ~ao de mercadorias e servi- ~os a serem vendidos pela entidade; b) trocado por outros ativos; c) usado para liquidar urn passivo; ou d) distribuido aos proprietarios da entidade. 56. Muitos ativos, por exemplo, maquinas e equipa- mentos industriais, tern uma substancia fisica. Entretanto, substancia ffsica naD e essencial a existencia de urn ativo; dessa forma, as patentes e direitos autorais, por exemplo, sao ativQs, desde que deles sejam esperados beneficios economicos futuros para a entidade e que eles sejam por ela controlados. 57. Muitos ativos, por exemplo, contas a receber e imoveis, estao ligados a direitos legais, inclusive o direito de propriedade. Ao determinar a exis- tencia de urn ativo, 0 direito de propriedade nao e essencial; assim, por exemplo, urn imovel objeto de arrendamento e urn ativo, desde que a entidade controle os beneficios economicos provenientes da propriedade. Embora a capacidade de uma entida- de controlar os beneficios economicos normalmen- te seja proveniente da existencia de direitos legais, urn item pode satisfazer a defini~ao de urn ativo mesmo quando nao ha controle legal. Por exemplo, o know-how obtido por meio de uma atividade de desenvolvimento de produto pode atender a defi- ni~ao de ativo quando, mantendo 0 know-how em segredo, a entidade controla os beneficios econo- micos provenientes desse ativo. 58. Os ativos de uma entidade resultam de transa~oes passadas ou outros eventos passados. As entida- des normalmente obtem ativos comprando-os ou produzindo-os, mas outras transa~oes ou eventos podem gerar ativos; por exemplo: urn imovel re- cebido do governo como parte de urn programa para fomentar 0 crescimento economico da regUio onde se localiza a entidade ou a descoberta de ja- zidas minerais. Transa<;5es ou eventos previstos para ocorrer no futuro nao podem resultar, por si mesmos, no reconhecimento de ativos; por isso, por exemplo, a inten~ao de adquirir estoques nao atende, por si so, it defini~ao de urn ativo. 59. Ha uma forte associa~ao entre incorrer em gastos e gerar ativos, mas ambas as atividades nao ne- cessariamente coincidem entre si. Assim, ° fato de uma entidade ter incorrido num gasto pode forne- cer evidencia da sua busca por futuros beneficios economicos, mas nao e prova conc1usiva de que 42 Manual de Contabilidade Societaxia • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos a defini~ao de ativo tenha sido obtida. Da mesma forma, a ausencia de um gasto nao impede que um item atenda a defini~ao de ativo e se qualifique para reconhecimento no balan~o patrimonial; por exemplo, itens que foram doados a entidade po- dem atender a defini~iio de ativo. Passivos 60. Uma caracteristica essencial para a existencia de um passiv~ e que a entidade tenha uma obriga~ao presente. Uma obriga~ao e um dever ou respon- sabilidade de agir ou fazer de uma certa maneira. As obriga~oes podem ser legalmente exigiveis em eonsequencia de urn eonttato ou de requisitos es- tatutarios. Esse e normalmente 0 easo, por exem- plo, das contas a pagar por mercadorias e servi~os recebidos. Obriga~oes surgem tambem de praticas usuais de neg6cios, usos e costumes e 0 desejo de manter boas rela~oes comerciais ou agir de manei- ra equitativa. Se, por exemplo, uma entidade de- cide, por uma questiio de politica mercadol6gica ou de imagem, retificar defeitos em seus produtos, mesmo quando tais defeitos tenham se tornado co- nhecidos depois que expirou 0 perfodo da garantia, as importancias que espera gastar com os produtos ja vendidos constituem-se em passivos. 61. Deve-se fazer uma distin~ao entre uma obriga~ao presente e um compromisso futuro. A decisao da Administra~iio de uma entidade de adquirir ativos no futuro nao constitui, por si so, uma obriga<;ao presente. A obriga~iio normalmente surge somen- te quando 0 ativo e recebido ou a entidade assina um acordo irrevogavel de aquisi~iio do ativo. Neste ultimo caso, a natureza irrevogavel do acordo sig- nifica que as consequencias economicas de deixar de cumprir a obriga~ao, por exemplo, por causa da existencia de uma penalidade significativa, dei- xem a entidade com pouca ou nenhuma alternativa para evitar 0 desembolso de recursos em favor da outra parte. 62. A liquida~iio de uma obriga~iio presente geralmen- te implica na utiliza~ao, pela entidade, de recursos capazes de gerar beneffcios economicos a fim de atender 0 direito da outra parte. A extin~ao de uma obriga~iio presente pode ocorrer de diversas ma- neiras, por exemplo, por meio de: a) pagamento em dinheiro; b) transferencia de outros ativos; c) presta~iio de servi~os; d) substitui~iio da obriga~iio por outra; ou e) conversiio da obriga~iio em capital. Uma obriga~iio pode tambem ser extinta por ou- ttos meios, tais como pela renuncia do eredor ou pela perda dos seus direitos crediticios. 63. Passivos resultam de transa~oes ou outros eventos passados. Assim, por exemplo, a aquisi~iio de mer- cadorias e 0 usc de servi~os resultam em contas a pagar (a niio ser que pagos adiantadamente ou na entrega) e 0 recebimento de um emprestimo re- sulta na obriga~iio de liquida-Io. Ou uma entidade pode ter a necessidade de reconhecer como pas- sivo futuros abatimentos baseados no volume das compras anuais dos clientes; nesse caso, a venda das mercadorias no passado e a transa~iio da qual deriva 0 passivo. 64. Alguns passiv~s somente podem ser mensurados com 0 emprego de urn elevado grau de estimativa. No Brasil esses passiv~s siio descritos como pro- visoes. A defini~ao de passiv~, constante do item 49, tern urn enfoque amplo e assim, se a provisiio envolve uma obriga~iio presente e satisfaz os de- mais criterios da defini~iio, ela e urn passiv~, ainda que seu valor tenha que ser estimado. Exemplos incluem provisoes por pagamentos a serem feitos para atender acordos com garantias em vigor e provisoes para fazer face a obriga~oes de aposen- tadoria. Patrimonio Liquido 65. Embora 0 patrimonio liquido seja definido no item 49 como urn valor residual, ele pode ter subclassifi- ca~oes no balan~o patrimonial. Por exemplo, recur- sos aportados pelos s6cios, reservas resultantes de apropria~oes de lucros e reservas para manuten~iio do capital podem ser demonstrados separadamen- teo Tais classifica~oes podem ser importantes para a tomada de decisiio dos usuarios das demonstra~oes contabeis quando indicarem restri~5es legais ou de outra natureza sobre a capacidade que a entida- de tern de distribuir ou aplicar de outra forma os seus recursos patrimoniais. Podem tambem refletir o fato de que acionistas de uma entidade tenham direitos diferentes em rela~iio ao recebimento de dividendos ou reembolso de capital. 66. A constitui~ao de reservas e, as vezes, exigida pelo estatuto ou por lei para dar a entidade e seus cre- dores uma margem maior de prote~iio contra os efeitos de prejuizos. Outras reservas podem ser constituidas em atendimento a leis que concedem isen~5es ou redu~oes nos impostos a pagar quando sao feitas transferencias para tais reservas. A exis- tencia e 0 valor de tais reservas legais, estatutarias e fiscais representam informa~5es que podem ser importantes para a tomada de decisao dos usm\- rios. As transferencias para tais reservas sao apro- pria~6es de lucros acumulados, portanto nao cons- tituem despesas. 67. 0 valor pelo qual 0 patrimonio liquido e apresenta- do no balan~o patrimonial depende da mensura~ao dos ativos e passivos. Nortnalmente, 0 valor do pa- trimonio liquido somente por coincidencia e igual ao valor de mercado das a~6es da entidade ou da soma que poderia ser obtida pela venda dos seus ativos e liquida~ao de seus passivos numa base de item por item, ou da entidade como urn todo, numa base de continuidade operacional. 68. Atividades comerciais e industriais bern como ou- tros negocios sao frequentemente exercidos por meio de firmas individuais, sociedades limitadas, entidades estatais e outras organiza~6es cuja estru- tura legal e regulamentar pode ser diferente daque- la aplidvel as sociedades por a~6es. Por exemplo, pode haver poucas restri<;6es, ou nenhuma, sabre a distribui~ao aos proprietarios ou outros beneficia- rios de importancias ineluidas no patrimonio liqui- do. Independentemente desses fatos, a defini~ao de patrimonio liquido e os outros aspectos desta Estrutura Conceitual que tratam do patrimonio Ii- quido sao igualmente aplicaveis a tais entidades. Desempenho 69. 0 resultado e frequentemente usado como medida de desempenbo ou como base para outras avalia- ~6es, tais como 0 retorno do investimento ou resul- tado por a~ao. Os elementos diretamente relaciona- dos com a mensura~ao do resultado sao as receitas e as despesas. 0 reconbecimento e mensura~ao das receitas e despesas e, consequentemente, do resul- tado, dependem em parte dos conceitos de capital e de manuten~ao do capital usados pela entidade na prepara~ao de suas demonstra~6es contabeis. Esses conceitos sao discutidos nos itens 102 a no. 70. Receitas e despesas sao definidas como segue: a) Receitas sao aumentos nos beneficios economi- cos durante 0 periodo contabil sob a fortna de entrada de recursos ou aumento de ativos ou diminui~ao de passivos, que resultam em au- mentos do patrimonio liquido e que nao sejam provenientes de aporte dos proprietarios da en- tidade; e b) Despesas sao decrescimos nos beneficios econo- micos durante 0 perfodo contabil sob a forma de saida de recursos ou redu~ao de ativos ou incrementos em passivos, que resultam em de- crescimo do patrimonio liquido e que nao se- jam provenientes de distribui~ao aos proprieta- rios da entidade. Estrutura Conceitual da Contabilidade 43 71. As defini~6es de receitas e despesas identificam os seus aspectos essenciais, mas naG especificam as criterios que precisam ser satisfeitos para que se- jam reconbecidas na demonstra~ao do resultado. Os criterios para 0 reconhecimento das receitas e despesas sao comentados nos itens 82 a 98. 72. As receitas e despesas podem ser apresentadas na demonstra~ao do resultado de diferentes maneiras, de modo que prestem informa~6es relevantes para a tomada de decis6es. Por exemplo, e pratica co- mum distinguir entre receitas e despesas que sur- gem no curso das atividades usuais da entidade e as demais. Essa distin~ao e feita porque a fonte de uma receita e relevante na avalia~ao da capacidade que a entidade tenba de gerar caixa ou equivalen- tes de caixa no futuro; por exemplo, receitas oriun- das de atividades eventuais como a venda de urn investimento de longo prazo normalmente nao se repetem numa base regular. Nessa distin~ao, deve- se levar em conta a natureza da entidade e suas opera~6es. !tens que resultam das atividades ordi- narias de uma entidade podem ser incomuns em outras entidades. 73. A distin~ao entre itens de receitas e de despesas e a sua combina~ao de diferentes maneiras tam- bern pertnitem demonstrar varias fortnas de medir o desempenho da entidade, com maior ou menor abrangencia de itens. Por exemplo, a demonstra- ~ao do resultado pode apresentar a margem bruta, o luero ou prejuizo das atividades ordinarias antes dos tributos sobre 0 resultado, 0 lucro ou 0 prejuizo das atividades ordinarias depois desses tributos e 0 lucro ou prejuizo liquido. Reeeitas 74. A defini~ao de receita abrange tanto receitas pro- priamente ditas como ganbos. A receita surge no curso das atividades ordinarias de uma entidade e e designada por uma variedade de nomes, tais como vendas, honorarios, juros, dividend os, royalties e alugueis. 75. Ganhos representam outros itens que se enqua- dram na defini~ao de receita e podem ou nao sur- gir no curso das atividades ordinarias da entidade, representando aumentos nos beneficios economi- cos e, como tal, naD diferem, em natureza, das re- ceitas. Consequentemente, naD sao considerados como urn elemento separado nesta Estrutura Con- ceitual. 76. Ganhos ineluem, por exemplo, aqueles que resul- tam da venda de ativos nao correntes. A defini~ao de receita tambem inelui ganhos nao realizados; por exemplo, os que resultam da reavalia~ao de ti- --_ ...... ~~~ .. ._---------_._._--- 44 Manual de Contabilidade Societaria • Iudfdbus, Martins, Gelbcke e Santos tulos negochiveis e os que resultam de aumentos no valor de ativos a longo prazo. Quando esses ganhos sao reconhecidos na demonstra~ao do re- sultado, eles sao usualmente apresentados separa- damente, porque sua divulga~ao e uti! para fins de tomada de decis6es economicas. Esses ganhos sao, na maioria das vezes, mostrados liquidos das res- pectivas despesas. 77. Varios tipos de ativos podem ser recebidos ou au- mentados por meio da receita; exemplos incluem caixa, cantas a receber, mercadorias e servic;os re- cebidos em troca de mercadorias e servi~os fomeci- dos. A receita tambem pode resultar da liquida~ao de passivos. Por exemplo, a entidade pode fornecer mercadorias e servi~os a um credor em liquida~ao da obriga~ao de pagar um emprestimo. Despesas 78. A defini~ao de despesas abrange perdas assim como as despesas que surgem no curso das atividades ordinarias da entidade. As despesas que surgem no curso das atividades ordinarias da entidade in- duem, por exemplo, 0 Ctisto das vendas, salarios e deprecia~ao. Geralmente, tomam a forma de um desembolso ou redu~ao de ativos como caixa e equivalentes de caixa, estoques e ativo imobilizado. 79. Perdas representam outros itens que se enquadram na defini~ao de despesas e podem ou nao surgir no curso das atividades ordinarias da entidade, repre- sentando decrescimos nos beneficios economicos e, como tal, nao sao de natureza diferente das de- mais despesas. Assim, nao sao consideradas como um elemento a parte nesta Estrutura Conceitual. 80. Perdas incluem, por exemplo, as que resultam de sinistros como incendio e inundac;6es, assim como as que decorrem da venda de ativos nao correntes. A defini~ao de despesas tambem inclui as perdas nao realizadas, por exemplo as que surgem dos efeitos dos aumentos na taxa de cambio de uma moeda estrangeira com rela~ao aos emprestimos a pagar em tal moeda. Quando as perdas sao reco- nhecidas na demonstra~ao do resultado, elas sao geralmente demonstradas separadamente, pois sua divulga~ao e uti! para fins de tomada de decis6es economicas. As perdas sao geralmente demonstra- das liquidas das respectivas receitas. Ajustes para Manuten~ao do Capital 81. A reavalia~ao ou a atualiza~ao de ativos e passivos dao margem a aumentos ou diminui~6es do patri· monio liquido. Embora tais aumentos ou diminui- ~6es se enquadrem na defini~ao de receitas e de despesas, sob certos conceitos de manuten~ao do capital eles nao sao incluidos na demonstra~ao do resultado. Em vez disso, tais itens sao incluidos no patrimonio Hquido como ajustes para manutenc;ao do capital ou reservas de reavalia~ao. Esses concei- tos de manuten~ao do capital sao comentados nos itens 102 a no desta Estrutura Conceitual. RECONHECIMENTO DOS ELEMENTOS DAS DEMONSTRA<;:OES CONTABEIS 82. Reconhecimento e 0 processo que consiste em incorporar ao balan~o patrimonial ou a demons- tra~ao do resultado um item que se enquadre na defini~ao de um elemento e que satisfa~a os crite· rios de reconhecimento mencionados no item 83. Envolve a descri~ao do item, a atribui~ao do seu valor e a sua inclusao no balan~o patrimonial ou na demonstra~ao do resultado. Os itens que satis- fazem os criterios de reconhecimento devem ser re- gistrados no balan~o ou na demonstra~ao do resul- tado. A falta de reconhecimento de tais itens nao e corrigida pela divulga~ao das praticas contabeis adotadas nem pelas notas ou material explicativo. 83. Um item que se enquadre na defini~ao de ativo ou passivo deve ser reconhecido nas demonstra~6es contabeis se: a) for provavel que algum beneficio economico fu- turo referente ao item venha a ser recebido ou entregue pela entidade; e b) ele tiver um custo ou valor que possa ser medi· do em bases confiaveis. 84. Ao avaliar se um item se enquadra nesses criterios e, portanto, se qualifica para fins de reconhecimen- to nas demonstrac;6es contaheis, e necessaria consi- derar as observa~6es sobre materialidade comenta- das nos itens 29 e 30. 0 inter-relacionamento entre os elementos significa que um item que se enqua- dra na defini~ao enos criterios de reconhecimento de um determinado elemento, por exemplo, um ativo, requer automaticamente 0 reconhecimento de outro elementa, por exemplo, uma receita ou urn passivo. Probabilidade de Realiza~ao de Beneficio Economico Futuro 85. 0 conceito de probabilidade e usado nos criterios de reconhecimento para determinar 0 grau de in- certeza com que os beneficios economicos futuros referentes ao item venham a ser recebidos ou en- tregues pela entidade. 0 conceito esta em confor- midade com a incerteza que caracteriza 0 ambiente em que a entidade opera. As avalia~6es do grau de incerteza ligado ao fluxo de futuros beneficios economicos sao feitas com base na evidencia dispo- nivel quando as demonstra~6es contabeis sao pre- paradas. Por exemplo, quando e provavel que uma conta a receber devida a entidade seja paga, e en- tao justifid.vel, na ausencia de qualquer evidencia em contrario, reconhecer a canta a receber como urn ativo. Para uma grande quantidade de contas a receber, entretanto, algum grau de inadimplencia e normalmente considerado provavel; dessa forma, reconhece-se como uma despesa a esperada redu- ~ao nos beneficios economicos. Confiabilidade da Mensura~ao 86. 0 segundo criterio para reconhecimento de urn item e que ele possua urn custo ou valor que pos- sa ser determinado em bases confiaveis, conforme comentado nos itens 31 a 38 desta Estrutura Con- ceitual. Em muitos casos, 0 custo ou valor precisa ser estimado; 0 usa de estimativas razoaveis e uma parte essencial da prepara~ao das demonstra~6es contabeis e nao prejudica a sua confiabilidade. Quando, entretanto, nao puder ser feita uma esti- mativa razoavel, 0 item nao deve ser reconhecido no balan~o patrimonial ou na demonstra~ao do re- sultado. Por exemplo, 0 valor que se espera receber de uma a~ao judicial pode enquadrar-se nas defini- <;6es tanto de urn ativo como de uma receita, assim como nos criterios exigidos para reconhecimento; todavia, se nao e possivel determinar, em bases confiaveis, 0 valor que sera recebido, ele nao deve ser reconhecido como urn ativo ou uma receita; a existencia da reclama~ao devera ser, entretanto, di- vulgada nas notas explicativas ou demonstra~6es suplementares. 87. Urn item que, em determinado momento, deixe de se enquadrar nos criterios de reconhecimento cons- tantes do item 83 podera qualificar-se para reco- nhecimento em data posterior como resultado de circunstancias ou eventos subsequentes. 88. Urn item que possui as caracteristicas de ativo, passivo, receita ou despesa, mas DaD atende aos criterios para reconhecimento, pode, entretanto, requerer divulga~ao nas notas e material explica- tivos ou em demonstra~6es suplementares. Isso sera apropriado quando a divulga~ao do item for considerada relevante para a avalia~ao da posi~ao patrimonial e financeira, do desempenho e das mu- ta~6es na posi~ao financeirada entidade por parte dos usuarios das demonstra~6es contabeis. Reconhecimento de Ativos 89. Urn ativo e reconhecido no balan~o patrimonial quando for provavel que beneficios economicos fu- Estrutura Conceitual da Contabilidade 45 turos dele provenientes fluirao para a entidade e seu custo ou valor puder ser determinado em bases confiaveis. 90. Urn ativo nao e reconhecido no balan~o patrimo- nial quando desembolsos tiverem sido incorridos ou comprometidos, dos quais seja improvavel a gera~ao de beneficios economicos para a entida- de apos 0 periodo contabil corrente. Ao inves, tal transa<;ao e reconhecida como despesa na demons- tra~ao do resultado. Esse tratamento nao implica dizer que a inten~ao da Administra~ao ao incorrer na despesa nao tenha sido a de gerar beneficios economicos futuros para a entidade ou que a Ad- ministra~ao tenha sido mal conduzida. A unica im- plica~ao e que 0 grau de certeza quanta a gera<;ao de beneficios economicos para a entidade, apos 0 periodo contabil corrente, e insuficiente para justi- ficar 0 reconhecimento de urn ativo. Reconhecimento de Passivos 91. Urn passivo e reconhecido no balan~o patrimonial quando for provavel que uma saida de recursos en- volvendo beneficios economicos seja exigida em li- quida~ao de uma obriga<;ao presente e 0 valor pelo qual essa liquida<;ao se dara possa ser determina- do em bases confiaveis. Na pca.tica, as obriga~6es contratuais ainda nao integralmente cumpridas de forma proporcional (por exemplo, obriga~6es decorrentes de pedidos de compra de produtos e mercadorias, mas ainda nao recebidos) nao sao ge- ralmente reconhecidas como passivos nas demons- tra<;6es contabeis. Contudo, tais obriga~6es podem enquadrar-se na defini~ao de passiv~s e, desde que sejam atendidos os criterios de reconhecimento nas circunstancias espedficas, poderao qualificar- se para reconhecimento. Nesses casos, 0 reconhe- cimento do passiv~ exige 0 reconhecimento dos correspondentes ativo ou despesa. Reconhecimento de Receitas 92. A receita e reconhecida na demonstra<;ao do resul- tado quando resulta em urn aumento, que possa ser determinado em bases confiaveis, nos benefi- cios economicos futuros provenientes do aumento de urn ativo ou da diminui~ao de urn passivo. !sso significa, de fato, que 0 reconhecimento da recei- ta ocorre simultaneamente com 0 reconhecimento de aumento de ativo ou de diminui~ao de passivo. Mas isso nao significa que todo aumento de ativo ou redu<;ao de passiv~ corresponda a uma receita. 93. Os procedimentos normalmente adotados na pra- tica para reconhecimento da receita, como por exemplo 0 requisito de que a receita deve ter sido 46 Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos ganha, silo aplica~5es dos criterios de reconheci- mento definidos nesta Estrutura Conceitual. Tais procedimentos sao geralmente orientados para restringir 0 reconhecimento como receita aqueles itens que possam ser determinados em hases con- fiaveis e tenham urn grau suficiente de certeza. Reconhecimento de Despesas 94. AI; despesas silo reconhecidas na demonstra~ilo do resultado quando surge urn decrescimo, que possa ser determinado em bases confiaveis, nos futuros heneficios economicos provenientes da diminui~ilo de urn ativo ou do aumento de um passivo. !sso significa, de fato, que 0 reconhecimento de despe- sa ocorre simultaneamente com 0 reconhecimento do aumento do passivo ou da diminui~ilo do ativo (por exemplo, a provisilo para ohriga~5es traha- Ihistas ou a deprecia~ilo de um equipamento). 95. AI; despesas silo reconhecidas na demonstra~ilo do resultado com base na associa~ilo direta entre elas e os correspondentes itens de receita. Esse proces- so, usualmente chamado de confronta~ilo entre despesas e receitas (Regime de Competencia), en- volve 0 reconhecimento simultaneo ou combinado das receitas e despesas que resultem diretamen- te das mesmas transa<;6es ou outros eventos; por exemplo, os varios componentes de despesas que integram 0 custo das mercadorias vendidas devem ser reconhecidos na mesma data em que a receita derivada da venda das mercadorias e reconhecida. Entretanto, a aplica~ao do conceito de confronta- ~ao da receita e despesa de acordo com esta Estru- tura Conceitual nao autoriza 0 reconhecimento de itens no balan~o patrimonial que nao satisfa~am a defini~ilo de ativos ou passivos. 96. Quando se espera que os beneficios economicos se- jam gerados ao longo de varios periodos contabeis, e a confronta~ao com a correspondente receita somente possa ser feita de modo geral e indireto, as despesas silo reconhecidas na demonstra~ao do resultado com base em procedimentos de aloca~ao sistematica e racional. Muitas vezes isso e necessa- rio ao reconhecer despesas associadas com 0 usa ou desgaste de ativos, tais como imobilizado, agio, marcas e patentes; em tais casos, a despesa e de- signada como deprecia~ao ou amortiza~ao. Esses procedimentos de aloca~ao destinam-se a reconhe- cer despesas nos periodos contabeis em que os be- neffcios economicos associados a tais itens sejam consumidos ou expirem. 97. Uma despesa e reconhecida imediatamente na demonstra~ao do resultado quando um gasto nao produz beneficios economicos futuros ou quando, e na extensilo em que os beneficios economicos fu- turos nao se qualificam, ou deixam de se qualificar, para reconhecimento no balan~o patrimonial como urn ativo. 98. Uma despesa e tambem reconhecida na demons- tra~ilo do resultado quando urn passivo e incorri- do sem 0 correspondente reconhecimento de urn ativo, como no caso de um passivo decorrente de garantia de produto. MENSURAc;AO DOS ELEMENTOS DAS DEMONSTRA<;OES CONTABEIS 99. Mensura~ilo e 0 processo que consiste em deter- minar os valores pelos quais os elementos das demonstra~5es contabeis devem ser reconhecidos e apresentados no balan~o patrimonial e na de- monstra~ao do resultado. Esse processo envolve a sele~ao de uma base especifica de mensura~ao. 100. Diversas bases de mensura~ilo silo empregadas em diferentes graus e em variadas combina~5es nas demonstra<;6es contabeis. Essas bases in- cluem 0 seguinte: a) Custo hist6rico. Os ativos silo registrados pelos valores pagos ou a serem pagos em caixa ou equivalentes de caixa ou pelo valor justo dos recursos que sao entregues para adquiri-Ios na data da aquisi~ao, podendo ou nao ser atua- lizados pela varia~ao na capacidade geral de compra da moeda. Os passivos sao registrados pelos valores dos recursos que foram recebi- dos em troca da obriga~ao ou, em algumas circunstancias (por exemplo, imposto de ren- da), pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa que serao necessarios para liquidar o passiv~ no curso normal das opera<;6es, po- dendo, tambem, em certas circunstancias, ser atualizados monetariamente. b) Custo corrente. Os ativos sao reconhecidos pe- los valores em caixa ou equivalentes de cai- xa que teriam de ser pagos se esses ativos ou ativos equivalentes fossem adquiridos na data do balan~o. Os passivos silo reconhecidos pe- los val ores em caixa ou equivalentes de caixa, nilo descontados, que seriam necessarios para liquidar a obriga~ilo na data do balan~o. c) Valor realizavel (valor de realiza,iio au de liqui- da,iio). Os ativos sao mantidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa que pode- riam ser obtidos pela venda numa forma or- denada. Os passivos sao mantidos pelos seus valores de liquida~ao, isto e, pelos valores em caixa e equivalentes de caixa, nao desconta- dos, que se espera seriam pagos para liquidar as correspondentes obriga~5es no curso nor- mal das opera~6es da entidade. d) Valor presente. Os ativos sao mantidos pelo va- lor presente, descontado, do fluxo futuro de entrada Iiquida de caixa que se espera seja ge- rado pelo item no curso normal das opera~6es da entidade. Os passivos sao mantidos pelo valor presente, descontado, do fluxo futuro de saida Iiquida de caixa que se espera seja ne- cessario para Iiquidar 0 passivo no curso nor- mal das opera~6es da entidade. 101. A base de mensura~ao mais comumente adotada pelas entidades na prepara~ao de suas demons- tra~6es contabeis e 0 custo historico. Ele e nor- malmente combinado com outras bases de ava- Iia~ao. Por exemplo, os estoques sao geralmente mantidos pelo menor valor entre 0 custo e 0 valor Iiquido de realiza~ao, os titulos e a~6es negocia- veis podem em determinadas circunstancias ser mantidos a valor de mercado e os passivos decor- rentes de pens6es sao mantidos pelo valor pre- sente de tais beneficios no futuro. A1em disso, em algumas circunstancias entidades usam a base de custo corrente como uma resposta Ii incapacidade do modelo contabil de custo historico em enfren- tar os efeitos das mudan~as de pre~os dos ativos naD monetarios. CONCEITOS DE CAPITAL E MANUTEN<;AO DE CAPITAL Conceitos de Capital 102. 0 conceito financeiro de capital e adotado pela maioria das entidades na prepara~ao de suas de- monstra~6es contabeis. De acordo com 0 conceito financeiro de capital, tal como 0 dinheiro investi- do ou 0 seu poder de compra investido, 0 capital e sinonimo de ativo Iiquido ou patrimonio Iiquido da entidade. Por outro lado, segundo 0 conceito fisico de capital, 0 capital e considerado como a capacidade produtiva da entidade baseada, por exemplo, nas unidades de produ~ao diaria. 103. A sele~ao do conceito de capital apropriado para a entidade deve ser baseada nas necessidades dos usuarios das demonstrac;6es contabeis. Assim, 0 conceito financeiro de capital deve ser adotado se os usuarios das demonstra~6es contabeis estao principalmente interessados na manuten~ao do capital nominal investido ou no poder de compra do capital investido. Se, entretanto, a principal preocupa~ao dos usuarios e com a capacidade operacional da entidade, 0 conceito fisico de ca- pital deve ser usado. 0 conceito escolhido indica a meta a ser atingida na determina~ao do luero, embora possa haver dificuldades de mensura~ao em se tomar operacional esse conceito. Estrutura Conceitual da Contabilidade 47 Conceitos de Manuten~ao do Capital e Determina~ao do Luero 104. Os conceitos de capital mencionados no item 102 dao origem aos seguintes conceitos de manuten- ~ao de capital: a) Manuten,ilo do capital financeiro. De acordo com esse conceito, 0 lucra e auferido somen- te se 0 montante financeiro (ou dinheiro) dos ativos Iiquidos no fim do periodo excede 0 seu montante financeiro (ou dinheiro) no come~o do periodo, depois de excluidas quaisquer dis- tribui~6es aos proprietarios e seus aportes de capital durante 0 periodo. A manuten~ao do capital financeiro pode ser medida em qual- quer unidade monetaria nominal ou em uni- dades de poder aquisitivo constante. b) Manuten,ilo do capital fisico. De acordo com esse conceito, 0 lucre e auferido somente se a capacidade fisica produtiva (ou capacidade operacional) da entidade (ou os recursos ou fundos necessarios para atingir essa capaci- dade) no fim do periodo excede a capacidade fisica produtiva no inicio do periodo, depois de excluidas quaisquer distribui~6es aos pro- prietarios e seus aportes de capital durante 0 periodo. 105. 0 conceito de manuten~ao do capital esta rela- cionado Ii forma como a entidade define 0 capital que ela procura manter. Ele representa urn elo en- tre os conceitos de capital e os conceitos de lucro, pois fornece urn ponto de referencia para medi- ~ao do lucro; e uma condi~ao essencial para dis- tinguir entre 0 retorno sobre 0 capital da entidade e a recupera~ao do capital; somente os ingressos de ativos que excedem os valores necessarios para manuten~ao do capital podem ser considerados como lucra €, portanto, como retorno sabre 0 capital. Portanto, 0 lucro e 0 valor remanescen- te depois que as despesas (inclusive os ajustes de manuten~ao do capital, quando for apropriado) tiverem sido deduzidas do resultado. Se as despe- sas excederem a receita, 0 saldo sera urn prejuizo. 106. 0 conceito fisico de manuten~iio de capital requer a ado~ao do custo corrente como base de avalia- ~ao. 0 conceito financeiro de manuten~ao do ca- pital, entretanto, nao requer 0 usa de uma base espedfica de mensura~ao. A escolha da base con- forme este conceito depende do tipo de capital fi- nanceiro que a entidade esta procurando manter. 107. A principal diferen~a entre os dois conceitos de manuten~ao do capital esta no tratamento dos efeitos das mudan~as nos pre~os dos ativos e pas- sivos da entidade. Em termos gerais, uma enti- 48 Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos dade ten, mantido seu capital se ela tiver tanto capital no fim do periodo como tinha no inicio, computados os efeitos das distribui~6es aos pro- priet<,rios e seus aportes para 0 capital durante esse periodo. Qualquer valor alem daque1e ne- cessario para manter 0 capital do inicio do pe- dodo e lucro. 108. De acordo com 0 conceito financeiro de manu- ten~ao do capital, no qual 0 capital e definido em termos de unidades monetarias nominais, 0 lucro representa 0 aumento do capital moneta- rio nominal no perfodo. Assim, os aumentos nos pre~os de ativos mantidos no periodo, convencio- nalmente designados como ganhos de estocagem, sao, conceitualmente, lucros. Poderao eles nao ser reconhecidos como tais, entretanto, ate que os ativos sejam vendidos mediante uma transa- ~ao com terceiros. Quando 0 conceito financeiro de manuten~ao de capital e definido em termos de unidades de poder aquisitivo constante, 0 lu- cro representa 0 aumento do poder aquisitivo, no periodo, do capital investido. Assim, somente a parce1a do aumento nos pre~os dos ativos que ex- ceder 0 aumento no nivel geral de pre~os e consi- derada como lucro. 0 restante do aumento e tra- tado como urn ajuste para manuten~ao do capital e, consequentemente, como parte integrante do patrimonio lfquido. 109. De acordo com 0 conceito fisico de manuten~ao do capital, quando 0 capital e definido em termos de capacidade fisica produtiva, 0 lucro representa o aumento desse capital no periodo. Todas as mu- dan~as de pre~os afetando ativos e passiv~s da en- tidade sao vistas, nesse conceito, como mudan<;as na mensura~ao da capacidade fisica produtiva da entidade; dessa forma, devem ser tratadas como ajustes para manuten~ao do capital, que sao parte do patrimonio lfquido, e nao como lucro. 110. A sele~ii.o das bases de mensura~ao e 0 conceito de manuten~ii.o do capital determinarao 0 modele contabil usado na prepara~ao das demonstra~6es contabeis. Diferentes modelos contabeis apresen- tam diferentes graus de relevancia e confiabili- dade e, como em outras areas, a Administra~ao deve procurar urn equilibrio entre a relevancia e a confiabilidade, considerando tambem 0 consenso entre os agentes economicos. Esta Estrutura Con- ceitual e aplicavel a urn elenco de modelos conta- beis e orienta na prepara~ao e apresenta~ii.o das demonstra~6es contabeis elaboradas conforme 0 modele escolhido. 2.3 Tratamento para as pequenas e medias empresas Os conceitos abordados neste capitulo tambem sao aplicaveis its entidades de pequeno e medio porte. Para maior detalhamento, consultar 0 Pronunciamento Tec- nico PME - Contabilidade para Pequenas e Medias Em- presas. 3 Disponibilidades - Caixa e Equivalentes de Caixa 3.1 Introdu~ao A Lei das Sociedades por A~5es (Lei n2 6.404/76) estabelece, em seu art. 178, que no Ativo as contas se- rao dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez e, dentro desse conceito, as contas de Disponibilidades sao as primeiras a serem apresentadas no Balan~o e, como tambem definido pelo art. 179, dentro do Ativo Circulante. A intitula~ao Disponibilidades, dada pela Lei n' 6.404, e usada para designar dinheiro em caixa e em bancos, bern como valores equivalentes, como cheques em maDS e em transito que representam recursos com livre movimenta~ao para aplica~ao nas opera~5es da empresa e para os quais nao h'\ia restri~5es para uso imediato. Mas as normas internacionais trabalham muito mais com 0 conceito de Caixa e Equivalentes de Cai- xa, 0 que engloba, alem das disponibilidades propria- mente ditas, valores que possam ser convertidos, a curto prazo, em dinheiro, sem riscos. Os equivalentes de caixa sao mantidos com a finalidade de atender a compromissos de caixa de curto prazo e nao para in- vestimento ou outros fins e devem ter conversibilidade imediata em urn montante conhecido de caixa e estar sujeitos a urn insignificante risco de mudan~a de valor. Por conseguinte, urn investimento, normalmente, se qualifica como equivalente de caixa quando tern venci- mento de curto prazo, por exemplo tres meses ou me- nos, a contar da data da contrata~ao. Os investimentos em a~5es de outras entidades sao excluidos dos equi- valentes de caixa a menos que eles sejam, em essencia, urn equivalente de caixa, como por exemplo nos casos de a~5es preferenciais resgataveis que tenham prazo definido de resgate e cujo prazo atenda a defini~ao de curto prazo. Dentro desse conceito, as aplica~5es em dtulos de liquidez imediata e aplica~5es financeiras resgataveis aproximadamente no prazo de 90 dias da data do balan- ~o sao tambem classificaveis como Equivalentes de Cai- xa, devendo, todavia, ser mostradas em canta a parte. Em fun~ao desse conteudo basico das Disponibili- dades, no Modelo de Plano de Contas apresentado nes- te Manual, temos as seguintes contas: I - ATNO CIRCUlANTE 1. D1SPONivEL Caixa Depositos bancarios a vista Numenirio em transito Equivalentes de Caixa - Aplica~5es de Ii- quidez imediata 50 Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos 3.2 Conteiido e classifica~ao 3.2.1 Caixa Inclui dinheiro, bern comO cheques em maos, re- cebidos e ainda nao depositados, pagaveis irrestrita e imediatamente. Norrnalmente, 0 saldo de caixa pode estar regis- trado na empresa em uma ou diversas contas, depen- dendo de suas necessidades operacionais e locais de funcionamento. AMm disso, ha, basicamente, dois tipos de con- troles da conta Caixa, sendo eles fundo fixo e caixa flutuante. a) FUNDO FIXO No sistema de fundo fixo, nao ha, normalmente, problemas de classifica~ao de valores. Nesse sistema, define-se uma quantia fixa que e fomecida ao respon- savel pelo fundo, suficiente para os pagamentos de di- versos dias e, periodicamente, efetua-se a presta~ao de contas do valor total desembolsado, repondo-se 0 valor do fundo fixo, por meio de cheque nominal, a seu res- ponsavel. A contabiliza~ao de tais desembolsos e feita a cre- dito de bancos e a debito das despesas, ou seja, depois de constituido 0 fundo fixo, a conta respectiva nao re- cebe mais contabiliza~6es (a nao ser por aumento ou redu~ao do valor do fundo). Dessa forma, todos os pa- gamentos nao efetuados pelo fundo fixo sao feitos por cheques creditados diretamente em Bancos e todos os recebimentos, em dinheiro ou cheques, sao depositados diretamente nas contas bancarias sem, portanto, transi- tar contabilmente pela conta Caixa. E necessario que, na data do balan~o, nesse fundo so haja realmente dinheiro, ou seja, que os comprovan- tes de despesas tenham sido contabilizados. b)CAJXAFLUTUANTE No sistema de caixa flutuante, transitam pela con- ta Caixa os recebimentos e os pagamentos em dinheiro. Nesse sistema, podem ocorrer maiores problemas de ordem de classifica~ao contabil de val ores, pois 0 saldo da conta Caixa muitas vezes apresenta nao so ° dinheiro propriamente dito, mas, tambem, vales, adiantamentos para despesas de viagens e outras des- pesas, cheques recebidos a depositar, valores penden- tes e outros. Como ja mencionado, no saldo da conta Caixa, para fins de Balan~o, deve figurar tao somente 0 saldo em dinheiro, ja que os vales e adiantamentos de- vern constar do Balan~o em conta propria de realizavel como Adiantamentos, conforme 0 Modelo do Plano de Contas apresentado. (Veja itens 4.3.7 e 4.3.8 do Capi- tulo 4, Contas a Receber.) Ha empresas que ainda efetuam toda a contabi- liza~ao por meio da conta Caixa, incluindo todos os recebimentos e todos os pagamentos em cheques, ge- rando urn grande e desnecessario volume de debitos e creditos. Os cheques em maos, oriundos de recebimentos ainda nao depositados, podem figurar no Disponivel, se representarem cheques normais pagaveis imedia- tamente. Por outro lado, os cheques de terceiros em maos, mas s6 recebiveis posteriormente, nao devem ser classificados como Disponivel. Veja conta propria de cheques em cobran~a no subgrupo Outros Creditos, no Modelo de Plano de Contas, e descri~ao no item 4.3.3 do Capitulo 4, Contas a Receber. 3.2.2 Depositos bancarios a vista a) CONTAS DE LIVRE MOVIMENTAGA.O Sao representados normalmente pelas contas de livre movimenta~ao mantidas pela empresa em bancos. Tais contas podem ser dos seguintes tipos: a) conta movimento ou depositos sem limite; b) contas especiais para pagamentos espe- cificos, tais como contas para folha de pa- gamento do pessoal, dividendos a pagar a acionistas, desembolsos de filiais ou fabri- cas. Essas contas normalmente sao mantidas mais como medida intema da empresa para facilidade de opera~ao e conrrole desses pa- gamentos, e a tendencia e de que, ao final dos periodos, seus saldos estejam zerados. Normalmente, essas contas podem ser li- vremente movimentadas pela empresa por meio de cheques, sendo, portanto, disponi- bilidades, ja que sua abertura e feita mais como medida intema de controle; c) contas especiais de cobran~a. Esse tipo de conta e aberto por inumeras empresas para amp liar a rede de cobran~a bancaria de suas duplicatas ou contas, por ter grande area geo- grafica de atua~ao, visando facilitar 0 paga- mento por seus clientes, ou mesmo para que suas filiais ou agentes de cobran~a deposi- tem os recebimentos efetuados. Muitas ve- zes, tais contas s6 podem ser movimentadas por transferencia peri6dica ou automatica de seu saldo para a conta movimento manti- da pela empresa no referido banco. Esse tipo de conta tambem representa disponibilidade normal. b)CONTASBANCARlASNEGATIVAS Contas bancarias negativas (credoras) ou saldos a favor de bancos nao devem ser demonstrados como redu~ao dos demais saldos bancarios, mas, separada- mente, como urn item do Passivo Circulante. Exce~ao e feita aos casos em que tais saldos devedores e credores estejam no mesmo banco e desde que a empresa tenha o direito de compensa-Ios. Nesse sentido, 0 Pronunciamento Tecnico CPC 03 - Demonstra~ao dos Fluxos de Caixa, em seu item 9, definiu 0 tratamento desses saldos quando estabeleceu sua inclusao na atividade de financiamento: Emprestimos bancarios sao geralmente considera- dos como atividades de financiamento. Entretanto, em determinadas circunstancias, saldos bancarios a des- coberto, decorrentes de emprestimos obtidos por meio de instrumentos como cheques especiais ou contas-cor- rentes garantidas sao liquidados automaticamente de forma a integrarem a gestao das disponibilidades da entidade. Uma caracteristica de tais contas correntes e que frequentemente os saldos flutuam de devedor para credor. Nessas circunstancias, esses saldos bancarios a descoberto devem ser incluidos como urn componente do caixa e equivalentes de caixa. A parcela nao utiliza- da do limite dessas linhas de credito nao devera com- por os equivalentes de caixa. c) DATA DE CONTABILIZA<;AO DE CHEQUES Os cheques devem ser contabilizados por sua emis- sao quando isso corresponder aproximadamente a data da entrega aos beneficiarios, ou seja, as cheques emi- tidos ate a data do balan~o estarao deduzidos dos sal- dos bancarios. Todavia, nos casos em que tais cheques ainda nao tenham sido entregues aos favorecidos, e se forem de valores substanciais, deverao ser adicionados aos saldos bancarios e as contas correspondentes do Passivo Circulante. d) CONCILIA<;OES BANCARlAS Para todas as contas bancarias, urn aspecto de con- trole muito importante (que muitas vezes afeta 0 saldo respectivo no balan~o) e que devem ser feitas conci- lia~6es bancarias periodicamente, particularmente na data do Balan~o. Essas concilia~6es entre os saldos da contabilidade com os dos extratos bancarios permitem a identifica~ao das pendencias existentes para sua con- tabiliza~ao ainda dentro do periodo. Isso ocorre nor- malmente com avisos bancarios de despesas debitadas pelo banco, mas ainda nao registradas pela empresa, com avisos de cobran~as efetuadas pelo banco e ainda nao contabilizadas, e com outros itens. Disponihilidades - Caixa e Equivalentes de Caixa 51 e) SITUA<;OES ESPECIAIS Contas em Bancos em Liquida~ao Os saldos de contas mantidas em bancos que este- jam em liquida~ao au sob interven~ao devem ser classi- ficados como Contas a Receber no Ativo Circulante ou Realizavel a Longo Prazo, dentro do Ativo Nao Circu- lante, dependendo da situa~ao especifica, e, tambem, devera ser feita uma estimativa adequada para possi- veis perdas. Caso sejam valores significativos, devera ser feita uma nota explicativa a esse respeito. Depositos Bancarios Vinculados Ha diversas situa~6es que requerem de uma em- presa a aplica~ao ou manuten~ao de recursos em depo- sitos vinculados em bancos, tais como: • depositos vinculados para liquida~ao de con- tratos de cambio ou para liquida~ao de im- porta~6es; • depositos vinculados a liquida~ao de empn§s- timos; • depositos vinculados a substitui~ao ou reposi- ~ao de garantias de emprestimos; • depositos bloqueados ou com restri~ao de movimenta~ao por for~a de clausula contra- tual de financiamento ou para obten~ao de linhas especiais de cn§dito etc. Pela propria natureza de tais contas bancarias es- peciais, seus saldos nao estao imediatamente disponi- veis para os pagamentos normais da empresa, ja que estao sujeitos a restri~6es quanta a retirada au a outras condi~6es. Dessa forma, tais Depositos Bancarios Vin- culados nao devem fazer parte integrante das Dispo- nibilidades, e sua classifica~ao no Balan~o deve levar em canta suas caracteristicas espedficas e as restri~6es existentes. Assim, em conformidade com 0 Pronunciamento Tecnico CPC 03, a entidade deve divulgar, em nota ex- plicativa, acompanhada de urn comentario da adminis- tra~ao, os saldos de caixa e equivalentes de caixa que nao estejam disponiveis para usa pelo grupo. Usualmente, tais depositos serao classificaveis fora das Disponibilidades em conta a parte no Ativo Circu- lante ou Realizavel a Longo Prazo, motivo pelo qual o Modelo de Plano de Contas apresenta a conta De- positos Bancarios Vinculados nesses dois grupos. Outra considera~ao que deve ser feita e que, nos casos em que tais depositos sejam recursos vinculados a liquida- ~ao de determinado emprestimo ou financiamento, sua classifica~ao no Balan~o poderia ser como conta redu- tora do passivo correspondente ou, se mantida a clas- sifica~ao no Ativo, 0 saldo devera ser segregado entre 52 Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos circulante e longo prazo, acompanhando a classifica~ao 3.3 Criterios de avalia~ao no Passivo do empn'stimo correspondente. 3.2.3 Numerario em transito A empresa pode ter tambem, como disponibilida- de, numenirio em transito decorrente de: • remessas para filiais, depositos ou semelhan- tes, por meio de cheques, ordem de paga- mento etc.; • recebimentos dessa mesma especie, ou ainda de clientes ou terceiros, quando conhecidos ate a data do balan~o. Tal dinheiro em transite representa tambem urn disponivel classificavel juntamente com os saldos em bancos. Poderia, tambem, conforme as necessidades de cada empresa, ser criada no Plano de Contas uma conta especifica para registrar 0 Numerario em Transito den- tro do subgrupo Disponivel. 3.2.4 Aplicaroes de liquidez imediata As aplica~6es de curtissimo prazo no mercado fi- nanceiro tambem sao consideradas como disponivel. De acordo com 0 Pronunciamento Tecnico CPC 03, as aplica~6es financeiras de curto prazo, de alta liquidez, que sao prontamente conversiveis em urn montante conhecido de caixa e que estao sujeitas a urn insigni- ficante risco de mudan~a de valor, sao consideradas equivalentes de caixa, os quais sao mantidos com a fi- nalidade de atender a compromissos de caixa de curto prazo e nao para investimento ou outros fins. Insigni- ficante mudan~a de risco de valor tern, como conse- quencia, que aplica~6es em moeda estrangeira, sujeitas a mudan~as significativas de valor, nao podem ser aqui consideradas se nao forem imediatamente resgataveis. Assim, valem os depositos em moeda estrangeira a vis- ta, mas nao titulos em moeda estrangeira a vencerem mesmo que a 60 dias, por exemplo. Tambem nao sao incluidos nesse subgrupo aplica~6es em moeda nacio- nal sujeitas a alguma oscila~ao por varia~ao de pre~os de commodities, mas podem se forem de liquidez alta e indexadas a urn indice de custo de vida, por exemplo, se a condi~ao da estabilidade da moeda estiver sendo observada e nao se previr qualquer oscila~ao significa- tiva ate 0 vencimento. De qualquer forma, as atualiza~6es desses valores so pod em, obviamente, estar feitas ate a data do ba- lan~o. 3.3.1 Ceral Exceto quanto as aplica~6es temporarias de caixa, analisadas a parte no Capitulo 8, Instrumentos Finan- ceiros, as demais contas do Disponivel nao apresentam problemas de avalia~ao. De fato, tais contas sao regis- tradas pelo valor nominal constante dos documentos correspondentes as respectivas transac;6es, tais como dinheiro, cheques, avisos bancarios, recibos autentica- dos de depositos etc., nao havendo 0 menor problema de avalia~ao, desde que satisfeitas as condi~6es de clas- sifica~ao ja descritas, exceto apenas quanto aos valores em moeda estrangeira, a seguir comentados. 3.3.2 Saldos em moeda estrangeira Se a empresa tiver valores de disponibilidades em moeda estrangeira, os mesmos devem ser registrados em subcontas a parte e seu saldo em moeda nacional deve ser 0 ajustado, correspondente ao valor em moeda estrangeira convertido para moeda nacional pela taxa cambial de compra corrente na data do Balan~o. Isso poderia ocorrer caso a empresa tivesse dinhei- ro em caixa em moeda estrangeira ou depositos banca- rios em outros paises. Nesse caso, devem ser tambem analisadas as eventuais restri~6es a que possam estar sujeitos tais valores, seja pela legisla~ao local, seja pela do outro pais. As referidas restri~6es devem ser clara- mente mencionadas nas demonstrac;6es contabeis, por meio da descri~ao do titulo da conta no balan~o, ou de nota explicativa. A varia~ao cambial correspondente ao ajuste do saldo em moeda nacional a nova taxa de cambio deve- ra ser lan~ada, em resultado do exercicio, no grupo de Despesas e Receitas Financeiras, nas subcontas a parte de Varia~6es Monetarias, conforme previsto no Mode- 10 de Plano de Contas. (Veja a esse respeito a letra b do item 30.3.2 e a letra a do item 30.3.3.) 0 ajuste da conta pela varia~ao cambial e coberto pelo Pronun- ciamento Tecnico CPC 02 - Efeitos das Mudan~as nas Taxas de Cambio e Conversao de Demonstra~6es Con- tabeis, aprovado e tornado obrigatorio, para as com- panhias abertas, pela Delibera~ao CVM n' 534/08, e pela Resolu~ao CFC n' 1.120/08 para os profissionais de contabilidade das entidades nao sujeitas a alguma regula~ao contabil especifica. De acordo com 0 referi- do Pronunciamento, na data de cada balan~o, os itens monetarios em moeda estrangeira devem ser converti- dos usando-se a taxa de fechamento, sendo que as va- ria~6es cambiais devem ser reconhecidas como receita ou despesa no periodo em que surgirem. Como regra, para a conversao em moeda nacional, a taxa de compra utilizada pela institui~ao financeira e a que devera ser adotada. Quando houver evidencia de que os recursos serao utilizados no exterior para pagamentos de despe- sas, compras de ativo etc., os saldos em moeda estran- geira poderao ser convertidos pela taxa de venda da institui~ao financeira na data do Balan~o. 3.4 Tratamento para pequenas e medias empresas Os conceitos abordados neste capitulo relativos a Caixa e Equivalentes de Caixa, bern como sua mensura- ~ao e reconhecimento, tambem sao aplicaveis a entida- des de pequeno e medio porte. De acordo com 0 Pronunciamento Tecnico PME - Contabilidade para Pequenas e Medias Empresas, essas entidades distinguem-se por nao possuirem res- ponsabilidade publica e, se publicarem demonstra~6es Disponibilidades - Caixa e Equivalentes de Caixa 53 contabeis de finalidade geral para os usuarios externos (como credores atuais e potenciais, agencias de ava- lia¢o de credito etc.), nao terem quaisquer a~5es, de- bentures ou outros valores mobiliarios negociados em alguma bolsa organizada. Ressalta-se que uma entidade possui responsabi- lidade publica se arquivar, ou estiver no processo de arquivar, as suas demonstrac;6es contabeis em uma comissao de valores mobiliarios ou outra organiza~ao reguladora com 0 objetivo de emitir qualquer classe de instrumentos em urn mercado publico; ou se uma de suas atividades principais e sua fun~ao fiduciaria de manuten~ao de ativos para urn vasto grupo de pessoas de fora da entidade. Esse e 0 caso tipico de bancos, cooperativas de credito, companhias de seguro, corre- tora de titulos e valores mobiliarios, fundos mutuos e bancos de investimento. Para mais detalhes, consultar Pronunciamento Tecnico PME - Contabilidade para Pequenas e Medias Empresas. 4 Contas a Receber 4.1 Conceito e conteiido As contas a receber representam, normalmente, urn dos mais importantes ativos das empresas. Sao va- lores a receber decorrentes de vendas a prazo de mer- cadorias e servi~os a clientes, ou oriundos de outras transa~6es. Essas outras transa~6es nao representam 0 objeto principal da empresa, mas sao normais e ineren- tes a suas atividades. Por esse motivo, e importante a segrega~ao dos va- lores a receber, relativos a seu objeto principal (clientes), das demais contas. N; contas a receber sao desmembra- das em montantes a receber de clientes comerciais, can- tas a receber de partes relacionadas, pre-pagamentos e outros montantes, que podemos denominar OUTROS CREDITOS. Essas contas sao normalmente realizaveis no decurso do exercfcio seguinte a data do balan~o e fazem parte, portanto, do ATNO CIRCULANTE. To- davia, podem tambem ter vencimentos a longo prazo, em casos especiais de vendas a presta~ao etc., quando, entao, as parcelas recebiveis apos 0 exercicio seguinte devem ser classificadas no ATNO NAO CIRCULANTE. A partir da Lei n2 11.638/07 e tambem previsto 0 ajuste a valor presente dos valores a receber, que sera tratado em topico especffico deste capitulo. 4.2 Clientes 4.2.1 As contas e sua c1assificar;ao o agrupamento das contas representativas dos clientes, que deve estar destacado no Balan~o e no Pla- no de Contas, apresenta-se como segue: CLIENTES Duplicatas a receber a) Clientes b) Controladas e coligadas - transa~6es ope- racionais Perdas estimadas em creditos de liquida~ao duvidosa (conta credora) Ajuste a valor presente (conta credora) Faturamento para entrega futura (conta cre- dora) Saques de exporta~ao c) Servi~os executados a faturar A conta Duplicatas a Receber esta segregada nas subcontas de Clientes e Controladas e Coligadas. Essa subdivisao e util para facilitar 0 destaque no Balan~o das Duplicatas a receber de coligadas e controladas para sua men~ao na nota explicativa de INVESTIMENTOS ou TRANSA<;:OES ENTRE PARTES RELACIONADAS e ela- bora~ao de demonstra~6es consolidadas. Essas contas, todavia, devem referir-se somente as contas a receber oriundas de transa<;5es operacionais normais, ou seja, das vendas ou servi~os prestados as coligadas e con- troladas, como se fossem qualquer outro cliente, pois os demais creditos contra coligadas e controladas, nao oriundos dessas opera~6es, sao classificados destacada- mente no Ativo Nao Circulante, subgrupo Realizavel a Longo Prazo, independentemente de seu vencimento. A conta credora Perdas Estimadas em Creditos de Liquida~ao Duvidosa deve ser apresentada no Balan~o como dedu~ao das duplicatas a receber a que se refe- rem, motivo pelo qual 0 Plano de Contas ja as apresen- ta nesse agrupamento. Sobre a conta Ajuste a Valor Presente, "os valores do ativo decorrentes de opera~iies de longo prazo serao ajustados a valor presente, sendo os demais ajustados quando houver efeito relevante" (Incluido pela Lei n' 11.638, de 2007), veja item 4.4. Quando houver faturamento antecipado (nao con- fundir com recebimento antecipado), deve-se utilizar a conta Faturamento para Entrega Futura como redutora das duplicatas a receber, pois ainda nao existe 0 direito de recebimento. E ainda prevista a conta a receber oriunda de ex- porta~iies pela conta Saques de Exporta~ao. Sua segre- ga~ao em conta especifica e importante, pois sao valo- res recebiveis em moeda estrangeira e devem tef seus saldos em moeda nacional atualizados as taxas cam- biais vigentes na data do Balan~o. 4.2.2 Duplicatas a receber a) ORIGEM As duplicatas a receber originam-se no curso nor- mal das opera~iies da empresa pela venda a prazo de mercadorias ou se:rvic;os, representando urn direito a cobrar de seus clientes. Normalmente, tais contas a receber de clientes sao representadas por faturas ou duplicatas em aberto na data do Balan~o. Porem, podem existir valores a re- ceber, ainda nao faturados, oriundos de divers as ope- rac;6es, particularmente no ramo de constrw;ao, pro- du~ao de equipamentos sob encomenda e de servi~os profissionais. Assim, nesses casos deve-se tef a canta Servi~os Executados a Faturar, relativa a: a) servi~os ja executados ate a data do Balan~o, mas cujo faturamento ainda nao foi efetuado; b) materiais ja entregues aguardando sua mon- tagem ou aplica~ao a determinada obra (de terceiros) ou produto (tambem de terceiros) em andamento. b) CRITERIOS CONTABEIS As duplicatas e contas a receber de clientes estao diretamente relacionadas com as receitas da empresa, devendo ser contabilmente reconhecidas somente por mercadorias vendidas ou por servi~os executados ate a data do balan~o, de acordo com 0 principio contabil de realiza~ao da receita. Devem ser creditadas (baixadas) somente pelas cobran~as feitas, mercadorias devolvi- Contas a Receber 55 das ou descontos comerciais e abatimentos concedidos e perdas reconhecidas ate aquela data. As duplicatas a receber referentes a vendas de mercadorias sao geradas pelo ato de transferencia do direito de propriedade das mesmas, podendo variar em fun~ao das condi~iies de venda, tais como: a) os produtos sao entregues na fabrica ou em outras dependencias do cliente, permane- cendo sob a responsabilidade do vendedor ate entao; b) os produtos sao entregues ao cliente na pro- pria fabrica ou em dependencias do vende- dor, sendo que 0 cliente assume responsabili- dade pelos mesmos a partir desse momento. E pratica comum, entretanto, registrar contabil- mente as vendas e as contas a receber delas decorren- tes na ocasiao da emissao das notas fiscais de vendas, que e praticamente simultanea a entrega (embarque ou despacho) das mercadorias. Paralelamente, ha a baixa das contas de estoques com debito respectivo em cus- to das vendas. Veja a esse respeito 0 Capitulo 28, item 28.1.3, Receitas de Vendas, e, ainda, a se~ao 4.4 do pre- sente capitulo, a respeito do ajuste a valor presente das contas a receber. Os faturamentos antecipados, por conta de futu- ros fornecimentos, sao registrados contabilmente, mas ainda nao geram, de fato, nenhum direito, sendo por isso necessaria a utilizac;ao de canta redutora em valor equivalente "Faturamento para Entrega Futura". Alem disso, pode-se realizar registros extracontabeis para controle interno da sociedade. o registro de uma conta a receber pressup6e que 0 principio da realiza~ao da receita esteja satisfeito e que contra tal receita estejam registrados 0 custo das ven- das, pela baixa dos estoques e despesas a ela atinentes. Assim, para se reconhecer a receita que gere con- tas a receber, deve-se atentar se: (i) as partes mais im- portantes no processo de ganha-Ia estao completadas; (ii) existe urn pre~o atribuido pelo mercado; (iii) M liquidez estimada com rela~ao ao seu recebimento; e (iv) todas as despesas ja foram incorridas ou as a incor- rer sao estimaveis. A mera emissao de titulos nao fundamentados em transa~iies reais e legitimas nao permite 0 registro con- tabil das contas a receber. A eventual emissao e utili- za~ao de titulos sem a fundamenta~ao prevista aqui, visando a obten~ao de recursos via desconto, gera so- mente a cria~ao de exigibilidades, alem de se constituir em pnitica ilegal. Por ontro lado, tambem nao se deve deixar de registrar a venda e a conta a receber respectiva, em virtude da existencia de certas condi~iies tecnicas ou 56 Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos legais sobre a transferencia do direito de propriedade das mercadorias, como, por exemplo, a existencia de cIausula de reserva de domfnio no caso de vendas a prazo em presta~6es. Fundamentalmente, nesses casos predomina a saida fisica da mercadoria que fica sob a responsabilidade do cliente. Da mesma forma, a incerteza quanto ao recebi- mento de determinada venda normalmente nao e mo- tivo para postergar 0 registro contabil da receita para 0 momento em que e recebida. A existencia de riscos ou incerteza quanto a realiza~ao das duplicatas ou contas a receber e problema de outra natureza, a ser devida- mente coberto mediante a constitui~ao de adequado ajuste por perda estimada em creditos de liquida~ao duvidosa, tratada no item 4.2.3. As duplicatas a receber de clientes sao geralmente contabilizadas em conta sintetica, mas com controle in- dividualizado auxiliar, totalizado por cliente, cujo saldo deve ser mensalmente conciliado e confirmado com a conta sintetica. As eventuais divergencias devem ser analisadas quanta as suas origem e natureza e com a realiza~ao de ajustes se necessarios. Ao menos na data do balan~o da empresa, e necessaria nao so a concilia- ~ao com a identifica~ao das divergencias, mas tambem seu efetivo registro na propria data do balan~o, elimi- nando quaisquer discrepancias. Ha inumeras formas e sistemas para adequado controle analitico das contas a receber que variam con- forme 0 ramo de negocio, 0 grau de sofistica~ao reque- rido, 0 volume e 0 uso gerencial dessas informa~6es. Assim, podem-se ter desde controles manuais ate com- plexos sistemas ou subsistemas computacionais que permitem registro e controle para consulta on line, com disponibilidade em diversos locais e com diversas pos- sibilidades de parametriza~o na cria~ao de relatorios contabeis e gerenciais. 0 ideal e que sejam subsistemas integrados a contabilidade geral e que nao so reflitam adequadamente todas as transa~6es nas datas corretas, mas tambem que os controles analiticos estejam conci- liados com os controles sinteticos. Diante do avan~o e facilidade de acesso a sistemas computacionais e 0 pro- prio avan~o dos meios de divulga~ao de informa~6es contabeis para os agentes economicos interessados, e atualmente bern disseminada a utiliza~ao de sistemas para esse fim. c) CRITERIOS DE AVAllAc;:AO As contas a receber devem ser avaliadas por seu Valor Liquido de Realiza~ao, ou seja, pelo produto final em dinheiro ou equivalente que se espera obter e com o devido ajuste a valor presente (AVP). Para tanto, de- vern ser constituidos ajustes relativos a Perdas Estima- das em Credito de Liquida~ao Duvidosa para cobertura dos valores que se estima nao receber, sendo esse ajuste uma conta redutora das contas a receber, resultando no valor liquido realizavel. A conta de ajuste a valor pre- sente tambem se apresenta como uma conta redutora de contas a receber. o inciso I, alinea "b", do art. 183 da Lei nQ 6.404/76, modificado pela Lei nQ 11.638/07, estabelece os crite- rios de avalia~ao desse ativo, indicando que os ativos nesse caso serao avaliados pelo "valor de emissao, atua- lizado conforme disposi~6es legais ou contratuais, ajus- tado ao valor provavel de realiza~ao". 0 inciso VIII do mesmo artigo preve que "os elementos dos ativos de- correntes de opera~6es de longo prazo serao ajustados a valor presente, sendo os demais ajustados quando houver efeito relevante". Em decorrencia do ajuste a valor presente, os juros "embutidos" ou contratados na transac;ao sao reconhe- cidos pro rata temporis, debitando-se a conta de ajuste a valor presente (redutora do ativo) e creditando-se a conta de receita financeira comercial pelo valor dos ju- ros ja transcorridos. Essa forma de contabiliza~ao faz com que a informa~ao contabil reflita melhor a real natureza da receita gerada, que nao foi em virtude da transa~ao de venda, mais fruto do prazo dado para pa- gamento da transa~ao no qual a empresa cobra juros, mesmo que nao esteja explicitamente contratado. Se a empresa tiver contas a receber em moeda es- trangeira ou com clausula de corre~o monetaria, tais contas devem ser atualizadas as taxas de cambio ou coe- ficiente de corre~ao ate a data do Balan~o, debitando-se as proprias contas a receber e creditando-se a conta de Varia~6es Monetarias (conta de Resultados). 4-2.3 Perdas estimadas em creditos de liquidarfio duvidosa a) CONCEITO Como ja visto, deve ser feita a estimativa de perdas em contas a receber, valor que representa a incerteza no recebimento dos valores. As despesas provenientes dessa estimativa nao sao dedutiveis da base de caJcu- 10 do Imposto de Renda e da Contribui~ao Social (ver Capitulo 30 item 30.2.3, letra 0. A partir do ano-ca- lendario 1997, a legisla~ao fiscal nao mais permite a dedutibilidade dessa despesa (Lei nQ 9.430/96 e IN SRF nQ 93/97), possibilitando, em vez disso, as empresas deduzir as perdas efetivas no recebimento de creditos, na forma enos prazos previstos na referida legisla~ao fiscal, conforme sera discutido no topico d deste item. No passado, a legisla~ao fiscal permitia que se usas- se urn percentual (numa epoca foi 3%, noutra 1,5%) sobre 0 saldo de duplicatas a receber para inserir a ex- pectativa dessas perdas. Todavia, embora a legisla~ao fiscal tenha criado grandes restri~6es para 0 reconhe- cimento da perda antes de sua efetiva concretiza~ao, prindpios contabeis e a legisla~ao societaria mantem sua posi~ao de que a empresa deve constituir a conta redutora com base na expectativa de perda. Ao final do exerdcio social, deve ser computado 0 valor da referida perda entre as inclus6es do LALUR (Livro de Apura~ao do Lucro Real), para apura~ao da base de calculo do Imposto de Renda e Contribui~ao Social. A importancia de se fazer essa estimativa vai ao encontro do que e previsto nas normas internacionais e do processo de harmoniza~ao internacional da con- tabilidade. 0 conceito e inerente it estimativa do valor recuperavel do ativo, onde e valorizada a informa~ao ao usuario da contabilidade sobre 0 real valor que se espera no ativo, ou seja, os beneffcios econ6micos futu- ros devem ser ajustados aquilo que realmente se tem a expectativa de ser recebido. b) FORMAS DE APURA<;:AO DA PERDA ESTIMADA i) A visao que tradicionalmente 0 Brasil vinha adotando Primeiramente, vamos discutir 0 que vern senda a pratica brasileira quanta a essa materia nos ultimos anos. A seguir, no subitem (ii) discutiremos outros pon- tos e a situa~ao normativa brasileira para a partir de 2010. A apura~ao do valor da perda estimada vem va- riando, pois cada empresa pode ter aspectos peculiares a respeito de seus clientes, ramo de negocios, situa~ao do credito em geral e a propria con juntura economica domomento. E, portanto, importante serem considerados todos esses fatores conhecidos na estimativa do risco e na ex- pectativa de perdas com as contas a receber, que devem estar cobertas pela estimativa. No Brasil, tradicional- mente, algumas considera~6es importantes quanta aos criterios para sua apura~ao vem sendo feitas: (aten~ao para as considera~i5es constantes no item (ii) a frente. a) deve ser baseada na analise individual do saldo de cada cliente. Esse trabalho deve ser feito com base na posi~ao analitica por du- plicata dos clientes na data do balan~o e em conjunto com os responsaveis pelos setores de vendas e crectito e cobran~a, de forma a exercer um julgamento adequado sobre a probabilidade de recebimento dos saldos; b) deve ser devidamente considerada a expe- riencia anterior da empresa com rela~ao a prejufzos com contas a receber. Essa analise pode ser feita por meio da compara~ao dos saldos totais de clientes ou de volumes de Contas a Receber 57 faturamento com os prejufzos reais ocorri- dos em anos anteriores na propria empresa. Complementando essa analise, e importan- te a contribui~ao dos elementos ligados aos setores de vendas e crectito e cobran~a, com sua experiencia e conhecimento dos clientes; c) devem ser tambem consideradas as condi- ~6es de venda. Obviamente, a existencia de garantias reais anula ou reduz as perspecti- vas de perdas; e d) aten~ao especial deve ser dada as contas atrasadas e a clientes que tenham parte de seus dtulos em atraso. Nesses casos, e im- portante a prepara~ao de uma analise das cantas a receber vencidas, preferencialmen- te comparativa com perfodos anteriores. As contas sao agrupadas em fun~ao de seus vencimentos, como vencidas ha mais de urn ano, entre 180 dias e um ano, entre 90 e 180 dias etc. (por meio dessa, pode-se me- dir a tendencia dos clientes em atraso e a probabilidade de perdas, aMm da eficiencia do sistema de credito utilizado e do proprio servi~o de cobran~a). o objetivo e sempre chegar a um dimensionamen- to adequado da estimativa. Essa analise por "idade" de vencimento e particularmente importante nos casos em que ha quantidade muito grande de clientes, em que 0 risco esta pulverizado. Tem side pratica comum e adequada: a) determinar 0 valor das perdas ja conhecidas com base nos clientes atrasados, em conCOf- data, falencia ou com dificuldades financei- ras; e b) estabelecer um valor adicional de perdas estimadas para cobrir perdas provaveis, mesmo que ainda nao conhecidas por se re- ferirem a contas a veneer, mas comuns de aeorrer, com base na experh~ncia da empre- sa, tipo de clientes etc. As institui~6es financeiras sao as entidades que possuem maior exposi~ao ao risco de crectito por cau- sa de suas atividades operacionais. A Resolu~ao n' 2.682/99 do Banco Central do Brasil (BACEN), que disp6e sobre criterios de classifica~ao das opera~6es de credito e regras para constitui~ao das perdas estima- das para creditos de liquida~ao duvidosa, apesar de ser direcionada para ado,ao pelas institui~6es financeiras no Brasil, e uma boa fonte de principios e conceitos importantes na analise da estimativa de recebimento de um credito. No artigo 2' da Resolu~ao esta previsto que todos os creditos (vencidos e a vencer) devem ser 58 Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos classificados em niveis distintos de risco, e de acordo com a seguinte orienta~iio: ''A classifica~iio da opera~iio no nivel de risco correspondente e de responsabilidade da institui~iio detentora do credito e deve ser efetua- da com base em criterios consistentes e verificaveis, amparada por informa~6es internas e externas ... ". Na classifica~iio dos titulos nas nove classes de risco con- templadas na Resolu~iio, varios aspectos devem ser ob- seIVados, destacando-se os seguintes: "I - em rela~iio ao devedor e seus garantidores: a) situa~ao economico-financeira; b) grau de endividamento; c) capacidade de gera~iio de resultados; d) fiuxo de caixa; e) adminis- tra~iio e qualidade de controles; f) pontua- lidade e atrasos nos pagamentos; g) contin- gencias; h) setor de atividade economica; i) limite de credito; II - em rela~ao a opera~iio: a) natureza e finali- dade da rransa~iio; b) caracteristicas das ga- rantias, particularmente quanta a suficiencia de liquidez; c) valor ... e situa~oes de renda e de patrimonio bem como outras informa~oes cadastrais do devedor ... ". Esses aspectos previstos somente exemplificam al- guns a serem considerados na classifica~ao do risco de credito. Alem disso, tambem devem ser observadas: a) as revisoes peri6dicas das classifica~oes de risco; b) amilises de risco feitas niio coletivamente, mas individualmente por devedor, e em cada devedor os creditos devem ser ainda segre- gados por vencimentos (titulos vencidos e vincendos), por garantias, por natureza do credito etc. Em suma, a estimativa de perda deve ser feita pe- rante uma analise detalhada e criteriosa, independen- te de regras fiscais. Apesar de ser uma resolu~ao a ser obrigatoriamente observada por institui~oes financei- ras, tais criterios sao boa base para quaisquer socieda- des com valores relevantes de contas a receber em seus ativos. Com a classifica~iio dos creditos nas classes de risco, a cada classe de risco e atribuido um percentual para a constitui~iio da perda estimada. ii) 0 Problema das Perdas Estimadas versus Perdas Incorridas Essas praticas brasileiras mostradas no item (i) precedente estao muito firmadas no conceito conhecido por Perdas Estimadas. Ou seja, sao levantados valores relativos a ajustes por perdas em fun~ao de situa~oes especificas de determinados clientes ja em inadimplen- cia, prestes a entrar em inadimplencia e ainda se adi- cionam aspectos relativos a probabilidades de nao re- cebimentos em decorrencia de expectativas originadas de diversos fatores, experiencias passadas, estimativas quanto a mudan~as de cenarios etc. o outro criterio para registro das estimativas de perdas em creditos de liquida~iio duvidosa e 0 deno- minado como Perdas Incorridas. Sob essa altemativa sao s6 reconhecidos como despesas os valores de per- das ja de conhecimento da investidora detentora dos creditos. Assim, somente inadimplencias ja existentes, atrasos fora do normal ja ocorridos, notfcias ja veicu- ladas de falencias, recupera~ao judicial, inadimplencia junto a ourras entidades etc. sao fatos originadores do reconhecimento de despesas. No maximo sao aceitas despesas por conta de previsoes de inadimplencias fu- turas quando os fatos originadores sao bem conheci- dos, estao presentes e ja se conhece razoavelmente bem seus efeitos. Por exemplo, entram nesta ultima catego- ria problemas de niveis de desemprego crescentes ja conhecidos, mas abrangendo exatamente os clientes da entidade, e nao a economia em geral; ou entao crises de liquidez com consequencias em outras institui~oes do mesmo ramo economico que a detentora de creditos em analise que ja sejam verificaveis e mensuraveis etc. As normas internacionais e 0 Pronunciamento CPC 38 - Insrrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensura~ao s6 reconhecem a possibilidade de regisrro contabil das Perdas Incorridas, niio aceitando reconhe- cimento de Perdas simplesmente Esperadas. Assim, a viger esse Pronunciamento para a partir de 2010, estariam todas as empresas brasileiras sujeitas a ele impedidas de reconhecer perdas por expectativas, medias passadas, crises de liquidez gerais e nao aplica- veis especificamente aos clientes da entidade etc., ou seja, nao poderiam continuar trabalhando a base das Perdas Esperadas. o que se espera e uma modifica~ao nas normas intemacionais. Espera-se que 0 IASB passe a aceitar o conceito de Perdas Estimadas ja a partir de 2010, e que 0 CPC adote essa nova postura tambem (bem como CVM, CFC e outros 6rgaos reguladores brasileiros), 0 que podera fazer com que possamos manter as praticas anteriores. Caso isso nao ocorra, ter-se-a uma modifica- ~ao muito forte nessas pracicas de reconhecimento das despesas com perdas dessa natureza. Se nao ocorrer essa mudan~a, teremos que passar, a partir de 2010, do conceito de Perdas Estimadas para Perdas Incorri- das. E isso abrangera tambem as institui~oes financei- ras obrigadas a apresentar demonsrra~oes consolidadas conforme as normas do IASB. c) CONTABILIZAGAO A constitui~ao da perda estimada tem como con- rrapartida contas de despesas operacionais (Despesas com Vendas). Quando um saldo se toma efetivamente incobd.vel, ou seja, quando se esgotaram sem sucesso os meios possfveis de cobran~a, sua baixa da conta de clien- tes deve ser feita tendo como contrapartida a propria conta redutora. Vejamos urn caso pnitico de contabiliza- ~ao, inclusive para recupera~6es de contas ja baixadas. Suponhamos que os saldos iniciais de contas a re- ceber e da PECLD de determinado perfodo sejam se- gregados por classe de risco e sejam assim compostos: Classe de A receber PECLD Lfquido %de devedor PECLD Classe A 50.000 (750) 49.250 1,5% Classe B 70.000 (1.400) 68.600 2,0% Classe C 60.000 (1.800) 58.200 3,0% Classe D 80.000 (3.200) 76.800 4,0% TOTAL 260.000 (7.150) 252.850 2,8% Percebe-se que a analise do risco de credito foi fei- ta individualmente por devedor, pois os percentuais de Contas de Ativo Saldo inicial Recebimento Classe A 50.000 (49.250) PECLD classe A (750) TOTAL 49.250 (49.250) CONTAS DE RESULTADO b) Clientes classe B pagaram $ 65.000 dos $ 70.000 que deviam. A PECLD desse clien- te era de $ 1.400, resultando em urn saldo Hquido a receber de $ 68.600, superior ao valor efetivamente recebido. Portanto, a PECLD foi insuficiente em rela~ao a perda ocorrida. A perda estimada foi realizada integralmente e tambem ocorre efeito no resultado pelo registro da perda ocorrida no perfodo em virtude da insuficiencia da PECLD ($ 3.600). Os lan~amentos contabeis e a movimenta~ao em forma de tabela desse evento sao os seguintes: Saldo Saldo Contas a Receber 59 PECLD sao distintos para cada classe de risco. Durante o perfodo, ocorreram os seguintes eventos: a) Clientes da classe A pagaram $ 49.250 dos $ 50.000 que deviam. A PECLD dessa classe era de $ 750 e 0 saldo Hquido a receber era de $ 49.250, igual ao valor recebido. Portan- to, a PECLD foi exata para amortecer a perda ocorrida, tendo sido realizada integralmen- te, nao havendo efeito posterior a constitui- ~ao da PECLD no resultado. Os lan~amentos contabeis e a movimenta~ao em forma de tabela desse evento sao os seguintes: Recebimento de clientes classe A D - Caixa C - Contas a receber classe A Realiza~ao da PCLD D - PECLD classe A C - Contas a receber classe A $ 49.250 $ 49.250 $ 750 $ 750 Saldo Realiza~ao PECLD Saldo final intermediario 750 (750) 0 (750) 750 0 0 0 0 Recebimento de clientes classe B D - Caixa $ 65.000 C - Contas a receber classe B $ 65.000 Realiza~ao da PECLD D - PECLD classe B $ 1.400 C - Contas a receber classe B $ 1.400 Reconhecimento das perdas dos clientes classe B D - Perdas com incobraveis $ 3.600 C - Contas a receber classe B $ 3.600 Realiza-;ao Saldo Reconhecimento Saldo Contas de ativo inicial Recebimento intermediario PECLD intermediario das perdas final Classe B 70.000 (65.000) 5.000 (1.400) 3.600 (3.600) 0 PCLD classe B (1.400) (1.400) 1.400 0 0 TOTAL 68.600 (65.000) 3.600 0 3.600 (3.600) 0 Contas de resultado Perdas com incobraveis (3.600) (3.600) 60 Manual de Contabilidade Societ;:hia • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos c) Clientes classe C pagaram integralmente os $ 60.000 que deviam, nao havendo perda alguma. Como havia a PECLD de $ 1.800 e esta nao foi utilizada, deve-se reverter seu saldo com reconhecimento no resultado. Os lan~amentos contabeis e a movimenta~ao em forma de tabela desse evento sao os se- guintes: Contas de ativo Saldo inicial Classe C 60.000 PECLD classe C (1.800) TOTAL 58.200 Contas de resultado Outras receitas operacionais ou recupera~ao de despesas d) Clientes classe D pagaram $ 60.000 dos $ 80.000 que deviam, e entraram em processo de falencia, nao havendo qualquer expecta- tiva de receber 0 saldo remanescente. Por- tanto, a PECLD deve ser integralmente reali- zada e 0 saldo a receber remanescente deve ser lan~ado como perda com incobraveis. Os lan~amentos contabeis e a movimenta~ao em forma de tabela desse evento sao os se- guintes: Contas Saldo Recebimento Saldo de ativo inicial intermediario Classe D 80.000 (60.000) 20.000 PECLD classe D (3.200) (3.200) TOTAL 76.800 (60.000) 16.800 Contas de resultado Perdas com incobraveis e) Urn antigo Cliente F pagou 0 valor de $ 15.000 de dividas que ja haviam sido consi- deradas incobraveis em periodos anteriores. Nesse caso houve uma recupera~ao de cre- dito, e esta deve ser registrada na conta de resultado Outras Receitas Operacionais. Os lan~amentos contabeis sao os seguintes: Recebimento do Cliente F D - Caixa C - Outras Receitas Operacionais (Recupera~ao de Creditos) $ 15.000 $ 15.000 Recebimento de clientes classe C D - Caixa C - Contas a receber classe C Reversao da PECLD $ 60.000 $ 60.000 D - PECLD classe C C - Outras receitas operacionais (ou recupera~ao de despesas) Recebimento Saldo Reversao intermediario PECLD (60.000) 0 0 (1.800) 1.800 (60.000) (1.800) 0 1.800 Recebimento de clientes classe D D - Caixa C - Contas a receber classe D Rea1iza~ao da PECLD D - PECLD classe D C - Contas a receber classe D Reconhecimento das perdas dos clientes classe D D - Perdas com incobraveis C - Contas a receber classe D Realiza~ao Saldo Reconhecimento PECLD intermediario das perdas (3.200) 16.800 (16.800) 3.200 0 0 16.800 (16.800) (16.800) $ 1.800 $ 1.800 Saldo final 0 0 0 1.800 $ 60.000 $ 60.000 $ 3.200 $ 3.200 $ 16.800 $ 16.800 Saldo final 0 0 0 (16.800) f) No periodo, foram feitas vendas a prazo, sendo esses os saldos finais antes da consti· tui~ao da PECLD. A classifica~ao e feita com base na analise individual de cada cliente (similar aos criterios da Resolu~ao Bacen ng 2.682/99 ja mencionada): Classe de devedor A receber Classe A 100.000 Classe B 120.000 Classe C 130.000 Classe D 0 TOTAL 350.000 g) Aplicando-se urn percentual diferenciado para cada nivel individual de risco de ere- dito, que e determinado com base nas ca- racteristicas e probabilidades de recebimen- to para cada nivel de risco, a entidade teve como base os seguintes percentuais para a constitui~ao da nova PECLD: Cliente % de PClD Classe A 2,0% Classe B 2,5% Classe C 3,0% Classe D 4,0% Com base nesses percentuais, a constitui~ao da nova PECLD e feita. Os lan~amentos contabeis e os sal- dos finais sao os seguintes: Constitui~ao da nova PECLD D - Despesa com PECLD (Despesa de Vendas) $ 8.900 Classe A ClasseB Classe C C-PECLD Classe A Classe B Classe C Devedor A receber ClasseA 100.000 Classe B 120.000 Classe C 130.000 Classe D 0 TOTAL 350.000 PCLD (2.000) (3.000) (3.900) 0 (8.900) $ 2.000 $ 3.000 $ 3.900 $ 2.000 $ 3.000 $ 3.900 lfquido a receber 98.000 117.000 126.100 0 341.1 00 $ 8.900 % de PCLD 2,0% 2,5% 3,0% 4,0% 2,5% Com rela~ao ao item c anterior, 0 saldo nao utiliza- do da PECLD de $ 1.800 foi revertido contra 0 resulta- do, sendo este 0 procedimento mais correto. Entretan- to, pode-se manter esse saldo nao utilizado da PECLD ate a constitui~ao da nova PECLD. Caso nao tivesse sido revertido 0 saldo nao utilizado da PECLD, a situa~ao antes da constitui~ao da nova PECLD seria a seguinte: Devedor A receber PECLD Classe A 100.000 0 Classe B 120.000 0 Classe C 130.000 (1.800) Classe D 0 0 TOTAL 350.000 (1.800) Contas a Receber 61 Nesse caso, como a PECLD final dos clientes clas- se Cede $ 3.900, deve haver a complementa~ao de $ 2.100. Assim, 0 lan~amento da constitui~ao da PE- CLD final seria 0 seguinte: Constitui~ao da nova PECLD D - Despesa com PCLD (Despesa de Vendas) $ 7.100 Classe A $ 2.000 Classe B $ 3.000 Classe C $ 2.100 C-PECLD $ 7.100 Classe A $ 2.000 Classe B $ 3.000 Classe C $ 2.100 o efeito Jiquido no resultado pelos dois procedi- mentos e 0 mesmo, mas 0 primeiro procedimento evi- dencia melhor os efeitos do risco de credito da entidade e a efetividade das estimativas realizadas. Indica com isso 0 quanto da PECLD foi revertida para 0 resultado (indicando conservadorismo nas estimativas contabeis) e a efetiva despesa do periodo com a constitui~ao da nova PECLD. Comparando essas duas situa~6es para os clientes Classe C, tem-se: Contas de resultado Caso da Caso do reversao complemento Outras receitas com reversao 1.800 0 Despesa com nova PCLD (3.900) (2.100) Efeito liquido (2.100) (2.100) Quando a perda estimada e inferior ao saldo atual da conta no final do periodo anterior, no caso de nao haver a reversao do saldo nao utilizado da PECLD, 0 ajuste contabil e efetuado de forma semelhante, rever- tendo-se 0 excesso como receita (operaciona!). d) ASPECTOS FISCAIS o aspecto contabil e a estimativa adequada com rela~ao a perda estimada em crectitos de liquida~ao du- vidosa independe da legisla~ao fiscal, e compreende: (i) constitui~ao da perda estimada, conforme os niveis adequados de risco de credito, no perfodo em que os crectitos foram originados (regime· de competencia) e com a atualiza~ao desse risco periodicamente; (ii) realiza~ao da perda estimada pela absor~ao dos cre- ditos nao recebidos, quando a administra~ao os con- siderar incobniveis; (iii) reversao da perda estimada quando constituida em excesso ao valor efetivamente perdido; e (iv) a baixa dos creditos como perdas efeti- vas do perfodo quando a estimativa for constituida em valor inferior as perdas efetivamente ocorridas. 62 Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos Como mencionado em item anterior, a PECLD tern a finalidade de ajustar as contas a receber (creditos) para seu provavel valor de realiza~ao, tendo como contrapartida uma despesa (de vendas) no resultado do periodo em que 0 credito foi gerado. Entretanto, a legisla~ao fiscal nao reconhece essas despesas para efeitos de dedutibilidade fiscal. As normas fiscais nao adotam e nao reconhecem 0 objetivo essencial da PE- CLD deixando de adotar urn adequado regime de com- petencia para uma especie de "regime fiscal", que nem pode ser considerado regime de competencia de fato e nem regime de caixa. A regulamenta~ao fiscal exige tratamento contabil especifico para possibilitar a dedutibilidade das perdas (art. 341 do RlR/99). Se fosse pertnitido 0 controle extracontabil das parcelas da PECLD que sao deduti- veis, assim como pennitido e recomendado para outras despesas e receitas que sao controladas na parte B do LALUR, a infortna~ao contabil poderia pertnanecer com seu carater relevante, com menos trabalho e custo. De acordo com a regulamenta~ao fiscal, somente serao dedutiveis da base de caIculo do Imposto de Ren- da e da Contribui~ao Social os registros contabeis re- lativos a perdas (despesas, contabilmente) de creditos referentes aos casos em que (art. 340 do RlR/99): I - ja exista declara~ao de insolvencia do de- vedor, por meio de senten~a do Poder Ju- dici<irio; II - nao exista garantia de valor para os creditos de ate R$ 5.000,00, por opera~ao, vencidos ha mais de seis meses; nao exista garantia de valor para os creditos entre R$ 5.000,00 e R$ 30.000,00 por opera~ao e vencidos M mais de urn ana e que estejam em processo de cobran~a administrativa (como 0 protes- to do titulo em cartorio) e, finalmente, nao exista garantia para os creditos de valor su- perior a R$ 30.000,00 e vencidos M mais de urn ano, cujos procedimentos judiciais para recebimento ja estejam em andamen- to (como execu~ao judicial, por exemplo); III - haja garantia para os valores a receber ja vencidos ha mais de dois anos e que ja es- tejam contemplados em procedimentos judiciais para recebimento ou arresto das garantias em andamento. Consideram-se creditos com garantia aqueles decorrentes de vendas a prazo com reserva de dominio, de aliena~ao fiduciaria em garantia ou de operac;5es com outras garantias reais; N - haja declara~ao de falencia ou concordata do devedor, em rela~ao a parcela incobra- vel, observando-se que a dedu~ao da perda sera admitida a partir da data da decreta- ~ao da falencia ou da concessao da concor- data, desde que a cfedora tenha adotado as procedimentos judiciais necessarios para 0 recebimento do credito, tais como a sua de- vida habilita~ao. Assim, se a empresa for contribuinte do Imposto de Renda com base no Lucro Real, devera manter 0 controle individualizado dos titulos representativos de seus creditos fiscalmente contabilizados como "perdas estimadas" . Fiscalmente, 0 reconhecimento das perdas decor- rentes da inadimplencia dos devedores (perdas confor- me os criterios fiscais mencionados anteriormente) e util, exclusivamente, para atender a exigencia da legis- la~ao fiscal (Lei nn 9.430/96 e IN SRF nn 93/97), com a finalidade de deduzi-Ias na base de ca1culo do Imposto de Renda e da Contribui~ao Social. o art. 341 do RlR/99, que trata do registro con- nibil das perdas, obriga que as entidades fa~am dois tipos distintos de contabiliza~ao para que possa haver a dedutibilidade fiscal. No primeiro caso, que se refere exclusivamente aos creditos vencidos ha mais de seis meses e cujo valor seja de ate $ 5.000,00 (§ In, inciso II, alinea a do art. 341 do RlR/99), os registros contabeis das perdas (perdas conforme os criterios fiscais) devem ser feitos "a debito de conta de resultado e a credito da conta que registra 0 credito", ou seja, nesse caso, quan- do os criterios fiscais que caracterizam a perda forem observados, deve haver 0 lan~amento dessa perda a de- bito no resultado e a credito diretamente na respectiva conta a receber do ativo. Nao ha a realiza~ao da PECLD contabil, ja que os creditos perdidos sao lan~ados dire- tamente para 0 resultado. Para todos os outros casos, tambem quando os cri- terios fiscais que caracterizam a perda forem observa- dos, deve-se lan~ar 0 valor dos creditos considerados perdidos a debito do resultado e a contrapartida a cre- dito "de conta redutora do credito". Esse e urn lan~a mento anaIogo a constitui~ao da PECLD, so que este e uma perda fiscal. Isso implica que tambem nao ha a realiza~ao da PECLD contabil, ja que os valores origi- nais das contas a receber pertnanecem escriturados no ativo (0 valor das contas a receber liquido da provisao e igual a zero). A consequencia desse tratamento con- tabil obrigatorio fiscalmente e a pertnanencia da per- da fiscal como redutora de ativo por prazo estipulado tambem fiscalmente (5 anos, confortne § 4n do art. 341 do RlR/99). Esse procedimento tambem implica que mesmo os creditos sendo gerencialmente considerados perdidos devam ficar indevidamente escriturados no ativo da entidade. Ressalta-se que, para a publica~ao das demons- tra~6es contabeis, esses procedimentos nao devem ter efeito em termos de evidencia~ao, ja que 0 saldo das contas a receber e da perda fiscal devem aparecer Ii- quidos (nao ha a evidencia~ao do valor a receber e sua respectiva provisao integral). Buscando deixar claro 0 procedimento contabil que a legisla~ao fiscal requer, comenta-se a seguir os procedimentos contabeis que podem ser adotados para que os efeitos distorcivos da legisla~ao fiscal possam ser sanados. Para tal, duas subcontas redutoras podem ser criadas no ativo e no resultado, conforme tabela a seguir: ATIVO PECLD (conta retificadora do contas a receber) PECLD nao dedutfvel (au cont"bil) Perda dedutfvel (au fiscal) PECLDTOTAL RESULTADO PCLD Despesa com PECLD nao de- dutfvel (au cont"bil) Oespesa com perda dedutfvel (au fiscal) Receita de reversao de PECLD nao tributavel (au contabil) Receita de reversao de perda tribut"vel (au fiscal) Oespesa (au Receita) Uquida com PECLD Conforme ja comentado, 0 registro das perdas relativas a titulos sem garantia cujo valor seja de ate $ 5.000,00 por opera~ao, e vencido M mais de seis me- ses, devera ser creditado na pr6pria conta representati- va do direito (Contas a Receber). Nos demais casos, 0 registro podera ser efetuado a credito da subconta da PECLD dedutivel fiscalmente, para poder haver segre- ga~ao da PECLD nao dedutivel (esta ultima com efeitos corretos da contabilidade feita pelo regime de compe- tencia e de acordo com estimativas adequadas). Alem da subconta da PECLD no ativo, a Perda dedutivel do re- sultado tern a finalidade de receber os registros das per- das jiscais, nao havendo confusao entre a despesa com PECLD pelo regime de competencia e 0 registro fiscal. Vejamos urn exemplo contemplando a contabiliza- ~ao da Perda estimada em Creditos de Liquida~ao Duvi- dosa e as Perdas conforme os criterios fiscais. Suponba- mos que a Cia. ABC apresente no Balan~o Patrimonial de abertura de certo exercicio os seguintes saldos refe- rentes II conta de Contas a Receber de Clientes: Conla Duplicatas a receber (-) PECLD nao dedutfveis (-) Perdas dedutfveis (-) PECLD total Creditos Uquidos Saldo inidal ($) 500.000 (70.000) o (70.000) 430.000 Contas a Receber 63 Durante 0 exercicio, ocorreram os seguintes fatos: a) Homologa~ao da concordata do cliente X que se compromete a pagar 75% de sua di- vida de $ 20.000, tendo a Cia. ABC adotado os procedimentos judiciais necessarios para o recebimento de seus creditos. Conforme a legisla~ao fiscal, a entidade credora pode tomar a dedutibilidade fiscal da parcela que efetivamente nao sera recebida (25% x $ 20.000 = $ 5.000). Aparcela remanescen- te de $ 15.000 ainda pode ser recebida no futuro, mas a entidade considera prudente manter integralmente a estimativa de perda para esses creditos. 0 procedimento contabil alternativo, para que haja a possibilidade da dedutibilidade fiscal dessa parcela dos cre- ditos considerada como perda, e 0 seguinte: i) Reversao de parcela da PECLD nao dedu- tivel para 0 resultado D - PECLD nao dedutivel (conta retificadora de ativo) C - Reversao da PECLD nao tributavel (conta de resultado) Ii) Registro fiscal da perda D - Perda dedutivel (conta de $ 5.000 $ 5.000 resultado) $ 5.000 C - Perda dedutivel (conta retificadora de ativo) $ 5.000 Com esse procedimento alternativo de contabiliza- ~ao, substitui-se a realiza~ao da PECLD pela reversao da PECLD nao tributavel mais a constitui~ao da Perda dedutivel. Contabilmente, 0 efeito e 0 mesmo que 0 da realiza~ao da PECLD, pois nao deve haver efeito no re- sultado. Entretanto, os valores que efetivamente nao serao recebidos ainda permanecem indevidamente no ativo, retificados pela Perda dedutivel. Os lan~amentos anteriores podem ser assim visualizados: ATIVO Saldo Reversao e Conta inicial lan-;amento Saldo (R$) fiscal Duplicatas a receber 500.000 500.000 (-) PECLD nao dedutfveis (70.000) 5.000 a) (65.000) (-) Perdas dedutfveis 0 (5.000) b) (5.000) (-) PECLD total (70.000) 0 (70.000) Creditos Lfquidos 430.000 0 430.000 64 Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos RESUL1l\DO Demonstra~ao do Resultado Reversao de PECLD - nao tributa.veis Constitui~ao de Perda - dedutiveis Efeito liquido 5.000 a) (5.000) b) o A Perda dedutivel retificadora deve ser mantida no ativo junto com os respectivos creditos por pelo menos cinco anos. Caso haja 0 estorno desse lan~amento ou a baixa das contas a receber contra essa conta antes des- se prazo, 0 fisco desconsidera 0 lan~amento inicial da perda fiscal, e esse valor inicialmente deduzido da base de calculo do imposto deve ser tributado. b) Urn titulo de $ 2.000 completa 6 meses de vencido, sem que tenha side pago, e e consi- derado de dificil recebimento pela empresa, e ja existe a PECLD nao dedutivel integral para esse credito. Conforme a legisla~ao fis- cal, a entidade credora pode tamar a dedu- tibilidade fiscal desses creditos somente se der baixa dele diretamente contra 0 re- sultado. Ainda com rela~ao a esse credito, a entidade eonsidera que esse valor pode ainda nao ser uma perda efetiva, existindo a possibilidade de recupera~ao, 0 que con- tabilmente implica a manuten~ao do credito no ativo junto com uma conta retificadora desse valor. E de reparar que se 0 eorreto procedimento eontabil for feito (manuten- ~ao da PECLD nao dedutivel e dos ereditos no ativo), nao existe a possibilidade da to- mada da dedutibilidade fiscal. Portanto, ha urn problema: deseobrir uma forma de con- tabiliza~ao que amenize os efeitos distarci- vos da norma do fiseo, easo contnirio, estani isso obrigando a contabilidade a ficar erra- da, ja que e obrigatoria a baixa dos creditos no resultado para efeito da dedutibilidade. Para sanar esse efeito, poderia entao haver urn lan- ~amento adicional oposto ao lan~amento contabil. iii) Registro fiscal da perda D - Perda dedutivel (eonta de resultado) C - Contas a receber (baixa do titulo) iv) Registro restaurador do ativo D - Contas a receber (reversao da $ 2.000 $ 2.000 baixa do titulo) $ 2.000 C - PECLD nao tributavel (acerto da Perda dedutivel conta de resultado) $ 2.000 E de reparar que esse procedimento implica a ma- nuten~ao do valor do eredito de $ 2.000 no ativo e a elimina~ao do efeita da Perda dedutivel no resultado. ATIVO Saldo Baixa do credito Conla anterior e reversao de Saldo PECLD Duplicatas a receber 500.000 (2.000) + 2.000 500.000 e) e d) (-) PECLD nao dedu- (65.000) (65.000) tfveis (5.000) (5.000) (-) Perdas dedutiveis (-) PECLD total (70.000) (70.000) Cn§ditos Lfquidos 430.000 a 430.000 RESULT ADO Demonstra~ao do Resultado PECLD - nao tributaveis Perda dedutivel Efeito liquido 2.000 d) (2.000) c) o Contabilmente, nao deve haver efeito no resulta- do, pois ja existe a PECLD para esses creditos. e) Urn titulo de $ 9.000,00 completa 1 ana de vencido, sem que tenha sido pago, e a ABC inicia 0 processo administrativo de cobran- ~a. Conforme a legisla~ao fiscal, a entidade eredora pode tamar a dedutibilidade fiscal desses ereditos registrando a perda fiscal no resultado e a eontrapartida na conta de Per- da dedutivel (retificadora). A entidade ABC considera impossivel a recupera~lio des- ses creditos, 0 que contabilmente deveria implicar a baixa desses creditos contra sua PECLD, que ja existia integralmente. Entre- tanto, se isso for feito, nao existe a possihi- lidade da tomada da dedutibilidade fiscal. Portanto, a eseritura~ao fica errada, mos- trando os ereditos no ativo retifieados pela Perda dedutivel. Os lan~amentos sao os se- guintes: v) Registro fiscal da perda D - Perda dedutivel (conta de resultado) $ 9.000 C - Perda dedutivel (conta retificadora de ativo) $ 9.000 vi) Reversao da PECLD nao dedutivel para eliminar 0 efeito fiscal errado no resul- tado D - PECLD nao dedutivel (conta retificadora de ativo) $ 9.000 C - Reversao da PECLD nao tributavel (conta de resultado) $ 9.000 Com esse procedimento de contabilizac;ao, substi- tui-se a realizac;ao da PECLD pela reversao da PECLD nao dedutivel mais a constituic;ao da Perda dedutivel. Contabilmente, 0 efeito e urn erro, ja que os creditos considerados como perda pela administrac;ao nao sao baixados contabilmente. Nesse caso, 0 adequado seria, para correta elaborac;ao do balanc;o, considerar 0 ativo pelo valor liquido, e nao 0 registro do credito e de sua perda dedutivel. Os lanc;amentos anteriores podem ser assim visua- lizados: ATIVO Saldo Reversao e Conta anterior lan~amento Saldo fiscal Duplicatas a receber 500.000 H PECLD nao dedutiveis (65.000) (9.000) f) H Perdas dedutfveis (5.000) (9.000) e) H PECLD total (70.000) Cn§ditos Uquidos 430.000 RESUL1l\DO Demonstrac;ao do Resultado Reversao de PECLD nao tributavel Constituic;ao de Perda dedutivel Efeito liquido no resultado 0 0 500.000 (56.000) (14.000) (70.000) 430.000 9.000 f) (9.000) e) o d) Urn titulo de $ 55.000,00 completa 1 ana de vencido, sem que tenha sido pago, e a em- presa inicia 0 processo judicial de cobran- c;a. Conforme a legislac;ao fiscal, a entidade credora pode tomar a dedutibilidade fiscal desses creditos. A entidade ainda conside- ra que esses creditos serao recuperaveis. Os $ 55.000 da PECLD nao dedutivel sao rever- tidos para 0 resultado. Os lanc;amentos sao os seguintes: vii) Reversao da PECLD nao dedutivel D - PECLD nao dedutivel (conta retificadora de ativo) $ 55.000 C - Reversao da PECLD nao tributavel (conta de resultado) $ 55.000 Contas a Receber 65 viii) Constituic;ao da Perda dedutivel D - Perda dedutivel (conta de resultado) $ 55.000 C - Constituic;ao da Perda dedutivel (conta retificadora de ativo) $ 55.000 Esses lanc;amentos nao resultam em efeito liquido no resultado. Os lanc;amentos anteriores podem ser as- sim visualizados: ATIVO Reversao e Saldo Conla anterior lan~amento Saldo fiscal Duplicatas a receber 500.000 500.000 H PECLD nao dedutiveis (56.000) (55.000) g) (1.000) H Perdas dedutfveis (14.000) (55.000) h) (69.000) H PECLD total (70.000) 0 (70.000) Creditos Lfquidos 430.000 430.000 RESUL1l\DO Demonstrac;ao do Resultado Reversao de PECLD nao tributavel 55.000 g) Constituic;ao de Perda dedutivel (55.000) h) Efeito liquido no resultado o e) A ABC recebe $ 300.000,00 relativos a dupli- catas a receber que estavam em aberto no fim do exerdcio anterior. 0 lanc;amento e trivial: D - Caixa (ou Bancos) $ 300.000 C - Duplicatas a receber Ou em forma de tabela: Conta Saldo anterior Duplicatas a receber 500.000 H PECLD nao dedutfveis (1.000) H Perdas dedutfveis (69.000) H PECLD total (70.000) Cn§ditos Uquidos 430.000 $ 300.000 Rece- Saldo bimento (300.000) 200.000 (1.000) (69.000) (70.000) (300.000) 130.000 f) Neste exercicio, vende a prazo $ 600.000,00. o lanc;amento e trivial, sem ainda considerar ajuste a valor presente que sera discutido no tcpieo 6.4: D - Duplicatas a receber C - Receita de Vendas $ 600.000 $ 600.000 66 Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos A movimenta~ao do ativo em forma de tabela: Conta Saldo Vendas Saldo anterior a prazo Duplicatas a receber 200.000 600.000 800.000 H PECLD nao dedutfveis (1.000) (1.000) H Perdas dedutfveis (69.000) (69.000) H PECLD total (70.000) (70.000) Creditos Uquidos 130.000 600.000 730.000 g) o saldo de duplicatas a receber em aberto e de $ 800.000, e este deve ser analisado. A composi~ao desses creditos e a seguinte: Vendas a prazo do periodo 600.000 Creditos anteriores em aberto 130.000 CrMitos considerados como perda fiscal 5.000 a) CrMitos considerados como perda fiscal 9.000 c) Creditos considerados como perda fiscal 55.000 d) CrMitos nao considerados como perda fiscal (PECLD) 1.000 Total do contas a receber 800.000 o saldo total em aberto e de $ 800.000 que, ap6s a exclusao dos valores de perdas dedutiveis de $ 69.000 (soma de a, c e d), seria pelo criterio do fisco de $ 731.000. Considerando que foi feita nova analise dos valores a receber e a PECDL resulte no seu total (somente para simplifica~ao do exemplo) em 10% do saldo dos val ores a receber contabilizados, ou seja, tem-se que 0 valor da nova PECLD nao dedutivel deve ser de $ 80.000. Entretanto, parte ja esta contabili- zada como perda dedutivel ($ 69.000) e parte como PECLD ($ 1.000). Como ja existe esse saldo remanes- cente que incorpora os criterios do fisco e possibilita a dedutibilidade, a contabiliza~ao agora pode ser feita pelos acrescimos adequados para a correta apresen- ta~ao do ativo: D - Despesa com PECLD nao dedutivel (conta de resultado) $ 10.000 C - PECLD nao dedutivel (conta retificadora de ativo) $ 10.000 Os lan~amentos anteriores podem ser assim visua- lizados: Saldo Nova Conta anterior PECLD nao Saldo dedutivel Duplicatas a receber 800.000 800.000 H PECLD nao dedutrveis (1.000) (10.000) (11.000) (-) Perdas dedutrveis (69.000) (69.000) H PECLD total (70.000) (10.000) (80.000) Creditos Lrquidos 730.000 (10.000) 720.000 RESUL'Il\DO Demonstra~ao do Resultado Constitui~ao de PECLD nao dedutivel (10.000) i) Pode-se perceber por meio dos exemplos que a norma fiscal acabou par tomar 0 uso da PECLD com- plicado, levando a que muitos profissionais interpretem de forma errada seu efetivo objetivo, e considerem ape- nas a tomada da dedutibilidade fiscal. Novamente, 0 uso da PECLD tem 0 objetivo de ajustar as contas a receber para seu provavel valor de realiza~ao, alem de proporcionar um ajuste adequado ao regime de com- petencia na receita de vendas, para que tambem reflita de forma mais real os fiuxos de caixa futuros espera- dos. A legisla~ao fiscal nao considera adequadamente esse objetivo e tem criterios diferentes, fazendo com que os creditos a receber sejam ajustados apenas por "Perdas dedutiveis", conforme os criterios fiscais, e nao reflitam adequadamente 0 valor provavel de realiza- ~ao desses ativos. A concilia~ao dos procedimentos que permitem dedutibilidade fiscal com 0 real objetivo da PECLD pode requerer um complexo processo de con- trole e contabiliza~ao, conforme visto anteriormente. e) ASPECTOS COMPLEMENTARES N ormalmente a perda estimada e constituida para cobrir os casos de contas que nao se espera sejam re- cebidas dos clientes respectivos. Entretanto, em certos casos, pode-se incluir no dlculo das perdas estimadas as despesas complementares, alem do valor que se es- pera nao receber relativo aos pr6prios titulos. Esse pro- cedimento justifica-se e deve ser adotado nos casos a seguir: I - Despesas de cobran~a Conforme os tipos de opera~ao, as despesas de co- bran~a devem ser estimadas, particularmente quando forem significativas, 0 que ocorre em determinados ramos, como 0 de vendas para grande quantidade de clientes a presta~ao, e que sao de pequeno valor indi- vidual. Se a empresa mantem equipes de cobradores, seus gastos podem ser a base para tal estimativa. Logi- camente, nao deve abranger a despesa de cobran~a de vendas futuras. II - Descontos, ajustes de pre~o e abatimentos Para os descontos, abatimentos ou ajustes de pre- ~os significativos, conhecidos e calcuhiveis na data do Balan~o, relativos as contas a receber na mesma data, a empresa deve tamhem constituir estimativa adequada. 4.2.4 Securitizac;ao de recebfveis' Com 0 intuito de obter recursos a taxas mais com- petitivas, as empresas tern se utilizado de opera~iies es- truturadas de maneira a transferir 0 controle e 0 risco para outros investidores. A securitiza~ao e uma opera- ~ao financeira que faz a conversao de ativos a receber da empresa em titulos negociaveis - as securities (que em ingles se refere aos valores mobilhirios e aos titulos de cn~dito). Esses titulos sao vendidos a investidores que passam a ser os novos beneficiarios dos fluxos gerados pelos ativos. Entretanto, para viabilizar essa opera~ao, existe a intermedia~ao de uma Sociedade de Prop6sito Especffico (SPE) ou de urn fundo de investimento, de maneira que 0 risco do titulo e transferido para a SPE ou para 0 fundo. Os recursos, para 0 repasse a empresa, sao levantados junto ao investidor que adquire "cotas" (emitidas pela SPE ou Fundo) espedficas da opera~ao. Normalmente os recebiveis utilizados neste tipo de transa~ao sao de uma carteira de clientes da empresa, ou seja, enquanto 0 risco de uma concessao de "em- prestimo" it empresa nao tern diversifica<;ao, 0 risco dos recebiveis e diversificado, 0 que diminui consideravel- mente a exposi~ao ao risco de credito. Pela cessao (ven- da) desses titulos para a SPE ou para 0 fundo, a em- presa obtem os recursos para 0 financiamento das suas opera~iies ou de projetos de investimento. Dessa forma, no contexto brasileiro, "securitizar" tern 0 significado de converter determinados ativos em lastro para titulos ou valores mobiliarios a serem emitidos. 0 objetivo e a emissao de titulos ou valores mobilhirios lastreados pelos recebiveis da empresa ou outros ativos. A forma mais tradicional de securitiza~ao utiliza os recebiveis da empresa como lastro para a opera~ao (securitiza~ao de recebiveis). Entretanto, ha outros tipos de ativos que podem ser securitizados, como os creditos imobiliarios, os creditos financeiros (tais como emprestimos e finan- ciamentos no caso de institui~iies financeiras), faturas de cartao de credito, mensalidades escolares, contas a receber dos setores comercial, industrial e de presta~ao 1 Parte deste material foi extrafdo de GALDI, R C. et al. Securitiza- ~ao. In: LIMA, I. S. et al. (Ed.). Contas a Receber 67 de servi~os, fluxos de caixa esperados de vendas e ser- vi~os futuros, fluxos intemacionais de caixa derivados de exporta~ao ou de remessa de recursos para 0 pais, entre outros. A securitiza~ao de recebiveis pode ser fei- ta, basicamente, via SPE, via Companhia Securitizado- ra ou pela utiliza~ao de urn fundo de investimento em direitos credit6rios (FIDC). A normatiza~ao sobre securitiza~ao e regulada pela Comissao de Valores Mobiliarios (CVM), pelo Ban- co Central do Brasil (Bacen) e pela legisla~ao comercial e societaria. Para maiores detalhes sobre a contabiliza~ao des- ses ativos consulte 0 Capitulo 8 de Instrumentos Finan- ceiros deste Manual. 4.3 Outros creditos 4.3.1 Conceito e criterios contabeis o agrupamento de Outros Creditos pode ser gene- ricamente analisado como sendo composto pelos de- mais tftulos, valores e outras cantas a receber, normal- mente nao originadas do objeto principal da sociedade. Os criterios de avaliac;ao sao os mesmos, ista e, devem ser demonstrados por seus valores liquidos de realiza~ao, ou seja, por valores que se espera sejam re- cuperados, reconhecendo-se as perdas estimadas apre- sentadas como contas redutoras. Quanto it classifica~ao, as regras sao tamhem as mesmas. Sao classificadas no Ativo Circulante todas as cantas realizaveis em circunstancias normais dentro do prazo de urn ano; as que tiverem vencimento alem do exercfcio seguinte constituem Ativo Nao Circulante. Em termos de apresenta~ao no Balan~o, os Outros Creditos podem ser agrupados e apresentados em urn s6 titulo, se seu total nao for significativo, comparativa- mente com os demais subgrupos. Devedio, porem, ser segregados por especie, com destaque para as contas importantes, quando forem de valor relevante. Nesse caso, as contas devem ser descritas por titulo indicati- vo de sua natureza e origem. Esse subgrupo pode ser, portanto, composto de diversas contas, sendo as mais comuns as relacionadas a seguir, conforme 0 Modelo do plano de Contas. Outras contas da natureza de "Outros Creditos" poderao surgir, todavia, 0 tratamento conta- bil de tais contas, em termos de avalia~ao e classifica- ~ao, e semelhante ao exposto adiante. OUTROS CREDlTOS Titulos a receber a) Clientes - Renegocia~ao de contas a receber b) Devedores mobiliarios 68 Manual de Contabilidade Societ;:hia • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos c) Emprestimos a receber de terceiros d) Receitas financeiras a transcorrer (conta credora) Cheques em cobran~a Dividendos propostos a receber Bancos - Contas vinculadas Juros a receber Adiantamento a terceiros Creditos de funciomirios a) Adiantamentos para viagens b) Adiantamentos para despesas c) Antecipa~ao de sahirios e ordenados d) Emprestimos a funciomirios e) Antecipa~ao de 13' salario f) Antecipa~ao de ferias Tributos a compensar e recuperar a) IPI a compensar b) ICMS a recuperar c) IRRF a compensar d) IR e CS a restituir/compensar e) IR e CS diferidos f) PIS a recuperar g) Outros tributos a recuperar h) Cofins a recuperar Opera~6es em Bolsa a) Depositos para garantia de opera~ao a termo b) Premios pagos - mercado de op~6es Depositos restituiveis e valores vinculados Perdas estimadas em creditos de liquida~ao duvidosa (conta credora) Perdas estimadas (conta credora) Ajuste a valor presente (conta credora) 4.3.2 Titulos a receber Podem originar-se das proprias contas normais a receber de clientes, as quais, quando vencidas e nao pa- gas, sao passiveis de renegocia~ao mediante troea por Titulos a Receber (Notas Promissorias), com novos pra- zos de vencimento, normalmente acrescidos de juros. Podem tamhem ser oriundos de vendas nao ligadas as opera~6es normais da empresa, tais como vendas de investimentos ou bens do imobilizado, como imoveis, equipamentos, vefculos etc. Outro tipo de opera~ao aqui classificavel e a de titulos a receber por emprestimo feito a terceiros (pes- soas juridicas ou fisicas). Se a empresa tiver titulos a re- ceber de origem variada como a acima exemplificada, podeni criar subcontas, como segue: Titulos a Receber a) Clientes - Renegocia~ao de contas a receber b) Devedores por venda de ativo permanente c) Emprestimos a receber de terceiros e) Receitas financeiras a transcorrer (conta cre- dora) As parcelas vendveis dentro do prazo de urn ana sao c1assificadas no Circulante, e no "Nao circulante", especificamente no subgrupo Realizavel a Longo Pra- zo em rubricas similares, quando 0 vencimento supe- rar urn ano. Devemos relembrar aqui 0 mencionado no item 4.2.1, sobre a necessidade de segregar os even- tuais titulos a receber de controladas e coligadas. 4.3.3 Cheques em cobram;a Essa conta engloba os cheques recebidos ate a data do balan~o, mas nao cobraveis imediatamente, por se- rem pagaveis em outras pra~as ou por outras restri~6es de seu recebimento a vista. Podem originar-se, tam- hem, de cheques recebidos anteriormente e devolvidos por falta de fundos, que se encontrem em processo nor- mal ou judicial de cobran~a. Ja vimos, por outro lado, no Capitulo 3, Disponi- bilidades - Caixa e Equivalentes de Caixa (item 3.2.1, letra b), que os cheques em maos, oriundos de rece- bimentos ainda nao depositados na data do Balan~o, figurarao no Disponivel, se representarem cheques nor- mais pagaveis imediatamente. 4.3.4 Dividendos a receber Essa conta destina-se a registrar os dividendos a que a empresa tenha direito, em fun~ao de participa~6es em outras empresas, quando tais empresas ja tenham registrado no Passivo a parcela de Dividendos a Distri- buir. Posteriorrnente, da-se baixa nessa conta, quando do efetivo recebimento desses dividendos. (Veja Capi- tulo 9, Investimentos - Introdu~ao, item 9.3.2, letra c, II, Dividendos a receber.) :Eo interessante notar que esses valores so podem ser agora registrados se forem os dividendos minimos obri- gatorios reconhecidos pelas investidas, sem que se pre- veja qualquer hipotese de nao recebimento, e tamhem aqueles efetivamente aprovados pelas investidas pelos orgiios que tenham 0 poder dessa decisiio. Assim, divi- dendos simplesmente propostos, adicionais ao minimo obrigatorio, niio podem ser mais classificados como Pas- sivo na distribuidora desses dividendos e muito menos ainda como Dividendo a Receber na investidora. 4.3.5 Bancos - Contas vinculadas Veja Capitulo 3, Disponibilidades - Caixa e Equiva- lentes de Caixa, item 3.2.2, letra e, Depositos bancarios vinculados. 4.3.6 juros a receber o objetivo dessa conta e 0 de registrar os juras a receber de terceiras relativos a diversas opera~6es, tais como de emprestimos feitos a terceiras, juros das aplica~5es em titulos de emissao do govemo e outras opera~6es nas quais os juras niio sejam agregados aos proprios titulos. Sua contabiliza~ao deve seguir 0 regime de com- petencia, ou seja, pro rata temporis calculado pela taxa dos juras em fun~ao do tempo ja transcorrido. A contra- partida e registrada em Receita Financeira. 4.3.7 Adiantamentos a terceiros Essa conta engloba 0 numerario entregue a tercei- ras, mas sem vincula~iio especifica ao fomecimento de bens, produtos ou servi~os contratuais predetermina- dos. Veja 0 item 7.2.2, letra e, do Capitulo 7, Realiza- vel a Longo Prazo, (Niio Circulante), onde esta conta e melhor analisada. 4.3.8 Crf!ditos de funciomirios a) CONTEUDO E SUBCONTAS POR NATUREZA Esse agrupamento deve englobar todas as opera- ~5es de creditos de funcionarios por adiantamentos concedidos por conta de salarios, por conta de despe- sas, emprestimos e outros. Por esse motivo, essa conta deve ter subcontas em fun~iio dessa variedade de cre- dito, que pode ser: Creditos de funcionarios a) Adiantamentos para viagens b) Adiantamentos para despesas c) Antecipa~6es de salarios e ordenados Contas a Receber 69 d) Emprestimos a funcionarios e) Antecipa~iio de 132 salario f) Antecipa~ao de ferias b) CONTROLES ANALfnCOS Cada conta deve ter contrales analiticos por fun- cionario, cujos saldos devem ser periodicamente tota- lizados e confrontados com os saldos das contas res- pectivas. c) ADIANTAMENTOS PARA VIAGENS E DESPESAS Essas duas contas destinam-se a registrar os recur- sos fomecidos a funcionario para custear suas despesas de viagens a servi~o ou outras despesas. Sao debitadas por ocasiiio do pagamento, em cheque ou dinheiro, ao funcionario, segundo documento assinado por ele. A baixa (credito) nessas contas e feita pelas presta~6es de contas ou relatorios de despesas apresentados. a) Pelo adiantamento feito Adiantamentos para viagem a Caixa au Baneos b) Pela presta,ao de contas Oespesas de viagens - Caixa ou Bancos (pelo saldo devolvido) a Adiantamentos para viagens Debito Credito x x X x X d) ANTECIPAC;:OES DE SALAruOS E ORDENADOS Essa conta registra as adiantamentos feitos a fun- cionarios por conta de sahirio. Inumeras empresas ado- tam 0 procedimento de pagar 0 salario em duas parce- las. A primeira representa 0 adiantamento feito, que e registrado nessa conta, sendo baixado na folha de pa- gamento mensal, quando 0 adiantamento e descontado do salario total a pagar. e) EMPRESTIMOS A FUNCIONA!uOS Os valores a receber por emprestimos feitos pela empresa a seus funcionarios sao registrados nessa conta quando da concessiio do emprestimo. A conta e baixada pelos recebimentos efetuados diretamente do funcionario ou por meio de desconto em folha de pa- gamento OU, ainda, na rescisao contratual nos casos de desligamento. f) ANTECIPAc;:AO DE 132 SALAruO Conforme legisla~iio trabalhista vigente, e conce- dida pela empresa uma antecipa~iio do 132 salario no 70 Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos periodo de fevereiro a outubro, por ocasiao de ferias ou por liberalidade da empresa no atendimento de uma necessidade do funciomirio. Tal antecipa~ao e re- gistrada nessa conta quando de seu pagamento, sendo a baixa registrada quando do pagamento da primeira parcela do 132 salario (novembro), de cujo valor a an- tecipa~ao e descontada. g) ANTECIPA<;AO DE FERlAS Quando se efetivarem pagamentos aos funciona- rios a titulo de antecipa~ao sobre as ferias, tais valores devem ser registrados nessa conta. A baixa correspon- dente ocorrera quando da saida de ferias do funcio- nario, por meio do desconto em folha de pagamento daquele periodo, ou na rescisao contratual, em caso de desligamento. h) CLASSIFlCA<;AO DAS CONTAS Deve-se notar que algumas das contas apresen- tadas estao estreitamente ligadas a certas contas do passivo contra as quais serao recuperadas. A conta Antecipa~ao do 13' Salario tera seu saldo recuperado mediante desconto quando do pagamento do 13' sala- rio. Por seu tumo, a despesa do 13' salario e registrada mensalmente por meio da constitui<;ao de uma "provi- sao derivada de apropria~ao por competencia" para 13' salario a pagar, classificada como obriga~ao no passivo. Vma vez que tal evidencia~ao e feita pelo valor totalja transcorrido sem deduzir as parcelas de adiantamentos realizados, e carreto classificar as contas de antecipa- ~ao como contas redutoras do passivo. Se 0 valor se tomar devedor, deve ser transferido para 0 Ativo. Raciocinio similar e valido para as contas: Antecipa~6es de salarios e ordenados Antecipa~ao de ferias 4.3.9 Tributos a compensar e recuperar a) CONTElJDO E NiUUREZA Ha diversas opera~6es que podem gerar valores a recuperar de impostos, tais como saldos devedores (credores, na linguagem fiscal) de ICMS, IPI, PIS, Co- fins, IRRF e outros. Tais impostos devem ser registrados nessa conta que, em face da natureza variada dessas opera~6es, deve ter segrega~ao em subcontas, inclusive para melhoria e facilidade de controle. Assim, teremos: Tributos a compensar e recuperar a) IPI a recuperar b) ICMS a recuperar c) IRRF a compensar d) IR e CS a restituir/compensar e) IR e CS diferidos f) PIS a recuperar g) Cofins a recuperar h) Outros tributos a recuperar Destaca-se que "tributo a compensar/restituir" e 0 credito que constitui moeda de pagamento de tributos da mesma especie ou nao e que, se nao houver debito com 0 qual compensar, pode gerar solicita~ao de resti- tui~ao em dinheiro. Como exemplo, pode ser citado 0 saldo credor do IR e da CS apurados no ajuste anual pelas pessoas juridicas optantes pela apura~ao anual. Ja a expressao "tributo a recuperar" identifica 0 tri- buto pago na aquisi~ao de bens, embutido no pre~o, que podera ser deduzido do tributo devido sobre ven- das ou presta~ao de servi~os, sendo essa normalmente a unica forma possivel de sua recupera~ao (exemplo: ICMS, PIS e Cofins nao cumulativos pagos na compra de bens para revenda, de insumos da produ~ao ou de bens destinados ao ativo imobilizado). Cabe ressaltar que e legalmente assegurada a possibilidade de utili- za~ao dos creditos do PIS e da Cofins para compensar debitos relativos a outros tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal ou 0 ressarcimento em dinheiro dos creditos nao compensados dentro de cada trimestre, nos casos excepcionais de empresas expor- tadoras de mercadorias ou servi~os para 0 exterior ou que realizem vendas de bens para empresas comerciais exportadoras com 0 fim especifico de exporta~ao (arts. 52 da Lei n2 10.637/02 e 62 da Lei n2 10.833/03), sen- do essas forrnas excepcionais de utiliza~ao estendidas aos creditos, nao recuperados em cada trimestre, nas empresas que realizam vendas com suspensao, isen~ao, aliquota zero ou nao incidencia das contribui~6es (art. 16 da Lei nO 11.116/05). b) IPI, ICMS, PIS E COFINS A RECUPERAR Essas contas destinam-se a abrigar, respectiva- mente, 0 saldo devedor de ICMS (Imposto sobre Ope- ra~6es Relativas a Circula~ao de Mercadorias e sobre Presta~6es de Servi~os de Transporte Interestadual e Interrnunicipal e de Comunica~ao), do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), do PIS (Programa de Integra~ao Social) e da Cofins (Contribui~ao para 0 Financiamento da Seguridade Social). Pela propria sis- tematica fiscal desses impostos, mensalmente os debi- tos fiscais pelas vendas sao compensados pelos creditos fiscais das compras, remanescendo urn saldo a recolher ou a recuperar, dependendo do volume de tais compras e vendas. 0 normal e que tais saldos sejam a recolher, quando figuram no Passivo Circulante, mas as vezes ocorrem saldos a recuperar, quando entao deverao fi- gurar nessa conta do Ativo Circulante. Seus saldos devem ser periodicamente conciliados com os dos livros fiscais respectivos e feitos os ajustes contabeis aplicaveis. c) IRRF A COMPENSAR Essa conta destina-se a registrar 0 IRRF (Imposto de Renda Retido na Fonte) nas opera~oes previstas na legisla~ao em que sera recuperado mediante compen- sa~ao com 0 imposto de renda quando da apresenta~ao da Declara~ao de Rendimentos ou de outra forma. A conta e debitada pela reten~ao quando do regis- tro da opera~ao que a originou e creditada quando 0 valor do imposto retido for compensado mediante sua inclusao na declara~ao de rendimentos e/ou utiliza~ao na guia de recolhimento, conforme a sistematica fiscal determinar. d) IR E CS A RESTITUIR/COMPENSAR Essa conta destina-se a registrar 0 Imposto de Ren- da e a Contribui~ao Social a restituir/compensar apu· rados no encerramento do periodo fiscal, decorrente de reten~5es na fonte e/ou antecipa~oes superiores ao valor devido no exercicio. A conta e debitada quando da apura~ao do valor, bern como pelo valor do acrescimo de juros (SELIC) definido pelo govemo para essas restitui~oes. 0 credito sera feito quando do efetivo recebimento de parcelas ou do valor total, ou da compensa~ao do imposto. e) IR e CS DIFERIDO Nessa conta, sera registrada a parcela do Imposto de Renda e Contribui~ao Social que representa diferen- ~as entre os valores de lucro apurados segundo as nor- mas fiscais e 0 regime de competencia, quando estes forem menores e as diferen~as forem temporarias. f) OUTROS TRIBUTOS A RECUPERAR Nessa conta, sao registrados outros casos de impos- tos a recuperar pela empresa. Exemplificando, temos: • impostos (ICMS e IPI) sao destacados na sai- da de bens (mercadorias) em demonstra~ao, consigna~ao etc., que deverao retomar ao es- tabelecimento; • impostos a recuperar por pagamentos efetua- dos indevidamente a maior etc. 4.3.10 Depositos restituiveis eva/ores vincu/ados Nessa conta, devem ser registrados os depositos e cau~oes efetuados pela empresa para garantia de con- Contas a Receber 71 tratos, como os de aluguel, bern como para direito de usa ou explora~ao temponiria de bens, OU, ainda, as de natureza judicial. Para qualquer dessas opera~5es, a classifica~ao nessa conta deve abranger somente os valores a serem recuperados no curto prazo, pois os de realiza~ao superior a urn ana da data do balan~o devem figurar em conta similar do Ativo Nao Circulante. Serao ainda registrados nessa conta eventuais de- positos compulsorios que a empresa tenha que efetuar por for~a de legisla~ao para certas opera~5es, como ocorreu no caso dos depositos compulsorios sobre im- porta~ao, sobre combustiveis, ou sobre compra de vei- culos etc. Quando houver saldos em opera~5es de naturezas diversas, poderao ser criadas subcontas para seu con- trole e, na hip6tese de alguma dessas contas assumir valor elevado, deve ser apresentada destacadamente no Balan~o. 4.3.11 Perdas estimadas Temos ainda no grupo de Outros Creditos as se· guintes contas credoras: Perdas Estimadas em Creditos de Liquida~ao Duvidosa Perdas Estimadas - Outras Essas rubricas devem ser contabilizadas pelas esti- mativas de valores que cubram a expectativa de perdas nas diversas contas desse subgrupo. Os criterios de sua constitui~ao e contabiliza~ao sao similares aos do sub· grupo Clientes. Deve-se, na data do Balan~o, efetuar uma analise da composi~ao de cada uma das contas, realizando a estimava de provaveis perdas e reduzir 0 saldo a receber pelo valor provavel de realiza¢o. As contas mais suscetiveis de perdas estimadas em credito de liquida~ao duvidosa sao as de titulo a receber, che- ques em cobran~a, adiantamentos a terceiros e a fun- cionarias. A segrega~ao em duas contas destina-se a separar as perdas conforme sua origem, diferenciando aquelas que a estimativa seja em virtude de inadimplencia de terceiros e daquelas perdas por outras razoes (como no caso de perda do direito de recuperar imposto por falta ou extravio de documenta~ao habil etc.). 4.4 Tratamento para as pequenas e medias empresas Os conceitos abordados neste capitulo tambem sao aplicaveis as entidades de pequeno e medio porte. Para maior detalhamento, consultar 0 Pronunciamento Tecnico PME - Contabilidade para Pequenas e Medias Empresas. 5 Estoques 5.1 Introdu~ao Os estoques estao intimamente ligados as prin- cipais areas de opera~ao das companhias e envolvem problemas de administra~ao, controle, contabiliza~ao e, principalmente, avalia~ao. No caso de companhias industriais e comerciais, os estoques representam urn dos ativos mais importantes do capital circulante e da posi~ao financeira, de forma que sua correta determina~ao no inicio e no fim do pe- dodo contabil e essencial para uma apura~ao adequada do lucro Jiquido do exercicio. Com a mudan~a da estrutura das organiza~6es e a maior relevancia da participa~ao das empresas de ser- vi~os na economia, seus estoques - que, alem de ativos tangiveis, tambem sao compostos por ativos intangiveis - merecem aten~ao especial. Esses estoques de intan- giveis podem ser adquiridos de terceiros (direitos) ou produzidos pela propria entidade. Veja Capitulo 6, so- bre Ativos Especiais e Despesas Antecipadas, item 6.l. Cabe mencionar que 0 presente capitulo aplica-se a todos os estoques, com exce~ao de produ~ao em an- damento proveniente de Contratos de Constru~ao (ver Capitulo 22 - Contratos de Constru~ao). 5.2 Conteiido e plano de contas 5.2.1 Conceito e c1assificarfio Os estoques sao bens tangiveis ou intangiveis ad- quiridos ou produzidos pela empresa com 0 objetivo de venda ou utiliza~ao propria no curso normal de suas atividades. Segundo 0 Pronunciamento Tecnico CPC 16 - Estoques, os estoques sao ativos: a) mantidos para venda no curso normal dos negocios; b) em processo de produ~ao para venda; ou c) na forma de materiais ou suprimentos a se- rem consumidos ou transformados no proces- so de produ~ao ou na presta~ao de servi~os. o problema da avalia~ao ou atribui~ao de custos aos estoques e muito extenso e complexo e sera analisa- do detalhadamente mais adiante; por enquanto, vamos verificar 0 que usualmente e incluido nesse subgrupo. o momento da contabiliza~ao de compras de itens do estoque, assim como 0 das vendas a terceiros, em geral, coincide com 0 da transmissao do direito de pro- priedade dos mesmos, embora 0 conceito de ativo es- teja ligado nao so ao aspecto legal, mas principalmen- te a transferencia de riscos e beneficios futuros. Dessa forma, na determina<;ao sabre se os itens integram au nao a conta de estoques, 0 importante nao e sua posse fisica, mas 0 direito de sua propriedade; em seguida, ha tambem que se discutir a figura do controle e ainda as dos riscos e beneficios. Assim, deve ser feita uma analise caso a caso visando identificar potenciais even- tos onde haja transferencia dos principais beneficios e riscos. Feitas essas considerac;6es, normalmente, as es- toques estao representados por: a) itens que fisicamente estao sob a guarda da empresa, excluindo-se os que estao fi- sicamente sob sua guarda, mas que sao de propriedade de terceiros, seja por terem sido recebidos em consigna~ao, seja para bene- ficiamento ou armazenagem por qualquer Dutro motivo; b) itens adquiridos pela empresa, mas que es- tao em transito, a caminho da sociedade, na data do balan~o, quando sob condi~6es de compra FOB, ponto de embarque (fabrica ou deposito do vendedor); c) itens da empresa que foram remetidos para terceiros em consignac;ao, normalmente em poder de provaveis fregueses ou outros con- signatarios, para aprova~ao e possivel venda posterior, mas cujos direitos de propriedade permanecem com a sociedade; d) itens de propriedade da empresa que estao em poder de terceiros para armazenagem, beneficiamento, embarque etc. As nonnas internacionais costumam apresentar discuss6es sobre esse assunto, principalmente no que tange it contabiliza~ao de ativos e seus respectivos pas- sivos de bens consignados. Nesses casos, a contabiliza- ~ao encontra-se geralmente Iigada ao reconhecimento da receita da entidade que consignou 0 bern. Novamen- te 0 ideal e uma analise particular para cada caso, uma vez que cada contrato estabelece diferentes niveis de transferencia de beneficios e riscos. o lAS 18 cita 0 caso das entidades pertencentes ao ramo de varejo de automoveis, cujos ativos consig- nados foram reconhecidos na entidade que recebeu os bens. Poucos trabalhos, tanto nacionais quanto interna- cionais, tratam deste assunto, mas a maioria deles de- fende 0 reconhecimento do ativo na entidade consigna- taria, e do respectivQ passivD, na entidade consignante. 5.2.2 Compras em transito Nao devem ser incluidas as compras cujo transpor- te seja de responsabilidade do vendedor (FOB-desti- no), nem as mercadorias recebidas de terceiros (quan- do a empresa e consignataria ou depositaria), nem os materiais comprados, mas sujeitos it aprova~ao. Neste ultimo caso, a integra~ao aos estoques se dara apos a aprova~ao. 5.2.3 Pe~as e materiais de manuten~ao !tens que tern algumas caracteristicas de despesas antecipadas, como pec;as, materiais de manuten<;ao e ferramentas de pouca dura~ao, sao tamhem incluidos Estoques 73 como estoques, mas evidenciados separadamente dos demais. Nao ficam dentro do subgrupo "Despesas do Exercicio Seguinte" por se referirem a bens corporeos, mas devem, pela regra de Iiquidez decrescente, ser 0 ultimo detalhe dos estoques. 5.2.4 Materiais destinados a obras Urn dos problemas controvertidos na classifica~ao refere-se a almoxarifado de materiais para constru~ao nas empresas que tern obras em andamento. Todavia, se tais materiais naD tern a caracteristica de estoques destinados it venda ou a serem transformados para futuras vendas, pode ser criada conta especifica a ser classificada no Ativo Imobilizado no subgrupo de Imo- bilizado em Andamento. Veja Modelo do Plano de Con- tas que preve a conta A1moxarifado de Invers6es Fixas nesse subgrupo. 5.2.5 Pe~as de reposi~ao de equipamentos Outro tipo de item de classifica~ao diffcil e 0 esto- que de pe~as de reposi~ao de maquinas e equipamentos que serao contabilizados como adi~ao ao Imobilizado em opera<;ao, e naD como despesas. Is80 s6 ocorre se as anteriores forem baixadas quando da troca. Esses esto- ques tamhem devem ser classificados no Ativo Imobili- zado, em subconta it parte. Em certas circunstancias, no caso de pe~as de re- posi~ao de maquinas e equipamentos, podera ser 0 caso ate de tais pe~as sofrerem deprecia~ao na mes- rna base dos equipamentos a que se referem quando, isoladamente, nao tiverem outra utilidade ou valor residual, caso nao sejam usadas. Assim, sua vida utH, mesmo que nao sejam usadas, pode ser a mesma da do equipamento respectivo. Todavia, essa nao e a si- tua~ao mais comum. Essa questao sera abordada com mais detalhes no Capitulo 12, Ativo Imobilizado (item 12.2.4, letra a, XI). 5.2.6 Elenco sugerido de contas De fato, a Lei das Sociedades por A~6es, ao referir- se aos estoques, menciona-os como "os direitos que ti- verem por objeto mercadorias e produtos do comercio da companhia, assim como materias-primas, produtos em fabrica~ao e bens do almoxarifado". Para empresas comerciais, os estoques seriam tao- somente os produtos do comercio adquiridos para re- venda e eventualmente uma conta de almoxarifado. Para empresas prestadoras de servi~os, os estoques seriam materiais ou suprimentos a serem consumidos 74 Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos no processo de presta~ao de servi~os. Mas elas tambem precisam apresentar seus estoques de SERVI<;OS EM ANDAMENTO, coisas que pouco se vie porque e comum, infelizmente, as empresas prestadoras de servi~os da- rem tratamento inadequado a seus custos. Ja para em- presas industriais, ha necessidade de diversas contas. Presumindo que os estoques sejam realizados den- tro de um ano, ou dentro de um cicio normal de opera- ~6es, 0 modele de Plano de Contas apresenta 0 subgru- po de ESTOQUES no Ativo Circulante, classificado apes os subgrupos Disponivel, Clientes, Outros Creditos e Investimentos Temporarios, seguindo 0 conceito de li- quidez, sequlencia essa que tambt'm deve ser adotada no balan~o de publica~ao. Assim, considerando 0 conteudo normal dos esto- ques em empresas industriais, 0 subgrupo e apresenta- do pelas seguintes contas: ESTOQUES Produtos acabados Mercadorias para revenda Produtos em elabora~ao Materia-prima Outros materiais diretos Mao de obra direta Salario Prlemios de produ~ao Gratifica~6es Ferias Decimo-terceiro salario INSS FGTS Beneficios a empregados Aviso previo e indeniza~6es Assistlencia medica e social Seguro de vida em grupo Seguro de acidentes do trabalho Auxilio-alimenta~ao Assistencia Social Outros encargos Outros Custos Diretos Servi~os de Terceiros Outros Custos indiretos Material indireto Mao de obra indireta Salarios e ordenados dos supervisores de pro- du~ao Salarios e ordenados dos departamentos de produ~ao Gratifica~6es Ferias Decimo-terceiro salario INSS FGTS Beneficios a empregados Aviso previo e indeniza~6es Assistencia medica e social Seguro de vida em grupo Seguro de acidentes do trabalho Outros encargos Honorarios da diretoria de produ~ao e encar- gos Ocupa~ao Alugueis e condominios Deprecia~6es e amortiza~6es Manuten~ao e reparos Utilidades e servi~os Energia Eletrica (Iuz e for~a) Agua Transporte do pessoal Comunica~6es Reprodu~6es Refeitcrio Outros Custos Recrutamento e Sele~iio Treinamento do pessoal Roupas profissionais Condu~6es e refei~6es Impostos e taxas Seguran~a e vigilancia Ferramentas peredveis Outras Manuten~ao e suprimentos gerais Mercadorias em transito Mercadorias entregues em consigna~iio Importa~6es em andamento Servi~os em Execu~ao Almoxarifado Adiantamentos a fornecedores Perda estimada para redu~iio ao valor realizavel li- quido (conta credora) Perda estimada em estoques (conta credora) Ajuste a valor presente (conta credora) o Plano de Contas preve 0 subgrupo Estoques so- mente no Ativo Circulante, mesmo porque, como Cir- culante, considera-se na atuallei 0 periodo de urn ano, normalmente. Todavia, pod en; haver casos de empre- sas que tenham estoques cuja realiza~ao ultrapasse 0 exerdcio seguinte; nesse caso, no Balanc:;o deve haver a reclassifica~ao dos estoques para 0 Realizavel a Longo Prazo, dentro do Ativo Nao Circulante, em conta a par- te nao prevista no Plano de Contas, a nao ser que 0 ciclo operacional da empresa seja superior a urn ano. Nesse caso, 0 Ativo Circulante inclui todos os bens, Cr<,ditos operacionais, despesas antecipadas e eventuais outras rubricas relativas a essas atividades que demandam mais do que urn ana para completar seu ciclo opera- donal. Assim, esses estoques, nesse caso, permanecem dentro do Ativo Circulante. Logicamente, isso nao deve ser feito com peque- nos itens rnorosos ou comprados em excesso as neces- sidades correntes que sejam de pequeno valor. Toda- via, quando tiver algum significado, isso deve ser feito. Pode ocorrer, por exemplo, que a empresa, para garan- tia de sua produ~ao futura, fa~a uma estocagem bern elevada de determinadas materias-primas vitais a sua produ~ao ou fa~a-a por outros motivos, mas nao que isso seja 0 normal no seu ciclo operacional. Nesse caso, a parcela de tais estoques, para consumo a longo prazo (superior ao exercicio seguinte), deve ser reclassificada para 0 Ativo Nao Circulante. E importante salientar que a inten~ao da empresa e vital nessa classifica~ao. As contas de estoques incluem: a) PRODUTOSACABADOS Deve representar aqueles ja terminados e oriun- dos da propria produ~ao da empresa e disponiveis para venda, estando estocados na fabrica, ou em depositos, ou em filiais, ou ainda corn terceiros em consignac:;ao, como ja discutido anteriormente. A pratica usual e manter subcontas por local (fa- brica, filial 1, filial 2 etc.) para facilitar confrontos com controles quantitativos, ajustes etc. Recebe os debitos pela transferencia da conta Produtos em Elabora~ao e os creditos pelas vendas ou transferencia da subconta da fabrica para as filiais etc. b) MERCADORIAS PARA REVENDA Engloba todos os produtos adquiridos de terceiros para revenda, que nao sofrerao qualquer processo de transforma~ao na empresa. c) PRODUTOS EM ELABORA<;:AO Representa a totalidade das materias-primas ja re- quisitadas que estao em processo de transforma~ao e todas as cargas de custos diretos e indiretos relativos a produ~ao nao concluida na data do Balan~o. Pelo ter- Estoques 75 mine dos produtos, seus custos sao transferidos para Produtos Acabados, sendo que recebe os debitos oriun- dos das cargas de apropria~ao dos custos de produ~ao. d) MATERIAS-PRIMAS Abriga todas as materias-primas, ou seja, os mate- riais mais importantes e essenciais que safrem transfor- ma~6es no processo produtivo. Sua composi~ao e natu- reza e extremamente diversificada e depende de cada tipo de industria. E caracteristica dessa conta, normal- mente, representar urn valor significativQ em re1ac;ao ao total dos custos de produ~ao. e) MATERIAlS DE ACONDICIONAMENTO E EMBALAGEM Refere-se a todos os itens de estoque que se des- tinam a embalagem do produto ou a seu acondiciona- mento para remessa. Conforme 0 tipo de industria, particularmente na- quelas em que a embalagem e parte integrante do pro- duto, esses itens do estoque sao, as vezes, classificados impropriamente na conta de Materias-primas. f) MATERIAlS AUXILIARES Engloba os estoques de materiais, de menor im- portancia, utilizados no processo industrial. Tais itens podem ser apropriados diretamente ou nao ao produto, sendo caracterizados por nao terem uma representa- ~ao significativa no valor global do custo de produ~ao e pela dificuldade de serem identificados fisicamente no produto. g) MATERIAlS DE MANUTEN<;:AO E SUPRIMENTO GERAIS Nessa conta sao classificados os estoques de ma- teriais para manuten~ao de maquinas, equipamentos, ediffcios etc. e para usa em cansertos, manutenc;ao, lu- brifica~ao, pintura etc. h) IMPORTA<;:6ES EM ANDAMENTO Engloba os custos ja incorridos relativos a impor- ta~6es em andamento e as proprias mercadorias em transito, quando a condi~ao de compra e feita FOB, no ponto de embarque, pelo exportador. i) ALMOXARlFADO A conta de Almoxarifado varia muito de uma em- presa para outra, em fun~ao de suas peculiaridades e necessidades. Todavia, engloba todos os itens de esto- ques de consumo geral, podendo incluir produtos de alimenta~ao do pessoal, materiais de escritorio, pe~as em geral e uma variedade de itens. Muitas empresas, por questao de controle, adotam a pratica de, para fins 76 Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos contabeis, ja lan~ar tais estoques como despesas no mo- mento da compra, somente mantendo controle quanti- tativo, pois muitas vezes representam uma quantidade muito grande de itens, mas de pequeno valor total, nao afetando os resultados. Esse metoda pode ser aplicado a outras contas para os itens de pequeno valor. Veja, a esse respeito, 0 item 5.4.l. Contabilmente nao e a prarica mais correta pelo Principio da Competencia, mas e aceitavel pela conven- ~ao da Materialidade, quando usada adequadamente. j) ADIANTAMENTO A FORNECEDORES Abriga os adiantamentos efetuados pela empresa a fomecedores, vinculados a compras especificas de ma- teriais que serao incorporados aos estoques quando de seu efetivo recebimento. Quando efetuamos urn adian- tamento a urn fornecedor de materia-prima, devemos registra-Io nessa conta; a baixa e contabilizada quando do efetivo recebimento, registrando-se 0 custo total na conta Materias-primas, e 0 eventual saldo a pagar e re- gistrado em Fomecedores (Passivo Circulante). k) PERDA ESTlMADA PARA REDu(~AO AO VALOR REALIZAVEL LIQUIDO Essa conta credora, que deve ser classificada como redu~ao do grupo de Estoques, destina-se a registrar 0 valor dos itens de estoques que estiverem a urn custo superior ao valor realizavelliquido, como descrito nos itens 5.3.1 e 5.3.3. Essa perda estimada nao e dedutivel para fins fiscais (arr. 13 da Lei n' 9.249/95) e deve ser reconhecido em conta especifica (Despesa com Perda Estimada para Redu~ao ao Valor Realizavel Liquido). I) PERDAS EM ESTOQUES Essa conta destina-se a registrar as perdas conhe- cidas em estoques e calculadas por estimativa, relativas a estoques deteriorados ou obsoletos e, mesmo, para dar cobertura a diferen~as fisicas, quando tais perdas nao puderem ser baixadas das proprias contas, pelo fato de nao estarem identificados os itens especificos e por constituirem estimativas. 0 gasto relativo ao reco- nhecimento dessa perda estimada deve ser reconhecido em conta especifica (Despesa com Perdas Estimadas em Estoques), mas nao e dedutivel para efeitos fiscais, ex- ceto no caso das perdas esrimadasem estoque de livros constituida, na base de ate 1/3 (urn ter~o) do valor do estoque existente na data do encerramento do periodo de apura~ao fiscal, pelas empresas editoras, distribuido- ras ou vendedoras varejistas de livros (art. 85 da Lei n' 10.833/03). Veja mais detalhes no item 5.3.2, letra d, IV: m) SERVlGOS EM ANDAMENTO Essa conta deve registrar todos os gastos com ma- terial, mao de obra e outros aplicados Ii realiza~ao do servi~o. 5.3 Criterios de avalia~ao 5.3.1 Criterio basico Conforme deterrnina 0 Pronunciamento Tecnico CPC 16 - Estoques, para fins de mensura~ao dos es- toques, a regra e: valor de custo ou valor realizavelli- quido, dos dois 0 menor. Por valor realizavel liquido entende-se 0 pre~o de venda estimado no curso normal dos negocios deduzido dos custos estimados para sua conclusao e dos gastos estimados necessarios para se concretizar a venda. A proposi~ao do valor realizavel liquido, no en- tanto, nao deve ser confundida com 0 valor justo. 0 mesmo pronunciamento define valor justo como aquele pelo qual urn ativo pode ser trocado ou urn passivo li- quidado entre partes interessadas, conhecedoras do ne- gocio e independentes entre si, com ausencia de fatores que pressionem para a liquida~ao da transa~ao ou que caracterizem uma transa~ao compulsoria. Esse conceito sera importante, por exemplo, quando da mensura~ao do custo do produto