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~ FIPECAfI
~ CUltUM Cont<1bU. Alva,.;"I,; Anar.c:E;f'3
FUN DA<;:AO INSTITUTO DE PES Q1J ISAS
CONTAB EIS. ATUARJ AIS E FINAN CEIRAS, FEAlUSP
MANUALDE
CONTABILIDADE
---SOCIETARIA
APLICAvEL A TODAS AS SOCIEDADES
DE ACORDO COM AS NORMAS INTERNAClONAIS E DO crc
SERGIO DE IUDlciBUS
ELISEU MARTINS
ERNESTO RUBENS GELBCKE
ARIOVALDO DOS SANTOS
MANUAL DE CONTABI LIDADE SOCI HARIA· APLI CAvEL A TODAS AS SOC IEDADES
Em 1977. logo ap6s a revolu~ao contabil do soculo passado no Brasil traz ida pela ed i ~ao da Lei das S.A. (nO 6.404/76). a Fipecafi
foi procurada pela CVM para editar 0 Manual de contabifidade das sociedades por ap5es, que visava orientar as empresas, os profissionais
e 0 mercado em geral a respeito de tamas e importantes evolu~6es, ja que praticamente tuda 0 que havia de novidade em materia
conrabil nessa lei ja vinha sendo pesquisado e ensinado no Departamento de Contabi lidade e Atua ria da FEA/USP.
A part ir principaimeme de ]990, com a criac;ao da Comissao Consultiva de Normas Contabeis da CVM (presen<;:a, alem da CVM, da
Fipecafi, do Ibracon, do CFC, da Apimec e da Abrasca), essa autarquia passou a emitir urn grande conjunto de normas ja convergentes
as do LASS, dentro dos limites que a Lei permitia, e aquele Manual as foi incorporando ao longo de va rias edic;6es. Diversas evoluc;6es
outras foram tam bern sendo inseridas.
Com a ed i ~ao das Leis n'" 11.638/ 07 e 11 .941/09 (esta transformando em lei a MP nO 449/08) e com a c ria~ao do CPC - Comite de
Pronunciamentos Contabeis - em 2005, produziu-se, durante 2008 e 2009, enorme conjunto de novas normas, aprovadas pela CVM e
pelo CFC, agora com a convergencia completa as normas internacionais de contabilidade (lASB). E essa esra sendo a grande revoluc;ao
conrabil deste secu lo no nosso pais.
Em fun<;ao de tao grande transforma<;ao, a Fipecafi deliberou por cessar a edic;ao daquele Manual e produzir este outro, total mente
conforme os Pronunciamentos, as InterpretaC;6es e as Orienta<;6es do CPC e conforme as norm as internacionais de contabilidade
emitidas pelo lASS. Ao grupo de autores do Manual anterior agregou-se 0 Prof. Ariovaldo dos Santos, que tam bern tern dedicado
enorme parte de sua vida como profi ssional e como academ ico ao desenvolvimento da contabilidade brasileira.
NOTA SOBRE OS AUTORES
Sergio de ludicibus e professor emerita da FEA/USP, professor do Mestrado em Ciencias Contabeis e Financeiras da PUC de Sao
Paulo e presidente do Conselho Curador da Fipecafi. Coordenador e coautor dos iivros Contabilidade introdutoria e Teoria avanfada
da contabifidade. Autor de A1uHise de balanfos, Amilise de custos, Contabilidade gerencial e Teoria da contabilidade e coautar de Contabilidade
comercial, Curso de contabiIidade para nao contadores, Dicionario de termos de contabilidade, lntrodu fiio a teoria da contabilidade, Manual de con-
tabilidade para nao contadores e Tributafao e politica tributaria, todos publicados pela Atlas.
Eliseu Martins e tambem professor emerita da FEA/USP. Autor dos livros Contabilidade de custos e AmHise da correfao rnonetaria das de-
monstrafOes financeiras, coautor de Contabilidade introdut6ria, Manual de norrnas internacionais de contabilidade (Ernst & Young & Fipecafi),
Adrninistrafao financeira, Aprendendo contabilidade ern rnoeda constante e Contabifidade de custos e coautor e organizador de Avaliap5es de ernpre-
sas, pubJicados pela Atlas, alem de coauror de Manuais de contabilidade e de custos de diversas instituiC;6es financeiras. Ex-diretor da CVM.
Ernesto Rubens Gelbcke e socia da Directa Auditares e empresas Directa Alliance que inregram desde 2009 a rede internacional
PKE Professor da FEA/USP ate 2003 e posteriormente da Fipecafi. Atuante no desenvolvimento das normas contabeis e de auditoria
via Ibracon, CFC e Comissao Consulriva da CVM e internacionalmente via lASC/lASS e IFAC. Membro do Comite de Pronuncia-
mentos Contabeis (CPC), sen do atualmente Vice-Coordenador Tecnico. Autor de pareceres e estudos tecnicos sobre temas conra-
beis, de auditoria e de governanc;a.
Ariovaldo dos Santos e professor titular do Departamento de Conrabilidade e Atuaria da FEAJUSp, autor do livro Demonstrafao do valor
adiciollado, e coautor de Aprendendo contabilidade em moeda cOllstallte, Retorno de investimento e Contabilidade das sociedades cooperativas. Autor
de inumeros trabalhos publicados em revistas especializadas e cientificas, alem de parecerisra em assuntos relacionados a contabilidade
societaria. Ex-Presidente da Fipecafi, ex-chefe do EAC/FEA/USP e Coordenador Tecnico da revista Melhores e Maiores desde 1996.
APL1CA~AO
Texto complementar para as discipiinas COlltabilidade Geral, COl1tabilidade Comercial, Contabilidade l1aermediaria, COlltabilidade Avanrada,
Teoria da Contabifidade, COl1tabilidade Internacional e Estrutura e Analise de Balanfos dos cursos de Ciencias Conrabeis e Administrac;ao.
Leitura de re levancia profissional para consulta e atualizac;ao.
FIPECAFI
Fundac;ao Instituto de Pesquisas Contabeis,
Atuariais e Financeiras. FEA/USP
Manual de
Contabilidade Societaria
Apliccivel a todas as sociedades
De acordo com as normas internacionais e do epe
Sergio de Iudfcibus
Eliseu Martins
Ernesto Rubens Gelbcke
Ariovaldo dos Santos
sAo PAULO
EDITORA ATLAS S. A. - 2010
© 2010 by Editora Atlas S. A.
1. ed. 2010; 2. reimpressao
Capa: Leonardo Hennano
Composi~ao: Lino~Jato Editora~ao GrMica
Dados Intemacionais de Cataloga¢o na Publica~ao (CIP)
(Camara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Manual de contabilidade societaria/ Sergio de Iudicibus ... let. al.l. -- Sao Paulo: Atlas, 2010.
Outros autores: Eliseu Martins, Ernesto Rubens Gelbcke, Ariovaldo dos Santos
FIPECAFI - Fundac;ao Instituto de Pesquisas Contaheis, Atuariais e Financeiras, PEA/USP.
Bibliografia.
ISBN 978-85-224-5912-4
1. Empresas - Contabilidade 2. Sociedades anonimas - Contabilidade I. Iudicibus, Sergio de.
II. Martins, Eliseu. III. Gelbcke, Emesto Rubens. rv. Santos, Ariovaldo dos.
10-02219 CDD-657.92
indice para cataIogo sistematico:
1. Contabilidade societaria 657.92
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS - E proibida a reprodu~ao total ou parcial, de qualquer
forma ou por qualquer meio.
A viola~ao dos direitos de autor (Lei n' 9.610/98) e crime estabelecido pelo artigo 184 do Codigo
Penal.
Deposito legal na Biblioteca Nacional confortne Decreto n' 1.825, de 20 de dezembro de 1907.
Impressa no BrasiVPrinted in Brazil
Editora Atlas S. A.
Rua Conselheiro Nebias, 1384 (Campos Elisios)
01203-904 Sao Paulo (SP)
Tel.: (0 __ 11) 3357-9144 (PABX)
www.EditoraAtlas.com.br
Prefcicio, xxvii
1 No~oes introdut6rias, 1
1.1 Introdu~iio, 1
Sumario
1.2 Contabilidade, fisco e legisla~6es especificas, 1
1.3 Resumo das demonstra~6es contabeis e outras informa~6es, 2
1.3.1 Relat6rio da administra~iio, 2
1.3.2 Balan~o Patrimonial (BP), 2
1.3.2.1 Classifica~iio das contas, 2
1.3.2.2 Criterios de avalia~iio, 3
1.3.3 Demonstra~iio do Resultado do Exercfcio (DRE) e Demonstra~iio do Resultado Abrangente (DRA), 4
1.3.4 Demonstra~6es das Muta~6es do Patrimonio Uquido (DMPL) e de Lueros ou Prejuizos Acumulados, 4
1.3.5 Demonstra~iio das Origens e Aplica~6es de Recursos (DOAR), 5
1.3.6 Demonstra~iio dos Fluxos de Caixa (DFC), 5
1.3.7 Demonstra~iio do Valor Adicionado (DVA), 5
1.3.8 Demonstra~6es comparativas, 5
1.3.9 Consolida~iio das demonstra~6es contabeis, 6
1.3.10 Demonstra~6es contabeis "separadas", 6
1.3.11 Notas explicativas, 6
1.3.12 Parecer do Conselho Fiscal, 6
1.3.13 Relat6rio do comite de auditoria, 6
1.3.14 Parecer dos Auditores Independentes, 7
1.3.15 Balan~o Social, 7
1.3.16 Fatos relevantes, 8
1.4 Aspectos complementares da Lei das Sociedades por A~6es, 8
1.4.1 Conformidade com as praticas contabeis brasileiras, 8
1.4.2 Agrupamento e destaque
de contas, 9
1.4.3 Compensa~iio de saldos, 9
vi Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos
1.4.4 Apresenta~iio em milhares de unidades monetarias, 10
1.4.5 Periodicidade, 10
1.4.6 Identifica~iio das demonstra~6es contabeis, 10
1.4.7 Meios de divulga~iio, 10
1.5 Efeitos da infla~iio, 10
1.6 Codigo Civil, 12
1. 7 A cria~iio do CPC - Comite de Pronunciamentos Contabeis, 14
1.7.1 Documentos Emitidos pelo CPC, 16
1.7.2 Rela~iio entre os documentos emitidos pelo CPC e pelo IASB, 20
1.8 Promulga~iio das Leis n'" 11.638/07 e 11.941/09 eMP 449/08) e a independencia da contabilidade bra-
sileira, 20
1.9 Normas internacionais de contabilidade: principais caracteristicas e consequencias, 21
1.10 Situa~ao brasileira e 0 mundo: balan~os individuais e consolidados, 23
1.11 Regime tributario de transi~iio, 24
1.12 Pequena e media empresa: pronunciamento especial do CPC, 25
1.13 Homenagens, 29
2 Estrutura conceitual da contabilidade, 31
2.1 Introdu~iio, 31
2.2 0 pronunciamento conceitual hasico: estrutura conceitual para a elabora~iio e apresenta~ao das demons-
tra~6es contabeis, 32
2.3 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 48
3 Disponibilidades - caixa e equivalentes de caixa, 49
3.1 Introdu~iio, 49
3.2 Conteudo e classifica~iio, 50
3.2.1 Caixa, 50
3.2.2 Depositos bancarios a vista, 50
3.2.3 Numerario em transito, 52
3.2.4 Aplica~6es de liquidez imediata, 52
3.3 Criterios de avalia~iio, 52
3.3.1 Geral,52
3.3.2 Saldos em moeda estrangeira, 52
3.4 Tratamento para pequenas e medias empresas, 53
4 Contas a receber, 54
4.1 Conceito e conteudo, 54
4.2 Clientes, 54
4.2.1 As contas e sua classifica~iio, 54
4.2.2 Duplicatas a receber, 55
4.2.3 Perdas estimadas em creditos de liquida~ao duvidosa, 56
4.2.4 Securitiza~iio de recebiveis, 67
4.3 Outros creditos, 67
4.3.1 Conceito e criterios contabeis, 67
4.3.2 Titulos a receber, 68
4.3.3 Cheques em cobran~a, 68
4.3.4 Dividendos a receber, 68
4.3.5 Bancos - Contas vinculadas, 69
4.3.6 Juros a receber, 69
4.3.7 Adiantamentos a terceiros, 69
4.3.8 Creditos de funcionarios, 69
4.3.9 Tributos a compensar e recuperar, 70
4.3.10 Depositos restituiveis e valores vinculados, 71
4.3.11 Perdas estimadas, 71
4.4 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 71
5 Estoques, 72
5.1 Introdu~ao, 72
5.2 Conteudo e plano de contas, 72
5.2.1 Conceito e classifica~ao, 72
5.2.2 Compras em transito, 73
5.2.3 Pe~as e materiais de manuten~ao, 73
5.2.4 Materiais destinados a obras, 73
5.2.5 Pe~as de reposi~ao de equipamentos, 73
5.2.6 Elenco sugerido de contas, 73
5.3 Criterios de avalia~ao, 76
5.3.1 Criterio basico, 76
5.3.2 Apura~ao do Custo, 77
5.3.3 Apura~ao do valor realizavelliquido, 88
5.3.4 0 ICMS e os estoques, 90
5.3.5 0 PIS/Pasep, a Cofins e os estoques, 92
5.3.6 Mudan~a nos metodos de avalia~ao, 92
5.3.7 Baixa dos estoques, 92
5.4 Aspectos fiscais, 92
5.4.1 Topicos principais, 92
5.4.2 Contabilidade de custos integrada e coordenada, 93
5.5 Inventario fisico e controles, 94
5.6 Notas explicativas, 94
5.7 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 94
6 Ativos especiais e despesas antecipadas, 95
6.1 Ativos especiais, 95
6.1.1 Plano de contas, 96
6.1.2 Avalia~ao, 97
6.1.3 Notas explicativas, 97
6.2 Despesas antecipadas, 97
6.2.1 Conceito, 97
6.2.2 Conteudo e classifica~ao, 97
6.2.3 Plano de contas, 98
6.2.4 Criterios de avalia~ao, 99
6.3 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 99
7 Realizavel a longo prazo (nao circulante), 100
7.1 Conceito e classifica~ao, 100
7.2 Conteudo das contas e sua ava1ia~ao, 101
7.2.1 Plano de contas, 101
7.2.2 Creditos e valores, 101
Sumario vii
viii Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos
7.2.3 Investimentos temporarios a longo prazo, 104
7.2.4 Despesas antecipadas, 104
7.3 Ajuste a valor presente, 104
7.3.1 Discussao geral, 104
7.3.2 A mudan~a de lei e 0 CPC, 105
7.3.3 Contabiliza~ao do ajuste a valor presente para contas ativas, 107
7.3.4 Contabiliza~ao do ajuste a valor presente para contas passivas, 107
7.4 Classifica~ao no balan~o, 108
7.5 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 108
8 Instrumentos financeiros, 109
8.1 Introdu~ao e escopo, 109
8.2 Passivos financeiros e instrumentos patrimoniais, 112
8.3 Reconhecimento e desreconhecimento, 112
8.3.1 Securitiza~ao de recebiveis, 119
8.3.1.1 Securitiza~ao via SPE, 119
8.3.1.2 FIDC, 121
8.3.1.3 Reconhecimento de direitos creditorios, 122
8.3.1.4 Consolida~ao das SPEs/FIDCs, 123
8.4 Mensura~ao, 124
8.4.1 Opera~6es de Swap, 127
8.4.2 Contratos a termo e futuros, 129
8.5 Recuperabilidade, 132
8.5.1 Ativos financeiros contabilizados pelo custo amortizado, 133
8.5.2 Ativos financeiros disponiveis para venda, 133
8.5.3 Possiveis modifica~6es na contabiliza~ao das irrecuperabilidades, 134
8.6 Derivativos embutidos, opera~6es estruturadas e derivativos exoticos, 135
8.6.1 Contabiliza~ao, 137
8.7 Contabilidade de hedge, 138
8.7.1 Item objeto de hedge, 138
8.7.2 Exemplo: Aplica~ao de macrohedge, 139
8.7.3 Instrumentos de hedge, 139
8.7.4 Qualifica~ao para hedge accounting, 139
8.7.5 Efetividade do hedge, 140
8.7.6 Hedge de valor justo, 142
8.7.7 Hedge de fluxo de caixa, 143
8.7.8 Hedge de investimento no exterior, 143
8.7.9 Descontinuidade da hedge accounting, 144
8.8 Evidencia~ao, 144
8.8.1 Significancia dos instrumentos financeiros para a posi~ao patrimonial e performance da entidade, 145
8.8.2 Natureza e extensao dos riscos oriundos dos instrumentos financeiros, 145
8.8.3 Exemplo, 145
8.9 Propostas de altera~6es nas normas internacionais, 146
8.10 Mensura~ao do valor justo em condi~6es de baixa liquidez, 147
8.11 Pronunciamento de pequenas e medias empresas, 148
8.12 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 150
9 Investimentos - introdul;ao e propriedade para investimento, 152
9.1 Introdu~ao, 152
9.2 Os criterios da legisla~ao, 152
9.2.1 Classifica~ao no balan~o, 152
9.2.2 Natureza das Contas, 153
9.2.3 Modelo do plano de contas, 154
9.2.4 Criterios para a classifica~ao, 155
9.3 Avalia~ao de investimentos pelo metodo de custo, 160
9.3.1 Investimentos avaliados por este metodo, 160
9.3.2 0 criterio de avalia~ao e a forma de contabiliza~ao, 160
9.4 Propriedade para investimento, 163
9.4.1 Conceitua~ao, 163
9.4.2 Custo na aquisi~ao da propridade, 164
9.4.3 Apos aquisi~ao: custo ou valor justo, 165
Sumario ix
9.4.4 Gastos com manuten~ao, amplia~ao, reforma etc. e classifica~ao na demonstra~ao do resultado, 166
9.4.5 Aspectos complementares da ado~ao inicial e do deemed cost, 167
9.5 Notas explicativas, 167
9.6 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 168
10 Investimentos em coligadas e em controladas, 169
10.1 Introdu~ao, 169
10.1.1 Compara~ao com 0 metodo de custo, 170
10.1.2 Conciusoes, 171
10.2 Casos em que se aplica 0 metodo da equivalencia, 171
10.2.1 Coligadas,l72
10.3 A essencia do metodo da equivalencia patrimonial, 174
10.4 Aplica~ao do metodo da equivalencia patrimonial, 174
10.4.1 Lucro ou prejuizo do exercicio, 176
10.4.2 Dividendos distribuidos, 176
10.4.3 Integraliza~ao de capital, 177
10.4.4 Varia~ao na participa~ao relativa, 177
10.4.5 Ajustes de exercicios anteriores, 178
10.4.6 Reavalia~ao de bens, 178
10.4.7 Baixa das contas de mais-valia e Goodwill, 179
10.5 Patrimonio liquido das investidas, 179
10.5.1 Criterios contabeis, 179
10.5.2 Defasagem na data do encerramento da coligada, 180
10.6 Resultados nao realizados de opera~oes intercompanhias, 180
10.6.1 Significado e objetivo, 180
10.6.2 Quais resultados nao realizados devem ser eliminados, 181
10.6.3 A determina~ao do valor da equivalencia patrimonial do investimento em
controladas nas de-
monstra~oes contabeis individuais da controladora, 183
10.6.4 Como apurar 0 valor dos resultados nao realizados, 183
10.7 Mais-valia, goodwill ou desagio e amortiza~ao, 192
10.7.1 Introdu~ao e conceito, 192
10.7.2 Segrega~ao contabil da mais-valia e do agio ou desagio, 192
10.7.3 Determina~ao da mais-valia, do agio ou desagio, 192
10.7.4 Natureza e origem da mais-valia e do agio ou desagio, 193
10.7.5 Realiza~ao da mais-valia por diferen~a de valor dos ativos liquidos, 194
10.7.6 Agio na subscri~ao, 196
10.7.7 Agio por expectativa de rentabilidade futura, 199
X Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos
10.8 Mudan~as de criterio na avalia~ao de investimentos, 199
10.9 Reconhecimento de perdas estimadas e patrimonio liquido negativo, 200
10.10 Notas explicativas, 202
10.11 Investimentos em controladas e coligadas no exterior, 203
10.11.1 Introdu~ao, 203
10.11.2 Aspectos contabeis para investimentos no exterior, 203
10.12 Perda de influencia ou controle, 205
10.13 Investimento adquirido de investida com patrimonio liquido negativo, 207
10.14 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 208
11 Efeitos das mudan~as nas taxas de cambio em investimentos no exterior e conversfio de demonstrac;oes
contabeis, 209
11.1 No~oes preliminares sobre mudan~as nas taxas de cambio em investimentos no exterior e conversao de
demonstra~6es contabeis, 209
11.1.1 Introdu~ao, 209
11.1.2 Metodos para reconhecimento e mensura~ao dos investimentos societarios de carater permanen-
te,209
11.1.3 Identifica~ao da moeda funcional, 210
11.2 Reconhecimento e mensura~ao, 211
11.2.1 Avalia~ao de investimentos societarios no exterior pelo metodo de equivalencia patrimonial, 211
11.2.2 Realiza~ao das varia~6es cambiais de investimentos no exterior, 216
11.2.2.1 Criterio de mensura~ao segundo lAS 21 e Pronunciamento CPC 02, 216
11.2.2.2 Criterio alternativo de mensura~ao, 219
11.3 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 221
12 Ativo imobilizado, 222
12.1 Conceitua~ao, 222
12.2 Classifica~ao e conteudo das contas, 223
12.2.1 Considera~6es gerais, 223
12.2.2 0 plano de contas, 224
12.2.3 Outros fatores da segrega~ao contabil, 224
12.2.4 Conteudo das contas, 226
12.3 Criterios de avalia~ao, 230
12.3.1 Conceito da Lei, 230
12.3.2 Mensura~ao no reconhecimento e apos 0 reconhecimento, 230
12.3.2.1 Urn caso todo especial: ado~ao, pela primeira vez, das normas internacionais e dos
CPCs, 231
12.3.3 Redu~ao ao valor recuperavel (impairment), 235
12.3.3.1 Considera~6es gerais, 235
12.3.3.2 Mensura~ao do valor recuperavel e da perda por desvaloriza~ao, 236
12.3.3.3 Identifica~ao da unidade geradora de caixa, 237
12.3.3.4 Reversao da perda por desvaloriza~ao, 239
12.3.3.5 Escolha da taxa de desconto, 240
12.3.3.6 Exemplo pratico, 240
12.3.4 Obriga~ao por retirada de servi~o de ativos de longo prazo, 241
12.3.4.1 Considera~6es gerais, 241
12.3.4.2 Exemplo pratico, 242
12.4 Gastos de capital vs gastos do periodo, 244
12.4.1 Conceito geral, 244
12.4.2 Manuten~ao e reparos, 245
12.4.3 Melhorias e adi~6es complementares, 248
12.4.4 Substitui~ao, 248
12.4.5 Aspectos fiscais, 248
12.5 Retiradas, 249
12.6 Deprecia~ao, exaustao e amortiza~ao, 249
12.6.1 Conceito, 249
12.6.2 Valor depreciavel, 250
12.6.3 Estimativa de vida uti! economica e taxa de deprecia~ao, 251
12.6.4 Metodos de deprecia~ao, 251
12.6.5 Registro contabi! da deprecia~ao, 252
12.6.6 Exaustao, 253
12.7 Registros e controles contabeis, 253
12.7.1 Contas de controle, 253
12.7.2 Registro individual de bens, 253
12.8 Fortna de apresenta~ao no balan~o, 254
12.9 Opera~6es de arrendamento mercanti!, 254
12.9.1 Introdu~ao, 254
12.9.2 Classifica~ao, 254
12.9.2.1 Arrendamento mercanti! financeiro, 255
12.9.2.2 Arrendamento mercanti! operacional, 255
12.9.3 Contabiliza~ao do arrendamento mercanti! no arrendatario, 256
12.9.3.1 Contabiliza~ao do arrendamento mercanti! financeiro, 256
12.9.3.2 Contabiliza~ao do arrendamento mercanti! operacional, 258
12.9.4 Contabiliza~ao do arrendamento mercanti! no arrendador, 259
12.9.4.1 Contabi!iza~ao do arrendamento mercanti! financeiro, 259
12.9.4.2 Contabiliza~ao do arrendamento mercanti! operacional, 260
12.9.5 Transa~ao de venda e leaseback, 260
12.9.6 Comentarios finais, 262
12.10 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 262
13 Ativos intangiveis, 263
13.1 Introdu~ao, 263
13.2 Aspectos conceituais, 264
13.3 Defini~ao, reconhecimento e mensura~ao inicial, 264
13.4 Mensura~ao subsequente e vida uti!, 266
13.5 Impainnent test: intangiveis com vida uti! definida, indefinida e goodwill, 267
13.6 Urn caso concreto: os direitos federativos, 268
13.7 Marcas e patentes, 269
13.8 Direitos sobre recursos naturais, 270
13.9 Pesquisa e desenvolvimento, 270
13.10 Considera~6es finais, 271
13.11 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 271
14 Ativo diferido, 272
14.1 Introdu~ao, 272
14.2 Classifica~ao anterior das contas e novo tratamento contabi!, 273
14.2.1 Plano de contas - geral, 273
14.2.2 Gastos de implanta~ao e pre-operacionais, 273
14.2.3 Gastos de implanta~ao de sistemas e metodos, 275
Sumario xi
xii Manual de Contabilidade Societ,iria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos
14.2.4 Gastos de reorganiza~ao, 275
14.2.5 Gastos com coloca~ao de a~oes, 275
14.3 Avalia~ao e amortiza~ao, 275
14.4 Reclassifica~ao, baixa ou manuten~ao dos saldos do ativo diferido, 275
14.5 Resultados eventuais na fase pre-operacional, 276
14.5.1 0 conceito contabil, 276
14.5.2 0 tratamento fiscal, 277
14.6 Varia~oes monetarias e encargos financeiros na fase pre-operacional, 277
14.6.1 Aspectos gerais, 277
14.7 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 277
15 Passivo exigivel - conceitos gerais, 278
15.1 Classifica~ao, 278
15.2 Avalia~ao e conteudo do passivo, 279
15.2.1 Visao geral, 279
15.3 Plano de contas e criterios contabeis, 280
15.4 Tratamento para pequenas e medias empresas, 280
16 Fomecedores, obriga\;oes fiscais e outras obriga\;oes, 281
16.1 Fornecedores, 281
16.2 Obriga~oes fiscais, 282
16.2.1 ICMS a recolher, 282
16.2.2 IPI a recolher, 282
16.2.3 Imposto de renda a pagar, 282
16.2.4 Contribui~ao social a recolher, 283
16.2.5 IOF a pagar, 284
16.2.6 ISS a recolher, 286
16.2.7 Cofins e PIS/Pasep a recolher, 286
16.2.8 IRRF - Imposto de Renda retido na fonte a recolher, 286
16.2.9 Outros impostos e taxas a recolher, 286
16.2.10 Programa de recupera~ao fiscal CRefis), 286
16.3 Outras obriga~oes, 292
16.3.1 Adiantamentos de clientes, 292
16.3.1.1 Conceitos gerais, 292
16.3.1.2 Fornecimento de bens, obras e servi~os a longo prazo, 292
16.3.1.3 Posterga~ao do pagamento do imposto de renda em contratos a longo prazo, 296
16.3.1.4 Diferimento da contribui~ao social, 296
16.3.2 Contas a pagar, 296
16.3.3 Arrendamento operacional a pagar, 297
16.3.4 Ordenados e salarios a pagar, 297
16.3.5 Encargos sociais a pagar e FGTS a recolher, 297
16.3.6 Reten~6es contratuais, 297
16.3.6.1 Exemplo de contabiliza~ao, 297
16.3.7 Dividendo obrigatorio a pagar, 298
16.3.8 Comissoes a pagar, 298
16.3.9 Juros de emprestimos e financiamentos, 298
16.3.10 Outras contas a pagar, 298
16.4 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 299
17 Emprestimos e financiamentos, debentures e outros titulos de divida, 300
17.1 Emprestimos e financiamentos, 300
17.1.1 Emprestimos e financiamentos a longo prazo, 300
17.1.2 Credores por financiamentos, 308
17.1.3 Financiamentos band.rios a curto prazo, 308
17.1.4 Titulos a pagar, 309
17.2 Debentures, 309
17.2.1 Caracteristicas basicas, 309
17.2.2 Gastos com coloca~ao, 310
17.2.3 Remunera~ao das debentures e contabiliza~ao, 310
17.2.4 Conversao em a~6es, 311
17.2.5 Emissao de debentures com premio/desagio, 311
17.2.6 Nota explicativa, 313
17.3 Outros titulos de divida, 314
17.3.1 Notas promissorias, 314
17.3.2 Eurobonds e outros titulos de divida emitidos no exterior, 314
17.3.3 Titulos perpetuos, 314
17.4 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 316
18 Imposto sobre a renda e contribui~ao social a pagar, 317
18.1 Imposto sobre a renda, 317
18.1.1 Aspectos contabeis gerais, 317
18.1.2 Reconhecimento do encargo, 317
18.1.3 Classifica~ao no balan~o, 317
18.1.4 Redu~ao do imposto por incentivos fiscais, 318
18.1.5 Exemplos de contabiliza~ao, 318
18.1.6 Calculo do imposto de renda, 319
18.1.6.1 Apura~ao do lucro real, 319
18.1.6.2 0 RTT e 0 LALUR, 319
18.1.6.3 Adi~6es ao lucro liquido, 322
18.1.6.4 Exclusoes do lucro liquido, 323
18.1. 7 Calculo da contribui~ao social, 324
18.1.7.1 Bonus de adimplencia fiscal, 324
18.1.8 Posterga~ao do Imposto de Renda (diferimento), 325
18.1.8.1 Receitas nao realizadas, 325
18.1.8.2 Deprecia~ao incentivada, 326
18.1.9 Posterga~ao da contribui~ao social (diferimento), 327
18.1.10 Diferimento da despesa do Imposto de Renda, 327
18.1.10.1 0 conceito - regime de competencia, 327
18.1.10.2 Provisoes dedutiveis no futuro, 328
18.1.10.3 Regime de competencia e realiza~ao, 329
18.1.lO.4 Mudan~a de aliquota ou de legisla~ao, 329
18.1.lO.5 Ativo fiscal diferido relativo a prejuizos fiscais, 329
Sumario xiii
18.1.10.6 Ajuste a valor presente na determina~ao dos lucros tributaveis futuros, 331
18.1.11 Diferimento da despesa com a Contribui~ao Social, 331
18.2 Recolhimentos mensais e trimestrais do Imposto de Renda, 331
18.2.1 Recolhimento trimestral em bases reais, 332
18.2.2 Recolhimento por estimativa, 332
xiv Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos
18.2.3 Recolhimentos mensais ou trimestrais da contribui~iio social, 332
18.3 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 333
19 Provisoes, passivos contingentes e ativos contingentes, 334
19.1 Introdu~iio, 334
19.2 Provisoes e passivos contingentes, 335
19.2.1 Reconhecimento de provisoes, 335
19.2.2 Passivo contingente e ativo contingente, 336
19.3 Reembolso, 337
19.4 Exemplos de provisoes, 337
19.4.1 Provisiio para garantias, 338
19.4.2 Provisiio para riscos fiscais, trabalhistas e civeis, 338
19.4.3 Provisiio para reestrutura~iio (inclusive a relativa it descontinuidade de opera~oes), 339
19.4.4 Provisiio para danos ambientais, 340
19.4.5 Provisiio para compensa~oes ou penalidades por quebra de contratos (contratos onerosos), 340
19.4.6 Obriga~iio por retirada de servi~o de ativos de longo prazo - (Asset Retirement Obligation - ARO),
341
19.5 0 exemplo 4-a do anexo II da NPC 22 do Ibracon, 341
19.6 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 343
20 Patrimonio Ifquido, 344
20.1 Introdu~iio, 344
20.1.1 Conceitua~iio, 344
20 .1.2 Diferen~a entre reservas e provisoes, 345
20.2 Capital social, 345
20.2.1 Conceito, 345
20.2.2 Capital realizado, 345
20.2.3 Sociedades anonimas com capital autorizado, 346
20.2.4 Aspectos contabeis com rela~iio a a~oes, 346
20.2.4.1 Gastos na emissiio de a~oes, 348
20.2.5 Corre~iio monetaria do capital realizado, 349
20.3 Reservas de capital, 349
20.3.1 Conceito, 349
20.3.2 Conteudo e classifica~iio das contas, 349
20.3.3 Destina~iio das reservas de capital, 350
20.4 Ajustes de avalia~iio patrimonial, 350
20.4.1 Considera~oes gerais, 350
20.4.2 Constitui~iio e realiza~iio, 350
20.4.3 Exemplo pratico, 350
20.5 Reservas de lucros, 351
20.5.1 Conceito, 351
20.5.2 As contas de reservas de lucros, 351
20.5.3 Reserva legal, 351
20.5.4 Reservas estatutarias, 352
20.5.5 Reserva para contingencias, 352
20.5.6 Reservas de lucros a realizar, 354
20.5.7 Reserva de lucros para expansiio (reten~iio de lucros), 358
20.5.8 Reserva de incentivos fiscais, 358
20.5.9 Reserva especial para dividendo obrigat6rio nao distribuido, 360
20.5.10 Reserva de lucros - beneficios fiscais, 360
20.5.11 Dividendos propostos, 361
20.6 A~6es em tesouraria, 361
20.6.1 Conceito, 361
20.6.2 Classifica~ao contabil, 362
20.6.3 Resultados nas transa~6es com a~6es em tesouraria, 363
20.6.4 Aspectos fiscais, 363
20.7 Prejuizos acumulados, 363
20.8 Outras contas do patrim6nio liquido, 364
20.8.1 Op~6es outorgadas reconhecidas, 364
20.8.2 Gastos na emissao de a~6es, 364
20.8.3 Ajustes acumulados de conversao, 364
20.8.4 Contas extintas, 365
20.9 Dividendos, 365
20.9.1 Considera~6es iniciais, 365
20.9.1.1 Conceitua~ao e taxonomia, 365
20.9.1.2 Exemplos praticos, 369
20.9.1.3 Direito de voto de a~6es preferenciais, 372
20.9.1.4 Dividendos intermediarios, 372
20.9.1.5 Prazo para pagamento dos dividendos, 372
20.10 Juros sobre 0 capital proprio, 372
20.10.1 Considera~6es gerais, 372
20.10.2 Exemplos praticos, 374
20.11 Adiantamentos para aumento de capital, 378
20.11.1 Natureza, 378
20.11.2 Classifica~ao contabil dos adiantamentos para aumento de capital, 378
20.12 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 379
21 Reavalia~ao,380
21.1 Introdu~ao, 380
21.2 Historico, 381
21.3 Procedimentos para a reavalia~ii.o, 382
21.4 Contabiliza~ii.o, 383
21.5 Baixa de reserva de reavalia~ii.o, 384
21.6 Tratamento da baixa do ativo, 384
21.7 Tratamento fiscal da reavalia~ii.o, 384
21.8 Contabiliza~ii.o do Imposto de Renda, 384
21.9 Calculo das participa~6es e dos dividendos, 385
21.10 Imobilizado descontinuado, 386
21.11 Recupera~ii.o do valor contabil, 386
21.12 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 387
22 Contratos de constru~ao, 388
22.1 Comentarios gerais, 388
Sumario xv
22.2 Contratos de constru~ii.o - atividades de compra e venda, loteamento, incorpora~ii.o e constru~ii.o de
imoveis - contabiliza~ii.o ate 0 exercicio social de 2009, 389
22.2.1 Tratamento contabil, 389
22.2.2 Disposi~6es fiscais, 391
22.3 Contratos de constru~ii.o - atividades de compra e venda, loteamento, incorpora~ii.o e constru~ii.o de imo-
veis - contabiliza~ii.o a partir do exercicio social de 2010, 393
xvi Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos
22.4 Outros contratos de constru~ao - 0 CPC 17, 394
22.5 Considera~6es finais, 397
22.6 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 397
23 Ativo nao circulante mantido para venda e opera¢o descontinuada, 398
23.1 Ativo nao circulante mantido para venda, 398
23.1.1 Conceitos gerais, 398
23.1.2 Classifica~ao de ativos nao circulantes como mantidos para venda, 399
23.1.2.1 Ativos nao circulantes a serem baixados, 399
23.1.3 Mensura~ao de ativos nao circulantes classificados como mantidos para venda, 400
23.1.3.1 Mensura~ao de ativos nao circulantes mantidos para venda, 400
23.1.3.2 Reconhecimento de perdas por redu~il.o ao valor recupenivel e reversao, 400
23.1.3.3 Altera~6es em pianos de venda, 400
23.1.4 Exemplo, 400
23.2 Opera~ao descontinuada, 401
23.2.1 Apresenta~ao, 401
23.2.2 Ganhos ou perdas relacionados com opera~6es em continuidade, 401
23.2.3 Apresenta~ao de ativos nao circulantes classificados como mantidos para venda, 402
23.2.4 Exemplos, 402
23.2.5 Divulga~6es adicionais e disposi~6es transit6rias, 403
23.3 Entidades de pequeno e medio porte, 403
23.4 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 404
24 Combina~ao de neg6cios, fusao, incorpora~ao e cisao, 405
24.1 Aspectos introdut6rios, 405
24.1.1 Objetivos basicos, 405
24.2 Aspectos legais e societarios, 406
24.2.1 Incorpora~ao, 406
24.2.2 Fusao, 406
24.2.3 Cisao, 406
24.2.4 Aliena~ao de controle, 406
24.2.5 Aquisi~ao de controle, 406
24.2.6 Aspectos societarios relativos it cisao, fusao e incorpora~ao, 406
24.2.7 Institui~6es controladas pela CVM e pelo Banco Central, 408
24.3 Aspectos contabeis, 408
24.3.1 Introdu~ao, 408
24.4 Combina~6es envolvendo sociedades sob controle comum, 410
24.4.1 Introdu~ao, 410
24.4.2 Incorpora~ao de sociedades sob controle comum, 411
24.4.3 Incorpora~ao de subsidiaria integral, 412
24.4.4 Incorpora~ao de controlada, 413
24.4.5 Incorpora~ao de a~6es, 413
24.4.6 Fusao de sociedades sob controle comum, 413
24.4.7 Cisao, 414
24.4.8 Rela~ao de substitui~ao a valor de mercado, 415
24.4.8.1 Introdu~ao, 415
24.4.8.2 Exemplo de calculo de rela~ao de troca, 416
24.5 Combina~6es de neg6cios entre partes independentes, 417
24.5.1 Introdu~ao, 417
24.5.2 Identifica~iio do adquirente, 417
24.5.3 Detennina~iio da data de aquisi~iio, 418
24.5.4 Reconhecimento e mensura~iio dos ativos liquidos adquiridos, 418
24.5.4.1 Condi~oes gerais de reconhecimento e ciassifica~iio, 418
24.5.4.2 Regra geral de mensura~iio, 421
24.5.4.3 Exce~oes as regras gerais de reconhecimento e mensura~iio, 422
24.5.5 Reconhecimento e mensura~iio da participa~iio dos niio controladores, 423
24.5.6 Reconhecimento e mensura~iio do goodwill ou ganho por compra vantajosa, 424
24.5.7 Detennina~iio do que faz parte da combina~iio de negocios, 426
24.5.8 Periodo de mensura~iio, 428
24.5.9 Mensura~iio e contabiliza~oes subsequentes, 429
24.5.10 Exemplos praticos, 430
24.5.10.1 Aliena~iio/aquisi~iio do controle, 430
24.5.10.2 Incorpora~iio em que M compra, 434
24.5.10.3 Fusiio em que M compra, 436
24.6 Aquisi~iio reversa, 437
24.6.1 Introdu~iio, 437
24.6.2 Procedimentos contabeis, 437
24.6.3 Exemplo pratico, 439
24. 7 Incorpora~oes reversas, 442
24.7.1 Introdu~iio, 442
24.7.2 Exemplo pratico, 444
24.8 Divulga~iio, 448
24.8.1 Introdu~iio, 448
24.8.2 Notas explicativas para combina~oes do exerdcio corrente, 449
24.8.3 Notas explicativas para ajustes reconhecidos no exerdcio, 450
24.9 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 451
25 Concessoes, 452
25.1 No~oes preliminares sobre concessoes, 452
25.1.1 Introdu~iio, 452
25.1.2 Principais caracteristicas dos contratos de concessiio, 453
25.1.3 Controle sobre os ativos ptiblicos de infraestrutura, 455
25.1.4 Remunera~iio dos servi~os prestados pelo concessionario, 455
25.2 Reconhecimento e mensura~iio, 456
25.2.1 Ativos ptiblicos de infraestrutura, 456
25.2.2 Ativos reconhecidos pela entidade concessionaria, 457
25.2.2.1 Entidade concessionaria reconhece urn ativo financeiro, 457
25.2.2.2 Entidade concessionaria reconhece urn ativo intangivel, 457
Sumario xvii
25.2.2.3 Entidade concessionaria reconhece urn ativo financeiro e urn ativo intangivel, 458
25.2.3 Receita de servi~os de concessiio, 458
25.2.4 Custos de financiamento, 459
25.2.5 Custos de recupera~iio da infraestrutura, 460
25.2.6 Participa~iio residual, 460
25.2.7 Itens fornecidos a entidade concessionaria pelo concedente, 460
25.3 Exemplos de reconhecimento e mensura~iio de contratos de concessiio, 460
25.3.1 Reconhecimento de urn ativo financeiro pela concessionaria, 460
25.3.2 Reconhecimento de urn ativo intangivel pela concessionaria, 464
xviii Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos
25.4 Divulga~6es, 467
25.5 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 467
26 Politicas contabeis, mudan~a de estimativa e retifica~iio de erro e evento subsequente, 468
26.1 Introdu~iio, 468
26.1.1 CPC 23, 468
26.1.2 Mudan~a de politica, de estimativa ou retifica~iio de erros?, 469
26.2 Politicas contabeis, 469
26.2.1 Mudan~a nas politicas contabeis, 470
26.2.2 Limita~6es it reapresenta~iio retrospectiva, 470
26.3 Mudan~a nas estimativas contabeis, 471
26.4 Retifica~iio de erros, 472
26.4.1 Limita~6es it reapresenta~iio retrospectiva, 472
26.5 Impraticabilidade da aplica~iio e reapresenta~iio retrospectiva, 472
26.6 Evento subsequente, 475
26.6.1 0 que e evento subsequente, 475
26.6.2 0 que e data de autoriza~iio para emissiio das demonstra~6es contabeis - Obrigatoriedade de
divulga~iio dessa data, 475
26.7 Evento subsequente com efeito retroativo ao balan~o, 475
26.7.1 Evento subsequente sem efeito retroativo ao balan~o, 476
26. 7.2 Divulga~iio, 476
26.8 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 476
27 Demonstra~iio do resultado do exercicio e demonstra~iio do resultado abrangente do exercicio, 477
27.1 Introdu~iio, 477
27.2 Criterios contabeis basicos, 477
27.2.1 Conceitua~ao da legisla~iio, 477
27.2.2 Osjuros embutidos,478
27.2.3 Extin~iio da corre~iio monetaria, 479
27.2.4 Calculo dejuros sobre 0 capital proprio, 479
27.3 Criterios basicos de apresenta~iio - DRE, 480
27.4 Demonstra~iio do resultado abrangente do exercicio - DRA, 482
27.5 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 484
28 Receitas de vendas, 485
28.1 Receitas de vendas de produtos e servi~os, 485
28.1.1 Conceitos, 485
28.1.2 Contas necessarias, 486
28.1.3 Mensura~iio da receita e momento de seu reconhecimento, 487
28.2 Dedu~6es das vend as, 489
28.2.1 Vendas canceladas, 489
28.2.2 Abatimentos, 490
28.2.3 Impostos incidentes sobre vendas, 490
28.3 Comentarios finais, 503
28.4 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 503
29 Custo dos produtos vendidos e dos servi~os prestados, 504
29.1 Introdu~iio, 504
29.2 0 custo dos produtos vendidos, 504
29.3 Custeio real por absor~ao, 505
29.4 Custeio direto (ou custeio variavel), 505
29.5 Custo-padrao, 505
29.6 Custeio baseado em atividades, 505
29.7 RKw, 505
29.8 Aspectos fiscais, 506
29.9 0 plano de contas, 506
29.10 Recupera~ao de custos no plano de contas, 507
29.11 Exemplo sumario, 507
29.11.1 Materias-primas, 507
29.11.2 Mao de obra direta, 508
29.11.3 Custos indiretos, 508
29.12 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 508
30 Despesas e outros resultados operacionais, 509
30.1 Conceitos gerais, 509
30.2 Despesas de vendas e administrativas, 509
30.2.1 Despesas de vendas, 509
30.2.2 Despesas administrativas, 510
30.2.3 Plano de contas das despesas de vendas e administrativas, 510
30.3 Resultados financeiros liquidos, 513
30.3.1 Conceito inicial e legisla~ao, 513
30.3.2 Classifica~ao, 514
30.3.3 Conteudo das contas, 514
30.3.4 Classifica~ao na demonstra~ao do resultado do exerdcio, 516
30.4 Outras receitas e despesas operacionais, 516
30.4.1 Conteudo e significado, 516
30.4.2 Lueros e prejuizos de participa~6es em outras sociedades, 516
30.4.3 Vendas diversas, 517
30.5 Contribui~ao social, 518
30.6 Imposto de Renda, 518
30. 7 Participa~6es e contribui~6es, 519
30.7.1 0 tratamento como despesa, 519
30.7.2 A contabiliza~ao no balan~o, 519
30.7.3 Forma de ca1culo e exemplo de contabiliza~ao, 519
30.8 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 520
31 Beneficios a empregados, 521
31.1 Introdu~ao, 521
31.1.1 Pronunciamento tecnico CPC 33, 522
31.2 Os beneficios a empregados, 523
31.2.1 Beneficios de curto prazo, 523
31.2.2 Beneficios pos-emprego, 524
31.2.3 Outros beneficios de longo prazo, 526
31.2.4 Beneficios de desligamento, 526
31.3 Reconhecimento, mensura~ao e divulga~ao, 527
31.3.1 Plano de contribui~ao definida, 527
31.3.2 Plano de beneficio definido, 528
31.4 Disposi~6es transitorias, 537
31.5 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 537
Sumario xix
xx Manual de Contabilidade Societaria • Iudfcibus, Martins, Gelbcke e Santos
32 Pagamento baseado em a<;oes, 538
32.1 No<;5es preliminares sobre transa<;5es com pagamento baseado em a~oes, 538
32.1.1 Introdu~iio, 538
32.1.2 Caracteristicas das transa<;5es com pagamento baseado em a~oes, 539
32.1.3 Tipos de transa<;5es com pagamento baseado em a~5es, 540
32.1.4 Avalia~iio dos instrumentos patrimoniais outorgados, 541
32.1.4.1 Calculo do valor das op~5es de compra de a~5es, 542
32.1.5 Condi~5es de aquisi~iio dos direitos de posse (vesting conditions),
544
32.2 Reconhecimento e mensura~iio, 545
32.2.1 Transa~5es com pagamento baseado em a~oes Iiquidadas pela entrega de instrumentos patrimo·
niais, 545
32.2.2 Transa~oes com pagamento baseado em a<;5es Iiquidadas em dinheiro, 546
32.2.3 Transa~5es com pagamento baseado em a~5es Iiquidadas em dinheiro ou mediante emissiio de
instrumentos patrimoniais conforme a escolha da entidade ou do fornecedor de servi~os, 546
32.3 Exemplos de transa<;5es de pagamento baseado em a~5es, 547
32.3.1 Exemplo de transa~iio de pagamento baseado em a<;5es liquidadas pela entrega de instrumentos
patrimoniais - condi<;5es de servi~o para aquisi<;iio dos direitos de posse, 547
32.3.2 Exemplo de transa~iio de pagamento baseado em a~5es Iiquidadas pela entrega de instrumentos
patrimoniais - condi~5es de desempenho para aquisi~iio dos direitos de posse, 548
32.3.3 Exemplo de transa~iio de pagamento baseado em a~5es liquidadas pela entrega de instrumentos
patrimoniais - condi~6es de mercado, 550
32.3.4 Exemplo de transa~iio de pagamento baseado em a<;5es Iiquidadas pela entrega de dinheiro, 551
32.4 Divulga~5es, 553
32.5 Criticas ao modelo, 553
32.6 Comentarios finais, 554
32.7 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 555
33 Demonstra<;iio das muta<;6es do patrim6nio Jiquido, 556
33.1 Introdu~iio, 556
33.1.1 Utilidade, 556
33.1.2 Tratamento pela Lei das Sociedades por A~5es, 556
33.1.3 Tratamento pelo comite de pronunciamentos contabeis, 557
33.2 Muta~5es nas contas patrimoniais, 557
33.2.1 0 modelo no Anexo do CPC 26, 558
33.3 Tecnica de prepara<;iio, 559
33.3.1 Geral, 559
33.3.2 Procedimentos a serem seguidos, 559
33.4 Modelos de demonstra~iio, 560
33.4.1 DMPL com a demonstra~iio do resultado abrangente e a demonstra~iio dos lucros e prejuizos
acumulados, 560
33.5 DLPA, ajustes de exercicios anteriores e outros pontos, 564
33.5.1 Demonstra~iio de lucros ou prejuizos acumulados, 564
33.5.2 Ajustes de exercicios anteriores, 564
33.5.3 Revers5es e transferencias de reservas, 565
33.5.4 Juros sobre 0 capital proprio, 565
33.5.5 Dividendos e dividendo por a~iio, 565
33.5.6 Outros comentarios, 566
33.7 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 566
34 Demonstra<;ao dos Fluxos de Caixa (DFC), 567
34.1 Aspectos introdutorios, 567
34.1.1 Objetivo,567
34.1.2 Objetivo e beneffcios das informa~6es dos fluxos de caixa - Finalidade, 567
34.1.3 Requisitos, 568
34.1.4 Disponibilidades: caixa e equivalentes de caixa, 568
34.1.4.1 Equivalentes·caixa, 568
34.1.5 elassifica~ao das movimenta~6es de caixa por atividade, 569
34.1.5.1 Atividades operacionais, 569
34.1.5.2 Atividades de investimento, 570
34.1.5.3 Atividades de financiamento, 571
34.1.5.4 Transa~6es de investimento e financiamento sem efeito no caixa, 571
34.1.6 Pontos polemicos presentes na classifica~ao do lASB, 572
34.1.6.1 Juros pagos e dividendos, 572
34.1.6.2 Juros e dividendos recebidos, 572
34.1.6.3 Duplicatas descontadas, 572
34.1.6.4 Pagamento de investimento adquirido a prazo, 572
34.1.7 Fluxos de caixa em moeda estrangeira, 573
34.1.8 Imposto de Renda e eontribui~ao Social sobre 0 Lucro Liquido, 573
34.1.9 Aquisi~ao e vendas de controladas e outras unidades de negocios, 573
34.1.10 Informa~6es complementares requeridas, 573
34.2 Metodos de elabora~ao, 574
34.2.1 Metodo direto, 575
34.2.2 Metodo indireto, 575
34.2.3 eoncilia~ao lucro Jfquido versus caixa das opera~6es, 575
34.3 Tecnica de elabora~ao, 575
34.3.1 Metodo direto de apura~ao do caixa das atividades operacionais, 575
34.3.2 Metodo indireto, 576
34.3.2.1 Regra b;isica, 576
34.3.3 Exemplo completo, 577
34.3.3.1 Am\lise do exemplo, 580
34.4 eonsidera~6es finais, 581
34.5 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 582
35 Demonstrac;ao do Valor Adicionado (DVA), 583
35.1 Aspectos introdutorios, 583
35.1.1 Objetivo e beneficios das informa~6es da DVA, 583
35.1.2 Elabora~ao e apresenta~ao, 584
35.2 Modelo e tecnica de elabora~ao, 584
35.3 Aspectos conceituais discutiveis, 588
35.3.1 Deprecia~ao, amortiza~ao e exaustao, 588
35.3.2 Ativos reavaliados ou avaliados ao valor justo, 588
35.3.3 Ativos construidos pela propria empresa para uso proprio, 588
35.3.4 Distribui~ao de lucros relativos a exercicios anteriores, 588
35.3.5 Substitui~ao tributaria, 589
35.4 Exemplo de DVA, 589
35.5 Anilise da DVA, 591
35.6 eonsidera~6es finais, 592
35.7 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 592
36 Notas explicativas, 593
36.1 Aspectos introdutorios, 593
Sumario xxi
36.2 As notas explicativas conforme a Lei das Sociedades por A~6es, 0 epe e alguns orgaos reguladores, 593
xxii Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos
36.2.1 Geral, 593
36.2.2 Notas previstas pela lei, 594
36.2.3 Notas recomendadas pelo CPC, 595
36.2.4 Nota sobre opera,6es ou contexto operacional, 596
36.3 Comentarios sobre as notas da Lei das Sociedades por A,6es, 597
36.3.1 Principais criterios de avalia<;ao, 597
36.3.2 Investimentos, 598
36.3.3 Reavalia<;6es, 598
36.3.4 Onus, garantias e outras responsabilidades, 598
36.3.5 Emprestimos e financiamentos, 599
36.3.6 Capital social, 599
36.3.7 Ajustes de exercicios anteriores, 600
36.3.8 Eventos subsequentes, 600
36.3.9 Mudan<;a de criterio contabil, 601
36.4 Notas explicativas do CPC e orgaos reguladores, 601
36.4.1 Composi<;6es de contas, 601
36.4.2 Demonstra<;ao do dlculo do dividendo minimo obrigatorio, 601
36.4.3 Lucra por a<;ao e dividendo por a<;ao, 602
36.4.4 Segrega<;ao entre circulante e nao circulante, 602
36.4.5 Seguras, 602
36.4.6 Amortiza<;ao do agio/desagio - equivalencia patrimonial, 603
36.4.7 Arrendamento mercantil, 603
36.4.8 Transa<;6es entre partes relacionadas, 603
36.4.9 Tributos sobre 0 lucro, 603
36.4.10 Varia<;6es cambiais e conversao de demonstra<;6es contabeis, 604
36.4.11 Demonstra<;6es contabeis consolidadas, 604
36.4.12 Debentures, 605
36.4.13 Subven<;6es governamentais, 605
36.4.14 Beneficios a empregados (pianos de aposentadoria e pens6es), 606
36.4.15 Divulga<;ao de Instrumentos Financeiras, 606
36.4.16 Disponibilidades, 607
36.4.17 A<;6es em tesouraria, 607
36.4.18 Empresas em fase pre-operacional; 608
36.4.19 Capacidade ociosa, 608
36.4.20 Continuidade normal dos negocios, 608
36.4.21 Programa de desestatiza<;ao, 608
36.4.22 Remunera<;iio dos administradores, 609
36.4.23 Vendas ou servi,os a realizar, 609
36.4.24 Juros sobre capital proprio, 609
36.4.25 Estoques, 610
36.4.26 Ativos especiais, 610
36.4.27 Equivalencia patrimonial, 610
36.4.28 Demonstra<;6es condensadas, 611
36.4.29 Ativo intangivel, 611
36.4.30 Creditos junto a Eletrabras, 612
36.4.31 Incorpora<;iio, fusao e cisao, 612
36.4.32 Voto multiplo, 612
36.4.33 Custos de transa<;ao e premio na emissao de papeis, 612
36.4.34 Programa de recupera~ao fiscal (Refis), 612
36.4.35 Ativo imobilizado, 613
36.4.36 Perdas estimadas em crE,ditos de liquida~ao duvidosa, 613
36.4.37 Op~oes de compra de a~oes, 613
36.4.38 Despesas e receitas financeiras, 614
36.4.39 Instrumentos financeiros derivativos, 615
36.4.40 Ado~ao de nova pnitica contabil e mudan~a de politica contabil, 616
36.4.41 Corre~ao de erros de periodos anteriores, 617
36.4.42 Mudan~as em estimativas contabeis, 617
36.4.43 Informa~oes por segmento de negocio, 617
36.4.44 Informa~oes sobre concessoes, 618
36.4.45 Ativo nao circulante mantido para venda e opera~ao descontinuada, 618
36.4.46 Provisoes, passivos contingentes e ativos contingentes, 619
36.4.47 Entidades de proposito especifico (EPEs), 619
36.4.48 Paradas programadas, 620
36.4.49 Redu~ao ao valor recuperavel de ativos, 620
36.4.50 Contratos de seguro, 621
36.4.51 Ajuste a valor presente, 622
36.4.52 Combina~ao de negocios, 622
36.4.53 Contratos de constru~ao,
622
36.4.54 Investimento em coligada e em controlada, 623
36.4.55 Demonstra~ao intermediaria, 624
36.4.56 Evento subsequente, 624
36.4.57 Prapriedade para investimento, 624
36.4.58 Ativo biologico e praduto agricola, 625
36.4.59 Receitas, 625
36.4.60 Demonstra~oes separadas, 625
36.5 Notas explicativas em demonstra~oes contabeis comparativas, 626
36.5.1 Geral, 626
36.5.2 Sumario das praticas contabeis, 626
36.5.3 Mudan~as de pr<iticas contabeis, 626
36.5.4 Demonstra~oes em moeda de capacidade aquisitiva constante, 626
36.5.5 Destina~ao do lucra, 627
36.5.6 Composi~oes e detalhes de contas, 627
36.5.7 Informa~oes do ana anterior que sofrem altera~oes, 627
36.6 Normas brasileiras de contabilidade, 627
36. 7 Considera~oes finais, 628
36.8 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 628
37 Irrformac;oes por segmento, 629
37.1 Intradu~ao, 629
37.2 Finalidade, 630
37.3 Caracteristicas, 630
37.3.1 Conceito, 631
37.3.2 Fun~oes relacionadas, 631
37.3.3 Criterios de agrega~ao, 631
37.3.4 Comparabilidade, 632
37.3.5 Limite de segmentos, 632
37.4 Divulga~ao, 632
Sumario xxiii
xxiv Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos
37.5 Informa~6es especificas, 633
37.5.1 Produtos, servi~os e areas geogrMicas, 633
37.5.2 Clientes principais, 633
37.5.3 Outros pontos a destacar, 633
37.6 Considera~6es finais, 634
37.7 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 634
38 Transa~6es entre partes reiacionadas, 635
38.1 Introdu~ao, 635
38.2 Partes reiacionadas, 636
38.3 Transa~6es, 638
38.3.1 Natureza das transa~6es, 638
38.3.2 Pre~os de transferencia, 639
38.4 Divulga~ao, 639
38.5 Considera~6es finais, 641
38.6 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 641
39 Consolida~ao das demonstra~6es contabeis e demonstra~6es separadas, 642
39.1 Introdu~ao, 642
39.1.1 Controladas, 642
39.1.2 Entidades controladas em conjunto (joint ventures), 647
39.2 No~6es preliminares de consolida~ao, 649
39.2.1 Introdu~ao, 649
39.2.2 Objetivo da consolida~ao e quem a faz, 649
39.2.3 Obrigatoriedade da consolida~ao nas empresas fechadas, 651
39.2.4 Diferen~a na data de encerramento do exercicio, 652
39.3 Procedimentos de consolida~ao, 652
39.3.1 Introdu~ao, 652
39.3.2 Necessidade de uniformidade de politicas e criterios contabeis, 653
39.3.3 Controle das transa~6es entre as empresas do grupo, 653
39.3.4 Papeis de trabalho, 653
39.4 Elimina~6es e ajustes de consolida~ao, 656
39.4.1 Elimina~ao de saldos e transa~6es intersociedades, 657
39.5 Lucros nos estoques, 659
39.5.1 Introdu~ao, 659
39.5.2 0 fundamento, 660
39.5.3 Casos praticos de lucro nos estoques, 660
39.6 Lucro nos ativos nao circulantes, 663
39.6.1 Introdu~ao, 663
39.6.2 Lucro ou prejuizo em investimentos, 663
39.6.3 Lucro ou prejuizo em ativo imobilizado, 666
39.7 Participa~ao dos acionistas nao controladores, 670
39.7.1 Fundamento, 670
39.7.2 Apresenta~ao no balan~o, 670
39.7.3 Apura¢o do valor da participa¢o dos nao controladores, 671
39.8 Considera~6es adicionais sobre goodwill e mais·valia de ativos, 677
39.9 Consolida~ao na existencia de defasagem nas datas dos balan~os, 678
39.10 Reavalia~ao de ativos e outros resultados abrangentes, 679
39.11 Tributos na consolida~ao, 680
39.11.1 Tributos sobre 0 lucro nas transa~6es com ativos, 680
39.11.2 ICMS, IPI, PIS e COFINS, 681
39.11.3 ISS e outros, 682
39.12 Mudan~as na participa~iio relativa da controladora, 683
39.13 Perda do controle, 686
39.14 Publica~ao e notas explicativas, 689
39.15 Consolida~ao proporcional, 689
39.15.1 Introdu~iio, 689
39.15.2 Procedimentos de consolida~iio proporcional, 690
39.15.3 Perda do controle conjunto, 694
39.15.4 Notas explicativas, 695
39.16 Demonstra~6es contabeis separadas, 695
39.16.1 Introdu~ao, 695
39.16.2 Apresenta~ao das demonstra~6es contabeis separadas, 697
39.16.3 Notas explicativas, 698
39.17 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 698
40 Corre~ao integral das demonstra~6es contabeis, 699
40.1 Introdu~ao, 699
40.1.1 Resumo da evolu~iio hist6rica da corre~iio monetaria no Brasil, 699
40.1.2 Considera~6es gerais, 701
40.1.3 Instru~ao CVM n' 64, 702
Sumario xxv
40.2 Metodologia e calculos de demonstra~6es em corre~ao integral com base nos dados nominais obtidos
pela legisla~ao societaria, 702
40.2.1 Contas do balan~o, 702
40.2.2 Contas da demonstra~ao do resultado, 702
40.3 Exemplos de corre~ao integral - com corre~iio de estoques e sem ajustes a valor presente, 703
40.3.1 Dados para elabora~iio das demonstra~6es contabeis em corre~ao integral do mes 1, 703
40.3.2 Exemplo 1 - corre~ao integral do mes 1, 704
40.3.2.1 0 balan~o, 705
40.3.2.2 A demonstra~iio do resultado, 705
40.3.2.3 Compara~ao das demonstra~6es contabeis, 707
40.3.2.4 Demonstra~ao das muta~6es do patrimonio liquido, 707
40.3.2.5 Demonstra~ao dos fluxos de caixa, 708
40.3.3 Exemplo 2 - mes 2, 708
40.3.3.1 A demonstra~ao do resultado, 709
40.3.3.2 0 balan~o, 709
40.3.3.3 Compara~ao das demonstra~6es contabeis, 710
40.3.3.4 Demonstra~ao dos fluxos de caixa, 711
40.3.3.5 Imposto de renda diferido, 711
40.4 Caso especial - nao corre~ao dos estoques, 713
40.5 Ajustes a valor presente de direitos e obriga~6es, 714
40.5.1 Considera~6es gerais, 714
40.5.2 Exemplo com clientes e fornecedores, 714
40.5.3 Ajuste a valor presente em itens nao monetarios, 717
40.6 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 717
41 Relat6rio da administra~ao, 718
41.1 Introdu~iio, 718
41.2 Estagio em nivel internacional, 720
xxvi Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos
41.2.1 Geral,720
41.2.2 Estudo da ONU, 720
41.2.2.1 Conteudo hasico, 720
41.2.2.2 Amilise corporativa, 720
41.2.2.3 Analise setorial, 721
41.2.2.4 Analise financeira, 721
41.2.2.5 Outras informa~6es, 721
41.2.3 Outros estudos e normas relacionados, 721
41.2.3.1 IAS 1, 721
41.2.3.2 Relat6rio do comite tecnico da IOSCO, 721
41.2.3.3 Projeto do IASB, 722
41.2.4 Conclusiio, 722
41.3 Situa~iio no Brasil, 722
41.3.1 Uma avalia~iio geral, 722
41.3.2 A legisla~ao no Brasil, 723
41.3.3 Conteudo proposto ou exigido pela CVM e comentarios, 723
41.4 Divulga~ao de servi~os de nao auditoria prestados pelos auditores independentes, 726
41.5 Considera~6es finais, 726
41.6 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 726
42 Ado~ao inicial das normas intemacionais e do CPC, 727
42.1 Introdu~ao, 727
42.2 Ado~ao inicial das normas intemacionais - CPC 37, 728
42.2.1 Elabora~iio do balan~o de abertura, 730
42.2.1.1 Proibi~6es, 730
42.2.1.1.1 Estimativas, 730
42.2.1.1.2 Desreconhecimento de ativos e passiv~s financeiros, 731
42.2.1.1.3 Contabilidade de hedge, 731
42.2.1.1.4 Participa~ao de acionistas nao controladores, 731
42.2.1.2 Isen~6es, 732
42.2.1.2.1 Combina~6es de neg6cios, 732
42.2.1.2.2 Contratos de seguros, 733
42.2.1.2.3 Custo atribuido, 733
42.2.1.2.4 Beneficios a empregados, 734
42.2.1.2.5 Ativos e Passivos de controladas, coligadas e empreendimentos con-
juntos, 734
42.2.1.2.6 Instrumentos financeiros compostos, 735
42.2.1.2.7 Passivos decorrentes da desativa~ao incluidos no custo de ativos imo-
bilizados, 735
42.2.1.2.8 Ativos financeiros ou ativos intangiveis contabilizados conforme a
IFRIC 12 - Service concession arrangements, 736
42.2.2 Divulga~6es, 736
42.2.3 Disposi~ao especial, 737
42.3 Ado~ao inicial dos CPCs 35 a 40 - CPC 43, 737
42.3.1 Introdu~ao, 737
42.4 Tratamento para as pequenas e medias empresas, 739
Apendice (Modelo de Plano de Contas), 740
indice remissivo, 749
Prefacio
Em 1977, logo apos a revolu<;ao contabil do seculo
passado no Brasil trazida pela edi<;ao da Lei das S.A.
(nQ 6.404/76), a Fipecafi foi procurada pela CVM para
editar 0 Manual de Contabilidade das Sociedades por
A<;6es, ja que praticamente tudo 0 que havia de novi-
dade em materia contabil nessa lei vinha sendo pesqui-
sado e ensinado no Departamento de Contabilidade e
Atuaria da FENUSP. E aque1e Manual nasceu em 1979,
passando a servir como fonte de consulta dos profissio-
nais de contabilidade, auditoria e analise de balan<;os,
acabando por se transformar tambem em livro didarico
e trabalho de referencia.
A partir principalmente de 1990, com a cria<;ao
da Comissao Consultiva de Normas Contabeis da CVM
(presen<;a, alem da CVM, da Fipecafi, do Ibracon, do
CFC, da Apimec e da Abrasca), essa autarquia passou a
emitir urn grande conjunto de normas ja convergentes
as do IASB, dentro dos limites que a Lei permitia, e
aquele Manual as foi incorporando ao longo de varias
edi<;6es. Diversas outras evolu<;6es foram tambem sen-
do inseridas.
Com a edi<;ao das Leis n" 11.638/07 e 11.941/09
(esta transformando em lei a MP nQ 449/08) e com a
cria<;ao do CPC - Comite de Pronunciamentos Conta-
beis - em 2005, produziu-se, durante 2008 e 2009,
enorme conjunto de novas normas, aprovadas pela
CYM e pelo CFC e outros orgaos reguladores, agora com
a convergencia completa as normas internacionais de
contabilidade (IASB). Com essa participa<;ao do Conse-
Iho Federal de Contabilidade, esta-se tendo a expansao
--_._--------
das normas, que antes atingiam apenas as sociedades
anonimas e certas limitadas, para praticamente todas
as entidades de fins lucrativos no Brasil. Com a ado<;ao
dos Pronunciamentos Tecnicos, inclusive 0 especifico
de Pequenas e Medias Empresas, nao sobram empre-
sas que nao tenham que aplicar as normas contabeis
emitidas pelo IASB e aqui replicadas pe10 CPC. E essa
esta sendo a grande revolu<;ao contabil deste seculo no
nosso pais.
Em fun<;ao de tao grande transforma<;ao, a Fipe-
cafi deliberou por cessar a edi<;ao daquele Manual e
produzir este outro, totalmente conforme os Pronun-
ciamentos, as Interpreta<;6es e as Orienta<;6es do CPC
e conforme as normas internacionais de contabilidade
emitidas pelo IASB. E ao grupo de autores do Manual
anterior agregou-se 0 Prof. Ariovaldo dos Santos, que
tambem tern dedicado enorme parte de sua vida como
profissional e como academico ao desenvolvimento da
contabilidade brasileira.
Nos, os Autores e a Fipecafi, acreditamos estar COll-
tribuindo para a eleva<;ao da informa<;ao contabil das
nossas empresas e para a eleva<;ao do profissional de
Contabilidade a urn patamar de qualidade impar. A lin-
guagem contabil e universal, e, com a globaliza<;ao dos
negocios, tornou-se por demais importante para todos
os paises, nao podendo mais ser praticada por cada urn
conforme seus proprios desejos. Alias, tudo 0 que e re-
levante e se globaJiza se obriga, cada vez mais, a urn
processo de convergencia mundial para facilitar a co-
IDunicac;ao, 0 entendimento, a amilise, 0 usa enfim para
xxviii Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos
qualquer finalidade. Se isso e relevante ate no mundo
esportivo (imagine-se 0 futebol praticado com regras di-
ferentes em cada pais, ou dentro de urn pais em regioes
diferentes - como chegou a ser praticada a Contabili-
dade em alguns paises), imagine-se no mundo dos ne-
gocios. Com a Contabilidade nao aconteceu diferente.
Assumindo cada vez mais importancia no mundo, ha
que ser aplicada da mesma forma em todos os lugares.
A transa~ao global de mercadorias, de servi~os, de
tecnologia, de dinheiro na forma de emprestimos ou
de investimentos etc. faz com que seja necessario que
inumeros empresarios brasileiros (inclusive pequenos
e medios) saibam entender as demonstra~6es conta-
beis de clientes, fornecedores, potenciais investidores
e outros interessados de outros pafses; e a redproca e
verdadeira: e obrigatorio que as nossas demonstra~6es
sejam facilmente entendidas e passiveis de analise por
esses interessados no exterior.
Mesmo que ja estivessemos com normas contabeis
de muito boa qualidade, de qualquer forma isso era de
nosso conhecimento, mas nao dos usuarios no exterior.
A confian~a e fundamental no mundo dos negocios, e
a confian~a na qualidade das normas utilizadas para
a elabora~ao das informa~6es contabeis faz parte do
processo que ajuda na facilita~ao das opera~6es, na
redu~ao do custo do capital, no interesse na propria
negocia~ao etc. Conhecendo agora quais as normas que
utilizamos, todos entenderao melhor e, consequente-
mente, terao mais confian<;a nas nossas informa<;oes.
AMm do mais, a qualidade media das normas in-
ternacionais do IASB e muito alta e, ao adota-las, esta-
remos melhorando a nossa; temos inclusive que tirar 0
atraso. Se, por urn lado, a Lei das S.A. de 1976 havia
nos colocado num elevado nivel comparativamente a
outros paises, a demora na sua renova<;ao nos colocou
em atraso novamente. Por isso a necessidade de estar-
mos tendo que fazer em praticamente tres anos 0 que
deixamos de fazer em tres decadas (como dito acima,
houve sim evolu~ao nesse periodo, mas limitada pela
mesma Lei que havia sido, a epoca, revolucionaria).
Este Manual tern, entao, a caracteristica de tratar
da Contabilidade aplicavel agora as companhias aber-
tas, as sociedades por a~6es fechadas, as sociedades de
grande porte, as pequenas e medias empresas (qual-
quer que seja sua formajuridica), conforme nossa nova
legisla~ao e conforme os Pronunciamentos do CPC, 0
que significa conforme as normas internacionais hoje
aplicadas ou em fase de implanta~ao em aproximada-
mente 140 paises.
Sabemos que para a globaliza~ao das normas e
preciso que cada pais abra mao de seu poder de criar
normas especificas, se divergentes dos demais. Mas
tambem e preciso que cada pais participe do processo
de gera~ao dessas normas a serem por todos utilizadas.
Dai nosso firme intento de participar dessa nova fase,
principalmente junto ao Comite de Pronunciamentos
Contabeis, com uma atua<;ao, daqui para a frente, mui-
to mais intensa nas atividades de analise e fornecimen-
to de sugest6es quanta as minutas das novas normas
em estudo pelo IASB, de melhoria das normas existen-
tes e na cria~ao das normas futuras.
Por isso pedimos aos leitores que nao so nos aju-
dem a melhorar este Manual, quer do ponto de vista
tecnico quanto do didatico, mas tambem nos ajudem
com sugest6es para melhoria das normas internacio-
nais; propomo-nos e comprometemo-nos a trabalhar, e
fortemente, nessa nova fase.
Participaram da elabora~ao deste Manual os Pro-
fessores e alunos da Pos-Gradua~ao da FWUSP Alex-
sandro Broedel Lopes, Bruno Meirelles Salorti, Edgard
Nogueira Junior, Fernando Dal Ri Murcia, Josue Pires
Braga, Kelly Cristina Mucio Marques, Marcelo Bicalho
Viturino de Araujo, Marcia Reis Machado, Sheizi Calhei-
ra de Freitas, Simone Alves da Costa, Tania Regina Sordi
Relvas e Tatiana Albanez, a quem muito agradecemos.
OS AUTORES, Profs.
Sergio de Iudicibus,
Eliseu Martins,
Ernesto Rubens Gelbcke e
Ariovaldo dos Santos,
e a FIPECAFI,
Prof. Iran Siqueira Lima (Presidente)
1
No~oes Introdut6rias
1.1 Introduc,;ao
Este livro esta nascendo em funr;ao de 0 Manual de
Contabilidade das Sociedades par Ap5es haver terminado
seu cicio, a vista da total convergencia da contabilida-
de brasileira as Normas Internacionais de Contabilida-
de emitidas pelo International Accounting Standards
Board (lASB).
Aquela obra foi originalmente elaborada entre 0
final de 1977 e 0 primeiro semestre de 1978, com 0
intuito nao so de auxiliar no processo de viabilizar;ao
pratica da Lei n' 6.404176, entao recem-editada para
efetiva aplicar;ao a partir de 1978, como tambem vi-
sando dar entendimento e interpretar;ao uniformes a
inumeras disposir;6es daquela Lei e da legislar;ao de
Imposto de Renda que acabava de ser
profundamente
alterada. De fato, toda aquela nova legislar;ao repre-
sentou uma verdadeira "revolur;ao" no campo da Con-
tabilidade, introduzindo inclusive muitas tecnicas para
as quais uma parcela substancial dos profissionais da
area nao estava preparada. Nao ha duvida de que tal
objetivo foi amplamente atingido.
Mas, com a edir;ao da Lei n' 11.638/07, da Me-
dida Provisoria n' 449/08 que se converteu na Lei n'
11.941/09, com a criar;ao do CPC e da emissao de seus
Pronunciamentos Tecnicos, Interpreta~6es Tecnicas e
Orientar;6es, a Contabilidade brasileira esta sofrendo
uma Dutra "revolw:;ao", provavelmente maior do que
a anterior. Assim, aquele Manual passou a precisar ter
bem mais da metade de seu conteudo totalmente refor-
mulado, dando lugar ao surgimento deste outro.
1.2 Contabilidade, fisco e legislac,;oes
especfficas
A Contabilidade sempre foi muito influenciada
pelos limites e criterios fiscais, particularmente os da
legislar;ao de Imposto de Renda. Esse fato, ao mesmo
tempo que trouxe a Contabilidade algumas contribui-
r;6es importantes e de bons efeitos, limitou a evolur;ao
dos Principios Fundamentais de Contabilidade ou, ao
menos, dificultou a ador;ao prarica de principios con-
tabeis adequados, ja que a Contabilidade era feita pela
maioria das empresas com base nos preceitos e formas
de legislar;ao fiscal, a qual nem sempre se baseava em
criterios contabeis corretos.
Felizmente, e aqui cabe 0 nosso franco e enorme
elogio a Receita Federal do Brasil, que auxiliou de for-
ma marcante na transposir;ao desses problemas. A cria-
r;ao do Regime Tributario de Transir;ao (RTT) foi uma
inestimavel contribuir;ao no sentido de que se pudesse
caminhar rumo a convergencia internacional de conta-
bilidade nos balanr;os individuais sem que os aspectos
tributarios sejam descumpridos.
Esse problema, que persistiu por muitos anos ate 0
final de 2007, teve uma tentativa de solur;ao por meio
da Lei das S.A. Essa solur;ao foi preconizada pelo art.
-----_._-
2 Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos
177, ja em 1976, que determina que a escritura<;ao deve
ser feita seguindo-se os preceitos da Lei das Sociedades
por A<;6es e os "principios de contabilidade geralmente
aceitos". Para atender Ii legisla<;ao tributaria, ou outras
exigencias feitas Ii empresa que determinem criterios
contabeis diferentes dos da Lei das Sociedades por A<;6es
ou dos principios de contabilidade geralmente aceitos,
devem ser adotados registros auxiliares Ii parte.
Dessa forma, a contabiliza<;ao efetiva e oficial fica-
ria inteiramente desvinculada da legisla<;ao do Imposto
de Renda e outras, 0 que representa, sem duvida, urn
avan<;o consideravel. Isto nao significa que a Contabi-
lidade oficial deva ser inteiramente diferente dos cri-
terios fiscais, ja que quanta mais proximos os criterios
fiscais dos contabeis tanto melhor. Todavia, essa dis-
posi<;ao foi inclufda na Lei das Sociedades pDf A<;6es
com 0 objetivo de permitir a elabora<;ao de demons-
tra<;6es contabeis corretas, sem prejufzo da elabora<;ao
de declara<;ao do Imposto de Renda, usufruindo-se de
todos os seus beneffcios e incentivos e, ao mesma tem-
po, respeitando-se tados os seus limites.
Mas a pratica mostrou-se muito diferente. Nas edi-
~oes anteriores fomos severamente criticos da postura
da Receita Federal que acabou inviabilizando a efetiva
aplica<;ao do preconizado pela Lei das S.A., e tambem
criticamos alguns outros orgaos.
Mas, agora, levantamo-nos e aplaudimos 0 Execu-
tivo e 0 Legislativo pelas modifica<;6es introduzidas que
estao conduzindo Ii efetiva independencia da Contabili-
dade como instrumento informativo para fins principal-
mente dos usuarios extemos, e dentre eles aplaudimos
especificamente a Secretaria da Receita Federal Bra-
sileira pela sua atual postura.
1.3 Resumo das demonstra~oes contabeis e
outras informa~oes
o conjunto de informa<;6es que deve ser divulgado
por uma sociedade por a<;6es representando sua "pres-
ta<;ao de contas" abrange 0 Relatorio de Administra<;ao,
as Demonstra<;6es Contabeis e as Notas Explicativas
que as acompanham, 0 Parecer dos Auditores Indepen-
dentes (se houver), 0 Parecer do Conselho Fiscal e 0
relatorio do Comite de Auditoria (se existirem).
A seguir, sera apresentado urn resumo desse COll-
junto de informa<;6es, 0 qual sera detalhado ao longo
deste livro.
1.3.1 Re/at6rio da administraC;iio
Nao faz parte das demonstra<;6es contabeis pro-
priamente ditas, mas a lei exige a apresenta<;ao desse
relatorio, que deve evidenciar os negocios sociais e prin-
cipais fatas administrativos ocorridos no exerdcio, os
investimentos em outras empresas, a politica de distri-
bui<;ao de dividendos e de reinvestimento de lucros etc.
No caso das companhias abertas, a CVM da orien-
ta<;ao especifica sobre esses e outros tantos topicos de
releva para terceiros. Por sua importancia, mesma nao
sendo especifica, sugere-se que a empresa avalie a Ins-
tru<;ao n' 480/09 da CVM, emitida em 7 de dezembro
de 2009, para preparar seu Relatorio de Administra<;ao.
As referencias Ii divulga<;ao de riscos sao de suma im-
portancia.
1.3.2 Balanc;o Patrimonial (BP)
1.3.2.1 Classificac;ao das contas
o balan<;o tern por finalidade apresentar a posi<;ao
financeira e patrimonial da empresa em determinada
data, representando, portanto, uma posi<;ao est<:ltica.
Conforme 0 art. 178 da Lei nO 6.404176, "no balan-
<;0, as contas serao classificadas segundo os elementos
do patrimonio que registrem, e agrupadas de modo a
facilitar 0 conhecimento e a analise da situa<;ao finan-
ceira da companhia".
Conforme as intitula<;6es da lei, 0 balan<;o e com-
posto por tres elementos basicos:
BAlANC;O PATRIMONIAL
ATIVO I PASSIVO
PATRIM6NIO LlQUIDO
ATNO - Compreende os recursos controlados por uma
entidade e dos quais se esperam beneficios econo-
micos futuros.
PASSNO - Compreende as exigibilidades e obriga<;6es.
PATRIMONIO UQUIDO - Representa a diferen<;a entre 0
ativo e passivo, ou seja, 0 valor Jfquido da empresa.
Portanto, e importante que as contas sejam classi-
ficadas no balan<;o de forma ordenada e uniforme, para
permitir aos usuarios uma adequada analise e inter-
preta<;ao da situa<;ao patrimonial e financeira. Visando
atender a esse objetivo, a Lei nO 6.404/76, por meio dos
arts. 178 a 182, definiu como deve ser a disposi<;ao de
tais cantas, seguindo, para 0 Ativo, a c1assifica<;ao em
ordem decrescente de grau de liquidez e, para 0 Passi-
YO, em ordem decrescente de prioridade de pagamento
das exigibilidades, ou seja:
• no Ativo, sao apresentadas em primeiro lugar
as cantas mais rapidamente conversiveis em
disponibilidades, iniciando com 0 disponfve1
(caixa e bancos), contas a receber, estoques,
e assim sucessivamente;
Not;oes Introdut6rias 3
• no Passivo, c1assificam-se em primeiro lugar
as contas cuja exigibilidade ocoffe antes.
Como se verifica, os grupos de contas apresenta-
dos foram dispostos dentro do criterio do grau de li-
quidez mencionado. Dentro de cada grupo, a ordem de
liquidez e exigibilidade tamMm deve ser mantida. Dentro desse conceito geral, os §§ 1 Q e 2' do art.
178 determinam a segrega~ao do Ativo e do Passivo nos
seguintes grupos: o Pronunciamento Tecnico 26 - Apresenta~ao das
Demonstra~6es Contabeis que segue 0 padrao interna-
cional, nao estabelece ordem ou formato para a apre-
senta~ao das contas do balan~o patrimonial, mas deter-
mina que seja observada a legisla~ao brasileira.
BAlAN<;O PATRIMONIAL
ATIVO
ATIVO ORCULANTE
ATIVO NAO CIRCULANTE
REALIZAvEL A LONGO
PRAZO
INVESTIMENTOS
IMOBILIZADO
INTANGrVEL
Contas a receber
PASSIVO + PATRIMONIO
liQUIDO
PASSIVO CIRCULANTE
PASSIVO NAO CIRCULANTE
PATRIMONIO LfQUIDO:
CAPITAL SOOAL
RESERVAS
DE CAPITAL
AJUSTES DE AVALlA<;:AO
PATRIMONIAL
RESERVAS DE LUCROS
A<;:OES EM TESOURARIA
PREJUrZOS ACUMULADOS
1.3.2.2 Criterios de avalia.;:ao
Os criterios de avalia~ao dos ativos e de registro
dos passivos sao aplicados dentro do regime de com-
petencia e, de forma geral, seguem sumariamente a se-
guinte orienta~ao:
o valor dos tftulos menos estimativas de perdas para reduzi-Ios ao valor provavel de
realiza<;ao.
Aplicac;6es em instrumentos fi- Pelo valor justa au pelo custa amortizado (valor inicial acrescido sistematicamente dos
nanceiros e em direitos e tftulos juros e Qutros rendimentos cabfveis), neste casa ajustado ao valor provavel de realiza-
de credito (temporario) <;30, se este for menor.
Estoques Ao custa de aquisi<;ao au de fabrica<;ao, reduzido per estimativas de perdas para ajusta-
10 ao pre<;o de mercado, quando este for inferior. Nos produtos agrkolas e em certas
commodities, ao valor justo.
Ativo Imobilizado Ao custo de aquisi\=ao deduzido da deprecia\=ao, pelo desgaste ou perda de utilidade ou
amortiza\=ao ou exaustao. Periodicamente deve ser feita analise sobre a recupera\=ao dos
valores registrados. Os ativos biologicos, ao valor justo.
Investimentos Relevantes em Co- Pelo metoda da equivalencia patrimonial, ou seja, com base no valor do patrimonio
ligadas e Controladas (induindo Ifquido da coligada ou controlada proporcionalmente a participa\=ao acionaria. Quando
joint Ventures) de controladas, obrigatoria a consolida\=ao; quando de jOint ventures, a consolida\=ao
proporcional.
Outros Investimentos Societarios Igual aos instrumentos financeiros, nao pode mais ao custo.
Outros Investimentos Ao custo menos estimativas para reconhecimento de perdas permanentes. Se proprieda-
de para investimento, pode ser ao valor justa
Intangfvel Pelo custo incorrido na aquisi\=ao deduzido do saldo da respectiva conta de amortiza-
\=ao, quando aplicavel, ajustado ao valor recuperavel se este for menor.
Exigibilidades Pelos valores conhecidos ou calculaveis para as obriga\=oes, encargos e riscos, incluin-
do 0 Imposto de Renda e dividendos obrigat6rios propostos. Para certos instrumentos
financeiros, como a maioria dos emprestimos e financiamentos sujeitos a atualiza\=ao
moneta ria ou pagaveis em moeda estrangeira, pelos valores atualizados ate a data do
balan\=o e ajustados por demais encargos, como juros (custo amortizado). Para certos
outros instrumentos financeiros, pete valor justo.
Patrimonio Lfquido Valor residual composto por dois grandes conjuntos: transa\=oes com os s6cios (divididas
em capital e reservas de capita!), e resultados abrangentes (estes ultimos divididos em
reservas de lucros - ou prejufzos acumulados - e outros resultados abrangentes). Mas
nao tem criterio proprio de avalia\=ao, dependendo dos criterios de avalia\=ao atribufdos
aos ativos e passivos.
4 Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos
Tanto os elementos do ativo niio circulante quanto
os do passivo niio circulante devem ser ajustados a va-
lor presente, sendo os demais ajustados quando houver
efeito relevante.
1.3.3 Demonstrar;fio do Resultado do
Exercicio (DRE) e Demonstrar;fio do
Resultado Abrangente (DRA)
a) FORMA DE APRESENTA<;:AO
A Lei n' 6.404/76 define 0 conteudo da Demonstra-
~iio do Resultado do Exercicio, que deve ser apresentada
na forma dedutiva, com os detalhes necessarios das re-
ceitas, despesas, ganhos e perdas e definindo claramente
o lucro ou prejuizo liquido do exerdcio, e por a<;ao, sem
confundir-se com a conta de Lucros Acumulados, onde e
feita a distribui~iio ou aloca~iio do resultado.
o Pronunciamento Tecnico CPC 26 - Apresenta-
~iio das Demonstra~6es Contabeis -, aprovado pela De-
libera~iio CYM n' 595/09 e tornado obrigatorio para
as demais sociedades pela Resolu~iio CFC n' 1.185/09,
determina a ado~iio de duas demonstra~6es: a do resul-
tado do exercicio e a do resultado abrangente. A entida-
de deve apresentar todos os itens de receita e despesa
realizados no periodo dentro da tradicional Demons-
tra~ao do Resultado do Exercicio. As demais varia~6es
do patrimonio liquido (reservas de reavalia~iio, certos
ajustes de instrumentos financeiros, varia<;6es cambiais
de investimentos no exterior e outros), que poderiio
transitar no futuro pelo resultado do periodo ou irem
direto para Lucros ou Prejuizos Acumulados, siio apre-
sentadas como Outros Resultados Abrangentes dentro
da Demonstra~iio do Resultado Abrangente do perio-
do; esta ultima corresponde a soma do resultado do pe-
riodo com os outros resultados abrangentes. Ela niio
faz parte do conjunto de demonstra~6es contabeis exi-
gido pela Lei Societaria, porem foi incluida pelo CPC
em decorrencia das mudan~as advindas da convergen-
cia as normas internacionais.
o resultado abrangente e a muta,ao que ocarre no
patrimonio l{quido durante um periodo que resulta de
transa,oes e outros eventos que nao derivados de transa-
,Des cam as socios na sua qualidade de proprietario, ou
seja, e 0 resultado do exercicio acrescido de ganhos ou
perdas que eram reconhecidos direta e temparariamente
na Demonstra~iio das Muta~6es do Patrimonio Liquido.
Para a Demonstra~iio do Resultado Abrangente, a
entidade pode optar por apresenta-la separadamente
ou dentro das muta~6es do patrim6nio liquido.
b) CLARA DEFINI<;:AO DE LUCRO LiQUIDO
A lei define com clareza, por meio da Demons-
tra~iio do Resultado do Exercicio, 0 conceito de lucro
liquido, estabelecendo os criterios de classifica~iio de
certas despesas.
De fato, 0 lucro ou prejuizo liquido apurado nes-
sa demonstra~iio e 0 que se pode chamar de lucro dos
acionistas, pois, alem dos itens normais, ja se deduzem
como despesas 0 Imposto de Renda e as participa~6es
sobre os lucros a outros que niio os acionistas, de forma
que 0 lucro liquido demonstrado e 0 valor final a ser
adicionado ao patrimonio liquido da empresa que, em
ultima analise, pertence aos acionistas, ou e distribuido
como dividendo.
c) REGIME DE COMPETENCIA
As receitas e despesas siio apropriadas ao periodo
em fun~iio de sua incorrencia e da vincula~iio da des-
pesa a receita, independentemente de seus reflexos no
caixa.
A Lei das Sociedades par A~6es niio admite ex-
ce~6es.
d) CLASSIFICA<;:AO
o resultado e subdividido em alguns topieos como:
lucro bruto, lucro operacional, participa~6es no resul-
tado, impostos e participa~6es sobre 0 lucro e resultado
liquido e resultado das opera~6es descontinuadas.
Quanto a apresenta~iio das despesas na DRE do
periodo, 0 CPC 26 faculta a entidade a classifiea~ao ba-
seada na natureza das despesas ou em sua fun~iio na
entidade.
Cada metodo de apresenta~iio tern suas vantagens.
A classifica~iio pelo metodo da natureza da despesa e
mais simples de aplicar porque nao sao necessarias alo-
ca~6es de gastos as fun~6es. Ja 0 metodo da fun~iio da
despesa proporciona aos usuarios informa~6es mais re-
levantes do que a classifica~iio de gastos por natureza,
porem a aloca~iio das despesas as fun~6es pode envol-
ver aloca~6es arbitrarias. Pelo fato de a informa~iio so-
bre a natureza das despesas ser util para a previsiio de
futuros fluxos de caixa, 0 CPC 26 exige a divulga~iio adi-
cional quando for usada a classifica~iio com base no me-
todo da fun~iio das despesas. Mas a lei brasileira exige a
classifica~iio pela fun~iio (custo dos produtos vendidos,
despesas administrativas, despesas financeiras etc.)
1.3.4 Demonstrar;oes das Mutar;oes do
Patrimonio Liquido (DMPL) e de
Lueros ou Prejufzos Aeumulados
A Lei das Sociedades por A~6es aceita uma ou ou-
tra; a primeira e mais completa e uma de suas colunas
e ados lucros ou prejuizos acumulados.
Evidencia a muta~ao do patrimonio liquido em ter-
mos globais (novas integraliza~6es de capital, resultado
do exercicio, ajustes de
exerdcios anteriares, dividen-
dos, ajuste de avalia~ao patrimonial etc.) e em termos
de muta~6es intemas (incorpora~6es de reservas ao ca-
pital, transferencias de lucros acumulados para reser-
vas e vice-versa etc.).
Na coluna (ou Demonstra~ao, se for 0 caso) de Lu-
cros Acumulados, e feita toda a destina~ao do resultado
do exerdcio. Assim, a forma~ao do lucro e na Demons-
tra~ao do Resultado e sua destina~ao (ou compensa~ao
com reservas, se houver prejuizo) e nessa coluna ou
demonstra~ao.
Mas com 0 CPC 26 - Apresenta~ao das Demons-
tra~6es Contabeis -, so restou a oportunidade da apre-
senta~ao da demonstra~ao das muta~6es do patrimonio
liquido.
1.3.5 Demonstrac;ao das Origens e
Aplicac;oes de Recursos (DOAR)
Essa demonstra~ao, que era obrigatoria para mui-
tas empresas, agora nao mais, procura evidenciar as
origens de recursos que ampliam a folga financeira de
curto prazo (ou 0 capital circulante liquido, numa lin-
guagem mais tecnica) e as aplica~6es de recursos que
consomem essa folga.
As origens de recursos sao subdivididas em: gera-
das pela propria empresa por suas opera~6es e obtidas
dos socios e emprestadas a longo prazo de terceiros.
As aplica~6es incluem a destina~ao para dividend os, as
aplica~6es em ativos permanentes e de longo prazo e as
utiliza~6es para devolu~ao dos emprestimos tornados
a longo prazo de terceiros ou sua transferencia para 0
Circulante.
Ha algum tempo ja se percebia, no mundo, a ten-
dencia de substitui~ao da Demonstra~ao de Origens e
Aplica~6es de Recursos pela Demonstra~ao dos Fluxos
de Caixa.
Com a altera~ao da Lei Societaria pela Lei nQ
11.638/07, a Demonstra~ao dos Fluxos de Caixa pas-
sou a compor 0 elenco das demonstra~6es obrigatorias,
em substitui~ao a Demonstra~ao de Origens e Aplica-
~6es de Recursos.
1.3.6 Demonstrac;ao dos Fluxos de Caixa
(DFC)
A Demonstra~ao dos Fluxos de Caixa visa mostrar
como ocorreram as movimenta~6es de disponibilidades
em urn dado periodo de tempo. Essa demonstra~ao e
Noc;6es Introdutorias 5
obrigatoria pela Lei das Sociedades por A~6es, e 0 CFC
a tomou obrigatoria para todas as demais sociedades.
Divide todos os fluxos de entrada e saida de caixa
em tres grupos: os derivados das atividades operacio-
nais, das atividades de investimento e das atividades
de financiamento.
1.3.7 Demonstrac;ao do Valor Adicionado
(DVA)
A DVA tern como objetivo principal informar 0 va-
lor da riqueza criada pela empresa e a forma de sua
distribui~ao. Nao deve ser confundida com a Demons-
tra~ao do Resultado do Exerdcio, pois esta tern suas
informa~6es voltadas quase que exclusivamente para
os soeias e acionistas, principalmente na apresentac;ao
do lucro liquido, enquanto a DVA esta dirigida para a
gera~ao de riquezas e sua respectiva distribui~ao pelos
fatores de produ~ao (capital e trabalho) e ao govemo.
A Demonstra~ao do Valor Adicionado (DVA) nao
era obrigatoria no Brasil, ate a promulga~ao da Lei nQ
11.638/07, que introduziu altera~6es a Lei nQ 6.404176,
tomando obrigatoria, para as companhias abertas, sua
elabora~ao e divulga~ao como parte das demonstra~6es
contabeis divulgadas ao final de cada exerdcio.
Antes de se tomar obrigatoria para companhias
abertas, a DVA era incentivada e sua divulga~ao apoia-
da pela Comissao de Valores Mobiliarios (CVM) e Con-
selho Federal de Contabilidade (CFC).
Ela nao faz parte das demonstra~6es obrigatorias
por parte das normas intemacionais de contabilidade.
1.3.8 Demonstrac;oes comparativas
A Lei das Sociedades por A~6es obriga a compara~ao
das demonstra~6es contabeis dos dois exerdcios.
Infelizmente nao se cuidou de obrigar a plena atua-
liza~ao das demonstra~6es referentes aos exerdcios
comparados, considerando 0 efeito da infla~ao.
o grande objetivo da compara~ao e que a analise
de uma empresa e feita sempre com vista no futuro. Por
isso, e fundamental verificar a evolu~ao passada, e nao
apenas a situa~ao de urn momento.
No caso de ajustes serem reconhecidos retrospec-
tivamente ou de reclassifica~ao de itens nas demons-
trac;5es contabeis, devem ser apresentados, no minima,
tres balan~os patrimoniais relativos:
a) ao terminG do periodo corrente;
b) ao termino do periodo anterior; e
c) ao inicio do mais antigo periodo comparati-
vo apresentado, se afetado.
6 Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos
1.3.9 Consolidarao das demonstraroes
contabeis
Alem dos aprimoramentos no metodo de avalia~ao
dos investimentos, a lei exige que, complementarmente
as demonstrac;6es contabeis normais, sejam apresenta-
das demonstra~6es contabeis consolidadas da investi-
dora com suas controladas.
Essa exigencia e requerida, por Lei, somente para
as Companhias Abertas e para os Grupos de Socieda-
de que como tais se enquadrarem dentro da nova lei.
Assim, as Companhias Fechadas ou os conjuntos de
empresas que nao se formalizarem como Grupos de
Sociedades nao tern essa obrigatoriedade do ponto de
vista legal. Porem, as normas internacionais obrigam a
consolida~ao toda vez em que existe investimento em
controlada, e isso foi seguido pelo CPC no Brasil, pela
Comissao de Valores Mobiliarios (CVM) e pelo Conse-
lho Federal de Contabilidade (CFC). Assim, nao restam
mais altemativas de nao consolida~ao quando de in-
vestimento em controlada, a nao ser em situac;5es es-
pecialissimas e quase inexistentes, como sera visto no
capitulo proprio.
Aten~ao especial as situa~6es de SPEs (sociedades
de proposito espedfico), porque podem estar obrigadas
a consolida~ao mesmo quando nao controladas de di-
reito, mas sim de fato.
No caso de investimentos em empreendimentos
controlados em conjunto (joint venture), quando ne-
nhuma entidade detem 0 controle individualmente,
mas 0 exercem em conjunto, e obrigatoria, pelo CPC, a
consolida~ao proporcional, e nao a integral.
1.3.10 Demonstraroes contabeis
"separadas"
o Pronunciamento Tecnico CPC 35 - Demonstra-
~6es Separadas, criou essa novidade no Brasil, trazen-
do-a das normas intemacionais. Nao se trata das de-
monstra~6es individuais, e sim de urn conjunto especial
de demonstra~6es quando os investimentos em contro-
ladas, em controladas em conjunto (joint ventures) e
em coligadas nao representam muito adequadamente
o valor desses investimentos.
!sso ocorre quando 0 con junto de tais investimen-
tos e muito mais uma carteira, urn portfolio, de investi-
mentos, do que urn con junto destinado a constituir urn
todo agindo em razoavel complementa~ao urn do outro.
Se uma empresa cria uma controlada para fun-
cionar como uma distribuidora de seus produtos, e
urn complemento de atua~ao, e ambas, consolidadas,
evidenciam muito melhor a situa~ao desse grupo eco-
nomico, mesmo que pequeno. Mas se uma empresa
investe em duas outras apenas pela oportunidade de
negocio, avalia-Ios ao valor contabil pode nada repre-
sentar quanta a forma como os controladores e a gestao
olham 0 negocio; nesse caso e melhor a evidencia~ao
desses investimentos pelo seu valor justo, basicamente
pelo seu valor de mercado, quando disponivel; pode
ate ser preferivel, na ausencia de valor justo, mostra-Ios
ao custo e so reconhecer resultado quando do recebi-
mento de dividendos ou de venda do investimento.
As demonstra~6es separadas nao substituem as de-
mais e nao sao obrigatorias, mas podem ser apresenta-
das em adi~ao as demais.
1.3.11 Notas explicativas
As demonstra~6es contabeis devem ser complemen-
tadas por notas explicativas, quadros analfticos ou ou-
tras demonstra~6es contabeis necessarias a plena avalia-
~ao da situa~ao e da evolu~ao patrimonial da empresa.
A lei enumera 0 minimo dessas notas e induz a sua
amplia~ao quando for necessario para 0 devido "escla-
recimento da situa~ao patrimonial e dos resultados do
exercicio" .
Nesse
minimo incluem-se divulgar informa~6es
sobre a base de prepara~ao das demonstra~6es finan-
ceiras e das praticas contabeis aplicadas, divulgar as
informa~6es exigidas pelas praticas contabeis adotadas
no Brasil que nao estejam apresentadas em nenhuma
outra parte das demonstra~6es contabeis, descri~ao dos
criterios de avalia~ao dos elementos patrimoniais e das
praticas contabeis adotadas, dos ajustes dos exerdcios
anteriores, reavaliac;5es, onus sobre ativos, detalha-
mentos das dividas de longo prazo, do capital e dos
investimentos relevantes em outras empresas, eventos
subsequentes importantes apos a data do balan~o etc.
1.3.12 Parecer do Conse/ho Fiscal
E importante lembrar que a Lei brasileira nao obri-
ga a publica~ao do Parecer do Conselho Fiscal; quando
este existir, tal parecer precisa ser oferecido a Assem-
bleia Geral dos acionistas, mas sua publica~ao e optati-
va. A pr<itica demonstra que ele e publicado na maioria
das vezes em que existe, demonstrando a importancia
desse trabalho e a amplia~ao dos conceitos de gover-
nan~a corporativa.
1.3.13 Re/at6rio do comite de auditoria
Da mesma forma que 0 Parecer do Conselho Fiscal,
a lei brasileira nao obriga a publica~ao do relatorio do
Comite de Auditoria. Como a exigencia para constitui-
~ao desse comite esta prevista apenas para as empre-
sas que tern seus titulos patrimoniais negociados nos
Estados Unidos da America e em alguns casos por ate
de orgao regulador especifico (como no caso do Ban-
co Central no Brasil), a divulga~ao desse relatorio e
normalmente facultativa, alcan~ando apenas empresas
que queiram aumentar ainda mais 0 nivel de divulga-
~ao de informa~5es. Espera-se 0 seu incremento em fu-
turo breve, tanto dos Comites quanta da divulga~ao de
seus relat6rios.
1.3.14 Parecer dos Auditores Independentes
As demonstra~5es contabeis sao sempre de respon-
sabilidade da administra~ao da empresa e sao assinadas
pelo contabilista devidamente autorizado. 0 parecer de
auditores independentes sobre elas e de fundamental
importancia e obrigat6rio em certas circunstancias.
Por esse motivo, a Lei das Sociedades por A~5es
determinou que as demonstra~5es contabeis das com-
panhias abertas sejam auditadas por auditores in-
dependentes registrados na CVM. A partir da Lei n'
11.638/07 tambem sao alcan~adas por essa exigencia
as sociedades de grande porte, definidas como sendo
aquelas que tern ativo ou receita bruta anual superior
a 240 ou 300 milh5es de reais, respectivamente. Alem
disso, normas especificas exigem que as institui~5es
subordinadas ao Banco Central do Brasil, II Superin-
tendencia de Seguros Privados, II Agencia Nacional de
Energia Eletrica e outras tambem tenham suas demons-
tra~5es contabeis auditadas.
Destaque-se que ainda e pequeno 0 numero de em-
presas que se preocupa com a transparencia e credibili-
dade de suas demonstra~5es contabeis e submete seus
balan~os ao exame dos auditores independentes e os
divulga, mesmo nao tendo obrigatoriedade legal.
Essa situa~ao contrasta drasticamente com pai-
ses de economias mais avanc;adas, cnde a auditoria e
uma obrigatoriedade para a grande maioria das empre-
sas e entidades, inclusive govemamentais, senao por
lei, por exigencia natural da sociedade e da comuni-
dade de negocios. Emprestimos, rela~5es comerciais,
transa~5es importantes e linhas de credito normalmen-
te so se concretizam naqueles paises se acompanhadas
de demonstra~5es contabeis avalizadas por auditores
independentes.
o Brasil, mesma com essa nova exigencia para as
sociedades de grande porte, ainda e considerado urn
dos menos auditados no mundo dos neg6cios, como
comprovam os dados da propor~ao do numero de audi-
tores em rela~ao II popula~ao, ou do volume de empre-
sas e entidades, inclusive governamentais. A fun~ao, no
Noc;6es Introdutorias 7
Brasil, requerera ser multiplicada algumas vezes para
se equiparar aos padr5es dos paises avan~ados.
o fato importante a ser destacado e que com urn
sistema mais transparente de informa~5es e de presta-
~5es de contas e com uma atua~ao de auditoria bern
maior, muito se aplicani na seguranc;a dos negocios,
com redu~ao de riscos e inadimplencias, permitindo
inclusive menores taxas de juros. Alem disso, haveria
contribui~5es na diminui~ao de corrup~ao e de sone-
ga~ao de impostos. Contribuiria, finalmente, para me-
!horia do nosso pais, quanto ao grau de atratividade de
capitais e de investimentos intemacionais e sua COffi-
petitividade.
1.3.15 Ba/ant;o Social
o Balan~o Social, componente nao obrigat6rio das
demonstra~5es contabeis requeridas, tern por objetivo
demonstrar 0 resultado da intera~ao da empresa com 0
meio em que esta inserida. Possui quatro vertentes:
o Balan~o Ambiental, 0 Balan~o de Recursos Humanos,
Demonstra~ao do Valor Adicionado e Beneficios e Con-
tribui~5es II Sociedade em geral.
o Balan~o Ambiental reflete a postura da empresa
em relac;ao aDS recursos naturais, compreendendo os
gastos com preserva~ao, prote~ao e recupera~ao destes;
os investimentos em equipamentos e tecnologias volta·
dos II area ambiental e os passiv~s ambientais. Pode·
ni ainda ter caracteristicas fisicas como, por exemplo,
descri~ao das quantidades comparativas de poluentes
produzidos de urn periodo a outro, acompanhadas dos
parametros legais.
o Balan~o de Recursos Humanos visa evidenciar
o perfil da for~a de trabalho: idade, sexo, forma~ao es-
colar, estado civil, tempo de trabalho na empresa etc.;
remunera~ao e beneficios concedidos: salario, auxilios
alimentac;ao, educac;ao, sande, transporte etc.; gastos
com treinamento dos funcionarios. Esses dados po-
dem ser confrontados com diversos elementos, inclu-
sive com a produtividade ao longo dos periodos. Mui-
to importante, ainda, e a discrimina~ao dos gastos em
beneficios a sociedade circunvizinha, como centros de
recrea~ao, constru~ao e/ou manuten~ao de hospitais e
escolas para a comunidade etc.
A Demonstra~ao do Valor Adicionado objetiva evi-
denciar a contribui~ao da empresa para 0 desenvolvi-
mento economico-social da regiao onde esta instalada.
Discrimina 0 que a empresa agrega de riqueza II eco-
nomia local e, em seguida, a forma como distribui tal
riqueza.
a Balan~o Social busca demonstrar 0 grau de res-
ponsabilidade social assumido pe1a empresa e assim
prestar contas II sociedade pelo usc do patrimonio pu-
blico, constituido dos recursos naturais, humanos e 0
8 Manual de Contabilidade Societaria • Iud£cibus, Martins, Gelbcke e Santos
direito de conviver e usufruir dos beneficios da socie-
dade em que atua.
Embora niio haja qualquer exigencia legal quanta a
divulga~iio do Balan~o Social, as empresas siio continua
e crescentemente solicitadas a informarem sua poHtica
em rela~iio ao meio ambiente, via exigencia de sistemas
de gerenciamento ambiental, Relatorios de Impactos
Ambientais, e em alguns casos tern de assumir 0 onus
de provar que niio agridem a natureza. No caso dos
recursos humanos, as exigencias de cumprimento das
legisla~6es trabalhistas e as reivindica~6es sindicais siio
rigorosas. A utilidade da empresa, isto e, sua importan-
cia para a sociedade fica bastante transparente com a
elabora~iio da Demonstra~iio do Valor Adicionado. Por
essas razoes, total ou parcialmente, as informac;oes do
Balan~o Social tern importancia para divulgar a postura
da empresa e para que os interessados em sua conti-
nuidade tomem conhecimento da linha de conduta que
esta sendo adotada pela companhia.
Na quarta faceta do Balan~o Social, tem-se a evi-
dencia~iio do que a empresa faz em termos de benefi-
cios sociais como contribuic;oes a entidades assistenciais
e filantropicas, preserva~iio de bens culturais, educa<;iio
de necessitados etc.
1.3.16 Fatos re/evantes
As demonstra<;6es contabeis niio siio a unica fonte
de informa<;iio
sobre a empresa. Atos e fatos relevantes
devem ser informados aos interessados, principalmente
no caso das companhias abertas ou com obriga<;iio ou
vontade de presta~iio publica de contas, pois poderao
causar varia<;6es na posi<;ao da empresa no mercado.
Tais atos e fatos relacionam-se a decis6es de acionistas,
de assembleia, ou outras que possam influir na cota<;ao
dos valores mobiliarios ou nas decis6es dos investido-
res e credores. Tais informa~6es siio divulgadas em jor-
nais de grande circula<;ao e na rede mundial de compu-
tad ores - Internet.
No caso das companhias abertas, a Instru<;ao CVM
n' 358/02, baseada no art. 157, § l' da Lei das Socie-
dades por A<;6es, da procedimentos e defini~6es espe-
dficas a divulga~ao dos atos ou fatos relevantes, para
comunicar assim aos interessados os atos e fatos que
poderao causar varia~6es na posi<;iio da empresa no
mercado.
o art. 2' da Instru~iio considera relevante: "qual-
quer decisiio de acionista controlador, delibera<;ao da
assembleia geral ou dos orgaos de administra<;ao da
companhia aberta, ou qualquer outro ato ou fato de
carater politico-administrativo, tecnico, negocial ou
economico-financeiro ocorrido".
Considera relevantes tambem os atos e os fatos re-
lacionados a seus negocios que possam influir de modo
"pondenivel" na cota<;ao de seus valores mobilitirios,
nas decis6es dos investidores, em acordos e contratos
de transferencia de conttole acionario, na incorpora<;ao,
fusao ou cisao envolvendo a companhia ou empresas li-
gadas, na transforma~ao ou dissolu<;ao da companhia,
na impetra~iio de concordata, no requerimento ou con-
fissao de falencia ou na propositura de a~ao judicial
que possa vir a afetar a situa~ao economico-financeira
da companhia, entre outros.
Segundo a Instru~ao, a divulga<;ao de ato ou fato
relevante deve ser feita pelo diretor de rela<;6es com
investidores, que devera divulga-Ios simultaneamente
ao mercado por qualquer meio de comunica~ao, inclu-
sive informac;ao a imprensa, ou em reuni6es de enti-
dades de classe, investidores, analistas ou com publico
selecionado, no pais ou no exterior. Pelo art. 3', § 4', a
divulga~ao devera dar-se por jornais de grande circula-
<;ao utilizados habitualmente pela companhia, podendo
ser feita de forma resumida com indica<;ao dos endere-
<;os na rede mundial de computadores - Internet -, em
que a informa<;ao completa devera estar disponivel a
todos os investidores.
Os arts. 16 e 17 tratam de estabelecer que, alem de
as empresas abertas deverem adotar uma politica de di-
vulga~ao de atos e fatos relevantes, devem contemplar
procedimentos relativos a manuten~iio de sigilo em re-
la<;iio as informa<;6es relevantes niio divulgadas; entre
outros, devem tambem comunicar a CVM a aprova<;iio
ou altera~iio de tal politica de divulga<;iio.
A Instru<;iio trata ainda das situa<;6es em que tais
atos e fatos relevantes podem ser tratados com sigilo,
as penalidades da omissiio de informa~6es e de outras
informa<;6es a serem divulgadas como no caso de alie-
na<;iio de controle, nas negocia<;6es de administradores
e pessoas ligadas, na aquisi<;iio e aliena<;iio de participa-
<;ao acionaria relevante e sobre negocia<;6es de contro-
ladores e acionistas.
1.4 Aspectos complementares da Lei das
Sociedades por A~oes
1.4.1 Conformidade com as praticas
contiibeis brasileiras
Para que as demonstra<;6es contabeis representem
apropriadamente a posi<;iio patrimonial e financeira,
o desempenho financeiro e os fluxos de caixa da en-
tidade devem ser seguidas as orienta<;6es do CPC in-
seridas no Pronunciamento Conceitual Basico - Estru-
tura Conceitual para a Elabora~iio e Apresenta<;iio das
Demonstra<;6es Contabeis. Presume-se que a aplica<;iio
dos Pronunciamentos, Orienta~6es e Interpreta~6es do
epe garante as demonstra~6es contabeis a adequa~ao
necessaria.
o Pronunciamento Tecnico epe 26 - Apresenta-
~ao das Demonstra~6es eontabeis - estabelece que a
entidade que apresentar as demonstra~6es contabeis
em conformidade com os Pronunciamentos, Orienta-
~6es e Interpreta~6es do epe deve declarar de forma
explicita que atende plenamente as referidas normas.
easo nao seja possivel atender a todos os requisitos dos
Pronunciamentos, Orienta~6es e Interpreta~6es ou a
administra~ao entenda que sua aplica~ao comprome-
te 0 objetivo das demonstra~6es contabeis, a entidade
deve divulgar:
a) que a administra~ao concluiu que as de-
monstra~6es representam apropriadamente
a posi~ao patrimonial e financeira, 0 desem-
penho financeiro e os fluxos de caixa da en-
tidade;
b) que aplicou os Pronunciamentos, Orienta-
~6es e Interpreta~6es aplicaveis, exceto pela
nao aplica~ao de urn requisito com a finali-
dade de obter representa~6es adequadas;
c) 0 titulo do Pronunciamento, Orienta~ao ou
Interpreta~ao nao atendida;
d) as raz6es da nao aplica~ao;
e) 0 tratamento que 0 Pronunciamento, Orien-
ta~ao ou Interpreta~ao exigiria e 0 pro cedi -
mento efetivamente adotado; e
t) 0 impacto financeiro da nao aplica~ao do
Pronunciamento, Orienta~ao ou Interpreta-
~ao para cada periodo.
easo a administra~ao entenda que a conformidade
a determinado Pronunciamento, Orienta~ao ou Inter-
preta~ao proporciona demonstra~6es contabeis distor-
cidas e enganosas que comprometam os objetivos des-
sas mesmas demonstra~6es, a entidade deve deixar de
atender a essa determina~ao e utilizar a que considerar
mais adequada, seguindo os passos dados no paragrafo
acima.
easo esteja nessa situa~ao de produzir demonstra-
~6es distorcidas e enganosas por seguir determina~ao
de algum Pronunciamento, Orienta~ao ou Interpreta-
~ao, mas a estrutura regulat6ria vigente proiba a nao
aplica~ao da altemativa considerada de melhor quali-
dade, a entidade deve divulgar:
a) 0 titulo e a natureza do Pronunciamento,
Orienta~ao ou Interpreta~ao em questao;
b) as raz6es que levaram a administra~ao a
concluir que 0 cumprimento do Pronuncia-
mento, Orienta~ao ou Interpreta~ao toma-
Noc;5es Introdutorias 9
ria as demonstra~6es contabeis distorcidas e
conflitantes com seus objetivos; e
c) para cada periodo apresentado, os ajustes de
cada item nas demonstra~6es contabeis que
a administra<;ao concluiu serem necessarios
para se obter uma representa~ao adequada.
1.4.2 Agrupamento e destaque de contas
Para a apresenta~ao das demonstra~6es contabeis
e notas explicativas, as contas de valor insignificante
nao devem aparecer destacadamente, mas agrupadas
com outras do mesmo grupo, que sejam semelhantes,
desde que indicada sua natureza. A Lei nO 6.404176
obriga 0 detalhamento por conta, impedindo 0 agru-
pamento de contas semelhantes se a soma dos saldos
ultrapassar 10% do valor do respectivo grupo de contas
(circulante e urn grupo, por exemplo).
Nos casos em que certos subgrupos tenham contas
com valores significativos, elas devem ser destacadas
na demonstra~ao contabil, para melhor compreensao.
1.4.3 Compensar;iio de saldos
A Lei das Sociedades por A~6es, no § 3' do art.
178, que trata do Balan~o Patrimonial, estabelece que
"os saldos devedores e credores que a companhia nao
tiver direito de compensar serao classificados separada-
mente". Isso significa que os saldos devedores das con-
tas devem figurar no ativo, e os credores, no passiv~,
nas seguintes situa~6es:
a) 0 saldo credor em urn banco nao deve es-
tar como redu~ao do saldo total devedor de
bancos, mas como conta de passiv~, como se
fosse emprestimo a pagar;
b) os saldos de contas correntes devem figurar
no ativo para os casos das contas devedoras,
e no passivo, para os das credoras;
c) os saldos devedores de fomecedores devem
constar do ativD, assim como os credores de
c1ientes, no passivo.
Salientamos que a mensura~ao de ativos liquidos
relacionando, por exemplo, perdas estimadas em
cre-
dito de liquida~ao duvidosa na conta de c1ientes nao e
considerada compensa~ao.
o epe 26 acrescenta que receitas e despesas,
tambem, nao devem ser compensadas, exceto quando
forem relacionadas a mesma transa~ao, por exemplo,
para ganhos e perdas na aliena~ao de imobilizado deve
10 Manual de Contabilidade Societaria • Iud(cibus, Martins, Gelbcke e Santos
ser apresentado 0 valor contabil referente a venda de-
duzido das despesas de vendas relacionadas.
1.4.4 Apresentar;ao em milhares de unidades
monefiirias
Quando a empresa utiliza essa op~ao, prevista no
§ 6' do art. 289 da Lei nO 6.404/76, de apresentar as
demonstra~6es contabeis adotando-se como expressao
monetaria 0 "milhar de unidades monetarias", que e
realmente util, deve indicar 0 fato. Essa indica~ao pode
ser feita no topo de cada demonstra~ao contabil. Con-
sideramos adequado, em certas situa~iies especialfssi-
mas, a apresentac;ao inclusive em "milhao de unidades
monetarias" .
1.4.5 Periodicidade
o conjunto completo das demonstra~6es contabeis
(inclusive informa~iies comparativas) deve ser apresen-
tado pelo menos anualmente. Caso a entidade altere a
data de encerramento das demonstra~iies contabeis ou
apresente-as em urn periodo superior ou inferior a urn
ano, alem do periodo abrangido pelas demonstra~iies,
deve divulgar:
a) 0 motivo por utilizar urn periodo mais longo
ou mais curto; e
b) 0 fato de que nao sao inteiramente compa-
raveis os montantes apresentados nessas de-
monstrac;6es.
1.4.6 Identificar;ao das demonstrar;oes
contabeis
As praticas contabeis brasileiras aplicam-se ex-
clusivamente as demonstra~6es contabeis, logo estas
devem ser claramente identificadas e distinguidas de
quaisquer outras informa~6es apresentadas em ou-
tro relatorio anual ou documento. E importante que
o usuario possa distinguir as informa~iies preparadas
com base nas praticas contabeis e outras informa~6es
que possam ser uteis, mas que nao sao objeto dos requi-
sitos das referidas praticas.
Alem de identificadas as demonstra~iies contabeis,
o CPC 26 aponta como necessaria a divulga~ao das se-
guintes informa~iies:
a) 0 nome das entidades as quais as demons-
tra~6es contabeis dizem respeito;
b) se as demonstra~iies contabeis se referem a
uma entidade individual ou a urn grupo de
entidades;
c) a data-base das demonstra~iies contabeis
e notas explicativas e 0 respectivo periodo
abrangido;
d) a moeda na qual as demonstra~iies conta-
beis sao apresentadas;
e) 0 nivel de arredondamento usado na apre-
senta~ao dos valores nas demonstra~6es
contabeis.
1.4.7 Meios de divulgar;ao
Pela Lei das Sociedades por A~6es, em seu art. 289,
a divulga~ao das demonstra~6es contabeis deve ser fei-
ta emjornal de grande circula~ao editado na localidade
em que esta situada a sede da companhia e no orgao
oficial da Uniao ou do Estado (Distrito Federal). Essas
publica~iies previstas devem ser feitas sempre no mes-
mo jornal, devendo qualquer mudan~a ser precedida
de aviso aos acionistas no extrato da ata da assembleia
geral ordinaria. Todas as publica~iies ordenadas na lei
deverao ser arquivadas no registro do comercio.
A lei ainda preve que, complementarmente, a CVM
pode determinar que tais publica~iies sejam feitas em
jornal de grande circula~ao nas localidades em que os
valores mobiliarios da companhia sejam negociados,
ou atraves de outro meio com ampla divulga~ao e ime-
diato acesso as informa~iies.
A Lei n' 10.303/01, incluindo 0 § 7' no art. 289 da
Lei das Sociedades por A~6es, soma as possibilidades
relativas aos meios pelos quais as referidas publica~6es
serao disponibilizadas, 0 uso da rede mundial de com-
putadores, como forma complementar, mas nao substi-
tuindo os meios citados anteriormente.
1.5 Efeitos da infla~ao
Originalmente, a Lei n' 6.404/76 previa a obriga-
toriedade do reconhecimento dos efeitos da infla~ao
nas demonstra~iies contabeis, por sistematica simples
e eficiente, atraves da chamada Corre~ao Monetaria do
Balan~o, que resultava na apura~ao do ativo permanen-
te, patrim6nio lfquido e lucro mais corretos. Urn aspec-
to muito importante daquele sistema e que os efeitos da
corre~ao monetada no resultado do exercicio eram acei-
tos para fins de dividendos e do calculo do Imposto de
Renda. Essa sistematica foi sendo aprimorada ao longo
dos anos por legisla~6es ou normas complementares.
Paralelamente a Corre~ao Monedria de Balan~o,
prevista na lei societaria, desenvolveu-se no Brasil uma
metodologia bern mais completa de reconhecimento
dos efeitos inflaciomlrios nas demonstra~6es contabeis,
ou seja, com todos os seus valores corrigidos e expres-
sos em moeda de poder aquisitivo constante, sistemati-
ca essa denominada Correc;ao Integral, cujos conceitos
integram os Principios Fundamentais de Contabilida-
de no Brasil. Com 0 agravamento dos indices inflacio-
mirios, a CVM tornou a corre~ao integral obrigatoria
para as Companhias Abertas, mas como demonstra~6es
condbeis complementares, publicadas em con junto com
as demonstra~6es contabeis elaboradas pela legisla~ao
societaria, que contemplavam a correc;ao monetaria de
balan~o.
Na pratica, esses modelos e experiencia adquirida
pelas empresas e mercado como urn todo no trato dos
efeitos da infla~ao e que permitiram a preserva~ao e so-
brevivencia das empresas e dos proprios negocios, mes-
mo nos periodos mais agudos de indices inflacionarios.
Desde 0 advento, em boa hora, do Plano de Esta-
biliza~ao Economica - Plano Real - e 0 sucesso de suas
medidas, passamos a tef, no Real, uma moeda com indi-
ces inflacionarios drasticamente reduzidos e declinan-
tes. Como parte das medidas economicas desse Plano, a
Lei nQ 9.249/95 nao so eliminou a anterior obrigatorie-
dade da corre~ao monetaria, como tornou proibido tal
reconhecimento dos efeitos da infla~ao a partir de 1996
nas demonstra~6es contabeis, nao so para fins fiscais,
como tambem para fins societarios, sob 0 pressuposto
de que, com 0 sucesso da nova moeda e com indices
inflacionarios realmente baixos, os efeitos da infla~ao
nao seriam de relevancia.
A CVM, por seu turno, adaptando suas normas a
nova legisla~ao vigente, tornou facultativa a elabora-
~ao e a divulga~ao das demonstra~6es contabeis com
corre~ao integral. Como consequencia, reduziu a prati-
camente zero 0 numero de empresas que continua ela-
borando e divulgando tais demonstra~6es.
o pressuposto de que a partir de 1996 os efeitos
da infla~ao nao seriam de relevancia, todavia, nao e
verdadeiro, pois mesmo com uma infla~ao bern mais
baixa, seus efeitos acumulados tendem a ser relevan-
tes para muitas empresas, como e comprovado nao so
em inumeros estudos profissionais e academicos, como
tambem em casos reais de empresas que continuaram
divulgando demonstra~6es contabeis com corre~ao in-
tegral, onde tais efeitos ficavam evidentes.
Como consequencia dessa proibi~ao, as demons-
tra~6es contabeis elaboradas e divulgadas pelas empre-
sas, em geral a partir de 1996, passaram a apresentar
distor~6es nao reconhecidas e, na grande maioria dos
casos, sem sequer serem apuradas e divulgadas para
saber se sao relevantes ou nao. Apesar de estarem em
No~6es Introdut6rias 11
conformidade com a legisla~ao societaria e fiscal, apre-
sentam distor~6es em rela~ao aos aspectos economicos
que deveriam estar refletidos nas demonstra~6es.
Outra consequencia importante e a distor~ao na
apura~ao do Imposto de Renda calculado sobre urn
resultado contabil incorreto, gerando tributa~ao inde-
vida; efeito similar se aplica aos dividend os, ja que nor-
malmente sao calculados a partir de urn lucro Iiquido
que apresenta distor~6es.
Convem destacar que 0 sistema de corre~ao mo-
netaria, no entanto, naD e mera registro escritural de-
corrente de uma sistematica legal, e sim 0 registro
de
urn fato economico real visando preservar a essencia
economica do capital investido.
Para exemplificar essa distor~ao, pode-se citar 0
indice oficial de infla~ao do Brasil: 0 IPCA Cindice Na-
cional de Pre~os ao Consumidor Amplo, medido pelo
IBGE) 0 qual indica que a infla~ao acumulada durante
a vigencia do Plano Real ultrapassou 200% M ja urn
born tempo, e a 100% depois de extinta a corre~ao mo-
netaria dos balan~os, como visto na tabela a seguir:
IPCA - iNDICE NACIONAL DE PREGOS AO
CONSUMIDOR AMPLO
Acumulado Acumulado desde a
Ano desde 0 inicio do extin-;ao da corre.-;ao Ano (%) Plano Real monetaria
(%) (%)
1994 18,44 18,44 -
1995 22,41 44,98 -
1996 9,56 58,84 9,56
1997 5,22 67,13 15,28
1998 1,66 69,91 17,19
1999 8,94 85,10 27,67
2000 5,97 96,15 35,29
2001 7,67 111,19 45,67
2002 12,53 137,66 63,92
2003 9,30 159,76 79,17
2004 7,60 179,50 92,78
2005 5,69 195,40 103,75
2006 3,14 204,68 110,15
2007 4,46 218,27 119,52
2008 5,90 237,05 132,47
2009 4,31 251,57 142,49
Tendo em vista ser assunto polemico e pela impor-
tancia e complexidade do tema, veja 0 Capitulo sobre
Corre~ao Integral, onde os efeitos da infla~ao sao ana-
lisados com mais profundidade.
12 Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos
1.6 C6digo Civil
o Novo Codigo Civil, com a reda~ao dada pela
Lei nQ 10.406/02, contem alguns artigos de natureza
connibil que sao, em boa parte, atrocidades que jamais
esperariamos ver acontecer em nosso Pais. Vejamos al-
gumas delas.
Ele menciona que os balan~os deverao ser assina-
dos por tecnico em Ciencias Contabeis legalmente habi-
litado. Esse profissional nao existe no Brasil. Ou existe 0
Bacharel em Ciencias Contabeis, ou 0 Tecnico em Con-
tabilidade, mas tecnico em Ciencias Contabeis, nao.
Nossa Demonstra~ao do Resultado atual passaria
a chamar-se balan~o de resultado economico. Obvia-
mente, os legisladores e/ou seus auxiliares mostram
parecer nao entender nem de Contabilidade nem de
Economia. Todos nos sabemos que uma das grandes
diferen~as entre essas duas areas de conhecimento esta
no nao reconhecimento, ainda, pela Contabilidade, de
urn dos conceitos mais relevantes da Economia: 0 do
Custo de Oportunidade.
Na verdade, temos muitos profissionais praticantes
da Contabilidade e professores da area reclamando des-
sa enorme falha desse nao reconhecimento. Contabili-
zamos 0 custo de usar capital de terceiros mas nao 0
proprio. (Nao confundir com os Juros Sobre 0 Capital
Proprio para fins fiscais, porque nao representam, nem
de longe, esse Custo de Oportunidade dos socios.)
Assim, nao e computado, para diminuir 0 lucro
contabil e se chegar, efetivamente, a urn lucro mais
economico, 0 Custo de Oportunidade do patrimonio
liquido dos socios, ou seja, 0 quanto eles consideram
como 0 que estariam ganhando na melhor alternativa
desprezada ao fazerem seu investimento. Em outras pa-
lavras, nao estamos contabilizando, na apura~ao do Re-
sultado, 0 quanto os sodos consideram como 0 minimo
abaixo do qual nao estariam interessados em manter-se
como socios tendo em vista 0 juro do dinheiro, 0 risco
do negocio e as demais alternativas existentes para eles
no mercado.
A ausencia da aceita~ao e do uso desse conceito
pela Contabilidade no mundo inteiro e que levou il cria-
~ao do Valor Economico Adicionado (EVA - Economic
Value Added) por profissionais norte-americanos que
acabaram por fazer urn enorme furor com sua cria~ao
e sua implantac;ao em muitas empresas, mas sempre
para fins gerenciais ou de analise, sem mudan~a conta-
bil propriamente dita (infelizmente).
So que esse conceito nao e utilizado ainda na Con-
tabilidade, porque 0 grande problema esta em sua men-
surac;ao, e nao em seu conceito teorico. Cada investidor
tern seu proprio Custo de Oportunidade, dependendo
de seu nivel de aversao ao risco, das oportunidades que
tern, de sua ambi~ao etc. Para cada empresa esse custo
seria 0 da media ponderada dos diversos socios, e isso
inclusive muda com 0 tempo e com outras condi~6es.
o mercado financeiro utiliza-se de determinadas tec-
nicas estatisticas e de dados referentes ao comporta-
mento dos investidores em a~6es para cakular 0 Custo
de Oportunidade de cada empresa em cada momento.
Mas sao sempre cakulos muito aproximados e cheios
de problemas. Sao utilizados por diversos profissionais,
pesquisadores, revistas tecnicas etc., mas sempre com
base em algumas hipoteses assumidas que nada mais
sao do que aproxima~6es da realidade.
o que interessa e que resultado economico nao e
nosso resultado contabil, e a ado~ao dessa nomenclatu-
ra nos colocara ate em situa~ao ridicula.
Dizer que os autores estavam realmente pensando
no maior avan~o da Contabilidade talvez ja dado nos
ultimos tempos para levar 0 resultado contabil ao eco-
nomico seria forjar uma explica~ao porque, tantas coi-
sas absurdas estao nessa Lei nessa parte contabil (como
ja mostrado no caso do tecnico em Ciencias Contabeis),
que nao da para ninguem acreditar nessa eventual
saida honrosa que seria justificar como avan~o que nos,
pobres mortais, nao estamos conseguindo avaliar.
E 0 que falar entao do uso da palavra balanfo para
denominar a demonstra~ao da apura~ao do resultado
de balan~o de resultado economico. Interessante, nao?
Talvez uma volta ha muitas e muitas decadas atras il
procura de alguns que propuseram terminologia pareci-
da com essa mas que, obviamente, nunca foi utilizada.
Balan~o porque veja-se 0 que se quer: "0 balan~o de re-
sultado economico, ou demonstra~ao da conta de lucros
e perdas, acompanh,ara 0 ba1an~o patrimonial e dele
constarao credito e debito, na forma da lei especial".
Voltarmos il antiga conta de Lueros e Perdas e
realmente urn retrocesso estupendo. E born observar-
mos que nao ha a exigencia, nesse novo Codigo Civil,
da Demonstra~ao de Lueros ou Prejuizos Acumula-
dos. Nos temos, com a Lei das Sociedades por A~6es
atual, duas Demonstra~6es: uma apura 0 Resultado, e
a outra 0 destina (constituic;ao e reversao de reservas,
ajustes de exerdcios anteriores, distribui~ao de lucros
etc.). Poi uma inova~ao inclusive de cunho didatico
extraordinario que so quem vivenciou percebeu.
A antiga Demonstra~ao da conta de Lucros e Per-
das era a soma das duas de hoje.
Parece que a grande aparencia de demonstra~ao
mais cientifica estava na igualdade de debitos e cre-
ditos, como se essa igualdade representasse alguma
garantia de exatidao dos numeros, de quaJidade da
demonstra~ao, de exatidao das classifica~6es, risco de
nao omissao de lan~amentos contabeis, garantia de
"amarrac;ao" dos numeros etc. (E ai esta tambem a ori-
gem da palavra balanfo, ja que seu formato e sua ca-
racteristica de dois conjuntos de valores, lado a lado,
"baterem", repetem as do balan~o patrimonial.)
Essa demonstra~iio na forma de debitos e creditos
parece feita, e 6bvio, s6 para os contabilistas. S6 que
o mais importante e que nossas demonstra~6es sejam
entendidas por nossos usuarios, naD tao tecnicos e nem
tiio preparados e especializados. Quanto mais dificulta-
mos seu entendimento, mais as teremos longe de nos e
de nosso produto, que siio nossas informa~6es.
E que tal as nomenclaturas de Fundo de Reserva
Legal, Fundo de Devedores Duvidosos, Fundo de De-
precia~iio etc.? Estranho? Antiquado? Mas, por incr/vel
que pare~a, estiio nessa Lei.
Primeiramente, 0 texto fala em bens que se desgas-
tam ou depreciam, parecendo terem sido esquecidos os
que se exaurem, como as jazidas minerais, as florestas
etc. A atual Lei das Sociedades por A~6es niio comete
esse equivoco. Ha tambem 0 caso dos que simplesmen-
te tern seus beneffcios usufruidos, ou tern vida util eco-
nomica limitada por disposi~6es legais, como no caso
de tantos intangiveis que siio amortizados, apesar de
que de alguns deles
essa Lei fala noutro ponto.
o relevante e a volta de uma terminologia niio
mais usada praticamente em lugar nenhum no mundo:
fundo de amortiza,do.
Sera que vamos voltar a ter as velhas confus6es?
Fundo de amortiza~iio de veiculos podeni induzir al-
guem il cren~a de que a empresa tenha de fato urn fun-
do para renovar seus autom6veis?
o Brasil tem-se caracterizado, desde a edi~iio da
atual Lei das Sociedades por A~6es, final de 1976, por
ser urn pais onde raras siio as confus6es entre Fundo,
Provisiio e Reserva.
Todos os profissionais e todos os usuarios das de-
monstra~6es contabeis (estes quando com 0 minimo
conhecimento para entende-Ias) sabem 0 que e urn
Fundo de Garantia do Tempo de Servi~o, uma Provisao
para Deprecia~iio ou uma Reserva Legal e niio confun-
dem os conceitos.
Ate a confusao entre Provisiio para Contingencias
e ReseIVa para Contingencias diminuiu enormemente,
praticamente quase desaparecendo de vez no Brasil.
A ideia de fundo ligado il existencia de dinheiro ou
outros ativos facilmente conversiveis em dinheiro para
determinada destina~ao pode causar, de fato, como
sempre causou no passado, muita confusao. Ainda mais
que essa nova Lei diz que 0 fundo de deprecia~iio e
para a substitui~iio ou a conserva~iio do valor do ativo.
Com certeza ficara a ideia, incorreta, de que, se existe
saldo nessa conta, valor igual estara il disposi~iio da
empresa para repor 0 mesmo ativo ou pelo menos para
manter seu valor de hoje.
Noc;5es Introdutorias 13
o registro da deprecia~iio niio garante, absoluta-
mente, a reposi~iio do ativo ou 0 retorno atualizado do
valor nele investido. 0 que garante 0 retorno e a recei-
ta obtida. Se dela, ap6s deduzidas todas as despesas,
inclusive a de deprecia~ao, conseguir-se pelo menos
resultado nulo, isso significara que tera sido recupera-
do urn peda~o do valor aplicado no imobilizado que
se depreciou, mas esse valor em caixa naa significanl
capacidade para a sua reposi~iio.
Para que houvesse a reposic;ao, seria necessaria
que a deprecia~iio fosse calculada com base 100% no
custo de reposi~iio do ativo depreciado. E mais, que
alem da despesa do ano, se fizesse 0 registro do ajuste
das parcelas ja depreciadas em todos os periodos ante-
riores e calculadas com base em val ores de reposi~iio
de cada uma dessas epocas, e que siio diferentes das de
agora. E, alem de tudo, que jamais houvesse prejuizo
apas isso.
Mais ainda, seria necessaria que os recursos re-
lativos a essa deprecia~iio niio fossem utilizados para
quaisquer amortiza~6es de dividas ou investimentos
em outros neg6cios.
A deprecia~iio, mesmo com a imutabilidade do va-
lor de reposi~iio do imobilizado, niio tern como objetivo
repor 0 ativo, mas recuperar 0 valor originalmente nele
investido. Isso dentro dos Principios Fundamentais da
Contabilidade como praticados hoje.
S6 que essa reda~iio do C6digo Civil, que fala em
assegurar a reposi~iio ou manuten~iio do valor do imo-
bilizado via deprecia~iio, determina que ele seja ava-
liado il base do custo original de aquisi~iio. E 0 uso do
custo hist6rico jamais permitira que se tenham depre-
ciac;6es que retenham, na empresa lucrativa, recursos
suficientes il renova~iio do imobilizado.
Essa lei tambem fala em fundo de reserva. Lem-
bram-se dessas express6es? (Os formados nos ultimos
30 anos provavelmente nem sabem do que estamos fa-
lando. E nem queiram mesmo saber!)
Outro ponto interessante no que diz respeito a essa
confusiio terminol6gica que conseguimos eliminar com
a Lei das Sociedades por A~6es e que agora volta com
esse C6digo Civil e 0 usa da palavra previsdo em vez de
provisdo para 0 caso dos Creditos de Liquida~iio Duvi-
dosa. A partir de certas previsoes, constitui-se, conta-
bilmente, a Provisiio. Niio da para confundir. A empre-
sa pode, inclusive, prever perdas, e nao contabilizar a
Provisiio se fizer uma Contabilidade incorreta. Ou, ao
contrario, pode preyer niio perder e constitui-Ia. 0 cer-
to e a previsao adequada levar il Provisiio. Mas chamar
uma de outra nao e correto.
Outro problema: fala 0 C6digo em lei especial para
o caso das coligadas, talvez pensando na equivalencia
patrimonial, mas simplesmente omitiu a figura das con-
ANSantos
Line
14 Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos
troladas. 0 que demonstra a falta de qualidade tecnica
de quem redigiu essa parte.
E interessante tambem que varias vezes essa nova
Lei dO. varias altemativas a empresa: pode avaliar os esto-
ques pelo custo, pela reposi~ao ou pelo pre~o de venda;
o mesmo com as a~6es e com os titulos de credito. E
dada uma liberdade enorme, muito maior que a que
temos hoje. E isso quando 0 mundo reclama de regras
mais bern definidas e estaveis.
Coisas interessantes tambem: as despesas pre-
operacionais nao podem ultrapassar a 10% do capital
social, e os juros pagos aos acionistas na fase de pre-
opera~ao nao podem exceder a 12% ao ano. Por outro
lado, assegura que s6 se registra fundo de comercio
quando efetivamente adquirido. Ainda bern.
Quanto a escritura~ao propriamente dita, ha tam-
bern excelentes perolas. Ora fala em uso de sistemas
mecanizados e ora se lembra dos eletronicos, mas exige
que se tenha 0 Diario que, no maximo, tern que ser feito
a base de fichas (no tempo em que vivemos, incrivel). E
tudo isso previamente registrado no Registro Publico de
Empresas Mercantis (atuais Juntas Comerciais?), e sem
intervalos em branco, nem entrelinhas, borroes, rasu-
ras, emendas ou transportes para as margens.
Ha outros pontos que nao estao aqui tratados por-
que 0 espa~o e limitado, mas ja dO. para vennos as atro-
cidades contabeis cometidas nessa Lei n' 10.406, de ja-
neiro de 2002, que entrou em vigor no inicio de janeiro
de 2003, e, esses aspectos, felizmente, nao tern sido
observados pelos profissionais de contabilidade.
Ou seja, trata-se de uma Lei totalmente extempo-
ranea, fora da realidade nacional e com atrasos enor-
mes com rela~ao ao que ja tinhamos a epoca, imagine-
se com a convergencia atual as normas internacionais
de contabilidade!
1.7 A criac;ao do CPC - Comite de
Pronunciamentos Contiibeis
Foi com enorme felicidade que saudamos, na ul-
tima edi~ao do Manual de Contabilidade das Socieda-
des por A,6es, a cria~ao do cpe. Hoje aplaudimos seu
sucesso. Desde final de 1985 vimos, os autores deste
Manual e outros profissionais, trabalhando pela centra-
liza~ao, numa unica entidade, da emissao das normas
contabeis no Brasil. A existencia da Lei (das Sociedades
por A~6es), se por urn lade foi a maior alavanca para a
melhoria da Contabilidade no Brasil nas ultimas deca-
das, com 0 decorrer do tempo levou a uma situa~ao de
camisa de for~a que impediu a evolu~ao, principalmen-
te rumo as Normas Internacionais de Contabilidade. E
tudo piorou quando 0 estatuido no paragrafo segundo
do seu art. 177 nao produziu os frutos que levaram a
sua introdu~ao nessa Lei de n' 6.404/76, confonne ja
explicado; criado para separar a contabilidade fiscal
da societaria, obrigou ao surgimento, que se fonnalizou
pelo DL n' 1.598/77, do Lalur - Livro de Apura~ao do
Lucro Real (tributavel). S6 que as nonnaliza~6es poste-
riores tornaram esse objetivo quase nulificado pelas re-
sistencias, bern conhecidas de todos n6s, de se ter as di-
feren~as todas entre a contabilidade societaria e a fiscal
registradas nesse livro.
AMm disso, temos, no Brasil, a CVM com poderes
legais para introduzir novos padr6es de contabilidade,
e 0 Banco Central tambem, alem de agencias regulado-
ras, fiscalizadoras e mesmo associa~6es de profissionais
que, mesmo sem autoriza~6es legais expressas na quase
totalidade das vezes, vinham emitindo nonnas nessa
area. E extraordinaria a qualidade de muitas dessas
normas e desses pronunciamentos, nao ha duvida al-
guma. Mas
0 problema e que, infelizmente, muitas de-
las acabaram, nao raramente, conflitando entre si (isso
ainda vern, infelizmente, ocorrendo, porque 0 Banco
Central nao esta totalmente emparelhado com 0 CPC
ainda).
o caso da entao Secretaria da Receita Federal era
todo especial: alem de exemplos conhecidos, ate que
nao muitos, de normas fora da pr"-tica contabil mais
recomendada, possuia uma extraordinaria influencia
indireta que levava as empresas a abandonar a melhor
contabilidade para nao ter que, com isso, adiantar pa-
gamento de tributos. Isso ocorria, por exemplo, com a
obriga~ao da contabiliza~ao da deprecia~ao: para sua
dedutibilidade fiscal, precisava contabiliza-la; e se 0 va-
lor estivesse dentro dos limites aceitos pelo fisco, pode-
ria, se registrada, deduzi-la fiscalmente, mesmo quan-
do tais valores fossem maiores que os economicamente
devidos. Se a entidade registrasse valor menor do que
o permitido fiscalmente, porque considerava esse valor
mais representativo da efetiva realidade, perdia 0 direi-
to a dedutibilidade da diferen~a, nesse periodo, da par-
cela nao contabilizada - era impedido 0 uso do Lalur
para ajustes como esses.
Outros exemplos existiam como no caso de produ-
tos agricolas avaliados a mercado, opera~6es de leasing
financeiro, provisoes nao dedutiveis etc.
Com isso, reconhecemos que nao havia uma in-
terferencia fiscal direta obrigando as empresas a nao
utilizarem os criterios contabeis de melhor qualidade,
mas havia, certamente, uma influencia indireta pelas
raz6es dadas.
Por isso vimos, ha mais de 20 anos, "brigando"
pela modifica~ao dessa situa~ao que tern trazido tan-
tos custos para os elaboradores da infonna~ao conta-
bil, constrangimento para os contadores e auditores,
dificuldades para os analistas e, pior, riscos para os
tomadores de decis6es, quer credores, investidores mi-
noritarios, controladores etc. porque recebiam demons-
tra~6es contabeis nao elaboradas segundo as melhores
disposi~6es tecnicas conhecidas. E, quando por causa
de todas essas amarras, inclusive legais, nos distancia-
mas do resta do mundo, vimos aumentar 0 custo de es-
trangeiros investindo em nosso Pais, 0 custo de nossas
empresas investirem no exterior, 0 custo de tamarmos
emprestimos ou Dutra forma de credito; vimos nossa
profissao ser olhada com certas ressalvas (para dizer 0
minimo) pela sociedade; vimos tantos gastos para pro-
duzir algo que tantas vezes simplesmente niio adicio-
nava valor a qualquer usuario. E vimos paises tambem
emergentes correndo muito mais celeremente em dire-
~iio a uma situa~ao tao diferenciada de nos. Fora 0 caso
de nossas empresas que investem no exterior tendo que
converter demonstra~6es elaboradas por suas contro-
ladas no exterior para os nossos criterios, muitas vezes
com perda de qualidade da informa~iio.
Por isso a absoluta necessidade de termos uma
unica normatiza~ao contabil no Brasil, suportada le-
galmente, mas nao limitada por esse vinculo, e cami-
nhando rumo a uma unica Contabilidade mundial. E,
hoje, esse encaminhamento a uma norma unica mun-
dial se da pela convergencia as Normas Internacionais
de Contabilidade emitidas pelo IASB - International
Accounting Standards Board, as quais a Uniao Europeia
ja esta totalmente aderente e tantos outros paises no
mundo tambem para elas caminham, totalizando mais
de uma centena; ha inclusive todo urn processo para
uma convergencia entre essas normas e as norte-ame-
ricanas, 0 que sera, de fato, 0 melhor dos mundos para
nos, Contadores. Nao que essas nonnas sejam a unica
verdade, niio que niio tenham falhas, niio que precise-
mos simplesmente aceita-las sem qualquer critica. Mas
porque sao, no seu conjunto, efetivamente mais evolui-
das do que as nossas. Precisamos inclusive for~ar nossa
participa~iio nesse processo da gera~ao de tais normas
intemacionais para levarmos nossa experit~ncia, nossas
propostas, nossas criticas e conseguirmos influenciar
no processo de sua continua melhoria, sem criarmos
informa~6es divergentes para os mesmos fatos e tran-
sa~6es.
E urn importante passo, no Brasil, foi dado pela
cria~ao do CPC - Comite de Pronunciamentos Conta-
beis. Depois de duas decadas, seis entidades niio gover-
namentais entraram em acordo, uniram-se, e cinco de-
las pediram a sexta a formaliza~iio do Comite. Assim, 0
CFC - Conselho Federal de Contabilidade, a pedido da
APIMEC NACIONAL - Associa~ao dos Analistas e Pro-
fissionais de Investimento do Mercado de Capitais -,
da ABRASCA - Associa~iio Brasileira das Companhias
Abertas -, da BM&FBOVESPA - Bolsa de Mercadorias,
Valores e Futuros -, da FIPECAFI - Funda~iio Instituto
de Pesquisas Contabeis, Atuariais e Financeiras (con-
veniada a FENUSP) -, e do IBRACON - Instituto dos
No~5es Introdutorias 15
Auditores Independentes do Brasil -, emitiu sua Reso-
lu~iio 1.055/05, criando esse Comite. Ele esta sendo su-
portado materialmente pelo Conselho Federal de Con-
tabilidade, mas possui total e completa independencia
em suas delibera~6es (Pronunciamentos Tecnicos, In-
terpreta~6es e Orienta~6es).
Esse modelo brasileiro acompanha aquele que
mais resultado tern produzido no mundo: juntam-se os
preparadores (profissionais e empresas) da informa~ao
contabil, os auditores independentes dessa informa~ao,
os analistas e usuarios, os intermediarios e a academia
para juntos, inclusive no calor dos confiitos de seus le-
gitimos interesses, produzir uma unica norma. Alem do
mais, no Brasil, esse nascimento do CPC se deu sob 0
formal, expresso e forte apoio das autarquias governa-
mentais CVM e BACEN, bern como com a concordancia
do Ministerio da Fazenda. Inclusive aquelas duas au-
tarquias, CVM e Banco Central e mais a SUSEP - Supe-
rintendencia dos Seguros Privados e a RFB - Secretaria
da Receita Federal Brasileira (e mais recentemente a
FEBRABAN - Federa~iio Brasileira de Bancos e a CNI
- Confedera~iio Nacional da Industria) siio membros
permanentemente convidados as reuni6es do CPC, bern
como seriio convidadas outras entidades nas discuss6es
de temas espedficos (ANA TEL, ANEEL, SPC, ANS, ANP
etc.), bern como algumas dessas e outras entidades po-
deriio tambem vir a ser convidadas para membros efe-
tivos do Comite. A unica restri~iio e a necessidade de a
maioria das pessoas fisicas componentes do CPC serem
Contadores devidamente habilitados e registrados.
Outro ponto interessante: no Brasil, nossa Cons-
titui~ao impede que orgiios govemamentais deleguem
fun~6es a outras institui~6es. Assim, nao sera possivel
termos 0 que ocorre em outros paises, com os 6rgaos
federais de controle simplesmente deliberando por de-
legar seu poder de emitir normas a seus "CPCs", (FASB,
IASB etc.).
Assim, 0 processo acordado no Brasil e 0 de 0 CPC,
primeiramente, emitir seu Pronunciamento Tecnico,
apos discussiio com as entidades envolvidas e audiencia
publica: apos, tem-se 0 orgiio publico (CVM, BACEN,
SUSEP etc.) ou mesmo privado (CFC etc.) emitindo sua
propria resolu~ao acatando e determinando 0 segui-
mento desse Pronunciamento do cpe. Assim fica 0 Pro-
nunciamento transfonnado em "norma" a ser seguida
pelos que estiverem subordinados a tais orgiios. Com
isso, a CVM, por exemplo, emite sua Delibera~iio (como
tern feito, desde 1986, com pronunciamentos emitidos
pelo IBRACON) aprovando 0 Pronunciamento do CPC;
o proprio CFC emite sua Resolu~ao fazendo 0 mesmo,
idem com 0 BACEN, a SUSEP etc.
Estamos, pois, numa nova fase, quase que de civi-
lidade ate, no Brasil, que precisamos apoiar, incentivar
e com ele colaborar.
16 Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos
o CPC possui quatra Coordenadorias (de Opera-
~iies, Tecnica, de Rela~iies Institucionais e de Rela~iies
Internacionais) e tern seu site proprio (http://www.cpc.
org.br/).
Participe das audiencias publicas
dando suas su-
gestiies, criticas, colabora~iies e apoie esse orgao que
vern elevando enormemente a qualidade da nossa Con-
tabilidade.
1.7.1 Documentos Emitidos pe/o CPC
Em 2007/2008:
Apenas os CPCs 01 e 02 foram emitidos em 2007.
Os documentos, com seus vfnculos com as normas do
IASB (se "BR" e porque sem vinculo), seus titulos e al-
guns comentarios sobre seus impactos ou suas caracte-
risticas mais importantes estao listados a seguir:
Pronunciamentos Tecnicos:
• epe "00" - "Pronunciamento Conceitual Ba-
sica - Estrutura Conceitual para a Elabora~ao
e Apresenta~ao das Demonstra~iies Contabeis
"("Framework" - lasb) - contem os prindpios
e conceitos basicos que regem a prepara~ao e
a apresenta~ao dessas demonstra~iies.
o CPC 01 - "Redu~ao ao Valor Recuperavel de
Ativos" (lAS 36) - "Impairment" - nenhum
ativo pode ficar por valor maior do que seu
valor de venda ou sua capacidade de gera~ao
de caixa; recupera<;ao posterior e revertida,
exceto no goodwill.
o CPC 02 - "Efeitos das mudan~s nas taxas de
cambio e conversao de demonstra~iies conta-
beis" (lAS 21) - Varia~ao cambial de investi-
mento societario no exterior nao e resultado
ate baixa final do investimento. Moeda fun-
cional: defini~ao e ado~ao; moeda de reporte.
o CPC 03 - "Demonstra~ao dos Fluxos de Cai-
xa" (lAS 7) - Todos os fluxos de caixa sao
agrupados em 3 conjuntos de fluxos: das ati-
vidades operacionais, das de investimento e
das de financiamento.
o CPC 04 - ':Ativo Intangivel" (lAS 38) - Maior
restri~ao ao ativo intangivel: saem despesas
pre-operacionais, gastos com pesquisa; nao
ha ativo diferido; gastos com desenvolvimen-
to sao ativos, mas com restri<;ao; restri<;ao no
registro de intangiveis gerados internamente,
continua veda~ao de ativa~ao de goodwill ge-
rado internamente, intangiveis sem vida uti!
definida nao sao mais amortizados (goodwill,
p.e.); softwares com vida propria.
o CPC 05 - "Divulga~ao sobre Partes Relacio-
nadas" (lAS 24) - Muda 0 conceito de parte
relacionada, mais voltado it figura de quem
controla ou possa ter influencia sobre a ges-
tao - inclui pessoas fisicas e juridicas. IASB
acaba de alterar para 0 caso do Estado como
parte relacionada. Divulga~ao das partes rela-
cionadas, independentemente de transa~iies.
o CPC 06 - "Opera~iies de Arrendamento Mer-
canti!" (lAS 17) - os leasings financeiras sao
vendas no arrendador e compras de ativos no
arrendatario; os operacionais, nao.
o CPC 07 - "Subven~ao e Assistencia Governa-
mentais" (lAS 20) - as subven~iies para in-
vestimento e para custeio transitam pelo re-
sultado, no ate ou posteriormente conforme
a situa~ao; algumas podem ser segregadas
depois para evitar tributa~ao.
o CPC 08 - "Custos de Transa~ao e Premios
na Emissao de Titulos e Valores Mobiliarios"
(lAS 39 - parte) - Encargos financeiras in-
cluem custos da transa~ao, como gastos com
intermediarios, publica<;5es, contratos, via-
gens etc., apropriados ao longo do tempo;
gastos com emissao de a~iies nao sao despe-
sas da entidade, reduzindo 0 patrimonio Ii-
qUido diretamente.
o CPC 09 - "Demonstra~ao do Valor Adicio-
nado" (BR) - Evidencia a gera~ao do valor
adicionado (peda~o do PIB criado pela en-
tidade), e como e distribuido entre recursos
humanos, capitais de terceiros, capitais pro-
prios e governo.
o CPC 10 - Pagamento baseado em a~6es (IFRS
2) - Stock options sao despesas reconhecidas
com base no valor justo das op~iies quando
outorgadas aos administradores e emprega-
dos e distribuidas pelo prazo contratual.
o CPC 11 - "Contratos de seguras" (IFRS 4) -
quando 0 contrato e de segura, mesmo que
nao com seguradora, e como contabilizar.
o CPC 12 - ':Ajuste a valor presente" (BR) - ati-
vos e passiv~s de longo prazo sao ajustados a
valor presente (exceto tributos diferidos, e os
de curto quando relevante 0 ajuste).
o CPC 13 - ':Ado~ao inicial da Lei n' 11.638/07
e da MP 449/08" (BR) (valido so para 2008).
o CPC 14 - "Instrumentos financeiras: Reco-
nhecimento, Mensura<;ao e Evidencia<;ao"
- fase I. (lAS 39, lAS 32 e IFRS 7 - partes)
- revogado a partir de 2010, transformado na
OCPC 03.
Orienta<;oes:
• OCPC 01 - "Entidades de Incorpora<;ao Imo-
biliaria" (BR) - tratamento de certos aspectos
dessa atividade, como ajuste a valor presente,
gastos com estandes, propaganda etc.
• OCPC 02 - "Esclarecimentos sobre as De-
monstra<;6es Contabeis de 2008" (BR) - vali-
do so para 2008.
Em 2009:
Pronunciamentos Tecnicos
• CPC 15 - "Combina<;ao de Negocios" (IFRS
3) - Goodwill (agio por expectativa de renta-
bilidade futura) na combina<;ao de negocios
e so 0 que exceder 0 valor justo dos ativos e
passivQs adquiridos, inclusive ativos nae COll-
tabilizados e passivos contingentes (diferen<;a
entre valor justo e valor contabil nao e agio,
e sim mais-valia); goodwill nao e amortiza-
vel, sofre baixa por impairment. "Desagio" e
ganho por compra vantajosa e reconhecido
imediatamente no resultado.
• CPC 16 - "Estoques" (lAS 2) - Na produ<;ao
de estoques, ociosidade e despesa (capacida-
de normal e a base); Lifo (Ueps) nao e aceito.
• CPC 17 - "Contratos de Constru<;ao" (lAS 11)
- como antes: resultado apurado conforme
execuc;ao, a naD ser que imprevisivel 0 termi-
no; prejuizo reconhecido imediatamente.
• CPC 18 - "Investimento em Coligada e em
Controlada" (lAS 28) - Elimina<;ao de resul-
tado nao realizado em transa<;6es da inves-
tid ora para a investida, inclusive coligada, e
da controlada para controladora ou outras
controladas; continua uso da equivalencia
patrimonial. Demonstra<;ao individual com
controlada avaliada por equivalencia nao e
aceita pelo IASB, que exige, diretamente, a
consolida<;ao (unico efetivo problema da con-
vergencia) .
• CPC 19 - "Investimento em Empreendimen-
to Controlado em Conjunto" (lAS 31) - Joint
ventures avaliadas, no individual, pela equi-
valencia. Consolidada proporcionalmente de
forma obrigatoria; no IASB e opcional manter
equivalencia mesmo nas demonstra<;6es con-
solidadas; lucro da investidora na venda para
ajoint venture so e reconbecido na parcela de
venda para demais investidores, no sentido
contnirio nae ha reconhecimento enquanto
nao realizado.
No~oes Introdutorias 17
• CPC 20 - "Custos de Emprestimos" (lAS 23) -
sem mudan<;a para companhias abertas; juros
durante constru<;ao integram 0 custo do ativo
produzido a prazo longo.
• CPC 21 - "Demonstra<;ao Intermediaria" (lAS
34) - informa<;6es trimestrais ao publico, p.
ex.; s6 e necessaria, como nota, 0 que difere
das demonstra<;6es do final do exercfcio ante-
rior. Basicamente so para companhia aberta
ou que tenha a obriga<;ao estabelecida por or-
gao regulador proprio.
• CPC 22 - "Informa<;6es por Segmento" (IFRS
8) - Informa<;ao por segmento de atividade
economica conforme definida gerencialmen-
te: ativQs, passivQs, receitas e despesas. Tam-
bern informa<;ao por regiao geogr1ifica, quan-
do cabivel. Basicamente so para companhia
aberta ou tenba a obriga<;ao estabelecida por
orgao regulador proprio.
• CPC 23 - "Politicas Contabeis, Mudan<;a de
Estimativa e Retifica<;ao de Erro" (lAS 8) -
mudan<;a de politica contabil e retifica<;ao de
erro obrigam it reapresenta<;ao das demons-
tra<;5es anteriores; mudan<;a de estimativa so
com efeito prospectivo.
• CPC 24 - "Evento Subsequente" (lAS 10) -
Evento entre balan<;o e data da autoriza<;ao
para emissao pode retificar balan<;o se rela-
tivo a fata dessa data; caso contnlrio, nae,
uma nota pode ser suficiente. Obriga<;ao de
informar data em que e autorizada a emissao
(conhecimento ao Conselho de Administra-
<;ao, Conselho Fiscal etc.).
• epe 25 - "Provisoes, Passivos Contingentes e
Ativos Contingentes" (lAS 37) - Sem mudan-
<;a; provisao para riscos contingentes quando
provaveis (> 50%); se
possiveis, so nota; se
remotos, nada. Ativo contingente naD e ativa-
vel, so quando praticamente certo. Custos de
desativa<;ao sao provisionados durante imo-
biliza<;ao; gastos com paradas programadas
nao sao provisiomiveis, com novos custos ati-
vados e anteriores baixados.
• CPC 26 - '~presenta<;ao das Demonstra<;5es
Contabeis" -(lAS 1) cria<;ao da Demonstra<;ao
do Resultado Abrangente: come<;a com Lucro
Liquido, identifica outros resultados abran-
gentes (varia<;5es cambiais do CPC02, varia-
<;5es a valor justo de certos ativos e passivos,
stock options (contrapartida da despesa), re-
avalia<;ao etc.) e reclassifica<;ao para 0 resul-
tado. Resultados abrangentes: tudo que mo-
difica 0 Patrimonio liquido e nao e Transa<;ao
com os Proprietarios (aumento/redu<;ao de
18 Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos
capital, dividend os, compra e venda de a~6es
proprias etc.). No Brasil, demonstra~ao a par-
te da do resultado; pode ser na DMPL. IASB
admite uma unica (DRA + DRE). No mais,
sem mudan~as significativas nas demais De-
monstra~6es. Nao ha segrega~ao de resulta-
do nao operacional ou item extraordimirio na
DRE, so 0 resultado de Opera~6es Desconti-
nuadas. DMPL precisa evidenciar parte dos
acionistas nao controladores no patrimonio
das controladas.
• CPC 27 - '1'..tivo Imobilizado" (lAS 16) - no
Brasil, vedada a reavalia~ao do imobilizado
que 0 IASB expressamente nao recomenda,
mas aceita. Deprecia~ao com base na vida util
economica e valor residual de venda. Inclui
alguns gastos que no Brasil iam para 0 Ativo
Diferido (prepara~ao de maquinas, por exem-
plo). Inclui intangivel vinculado ao imobiliza-
do, como softwares sem vida propria.
• cpe 28 - "Propriedade para Investimento"
(lAS 40) - novidade; imoveis destinados a
renda ou a valoriza~ao, mantidos a parte po-
dem ser avaliados a valor justo ou ao custo.
• epe 29 - '1'..tivo Biologico e Produto Agrico-
la" (lAS 41) - produtos agricolas vegetais e
animais na eolheita ou nascimento, e ap6s,
enquanto commodities sao avaliados ao valor
justo. Novidade mundial: Ativos biologicos
tambem (imobilizado gerador de produto
agricola).
• epe 30 - "Receitas" (lAS 18) - condi~6es de
registro da receita (pre~o objetivo, execu~ao
do que e relevante para consegui-Ia, capaci-
dade de realiza~ao financeira e despesas as-
sociadas mensuniveis, aumento do patrimo-
nio liquido). Segrega~ao de varios produtos
ou servi~os vendidos conjuntamente. Fide-
lidade de clientes (milhagem, premios etc.)
obriga a distribui~ao da receita para 0 que e
ofertado "gratuitamente".
• epe 31 - '1'..tivo Nao eirculante Mantido para
Venda e Opera~ao Descontinuada" (IFRS 5) -
ativo nao circulante destinado a venda trans-
ferido para 0 circulante so quando de certas
condi~6es restritas e por nao mais do que urn
balan~o; pelo valor original ou 0 valor justo
diminuido das despesas de venda, dos dois 0
menor. Opera~ao descontinuada tern ativos,
passivos, receitas e despesas evidenciadas se-
paradamente; na DRE, 0 unico valor eviden-
ciado segregadamente.
• CPC 32 - "Tributos sobre 0 Lucro" (lAS 12)
- Imposto de Renda e eontribui~ao Social
apropriado por total competencia, e nao so
quando devido legalmente; sem mudan~as.
Tributos diferidos nao sao ajustados a valor
presente.
• epe 33 - "Beneficios a Empregados" (lAS
19) - beneficios pos-emprego 100% provisio-
naveis quando recebido 0 servi~o. Beneficios
definidos mensurados a valor presente con-
forme criterio da unidade de credito projeta-
da. Reconhecimento de debito compulsorio
e de credito sob certas condi~6es quando 0
fundo de pensao tern deficit ou superavit, res-
peetivamente. "Corredor" para evitar excessi-
vas oscila~6es. Beneficios durante 0 empre-
go tambem por competencia. Beneficios no
desligamento, so no desligamento ou quando
atendidas certas condi~6es.
• epe 35 - "Demonstra~6es Separadas" (lAS
27) - novidade no Brasil para substituir equi-
valencia patrimonial ou consolida~ao; opta-
tivas e adicionais as obrigatorias. Quando
investimento societario avaliado por valor
justo ou ao custo representa melhor do que
equivalencia patrimonial ou consolida~ao. In-
vestimento "com cara de portfolio".
• epe 36 - "Demonstra~6es eonsolidadas" (lAS
27) - participa~ao minoritaria passa a ter a
inclusao de sua participa~ao na mais-valia
dos ativos (valor justo menos valor contabil).
Participa~ao dos nao controladores e parte do
patrimonio liquido e do lucro liquido, apenas
evidenciados a parte. Forte novidade: a partir
da aquisi~ao do controle, compras ou vendas
adicionais junto aos minoritarios (sem perda
de controle) passam a ser consideradas tran-
sa<;5es entre socios, como se fossem a<;5es em
tesouraria e nao eriam agio novo ou mesmo
"desagio". SPEs, consolidadas como ja exigi-
do pela CVM anteriormente, se riscos e bene-
ficios sao da entidade que reporta.
• cpe 37 - '1'..do~ao Inicial das Normas Interna-
cionais de Contabilidade" (IFRS 1) - como se
aplicam as IFRSs pela primeira vez para de-
monstra~6es consolidadas totalmente confor-
me IASB (bancos, seguradoras e companhias
abertas). Ajustes retroativos obrigatorios ou
opcionais.
• epe 38 - "Instrumentos Financeiros: Reco-
nhecimento e Mensura~ao" (lAS 39) - ins-
trumentos financeiros: se mantidos ate 0
vencimento, registrados pelo custo amortiza-
do ("curva"); derivativos e instrumentos co-
locados a venda: pelo valor justo, alterando
o resultado; para venda futura: valor justo,
em outro resultado abrangente ate venda, no
patrimonio liquido, mais juros intrinsecos no
resultado; hedge, s6 quando assim classifica-
do na origem e comprova~ao da efetividade;
baixa de instrumentos financeiros, s6 quando
transferidos riscos e beneficios. Impainnent
s6 por perdas efetivas. Derivativos embutidos
desmembrados. IASB introduziu modifica-
~6es no recentissimo IFRS 9 para implanta-
~ao em 2013 (antecipa~ao autorizada).
• epe 39 - "Instrumentos Financeiros: Apre-
senta~ao" (lAS 32) - Apresenta~ao de Instru-
mentos Financeiros: classifica~ao pela essen-
cia; a<;5es resgataveis sao Passiv~; debentures
perpetuas participantes no acervo liquido
iguais as a<;6es ordimirias ou conversiveis a
op~ao da empresa sao PL.
• CPC 40 - "Instrumentos Financeiros: Eviden-
cia~ao" (IFRS 7) - divulga~ao de instrumen-
tos financeiros: notas explicativas completas,
quadro de analise de sensibilidade.
• CPC 43 - '1\do~ao inicial dos Pronunciamen-
tos Tecnicos CPC 15 a 40" (BR) - objetivo:
demonstra~6es individuais com mesmo LL e
PL que os das consolidadas (rarissimas exce-
~6es). Vinculado ao CPC 37.
• Pronunciamento Tecnico PME - "Contabili-
dade para Pequenas e Medias Empresas" - 0
conjunto das normas internacionais aplica-
veis as pequenas e medias empresas.
Interpreta~6es Tecnicas
• ICPC 01 - "Contratos de Concessao" (IFRlC
12) - Concess6es com infraestrutura do Esta-
do, regula~ao da tarifa e outras caracterfsti-
cas: 0 custo do imobilizado construido e custo
de aquisi~ao do direito de concessao; logo, e
intangivel a ser amortizado no prazo da con-
cessao. Se parte e ressardvel, reduz 0 custo
do intangivel e vira instrumento financeiro, a
valor presente. A constru~ao do imobilizado e
atividade a parte, com resultado pr6prio.
• ICpe 02 - "Contrato de Constru~ao Imobi-
liaria" (IFRlC 15): se caracterizado como ser-
vi~o prestado, aplica-se epc 17 (resultado
apropriado ao longo da constru~ao); se como
recebimento antecipado para entrega futura,
aplica-se CPC 30 (resultado na entrega das
chaves); 0 problema dos tipos de contrato,ju-
risprudencia e praticas comerciais entre Bra-
sil e outros paises.
No~6es Introdutorias 19
• ICPC 03 -')\spectos Complementares das
Opera~6es de Arrendamento Mercantil"
(IFRlC 4, SIC 15 e SIC 27) - complementa
0
CPC06.
• ICPC 04 - '1\lcance do Pronunciamento Tec-
nico CPC 10 - Pagamento Baseado em A~6es"
(IFRlC 8) - complementa 0 CPC 10.
• Iepe 05 - "Pronunciamento Tecnico CPC 10
- Pagamento Baseado em A~6es - Transa~6es
de A~6es do Grupo e em Tesouraria" (IFRlC
11) - complementa 0 cpe 10.
• ICPC 06 - "Hedge de Investimento Liquido em
Opera~ao no Exterior" (IFRlC 16) - comple-
menta 0 CPC 02.
• ICPC 07 - "Distribui~ao de Lucros In Natura"
(IFRlC 17) - contabiliza~ao desse tipo de di-
videndo ou de entrega in natura para devolu-
~ao de capital aos s6cios.
• ICPC 08 - "Contabiliza~ao da Proposta de
Pagamento de Dividendos" (BR) - dividendo
obrigat6rio por lei ou estatuto e passivo ja no
balan~o, mas 0 distribuido adicionalmente s6
e passivo quando aprovado pelo 6rgao com-
petente.
• ICPC 09 - "Demonstra~6es Contabeis Indivi-
duais, Demonstra~6es Separadas, Demons-
tra~6es Consolidadas e Aplica~ao do Metodo
de Equivalencia Patrimonial" (BR) - comple-
menta os CPCs 18, 19,35 e 36.
• ICPC 10 - "Interpreta~ao Sobre a Aplica~ao
Inicial ao Ativo Imobilizado e a Proprieda-
de para Investimento dos Pronunciamentos
Tecnicos epes 27, 28, 37 e 43" (BR e IFRS
1) - na transi~ao para os novos CPCs, esses
ativos podem ser ajustados ao custo atribuido
(deemed cost), que e 0 seu valor justo; nao e
reavalia~ao e nem corre~ao monetaria. Ajus-
tes as deprecia~6es acumuladas. Ajustes con-
tra 0 PL.
• ICPC 11 - "Recebimento em Transferencia de
Ativos de Clientes" (IFRlC 18) - contratados
que recebem ativos dos seus contratantes
para prestar servi~os ou outras atividades a
esses contratantes.
• ICPC 12 - "Mudan~as em Passivos por Desati-
va~ao, Restaura~ao e Outros Passivos Simila-
res" (IFRlC 1) - altera~6es nos valores espe-
rados desses passivos.
• 10 Interpreta~6es Anexas a 8 epes (CPCs
04,19,21,30,32,33,36 e 38) (IFRlCs 9,10,
13, 14 e SICs 12, 13, 21, 25, 31 e 32) - com-
plementos desses CPCs enumerados.
20 Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos
Orienta~oes
• OCPC 03 - "Instrumentos Financeiros: Re-
conhecimento, Mensura~ao e Evidencia~ao"
- Antigo CPC 14. Este vale para 2009. CPCs
38 a 40 valem a partir de 2010. Esta orienta-
~ao vale como referencia para transa~6es nao
sofisticadas a partir de 2010, por ser resumo
dos CPCs 38 a 40.
Nao foram emitidos pelo CPC:
• CPC 34 - "Explora<;ao e Avalia¢o de Recurso
Mineral" (IFRS 6) - 0 IASB nao 0 obriga e
aceita as pniticas atuais e esse documento e
parcial, nao abrangendo as fases de prospec-
<;ao, desenvolvimento e extra<;ao. Sera emiti-
do quando do documento original do IASB.
• CPC 41 - "Resultado por a<;ao" (lAS 33) - 0
IASB ficou de alteni-Io, mas nao 0 fez e reti-
rou a urgencia - sendo emitido no infcio de
2010.
• CPC 42 - "Contabilidade e Evidencia<;ao em
Economia Hiperinflacionaria" (lAS 29) - em
processo de sugestao ao IASB para modifi-
ca<;ao.
1.7.2 Re/a~iio entre os documentos emitidos
pe/o CPC e pe/o lASH
Os Pronunciamentos, as Interpreta<;6es e as Orien-
ta<;6es emanadas do CPC sao, basicamente, tradu<;6es
das nonnas internacionais, com raras adapta<;6es de
linguagem e de algumas situa<;oes especificas. Tambem
em raras situac;6es ocorre 0 seguinte: uma das alterna-
tivas dadas pela norma internacional nao e aqui reco-
nhecida, normalmente por problemas legais. Por exem-
plo, nao podemos adotar a reavalia<;ao. Ou entao, no
caso da demonstra<;ao do resultado abrangente, 0 IASB
permite que seja divulgada uma unica demonstra<;ao,
juntando a do resultado com ados outros resultados
abrangentes, mas por for<;a da nossa Lei, 0 CPC aceitou
apenas a alternativa de exibi<;ao em duas alternativas.
Ainda, 0 lASB aceita que os investimentos em joint ven-
tures nao sejam consolidados proporcionalmente (estao
para mudar), apesar de dizerem que preferem essa al-
ternativa. No Brasil 0 CPC detenninou a continua<;ao
obrigatcria da consolida<;iio proporcional.
Todavia, nao existe uma unica determina<;iio do
CPC que niio esteja abrigada pelas normas internacio-
nais, com a unica exce<;iio de que as normas do IASB niio
reconhecem 0 balan<;o individual com investimento em
controlada, obrigando a sua substitui<;ao pelo consoli-
dado, mas nos, no Brasil, somos obrigados, por lei, a ter
esse balan<;o individual. Assim, nao ha, genuinamente,
urn conflito, e sim uma demonstrac;ao nao referenciada
pelo IASB. Tambem deve ser destacada a Demonstra-
<;iio do Valor Adicionado que foi tornada obrigatcria
para as companhias abertas, pela Lei, e para as demais
sociedades, por Resolu<;iio do CFC, mesmo nao sendo
especificamente prevista nas normas do IASB.
1.8 Promulga.;;ao das Leis n'" 11.638/07
e 11.941/09 (MP 449/08) e a
independencia da contabilidade
brasileira
Na setima edi<;iio do Manual de Contabilidade das
Sociedades por A,oes, quase que imploravamos pela
aprova<;ao, pelo Congresso Nacional, do entiio Projeto
de Lei n' 3.741/00. A Comissao Consultiva de Normas
Contabeis havia ajudado a CVM a preparar urn Projeto
de Lei em 1999, que foi entregue ao Ministro da Fa-
zenda da epoca, Pedro Malan (hoje membro do board
da Funda<;iio IASC - que supervisiona e prove recursos
ao IASB!); 0 Poder Executivo enviou esse projeto ao
Congresso em 2000, quando recebeu essa identifica<;iio
de Projeto de Lei nQ 3.741/00. Somente nos ultimos
dias de 2007, apes pressiio que se iniciara com 0 entiio
Ministro da Fazenda Antonio Palocd e se seguiu com 0
empenho do novo Ministro Guido Mantega, conseguiu-
se a aptova<;ao da Lei nQ 11.638/07, a partir daquele
projeto.
Essa Lei, alterando a de n' 6.404/76, a Lei das
S.A., foi a grande mudan<;a que propiciou condi<;oes
para a convergencia as normas internacionais de conta-
bilidade. 0 texto legal nao s6 determinou essa conver-
gencia como produziu altera<;oes na Lei que impediam
a adoc;ao de varias dessas normas internacionais. Alem
disso, fez expressa men<;ao a figura do CPC e, 0 mais
fundamental de tudo, determinou, de forma enfarica,
a segrega<;ao entre Contabilidade para fins de Demons-
tra<;6es Contabeis e Contabilidade para fins Fiscais.
Mudou 0 conceito de ativo imobilizado, ao admitir
que sejam nesse grupo registrados aqueles que, mesmo
nao sendo de propriedade juridica da empresa, estao
sob seu controle, sendo dessa empresa os beneficios e
os riscos advindos de seu controle. Essa foi a abertura
que passou a permitir a figura da Prevalencia da Essen-
cia sobre a Forma, conceito fundamental para uma boa
Contabilidade, rica e informativa aos administradores
da entidade, aos investidores, aos credores, aos empre-
gad os, ao governo, a sociedade em geral.
Apes edi<;ao dessa Lei no crepusculo de 2007, sur-
giram dois pontos: 0 projeto de lei havia demorado
tantos anos para ser aprovado que, quando saiu, saiu
defasado. Era ja necessaria uma serie de outras mo-
difica~6es na Lei das S/ As porque as normas Ja fora
tinham avanc;ado. Assim, saiu a Medida Provis6ria nQ
449/08, depois convertida integralmente lei dentro da
Lei nQ 11.941/09, que produziu alguns complementos
de modifica~ao a Lei das S.A., como a extin~ao do ativo
diferido e dos resultados de exercicios futuros e outras.
o segundo ponto foi a formaliza~ao, agora do ponto
de vista tributario, e nao societario, da desvinculac;ao
entre Fisco e Contabilidade, com a cria~ao do Regime
Transitorio de Tributa~ao (RTT).
A partir dessas legisla~6es passou a ser possivel
praticar-se, de fato, Contabilidade no Brasil sem in-
fluencias diretas ou indiretas de natureza fiscal, com
a Secretaria da Receita Federal Brasileira passando a
ser enorme parceira da evolu~ao contabil. De agora
em diante, trabalham juntas, as normas contabeis e as
normas fiscais, mas cada urn seguindo seu caminho.
Nenhuma norma contabil nova, convergente as inter-
nacionais, provoca qualquer efeito tributario, aumen-
tando ou reduzindo tributos, sem que haja uma outra
norma de natureza fiscal para faze-Io; nao saindo essa
nova norma tributaria, prevalece a que existia anterior-
mente (no caso de 2010 ainda prevalecem as do final
de 2007). Por outro lado, se 0 Fisco determinar uma
nova forma de apropria~ao de receita ou despesa para
fins proprios, isso nao tern automatica aplica~ao na
Contabilidade, sem que saia uma nova norma contabil.
E todas essas diferen~as sao controladas no Lalur, agora
E-Lalur, no F-Cont etc.
Devemos, os Contabilistas brasileiros, aplaudir es-
tes momentos historicos que estamos vivendo e apro-
veitar para fazer valer a grande utilidade da nossa pro-
fissao: a de ajudar no processo de controle e no de bern
infortnar.
1.9 Normas internacionais de contabilidade:
principais caracteristicas e
consequencias
As normas internacionais de contabilidade emi-
tidas pelo lASB estao sendo implementadas no Brasil
pelo CPC e pelos orgaos reguladores brasileiros, princi-
palmente pela CVM e pelo CFC. Elas tern algumas ca-
racteristicas basicas:
a) Sao baseadas muito mais em principios
do que em regras: elas sao razoavelmen-
te detalhadas mas nao tern necessariamente
resposta para todas as duvidas. Preocupam-
se muito mais em dar a filosofia, os princi-
pios basicos a serem seguidos pelo racioci-
nia contabil. Apesar de que, na pnitica, esse
balanceamento entre principio e regrinha
No~6es Introdut6rias 21
seja muito dificil, essa e a filosofia basica do
lASB (as vezes, e claro, com alguma tenden-
cia a cair urn pouco mais para urn lade do
que para outro). 0 costume nosso de que-
rermos tudo com base em regras, alias fiui-
to difundido em outros paises tambem, tern
sido a morte da profissao contabil, porque
nos acostumamos simplesmente a cumprir 0
que e determinado, sem grandes analises e
julgamentos.
o uso de principios, ao inves de regras,
obriga, e claro, a maior julgamento e a maior
analise, exigindo maior prepara~ao, mas,
por outro lado, pertnite que se produzam in-
forma~6es contabeis com muito maior qua-
lidade e utilidade, dependendo, e claro, da
qualidade com que 0 contabilista exer~a sua
profissao.
b) Sao baseadas na Prevalencia da Essencia
sobre a Forma: isso significa que, antes de
qualquer procedimento, 0 profissional que
contabiliza, bern como 0 que audita, devem,
antes de mais nada, conhecer muito bern a
opera~ao a ser contabilizada e as circuns-
tancias que a cercam. Assim, nao basta sim-
plesmente contabilizar 0 que esta escrito. E
necessario ter certeza de que 0 documento
formal represente, de fato, a essencia econo-
mica dos fatos sendo registrados.
Assim, se a empresa esta vendendo urn
imovel para alguem, comprometendo-se a
aluga-Io e recompra-Io daqui a quatro anos,
quando 0 emprestimo estiver pago, e ne-
cessario analisar e verificar se, ao inves de
uma venda, urn contrato de aluguel e uma
recompra, 0 que esta ocorrendo, na verdade,
nao e uma opera~ao de emprestimo em que
o imovel esteja sendo dado como garantia.
Com isso, 0 registro contabil devera seguir
a essencia, e nao a forma, se esta nao repre-
sentar bern a realidade da opera~ao.
No Brasil tinhamos, praticamente, antes
dessa mudan~a legislativa, uma unica si-
tua~ao em que isso era de fato praticado. 0
Banco Central, desde ha muitos anos, por
iniciativa do seu entao Chefe de Departa-
mento, Iran Siqueira Lima, havia deter-
minado uma mudan~a na contabiliza~ao
das transa~6es de titulos com cIausulas de
recompra. Urn banco adquiria urn titulo
no mercado e 0 registrava pelo custo; a se-
guir, ''vendia-o'' ao cliente, com clausula de
recompra dai a urn cefto mimero de dias
(opera~ao compromissada); contabilizava a
22 Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos
venda pelo valor recebido, registrando lucro
ou prejuizo com rela~ao ao custo anterior de
aquisic;ao. Depois, recomprava-o do cliente
pelo novo valor e novamente come~ava 0
drculo. Assim, 0 banco apenas reconhecia
lucro ou prejuizo na transa~ao de compra
e venda, e nunca como despesa financeira
(0 que poderia permitir certas arbitrarieda-
des nesses pre~os). S6 que, na essencia, 0
cliente queria (e quer) e fazer uma aplica-
~ao financeira e ganhar sua receita financei-
ra. 0 cliente considera muito mais seu in-
vestimento como uma aplica~ao financeira
no banco, mas este nao registrava qualquer
obriga~ao no seu passivo, apesar de ser obri-
gat6ria a transa~ao de recompra do titulo. A
modifica~ao constituiu-se em aplicar, M de-
cadas, a figura da essencia sobre a forma. 0
Banco Central obrigou Ii contabiliza~ao, pelo
banco, nao de uma venda do titulo quando
o cliente efetuasse a aquisi~ao, mas sim a de
urn emprestimo. 0 titulo continuava na car-
teira ativa do banco, e 0 dinheiro recebido
tinha como contrapartida 0 passivo. Assim, 0
titulo passou a produzir receita para 0 banco
pelos juros, corre~ao monetaria e outros ren-
dimentos a ele atinentes, e a produzir despe-
sas financeiras com 0 passiv~ assumido, nao
mais reconhecendo lucros ou prejuizos por
opera~6es formais de compra e venda de ti-
tulos. Veja-se, entao, que a pratica da essen-
cia sobre a forma tern, nesse exemplo, com
excelentes resultados, uma hist6ria nao tao
recente no Brasil.
A consolida~ao de balan~os e tambem
uma forma de prevalencia da essencia sobre
a forma, provavelmente a experiencia mais
antiga da Contabilidade: juntam-se os ba-
lan~os e produz-se uma informa~ao como se
as varias entidades, controladora e contro-
ladas, fossem uma so; representa-se a enti-
dade economica, e nao a entidade juridica.
E e tao relevante essa informa~ao (a con-
solidada) que somente ela e, basicamente,
a utilizada no mercado financeiro mundial
hoje em dia. No caso dos norte-americanos,
e a unica informa~ao disponibilizada publi-
camente.
o exemplo do leasing financeiro e outro
exemplo classico da prevalencia da essencia
sobre a forma.
Esse conceito fundamental tern, e claro,
seus problemas, porque exige do profissional
conhecimentos de gestao, de economia, de
direito, de neg6cios em geral, da empresa,
das transa~6es que ela pratica, da termino-
logia envolvida etc. Por isso precisa ele estar
sempre atualizado e cercando-se de cuida-
dos para obter todo 0 conhecimento neces-
sario. E exige dele tambem julgamento, born
senso, e coragem de representar a realidade,
o que e sua obriga~ao mais importante, por
sinal.
Essencia sobre a forma nao significa arbi-
trariedade a qualquer gosto, disponibilidade
para fazer 0 que se acha deva ser feito etc.
E preciso muito cautela, julgamento e born
senso, mas tambem e preciso que se regis-
tre, e bern claramente, todas as raz6es pelas
quais chegou-se Ii conclusao de que a essen-
cia nao esta bern representada formalmente.
c) Sao muito mais importantes os concei-
tos de controle, de obten~ao de benefi-
cios e de incorrencia em riscos do que a
propriedade juridica para registro de ati-
vos, passivos, receitas e despesas: 0 pro-
prio conceito de essencia sobre a forma ja
induz a essa consequencia, tratando-se de
urn complemento fundamental; assim, se
uma entidade vende sua carteira de recebi-
veis, mas se obriga a repor qualquer titulo
com inadimplencia, continua mantendo to-
dos os onus e riscos dessa carteira. De fato
nao a tenl vendido, teni, isso sim, efetuado
urn emprestimo e dado a carteira como ga-
rantia, obrigando-se a recompo-Ia quando
necessario. E 0 caso, inclusive, do descon-
to de duplicatas no Brasil, que e, por cau-
sa disso, urn emprestimo com as duplicatas
dadas em garantia, e nao uma efetiva venda
de duplicatas. Dai estarmos mudando sua
contabiliza~ao. Veja-se, inclusive, 0 novo
conceito de ativo imobilizado dado pela Lei
das S/ A, conforme altera~ao
dada pela Lei
nQ 11.638/07, onde prevalece a figura da
transferencia do controle, dos riscos e dos
beneficios, e nao da titularidade juridica.
d) A Contabilidade passa a ser de toda a
empresa, nao s6 do Contador: apesar de
parecer isso uma afronta Ii profissao conta-
bil, trata-se, na realidade, de uma ascensao
da profissao, por elevar 0 patamar com que
e praticada e reconhecida a Contabilidade.
Por exemplo, anteriormente, para calcular a
deprecia~ao, a grande maioria dos profissio-
nais simplesmente utilizava a tabela admiti-
da pela SRF, e ninguem mais na empresa, na
maioria das vezes, tomava qualquer conhe-
cimento, efetuava qualquer critica ou analise
sobre isso. Hoje, como e necessario conhecer
e registrar com base na vida util economica
e no valor residual estimados, a deprecia~iio,
na grande maioria das situac;6es, precisara
ser efetuada a partir de dados e informa~oes
da engenharia, de areas extemas etc. Outros
departamentos, que nao 0 contabil, e outras
diretorias tamMm estariio envolvidos e se
responsabilizando pela gera~iio do que 0
Contador usara como dados para calcular e
registrar como deprecia~ao.
No calculo do valor justo dos instrumen-
tos financeiros, noutro exemplo, naG e mais
o Contador que simplesmente verifica 0 titu-
lo e suas condi~oes de juros etc. Agora pre-
cisani a area financeira, a tesouraria ou 0 lo-
cal devido, providenciar e se responsabilizar
pela gera~ao dessas informa~oes relativas
a avalia~ao do derivativo, do valor justo de
certos titulos e obriga~oes etc. (Alias, precisa
o Contador se munir de todos esses docu-
mentos para fundamentar seus registros.)
Noutro exemplo, na apura~ao da recu-
perabilidade dos valores dos ativos (impair-
ment), a defini~ao do que e unidade gera-
dora de caixa e da alta administra~ao da
empresa (numa empresa de explora~ao de
transporte rodoviario, por exemplo, cada
onibus e uma unidade geradora de caixa ou
urn conjunto de onibus que e utilizado numa
linha recebida em concessao e que e a uni-
dade geradora de caixa?), bern como a res-
ponsabilidade pelo fomecimento dos fluxos
de caixa esperados, da taxa de desconto etc.
o Contador vai participar, mas nao sozinho
desse processo.
No caso da informa~ao por segmento, e
tamMm a alta administra~ao que delibera
pelos segmentos a divulgar, porque precisam
ser os que ela usa para a propria gestao.
Ou seja, a Contabilidade passa a ser ali-
mentada com numero muito maior de inputs
de outras areas, devidamente formalizados
tais dados, e passam a Diretoria, 0 Conse-
Iho de Administra~ao, 0 Conselho Fiscal, 0
Comite de Auditoria e outros organismos, se
existirem, a se responsabilizar por todo esse
processo, porque afirmarao, indiretamente,
que tudo isso esta sendo cumprido quando
assinarem os balan~os. Mudam os proprios
papeis desses orgaos todos. Isso influencia
inclusive, e fortemente, 0 processo de Go-
veman~a Corporativa da entidade. Princi-
palmente quando da aplica~ao do conceito
da Essencia sobre a Forma!
No~6es Introdut6rias 23
1.1 0 Situa~ao brasileira e 0 mundo: balan~os
individuais e consolidados
Quando pretendiamos a aprova~ao do entao Proje-
to de Lei nQ 3.741/00, queriamos que 0 Brasil estivesse
entre as primeiros paises, se naD 0 primeiro do mundo,
a adotar as normas intemacionais de contabilidade de
forma completa. Todavia, com a demora de mais de 7
anos nesse processo de aprovac;ao, a Uniao Europeia
passou todinha a nossa frente, implantando, desde
2005, as nonnas internacionais. Mas so 0 fez nos ba-
lan~os consolidados, dadas as diferentes legisla~oes na-
cionais e, igualmente ao Brasil, com muitos paises com
problemas fiscais para sua aplica~ao aos balan~os indi-
viduais. Assim, os paises da UnUio Europeia estao, ain-
da, numa situa~ao desconfortavel: duas contabilidades,
uma para os balan~os individuais locais, e outra para
os balan~os consolidados nos mercados financeiros,
com ativos diferentes, patrimonios liquidos diferentes,
lucros diferentes etc. Agora e que estao no processo da
convergencia, cada urn no seu ritmo. Vejam-se recentes
modifica~oes nas normas contabeis portuguesas, espa-
nholas etc.
Com as modifica~oes tardias, mas excepcionais em
termos de qualidade, da nossa legisla~ao brasileira, es-
tamos implantando, desde 2008, as normas internacio-
nais via os documentos do CPC, mas nao so nos balan-
~os consolidados, e sim na contabilidade primaria, ou
seja, nas demonstra~oes individuais.
Assim, com a completa convergencia em 2010
as normas do IASB, 0 Brasil sera 0 primeiro pais do
mundo a ter balan~os individuais e consolidados
conforme as nonnas internacionais. Hoje, apenas a
Inglaterra tern essa possibilidade, mas nao obrigatorie-
dade (ia as empresas pod em, nos balan~os individuais,
adotar as normas intemacionais ou as locais, mas nao
sao obrigadas ainda).
Uma das grandes razoes de podermos fazer isso e
porque dois fatos aconteceram no Brasil de suma im-
portancia: a Lei das S.A., em 1976, representou uma
revolu~ao contabil e uma evolu~ao que nos colocou, a
epoca, praticamente a par de muitos paises evoluidos
(depois nos amarrou, e verdade). Alem disso, a CVM,
por meio de sua Comissao Consultiva de Normas Con-
tabeis criada a partir de 1990, come~ou a emitir nor-
mas convergentes as intemacionais, apenas que com a
limita~ao do que podia ser feito sem a mudan~a na Lei
das S.A. De qualquer forma, isso foi fazendo com que
nos, no Brasil, estivessemos, com as mudan~as legais
em 2007/2008, muito mais proximos das normas inter-
nacionais do que a maioria dos pafses europeus, com
exce~ao da Inglaterra e demais anglo-saxoes.
Agora, com essa nova legisla~ao, e com 0 extraor-
dinario desempenho conjunto do CPC, da CVM e do
24 Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos
CFC, e mais a enorme colabora~ao das demais entida-
des participantes do CPC, estamos, a partir de 2010,
podendo de fato nos colocar nessa posi<;ao pioneira no
mundo.
Teremos apenas urn unico problema de diverg€m-
cia com rela~ao as normas internacionais. Estas vedam,
como ja dito, que haja balan~o individual com investi-
mento em controlada, obrigando que a demonstra~ao
consolidada substitua essa individual. Assim, nossos
balan~os individuais com investimentos em controla-
das avaliados pela equivalencia patrimonial nao podem
ser dados, exclusivamente por isso, como estando total-
mente dentro das nonnas internacionais, mesmo com
resultados e patrimonios liquidos absolutamente iguais
aos providos pelas demonstra~6es consolidadas.
Somos obrigados a isso porque nossa legisla~ao
obriga ao uso do balan~o individual para fins socie-
tarios, inclusive para calculo de valor patrimonial das
a~6es, dividendo minimo obrigat6rio etc. Quem sabe
tenhamos, proximamente, modifica~ao na nossa legis-
la~ao para tambem eliminarmos esses balan~os indivi-
duais que, de fato, nada informam e, as vezes, ate sao
indutores a erro por nao fornecerem a ideia do todo se
nao vierem acompanhados das demonstra~6es consoli-
dadas. Ainda bern que, a partir de 2010, as demonstra-
~6es consolidadas terao que ser preparadas por todas
as empresas, abertas, fechadas etc., quando divulgadas
publicamente suas demonstra~6es individuais.
o que continua e a ainda infeliz situa~ao de balan-
~os de empresas fechadas, principalmente as de grande
porte, nao divulgadas obrigatoriamente a sociedade.
1.11 Regime tributario de transi\;ao
o Regime Tributario de Transi~ao (RTT), introdu-
zido por meio da Medida Provis6ria n' 449/08, trans-
formada na Lei n' 11.941/09, passou a considerar, para
fins fiscais, as regras tributarias existentes ao final de
dezembro de 2007. Em resumo, todas as modifica~6es
introduzidas pelas referidas Leis e pelas novas normas
emitidas pelo CPC em dire~ao as Normas Internacio-
nais de Contabilidade sao fiscalmente neutras. Ou seja,
nao tern efeito fiscal. Devemos destacar que, antes da
cria~ao do CPC, a CVM ja vinha emitindo normas con-
vergentemente as do IASB ha varios anos, somente que
vinha limitada pela legisla~ao de entao, e aquelas nor-
mas se sujeitavam e continuam se sujeitando aos efei-
tos fiscais, porque antes da MP n' 449/08.
Na verdade, para 2008 e 2009 a empresa pode op-
tar por nao adotar 0 RTT, se isso Ihe fosse conveniente.
Por exemplo, se 0 conjunto de tadas as modifica~6es
dadas por essa nova legisla~ao em 2008 e 2009 fossem
urn saldo liquido devedor, que Ihe diminuisse a tribu-
ta~ao, a empresa podia nao optar pelo RTT e tomar a
dedutibilidade liquida (os acrescimos passaram a ser
tributaveis e os decrescimos dedutiveis). Esse procedi-
mento devia ser considerado em seu conjunto, consi-
derando todas as consequencias relativas ao Imposto
de Renda, a Contribui~ao Social sobre 0 Luero Uquido,
ao PIS e a COFINS. Assim, se as novas regras conta-
beis de subven~ao para investimento (que aumentam a
receita tributavel se nao houvesse a op~ao pelo RTT),
de arrendamento mercantil financeiro (que podiam
aumentar ou diminuir a receita tributavel), de depre-
cia~ao (idem) etc. provocassem urn saldo liquido que
reduziria a tributa~ao, a empresa podia simplesmente
nao optar pelo RTT e tomar essas reeeitas e despesas
contabeis novas para fins fiscais tambem.
Se a empresa optasse pelo RTT, todos os efeitos
(todos, nao podiam ser escolhidos apenas alguns) des-
sa nova legisla~ao precisavam ser excluidos ou adicio-
nados no Lalur para fins da tributa~ao.
Vejamos 0 que esra explicito no texta da Lei n'
11.941, de 27 de maio de 2009:
'~. 15. Fica instituido 0 Regime Tribut<irio
de Transirrao - RTT de apurarrao do lucro real, que
trata dos ajustes tributarios decorrentes dos novos
metodos e criterios contabeis introduzidos pela Lei
n' 11.638, de 28 de dezembro de 2007, e pelos
arts. 37 e 38 desta Lei.
§ 1 Q 0 RTT vigeni ate a entrada em vigor de
lei que discipline os efeitos tributarios dos novos
metodos e criterios contabeis, buscando a neutra-
lidade tributaria.
§ 2' Nos anos-caIendario de 2008 e 2009, 0
RTT sera optativo, observado 0 seguinte:
I - a op<;ao aplicar-se-a ao bienio 2008-2009,
vedada a aplicarrao do regime em urn unico ano-
calendario;
II - a op<;ao a que se refere 0 inciso I deste
paragrafo devera ser manifestada, de forma irre-
tratavel, na Declara<;ao de Informarr6es Economico-
Fiscais da Pessoa Juridica 2009;
III - no caso de apurarrao pelo lucro real tri-
mestral dos trimestres ja transcorridos do ano-
calendario de 2008, a eventual diferenrra entre 0
valor do imposto devido com base na oprrao pelo
RTT e 0 valor antes apurado devera ser compen-
sada ou recolhida ate 0 ultimo dia util do primeiro
mes subsequente ao de publicarrao desta Lei, con-
forme 0 caso;
N - na hip6tese de inicio de atividades no
ano-calendario de 2009, a oprrao devera ser ma-
nifestada, de forma irretratavel, na Dec1ararrao de
Informarr6es Econ6mico-Fiscais da Pessoa Juridica
2010.
§ 3Q Observado 0 prazo estabelecido no
§ l' deste artigo, 0 RIT sera obrigat6rio a par-
tir do ano-eaIendario de 2010, inclusive para a
apurac;ao do impasto sobre a renda com base no
luero presumido ou arbitrado, da Contribui~ao So-
cial sobre 0 Luero Uquido - CSLL, da Contribui~ao
para 0 PIS/PASEP e da Contribui~ao para 0 Finan-
ciamento da Seguridade Social - COFINS." (grifos
adicionados)
Como se ve, 0 Regime Tributario de Transi~ao, que
era optativo nos anos de 2008 e 2009, ja que nenhum
novo dispositivo legal foi emitido, passou a ser obriga-
torio a partir de 2010, inclusive para as empresas que
apuram seus impostos sobre 0 lucro com base na forma
de lucro; a forma de lucro presumido ja estava contem-
plada no art. 20 da Lei.
E importante atentar para 0 que decorre da Lei n'
11.941/09 (Medida Provisoria n' 449/08), que mudou
a Lei das S/ A; seu art. 36 da nova reda~ao ao art. 177
da Lei n' 6.404/76:
')\ft. 177 ............................... .
§ 22 A eompanhia observani exclusivamente
em livros ou registros auxiliares, sem qualquer mo-
difieaC;ao da eseriturac;ao mereantil e das demons-
trac;5es reguladas nesta Lei, as disposic;oes da lei
tributaria, ou de legislac;ao especial sobre a ativida-
de que eonstitui seu objeto, que preserevam, eon-
duzam ou ineentivem a utilizac;ao de metodos
ou eriterios contabeis diferentes ou detenninem
registros, lanc;amentos ou ajustes ou a elaborac;ao
de outras demonstrac;oes finaneeiras.
§ 3Q AE demonstrac;oes finaneeiras das compa-
nhias abertas observarao, ainda, as nonnas expe-
didas pela Comissao de Valores Mobiliarios e serao
obrigatoriamente submetidas a auditoria por audi-
tores independentes nela registrados." (g.n.)
Atente-se que na nova reda~ao ha men~ao a qual-
quer lei tributaria que nao so prescreva, mas que con-
duza ou incentive a utiliza~ao de metodo ou criterio
contabil diferente dos da propria Lei. A legisla~ao ja
deterrninava, por exemplo, 0 usa da vida util para cal-
culos da deprecia~ao, mas as tabelas fiscais induziam
as empresas ao usa das taxas prefixadas. Assim, agora
fica valendo, a nosso ver, a possibilidade de escritura-
~ao desse novo procedimento: pela Lei n' 11.638/07,
ficou muito mais clara a obrigatoriedade de, para fins
contabeis, adotar-se a vida util economica e 0 valor re-
sidual para ca1culo da deprecia~ao, e, para fins fiscais,
a manuten~ao das tabelas fiscais.
No caso da opera~ao de arrendamento mercantil
financeiro (leasing), por exemplo, a empresa contabi-
liza agora, no resultado, a despesa de deprecia~ao e
a despesa financeira do passivo assumido, e registra,
contabilmente, a contrapresta~ao do leasing contra 0
passivo. No Lalur exclui a despesa de deprecia~ao e a
despesa financeira, e toma como dedutivel 0 valor da
----------------------_.
No~oes Introdut6rias 25
contrapresta~ao devida. Pod era ate ocorrer de haver
exercicio social em que isso aumente 0 lucro tributavel
com rela~ao ao contabil ou 0 inverso.
Noutro exemplo, a amortiza~ao do agio por expec-
tativa de rentabilidade futura (goodwill) foi feita conta-
bilmente em 2008, mas cessou a partir de 2009. Mas as
empresas que tem 0 direito a sua dedutibilidade con-
tinuam, para fins tributarios, com esse mesmo direito,
efetuando 0 ajuste no Lalur a partir de 2009.
Mais uma vez queremos deixar patente que 0 RTT
foi uma das mais brilhantes inova~6es da Receita Fe-
deral do Brasil, e que possibilitou que fossem dados os
enormes passos no sentido da convergencia contabil
brasileira as normas intemacionais.
1.12 Pequena e media empresa:
pronunciamento especial do CPC
o IASB emitiu, no inlcio do segundo semestre de
2009, 0 documento para ser aplicado as Pequenas e
Medias Empresas (PMEs). 0 CPC, ao final desse semes-
tre, emitiu seu Pronunciamento relativo a tal documen-
to, aprovado pelo CFC pela sua Resolu~ao n' 1.255/09.
Trata-se de um documento que se salienta forte-
mente por sua linguagem bem mais acesslvel e por re-
sumir a praticamente 10% 0 volume total de paginas
quando comparado com os IFRSs. AJem do mais, con-
tem diversas (nao muitas) simplifica~6es. Comentan-
do-se algumas dessas simplifica~6es:
o CPC PME nao trata de informa~6es por segmen-
to, lucro por a~ao e relatorio da administra~ao, por con-
siderar esses documentos nao necessarios as PMEs. (Ha
que se lembrar, todavia, que nossa legisla~ao nao exime
a pequena ou media empresa na forma de sociedade
por a~6es a emitir seu relatorio de administra~ao.)
o conceito de PME adotado pelo IASB, e tambem
pelo CPC (e, consequentemente, pelo CFC), para fins
de relatorios e demonstra~6es contabeis, e 0 seguinte:
Pequenas e medias empresas, conforme conceito
adotado pelo IASB e pelo
CPC (consequentemente tam-
bem pelo CFC) sao empresas que nao tem obriga~ao
publica de presta~ao de contas e elaboram demonstra-
~6es contabeis, alem de para fins internos de gestao,
para usuarios externos, mas para finalidades gerais,
como e 0 caso de socios que nao estao envolvidos na
administra~ao do negocio, credores existentes e poten-
ciais, e agencias de avalia~ao de credito. Note-se que
inumeras sociedades por a~6es brasileiras estao enqua-
dradas nessa condi~ao, bem como as limitadas e todas
as demais sociedades que nao captam recursos junto
ao publico.
26 Manual de Contabilidade Societa.ria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos
Uma empresa tern obriga~ao publica de presta~ao
de contas se seus instrumentos de divida (debentures,
notas promissorias etc.) Oil patrimoniais (ac;6es, bo-
nus de subscri~ao etc.) sao negociados em mercado de
a~6es ou estao para virem a ser negociados em bolsa
de valores (nacional ou estrangeira) ou em mercado de
balcao, incluindo mercados locais ou regionais.
Tambem tern obriga~ao publica de presta~ao de
contas a empresa que tiver ativos em condi~ao fidu-
ciaria perante urn grupo amplo de terceiros como urn
de seus principais neg6cios, como e 0 caso tipico de
bancos, cooperativas de credito, companhias de segu-
ro, corretoras de seguro, fundos mutuos e bancos de
investimento.
Portanto, no Brasil as sociedades por a~6es fecha-
das (sem negocia~ao de suas a~6es ou outros instru-
mentos patrimoniais ou de divida no mercado e que
nao possuam ativos em condi~ao fiduciaria perante urn
amplo grupo de terceiros), mesmo que obrigadas Ii pu-
blica~ao de suas demonstra~6es contabeis, sao tidas,
para fins do Pronunciamento sobre PME do CPC, como
pequenas e medias empresas, desde que nao enquadra-
das pela Lei n' 11.638/07 como sociedades de gran-
de porte. As sociedades limitadas e demais sociedades
comerciais, desde que nao enquadradas pela Lei n'
11.638/07 como sociedades de grande porte, tambem
sao tidas como pequenas e medias empresas.
o Pronunciamento lembra que ha empresas que
possuem ativos em condi~ao fiduciaria perante tercei-
ros por possuir e gerenciar recursos financeiros confia-
dos a eles pelos clientes, consumidores ou membros
nao envolvidos na administra~ao da empresa. Entre-
tanto, se elas 0 fazem por raz6es da natureza do neg6-
cio principal, (como, por exemplo, pode ser 0 caso de
agendas de viagens ou corretoras de im6veis, escolas,
empresas que recebem pagamento adiantado para en-
trega futura dos produtos), isso nao as faz ter obriga~ao
de presta~ao publica de contas.
Note-se que, com a ado~ao desse Pronunciamento
pelo Conselho Federal de Contabilidade, fica facilitada,
enormemente, 0 estudo e a analise por parte dos pro-
fissionais de Contabilidade com rela~ao as normas in-
temacionais, porque, como regra, basta conhecer esse
Pronunciamento especificamente. Mas e born lembrar
que, em algumas situa~6es (raras na pratica), alguns
assuntos podem exigir 0 conhecimento dos Pronuncia-
mentos Tecnicos propriamente ditos, como e 0 caso de
pequena e media empresa que aplique em derivativos
ou outros instrumentos financeiros complexos. Na ver-
dade, 0 item Instrumento Financeiro e 0 mais complexo
assunto das normas contabeis hoje em dia, mas como
a grande maioria das empresas nao trabalha com ins-
trumentos financeiros que nao os tradicionais (contas a
receber e a pagar originadas de transa~6es comerciais,
opera~6es financeiras de capta~ao de recursos junto a
bancos, aplica~6es financeiras "normais" em institui-
~6es financeiras e semelhantes), nada de muito novo
existe para elas.
E interessante notar que as maiores diferen~as
que existem, na forma de simplifica~ao, para as PMEs,
quando comparadas as normas com os Pronunciamen-
tos Tecnicos do CPC, sao basicamente as seguintes,
alem das ja comentadas anteriormente (e aqui estao ci-
tadas tambem as diferen~as entre 0 conjunto completo
de normas internacionais - full IFRSs - e 0 pronuncia-
mento de pequena e media do IASB - IFRS SME - small
and medium enterprise):
Diferen,as entre 0 conjunto completo das IFRS (full IFRSs) e a IFRS SME, ou seja, entre 0 con-
T6pico junto completo, de um lado, dos Pronunciamentos Tecnicos, Interpretac;oes e Orientac;oes do CPC,
e do outro, 0 Pronunciamento Tecnico PME - Contabilidade para Pequenas e Medias Empresas
Informac;ao por T6pico nao abordado pelo IFRS-SME (pronunciamento Henieo PME - Contabilidade para Peque-
Segmento nas e Medias Empresas).
Demonstrac;oes T6pieo nao abordado pelo IFRS-PME.
Contabeis
Intermediarias (lTR)
Lucre por Ac;ao T6pieo nao abordado pelo IFRS-SME.
Seguros T6pieo nao abordado pelo IFRS-SME.
T6pico nao abordado pelo IFRS-SME.
A norma para PMEs nao possui uma mensurac;ao e classificac;ao espedfica para tais ativos, con-
forme preconizado pela IFRS 5 (CPC 31 - Ativo Nao Circulante Mantido para Venda e Operac;ao
Ativos Mantidos Descontinuada) que exige que: (i) tais ativos nao sejam mais depreciados e (ii) sejam mensurados pelo
para Venda menor valor entre 0 valor contabilizado e 0 valor justo menos as despesas para vender. Contudo, a
manutenc;ao de um ativo ou grupo de ativos para venda e uma indicac;ao de desvalorizac;ao. Nesse
senti do, a entidade devera fazer 0 Teste de Recuperabilidade de Ativos (Impairment Test) para tais
ativos. Do mesmo modo, quando a entidade estiver engajada em urn cornprornisso para vender urn
ativo ou passivo, ela devera divulgar tal fato em nota explicativa.
Not;6es Introdutorias 27
Escolha contabil: aplica<;ao da lAS 39 (epe 38 - Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e
Mensura<;ao) ou das se<;5es 11 e 12 do IFRS-SME (PME).
Em razao da lAS 39 ser muito trabalhosa para as pequenas e medias empresas, foram realizadas
algumas simplificac;6es, sao elas:
I) Algumas classificac;6es para instrumentos financeiros foram exclufdas: disponfvel para a venda,
mantido ate 0 vencimento e opc;ao de valor justo (fair value option). Portanto, para instrumentos finan-
ceiros, tem-se apenas duas opc;6es ao inves de quatro. Os instrumentos financeiros que atenderem
aos criterios especificados devem ser mensurados pelo custo ou custo amortizado. Todos os outros
instrumentos financeiros devem ser mensurados pelo valor justo por meio do resultado. Essa mudanc;a
foi realizada de modo a simplificar a classificaC;ao e aumentar a comparabilidade.
II) Utilizac;ao de um principio mais simples para 0 desreconhecimento de um instrumento finan-
ceiro. Assim, a abordagem do envolvimento continuo e do 'passthrough' para 0 desreconhecimento
de tais instrumentos foi retirada. Tais exigencias sao complexas e geralmente nao aplicaveis as enti-
dades de pequeno e medio porte.
III) A contabilidade para opera<;5es de hedge (hedge accounting) foi simplificada de modo a aten-
der as necessidades das empresas de pequeno e medio porte. Nesse senti do, a IFRS-SME (PME) foca
especificamente nos tipos de hedge mais comuns das entidades de pequeno e medio porte; sao eles:
i) hedge de um taxa de juros de um instrumento de dfvida mensurado pelo custo amortizado;
Instrumentos ii) hedge de uma taxa de cambio ou de uma taxa de juros em um compromisso firme ou em uma
Financeiros transac;ao futura altamente provavel;
iii) hedge do prec;o de uma commodity que a entidade mantenha ou de um compromisso firme ou
de uma transac;ao futura altamente provavel de compra ou venda; e
iv) risco de uma taxa de cambio em um investimento Ifquido em uma operac;ao estrangeira.
Do mesmo modo, os criterios para avaliac;ao da efetividade do hedge sao menos rfgidos na IFRS-
SME (PME), po is tal avaliaC;ao e a possfvel descontinuaC;ao do uso de hedge accounting deverao ser
realizadas a partir do final do perfodo contabil e nao necessariamente a partir do momenta em que 0
hedge e considerado ineficaz conforme preconizado pel
a lAS 39.
No que tange a contabilidade para as opera<;5es de hedge, a IFRS-SME (PME) tambem difere da
lAS 39 (epe 38) nos seguintes aspectos:
a) A contabilidade para operac;6es de hedge (hedge accounting) nao pode ser realizada por meio
da utiliza<;ao de instrumentos de divida como instrumentos de hedge. A lAS 39 (CPC 38) permite tal
tratamento para um hedge de risco de uma taxa de cambio.
b) A contabilidade para operac;6es de hedge (hedge accounting) nao e permitida como uma estra-
tegia de hedge baseada em op<;5es (option-based hedging strategy).
c) A contabilidade para operac;6es de hedge (hedge accounting) para portf61ios nao e permitida.
IV) Nao ha necessidade de separac;ao dos derivativos embutidos. Contudo, os contratos nao fi-
nanceiros que incluem derivativos embutidos com caracterfsticas diferentes dos contratos host, sao
contabilizados inteiramente pelo valor justo.
Consolida<;ao das Opc;ao da consolidac;ao proporcional foi exclufda para os investimentos em entidades controladas
Demonstrac;6es conjuntamente (jointly controlled entities).
Contabeis
I) Reavaliac;ao nao e permitida como base de mensurac;ao para tais ativos, mesmo que a legislac;ao
local permita.
II) 0 valor residual, a vida util e 0 metodo de depreciac;ao necessitam ser revistos apenas quando
existir uma indicaC;ao relevante de alterac;ao, isto e, nao necessitam ser revistos anualmente como
preconizado no IFRS completo (todos os CPCs) (full IFRSs).
III) A adoc;ao de um novo valor e permitido as PMEs apenas quando da adoc;ao inicial do Pronun-
ciamento Tecnico PME - Contabilidade para Pequenas e Medias Empresas, a semelhanc;a do "dee-
med cost" das demais sociedades. Consultar, para esta ultima figura, a Interpretac;ao Tecnica ICPC
Ativo Imobilizado 10- Interpretac;ao Sobre a AplicaC;ao Inicial ao Ativo Imobilizado e a Propriedade para Investimento
dos Pronunciamentos Tecnicos CPCs 27,28,37 e 43.
IV) Nos contratos de arrendamento mercantil (leasing) operacional, nao se exige que 0 arrendatario
reconhec;a os pagamentos numa base linear se os pagamentos para 0 arrendador sao estruturados de
modo a aumentar, de acordo com inflaC;ao esperada, de modo a compensar 0 arrendador pelo custo
inflacionario no perfodo.
V) Nao e exigida a mensurac;ao dos ativos biol6gicos pelo valor justa quando 0 computo de tal
valor demandar custo eJou esforc;o excessivo. Nesses casos, tais ativos devem ser mensurados pelo
modele de custo - depreciac;ao - desvalorizac;ao.
28 Manual de Contabilidade Societaria • Iudidbus, Martins, Gelbcke e Santos
I) Reavaliac;ao na~ e permitida como base de mensurac;ao para os intangfveis.
II) 0 valor residual, a vida util eo metodo de amortizac;ao necessitam ser revistos apenas quando
Ativo Intangfvel existir uma indicac;ao relevante de alterac;ao, isto e, nao necessitam ser revistos anualmente como preconizado no IFRS completo.
III) Todos os intangfveis precisam ser amortizados, inclusive 0 agio por expectativa de rentabilida-
de futura (goodwill). Para estes, na falta de outro criterio mais objetivo, em 10 anos.
A base de mensurac;ao deve ser escolhida com base nas circunstancias, isto e, nao e permitido
Propriedade para escolher entre 0 metodo de custo e 0 metodo do valor justo. Portanto, caso a empresa consiga medir 0
valor justo sem custo e esforc;o excessive ela deve utilizar 0 metodo do valor justo por meio do resul-Investimento tado; todas as outras propriedades para investimento serao contabilizadas como ativo imobilizado e
devem ser mensuradas pelo modelo custo-depreciac;5es-perdas por desvalorizac;ao (impairment loss).
Escolha nao e permitida; todas as subvenc;5es governamentais devem ser mensuradas utilizando-
Subvenc;5es se um metoda unico e simples: reconhecimento como receita quando as condic;5es de desempenho
Governamentais forem atendidas (ou antecipadamente quando nao existirem condic;5es de desempenho) e mensura-
das pelo valor justo do ativo recebido ou recebfvel.
I) Utilizac;ao da abordagem do indicador, on de a norma apresenta uma lista de eventos que indi-
cam a existencia de perda por desvalorizaC;ao (impairment loss), de modo a facilitar 0 ca.lculo desse
Agio por Expectativa valor e reduzir a dependencia dos experts, 0 que aumentaria 0 custo para as pequenas e medias
de Rentabil idade empresas.
Futura (Goodwim II) Todo 0 agio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill) e amortizado, isto e, considera-se
que se possui vida utillimitada. Caso nao seja possfvel estimar a vida util de maneira confiavel, deve-
se considera-Ia como sendo de 10 anos.
Gastos com Pesquisa Todos os gastos com pesquisa e desenvolvimento sao despesa, isto e, gastos com desenvolvimento
e Desenvolvimento na~ sao ativados em nenhum caso.
I nvesti mentos em Existe a oPC;ao de se avaliar os investimentos em coligadas pelo metodo de custo, desde que nao
Coligadas e haja uma cotac;ao de prec;o publicada (nesse caso utiliza-se 0 valor justo). Mas essa oPC;ao nao e va-
Controladas lida no Brasil em funC;ao da Lei das S/A.
As diferenc;as decorrentes de taxas de cambio de itens monetarios que sao inicialmente reco-
lnvestimentos em nhecidas em outros resultados abrangentes nao necessitam ser reclassificadas para a demonstrac;ao
Entidade no Exterior do resultado na venda (alienaC;ao) do investimento. 1550 visa simplificar a contabilizaC;ao de tais diferenc;as, haja vista que as pequenas e medias empresas nao necessitarao acompanha-Ias ap6s 0
reconhecimento inicial.
Atividade de o metodo do valor justa por meio do resultado e exigido para os ativos biol6gicos apenas quando
Agricultura tal valor for computado sem custo e/ou esforc;o excessivo. Caso contrario, deve ser utilizado como base de mensuraC;ao 0 modelo de custo - depreciaC;ao - desvalorizaC;ao (impairment).
Custos dos Todos os custos dos emprestimos sao reconhecidos como despesa no resultado, isto e, nunca sao
Emprestimos ativados.
Nao e exigido que 0 arrendatario reconhec;a os pagamentos, sob os contratos de arrendamento
Arrendamento mercantil operacional, numa base linear, se os pagamentos para 0 arrendador sao estruturados de
Mercantil modo a aumentar de acordo com inflaC;ao esperada, de modo a compensar 0 arrendador pelo custo
inflacionario no perfodo.
I) Os ganhos e perdas atuariais devem ser reconhecidos imediatamente no resultado do exercfcio
ou em outros resultados abrangentes.
II) Os custos de servic;os passados (inclufdos aqueles que se relacionam com os beneffcios ainda
nao adquiridos - unvested) devem ser reconhecidos imediatamente no resultado quando um plano
Beneffcios aos de beneficio definido e introduzido ou alterado. Isto e, nao ha diferimento nos pianos de beneffcio
Empregados definido.
III) Nao e exigida a utilizaC;ao do metodo de 'unit credit projected' caso isso acarrete demasiado
esforc;o e/ou custo para a empresa.
IV) Tampouco ha necessidade de uma avaliaC;ao compreensiva das premissas utilizadas para 0
calculo do valor devido relativo aos beneffcios aos empregados todos os anos.
Ado,ao pel a Primeira Nao ha necessidade de apresentar todas as informac;5es de perfodos anteriores, isto e, permite-se que a empresa de pequeno e medio porte nao apresente determinada informac;ao de perfodo anterior Vez das IFRS-SME quando isso for demasiadamente custoso au demande um esforc;o excessivo.
Nor;oes Introdutorias 29
Pagamento baseado Pode-se utilizar 0 julgamento da administrac;ao na estimac;ao do valor do pagamento baseado
em ac;6es liquidado em tftulos patrimoniais quando os prec;os de mercado nao forem diretamente
em Ac;6es
observaveis.
As diferenc;as decorrentes de taxas de cambio de itens monetarios que sao inicialmente reconhe-
Conversao das cidas em outros resultados abrangentes nao necessitam ser reclassificadas para a demonstrac;ao do
Demonstrac;6es resultado na venda (alienac;ao) do investimento.
Esse criterio visa simplificar a contabilizaC;ao de tais
Contabeis diferenc;as, haja vista que as pequenas e medias empresas nao necessitarao acompanhar tais diferen-
c;as nas taxas de cambio ap6s 0 reconhecimento inicial.
Demonstrac;ao das Pode ser substitufda pel a Demonstrac;ao dos Lucros ou Prejufzos Acumulados quando as unicas
Muta~6es do mutac;6es patrimoniais forem resultado do perfodo, pagamento de dividendos, correc;6es de perfodos
Patrimonio Uquido anteriores e mudanc;as de politicas contabeis,
I) A entidade de pequeno e medio porte nao necessita apresentar seu balanc;o patrimonial a partir
do infcio do perfodo comparativo mais antigo quando tal entidade aplicar uma polftica contabil re-
trospectivamente, realizar urn ajuste retrospectivo ou reclassificar determinado item no seu balanc;o.
Apresentac;6es II) Todos os ativos e passivos fiscais diferidos devem ser classificados no nao circulante.
III) A entidade pode apresentar uma unica demonstrac;ao dos lucros acumulados no lugar da de-
monstrac;ao das mutac;6es do patrimonio Ifquido se as unicas mudanc;as no patrimonio Ifquido duran-
te 0 perfodo para quais as demonstrac;6es contabeis sao apresentadas derivarem do: resultado do pe-
rlodo, pagamento de dividendos, correc;6es de perfodos anteriores e mudanc;as de pol fticas contabeis.
Divulgac;ao reduzida:
FuIiIFRS: 3000 itens
IFRS-SME: 300 itens
lsso ocorre principal mente em razao de:
i) alguns t6picos nao sao abordados pelo IFRS-SME, como, por exemplo, informac;ao por segmen-
to, lucro por aC;ao etc.;
Divulga~6es
ii) algumas divulgac;6es nao sao exigidas porque elas se relacionam a princfpios de reconhecimen-
to e mensurac;ao que foram simplificados na IFRS-SME, como por exemplo, a reavaliac;ao de ativos;
iii) algumas divulgac;6es nao sao requeridas por que elas se referem a opc;6es existentes no con-
junto completo daslFRS (fuIIIFRSs) que nao estao presentes na IFRS-SME, como, por exemplo, 0 valor
dos gastos com desenvolvimento capitalizados no perfodo.
iv) algumas divulgac;6es nao sao exigidas, pois elas nao foram consideradas apropriadas para 0
usuario de tais demonstrac;6es contabeis, levando-se em conta 0 custo-beneffcio de tal usuario como,
por exemplo, informac;6es relacionadas ao mercado de capitais.
Assim, 0 volume de notas e bem menor do que para as demais sociedades.
DVA Nao e tratada no IFRS-SME e tampouco no CPCPME
Correc;ao Monetaria o t6pico nao foi inclufdo no CPC-PME.
Demais T 6picos Tratamento igual aos Pronunciamentos Tecnicos do CPC para as demais sociedades.
Este Manual apresenta, ao final de cada capitulo, 0
que existe de diferente entre 0 nele contido e 0 Pronun-
ciamento para PMEs novamente.
dades por A,oes, substituido por este outro Manual; se-
ria impossivellembrar de todos, mas sentimo-nos sem-
pre gratos a eles.
Mas e fundamentallembrar que qualquer entidade
de pequeno e medio porte tern 0 direito de adotar os
Pronunciamentos Tecnicos do CPC na sua integridade.
Assim, elas tern duas op~6es: adotam os Pronuncia-
mentos Tecnicos, Interpreta~6es e Orienta~6es do CPC,
ou adotam 0 Pronunciamento Tecnico PME - Contabi-
lidade para Pequenas e Medias Empresas.
1.13 Homenagens
Inumeros foram os que colaboraram com suges-
toes e crlticas, para a me1horia das diversas versoes ao
longo do tempo do Manual de Contabilidade das Socie-
Mas fazemos questao de citar e homenagear a to-
dos os professores e profissionais que participaram da
elabora~ao das sete edi~6es daquele Manual, a quem
agradecemos, e muito.
Na setima edi~ao trabalharam Ariovaldo dos San-
tos, Adolfo Henrique C. e Silva, Alexandre David Vivas,
Edilson Paulo, Fernando Caio Galdi, Jorge Vieira da
Costa Junior e Agostinho Imicio Rodrigues.
Na sexta edi~ao, Andre Carlos Busanelli de Aqui-
no, Poueri do Carmo Mario, Ricardo Lopes Cardoso,
Vinicius Aversari Martins e Agostinho Imicio Rodrigues.
Na quinta, Ariovaldo dos Santos, Lazaro Placido
Lisboa, Maisa de Souza Ribeiro e Agostinho Inacio Ro-
drigues.
--~----------------------.--------------
30 Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos
Na quarta, Ariovaldo dos Santos, Nahor Placido
Lisboa, Rubens Lopes da Silva, Heraldo Gilberto de
Oliveira, Gilberto Carlos Rigamonti e Maisa de Souza
Ribeiro.
Na terceira, Antonio Carlos Bonini S. Pinto, Anto-
nio Carlos C. Andrade, Eduardo Tadeu A. Falcao, Gilber-
to Carlos Rigamonti, Jose Paulo de Castro, Marina Mitio
Yamamoto, Rubens Lopes da Silva e Hugo Rocha Braga.
Na segunda edi~ao, Artemio Bertholini, Claudio C.
Monteiro e Vitorio Perim Saldanha.
E, na primeira, Antonio T. Sakurai, Artemio Bertho-
lini, Eduardo G. Fernandez e Vitorio Perim Saldanha.
Ressaltamos, para a primeira edi~ao, a inestimavel co-
labora~ao do saudoso Alvaro Ayres Couto, primeiro
Superintendente de Normas de Contabilidade e Audi-
toria da CVM, que acompanhou pari passu 0 desenvol-
vimento daquele trabalho e a quem rendemos nossas
homenagens.
E para as edi~6es posteriores sempre contamos
com a inspira~lio e a colabora~ao dos que assumiram a
Superintendencia de Normas de Contabilidade e Audi-
toria da CVM: Hugo Rocha Braga e Antonio Carlos de
Santana.
E rendemos, finalmente, nossas homenagens ao fa-
lecido Manoel Ribeiro da Cruz Filho, redator do Capitu-
lo 15 e demais partes contabeis da Lei das S.A. de 1976.
A primeira edi~ao desta obra foi financiada, em
grande parte, pela propria CVM, entao recem-criada; a
segunda, pelo Banco Central do Brasil; a terceira, pelo
Comite de Divulga~ao do Mercado de Capitais (Codi-
mec); e as demais, inclusive esta, pela Editora Arlas e
pela Fipecafi. A participa~ao dessas entidades prova a
relevancia do trabalho para 0 estudo, a pesquisa e a
aplica~ao pratica da contabilidade no Brasil. Tambem
nossos agradecimentos e nossas homenagens.
2
Estrutura Conceitual da
Contabilidade
2.1 IntrodUl;;ao
o Brasil teve, durante muitos anos, dois documen-
tos sobre a estrutura conceitual da Contabilidade. Urn
deles, elaborado em 1986 pelo Instituto Brasileiro de
Pesquisas Contabeis, Atuariais e Financeiras (Ipecafi)
sob as maos do Prof. Sergio de Iudicibus, Professor
Emerito da Faculdade de Economia, Administra~iio e
Contabilidade da Universidade de Sao Paulo. Esse do-
cumento foi aprovado e divulgado pelo Instituto dos
Auditores Independentes do Brasil (Ibracon) (antigo
Instituto Brasileiro de Contadores) como Pronuncia-
mento desse Instituto e referendado pela Comissao
de Valores Mobiliarios (CVM) por sua Delibera~ao n'
29/86. Com isso foi tornado obrigat6rio para as com-
panhias abertas brasileiras desde entao. Tern 0 titulo de
Estrutura Conceitual Basica da Contabilidade.
Esse documento discorria sobre os postulados, os
principios e as conven~6es contabeis, denominando-os
genericamente de Principios Fundamentais da Conta-
bilidade.
o outro documento foi emitido pelo Conselho Fe-
deral de Contabilidade, pela sua Resolu~ao n' 750 em
1993, Principios Fundamentais de Contabilidade, se-
guida de urn apendice introduzido pela Resolu~ao CFC
n' 774/94 e da Resolu~ao CFC n' 785/95, esta sobre as
Caracteristicas da Informa~ao Contabil.
Ambos os conjuntos descreviam basicamente 0 que
a epoca se denominava de Principios Fundamentais de
Contabilidade, bern como as caracteristicas Msicas
que precisavam estar contidas na informa~ao contabil.
Eram muito convergentes entre si, com diferenciac;6es
em poucos pontos bern especificos.
Com 0 advento da Lei n' 11.638/07 e a decisao
pela convergencia da Contabilidade brasileira as Nor-
mas Internacionais de Contabilidade emitidas pelo
IASB, 0 CPC adotou integralmente 0 documento da-
quele 6rgao denominado Framework for the Prepara-
tion and Presentation of Financial Statements e emitiu
seu Pronunciamento Conceitual Basico - Estrutura
Conceitual
para a Elabora~ao e Apresenta~ao das
Demonstra~oes Contabeis (informalmente denomi-
nado, as vezes, de CPC "00").
o que este documento contem basicamente es-
tava de alguma forma contido nos dois conjuntos de
documentos conceituais brasileiros atras referidos, mas
apresenta 0 que aqueles nao tinham: as defini~6es dos
principais elementos contabeis: ativo, passivo, receita
e despesa. Nao utiliza a denomina~ao de principios
fundamentais, ou de principios contabeis geralmente
aceitos etc., e sim a de Caracteristicas Qualitativas da
Informa~ao Contabil.
Do ponto de vista de efetivo conteudo, a grande
diferen~a nesse documento do CPC reside na sua muito
maior aderencia ao conceito da Primazia da Essencia
Sobre a Forma, bandeira essa levada praticamente ao
extrema pelo IASB, principalmente no lAS 1, represen-
tado no Brasil pelo Pronunciamento Tecnico CPC 26 -
Apresenta~iio das Demonstra~6es Contabeis (vejam-se
principalmente seus itens 15 a 20).
----~---------------------
32 Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos
E de se notar, todavia, que diversos aspectos trata-
dos pelos documentos brasileiros estavam melhor des-
critos e considerados do que nesse documento do CPC.
Ha diversos pontos, mais com relac;ao ao da CVM, que
deverao dar ensejo, inclusive, a urn documento comple-
mentar do CPC a fim de nao se perder conceituac;6es
tao importantes.
Urn documento como esse tern a caracteristica de
nao significar uma norma, uma regra, mas sim urn con-
junto basico de principios a serem seguidos na elabora-
c;ao dos Pronunciamentos e das Normas propriamente
ditas, bern como na sua aplica~ao; consequentemente,
tambem na analise e na interpretac;ao das informac;6es
contabeis. E fundamental conhecer e entender essa es-
trutura conceitual, porque dela derivam todos os pro-
cedimentos e sobre ela se assenta toda a elaborac;ao das
demonstraC;6es contabeis.
Por isso recomendamos, fortemente, a sua leitura.
Vamos, pais, a esse documento que, pela sua im-
porti'mcia, reproduzimos na integra. Foi ele aprovado
pela Deliberac;ao CVM nQ 539/08 e pela Resoluc;ao CFC
n· 1.121/08.
2.2 0 pronunciamento conceitual basico: estrutura conceitual para a elabora~iio e
apresenta~iio das demonstra~iies contabeis
COMITE DE PRONUNCIAMENTOS CONTABEIS (CPC)
PRONUNCIAMENTO CONCEITUAL BAsICO
ESTRUTURA CONCEITUAL PARA A ELABORA<;AO E
APRESENTAGli.O DAS DEMONSTRAGOES CONTABEIS
Correlac;ao as Normas Internacionais de Contabilidade - "Estrutura para a Preparac;ao e a Apresenta-
c;ao das Demonstrac;oes Contabeis" (Framework for the Preparation and Presentation of Financial
Statements) - (IASB)
PRONUNCIAMENTO
Conteudo Item
PREFACIO
INTRODUt;:AO
FINALIDADE 1-4
ALCANCE 5-8
USUARIOS E SUAS NECESSIDADES DE INFORMAt;:AO 9 -11
o OBJETIVO DAS DEMONSTRAt;:OES CONTABEIS 12 -14
Posic;ao patrimonial e financeira, desempenho e mutac;6es na posic;ao financeira 15 - 20
Notas explicativas e demonstrac;6es suplementares 21
PRESSUPOSTOS BAslCOS
Regime de competencia 22
Continuidade 23
CARACTERfSTICAS QUALITATIVAS DAS DEMONSTRAt;:OES CONTABEIS 24
Compreensibilidade 25
Relevancia 26 -28
Materialidade 29-30
Confiabilidade 31 - 32
Representac;ao adequada 33 -34
Primazia da essencia sobre a forma 35
Neutralidade 36
Pruden cia 37
I ntegridade 38
Estrutura Conceitual da Contabilidade 33
Conteudo Item
Comparabilidade 39 - 42
Limita\=oes na relevancia e na confiabilidade das informa\=oes
Tempestividade 43
Equillbrio entre custo e beneffcio 44
Equillbrio entre caracterfsticas qualitativas 45
Visao verdadeira e apropriada 46
ELEMENTOS DAS DEMONSTRA<;:OES CONTABEIS 47-48
Posi\=ao patrimonial e financeira 49 - 52
Ativos 53 - 59
Passivos 60-64
Patrimonio Lfquido 65 - 68
Desempenho 69 -73
Receitas 74-77
Despesas 78-80
Ajustes para manutenc;ao do capital 81
RECONHECIMENTO DOS ELEMENTOS DAS DEMONSTRA<;:OES CONTABEIS 82 -84
Probabilidade de realizac;ao de beneffcio economico futuro 85
Confiabilidade da mensura\=ao 86 - 88
Reconhecimento de ativos 89-90
Reconhecimento de passiv~s 91
Reconhecimento de receitas 92 - 93
Reconhecimento de despesas 94 - 98
MENSURA<;:AO DOS ELEMENTOS DAS DEMONSTRA<;:OES CONTABEIS 99 - 101
CONCEITOS DE CAPITAL E MANUTEN<;:AO DE CAPITAL
Conceitos de capital 102 -103
Conceitos de manuten\=ao do capital e determinac;ao do lucro 104-110
PREFAcIO
As demonstra~5es eontabeis sao preparadas e
apresentadas para usuarios externos em geral, tendo
em vista suas finalidades distintas e neeessidades di-
versas. Governos, orgaos reguladores ou autoridades
fiseais, por exemplo, podem especifieamente determi-
nar exigeneias para atender a seus proprios fins. Essas
exigencias, no entanto, nao devem afetar as demons-
tra~5es eontabeis preparadas segundo esta Estrutura
Coneeitual.
Demonstra~5es eontabeis preparadas sob a egide
desta Estrutura Coneeitual objetivam forneeer informa-
~5es que sejam liteis na tomada de decis5es e avalia-
~5es por parte dos usuarios em geral, nao tendo 0 pro-
p6sito de atender finalidade ou necessidade especffica
de determinados grupos de usuarios.
As demonstra~5es eontabeis preparadas eom tal
finalidade satisfazem as neeessidades eomuns da maio-
ria dos seus usuarios, uma vez que quase todos eles
utilizam essas demonstra~5es eontabeis para a tomada
de decis5es economicas, tais como:
a) deeidir quando eomprar, manter ou vender
urn investirnento em ac;5es;
b) avaliar a Administra~ao quanto it responsabi-
lidade que Ihe tenha sido conferida, qualida-
de de seu desempenho e presta~iio de eontas;
e) avaliar a eapacidade da entidade de pagar
seus empregados e proporcionar-Ihes outros
beneffcios;
d) avaliar a seguran~a quanta it reeupera~iio
dos reeursos finaneeiros emprestados it en-
tidade;
e) determinar politicas tributarias;
f) determinar a distribui~iio de lueros e divi-
dendos;
34 Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos
g) preparar e usar estatisticas da renda nacio-
nal; ou
h) regulamentar as atividades das entidades.
As demonstrac;oes contabeis sao mais comumente
preparadas segundo modele contabil baseado no custo
historico recuperavel e no conceito da manuten,ao do
capital financeiro nominal.
Outros modelos e conceitos podem ser considera-
dos mais apropriados para atingir 0 objetivo de pro-
porcionar informa,6es que sejam llteis para tomada de
decisoes economicas, embora nao haja presentemente
consenso nesse sentido.
Esta Estrutura Conceitual foi desenvolvida de for-
ma a ser aplicavel a uma gama de modelos contabeis e
conceitos de capital e sua manuten,ao.
Pronunciamentos Conceituais Complementares se-
rao emitidos.
INTRODU<;AO
FINALIDADE
1. Esta Estrutura Conceitual estabelece os conceitos
que fundamentam a prepara,ao e a apresenta,ao
de demonstra,6es contabeis destinadas a usuatios
externos. A finalidade desta Estrutura Conceitual e:
a) dar suporte ao desenvolvimento de novos Pro-
nunciamentos Tecnicos e a revisao de Pronun-
ciamentos existentes quando necessario;
b) dar suporte aos responsaveis pela elabora,ao
das demonstra,6es contabeis na aplica,ao dos
Pronunciamentos Tecnicos e no tratamento de
assuntos que ainda nao tiverem sido objeto de
Pronunciamentos Tecnicos;
c) auxiliar os auditores independentes a formar
sua opiniao sobre a conformidade das demons-
trac;6es contabeis com os Pronunciamentos
Tecnicos;
d) apoiar os usuarios das demonstra,6es conta-
beis na interpreta,ao de informa,6es nelas
contidas, preparadas em confortnidade com os
Pronunciamentos Tecnicos; e
e) proporcionar, aqueles interessados, informa-
,6es sobre 0 enfoque adotado na formula,ao
dos Pronunciamentos Tecnicos.
2. Esta Estrutura Conceitual nao define nortnas ou
procedimentos para qualquer questao particular
sobre aspectos de mensura,ao ou divulga,ao.
3. Nao devera haver conflito entre 0 estabelecido nes-
ta Estrutura Conceitual e qualquer Pronunciamen-
to Tecnico.
4. Esta Estrutura Conceitual sera revisada de tempos
em tempos com base na experiencia decorrente de
sua utiliza<;ao.
ALCANCE
S. Esta Estrutura Conceitual aborda:
a) 0 objetivo das demonstra,6es contabeis;
b) as caracteristicas qualitativas que determinam
a utilidade das infortna,6es contidas nas de-
monstra<;oes contabeis;
c) a defini<;ao, 0 reconhecimento e a mensura,ao
dos elementos que comp6em as demonstra,6es
contabeis; e
d) os conceitos de capital e de manuten,ao do ca-
pital.
6. Esta Estrutura Conceitual trata das demonstra,6es
contabeis para fins gerais Cdaqui por diante desig-
nadas como "demonstrac;6es contabeis"), inclusive
das demonstra,6es contabeis consolidadas. Tais
demonstra,6es contabeis sao preparadas e apre-
sentadas pelo menos anualmente e visam atender
as necessidades comuns de informa<;6es de urn
grande numero de usuarios. Alguns desses usua-
rios talvez necessitem de informa<;6es, e tenham 0
poder de obte-las, alem daquelas contidas nas de-
monstra<;6es contabeis. Muitos usuarios, todavia,
tern de confiar nas demonstra,6es contabeis como
a principal fonte de informa,6es financeiras. Tais
demonstra,6es, portanto, devem ser preparadas e
apresentadas tendo em vista essas necessidades.
Estao fora do alcance desta Estrutura Conceitual
informa<;6es financeiras elaboradas para fins es-
peciais, como, por exemplo, aquelas incluidas em
prospectos para lan,amentos de a,6es no mercado
e/ou elaboradas exclusivamente para fins fiscais.
Nao obstante, esta Estrutura Conceitual pode ser
aplicada na prepara,ao dessas demonstra,6es para
fins especiais, quando as exigencias de tais de-
monstrac;5es 0 permitirem.
7. As demonstra,6es contabeis sao parte integrante
das informa,6es financeiras divulgadas por uma
entidade. 0 conjunto completo de demonstra,6es
contabeis inclui, normalmente, 0 balan,o patrimo-
nial, a demonstra,ao do resultado, a demonstra,ao
das muta,6es na posi,ao financeira Cdemonstra-
,ao dos fluxos de caixa, de origens e aplica,6es de
recursos ou alternativa reconhecida e aceitavel),
a demonstra,ao das muta,6es do patrimonio Ii-
quido, notas explicativas e outras demonstra,6es
e material explicativo que saO parte integrante
dessas demonstra,6es contabeis. Podem tamhem
incluir quadros e informa,6es suplementares ba-
seados ou originados de demonstra~6es contabeis
que se espera sejam lidos em conjunto com tais
demonstra~6es. Tais quadros e informa~6es suple-
mentares podem conter, por exemplo, informa~6es
financeiras sobre segmentos ou divis6es industriais
ou divis6es situadas em diferentes locais e divulga-
~6es sobre os efeitos das mudan~as de pre~os. As
demonstrac;6es contabeis naa incluem, entretanto,
itens como relat6rios da administra~iio, relat6rios
do presidente da entidade, comentarios e analises
gerenciais e itens semelhantes que possam ser in-
cluidos em urn relat6rio anual ou financeiro.
8. Esta Estrutura Conceitual se aplica as demonstra-
~6es contabeis de todas as entidades comerciais,
industriais e outras de neg6cios que reportam, se-
jam no setor publico ou no setor privado. Entidade
que reporta e aquela para a qual existem usuarios
que se apoiam em suas demonstra~6es contabeis
como fonte principal de informa~6es patrimoniais
e financeiras sobre a entidade.
usuARIos E SUAS NECESSIDADES DE
INFORMA<;AO
9. Entre os usuarios das demonstra~6es contabeis in-
cluem-se investidores atuais e potenciais, emprega-
dos, credores por emprestimos, fornecedores e ou-
tr08 credores comerciais, clientes, govemos e suas
agencias e 0 publico. Eles usam as demonstra~6es
contabeis para satisfazer algumas das suas diversas
necessidades de informa~iio. Essas necessidades in-
cluem:
a) Investidores. Os provedores de capital de risco
e seus analistas que se preocupam com 0 ris-
co inerente ao investimento e 0 retorno que ele
produz. Eles necessitam de informa~6es para
ajuda-Ios a decidir se devem comprar, manter
ou vender investimentos. as acionistas tambem
estiio interessados em informa~6es que os habi-
litem a avaliar se a entidade tern capacidade de
pagar dividendos.
b) Empregados. Os empregados e seus represen-
tantes estiio interessados em informa~6es sobre
a estabilidade e a lucratividade de seus empre-
gad ores. Tambem se interessam por informa-
~6es que Ihes permitam avaliar a capacidade
que tern a entidade de prover sua remunera~iio,
seus beneficios de aposentadoria e suas oportu-
nidades de emprego.
c) Credores por empnistimos. Estes estiio interes-
sados em informa~6es que Ihes permitam de-
terminar a capacidade da entidade em pagar
seus emprestimos e os correspondentes juros
no vencimento.
Estrutura Conceitual da Contabilidade 35
d) Fomecedores e outros credores comerCtalS. Os
fornecedores e outros credores estao interessa-
dos em informa~6es que Ihes permitam avaliar
se as importancias que Ihes sao devidas seriio
pagas nos respectivos vencimentos. Os credores
comerciais provavelmente estarao interessados
em uma entidade por urn periodo menor do
que os credores por emprestimos, a naa ser que
dependam da continuidade da entidade como
urn cliente importante.
e) Clientes. Os clientes tern interesse em infor-
ma~6es sobre a continuidade operacional da
entidade, especialmente quando tern urn rela-
cionamento a longo prazo com ela, ou dela de-
pendem como fornecedor importante.
f) Governo e suas agencias. Os governos e suas
agencias estao interessados na destina~iio de
recursos e, portanto, nas atividades das enti-
dades. Necessitam tambem de informa~6es a
fim de regulamentar as atividades das entida-
des, estabelecer politicas fiscais e servir de base
para determinar a renda nacional e estatisticas
semelhantes.
g) Publico. As entidades afetam 0 publico de diver-
sas maneiras. Elas podem, por exemplo, fazer
contribui~iio substancial a economia local de
varios mod os, inclusive empregando pessoas
e utilizando fornecedores locais. As demons-
tra~6es contabeis podem ajudar 0 publico for-
necendo informa~6es sobre a evolu~iio do de-
sempenho da entidade e os desenvolvimentos
recentes.
10. Embora nem todas as necessidades de informa-
~6es desses usuarios possam ser satisfeitas pelas
demonstra~6es contabeis, ha necessidades que siio
comuns a tedos os usuarios. Como os investidores
contribuem com 0 capital de risco para a entidade,
o fornecimento de demonstra~6es contabeis que
atendam as suas necessidades tambem atendera
a maior parte das necessidades de informa~iio de
outros uswirios.
11 A Administra~iio da entidade tern a responsabili-
dade primaria pela prepara~iio e apresenta~iio das
suas demonstra~6es contabeis. A Administra~iio
tambem esta interessada nas informa~6es contidas
nas demonstra~6es contabeis, embora tenha aces-
so a informa~6es adicionais que contribuem para
o desempenho das suas responsabilidades de pla-
nejamento, tomada de decis6es e controle. A Ad-
ministra~iio tern 0 poder de estabelecer a forma e
o conteudo de tais informa~6es adicionais a fim de
atender as suas pr6prias necessidades. A forma de
divulga~iio de tais informa~6es, entretanto, esta
fora do alcance desta Estrutura Conceitual. Niio
36 Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos
obstante, as demonstra~6es eontabeis divulgadas
sao baseadas em informa~6es utilizadas pela Admi-
nistrac;ao sobre a posiC;ao patrimonial e financeira,
o desempenho e as muta~6es na posi~ao financeira
da entidade.
o OBJETIVO DAS DEMONSTRA<;:OES CONTABEIS
12. 0 objetivo das demonstra~6es contabeis e fornecer
inforrna~6es sobre a posi~ao patrimonial
e finan-
ceira, 0 desempenho e as mudan~as na posi~ao fi-
nanceira da entidade, que sejam uteis a urn grande
numero de usuarios em suas avalia~6es e tomadas
de decisao economica.
13. Demonstra~6es contabeis preparadas de aeordo
com 0 item 12 atendem as necessidades comuns
da maioria dos usuarios. Entretanto, as demonstra-
~6es contabeis nao fornecem todas as informa~6es
que os usuarios possam necessitar, uma Vez que
elas retratam os efeitos financeiros de aconteci-
mentos passados e nao incluem, necessariamente,
informa~6es nao financeiras.
14. Demonstra~6es eontabeis tamhem objetivam apre-
sentar os resultados da atua~ao da Administra~ao
na gestao da entidade e sua capacita~ao na pres-
ta~ao de contas quanto aos recursos que the foram
eonfiados. Aqueles usuarios que desejam avaliar a
atua~ao ou presta~ao de contas da Administra~ao
fazem-no com a finalidade de estar em condi~6es
de tomar decis6es economicas que podem inc1uir,
por exemplo, manter ou vender seus investimen-
tos na entidade ou reeleger ou substituir a Admi-
nistrac;ao.
Posi~ao patrimonial e finaneeira, desempenho e
muta~6es na posi~ao financeira
15. As decis6es economicas que sao tomadas pelos
usuarios das demonstra~6es contabeis requerem
uma avalia~ao da capacidade que a entidade tern
para gerar caixa e equivalentes de caixa, e da epoca
e grau de certeza dessa gera~ao. Em ultima analise,
essa capacidade determina, por exemplo, se a enti-
dade podera pagar seus empregados e fornecedo-
res, os juros e amortizac;oes dos SeUS emprestimos e
fazer distribui<;6es de lucros aos seus acionistas. Os
usuarios poderao melhor avaliar essa capacidade
de gerar caixa e equivalentes de caixa se lhes forem
fornecidas informa<;6es que focalizem a posi<;ao pa-
trimonial e financeira, 0 resultado e as muta<;6es
na posi<;ao financeira da entidade.
16. A posi<;ao patrimonial e financeira da entidade e
afetada pelos recursos economicos que ela contro-
la, sua estrutura finaneeira, sua liquidez e solven-
cia e sua capacidade de adapta<;ao as mudan<;as no
ambiente em que opera. As inforrna<;6es sobre os
recursos economicos controlados pela entidade e
a sua capacidade, no passado, de modificar esses
recursos sao uteis para preyer a capacidade que a
entidade tern de gerar caixa e equivalentes de caixa
no futuro. Informa<;6es sobre a estrutura financei-
ra sao l1teis para preyer as futuras necessidades de
finaneiamento e como os lucros futuros e os fluxos
de caixa serao distribuidos entre aqueles que tern
participa<;ao na entidade; sao tamhem uteis para
ajudar a avaliar a probabilidade de que a entidade
seja bem-sucedida no levantamento de financia-
mentos adicionais. As informa~6es sobre liquidez
e solvencia sao uteis para preyer a capacidade que
a entidade tern de cumprir com seus compromissos
financeiros nos respectivos vencimentos. Liquidez
se refere a disponibilidade de caixa no futuro pro-
ximo, apas considerar os compromissos financeiros
do respectivo periodo. Solvencia se refere a dispo-
nibilidade de caixa no longo prazo para eumprir
os compromissos financeiros nos respectivos venci-
mentos.
17. As informa<;6es referentes ao desempenho da en-
tidade, espeeialmente a sua rentabilidade, sao
requeridas com a finalidade de avaliar possiveis
mudan<;as necessarias na composi<;ao dos recursos
economicos que provavelmente serao controlados
pela entidade. As inforrna<;6es sobre as varia<;6es
nos resultados sao importantes nesse sentido. As
informa~6es sobre os resultados sao uteis para pre-
ver a capacidade que a entidade tern de gerar flu-
xos de caixa a partir dos recursos atualmente con-
trolados por ela. Tamhem e uti! para a avalia<;ao da
efidcia com que a entidade poderia usar recursos
adicionais.
18. As inforrna<;6es referentes as muta~6es na posi<;ao
financeira da entidade sao uteis para avaliar as
suas atividades de investimento, de financiamento
e operacionais durante 0 periodo abrangido pelas
demonstra<;6es contabeis_ Essas informa<;6es sao
l.lteis para fornecer ao usuario uma base para ava-
liar a capacidade que a entidade tern de gerar eaixa
e equivalentes de caixa e as suas necessidades de
utiliza~ao desses reeursos. Na elabora<;ao de uma
demonstra<;ao das muta<;6es na posi<;ao financeira,
os fundos podem ser definidos de varias maneiras,
tais como recursos financeiros totais, capital circu-
lante liquido, ativos liquidos ou caixa. Nesta Estru-
tura Conceitual nao foi feita nenhuma tentativa de
especificar uma defini<;ao de fundos.
19. As inforrna<;6es sobre a posi<;ao patrimonial e fi-
nanceira sao principalmente fornecidas pelo balan-
~o patrimonial. As informa<;6es sobre 0 desempe-
nho sao basicamente fornecidas na demonstra<;ao
do resultado. As informa<;6es sobre as muta<;6es na
posi~ao financeira sao fomecidas nas demonstra-
~6es contabeis por meio de uma demonstra~ao em
separado, tal como a de fluxos de caixa, de origens
e aplica<;6es de recursos etc.
20. As partes componentes das demonstra<;6es conta-
beis se inter-relacionam porque refletem diferentes
aspectos das mesmas transa~6es ou outros eventos.
Embora cada demonstra<;ao apresente informa<;6es
que sao diferentes das outras, nenhuma provavel-
mente se presta a urn unico proposito, nem fome-
ce todas as informa~oes necessarias para necessi R
dades especificas dos usuarios. Por exemplo, uma
demonstra<;ao do resultado fomece urn retrato in-
completo do desempenho da entidade, a nao ser
que seja usada em conjunto com 0 balan<;o patri-
monial e a demonstra<;ao das muta<;6es na posi<;ao
financeira.
Notas explicativas e demonstra<;6es suplementares
21. As demonstra<;6es contabeis tambem englobam
notas explicativas, quadros suplementares e outras
informa<;6es. Por exemplo, poderao conter infor-
ma~6es adicionais que sejam relevantes as neces-
sidades dos usuarios sobre itens constantes do ba-
lan<;o patrimonial e da demonstra<;ao do resultado.
Poderao incluir divulga<;6es sobre os riscos e incer-
tezas que afetem a entidade e quaisquer recursos
e/ou obriga<;6es para os quais nao exista obrigato-
riedade de serem reconhecidos no balan<;o patri-
monial (tais como reservas minerais). Informa<;6es
sobre segmentos industriais ou geograficos e 0 efei-
to de mudan<;as de pre<;os sobre a entidade podem
tambem ser fomecidas sob a forma de informa<;6es
suplementares.
PRESSUPOSTOS BAsICOS
Regime de Competencia
22. A fim de atingir seus objetivos, demonstra<;6es con-
tabeis sao preparadas conforme 0 regime contabil
de competencia. Segundo esse regime, os efeitos
das transac;6es e Dutros eventos sao reconhecidos
quando ocortem (e nao quando caixa ou outros
recursos financeiros sao recebidos ou pagos) e
sao lan<;ados nos registros contabeis e reportados
nas demonstra<;6es contabeis dos periodos a que
se referem. As demonstra<;6es contabeis prepa-
radas pelo regime de competencia informam aos
usuarios nao somente sobre transa<;6es passadas
envolvendo 0 pagamento e recebimento de caixa
ou Dutros recursos financeiros, mas tambem sabre
obriga~6es de pagamento no futuro e sobre recur-
sos que serao recebidos no futuro. Dessa forma,
apresentam informa<;6es sobre transa~6es passadas
Estrutura Conceitual da Contabilidade 37
e Dutros eventos que sejam as mais uteis aos usua-
rios na tamada de decis6es economicas. 0 regime
de competencia pressup6e a confronta<;ao entre re-
ceitas e despesas que e destacada nos itens 95 e 96.
Continuidade
23. As demonstra<;6es contabeis sao normalmente pre-
paradas no pressuposto de que a entidade conti-
nuara em opera<;ao no futuro previsivel. Dessa for-
ma, presume-se que a entidade nao tern a intenc;ao
nem a necessidade de entrar em liquida<;ao, nem re-
duzir materialmente a escala das suas opera<;6es; se
tal inten<;ao ou necessidade existir, as demonstra<;6es
contabeis
terao que ser preparadas numa base dife-
rente e, nesse caso, tal base devera ser divulgada.
CARACTERlSTICAS QUALlTATIVAS DAS
DEMONSTRA<;:OES CONTABEIS
24. As caracteristicas qualitativas sao os atributos que
tomam as demonstra<;6es contabeis uteis para os
usuarios. As quatro principais caracteristicas quali-
tativas sao: compreensibilidade, relevancia, confia-
bilidade e comparabilidade.
Compreensibilidade
25. Uma qualidade essencial das informa<;6es apresen-
tadas nas demonstra<;6es contabeis e que elas se-
jam prontamente entendidas pelos usuarios. Para
esse fim, presume-se que as usuarios tenharn urn
conhecimento razoavel dos negocios, atividades
economicas e contabilidade e a disposi<;ao de es-
tudar as informa<;6es com razoavel diligencia. To-
davia, informa<;6es sobre assuntos complexos que
devam ser incluidas nas demonstra<;6es contabeis
por causa da sua relevancia para as necessidades
de tomada de decisao pelos usuarios nao devem
ser excluidas em nenhuma hip6tese, inclusive sob
o pretexto de que seria dificil para certos usuarios
entende-las.
Relevancia
26. Para serem uteis, as informa<;6es devem ser rele-
vantes as necessidades dos usuarios na tomada
de decis6es. As informa<;6es sao relevantes quan-
do podem influenciar as decis6es economicas dos
usuarios, ajudando-os a avaliar 0 impacto de even-
tos passados, presentes ou futuros ou confirmando
ou corrigindo as suas avalia<;6es anteriores.
27. As fun<;6es de previsao e confirma<;ao das infor-
ma<;6es sao inter-relacionadas. Por exemplo, in-
forma<;6es sobre 0 nivel atual e a estrutura dos
ativos tern valor para os usuarios na tentativa de
38 Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos
preyer a capacidade que a entidade tenha de apro-
veitar oportunidades e a sua capacidade de reagir
a situa~6es adversas. As mesmas informa~6es tern
o papel de confirmar as previs6es passadas sobre,
por exemplo, a forma na qual a entidade seria es-
truturada ou 0 resultado de opera~6es planejadas.
28. Informa~6es sobre a posi~ao patrimonial e finan-
ceira e 0 desempenho passado sao frequentemente
utilizadas como base para projetar a posi~ao e 0 de-
sempenho futuros, assim como outros assuntos nos
quais os usuarios estejam diretamente interessa-
dos, tais como pagamento de dividendos e sahirios,
altera~6es no pre~o das a~6es e a capacidade que
a entidade tenha de atender seus compromissos it
medida que se tornem devidos. Para terem valor
como previsao, as informa~6es nao precisam estar
em forma de proje~ao explicita. A capacidade de
fazer previs6es com base nas demonstra~6es con-
nibeis pode ser ampliada, entretanto, pela forma
como as informa~6es sobre transa~6es e eventos
anteriores sao apresentadas. Por exemplo, 0 valor
da demonstra~ao do resultado como elemento de
previsao e ampliado quando itens incomuns, anor-
mais e espon\dicos de receita ou despesa sao divul-
gados separadamente.
Materialidade
29. A relevancia das informa~6es e afetada pela sua
natureza e materialidade. Em alguns casos, a na-
tureza das informa~6es, por si so, e suficiente para
determinar a sua relevancia. Por exemplo, reportar
urn novo segmento em que a entidade tenha pas-
sado a operar podera afetar a avalia~ao dos riscos
e oportunidades com que a entidade se depara, in-
dependentemente da materialidade dos resultados
atingidos pelo novo segmento no periodo abrangi-
do pelas demonstra~6es contabeis. Em outros ca-
sos, tanto a natureza quanta a materialidade sao
importantes; por exemplo: os valores dos estoques
existentes em cada uma das suas principais classes,
conforme a classifica~ao apropriada ao negocio.
30. Uma informa~ao e material se a sua omissao ou
distor~o puder infiuenciar as decis5es economicas
dos usuarios, tomadas com base nas demonstra~5es
contabeis. A materialidade depende do tamanho do
item ou do erro, julgado nas circunstancias especi-
ficas de sua omissao ou distor~ao. Assim, materiali-
dade proporciona urn patamar ou ponto de corte ao
inves de ser uma caracteristica qualitativa primaria
que a informa~ao necessita ter para ser util.
Confiabilidade
31. Para ser util, a informa~ao deve ser confiavel, ou
seja, deve estar livre de erros ou vieses relevantes e
representar adequadamente aquilo que se prop6e a
representar.
32. Uma informa~ao pode ser relevante, mas a tal pon-
to nao confiavel em sua natureza ou divulga~ao
que 0 seu reconhecimento pode potencialmente
distorcer as demonstra~6es contabeis. Por exem-
plo, se a validade legal e 0 valor de uma reclama-
~ao por danos em uma a~ao judicial movida contra
a entidade sao questionados, pode ser inadequado
reconhecer 0 valor total da reclama~ao no balan~o
patrimonial, embora possa ser apropriado divulgar
o valor e as circunstancias da reclama~ao.
Representa~ao Adequada
33. Para ser confiavei, a informa~ao deve representar
adequadamente as transa~6es e outros eventos que
ela diz representar. Assim, por exemplo, 0 balan~o
patrimonial numa determinada data deve repre-
sentar adequadamente as transa~6es e outros even-
tos que resultam em ativos, passivos e patrimonio
liquido da entidade e que atendam aos criterios de
reconhecimento.
34. A maioria das informa~6es contabeis esta sujeita a
algum risco de ser menos do que uma representa-
~ao fiel daquilo que se prop6e a retratar. Isso pode
decorrer de dificuldades inerentes it identifica~ao
das transa~6es ou outros eventos a serem avalia-
dos ou it identifica~ao e aplica~ao de tecnicas de
mensura~ao e apresenta~ao que possam transmitir,
adequadamente, informa~6es que correspondam a
tais transa~6es e eventos. Em certos casos, a mensu-
ra~ao dos efeitos financeiros dos itens pode ser tao
incerta que nao e apropriado 0 seu reconhecimen-
to nas demonstra~6es contabeis; por exemplo, em-
bora muitas entidades gerem, internamente, agio
decorrente de expectativa de rentabilidade futura
ao longo do tempo (goodwill), e usualmente dificil
identificar ou mensurar esse agio com confiabilida-
de. Em outros casos, entretanto, pode ser relevante
reconhecer itens e divulgar 0 risco de erro envol-
venda 0 seu reconhecimento e mensuraC;ao.
Primazia da Essencia sobre a Forma
35. Para que a informa~ao represente adequadamente
as transa~6es e outros eventos que ela se prop6e
a representar, e necessario que essas transac;6es
e eventos sejam contabilizados e apresentados de
acordo com a sua substancia e realidade economi-
ca, e nao meramente sua forma legal. A essencia
das transa~6es ou outros eventos nem sempre e
consistente com 0 que aparenta ser com base na
sua forma legal ou artificialmente produzida. Por
exemplo, uma entidade pode vender urn ativo a
urn terceiro de tal maneira que a documenta~ao
indique a transferencia legal da propriedade a esse
terceiro; entretanto, poderao existir acordos que
assegurem que a entidade continuara a usufruir
os futuros beneficios econ6micos gerados pelo ati-
vo e 0 recomprara depois de urn certo tempo por
urn montante que se aproxima do valor original de
venda acrescido de juros de mercado durante esse
periodo. Em tais circunstancias, reportar a venda
nao representaria adequadamente a transa~ao for-
malizada.
Neutralidade
36. Para ser confiavel, a informa~ao contida nas de-
monstrat;6es contabeis deve ser neutra, isto e,
imparcial. As demonstra~6es contabeis nao sao
neutras se, pela escolha ou apresenta~ao da infor-
ma~ao, elas induzirem a tomada de decisao ou urn
julgamento, visando atingir urn resultado ou desfe-
cho predeterminado.
Prudencia
37. Os preparadores de demonstra~6es contabeis se
deparam com incertezas que inevitavelmente en-
volvem certos eventos e circunstancias, tais como
a possibilidade de recebimento de contas a receber
de liquida~ao duvidosa, a vida uti! provavel das
maquinas e equipamentos e 0 numero de reclama-
~6es cobertas por garantias que possam ocorrer.
Tais incertezas sao reconhecidas pela divulga~ao
da sua natureza e extensao e pelo exercicio de
prudencia na prepara~ao das demonstra~6es con-
tabeis. Prudencia consiste no emprego de urn certo
grau de precau~ao no exercicio dos julgamentos
necessarios as estimativas em certas condic;5es de
incerteza, no sentido de que ativos ou receitas nao
sejam superestimados e que passiv~s ou despesas
naD sejam subestimados. Entretanto, 0 exerdcio da
prudencia nao permite, por exemplo, a cria~ao de
reservas ocultas ou provisoes excessivas, a subava-
lia~ao deliberada de ativos ou receitas, a superava-
lia~ao deliberada de passiv~s ou despesas, pois as
demonstra~6es contabeis deixariam de ser neutras
e, portanto, nao seriam confiaveis.
Integridade
38. Para ser confiavel, a informa~ao constante das de-
monstra~6es contabeis deve ser completa, dentro
dos limites de materialidade e clista. Uma amissae
pode tomar a informa~ao falsa ou distorcida e, por-
tanto, nao confiavel e deficiente em termos de sua
relevancia.
Estrutura Conceitual da Contabilidade 39
Comparabilidade
39. Os usuarios devem poder camparar as demonstra-
~6es contabeis de uma entidade ao longo do tem-
po, a fim de identificar tendencias na sua posi~ao
patrimonial e financeira e no seu desempenho. Os
usuarios devem tambem ser capazes de comparar
as demonstra~6es contabeis de diferentes entida-
des a fim de avaliar, em termos relativos, a sua po-
si~ao patrimonial e financeira, 0 desempenho e as
muta~6es na posi~ao financeira. Consequentemen-
te, a mensura~ao e apresenta~ao dos efeitos finan-
ceiros de transa~6es semelhantes e outros eventos
devem ser feitas de modo consistente pela entida-
de, ao longo dos diversos periodos, e tambem por
entidades diferentes.
40. Vma importante implica~ao da caracteristica quali-
tativa da comparabilidade e que os usuarios devem
ser informados das praticas contabeis seguidas na
elabora~ao das demonstra~6es contabeis, de quais-
quer mudan~as nessas praricas e tambem 0 efeito
de tais mudan~as. Os usuarios precisam ter infor-
ma~6es suficientes que lhes permitam identificar
diferen~as entre as praticas contabeis aplicadas
a transa~6es e eventos semelhantes, usadas pela
mesma entidade de urn periodo a outro e por di-
ferentes entidades. A observancia dos Pronuncia-
mentos Tecnicos, inclusive a divulga~ao das pra-
ticas contabeis utilizadas pela entidade, ajudam a
atingir a comparabi!idade.
41. A necessidade de comparabilidade nao deve ser
confundida com mera uniformidade e nao se deve
permitir que se tome urn impedimento it intro-
du~ao de normas contabeis aperfei~oadas. Nao e
apropriado que uma entidade continue contabili-
zando da mesma maneira uma transa<;ao OU evento
se a prarica contabi! adotada nao esta em confor-
midade com as caracteristicas qualitativas de rele-
vancia e confiabilidade. Tambem e inapropriado
manter praricas contabeis quando existem alterna-
tivas mais relevantes e confhiveis.
42. Tendo em vista que os usuarios desejam comparar
a posi~ao patrimonial e financeira, 0 desempenho
e as muta~6es na posi~ao financeira ao longo do
tempo, e importante que as demonstra~6es conta-
beis apresentem as correspondentes informa~6es
de periodos anteriores.
Limitac;6es na Relevancia e na Confiabilidade das
Informac;6es
Tempestividade
43. Quando M demora indevida na divulga~ao de uma
informa~ao, e possivel que ela perca a relevancia.
40 Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos
A Administra~ao da entidade necessita ponderar os
meritos relativos entre a tempestividade da divul-
ga~ao e a confiabilidade da infonna~ao fornecida.
Para fornecer uma informa~ao na epoca oportuna
pode ser necessario divulga-la antes que todos os
aspectos de uma transa~ao ou evento sejam conhe-
cidos, prejudicando assim a sua confiabilidade. Por
outro lado, se para divulgar a informa~ao a entida-
de aguardar ate que todos os aspectos se tornem
conhecidos, a infonna~ao pode ser altamente con-
fiavel, porem de pouca utilidade para os usuarios
que tenham tide necessidade de tomar decis6es
nesse interim. Para atingir 0 adequado equilibrio
entre a relevancia e a confiabilidade, 0 principio
basico consiste em identificar qual a melhor forma
para atender as necessidades do processo de deci-
sao economica dos usuarios.
Equilibrio entre Custo e Beneficio
44. 0 equilibrio entre 0 custo e 0 beneficio e uma li-
mita~ao de ordem pratica, ao inves de uma carac-
teristica qualitativa. Os beneficios decorrentes da
informa~ao devem exceder 0 custo de produzi-la.
A avalia~ao dos custos e beneficios e, entretanto,
em essencia, urn exerdcio de julgamento. Alem
disso, os custos nao recaem, necessariamente, so-
bre aqueles usuarios que usufruem os beneficios.
Os beneficios podem tambi'm ser aproveitados
por outros usuarios, alem daqueles para os quais
as informa~6es foram preparadas; por exemplo, 0
fornecimento de maiores infonna~6es aos credores
por emprestimos pode reduzir os custos financei-
ros da entidade. Por essas raz6es, e dificil aplicar
o teste de custo-beneficio em qualquer caso espe-
dfico. Nao obstante, os argaos normativos em es-
pecial, assim como os elaboradores e usuarios das
demonstrac;6es contabeis, devem estar conscientes
dessa limita~ao.
Equilibrio entre Caracteristicas Qualitativas
45. Na prMica, e frequentemente necessario urn balan-
ceamento entre as caractensticas qualitativas. Ge-
ralmente, 0 objetivo e atingir urn equilibrio apro-
priado entre as caracteristicas, a fim de satisfazer
aos objetivos das demonstra~6es contabeis. A im-
portancia relativa das caracteristicas em diferentes
casos e uma questao de julgamento profissional.
Visao Verdadeira e Apropriada
46. Demonstra~6es contabeis sao frequentemente des-
critas como apresentando uma visao verdadeira e
apropriada (true and/air view) da posi~ao patrimo-
nial e financeira, do desempenho e das muta~6es
na posi~ao financeira de uma entidade. Embora
esta Estrutura Conceitual nao trate diretamente de
tais conceitos, a aplicac;ao das principais caracte-
risticas qualitativas e de normas e praticas de con-
tabilidade apropriadas normalmente resultam em
demonstra~6es contabeis que refletem aquilo que
geralmente se entende como apresenta~ao verda-
deira e apropriada das referidas informa~6es.
ELEMENTOS DAS DEMONSTRA<;OES CONTABEIS
47. Demonstra~6es contabeis retratam os efeitos pa-
trimoniais e financeiros das transa~6es e outros
eventos, agrupando-os em classes de acordo com
as suas caractensticas economicas. Essas classes
sao chamadas de elementos das demonstra~6es
contabeis. Os elementos diretamente relacionados
a mensura~ao da posi~ao patrimonial e financeira
no balan~o sao os ativos, os passiv~s e 0 patrimonio
liquido. Os elementos diretamente relacionados
com a mensura~ao do desempenho na demonstra-
~ao do resultado sao as receitas e as despesas. A
demonstra~ao das muta~6es na posi~ao financeira
usualmente reflete os elementos da demonstra~o
do resultado e as muta~6es nos elementos do ba-
lan~o patrimonial; assim, esta Estrutura Conceitual
nao identifica nenhum elemento que seja exclusivo
dessa demonstra~ao.
48. A apresenta~ao desses elementos no balan~o patri-
monial e na demonstra~ao do resultado envolve urn
processo de subclassifica~ao. Por exemplo, ativos e
passiv~s podem ser classificados por sua natureza
ou fun~ao nos negocios da entidade, a fim de mos-
trar as informa~6es da maneira mais util aos usua-
rios para fins de tomada de decis6es economicas.
Posi<;iio Patrimonial e Financeira
49. Os elementos diretamente relacionados com a
mensura~ao da posi~ao patrimonial financeira sao
ativos, passiv~s e patrimonio liquido. Estes sao
de-
finidos como segue:
a) Ativo e urn recurso controlado pela entidade
como resultado de eventos passados e do qual
se espera que resultem futuros beneficios eco-
nomicos para a entidade;
b) Pa.ssivo e uma obriga~ao presente da entidade,
derivada de eventos ja ocorridos, cuja liquida-
~ao se espera que resulte em saida de recursos
capazes de gerar beneficios economicos;
c) Patrimilnio Liquido e 0 valor residual dos ativos
da entidade depois de deduzidos todos os seus
passivos.
50. As defini~oes de ativo e passiv~ identificam os seus
aspectos essenciais, mas naD tentam especificar
os criterios que precisam ser atendidos para que
possam ser reconhecidos no balan~o patrimonial.
Assim, as defini~oes abrangem itens que nao sao
reconhecidos como ativos ou passiv~s no balan~o
porque nao satisfazem aos criterios de reconheci-
mento discutidos nos itens 82 a 98. Especificamen-
te, a expectativa de que futuros beneficios econo-
micos fluam para a entidade ou deixem a entidade
deve ser suficientemente certa para que seja aten-
dido 0 criterio de probabilidade do item 83, antes
que urn ativo ou urn passiv~ seja reconhecido.
51. Ao avaliar se urn item se enquadra na defini~ao
de ativo, passivo ou patrimonio liquido, deve-se
atentar para a sua essencia e realidade economica
e nao apenas sua forma legal. Assim, por exemplo,
no caso do arrendamento financeiro, a essen~ia e a
realidade economica sao que 0 arrendatario ad-
quire os beneficios economicos do uso do ativo ar-
rendado pela maior parte da sua vida uti!, como
contrapresta~ao de aceitar a obriga~ao de pagar
por esse direito urn valor proximo do valor justo do
ativo e 0 respectivo encargo financeiro. Dessa for-
ma, 0 arrendamento financeiro da origem a itens
que atendem a defini~ao de urn ativo e urn passiv~
€, portanto, sao reconhecidos como tais no balan<;o
patrimonial do arrendatario.
52. Balan~os patrimoniais elaborados de acordo com
as Pronunciamentos Tecnicos devem incluir como
ativo ou passiv~ itens que satisfa~am a essas defi-
ni~oes.
Ativos
53. 0 beneficio economico futuro embutido em urn
ativo e 0 seu potencial em contribuir, direta ou in-
diretamente, para 0 fluxo de caixa ou equivalentes
de caixa para a entidade. Tal potencial podera ser
produtivo, quando 0 recurso for parte integrante
das atividades operacionais da entidade. Podera
tambem ter a forma de conversibilidade em caixa
ou equivalentes de caixa ou podera ainda ser capaz
de reduzir as saidas de caixa, como no caso de urn
processo industrial alternativo que reduza os cus-
tos de produ~ao.
54. A entidade geralmente usa os seus ativos na pro-
du~ao de mercadorias ou presta~ao de servi~os
capazes de satisfazer os desejos e necessidades
dos clientes. Tendo em vista que essas mercado-
rias ou servi~os podem atender aos seus desejos
ou necessidades, os clientes se dispoem a pagar
por eles e contribuir assim para 0 fluxo de caixa
da entidade.
Estrutura Conceitual da Contabilidade 41
55. Os beneficios economicos futuros de urn ativo po-
dem fluir para a entidade de diversas maneiras. Por
exemplo, urn ativo pode ser:
a) usado isoladamente ou em conjunto com ou-
tros ativos na produ~ao de mercadorias e servi-
~os a serem vendidos pela entidade;
b) trocado por outros ativos;
c) usado para liquidar urn passivo; ou
d) distribuido aos proprietarios da entidade.
56. Muitos ativos, por exemplo, maquinas e equipa-
mentos industriais, tern uma substancia fisica.
Entretanto, substancia ffsica naD e essencial a
existencia de urn ativo; dessa forma, as patentes
e direitos autorais, por exemplo, sao ativQs, desde
que deles sejam esperados beneficios economicos
futuros para a entidade e que eles sejam por ela
controlados.
57. Muitos ativos, por exemplo, contas a receber e
imoveis, estao ligados a direitos legais, inclusive
o direito de propriedade. Ao determinar a exis-
tencia de urn ativo, 0 direito de propriedade nao
e essencial; assim, por exemplo, urn imovel objeto
de arrendamento e urn ativo, desde que a entidade
controle os beneficios economicos provenientes da
propriedade. Embora a capacidade de uma entida-
de controlar os beneficios economicos normalmen-
te seja proveniente da existencia de direitos legais,
urn item pode satisfazer a defini~ao de urn ativo
mesmo quando nao ha controle legal. Por exemplo,
o know-how obtido por meio de uma atividade de
desenvolvimento de produto pode atender a defi-
ni~ao de ativo quando, mantendo 0 know-how em
segredo, a entidade controla os beneficios econo-
micos provenientes desse ativo.
58. Os ativos de uma entidade resultam de transa~oes
passadas ou outros eventos passados. As entida-
des normalmente obtem ativos comprando-os ou
produzindo-os, mas outras transa~oes ou eventos
podem gerar ativos; por exemplo: urn imovel re-
cebido do governo como parte de urn programa
para fomentar 0 crescimento economico da regUio
onde se localiza a entidade ou a descoberta de ja-
zidas minerais. Transa<;5es ou eventos previstos
para ocorrer no futuro nao podem resultar, por si
mesmos, no reconhecimento de ativos; por isso,
por exemplo, a inten~ao de adquirir estoques nao
atende, por si so, it defini~ao de urn ativo.
59. Ha uma forte associa~ao entre incorrer em gastos
e gerar ativos, mas ambas as atividades nao ne-
cessariamente coincidem entre si. Assim, ° fato de
uma entidade ter incorrido num gasto pode forne-
cer evidencia da sua busca por futuros beneficios
economicos, mas nao e prova conc1usiva de que
42 Manual de Contabilidade Societaxia • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos
a defini~ao de ativo tenha sido obtida. Da mesma
forma, a ausencia de um gasto nao impede que um
item atenda a defini~ao de ativo e se qualifique
para reconhecimento no balan~o patrimonial; por
exemplo, itens que foram doados a entidade po-
dem atender a defini~iio de ativo.
Passivos
60. Uma caracteristica essencial para a existencia de
um passiv~ e que a entidade tenha uma obriga~ao
presente. Uma obriga~ao e um dever ou respon-
sabilidade de agir ou fazer de uma certa maneira.
As obriga~oes podem ser legalmente exigiveis em
eonsequencia de urn eonttato ou de requisitos es-
tatutarios. Esse e normalmente 0 easo, por exem-
plo, das contas a pagar por mercadorias e servi~os
recebidos. Obriga~oes surgem tambem de praticas
usuais de neg6cios, usos e costumes e 0 desejo de
manter boas rela~oes comerciais ou agir de manei-
ra equitativa. Se, por exemplo, uma entidade de-
cide, por uma questiio de politica mercadol6gica
ou de imagem, retificar defeitos em seus produtos,
mesmo quando tais defeitos tenham se tornado co-
nhecidos depois que expirou 0 perfodo da garantia,
as importancias que espera gastar com os produtos
ja vendidos constituem-se em passivos.
61. Deve-se fazer uma distin~ao entre uma obriga~ao
presente e um compromisso futuro. A decisao da
Administra~iio de uma entidade de adquirir ativos
no futuro nao constitui, por si so, uma obriga<;ao
presente. A obriga~iio normalmente surge somen-
te quando 0 ativo e recebido ou a entidade assina
um acordo irrevogavel de aquisi~iio do ativo. Neste
ultimo caso, a natureza irrevogavel do acordo sig-
nifica que as consequencias economicas de deixar
de cumprir a obriga~ao, por exemplo, por causa
da existencia de uma penalidade significativa, dei-
xem a entidade com pouca ou nenhuma alternativa
para evitar 0 desembolso de recursos em favor da
outra parte.
62. A liquida~iio de uma obriga~iio presente geralmen-
te implica na utiliza~ao, pela entidade, de recursos
capazes de gerar beneffcios economicos a fim de
atender 0 direito da outra parte. A extin~ao de uma
obriga~iio presente pode ocorrer de diversas ma-
neiras, por exemplo, por meio de:
a) pagamento em dinheiro;
b) transferencia de outros ativos;
c) presta~iio de
servi~os;
d) substitui~iio da obriga~iio por outra; ou
e) conversiio da obriga~iio em capital.
Uma obriga~iio pode tambem ser extinta por ou-
ttos meios, tais como pela renuncia do eredor ou
pela perda dos seus direitos crediticios.
63. Passivos resultam de transa~oes ou outros eventos
passados. Assim, por exemplo, a aquisi~iio de mer-
cadorias e 0 usc de servi~os resultam em contas
a pagar (a niio ser que pagos adiantadamente ou
na entrega) e 0 recebimento de um emprestimo re-
sulta na obriga~iio de liquida-Io. Ou uma entidade
pode ter a necessidade de reconhecer como pas-
sivo futuros abatimentos baseados no volume das
compras anuais dos clientes; nesse caso, a venda
das mercadorias no passado e a transa~iio da qual
deriva 0 passivo.
64. Alguns passiv~s somente podem ser mensurados
com 0 emprego de urn elevado grau de estimativa.
No Brasil esses passiv~s siio descritos como pro-
visoes. A defini~ao de passiv~, constante do item
49, tern urn enfoque amplo e assim, se a provisiio
envolve uma obriga~iio presente e satisfaz os de-
mais criterios da defini~iio, ela e urn passiv~, ainda
que seu valor tenha que ser estimado. Exemplos
incluem provisoes por pagamentos a serem feitos
para atender acordos com garantias em vigor e
provisoes para fazer face a obriga~oes de aposen-
tadoria.
Patrimonio Liquido
65. Embora 0 patrimonio liquido seja definido no item
49 como urn valor residual, ele pode ter subclassifi-
ca~oes no balan~o patrimonial. Por exemplo, recur-
sos aportados pelos s6cios, reservas resultantes de
apropria~oes de lucros e reservas para manuten~iio
do capital podem ser demonstrados separadamen-
teo Tais classifica~oes podem ser importantes para a
tomada de decisiio dos usuarios das demonstra~oes
contabeis quando indicarem restri~5es legais ou de
outra natureza sobre a capacidade que a entida-
de tern de distribuir ou aplicar de outra forma os
seus recursos patrimoniais. Podem tambem refletir
o fato de que acionistas de uma entidade tenham
direitos diferentes em rela~iio ao recebimento de
dividendos ou reembolso de capital.
66. A constitui~ao de reservas e, as vezes, exigida pelo
estatuto ou por lei para dar a entidade e seus cre-
dores uma margem maior de prote~iio contra os
efeitos de prejuizos. Outras reservas podem ser
constituidas em atendimento a leis que concedem
isen~5es ou redu~oes nos impostos a pagar quando
sao feitas transferencias para tais reservas. A exis-
tencia e 0 valor de tais reservas legais, estatutarias
e fiscais representam informa~5es que podem ser
importantes para a tomada de decisao dos usm\-
rios. As transferencias para tais reservas sao apro-
pria~6es de lucros acumulados, portanto nao cons-
tituem despesas.
67. 0 valor pelo qual 0 patrimonio liquido e apresenta-
do no balan~o patrimonial depende da mensura~ao
dos ativos e passivos. Nortnalmente, 0 valor do pa-
trimonio liquido somente por coincidencia e igual
ao valor de mercado das a~6es da entidade ou da
soma que poderia ser obtida pela venda dos seus
ativos e liquida~ao de seus passivos numa base
de item por item, ou da entidade como urn todo,
numa base de continuidade operacional.
68. Atividades comerciais e industriais bern como ou-
tros negocios sao frequentemente exercidos por
meio de firmas individuais, sociedades limitadas,
entidades estatais e outras organiza~6es cuja estru-
tura legal e regulamentar pode ser diferente daque-
la aplidvel as sociedades por a~6es. Por exemplo,
pode haver poucas restri<;6es, ou nenhuma, sabre a
distribui~ao aos proprietarios ou outros beneficia-
rios de importancias ineluidas no patrimonio liqui-
do. Independentemente desses fatos, a defini~ao
de patrimonio liquido e os outros aspectos desta
Estrutura Conceitual que tratam do patrimonio Ii-
quido sao igualmente aplicaveis a tais entidades.
Desempenho
69. 0 resultado e frequentemente usado como medida
de desempenbo ou como base para outras avalia-
~6es, tais como 0 retorno do investimento ou resul-
tado por a~ao. Os elementos diretamente relaciona-
dos com a mensura~ao do resultado sao as receitas
e as despesas. 0 reconbecimento e mensura~ao das
receitas e despesas e, consequentemente, do resul-
tado, dependem em parte dos conceitos de capital e
de manuten~ao do capital usados pela entidade na
prepara~ao de suas demonstra~6es contabeis. Esses
conceitos sao discutidos nos itens 102 a no.
70. Receitas e despesas sao definidas como segue:
a) Receitas sao aumentos nos beneficios economi-
cos durante 0 periodo contabil sob a fortna de
entrada de recursos ou aumento de ativos ou
diminui~ao de passivos, que resultam em au-
mentos do patrimonio liquido e que nao sejam
provenientes de aporte dos proprietarios da en-
tidade; e
b) Despesas sao decrescimos nos beneficios econo-
micos durante 0 perfodo contabil sob a forma
de saida de recursos ou redu~ao de ativos ou
incrementos em passivos, que resultam em de-
crescimo do patrimonio liquido e que nao se-
jam provenientes de distribui~ao aos proprieta-
rios da entidade.
Estrutura Conceitual da Contabilidade 43
71. As defini~6es de receitas e despesas identificam os
seus aspectos essenciais, mas naG especificam as
criterios que precisam ser satisfeitos para que se-
jam reconbecidas na demonstra~ao do resultado.
Os criterios para 0 reconhecimento das receitas e
despesas sao comentados nos itens 82 a 98.
72. As receitas e despesas podem ser apresentadas na
demonstra~ao do resultado de diferentes maneiras,
de modo que prestem informa~6es relevantes para
a tomada de decis6es. Por exemplo, e pratica co-
mum distinguir entre receitas e despesas que sur-
gem no curso das atividades usuais da entidade e
as demais. Essa distin~ao e feita porque a fonte de
uma receita e relevante na avalia~ao da capacidade
que a entidade tenba de gerar caixa ou equivalen-
tes de caixa no futuro; por exemplo, receitas oriun-
das de atividades eventuais como a venda de urn
investimento de longo prazo normalmente nao se
repetem numa base regular. Nessa distin~ao, deve-
se levar em conta a natureza da entidade e suas
opera~6es. !tens que resultam das atividades ordi-
narias de uma entidade podem ser incomuns em
outras entidades.
73. A distin~ao entre itens de receitas e de despesas
e a sua combina~ao de diferentes maneiras tam-
bern pertnitem demonstrar varias fortnas de medir
o desempenho da entidade, com maior ou menor
abrangencia de itens. Por exemplo, a demonstra-
~ao do resultado pode apresentar a margem bruta,
o luero ou prejuizo das atividades ordinarias antes
dos tributos sobre 0 resultado, 0 lucro ou 0 prejuizo
das atividades ordinarias depois desses tributos e 0
lucro ou prejuizo liquido.
Reeeitas
74. A defini~ao de receita abrange tanto receitas pro-
priamente ditas como ganbos. A receita surge no
curso das atividades ordinarias de uma entidade e e
designada por uma variedade de nomes, tais como
vendas, honorarios, juros, dividend os, royalties e
alugueis.
75. Ganhos representam outros itens que se enqua-
dram na defini~ao de receita e podem ou nao sur-
gir no curso das atividades ordinarias da entidade,
representando aumentos nos beneficios economi-
cos e, como tal, naD diferem, em natureza, das re-
ceitas. Consequentemente, naD sao considerados
como urn elemento separado nesta Estrutura Con-
ceitual.
76. Ganhos ineluem, por exemplo, aqueles que resul-
tam da venda de ativos nao correntes. A defini~ao
de receita tambem inelui ganhos nao realizados;
por exemplo, os que resultam da reavalia~ao de ti-
--_ ...... ~~~ .. ._---------_._._---
44 Manual de Contabilidade Societaria • Iudfdbus, Martins, Gelbcke e Santos
tulos negochiveis e os que resultam de aumentos
no valor de ativos a longo prazo. Quando esses
ganhos sao reconhecidos na demonstra~ao do re-
sultado, eles sao usualmente
apresentados separa-
damente, porque sua divulga~ao e uti! para fins de
tomada de decis6es economicas. Esses ganhos sao,
na maioria das vezes, mostrados liquidos das res-
pectivas despesas.
77. Varios tipos de ativos podem ser recebidos ou au-
mentados por meio da receita; exemplos incluem
caixa, cantas a receber, mercadorias e servic;os re-
cebidos em troca de mercadorias e servi~os fomeci-
dos. A receita tambem pode resultar da liquida~ao
de passivos. Por exemplo, a entidade pode fornecer
mercadorias e servi~os a um credor em liquida~ao
da obriga~ao de pagar um emprestimo.
Despesas
78. A defini~ao de despesas abrange perdas assim como
as despesas que surgem no curso das atividades
ordinarias da entidade. As despesas que surgem
no curso das atividades ordinarias da entidade in-
duem, por exemplo, 0 Ctisto das vendas, salarios
e deprecia~ao. Geralmente, tomam a forma de um
desembolso ou redu~ao de ativos como caixa e
equivalentes de caixa, estoques e ativo imobilizado.
79. Perdas representam outros itens que se enquadram
na defini~ao de despesas e podem ou nao surgir no
curso das atividades ordinarias da entidade, repre-
sentando decrescimos nos beneficios economicos
e, como tal, nao sao de natureza diferente das de-
mais despesas. Assim, nao sao consideradas como
um elemento a parte nesta Estrutura Conceitual.
80. Perdas incluem, por exemplo, as que resultam de
sinistros como incendio e inundac;6es, assim como
as que decorrem da venda de ativos nao correntes.
A defini~ao de despesas tambem inclui as perdas
nao realizadas, por exemplo as que surgem dos
efeitos dos aumentos na taxa de cambio de uma
moeda estrangeira com rela~ao aos emprestimos a
pagar em tal moeda. Quando as perdas sao reco-
nhecidas na demonstra~ao do resultado, elas sao
geralmente demonstradas separadamente, pois sua
divulga~ao e uti! para fins de tomada de decis6es
economicas. As perdas sao geralmente demonstra-
das liquidas das respectivas receitas.
Ajustes para Manuten~ao do Capital
81. A reavalia~ao ou a atualiza~ao de ativos e passivos
dao margem a aumentos ou diminui~6es do patri·
monio liquido. Embora tais aumentos ou diminui-
~6es se enquadrem na defini~ao de receitas e de
despesas, sob certos conceitos de manuten~ao do
capital eles nao sao incluidos na demonstra~ao do
resultado. Em vez disso, tais itens sao incluidos no
patrimonio Hquido como ajustes para manutenc;ao
do capital ou reservas de reavalia~ao. Esses concei-
tos de manuten~ao do capital sao comentados nos
itens 102 a no desta Estrutura Conceitual.
RECONHECIMENTO DOS ELEMENTOS DAS
DEMONSTRA<;:OES CONTABEIS
82. Reconhecimento e 0 processo que consiste em
incorporar ao balan~o patrimonial ou a demons-
tra~ao do resultado um item que se enquadre na
defini~ao de um elemento e que satisfa~a os crite·
rios de reconhecimento mencionados no item 83.
Envolve a descri~ao do item, a atribui~ao do seu
valor e a sua inclusao no balan~o patrimonial ou
na demonstra~ao do resultado. Os itens que satis-
fazem os criterios de reconhecimento devem ser re-
gistrados no balan~o ou na demonstra~ao do resul-
tado. A falta de reconhecimento de tais itens nao
e corrigida pela divulga~ao das praticas contabeis
adotadas nem pelas notas ou material explicativo.
83. Um item que se enquadre na defini~ao de ativo ou
passivo deve ser reconhecido nas demonstra~6es
contabeis se:
a) for provavel que algum beneficio economico fu-
turo referente ao item venha a ser recebido ou
entregue pela entidade; e
b) ele tiver um custo ou valor que possa ser medi·
do em bases confiaveis.
84. Ao avaliar se um item se enquadra nesses criterios
e, portanto, se qualifica para fins de reconhecimen-
to nas demonstrac;6es contaheis, e necessaria consi-
derar as observa~6es sobre materialidade comenta-
das nos itens 29 e 30. 0 inter-relacionamento entre
os elementos significa que um item que se enqua-
dra na defini~ao enos criterios de reconhecimento
de um determinado elemento, por exemplo, um
ativo, requer automaticamente 0 reconhecimento
de outro elementa, por exemplo, uma receita ou
urn passivo.
Probabilidade de Realiza~ao de Beneficio
Economico Futuro
85. 0 conceito de probabilidade e usado nos criterios
de reconhecimento para determinar 0 grau de in-
certeza com que os beneficios economicos futuros
referentes ao item venham a ser recebidos ou en-
tregues pela entidade. 0 conceito esta em confor-
midade com a incerteza que caracteriza 0 ambiente
em que a entidade opera. As avalia~6es do grau
de incerteza ligado ao fluxo de futuros beneficios
economicos sao feitas com base na evidencia dispo-
nivel quando as demonstra~6es contabeis sao pre-
paradas. Por exemplo, quando e provavel que uma
conta a receber devida a entidade seja paga, e en-
tao justifid.vel, na ausencia de qualquer evidencia
em contrario, reconhecer a canta a receber como
urn ativo. Para uma grande quantidade de contas a
receber, entretanto, algum grau de inadimplencia e
normalmente considerado provavel; dessa forma,
reconhece-se como uma despesa a esperada redu-
~ao nos beneficios economicos.
Confiabilidade da Mensura~ao
86. 0 segundo criterio para reconhecimento de urn
item e que ele possua urn custo ou valor que pos-
sa ser determinado em bases confiaveis, conforme
comentado nos itens 31 a 38 desta Estrutura Con-
ceitual. Em muitos casos, 0 custo ou valor precisa
ser estimado; 0 usa de estimativas razoaveis e uma
parte essencial da prepara~ao das demonstra~6es
contabeis e nao prejudica a sua confiabilidade.
Quando, entretanto, nao puder ser feita uma esti-
mativa razoavel, 0 item nao deve ser reconhecido
no balan~o patrimonial ou na demonstra~ao do re-
sultado. Por exemplo, 0 valor que se espera receber
de uma a~ao judicial pode enquadrar-se nas defini-
<;6es tanto de urn ativo como de uma receita, assim
como nos criterios exigidos para reconhecimento;
todavia, se nao e possivel determinar, em bases
confiaveis, 0 valor que sera recebido, ele nao deve
ser reconhecido como urn ativo ou uma receita; a
existencia da reclama~ao devera ser, entretanto, di-
vulgada nas notas explicativas ou demonstra~6es
suplementares.
87. Urn item que, em determinado momento, deixe de
se enquadrar nos criterios de reconhecimento cons-
tantes do item 83 podera qualificar-se para reco-
nhecimento em data posterior como resultado de
circunstancias ou eventos subsequentes.
88. Urn item que possui as caracteristicas de ativo,
passivo, receita ou despesa, mas DaD atende aos
criterios para reconhecimento, pode, entretanto,
requerer divulga~ao nas notas e material explica-
tivos ou em demonstra~6es suplementares. Isso
sera apropriado quando a divulga~ao do item for
considerada relevante para a avalia~ao da posi~ao
patrimonial e financeira, do desempenho e das mu-
ta~6es na posi~ao financeirada entidade por parte
dos usuarios das demonstra~6es contabeis.
Reconhecimento de Ativos
89. Urn ativo e reconhecido no balan~o patrimonial
quando for provavel que beneficios economicos fu-
Estrutura Conceitual da Contabilidade 45
turos dele provenientes fluirao para a entidade e
seu custo ou valor puder ser determinado em bases
confiaveis.
90. Urn ativo nao e reconhecido no balan~o patrimo-
nial quando desembolsos tiverem sido incorridos
ou comprometidos, dos quais seja improvavel a
gera~ao de beneficios economicos para a entida-
de apos 0 periodo contabil corrente. Ao inves, tal
transa<;ao e reconhecida como despesa na demons-
tra~ao do resultado. Esse tratamento nao implica
dizer que a inten~ao da Administra~ao ao incorrer
na despesa nao tenha sido a de gerar beneficios
economicos futuros para a entidade ou que a Ad-
ministra~ao tenha sido mal conduzida. A unica im-
plica~ao e que 0 grau de certeza quanta a gera<;ao
de beneficios economicos para a entidade,
apos 0
periodo contabil corrente, e insuficiente para justi-
ficar 0 reconhecimento de urn ativo.
Reconhecimento de Passivos
91. Urn passivo e reconhecido no balan~o patrimonial
quando for provavel que uma saida de recursos en-
volvendo beneficios economicos seja exigida em li-
quida~ao de uma obriga<;ao presente e 0 valor pelo
qual essa liquida<;ao se dara possa ser determina-
do em bases confiaveis. Na pca.tica, as obriga~6es
contratuais ainda nao integralmente cumpridas
de forma proporcional (por exemplo, obriga~6es
decorrentes de pedidos de compra de produtos e
mercadorias, mas ainda nao recebidos) nao sao ge-
ralmente reconhecidas como passivos nas demons-
tra<;6es contabeis. Contudo, tais obriga~6es podem
enquadrar-se na defini~ao de passiv~s e, desde que
sejam atendidos os criterios de reconhecimento
nas circunstancias espedficas, poderao qualificar-
se para reconhecimento. Nesses casos, 0 reconhe-
cimento do passiv~ exige 0 reconhecimento dos
correspondentes ativo ou despesa.
Reconhecimento de Receitas
92. A receita e reconhecida na demonstra<;ao do resul-
tado quando resulta em urn aumento, que possa
ser determinado em bases confiaveis, nos benefi-
cios economicos futuros provenientes do aumento
de urn ativo ou da diminui~ao de urn passivo. !sso
significa, de fato, que 0 reconhecimento da recei-
ta ocorre simultaneamente com 0 reconhecimento
de aumento de ativo ou de diminui~ao de passivo.
Mas isso nao significa que todo aumento de ativo
ou redu<;ao de passiv~ corresponda a uma receita.
93. Os procedimentos normalmente adotados na pra-
tica para reconhecimento da receita, como por
exemplo 0 requisito de que a receita deve ter sido
46 Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos
ganha, silo aplica~5es dos criterios de reconheci-
mento definidos nesta Estrutura Conceitual. Tais
procedimentos sao geralmente orientados para
restringir 0 reconhecimento como receita aqueles
itens que possam ser determinados em hases con-
fiaveis e tenham urn grau suficiente de certeza.
Reconhecimento de Despesas
94. AI; despesas silo reconhecidas na demonstra~ilo do
resultado quando surge urn decrescimo, que possa
ser determinado em bases confiaveis, nos futuros
heneficios economicos provenientes da diminui~ilo
de urn ativo ou do aumento de um passivo. !sso
significa, de fato, que 0 reconhecimento de despe-
sa ocorre simultaneamente com 0 reconhecimento
do aumento do passivo ou da diminui~ilo do ativo
(por exemplo, a provisilo para ohriga~5es traha-
Ihistas ou a deprecia~ilo de um equipamento).
95. AI; despesas silo reconhecidas na demonstra~ilo do
resultado com base na associa~ilo direta entre elas
e os correspondentes itens de receita. Esse proces-
so, usualmente chamado de confronta~ilo entre
despesas e receitas (Regime de Competencia), en-
volve 0 reconhecimento simultaneo ou combinado
das receitas e despesas que resultem diretamen-
te das mesmas transa<;6es ou outros eventos; por
exemplo, os varios componentes de despesas que
integram 0 custo das mercadorias vendidas devem
ser reconhecidos na mesma data em que a receita
derivada da venda das mercadorias e reconhecida.
Entretanto, a aplica~ao do conceito de confronta-
~ao da receita e despesa de acordo com esta Estru-
tura Conceitual nao autoriza 0 reconhecimento de
itens no balan~o patrimonial que nao satisfa~am a
defini~ilo de ativos ou passivos.
96. Quando se espera que os beneficios economicos se-
jam gerados ao longo de varios periodos contabeis,
e a confronta~ao com a correspondente receita
somente possa ser feita de modo geral e indireto,
as despesas silo reconhecidas na demonstra~ao do
resultado com base em procedimentos de aloca~ao
sistematica e racional. Muitas vezes isso e necessa-
rio ao reconhecer despesas associadas com 0 usa
ou desgaste de ativos, tais como imobilizado, agio,
marcas e patentes; em tais casos, a despesa e de-
signada como deprecia~ao ou amortiza~ao. Esses
procedimentos de aloca~ao destinam-se a reconhe-
cer despesas nos periodos contabeis em que os be-
neffcios economicos associados a tais itens sejam
consumidos ou expirem.
97. Uma despesa e reconhecida imediatamente na
demonstra~ao do resultado quando um gasto nao
produz beneficios economicos futuros ou quando,
e na extensilo em que os beneficios economicos fu-
turos nao se qualificam, ou deixam de se qualificar,
para reconhecimento no balan~o patrimonial como
urn ativo.
98. Uma despesa e tambem reconhecida na demons-
tra~ilo do resultado quando urn passivo e incorri-
do sem 0 correspondente reconhecimento de urn
ativo, como no caso de um passivo decorrente de
garantia de produto.
MENSURAc;AO DOS ELEMENTOS DAS
DEMONSTRA<;OES CONTABEIS
99. Mensura~ilo e 0 processo que consiste em deter-
minar os valores pelos quais os elementos das
demonstra~5es contabeis devem ser reconhecidos
e apresentados no balan~o patrimonial e na de-
monstra~ao do resultado. Esse processo envolve a
sele~ao de uma base especifica de mensura~ao.
100. Diversas bases de mensura~ilo silo empregadas
em diferentes graus e em variadas combina~5es
nas demonstra<;6es contabeis. Essas bases in-
cluem 0 seguinte:
a) Custo hist6rico. Os ativos silo registrados pelos
valores pagos ou a serem pagos em caixa ou
equivalentes de caixa ou pelo valor justo dos
recursos que sao entregues para adquiri-Ios na
data da aquisi~ao, podendo ou nao ser atua-
lizados pela varia~ao na capacidade geral de
compra da moeda. Os passivos sao registrados
pelos valores dos recursos que foram recebi-
dos em troca da obriga~ao ou, em algumas
circunstancias (por exemplo, imposto de ren-
da), pelos valores em caixa ou equivalentes
de caixa que serao necessarios para liquidar
o passiv~ no curso normal das opera<;6es, po-
dendo, tambem, em certas circunstancias, ser
atualizados monetariamente.
b) Custo corrente. Os ativos sao reconhecidos pe-
los valores em caixa ou equivalentes de cai-
xa que teriam de ser pagos se esses ativos ou
ativos equivalentes fossem adquiridos na data
do balan~o. Os passivos silo reconhecidos pe-
los val ores em caixa ou equivalentes de caixa,
nilo descontados, que seriam necessarios para
liquidar a obriga~ilo na data do balan~o.
c) Valor realizavel (valor de realiza,iio au de liqui-
da,iio). Os ativos sao mantidos pelos valores
em caixa ou equivalentes de caixa que pode-
riam ser obtidos pela venda numa forma or-
denada. Os passivos sao mantidos pelos seus
valores de liquida~ao, isto e, pelos valores em
caixa e equivalentes de caixa, nao desconta-
dos, que se espera seriam pagos para liquidar
as correspondentes obriga~5es no curso nor-
mal das opera~6es da entidade.
d) Valor presente. Os ativos sao mantidos pelo va-
lor presente, descontado, do fluxo futuro de
entrada Iiquida de caixa que se espera seja ge-
rado pelo item no curso normal das opera~6es
da entidade. Os passivos sao mantidos pelo
valor presente, descontado, do fluxo futuro de
saida Iiquida de caixa que se espera seja ne-
cessario para Iiquidar 0 passivo no curso nor-
mal das opera~6es da entidade.
101. A base de mensura~ao mais comumente adotada
pelas entidades na prepara~ao de suas demons-
tra~6es contabeis e 0 custo historico. Ele e nor-
malmente combinado com outras bases de ava-
Iia~ao. Por exemplo, os estoques sao geralmente
mantidos pelo menor valor entre 0 custo e 0 valor
Iiquido de realiza~ao, os titulos e a~6es negocia-
veis podem em determinadas circunstancias ser
mantidos a valor de mercado e os passivos decor-
rentes de pens6es sao mantidos pelo valor pre-
sente de tais beneficios no futuro. A1em disso, em
algumas circunstancias entidades usam a base de
custo corrente como uma resposta Ii incapacidade
do modelo contabil de custo historico em enfren-
tar os efeitos das mudan~as de pre~os dos
ativos
naD monetarios.
CONCEITOS DE CAPITAL E MANUTEN<;AO DE
CAPITAL
Conceitos de Capital
102. 0 conceito financeiro de capital e adotado pela
maioria das entidades na prepara~ao de suas de-
monstra~6es contabeis. De acordo com 0 conceito
financeiro de capital, tal como 0 dinheiro investi-
do ou 0 seu poder de compra investido, 0 capital
e sinonimo de ativo Iiquido ou patrimonio Iiquido
da entidade. Por outro lado, segundo 0 conceito
fisico de capital, 0 capital e considerado como a
capacidade produtiva da entidade baseada, por
exemplo, nas unidades de produ~ao diaria.
103. A sele~ao do conceito de capital apropriado para
a entidade deve ser baseada nas necessidades dos
usuarios das demonstrac;6es contabeis. Assim, 0
conceito financeiro de capital deve ser adotado
se os usuarios das demonstra~6es contabeis estao
principalmente interessados na manuten~ao do
capital nominal investido ou no poder de compra
do capital investido. Se, entretanto, a principal
preocupa~ao dos usuarios e com a capacidade
operacional da entidade, 0 conceito fisico de ca-
pital deve ser usado. 0 conceito escolhido indica
a meta a ser atingida na determina~ao do luero,
embora possa haver dificuldades de mensura~ao
em se tomar operacional esse conceito.
Estrutura Conceitual da Contabilidade 47
Conceitos de Manuten~ao do Capital e
Determina~ao do Luero
104. Os conceitos de capital mencionados no item 102
dao origem aos seguintes conceitos de manuten-
~ao de capital:
a) Manuten,ilo do capital financeiro. De acordo
com esse conceito, 0 lucra e auferido somen-
te se 0 montante financeiro (ou dinheiro) dos
ativos Iiquidos no fim do periodo excede 0 seu
montante financeiro (ou dinheiro) no come~o
do periodo, depois de excluidas quaisquer dis-
tribui~6es aos proprietarios e seus aportes de
capital durante 0 periodo. A manuten~ao do
capital financeiro pode ser medida em qual-
quer unidade monetaria nominal ou em uni-
dades de poder aquisitivo constante.
b) Manuten,ilo do capital fisico. De acordo com
esse conceito, 0 lucre e auferido somente se
a capacidade fisica produtiva (ou capacidade
operacional) da entidade (ou os recursos ou
fundos necessarios para atingir essa capaci-
dade) no fim do periodo excede a capacidade
fisica produtiva no inicio do periodo, depois
de excluidas quaisquer distribui~6es aos pro-
prietarios e seus aportes de capital durante 0
periodo.
105. 0 conceito de manuten~ao do capital esta rela-
cionado Ii forma como a entidade define 0 capital
que ela procura manter. Ele representa urn elo en-
tre os conceitos de capital e os conceitos de lucro,
pois fornece urn ponto de referencia para medi-
~ao do lucro; e uma condi~ao essencial para dis-
tinguir entre 0 retorno sobre 0 capital da entidade
e a recupera~ao do capital; somente os ingressos
de ativos que excedem os valores necessarios para
manuten~ao do capital podem ser considerados
como lucra €, portanto, como retorno sabre 0
capital. Portanto, 0 lucro e 0 valor remanescen-
te depois que as despesas (inclusive os ajustes de
manuten~ao do capital, quando for apropriado)
tiverem sido deduzidas do resultado. Se as despe-
sas excederem a receita, 0 saldo sera urn prejuizo.
106. 0 conceito fisico de manuten~iio de capital requer
a ado~ao do custo corrente como base de avalia-
~ao. 0 conceito financeiro de manuten~ao do ca-
pital, entretanto, nao requer 0 usa de uma base
espedfica de mensura~ao. A escolha da base con-
forme este conceito depende do tipo de capital fi-
nanceiro que a entidade esta procurando manter.
107. A principal diferen~a entre os dois conceitos de
manuten~ao do capital esta no tratamento dos
efeitos das mudan~as nos pre~os dos ativos e pas-
sivos da entidade. Em termos gerais, uma enti-
48 Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos
dade ten, mantido seu capital se ela tiver tanto
capital no fim do periodo como tinha no inicio,
computados os efeitos das distribui~6es aos pro-
priet<,rios e seus aportes para 0 capital durante
esse periodo. Qualquer valor alem daque1e ne-
cessario para manter 0 capital do inicio do pe-
dodo e lucro.
108. De acordo com 0 conceito financeiro de manu-
ten~ao do capital, no qual 0 capital e definido
em termos de unidades monetarias nominais, 0
lucro representa 0 aumento do capital moneta-
rio nominal no perfodo. Assim, os aumentos nos
pre~os de ativos mantidos no periodo, convencio-
nalmente designados como ganhos de estocagem,
sao, conceitualmente, lucros. Poderao eles nao
ser reconhecidos como tais, entretanto, ate que
os ativos sejam vendidos mediante uma transa-
~ao com terceiros. Quando 0 conceito financeiro
de manuten~ao de capital e definido em termos
de unidades de poder aquisitivo constante, 0 lu-
cro representa 0 aumento do poder aquisitivo, no
periodo, do capital investido. Assim, somente a
parce1a do aumento nos pre~os dos ativos que ex-
ceder 0 aumento no nivel geral de pre~os e consi-
derada como lucro. 0 restante do aumento e tra-
tado como urn ajuste para manuten~ao do capital
e, consequentemente, como parte integrante do
patrimonio lfquido.
109. De acordo com 0 conceito fisico de manuten~ao
do capital, quando 0 capital e definido em termos
de capacidade fisica produtiva, 0 lucro representa
o aumento desse capital no periodo. Todas as mu-
dan~as de pre~os afetando ativos e passiv~s da en-
tidade sao vistas, nesse conceito, como mudan<;as
na mensura~ao da capacidade fisica produtiva da
entidade; dessa forma, devem ser tratadas como
ajustes para manuten~ao do capital, que sao parte
do patrimonio lfquido, e nao como lucro.
110. A sele~ii.o das bases de mensura~ao e 0 conceito
de manuten~ii.o do capital determinarao 0 modele
contabil usado na prepara~ao das demonstra~6es
contabeis. Diferentes modelos contabeis apresen-
tam diferentes graus de relevancia e confiabili-
dade e, como em outras areas, a Administra~ao
deve procurar urn equilibrio entre a relevancia e a
confiabilidade, considerando tambem 0 consenso
entre os agentes economicos. Esta Estrutura Con-
ceitual e aplicavel a urn elenco de modelos conta-
beis e orienta na prepara~ao e apresenta~ii.o das
demonstra~6es contabeis elaboradas conforme 0
modele escolhido.
2.3 Tratamento para as pequenas e medias
empresas
Os conceitos abordados neste capitulo tambem sao
aplicaveis its entidades de pequeno e medio porte. Para
maior detalhamento, consultar 0 Pronunciamento Tec-
nico PME - Contabilidade para Pequenas e Medias Em-
presas.
3
Disponibilidades - Caixa e
Equivalentes de Caixa
3.1 Introdu~ao
A Lei das Sociedades por A~5es (Lei n2 6.404/76)
estabelece, em seu art. 178, que no Ativo as contas se-
rao dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez
e, dentro desse conceito, as contas de Disponibilidades
sao as primeiras a serem apresentadas no Balan~o e,
como tambem definido pelo art. 179, dentro do Ativo
Circulante.
A intitula~ao Disponibilidades, dada pela Lei n'
6.404, e usada para designar dinheiro em caixa e em
bancos, bern como valores equivalentes, como cheques
em maDS e em transito que representam recursos com
livre movimenta~ao para aplica~ao nas opera~5es da
empresa e para os quais nao h'\ia restri~5es para uso
imediato.
Mas as normas internacionais trabalham muito
mais com 0 conceito de Caixa e Equivalentes de Cai-
xa, 0 que engloba, alem das disponibilidades propria-
mente ditas, valores que possam ser convertidos, a
curto prazo, em dinheiro, sem riscos. Os equivalentes
de caixa sao mantidos com a finalidade de atender a
compromissos de caixa de curto prazo e nao para in-
vestimento ou outros fins e devem ter conversibilidade
imediata em urn montante conhecido de caixa e estar
sujeitos a urn insignificante risco de mudan~a de valor.
Por conseguinte, urn investimento,
normalmente, se
qualifica como equivalente de caixa quando tern venci-
mento de curto prazo, por exemplo tres meses ou me-
nos, a contar da data da contrata~ao. Os investimentos
em a~5es de outras entidades sao excluidos dos equi-
valentes de caixa a menos que eles sejam, em essencia,
urn equivalente de caixa, como por exemplo nos casos
de a~5es preferenciais resgataveis que tenham prazo
definido de resgate e cujo prazo atenda a defini~ao de
curto prazo.
Dentro desse conceito, as aplica~5es em dtulos de
liquidez imediata e aplica~5es financeiras resgataveis
aproximadamente no prazo de 90 dias da data do balan-
~o sao tambem classificaveis como Equivalentes de Cai-
xa, devendo, todavia, ser mostradas em canta a parte.
Em fun~ao desse conteudo basico das Disponibili-
dades, no Modelo de Plano de Contas apresentado nes-
te Manual, temos as seguintes contas:
I - ATNO CIRCUlANTE
1. D1SPONivEL
Caixa
Depositos bancarios a vista
Numenirio em transito
Equivalentes de Caixa - Aplica~5es de Ii-
quidez imediata
50 Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos
3.2 Conteiido e classifica~ao
3.2.1 Caixa
Inclui dinheiro, bern comO cheques em maos, re-
cebidos e ainda nao depositados, pagaveis irrestrita e
imediatamente.
Norrnalmente, 0 saldo de caixa pode estar regis-
trado na empresa em uma ou diversas contas, depen-
dendo de suas necessidades operacionais e locais de
funcionamento.
AMm disso, ha, basicamente, dois tipos de con-
troles da conta Caixa, sendo eles fundo fixo e caixa
flutuante.
a) FUNDO FIXO
No sistema de fundo fixo, nao ha, normalmente,
problemas de classifica~ao de valores. Nesse sistema,
define-se uma quantia fixa que e fomecida ao respon-
savel pelo fundo, suficiente para os pagamentos de di-
versos dias e, periodicamente, efetua-se a presta~ao de
contas do valor total desembolsado, repondo-se 0 valor
do fundo fixo, por meio de cheque nominal, a seu res-
ponsavel.
A contabiliza~ao de tais desembolsos e feita a cre-
dito de bancos e a debito das despesas, ou seja, depois
de constituido 0 fundo fixo, a conta respectiva nao re-
cebe mais contabiliza~6es (a nao ser por aumento ou
redu~ao do valor do fundo). Dessa forma, todos os pa-
gamentos nao efetuados pelo fundo fixo sao feitos por
cheques creditados diretamente em Bancos e todos os
recebimentos, em dinheiro ou cheques, sao depositados
diretamente nas contas bancarias sem, portanto, transi-
tar contabilmente pela conta Caixa.
E necessario que, na data do balan~o, nesse fundo
so haja realmente dinheiro, ou seja, que os comprovan-
tes de despesas tenham sido contabilizados.
b)CAJXAFLUTUANTE
No sistema de caixa flutuante, transitam pela con-
ta Caixa os recebimentos e os pagamentos em dinheiro.
Nesse sistema, podem ocorrer maiores problemas
de ordem de classifica~ao contabil de val ores, pois 0
saldo da conta Caixa muitas vezes apresenta nao so
° dinheiro propriamente dito, mas, tambem, vales,
adiantamentos para despesas de viagens e outras des-
pesas, cheques recebidos a depositar, valores penden-
tes e outros. Como ja mencionado, no saldo da conta
Caixa, para fins de Balan~o, deve figurar tao somente 0
saldo em dinheiro, ja que os vales e adiantamentos de-
vern constar do Balan~o em conta propria de realizavel
como Adiantamentos, conforme 0 Modelo do Plano de
Contas apresentado. (Veja itens 4.3.7 e 4.3.8 do Capi-
tulo 4, Contas a Receber.)
Ha empresas que ainda efetuam toda a contabi-
liza~ao por meio da conta Caixa, incluindo todos os
recebimentos e todos os pagamentos em cheques, ge-
rando urn grande e desnecessario volume de debitos e
creditos.
Os cheques em maos, oriundos de recebimentos
ainda nao depositados, podem figurar no Disponivel,
se representarem cheques normais pagaveis imedia-
tamente. Por outro lado, os cheques de terceiros em
maos, mas s6 recebiveis posteriormente, nao devem ser
classificados como Disponivel. Veja conta propria de
cheques em cobran~a no subgrupo Outros Creditos, no
Modelo de Plano de Contas, e descri~ao no item 4.3.3
do Capitulo 4, Contas a Receber.
3.2.2 Depositos bancarios a vista
a) CONTAS DE LIVRE MOVIMENTAGA.O
Sao representados normalmente pelas contas de
livre movimenta~ao mantidas pela empresa em bancos.
Tais contas podem ser dos seguintes tipos:
a) conta movimento ou depositos sem limite;
b) contas especiais para pagamentos espe-
cificos, tais como contas para folha de pa-
gamento do pessoal, dividendos a pagar a
acionistas, desembolsos de filiais ou fabri-
cas. Essas contas normalmente sao mantidas
mais como medida intema da empresa para
facilidade de opera~ao e conrrole desses pa-
gamentos, e a tendencia e de que, ao final
dos periodos, seus saldos estejam zerados.
Normalmente, essas contas podem ser li-
vremente movimentadas pela empresa por
meio de cheques, sendo, portanto, disponi-
bilidades, ja que sua abertura e feita mais
como medida intema de controle;
c) contas especiais de cobran~a. Esse tipo de
conta e aberto por inumeras empresas para
amp liar a rede de cobran~a bancaria de suas
duplicatas ou contas, por ter grande area geo-
grafica de atua~ao, visando facilitar 0 paga-
mento por seus clientes, ou mesmo para que
suas filiais ou agentes de cobran~a deposi-
tem os recebimentos efetuados. Muitas ve-
zes, tais contas s6 podem ser movimentadas
por transferencia peri6dica ou automatica
de seu saldo para a conta movimento manti-
da pela empresa no referido banco. Esse tipo
de conta tambem representa disponibilidade
normal.
b)CONTASBANCARlASNEGATIVAS
Contas bancarias negativas (credoras) ou saldos
a favor de bancos nao devem ser demonstrados como
redu~ao dos demais saldos bancarios, mas, separada-
mente, como urn item do Passivo Circulante. Exce~ao e
feita aos casos em que tais saldos devedores e credores
estejam no mesmo banco e desde que a empresa tenha
o direito de compensa-Ios.
Nesse sentido, 0 Pronunciamento Tecnico CPC 03
- Demonstra~ao dos Fluxos de Caixa, em seu item 9,
definiu 0 tratamento desses saldos quando estabeleceu
sua inclusao na atividade de financiamento:
Emprestimos bancarios sao geralmente considera-
dos como atividades de financiamento. Entretanto, em
determinadas circunstancias, saldos bancarios a des-
coberto, decorrentes de emprestimos obtidos por meio
de instrumentos como cheques especiais ou contas-cor-
rentes garantidas sao liquidados automaticamente de
forma a integrarem a gestao das disponibilidades da
entidade. Uma caracteristica de tais contas correntes e
que frequentemente os saldos flutuam de devedor para
credor. Nessas circunstancias, esses saldos bancarios a
descoberto devem ser incluidos como urn componente
do caixa e equivalentes de caixa. A parcela nao utiliza-
da do limite dessas linhas de credito nao devera com-
por os equivalentes de caixa.
c) DATA DE CONTABILIZA<;AO DE CHEQUES
Os cheques devem ser contabilizados por sua emis-
sao quando isso corresponder aproximadamente a data
da entrega aos beneficiarios, ou seja, as cheques emi-
tidos ate a data do balan~o estarao deduzidos dos sal-
dos bancarios. Todavia, nos casos em que tais cheques
ainda nao tenham sido entregues aos favorecidos, e se
forem de valores substanciais, deverao ser adicionados
aos saldos bancarios e as contas correspondentes do
Passivo Circulante.
d) CONCILIA<;OES BANCARlAS
Para todas as contas bancarias, urn aspecto de con-
trole muito importante (que muitas vezes afeta 0 saldo
respectivo no balan~o) e que devem ser feitas conci-
lia~6es bancarias periodicamente, particularmente na
data do Balan~o. Essas concilia~6es entre os saldos da
contabilidade com os dos extratos bancarios permitem
a identifica~ao das pendencias existentes para sua con-
tabiliza~ao ainda dentro do periodo. Isso ocorre nor-
malmente
com avisos bancarios de despesas debitadas
pelo banco, mas ainda nao registradas pela empresa,
com avisos de cobran~as efetuadas pelo banco e ainda
nao contabilizadas, e com outros itens.
Disponihilidades - Caixa e Equivalentes de Caixa 51
e) SITUA<;OES ESPECIAIS
Contas em Bancos em Liquida~ao
Os saldos de contas mantidas em bancos que este-
jam em liquida~ao au sob interven~ao devem ser classi-
ficados como Contas a Receber no Ativo Circulante ou
Realizavel a Longo Prazo, dentro do Ativo Nao Circu-
lante, dependendo da situa~ao especifica, e, tambem,
devera ser feita uma estimativa adequada para possi-
veis perdas. Caso sejam valores significativos, devera
ser feita uma nota explicativa a esse respeito.
Depositos Bancarios Vinculados
Ha diversas situa~6es que requerem de uma em-
presa a aplica~ao ou manuten~ao de recursos em depo-
sitos vinculados em bancos, tais como:
• depositos vinculados para liquida~ao de con-
tratos de cambio ou para liquida~ao de im-
porta~6es;
• depositos vinculados a liquida~ao de empn§s-
timos;
• depositos vinculados a substitui~ao ou reposi-
~ao de garantias de emprestimos;
• depositos bloqueados ou com restri~ao de
movimenta~ao por for~a de clausula contra-
tual de financiamento ou para obten~ao de
linhas especiais de cn§dito etc.
Pela propria natureza de tais contas bancarias es-
peciais, seus saldos nao estao imediatamente disponi-
veis para os pagamentos normais da empresa, ja que
estao sujeitos a restri~6es quanta a retirada au a outras
condi~6es. Dessa forma, tais Depositos Bancarios Vin-
culados nao devem fazer parte integrante das Dispo-
nibilidades, e sua classifica~ao no Balan~o deve levar
em canta suas caracteristicas espedficas e as restri~6es
existentes.
Assim, em conformidade com 0 Pronunciamento
Tecnico CPC 03, a entidade deve divulgar, em nota ex-
plicativa, acompanhada de urn comentario da adminis-
tra~ao, os saldos de caixa e equivalentes de caixa que
nao estejam disponiveis para usa pelo grupo.
Usualmente, tais depositos serao classificaveis fora
das Disponibilidades em conta a parte no Ativo Circu-
lante ou Realizavel a Longo Prazo, motivo pelo qual
o Modelo de Plano de Contas apresenta a conta De-
positos Bancarios Vinculados nesses dois grupos. Outra
considera~ao que deve ser feita e que, nos casos em
que tais depositos sejam recursos vinculados a liquida-
~ao de determinado emprestimo ou financiamento, sua
classifica~ao no Balan~o poderia ser como conta redu-
tora do passivo correspondente ou, se mantida a clas-
sifica~ao no Ativo, 0 saldo devera ser segregado entre
52 Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos
circulante e longo prazo, acompanhando a classifica~ao 3.3 Criterios de avalia~ao
no Passivo do empn'stimo correspondente.
3.2.3 Numerario em transito
A empresa pode ter tambem, como disponibilida-
de, numenirio em transito decorrente de:
• remessas para filiais, depositos ou semelhan-
tes, por meio de cheques, ordem de paga-
mento etc.;
• recebimentos dessa mesma especie, ou ainda
de clientes ou terceiros, quando conhecidos
ate a data do balan~o.
Tal dinheiro em transite representa tambem urn
disponivel classificavel juntamente com os saldos em
bancos.
Poderia, tambem, conforme as necessidades de
cada empresa, ser criada no Plano de Contas uma conta
especifica para registrar 0 Numerario em Transito den-
tro do subgrupo Disponivel.
3.2.4 Aplicaroes de liquidez imediata
As aplica~6es de curtissimo prazo no mercado fi-
nanceiro tambem sao consideradas como disponivel.
De acordo com 0 Pronunciamento Tecnico CPC 03, as
aplica~6es financeiras de curto prazo, de alta liquidez,
que sao prontamente conversiveis em urn montante
conhecido de caixa e que estao sujeitas a urn insigni-
ficante risco de mudan~a de valor, sao consideradas
equivalentes de caixa, os quais sao mantidos com a fi-
nalidade de atender a compromissos de caixa de curto
prazo e nao para investimento ou outros fins. Insigni-
ficante mudan~a de risco de valor tern, como conse-
quencia, que aplica~6es em moeda estrangeira, sujeitas
a mudan~as significativas de valor, nao podem ser aqui
consideradas se nao forem imediatamente resgataveis.
Assim, valem os depositos em moeda estrangeira a vis-
ta, mas nao titulos em moeda estrangeira a vencerem
mesmo que a 60 dias, por exemplo. Tambem nao sao
incluidos nesse subgrupo aplica~6es em moeda nacio-
nal sujeitas a alguma oscila~ao por varia~ao de pre~os
de commodities, mas podem se forem de liquidez alta e
indexadas a urn indice de custo de vida, por exemplo,
se a condi~ao da estabilidade da moeda estiver sendo
observada e nao se previr qualquer oscila~ao significa-
tiva ate 0 vencimento.
De qualquer forma, as atualiza~6es desses valores
so pod em, obviamente, estar feitas ate a data do ba-
lan~o.
3.3.1 Ceral
Exceto quanto as aplica~6es temporarias de caixa,
analisadas a parte no Capitulo 8, Instrumentos Finan-
ceiros, as demais contas do Disponivel nao apresentam
problemas de avalia~ao. De fato, tais contas sao regis-
tradas pelo valor nominal constante dos documentos
correspondentes as respectivas transac;6es, tais como
dinheiro, cheques, avisos bancarios, recibos autentica-
dos de depositos etc., nao havendo 0 menor problema
de avalia~ao, desde que satisfeitas as condi~6es de clas-
sifica~ao ja descritas, exceto apenas quanto aos valores
em moeda estrangeira, a seguir comentados.
3.3.2 Saldos em moeda estrangeira
Se a empresa tiver valores de disponibilidades em
moeda estrangeira, os mesmos devem ser registrados
em subcontas a parte e seu saldo em moeda nacional
deve ser 0 ajustado, correspondente ao valor em moeda
estrangeira convertido para moeda nacional pela taxa
cambial de compra corrente na data do Balan~o.
Isso poderia ocorrer caso a empresa tivesse dinhei-
ro em caixa em moeda estrangeira ou depositos banca-
rios em outros paises. Nesse caso, devem ser tambem
analisadas as eventuais restri~6es a que possam estar
sujeitos tais valores, seja pela legisla~ao local, seja pela
do outro pais. As referidas restri~6es devem ser clara-
mente mencionadas nas demonstrac;6es contabeis, por
meio da descri~ao do titulo da conta no balan~o, ou de
nota explicativa.
A varia~ao cambial correspondente ao ajuste do
saldo em moeda nacional a nova taxa de cambio deve-
ra ser lan~ada, em resultado do exercicio, no grupo de
Despesas e Receitas Financeiras, nas subcontas a parte
de Varia~6es Monetarias, conforme previsto no Mode-
10 de Plano de Contas. (Veja a esse respeito a letra b
do item 30.3.2 e a letra a do item 30.3.3.) 0 ajuste
da conta pela varia~ao cambial e coberto pelo Pronun-
ciamento Tecnico CPC 02 - Efeitos das Mudan~as nas
Taxas de Cambio e Conversao de Demonstra~6es Con-
tabeis, aprovado e tornado obrigatorio, para as com-
panhias abertas, pela Delibera~ao CVM n' 534/08, e
pela Resolu~ao CFC n' 1.120/08 para os profissionais
de contabilidade das entidades nao sujeitas a alguma
regula~ao contabil especifica. De acordo com 0 referi-
do Pronunciamento, na data de cada balan~o, os itens
monetarios em moeda estrangeira devem ser converti-
dos usando-se a taxa de fechamento, sendo que as va-
ria~6es cambiais devem ser reconhecidas como receita
ou despesa no periodo em que surgirem. Como regra,
para a conversao em moeda nacional, a taxa de compra
utilizada pela institui~ao financeira e a que devera ser
adotada. Quando houver evidencia de que os recursos
serao utilizados no exterior para pagamentos de despe-
sas, compras de ativo etc., os saldos em moeda estran-
geira poderao ser convertidos pela taxa de venda da
institui~ao financeira na data do Balan~o.
3.4 Tratamento para pequenas e medias
empresas
Os conceitos abordados neste capitulo relativos a
Caixa e Equivalentes de Caixa,
bern como sua mensura-
~ao e reconhecimento, tambem sao aplicaveis a entida-
des de pequeno e medio porte.
De acordo com 0 Pronunciamento Tecnico PME
- Contabilidade para Pequenas e Medias Empresas,
essas entidades distinguem-se por nao possuirem res-
ponsabilidade publica e, se publicarem demonstra~6es
Disponibilidades - Caixa e Equivalentes de Caixa 53
contabeis de finalidade geral para os usuarios externos
(como credores atuais e potenciais, agencias de ava-
lia¢o de credito etc.), nao terem quaisquer a~5es, de-
bentures ou outros valores mobiliarios negociados em
alguma bolsa organizada.
Ressalta-se que uma entidade possui responsabi-
lidade publica se arquivar, ou estiver no processo de
arquivar, as suas demonstrac;6es contabeis em uma
comissao de valores mobiliarios ou outra organiza~ao
reguladora com 0 objetivo de emitir qualquer classe de
instrumentos em urn mercado publico; ou se uma de
suas atividades principais e sua fun~ao fiduciaria de
manuten~ao de ativos para urn vasto grupo de pessoas
de fora da entidade. Esse e 0 caso tipico de bancos,
cooperativas de credito, companhias de seguro, corre-
tora de titulos e valores mobiliarios, fundos mutuos e
bancos de investimento.
Para mais detalhes, consultar Pronunciamento
Tecnico PME - Contabilidade para Pequenas e Medias
Empresas.
4
Contas a Receber
4.1 Conceito e conteiido
As contas a receber representam, normalmente,
urn dos mais importantes ativos das empresas. Sao va-
lores a receber decorrentes de vendas a prazo de mer-
cadorias e servi~os a clientes, ou oriundos de outras
transa~6es. Essas outras transa~6es nao representam 0
objeto principal da empresa, mas sao normais e ineren-
tes a suas atividades.
Por esse motivo, e importante a segrega~ao dos va-
lores a receber, relativos a seu objeto principal (clientes),
das demais contas. N; contas a receber sao desmembra-
das em montantes a receber de clientes comerciais, can-
tas a receber de partes relacionadas, pre-pagamentos e
outros montantes, que podemos denominar OUTROS
CREDITOS. Essas contas sao normalmente realizaveis
no decurso do exercfcio seguinte a data do balan~o e
fazem parte, portanto, do ATNO CIRCULANTE. To-
davia, podem tambem ter vencimentos a longo prazo,
em casos especiais de vendas a presta~ao etc., quando,
entao, as parcelas recebiveis apos 0 exercicio seguinte
devem ser classificadas no ATNO NAO CIRCULANTE.
A partir da Lei n2 11.638/07 e tambem previsto 0 ajuste
a valor presente dos valores a receber, que sera tratado
em topico especffico deste capitulo.
4.2 Clientes
4.2.1 As contas e sua c1assificar;ao
o agrupamento das contas representativas dos
clientes, que deve estar destacado no Balan~o e no Pla-
no de Contas, apresenta-se como segue:
CLIENTES
Duplicatas a receber
a) Clientes
b) Controladas e coligadas - transa~6es ope-
racionais
Perdas estimadas em creditos de liquida~ao
duvidosa (conta credora)
Ajuste a valor presente (conta credora)
Faturamento para entrega futura (conta cre-
dora)
Saques de exporta~ao
c) Servi~os executados a faturar
A conta Duplicatas a Receber esta segregada nas
subcontas de Clientes e Controladas e Coligadas. Essa
subdivisao e util para facilitar 0 destaque no Balan~o
das Duplicatas a receber de coligadas e controladas para
sua men~ao na nota explicativa de INVESTIMENTOS ou
TRANSA<;:OES ENTRE PARTES RELACIONADAS e ela-
bora~ao de demonstra~6es consolidadas. Essas contas,
todavia, devem referir-se somente as contas a receber
oriundas de transa<;5es operacionais normais, ou seja,
das vendas ou servi~os prestados as coligadas e con-
troladas, como se fossem qualquer outro cliente, pois
os demais creditos contra coligadas e controladas, nao
oriundos dessas opera~6es, sao classificados destacada-
mente no Ativo Nao Circulante, subgrupo Realizavel a
Longo Prazo, independentemente de seu vencimento.
A conta credora Perdas Estimadas em Creditos de
Liquida~ao Duvidosa deve ser apresentada no Balan~o
como dedu~ao das duplicatas a receber a que se refe-
rem, motivo pelo qual 0 Plano de Contas ja as apresen-
ta nesse agrupamento.
Sobre a conta Ajuste a Valor Presente, "os valores
do ativo decorrentes de opera~iies de longo prazo serao
ajustados a valor presente, sendo os demais ajustados
quando houver efeito relevante" (Incluido pela Lei n'
11.638, de 2007), veja item 4.4.
Quando houver faturamento antecipado (nao con-
fundir com recebimento antecipado), deve-se utilizar a
conta Faturamento para Entrega Futura como redutora
das duplicatas a receber, pois ainda nao existe 0 direito
de recebimento.
E ainda prevista a conta a receber oriunda de ex-
porta~iies pela conta Saques de Exporta~ao. Sua segre-
ga~ao em conta especifica e importante, pois sao valo-
res recebiveis em moeda estrangeira e devem tef seus
saldos em moeda nacional atualizados as taxas cam-
biais vigentes na data do Balan~o.
4.2.2 Duplicatas a receber
a) ORIGEM
As duplicatas a receber originam-se no curso nor-
mal das opera~iies da empresa pela venda a prazo de
mercadorias ou se:rvic;os, representando urn direito a
cobrar de seus clientes.
Normalmente, tais contas a receber de clientes sao
representadas por faturas ou duplicatas em aberto na
data do Balan~o. Porem, podem existir valores a re-
ceber, ainda nao faturados, oriundos de divers as ope-
rac;6es, particularmente no ramo de constrw;ao, pro-
du~ao de equipamentos sob encomenda e de servi~os
profissionais. Assim, nesses casos deve-se tef a canta
Servi~os Executados a Faturar, relativa a:
a) servi~os ja executados ate a data do Balan~o,
mas cujo faturamento ainda nao foi efetuado;
b) materiais ja entregues aguardando sua mon-
tagem ou aplica~ao a determinada obra (de
terceiros) ou produto (tambem de terceiros)
em andamento.
b) CRITERIOS CONTABEIS
As duplicatas e contas a receber de clientes estao
diretamente relacionadas com as receitas da empresa,
devendo ser contabilmente reconhecidas somente por
mercadorias vendidas ou por servi~os executados ate a
data do balan~o, de acordo com 0 principio contabil de
realiza~ao da receita. Devem ser creditadas (baixadas)
somente pelas cobran~as feitas, mercadorias devolvi-
Contas a Receber 55
das ou descontos comerciais e abatimentos concedidos
e perdas reconhecidas ate aquela data.
As duplicatas a receber referentes a vendas de
mercadorias sao geradas pelo ato de transferencia do
direito de propriedade das mesmas, podendo variar em
fun~ao das condi~iies de venda, tais como:
a) os produtos sao entregues na fabrica ou em
outras dependencias do cliente, permane-
cendo sob a responsabilidade do vendedor
ate entao;
b) os produtos sao entregues ao cliente na pro-
pria fabrica ou em dependencias do vende-
dor, sendo que 0 cliente assume responsabili-
dade pelos mesmos a partir desse momento.
E pratica comum, entretanto, registrar contabil-
mente as vendas e as contas a receber delas decorren-
tes na ocasiao da emissao das notas fiscais de vendas,
que e praticamente simultanea a entrega (embarque ou
despacho) das mercadorias. Paralelamente, ha a baixa
das contas de estoques com debito respectivo em cus-
to das vendas. Veja a esse respeito 0 Capitulo 28, item
28.1.3, Receitas de Vendas, e, ainda, a se~ao 4.4 do pre-
sente capitulo, a respeito do ajuste a valor presente das
contas a receber.
Os faturamentos antecipados, por conta de futu-
ros fornecimentos, sao registrados contabilmente, mas
ainda nao geram, de fato, nenhum direito, sendo por
isso necessaria a utilizac;ao de canta redutora em valor
equivalente "Faturamento para Entrega Futura". Alem
disso, pode-se realizar registros extracontabeis para
controle interno da sociedade.
o registro de uma conta a receber pressup6e que 0
principio da realiza~ao da receita esteja satisfeito
e que
contra tal receita estejam registrados 0 custo das ven-
das, pela baixa dos estoques e despesas a ela atinentes.
Assim, para se reconhecer a receita que gere con-
tas a receber, deve-se atentar se: (i) as partes mais im-
portantes no processo de ganha-Ia estao completadas;
(ii) existe urn pre~o atribuido pelo mercado; (iii) M
liquidez estimada com rela~ao ao seu recebimento; e
(iv) todas as despesas ja foram incorridas ou as a incor-
rer sao estimaveis.
A mera emissao de titulos nao fundamentados em
transa~iies reais e legitimas nao permite 0 registro con-
tabil das contas a receber. A eventual emissao e utili-
za~ao de titulos sem a fundamenta~ao prevista aqui,
visando a obten~ao de recursos via desconto, gera so-
mente a cria~ao de exigibilidades, alem de se constituir
em pnitica ilegal.
Por ontro lado, tambem nao se deve deixar de
registrar a venda e a conta a receber respectiva, em
virtude da existencia de certas condi~iies tecnicas ou
56 Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos
legais sobre a transferencia do direito de propriedade
das mercadorias, como, por exemplo, a existencia de
cIausula de reserva de domfnio no caso de vendas a
prazo em presta~6es. Fundamentalmente, nesses casos
predomina a saida fisica da mercadoria que fica sob a
responsabilidade do cliente.
Da mesma forma, a incerteza quanto ao recebi-
mento de determinada venda normalmente nao e mo-
tivo para postergar 0 registro contabil da receita para 0
momento em que e recebida. A existencia de riscos ou
incerteza quanto a realiza~ao das duplicatas ou contas
a receber e problema de outra natureza, a ser devida-
mente coberto mediante a constitui~ao de adequado
ajuste por perda estimada em creditos de liquida~ao
duvidosa, tratada no item 4.2.3.
As duplicatas a receber de clientes sao geralmente
contabilizadas em conta sintetica, mas com controle in-
dividualizado auxiliar, totalizado por cliente, cujo saldo
deve ser mensalmente conciliado e confirmado com a
conta sintetica. As eventuais divergencias devem ser
analisadas quanta as suas origem e natureza e com a
realiza~ao de ajustes se necessarios. Ao menos na data
do balan~o da empresa, e necessaria nao so a concilia-
~ao com a identifica~ao das divergencias, mas tambem
seu efetivo registro na propria data do balan~o, elimi-
nando quaisquer discrepancias.
Ha inumeras formas e sistemas para adequado
controle analitico das contas a receber que variam con-
forme 0 ramo de negocio, 0 grau de sofistica~ao reque-
rido, 0 volume e 0 uso gerencial dessas informa~6es.
Assim, podem-se ter desde controles manuais ate com-
plexos sistemas ou subsistemas computacionais que
permitem registro e controle para consulta on line, com
disponibilidade em diversos locais e com diversas pos-
sibilidades de parametriza~o na cria~ao de relatorios
contabeis e gerenciais. 0 ideal e que sejam subsistemas
integrados a contabilidade geral e que nao so reflitam
adequadamente todas as transa~6es nas datas corretas,
mas tambem que os controles analiticos estejam conci-
liados com os controles sinteticos. Diante do avan~o e
facilidade de acesso a sistemas computacionais e 0 pro-
prio avan~o dos meios de divulga~ao de informa~6es
contabeis para os agentes economicos interessados, e
atualmente bern disseminada a utiliza~ao de sistemas
para esse fim.
c) CRITERIOS DE AVAllAc;:AO
As contas a receber devem ser avaliadas por seu
Valor Liquido de Realiza~ao, ou seja, pelo produto final
em dinheiro ou equivalente que se espera obter e com
o devido ajuste a valor presente (AVP). Para tanto, de-
vern ser constituidos ajustes relativos a Perdas Estima-
das em Credito de Liquida~ao Duvidosa para cobertura
dos valores que se estima nao receber, sendo esse ajuste
uma conta redutora das contas a receber, resultando no
valor liquido realizavel. A conta de ajuste a valor pre-
sente tambem se apresenta como uma conta redutora
de contas a receber.
o inciso I, alinea "b", do art. 183 da Lei nQ 6.404/76,
modificado pela Lei nQ 11.638/07, estabelece os crite-
rios de avalia~ao desse ativo, indicando que os ativos
nesse caso serao avaliados pelo "valor de emissao, atua-
lizado conforme disposi~6es legais ou contratuais, ajus-
tado ao valor provavel de realiza~ao". 0 inciso VIII do
mesmo artigo preve que "os elementos dos ativos de-
correntes de opera~6es de longo prazo serao ajustados
a valor presente, sendo os demais ajustados quando
houver efeito relevante".
Em decorrencia do ajuste a valor presente, os juros
"embutidos" ou contratados na transac;ao sao reconhe-
cidos pro rata temporis, debitando-se a conta de ajuste
a valor presente (redutora do ativo) e creditando-se a
conta de receita financeira comercial pelo valor dos ju-
ros ja transcorridos. Essa forma de contabiliza~ao faz
com que a informa~ao contabil reflita melhor a real
natureza da receita gerada, que nao foi em virtude da
transa~ao de venda, mais fruto do prazo dado para pa-
gamento da transa~ao no qual a empresa cobra juros,
mesmo que nao esteja explicitamente contratado.
Se a empresa tiver contas a receber em moeda es-
trangeira ou com clausula de corre~o monetaria, tais
contas devem ser atualizadas as taxas de cambio ou coe-
ficiente de corre~ao ate a data do Balan~o, debitando-se
as proprias contas a receber e creditando-se a conta de
Varia~6es Monetarias (conta de Resultados).
4-2.3 Perdas estimadas em creditos de
liquidarfio duvidosa
a) CONCEITO
Como ja visto, deve ser feita a estimativa de perdas
em contas a receber, valor que representa a incerteza
no recebimento dos valores. As despesas provenientes
dessa estimativa nao sao dedutiveis da base de caJcu-
10 do Imposto de Renda e da Contribui~ao Social (ver
Capitulo 30 item 30.2.3, letra 0. A partir do ano-ca-
lendario 1997, a legisla~ao fiscal nao mais permite a
dedutibilidade dessa despesa (Lei nQ 9.430/96 e IN SRF
nQ 93/97), possibilitando, em vez disso, as empresas
deduzir as perdas efetivas no recebimento de creditos,
na forma enos prazos previstos na referida legisla~ao
fiscal, conforme sera discutido no topico d deste item.
No passado, a legisla~ao fiscal permitia que se usas-
se urn percentual (numa epoca foi 3%, noutra 1,5%)
sobre 0 saldo de duplicatas a receber para inserir a ex-
pectativa dessas perdas. Todavia, embora a legisla~ao
fiscal tenha criado grandes restri~6es para 0 reconhe-
cimento da perda antes de sua efetiva concretiza~ao,
prindpios contabeis e a legisla~ao societaria mantem
sua posi~ao de que a empresa deve constituir a conta
redutora com base na expectativa de perda. Ao final do
exerdcio social, deve ser computado 0 valor da referida
perda entre as inclus6es do LALUR (Livro de Apura~ao
do Lucro Real), para apura~ao da base de calculo do
Imposto de Renda e Contribui~ao Social.
A importancia de se fazer essa estimativa vai ao
encontro do que e previsto nas normas internacionais
e do processo de harmoniza~ao internacional da con-
tabilidade. 0 conceito e inerente it estimativa do valor
recuperavel do ativo, onde e valorizada a informa~ao
ao usuario da contabilidade sobre 0 real valor que se
espera no ativo, ou seja, os beneffcios econ6micos futu-
ros devem ser ajustados aquilo que realmente se tem a
expectativa de ser recebido.
b) FORMAS DE APURA<;:AO DA PERDA ESTIMADA
i) A visao que tradicionalmente 0 Brasil vinha
adotando
Primeiramente, vamos discutir 0 que vern senda
a pratica brasileira quanta a essa materia nos ultimos
anos. A seguir, no subitem (ii) discutiremos outros pon-
tos e a situa~ao normativa brasileira para a partir de
2010.
A apura~ao do valor da perda estimada vem va-
riando, pois cada empresa pode ter aspectos peculiares
a respeito de seus clientes, ramo de negocios, situa~ao
do credito em geral e a propria con juntura
economica
domomento.
E, portanto, importante serem considerados todos
esses fatores conhecidos na estimativa do risco e na ex-
pectativa de perdas com as contas a receber, que devem
estar cobertas pela estimativa. No Brasil, tradicional-
mente, algumas considera~6es importantes quanta aos
criterios para sua apura~ao vem sendo feitas: (aten~ao
para as considera~i5es constantes no item (ii) a frente.
a) deve ser baseada na analise individual do
saldo de cada cliente. Esse trabalho deve ser
feito com base na posi~ao analitica por du-
plicata dos clientes na data do balan~o e em
conjunto com os responsaveis pelos setores
de vendas e crectito e cobran~a, de forma a
exercer um julgamento adequado sobre a
probabilidade de recebimento dos saldos;
b) deve ser devidamente considerada a expe-
riencia anterior da empresa com rela~ao a
prejufzos com contas a receber. Essa analise
pode ser feita por meio da compara~ao dos
saldos totais de clientes ou de volumes de
Contas a Receber 57
faturamento com os prejufzos reais ocorri-
dos em anos anteriores na propria empresa.
Complementando essa analise, e importan-
te a contribui~ao dos elementos ligados aos
setores de vendas e crectito e cobran~a, com
sua experiencia e conhecimento dos clientes;
c) devem ser tambem consideradas as condi-
~6es de venda. Obviamente, a existencia de
garantias reais anula ou reduz as perspecti-
vas de perdas; e
d) aten~ao especial deve ser dada as contas
atrasadas e a clientes que tenham parte de
seus dtulos em atraso. Nesses casos, e im-
portante a prepara~ao de uma analise das
cantas a receber vencidas, preferencialmen-
te comparativa com perfodos anteriores. As
contas sao agrupadas em fun~ao de seus
vencimentos, como vencidas ha mais de urn
ano, entre 180 dias e um ano, entre 90 e
180 dias etc. (por meio dessa, pode-se me-
dir a tendencia dos clientes em atraso e a
probabilidade de perdas, aMm da eficiencia
do sistema de credito utilizado e do proprio
servi~o de cobran~a).
o objetivo e sempre chegar a um dimensionamen-
to adequado da estimativa. Essa analise por "idade" de
vencimento e particularmente importante nos casos em
que ha quantidade muito grande de clientes, em que 0
risco esta pulverizado.
Tem side pratica comum e adequada:
a) determinar 0 valor das perdas ja conhecidas
com base nos clientes atrasados, em conCOf-
data, falencia ou com dificuldades financei-
ras; e
b) estabelecer um valor adicional de perdas
estimadas para cobrir perdas provaveis,
mesmo que ainda nao conhecidas por se re-
ferirem a contas a veneer, mas comuns de
aeorrer, com base na experh~ncia da empre-
sa, tipo de clientes etc.
As institui~6es financeiras sao as entidades que
possuem maior exposi~ao ao risco de crectito por cau-
sa de suas atividades operacionais. A Resolu~ao n'
2.682/99 do Banco Central do Brasil (BACEN), que
disp6e sobre criterios de classifica~ao das opera~6es de
credito e regras para constitui~ao das perdas estima-
das para creditos de liquida~ao duvidosa, apesar de ser
direcionada para ado,ao pelas institui~6es financeiras
no Brasil, e uma boa fonte de principios e conceitos
importantes na analise da estimativa de recebimento
de um credito. No artigo 2' da Resolu~ao esta previsto
que todos os creditos (vencidos e a vencer) devem ser
58 Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos
classificados em niveis distintos de risco, e de acordo
com a seguinte orienta~iio: ''A classifica~iio da opera~iio
no nivel de risco correspondente e de responsabilidade
da institui~iio detentora do credito e deve ser efetua-
da com base em criterios consistentes e verificaveis,
amparada por informa~6es internas e externas ... ". Na
classifica~iio dos titulos nas nove classes de risco con-
templadas na Resolu~iio, varios aspectos devem ser ob-
seIVados, destacando-se os seguintes:
"I - em rela~iio ao devedor e seus garantidores:
a) situa~ao economico-financeira; b) grau
de endividamento; c) capacidade de gera~iio
de resultados; d) fiuxo de caixa; e) adminis-
tra~iio e qualidade de controles; f) pontua-
lidade e atrasos nos pagamentos; g) contin-
gencias; h) setor de atividade economica;
i) limite de credito;
II - em rela~ao a opera~iio: a) natureza e finali-
dade da rransa~iio; b) caracteristicas das ga-
rantias, particularmente quanta a suficiencia
de liquidez; c) valor ... e situa~oes de renda e
de patrimonio bem como outras informa~oes
cadastrais do devedor ... ".
Esses aspectos previstos somente exemplificam al-
guns a serem considerados na classifica~ao do risco de
credito. Alem disso, tambem devem ser observadas:
a) as revisoes peri6dicas das classifica~oes de
risco;
b) amilises de risco feitas niio coletivamente,
mas individualmente por devedor, e em cada
devedor os creditos devem ser ainda segre-
gados por vencimentos (titulos vencidos e
vincendos), por garantias, por natureza do
credito etc.
Em suma, a estimativa de perda deve ser feita pe-
rante uma analise detalhada e criteriosa, independen-
te de regras fiscais. Apesar de ser uma resolu~ao a ser
obrigatoriamente observada por institui~oes financei-
ras, tais criterios sao boa base para quaisquer socieda-
des com valores relevantes de contas a receber em seus
ativos. Com a classifica~iio dos creditos nas classes de
risco, a cada classe de risco e atribuido um percentual
para a constitui~iio da perda estimada.
ii) 0 Problema das Perdas Estimadas versus Perdas
Incorridas
Essas praticas brasileiras mostradas no item (i)
precedente estao muito firmadas no conceito conhecido
por Perdas Estimadas. Ou seja, sao levantados valores
relativos a ajustes por perdas em fun~ao de situa~oes
especificas de determinados clientes ja em inadimplen-
cia, prestes a entrar em inadimplencia e ainda se adi-
cionam aspectos relativos a probabilidades de nao re-
cebimentos em decorrencia de expectativas originadas
de diversos fatores, experiencias passadas, estimativas
quanto a mudan~as de cenarios etc.
o outro criterio para registro das estimativas de
perdas em creditos de liquida~iio duvidosa e 0 deno-
minado como Perdas Incorridas. Sob essa altemativa
sao s6 reconhecidos como despesas os valores de per-
das ja de conhecimento da investidora detentora dos
creditos. Assim, somente inadimplencias ja existentes,
atrasos fora do normal ja ocorridos, notfcias ja veicu-
ladas de falencias, recupera~ao judicial, inadimplencia
junto a ourras entidades etc. sao fatos originadores do
reconhecimento de despesas. No maximo sao aceitas
despesas por conta de previsoes de inadimplencias fu-
turas quando os fatos originadores sao bem conheci-
dos, estao presentes e ja se conhece razoavelmente bem
seus efeitos. Por exemplo, entram nesta ultima catego-
ria problemas de niveis de desemprego crescentes ja
conhecidos, mas abrangendo exatamente os clientes da
entidade, e nao a economia em geral; ou entao crises
de liquidez com consequencias em outras institui~oes
do mesmo ramo economico que a detentora de creditos
em analise que ja sejam verificaveis e mensuraveis etc.
As normas internacionais e 0 Pronunciamento
CPC 38 - Insrrumentos Financeiros: Reconhecimento e
Mensura~ao s6 reconhecem a possibilidade de regisrro
contabil das Perdas Incorridas, niio aceitando reconhe-
cimento de Perdas simplesmente Esperadas.
Assim, a viger esse Pronunciamento para a partir
de 2010, estariam todas as empresas brasileiras sujeitas
a ele impedidas de reconhecer perdas por expectativas,
medias passadas, crises de liquidez gerais e nao aplica-
veis especificamente aos clientes da entidade etc., ou
seja, nao poderiam continuar trabalhando a base das
Perdas Esperadas.
o que se espera e uma modifica~ao nas normas
intemacionais. Espera-se que 0 IASB passe a aceitar
o conceito de Perdas Estimadas
ja a partir de 2010, e
que 0 CPC adote essa nova postura tambem (bem como
CVM, CFC e outros 6rgaos reguladores brasileiros), 0
que podera fazer com que possamos manter as praticas
anteriores. Caso isso nao ocorra, ter-se-a uma modifica-
~ao muito forte nessas pracicas de reconhecimento das
despesas com perdas dessa natureza. Se nao ocorrer
essa mudan~a, teremos que passar, a partir de 2010,
do conceito de Perdas Estimadas para Perdas Incorri-
das. E isso abrangera tambem as institui~oes financei-
ras obrigadas a apresentar demonsrra~oes consolidadas
conforme as normas do IASB.
c) CONTABILIZAGAO
A constitui~ao da perda estimada tem como con-
rrapartida contas de despesas operacionais (Despesas
com Vendas). Quando um saldo se toma efetivamente
incobd.vel, ou seja, quando se esgotaram sem sucesso os
meios possfveis de cobran~a, sua baixa da conta de clien-
tes deve ser feita tendo como contrapartida a propria
conta redutora. Vejamos urn caso pnitico de contabiliza-
~ao, inclusive para recupera~6es de contas ja baixadas.
Suponhamos que os saldos iniciais de contas a re-
ceber e da PECLD de determinado perfodo sejam se-
gregados por classe de risco e sejam assim compostos:
Classe de A receber PECLD Lfquido %de devedor PECLD
Classe A 50.000 (750) 49.250 1,5%
Classe B 70.000 (1.400) 68.600 2,0%
Classe C 60.000 (1.800) 58.200 3,0%
Classe D 80.000 (3.200) 76.800 4,0%
TOTAL 260.000 (7.150) 252.850 2,8%
Percebe-se que a analise do risco de credito foi fei-
ta individualmente por devedor, pois os percentuais de
Contas de Ativo Saldo inicial Recebimento
Classe A 50.000 (49.250)
PECLD classe A (750)
TOTAL 49.250 (49.250)
CONTAS DE RESULTADO
b) Clientes classe B pagaram $ 65.000 dos
$ 70.000 que deviam. A PECLD desse clien-
te era de $ 1.400, resultando em urn saldo
Hquido a receber de $ 68.600, superior ao
valor efetivamente recebido. Portanto, a
PECLD foi insuficiente em rela~ao a perda
ocorrida. A perda estimada foi realizada
integralmente e tambem ocorre efeito no
resultado pelo registro da perda ocorrida
no perfodo em virtude da insuficiencia da
PECLD ($ 3.600). Os lan~amentos contabeis
e a movimenta~ao em forma de tabela desse
evento sao os seguintes:
Saldo Saldo
Contas a Receber 59
PECLD sao distintos para cada classe de risco. Durante
o perfodo, ocorreram os seguintes eventos:
a) Clientes da classe A pagaram $ 49.250 dos
$ 50.000 que deviam. A PECLD dessa classe
era de $ 750 e 0 saldo Hquido a receber era
de $ 49.250, igual ao valor recebido. Portan-
to, a PECLD foi exata para amortecer a perda
ocorrida, tendo sido realizada integralmen-
te, nao havendo efeito posterior a constitui-
~ao da PECLD no resultado. Os lan~amentos
contabeis e a movimenta~ao em forma de
tabela desse evento sao os seguintes:
Recebimento de clientes classe A
D - Caixa
C - Contas a receber classe A
Realiza~ao da PCLD
D - PECLD classe A
C - Contas a receber classe A
$ 49.250
$ 49.250
$ 750
$ 750
Saldo Realiza~ao PECLD Saldo final intermediario
750 (750) 0
(750) 750 0
0 0 0
Recebimento de clientes classe B
D - Caixa $ 65.000
C - Contas a receber classe B $ 65.000
Realiza~ao da PECLD
D - PECLD classe B $ 1.400
C - Contas a receber classe B $ 1.400
Reconhecimento das perdas dos
clientes classe B
D - Perdas com incobraveis $ 3.600
C - Contas a receber classe B $ 3.600
Realiza-;ao Saldo Reconhecimento Saldo Contas de ativo inicial Recebimento intermediario PECLD intermediario das perdas final
Classe B 70.000 (65.000) 5.000 (1.400) 3.600 (3.600) 0
PCLD classe B (1.400) (1.400) 1.400 0 0
TOTAL 68.600 (65.000) 3.600 0 3.600 (3.600) 0
Contas de resultado
Perdas com incobraveis (3.600) (3.600)
60 Manual de Contabilidade Societ;:hia • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos
c) Clientes classe C pagaram integralmente os
$ 60.000 que deviam, nao havendo perda
alguma. Como havia a PECLD de $ 1.800 e
esta nao foi utilizada, deve-se reverter seu
saldo com reconhecimento no resultado. Os
lan~amentos contabeis e a movimenta~ao
em forma de tabela desse evento sao os se-
guintes:
Contas de ativo Saldo inicial
Classe C 60.000
PECLD classe C (1.800)
TOTAL 58.200
Contas de resultado
Outras receitas operacionais ou recupera~ao de
despesas
d) Clientes classe D pagaram $ 60.000 dos $
80.000 que deviam, e entraram em processo
de falencia, nao havendo qualquer expecta-
tiva de receber 0 saldo remanescente. Por-
tanto, a PECLD deve ser integralmente reali-
zada e 0 saldo a receber remanescente deve
ser lan~ado como perda com incobraveis. Os
lan~amentos contabeis e a movimenta~ao
em forma de tabela desse evento sao os se-
guintes:
Contas Saldo Recebimento Saldo de ativo inicial intermediario
Classe D 80.000 (60.000) 20.000
PECLD classe D (3.200) (3.200)
TOTAL 76.800 (60.000) 16.800
Contas de resultado
Perdas com incobraveis
e) Urn antigo Cliente F pagou 0 valor de $
15.000 de dividas que ja haviam sido consi-
deradas incobraveis em periodos anteriores.
Nesse caso houve uma recupera~ao de cre-
dito, e esta deve ser registrada na conta de
resultado Outras Receitas Operacionais. Os
lan~amentos contabeis sao os seguintes:
Recebimento do Cliente F
D - Caixa
C - Outras Receitas Operacionais
(Recupera~ao de Creditos)
$ 15.000
$ 15.000
Recebimento de clientes classe C
D - Caixa
C - Contas a receber classe C
Reversao da PECLD
$ 60.000
$ 60.000
D - PECLD classe C
C - Outras receitas operacionais
(ou recupera~ao de despesas)
Recebimento Saldo Reversao intermediario PECLD
(60.000) 0 0
(1.800) 1.800
(60.000) (1.800) 0
1.800
Recebimento de clientes classe D
D - Caixa
C - Contas a receber classe D
Rea1iza~ao da PECLD
D - PECLD classe D
C - Contas a receber classe D
Reconhecimento das perdas dos
clientes classe D
D - Perdas com incobraveis
C - Contas a receber classe D
Realiza~ao Saldo Reconhecimento
PECLD intermediario das perdas
(3.200) 16.800 (16.800)
3.200 0
0 16.800 (16.800)
(16.800)
$ 1.800
$ 1.800
Saldo
final
0
0
0
1.800
$ 60.000
$ 60.000
$ 3.200
$ 3.200
$ 16.800
$ 16.800
Saldo
final
0
0
0
(16.800)
f) No periodo, foram feitas vendas a prazo,
sendo esses os saldos finais antes da consti·
tui~ao da PECLD. A classifica~ao e feita com
base na analise individual de cada cliente
(similar aos criterios da Resolu~ao Bacen ng
2.682/99 ja mencionada):
Classe de devedor A receber
Classe A 100.000
Classe B 120.000
Classe C 130.000
Classe D 0
TOTAL 350.000
g) Aplicando-se urn percentual diferenciado
para cada nivel individual de risco de ere-
dito, que e determinado com base nas ca-
racteristicas e probabilidades de recebimen-
to para cada nivel de risco, a entidade teve
como base os seguintes percentuais para a
constitui~ao da nova PECLD:
Cliente % de PClD
Classe A 2,0%
Classe B 2,5%
Classe C 3,0%
Classe D 4,0%
Com base nesses percentuais, a constitui~ao da
nova PECLD e feita. Os lan~amentos contabeis e os sal-
dos finais sao os seguintes:
Constitui~ao da nova PECLD
D - Despesa com PECLD
(Despesa de Vendas) $ 8.900
Classe A
ClasseB
Classe C
C-PECLD
Classe A
Classe B
Classe C
Devedor A receber
ClasseA 100.000
Classe B 120.000
Classe C 130.000
Classe D 0
TOTAL 350.000
PCLD
(2.000)
(3.000)
(3.900)
0
(8.900)
$ 2.000
$ 3.000
$ 3.900
$ 2.000
$ 3.000
$ 3.900
lfquido a
receber
98.000
117.000
126.100
0
341.1 00
$ 8.900
% de
PCLD
2,0%
2,5%
3,0%
4,0%
2,5%
Com rela~ao ao item c anterior, 0 saldo nao utiliza-
do da PECLD de $ 1.800 foi revertido contra 0 resulta-
do, sendo este 0 procedimento mais correto. Entretan-
to, pode-se manter esse saldo nao utilizado
da PECLD
ate a constitui~ao da nova PECLD. Caso nao tivesse sido
revertido 0 saldo nao utilizado da PECLD, a situa~ao
antes da constitui~ao da nova PECLD seria a seguinte:
Devedor A receber PECLD
Classe A 100.000 0
Classe B 120.000 0
Classe C 130.000 (1.800)
Classe D 0 0
TOTAL 350.000 (1.800)
Contas a Receber 61
Nesse caso, como a PECLD final dos clientes clas-
se Cede $ 3.900, deve haver a complementa~ao de
$ 2.100. Assim, 0 lan~amento da constitui~ao da PE-
CLD final seria 0 seguinte:
Constitui~ao da nova PECLD
D - Despesa com PCLD
(Despesa de Vendas) $ 7.100
Classe A $ 2.000
Classe B $ 3.000
Classe C $ 2.100
C-PECLD $ 7.100
Classe A $ 2.000
Classe B $ 3.000
Classe C $ 2.100
o efeito Jiquido no resultado pelos dois procedi-
mentos e 0 mesmo, mas 0 primeiro procedimento evi-
dencia melhor os efeitos do risco de credito da entidade
e a efetividade das estimativas realizadas. Indica com
isso 0 quanto da PECLD foi revertida para 0 resultado
(indicando conservadorismo nas estimativas contabeis)
e a efetiva despesa do periodo com a constitui~ao da
nova PECLD. Comparando essas duas situa~6es para os
clientes Classe C, tem-se:
Contas de resultado Caso da Caso do
reversao complemento
Outras receitas com reversao 1.800 0
Despesa com nova PCLD (3.900) (2.100)
Efeito liquido (2.100) (2.100)
Quando a perda estimada e inferior ao saldo atual
da conta no final do periodo anterior, no caso de nao
haver a reversao do saldo nao utilizado da PECLD, 0
ajuste contabil e efetuado de forma semelhante, rever-
tendo-se 0 excesso como receita (operaciona!).
d) ASPECTOS FISCAIS
o aspecto contabil e a estimativa adequada com
rela~ao a perda estimada em crectitos de liquida~ao du-
vidosa independe da legisla~ao fiscal, e compreende:
(i) constitui~ao da perda estimada, conforme os niveis
adequados de risco de credito, no perfodo em que os
crectitos foram originados (regime· de competencia)
e com a atualiza~ao desse risco periodicamente; (ii)
realiza~ao da perda estimada pela absor~ao dos cre-
ditos nao recebidos, quando a administra~ao os con-
siderar incobniveis; (iii) reversao da perda estimada
quando constituida em excesso ao valor efetivamente
perdido; e (iv) a baixa dos creditos como perdas efeti-
vas do perfodo quando a estimativa for constituida em
valor inferior as perdas efetivamente ocorridas.
62 Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos
Como mencionado em item anterior, a PECLD tern
a finalidade de ajustar as contas a receber (creditos)
para seu provavel valor de realiza~ao, tendo como
contrapartida uma despesa (de vendas) no resultado
do periodo em que 0 credito foi gerado. Entretanto,
a legisla~ao fiscal nao reconhece essas despesas para
efeitos de dedutibilidade fiscal. As normas fiscais nao
adotam e nao reconhecem 0 objetivo essencial da PE-
CLD deixando de adotar urn adequado regime de com-
petencia para uma especie de "regime fiscal", que nem
pode ser considerado regime de competencia de fato e
nem regime de caixa.
A regulamenta~ao fiscal exige tratamento contabil
especifico para possibilitar a dedutibilidade das perdas
(art. 341 do RlR/99). Se fosse pertnitido 0 controle
extracontabil das parcelas da PECLD que sao deduti-
veis, assim como pennitido e recomendado para outras
despesas e receitas que sao controladas na parte B do
LALUR, a infortna~ao contabil poderia pertnanecer com
seu carater relevante, com menos trabalho e custo.
De acordo com a regulamenta~ao fiscal, somente
serao dedutiveis da base de caIculo do Imposto de Ren-
da e da Contribui~ao Social os registros contabeis re-
lativos a perdas (despesas, contabilmente) de creditos
referentes aos casos em que (art. 340 do RlR/99):
I - ja exista declara~ao de insolvencia do de-
vedor, por meio de senten~a do Poder Ju-
dici<irio;
II - nao exista garantia de valor para os creditos
de ate R$ 5.000,00, por opera~ao, vencidos
ha mais de seis meses; nao exista garantia
de valor para os creditos entre R$ 5.000,00
e R$ 30.000,00 por opera~ao e vencidos M
mais de urn ana e que estejam em processo
de cobran~a administrativa (como 0 protes-
to do titulo em cartorio) e, finalmente, nao
exista garantia para os creditos de valor su-
perior a R$ 30.000,00 e vencidos M mais
de urn ano, cujos procedimentos judiciais
para recebimento ja estejam em andamen-
to (como execu~ao judicial, por exemplo);
III - haja garantia para os valores a receber ja
vencidos ha mais de dois anos e que ja es-
tejam contemplados em procedimentos
judiciais para recebimento ou arresto das
garantias em andamento. Consideram-se
creditos com garantia aqueles decorrentes
de vendas a prazo com reserva de dominio,
de aliena~ao fiduciaria em garantia ou de
operac;5es com outras garantias reais;
N - haja declara~ao de falencia ou concordata
do devedor, em rela~ao a parcela incobra-
vel, observando-se que a dedu~ao da perda
sera admitida a partir da data da decreta-
~ao da falencia ou da concessao da concor-
data, desde que a cfedora tenha adotado as
procedimentos judiciais necessarios para 0
recebimento do credito, tais como a sua de-
vida habilita~ao.
Assim, se a empresa for contribuinte do Imposto
de Renda com base no Lucro Real, devera manter 0
controle individualizado dos titulos representativos de
seus creditos fiscalmente contabilizados como "perdas
estimadas" .
Fiscalmente, 0 reconhecimento das perdas decor-
rentes da inadimplencia dos devedores (perdas confor-
me os criterios fiscais mencionados anteriormente) e
util, exclusivamente, para atender a exigencia da legis-
la~ao fiscal (Lei nn 9.430/96 e IN SRF nn 93/97), com a
finalidade de deduzi-Ias na base de ca1culo do Imposto
de Renda e da Contribui~ao Social.
o art. 341 do RlR/99, que trata do registro con-
nibil das perdas, obriga que as entidades fa~am dois
tipos distintos de contabiliza~ao para que possa haver
a dedutibilidade fiscal. No primeiro caso, que se refere
exclusivamente aos creditos vencidos ha mais de seis
meses e cujo valor seja de ate $ 5.000,00 (§ In, inciso II,
alinea a do art. 341 do RlR/99), os registros contabeis
das perdas (perdas conforme os criterios fiscais) devem
ser feitos "a debito de conta de resultado e a credito da
conta que registra 0 credito", ou seja, nesse caso, quan-
do os criterios fiscais que caracterizam a perda forem
observados, deve haver 0 lan~amento dessa perda a de-
bito no resultado e a credito diretamente na respectiva
conta a receber do ativo. Nao ha a realiza~ao da PECLD
contabil, ja que os creditos perdidos sao lan~ados dire-
tamente para 0 resultado.
Para todos os outros casos, tambem quando os cri-
terios fiscais que caracterizam a perda forem observa-
dos, deve-se lan~ar 0 valor dos creditos considerados
perdidos a debito do resultado e a contrapartida a cre-
dito "de conta redutora do credito". Esse e urn lan~a
mento anaIogo a constitui~ao da PECLD, so que este
e uma perda fiscal. Isso implica que tambem nao ha a
realiza~ao da PECLD contabil, ja que os valores origi-
nais das contas a receber pertnanecem escriturados no
ativo (0 valor das contas a receber liquido da provisao
e igual a zero). A consequencia desse tratamento con-
tabil obrigatorio fiscalmente e a pertnanencia da per-
da fiscal como redutora de ativo por prazo estipulado
tambem fiscalmente (5 anos, confortne § 4n do art. 341
do RlR/99). Esse procedimento tambem implica que
mesmo os creditos sendo gerencialmente considerados
perdidos devam ficar indevidamente escriturados no
ativo da entidade.
Ressalta-se que, para a publica~ao das demons-
tra~6es contabeis, esses procedimentos nao devem ter
efeito em termos de evidencia~ao, ja que 0 saldo das
contas a receber e da perda fiscal devem aparecer Ii-
quidos (nao ha a evidencia~ao do valor a receber
e sua
respectiva provisao integral).
Buscando deixar claro 0 procedimento contabil
que a legisla~ao fiscal requer, comenta-se a seguir os
procedimentos contabeis que podem ser adotados para
que os efeitos distorcivos da legisla~ao fiscal possam
ser sanados. Para tal, duas subcontas redutoras podem
ser criadas no ativo e no resultado, conforme tabela a
seguir:
ATIVO
PECLD (conta retificadora do
contas a receber)
PECLD nao dedutfvel (au
cont"bil)
Perda dedutfvel (au fiscal)
PECLDTOTAL
RESULTADO
PCLD
Despesa com PECLD nao de-
dutfvel (au cont"bil)
Oespesa com perda dedutfvel
(au fiscal)
Receita de reversao de PECLD
nao tributavel (au contabil)
Receita de reversao de perda
tribut"vel (au fiscal)
Oespesa (au Receita) Uquida
com PECLD
Conforme ja comentado, 0 registro das perdas
relativas a titulos sem garantia cujo valor seja de ate
$ 5.000,00 por opera~ao, e vencido M mais de seis me-
ses, devera ser creditado na pr6pria conta representati-
va do direito (Contas a Receber). Nos demais casos, 0
registro podera ser efetuado a credito da subconta da
PECLD dedutivel fiscalmente, para poder haver segre-
ga~ao da PECLD nao dedutivel (esta ultima com efeitos
corretos da contabilidade feita pelo regime de compe-
tencia e de acordo com estimativas adequadas). Alem
da subconta da PECLD no ativo, a Perda dedutivel do re-
sultado tern a finalidade de receber os registros das per-
das jiscais, nao havendo confusao entre a despesa com
PECLD pelo regime de competencia e 0 registro fiscal.
Vejamos urn exemplo contemplando a contabiliza-
~ao da Perda estimada em Creditos de Liquida~ao Duvi-
dosa e as Perdas conforme os criterios fiscais. Suponba-
mos que a Cia. ABC apresente no Balan~o Patrimonial
de abertura de certo exercicio os seguintes saldos refe-
rentes II conta de Contas a Receber de Clientes:
Conla
Duplicatas a receber
(-) PECLD nao dedutfveis
(-) Perdas dedutfveis
(-) PECLD total
Creditos Uquidos
Saldo inidal ($)
500.000
(70.000)
o
(70.000)
430.000
Contas a Receber 63
Durante 0 exercicio, ocorreram os seguintes fatos:
a) Homologa~ao da concordata do cliente X
que se compromete a pagar 75% de sua di-
vida de $ 20.000, tendo a Cia. ABC adotado
os procedimentos judiciais necessarios para
o recebimento de seus creditos. Conforme
a legisla~ao fiscal, a entidade credora pode
tomar a dedutibilidade fiscal da parcela
que efetivamente nao sera recebida (25% x
$ 20.000 = $ 5.000). Aparcela remanescen-
te de $ 15.000 ainda pode ser recebida no
futuro, mas a entidade considera prudente
manter integralmente a estimativa de perda
para esses creditos. 0 procedimento contabil
alternativo, para que haja a possibilidade da
dedutibilidade fiscal dessa parcela dos cre-
ditos considerada como perda, e 0 seguinte:
i) Reversao de parcela da PECLD nao dedu-
tivel para 0 resultado
D - PECLD nao dedutivel
(conta retificadora de
ativo)
C - Reversao da PECLD nao
tributavel (conta de
resultado)
Ii) Registro fiscal da perda
D - Perda dedutivel (conta de
$ 5.000
$ 5.000
resultado) $ 5.000
C - Perda dedutivel (conta
retificadora de ativo) $ 5.000
Com esse procedimento alternativo de contabiliza-
~ao, substitui-se a realiza~ao da PECLD pela reversao
da PECLD nao tributavel mais a constitui~ao da Perda
dedutivel. Contabilmente, 0 efeito e 0 mesmo que 0 da
realiza~ao da PECLD, pois nao deve haver efeito no re-
sultado. Entretanto, os valores que efetivamente nao
serao recebidos ainda permanecem indevidamente no
ativo, retificados pela Perda dedutivel. Os lan~amentos
anteriores podem ser assim visualizados:
ATIVO
Saldo Reversao e
Conta inicial lan-;amento Saldo
(R$) fiscal
Duplicatas a receber 500.000 500.000
(-) PECLD nao dedutfveis (70.000) 5.000 a) (65.000)
(-) Perdas dedutfveis 0 (5.000) b) (5.000)
(-) PECLD total (70.000) 0 (70.000)
Creditos Lfquidos 430.000 0 430.000
64 Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos
RESUL1l\DO
Demonstra~ao do Resultado
Reversao de PECLD - nao
tributa.veis
Constitui~ao de Perda -
dedutiveis
Efeito liquido
5.000 a)
(5.000) b)
o
A Perda dedutivel retificadora deve ser mantida no
ativo junto com os respectivos creditos por pelo menos
cinco anos. Caso haja 0 estorno desse lan~amento ou a
baixa das contas a receber contra essa conta antes des-
se prazo, 0 fisco desconsidera 0 lan~amento inicial da
perda fiscal, e esse valor inicialmente deduzido da base
de calculo do imposto deve ser tributado.
b) Urn titulo de $ 2.000 completa 6 meses de
vencido, sem que tenha side pago, e e consi-
derado de dificil recebimento pela empresa,
e ja existe a PECLD nao dedutivel integral
para esse credito. Conforme a legisla~ao fis-
cal, a entidade credora pode tamar a dedu-
tibilidade fiscal desses creditos somente se
der baixa dele diretamente contra 0 re-
sultado. Ainda com rela~ao a esse credito,
a entidade eonsidera que esse valor pode
ainda nao ser uma perda efetiva, existindo
a possibilidade de recupera~ao, 0 que con-
tabilmente implica a manuten~ao do credito
no ativo junto com uma conta retificadora
desse valor. E de reparar que se 0 eorreto
procedimento eontabil for feito (manuten-
~ao da PECLD nao dedutivel e dos ereditos
no ativo), nao existe a possibilidade da to-
mada da dedutibilidade fiscal. Portanto, ha
urn problema: deseobrir uma forma de con-
tabiliza~ao que amenize os efeitos distarci-
vos da norma do fiseo, easo contnirio, estani
isso obrigando a contabilidade a ficar erra-
da, ja que e obrigatoria a baixa dos creditos
no resultado para efeito da dedutibilidade.
Para sanar esse efeito, poderia entao haver urn lan-
~amento adicional oposto ao lan~amento contabil.
iii) Registro fiscal da perda
D - Perda dedutivel (eonta de
resultado)
C - Contas a receber (baixa do
titulo)
iv) Registro restaurador do ativo
D - Contas a receber (reversao da
$ 2.000
$ 2.000
baixa do titulo) $ 2.000
C - PECLD nao tributavel (acerto
da Perda dedutivel conta de
resultado) $ 2.000
E de reparar que esse procedimento implica a ma-
nuten~ao do valor do eredito de $ 2.000 no ativo e a
elimina~ao do efeita da Perda dedutivel no resultado.
ATIVO
Saldo Baixa do credito Conla
anterior e reversao de Saldo PECLD
Duplicatas a receber 500.000 (2.000) + 2.000 500.000
e) e d)
(-) PECLD nao dedu- (65.000) (65.000)
tfveis (5.000) (5.000)
(-) Perdas dedutiveis
(-) PECLD total (70.000) (70.000)
Cn§ditos Lfquidos 430.000 a 430.000
RESULT ADO
Demonstra~ao do Resultado
PECLD - nao tributaveis
Perda dedutivel
Efeito liquido
2.000 d)
(2.000) c)
o
Contabilmente, nao deve haver efeito no resulta-
do, pois ja existe a PECLD para esses creditos.
e) Urn titulo de $ 9.000,00 completa 1 ana de
vencido, sem que tenha sido pago, e a ABC
inicia 0 processo administrativo de cobran-
~a. Conforme a legisla~ao fiscal, a entidade
eredora pode tamar a dedutibilidade fiscal
desses ereditos registrando a perda fiscal no
resultado e a eontrapartida na conta de Per-
da dedutivel (retificadora). A entidade ABC
considera impossivel a recupera~lio des-
ses creditos, 0 que contabilmente deveria
implicar a baixa desses creditos contra sua
PECLD, que ja existia integralmente. Entre-
tanto, se isso for feito, nao existe a possihi-
lidade da tomada da dedutibilidade fiscal.
Portanto, a eseritura~ao fica errada, mos-
trando os ereditos no ativo retifieados pela
Perda dedutivel. Os lan~amentos sao os se-
guintes:
v) Registro fiscal da perda
D - Perda dedutivel (conta de
resultado) $ 9.000
C - Perda dedutivel (conta
retificadora de ativo) $ 9.000
vi) Reversao da PECLD nao dedutivel para
eliminar 0 efeito fiscal errado no resul-
tado
D - PECLD nao
dedutivel (conta
retificadora de ativo) $ 9.000
C - Reversao da PECLD nao
tributavel (conta de
resultado) $ 9.000
Com esse procedimento de contabilizac;ao, substi-
tui-se a realizac;ao da PECLD pela reversao da PECLD
nao dedutivel mais a constituic;ao da Perda dedutivel.
Contabilmente, 0 efeito e urn erro, ja que os creditos
considerados como perda pela administrac;ao nao sao
baixados contabilmente. Nesse caso, 0 adequado seria,
para correta elaborac;ao do balanc;o, considerar 0 ativo
pelo valor liquido, e nao 0 registro do credito e de sua
perda dedutivel.
Os lanc;amentos anteriores podem ser assim visua-
lizados:
ATIVO
Saldo Reversao e Conta
anterior lan~amento Saldo fiscal
Duplicatas a receber 500.000
H PECLD nao dedutiveis (65.000) (9.000) f)
H Perdas dedutfveis (5.000) (9.000) e)
H PECLD total (70.000)
Cn§ditos Uquidos 430.000
RESUL1l\DO
Demonstrac;ao do Resultado
Reversao de PECLD nao
tributavel
Constituic;ao de Perda
dedutivel
Efeito liquido no resultado
0
0
500.000
(56.000)
(14.000)
(70.000)
430.000
9.000 f)
(9.000) e)
o
d) Urn titulo de $ 55.000,00 completa 1 ana de
vencido, sem que tenha sido pago, e a em-
presa inicia 0 processo judicial de cobran-
c;a. Conforme a legislac;ao fiscal, a entidade
credora pode tomar a dedutibilidade fiscal
desses creditos. A entidade ainda conside-
ra que esses creditos serao recuperaveis. Os
$ 55.000 da PECLD nao dedutivel sao rever-
tidos para 0 resultado. Os lanc;amentos sao
os seguintes:
vii) Reversao da PECLD nao dedutivel
D - PECLD nao dedutivel
(conta retificadora de
ativo) $ 55.000
C - Reversao da PECLD nao
tributavel (conta de
resultado) $ 55.000
Contas a Receber 65
viii) Constituic;ao da Perda dedutivel
D - Perda dedutivel (conta
de resultado) $ 55.000
C - Constituic;ao da Perda
dedutivel (conta
retificadora de ativo) $ 55.000
Esses lanc;amentos nao resultam em efeito liquido
no resultado. Os lanc;amentos anteriores podem ser as-
sim visualizados:
ATIVO
Reversao e Saldo Conla
anterior lan~amento Saldo fiscal
Duplicatas a receber 500.000 500.000
H PECLD nao dedutiveis (56.000) (55.000) g) (1.000)
H Perdas dedutfveis (14.000) (55.000) h) (69.000)
H PECLD total (70.000) 0 (70.000)
Creditos Lfquidos 430.000 430.000
RESUL1l\DO
Demonstrac;ao do Resultado
Reversao de PECLD nao tributavel 55.000 g)
Constituic;ao de Perda dedutivel (55.000) h)
Efeito liquido no resultado o
e) A ABC recebe $ 300.000,00 relativos a dupli-
catas a receber que estavam em aberto no fim
do exerdcio anterior. 0 lanc;amento e trivial:
D - Caixa (ou Bancos) $ 300.000
C - Duplicatas a receber
Ou em forma de tabela:
Conta Saldo
anterior
Duplicatas a receber 500.000
H PECLD nao dedutfveis (1.000)
H Perdas dedutfveis (69.000)
H PECLD total (70.000)
Cn§ditos Uquidos 430.000
$ 300.000
Rece- Saldo bimento
(300.000) 200.000
(1.000)
(69.000)
(70.000)
(300.000) 130.000
f) Neste exercicio, vende a prazo $ 600.000,00.
o lanc;amento e trivial, sem ainda considerar
ajuste a valor presente que sera discutido no
tcpieo 6.4:
D - Duplicatas a receber
C - Receita de Vendas
$ 600.000
$ 600.000
66 Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos
A movimenta~ao do ativo em forma de tabela:
Conta Saldo Vendas Saldo
anterior a prazo
Duplicatas a receber 200.000 600.000 800.000
H PECLD nao dedutfveis (1.000) (1.000)
H Perdas dedutfveis (69.000) (69.000)
H PECLD total (70.000) (70.000)
Creditos Uquidos 130.000 600.000 730.000
g) o saldo de duplicatas a receber em aberto e
de $ 800.000, e este deve ser analisado. A
composi~ao desses creditos e a seguinte:
Vendas a prazo do periodo 600.000
Creditos anteriores em aberto 130.000
CrMitos considerados como
perda fiscal 5.000 a)
CrMitos considerados como
perda fiscal 9.000 c)
Creditos considerados como
perda fiscal 55.000 d)
CrMitos nao considerados como
perda fiscal (PECLD) 1.000
Total do contas a receber 800.000
o saldo total em aberto e de $ 800.000 que,
ap6s a exclusao dos valores de perdas dedutiveis de
$ 69.000 (soma de a, c e d), seria pelo criterio do fisco
de $ 731.000. Considerando que foi feita nova analise
dos valores a receber e a PECDL resulte no seu total
(somente para simplifica~ao do exemplo) em 10% do
saldo dos val ores a receber contabilizados, ou seja,
tem-se que 0 valor da nova PECLD nao dedutivel deve
ser de $ 80.000. Entretanto, parte ja esta contabili-
zada como perda dedutivel ($ 69.000) e parte como
PECLD ($ 1.000). Como ja existe esse saldo remanes-
cente que incorpora os criterios do fisco e possibilita a
dedutibilidade, a contabiliza~ao agora pode ser feita
pelos acrescimos adequados para a correta apresen-
ta~ao do ativo:
D - Despesa com PECLD nao
dedutivel (conta de resultado) $ 10.000
C - PECLD nao dedutivel (conta
retificadora de ativo) $ 10.000
Os lan~amentos anteriores podem ser assim visua-
lizados:
Saldo Nova Conta
anterior PECLD nao Saldo dedutivel
Duplicatas a receber 800.000 800.000
H PECLD nao dedutrveis (1.000) (10.000) (11.000)
(-) Perdas dedutrveis (69.000) (69.000)
H PECLD total (70.000) (10.000) (80.000)
Creditos Lrquidos 730.000 (10.000) 720.000
RESUL'Il\DO
Demonstra~ao do Resultado
Constitui~ao de PECLD nao
dedutivel (10.000) i)
Pode-se perceber por meio dos exemplos que a
norma fiscal acabou par tomar 0 uso da PECLD com-
plicado, levando a que muitos profissionais interpretem
de forma errada seu efetivo objetivo, e considerem ape-
nas a tomada da dedutibilidade fiscal. Novamente, 0
uso da PECLD tem 0 objetivo de ajustar as contas a
receber para seu provavel valor de realiza~ao, alem de
proporcionar um ajuste adequado ao regime de com-
petencia na receita de vendas, para que tambem reflita
de forma mais real os fiuxos de caixa futuros espera-
dos. A legisla~ao fiscal nao considera adequadamente
esse objetivo e tem criterios diferentes, fazendo com
que os creditos a receber sejam ajustados apenas por
"Perdas dedutiveis", conforme os criterios fiscais, e nao
reflitam adequadamente 0 valor provavel de realiza-
~ao desses ativos. A concilia~ao dos procedimentos que
permitem dedutibilidade fiscal com 0 real objetivo da
PECLD pode requerer um complexo processo de con-
trole e contabiliza~ao, conforme visto anteriormente.
e) ASPECTOS COMPLEMENTARES
N ormalmente a perda estimada e constituida para
cobrir os casos de contas que nao se espera sejam re-
cebidas dos clientes respectivos. Entretanto, em certos
casos, pode-se incluir no dlculo das perdas estimadas
as despesas complementares, alem do valor que se es-
pera nao receber relativo aos pr6prios titulos. Esse pro-
cedimento justifica-se e deve ser adotado nos casos a
seguir:
I - Despesas de cobran~a
Conforme os tipos de opera~ao, as despesas de co-
bran~a devem ser estimadas, particularmente quando
forem significativas, 0 que ocorre em determinados
ramos, como 0 de vendas para grande quantidade de
clientes a presta~ao, e que sao de pequeno valor indi-
vidual. Se a empresa mantem equipes de cobradores,
seus gastos podem ser a base para tal estimativa. Logi-
camente, nao deve abranger a despesa de cobran~a de
vendas futuras.
II - Descontos, ajustes de pre~o e abatimentos
Para os descontos, abatimentos ou ajustes de pre-
~os significativos, conhecidos e calcuhiveis na data do
Balan~o, relativos as contas a receber na mesma data, a
empresa deve tamhem constituir estimativa adequada.
4.2.4 Securitizac;ao de recebfveis'
Com 0 intuito de obter recursos a taxas mais com-
petitivas, as empresas tern se utilizado de opera~iies es-
truturadas de maneira a transferir 0 controle e 0 risco
para outros investidores. A securitiza~ao e uma
opera-
~ao financeira que faz a conversao de ativos a receber da
empresa em titulos negociaveis - as securities (que em
ingles se refere aos valores mobilhirios e aos titulos de
cn~dito). Esses titulos sao vendidos a investidores que
passam a ser os novos beneficiarios dos fluxos gerados
pelos ativos. Entretanto, para viabilizar essa opera~ao,
existe a intermedia~ao de uma Sociedade de Prop6sito
Especffico (SPE) ou de urn fundo de investimento, de
maneira que 0 risco do titulo e transferido para a SPE
ou para 0 fundo. Os recursos, para 0 repasse a empresa,
sao levantados junto ao investidor que adquire "cotas"
(emitidas pela SPE ou Fundo) espedficas da opera~ao.
Normalmente os recebiveis utilizados neste tipo de
transa~ao sao de uma carteira de clientes da empresa,
ou seja, enquanto 0 risco de uma concessao de "em-
prestimo" it empresa nao tern diversifica<;ao, 0 risco dos
recebiveis e diversificado, 0 que diminui consideravel-
mente a exposi~ao ao risco de credito. Pela cessao (ven-
da) desses titulos para a SPE ou para 0 fundo, a em-
presa obtem os recursos para 0 financiamento das suas
opera~iies ou de projetos de investimento. Dessa forma,
no contexto brasileiro, "securitizar" tern 0 significado
de converter determinados ativos em lastro para titulos
ou valores mobiliarios a serem emitidos. 0 objetivo e
a emissao de titulos ou valores mobilhirios lastreados
pelos recebiveis da empresa ou outros ativos. A forma
mais tradicional de securitiza~ao utiliza os recebiveis
da empresa como lastro para a opera~ao (securitiza~ao
de recebiveis). Entretanto, ha outros tipos de ativos que
podem ser securitizados, como os creditos imobiliarios,
os creditos financeiros (tais como emprestimos e finan-
ciamentos no caso de institui~iies financeiras), faturas
de cartao de credito, mensalidades escolares, contas a
receber dos setores comercial, industrial e de presta~ao
1 Parte deste material foi extrafdo de GALDI, R C. et al. Securitiza-
~ao. In: LIMA, I. S. et al. (Ed.).
Contas a Receber 67
de servi~os, fluxos de caixa esperados de vendas e ser-
vi~os futuros, fluxos intemacionais de caixa derivados
de exporta~ao ou de remessa de recursos para 0 pais,
entre outros. A securitiza~ao de recebiveis pode ser fei-
ta, basicamente, via SPE, via Companhia Securitizado-
ra ou pela utiliza~ao de urn fundo de investimento em
direitos credit6rios (FIDC).
A normatiza~ao sobre securitiza~ao e regulada
pela Comissao de Valores Mobiliarios (CVM), pelo Ban-
co Central do Brasil (Bacen) e pela legisla~ao comercial
e societaria.
Para maiores detalhes sobre a contabiliza~ao des-
ses ativos consulte 0 Capitulo 8 de Instrumentos Finan-
ceiros deste Manual.
4.3 Outros creditos
4.3.1 Conceito e criterios contabeis
o agrupamento de Outros Creditos pode ser gene-
ricamente analisado como sendo composto pelos de-
mais tftulos, valores e outras cantas a receber, normal-
mente nao originadas do objeto principal da sociedade.
Os criterios de avaliac;ao sao os mesmos, ista e,
devem ser demonstrados por seus valores liquidos de
realiza~ao, ou seja, por valores que se espera sejam re-
cuperados, reconhecendo-se as perdas estimadas apre-
sentadas como contas redutoras.
Quanto it classifica~ao, as regras sao tamhem as
mesmas. Sao classificadas no Ativo Circulante todas
as cantas realizaveis em circunstancias normais dentro
do prazo de urn ano; as que tiverem vencimento alem do
exercfcio seguinte constituem Ativo Nao Circulante.
Em termos de apresenta~ao no Balan~o, os Outros
Creditos podem ser agrupados e apresentados em urn
s6 titulo, se seu total nao for significativo, comparativa-
mente com os demais subgrupos. Devedio, porem, ser
segregados por especie, com destaque para as contas
importantes, quando forem de valor relevante. Nesse
caso, as contas devem ser descritas por titulo indicati-
vo de sua natureza e origem. Esse subgrupo pode ser,
portanto, composto de diversas contas, sendo as mais
comuns as relacionadas a seguir, conforme 0 Modelo do
plano de Contas. Outras contas da natureza de "Outros
Creditos" poderao surgir, todavia, 0 tratamento conta-
bil de tais contas, em termos de avalia~ao e classifica-
~ao, e semelhante ao exposto adiante.
OUTROS CREDlTOS
Titulos a receber
a) Clientes - Renegocia~ao de contas a receber
b) Devedores mobiliarios
68 Manual de Contabilidade Societ;:hia • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos
c) Emprestimos a receber de terceiros
d) Receitas financeiras a transcorrer (conta credora)
Cheques em cobran~a
Dividendos propostos a receber
Bancos - Contas vinculadas
Juros a receber
Adiantamento a terceiros
Creditos de funciomirios
a) Adiantamentos para viagens
b) Adiantamentos para despesas
c) Antecipa~ao de sahirios e ordenados
d) Emprestimos a funciomirios
e) Antecipa~ao de 13' salario
f) Antecipa~ao de ferias
Tributos a compensar e recuperar
a) IPI a compensar
b) ICMS a recuperar
c) IRRF a compensar
d) IR e CS a restituir/compensar
e) IR e CS diferidos
f) PIS a recuperar
g) Outros tributos a recuperar
h) Cofins a recuperar
Opera~6es em Bolsa
a) Depositos para garantia de opera~ao a termo
b) Premios pagos - mercado de op~6es
Depositos restituiveis e valores vinculados
Perdas estimadas em creditos de liquida~ao duvidosa
(conta credora)
Perdas estimadas (conta credora)
Ajuste a valor presente (conta credora)
4.3.2 Titulos a receber
Podem originar-se das proprias contas normais a
receber de clientes, as quais, quando vencidas e nao pa-
gas, sao passiveis de renegocia~ao mediante troea por
Titulos a Receber (Notas Promissorias), com novos pra-
zos de vencimento, normalmente acrescidos de juros.
Podem tamhem ser oriundos de vendas nao ligadas
as opera~6es normais da empresa, tais como vendas de
investimentos ou bens do imobilizado, como imoveis,
equipamentos, vefculos etc.
Outro tipo de opera~ao aqui classificavel e a de
titulos a receber por emprestimo feito a terceiros (pes-
soas juridicas ou fisicas). Se a empresa tiver titulos a re-
ceber de origem variada como a acima exemplificada,
podeni criar subcontas, como segue:
Titulos a Receber
a) Clientes - Renegocia~ao de contas a receber
b) Devedores por venda de ativo permanente
c) Emprestimos a receber de terceiros
e) Receitas financeiras a transcorrer (conta cre-
dora)
As parcelas vendveis dentro do prazo de urn ana
sao c1assificadas no Circulante, e no "Nao circulante",
especificamente no subgrupo Realizavel a Longo Pra-
zo em rubricas similares, quando 0 vencimento supe-
rar urn ano. Devemos relembrar aqui 0 mencionado no
item 4.2.1, sobre a necessidade de segregar os even-
tuais titulos a receber de controladas e coligadas.
4.3.3 Cheques em cobram;a
Essa conta engloba os cheques recebidos ate a data
do balan~o, mas nao cobraveis imediatamente, por se-
rem pagaveis em outras pra~as ou por outras restri~6es
de seu recebimento a vista. Podem originar-se, tam-
hem, de cheques recebidos anteriormente e devolvidos
por falta de fundos, que se encontrem em processo nor-
mal ou judicial de cobran~a.
Ja vimos, por outro lado, no Capitulo 3, Disponi-
bilidades - Caixa e Equivalentes de Caixa (item 3.2.1,
letra b), que os cheques em maos, oriundos de rece-
bimentos ainda nao depositados na data do Balan~o,
figurarao no Disponivel, se representarem cheques nor-
mais pagaveis imediatamente.
4.3.4 Dividendos a receber
Essa conta destina-se a registrar os dividendos a
que a empresa tenha direito, em fun~ao de participa~6es
em outras empresas, quando tais empresas ja tenham
registrado no Passivo a parcela de Dividendos a Distri-
buir. Posteriorrnente, da-se baixa nessa conta, quando
do efetivo recebimento desses dividendos. (Veja Capi-
tulo 9, Investimentos - Introdu~ao, item 9.3.2, letra c,
II, Dividendos a receber.)
:Eo interessante notar que esses valores so podem ser
agora registrados se forem os dividendos minimos obri-
gatorios reconhecidos pelas investidas, sem que se pre-
veja qualquer hipotese de nao recebimento, e tamhem
aqueles efetivamente aprovados pelas investidas pelos
orgiios que tenham 0 poder dessa decisiio. Assim, divi-
dendos simplesmente propostos, adicionais ao minimo
obrigatorio, niio podem ser mais classificados como Pas-
sivo na distribuidora desses dividendos e muito menos
ainda como Dividendo a Receber na investidora.
4.3.5 Bancos - Contas vinculadas
Veja Capitulo 3, Disponibilidades - Caixa e Equiva-
lentes de Caixa, item 3.2.2, letra e, Depositos bancarios
vinculados.
4.3.6 juros a receber
o objetivo dessa conta e 0 de registrar os juras
a receber de terceiras relativos a diversas opera~6es,
tais como de emprestimos feitos a terceiras, juros das
aplica~5es em titulos de emissao do govemo e outras
opera~6es nas quais os juras niio sejam agregados aos
proprios titulos.
Sua contabiliza~ao deve seguir 0 regime de com-
petencia, ou seja, pro rata temporis calculado pela taxa
dos juras em fun~ao do tempo ja transcorrido. A contra-
partida e registrada em Receita Financeira.
4.3.7 Adiantamentos a terceiros
Essa conta engloba 0 numerario entregue a tercei-
ras, mas sem vincula~iio especifica ao fomecimento de
bens, produtos ou servi~os contratuais predetermina-
dos. Veja 0 item 7.2.2, letra e, do Capitulo 7, Realiza-
vel a Longo Prazo, (Niio Circulante), onde esta conta e
melhor analisada.
4.3.8 Crf!ditos de funciomirios
a) CONTEUDO E SUBCONTAS POR NATUREZA
Esse agrupamento deve englobar todas as opera-
~5es de creditos de funcionarios por adiantamentos
concedidos por conta de salarios, por conta de despe-
sas, emprestimos e outros. Por esse motivo, essa conta
deve ter subcontas em fun~iio dessa variedade de cre-
dito, que pode ser:
Creditos de funcionarios
a) Adiantamentos para viagens
b) Adiantamentos para despesas
c) Antecipa~6es de salarios e ordenados
Contas a Receber 69
d) Emprestimos a funcionarios
e) Antecipa~iio de 132 salario
f) Antecipa~ao de ferias
b) CONTROLES ANALfnCOS
Cada conta deve ter contrales analiticos por fun-
cionario, cujos saldos devem ser periodicamente tota-
lizados e confrontados com os saldos das contas res-
pectivas.
c) ADIANTAMENTOS PARA VIAGENS E DESPESAS
Essas duas contas destinam-se a registrar os recur-
sos fomecidos a funcionario para custear suas despesas
de viagens a servi~o ou outras despesas. Sao debitadas
por ocasiiio do pagamento, em cheque ou dinheiro, ao
funcionario, segundo documento assinado por ele. A
baixa (credito) nessas contas e feita pelas presta~6es de
contas ou relatorios de despesas apresentados.
a) Pelo adiantamento feito
Adiantamentos para viagem
a Caixa au Baneos
b) Pela presta,ao de contas
Oespesas de viagens -
Caixa ou Bancos (pelo saldo devolvido)
a Adiantamentos para viagens
Debito Credito
x
x
X
x
X
d) ANTECIPAC;:OES DE SALAruOS E ORDENADOS
Essa conta registra as adiantamentos feitos a fun-
cionarios por conta de sahirio. Inumeras empresas ado-
tam 0 procedimento de pagar 0 salario em duas parce-
las. A primeira representa 0 adiantamento feito, que e
registrado nessa conta, sendo baixado na folha de pa-
gamento mensal, quando 0 adiantamento e descontado
do salario total a pagar.
e) EMPRESTIMOS A FUNCIONA!uOS
Os valores a receber por emprestimos feitos pela
empresa a seus funcionarios sao registrados nessa
conta quando da concessiio do emprestimo. A conta e
baixada pelos recebimentos efetuados diretamente do
funcionario ou por meio de desconto em folha de pa-
gamento OU, ainda, na rescisao contratual nos casos de
desligamento.
f) ANTECIPAc;:AO DE 132 SALAruO
Conforme legisla~iio trabalhista vigente, e conce-
dida pela empresa uma antecipa~iio do 132 salario no
70 Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos
periodo de fevereiro a outubro, por ocasiao de ferias
ou por liberalidade da empresa no atendimento de
uma necessidade do funciomirio. Tal antecipa~ao e re-
gistrada nessa conta quando de seu pagamento, sendo
a baixa registrada quando do pagamento da primeira
parcela do 132 salario (novembro), de cujo valor a an-
tecipa~ao e descontada.
g) ANTECIPA<;AO DE FERlAS
Quando se efetivarem pagamentos aos funciona-
rios a titulo de antecipa~ao sobre as ferias, tais valores
devem ser registrados nessa conta. A baixa correspon-
dente ocorrera quando da saida de ferias do funcio-
nario, por meio do desconto em folha de pagamento
daquele periodo, ou na rescisao contratual, em caso de
desligamento.
h) CLASSIFlCA<;AO DAS CONTAS
Deve-se notar que algumas das contas apresen-
tadas estao estreitamente ligadas a certas contas do
passivo contra as quais serao recuperadas. A conta
Antecipa~ao do 13' Salario tera seu saldo recuperado
mediante desconto quando do pagamento do 13' sala-
rio. Por seu tumo, a despesa do 13' salario e registrada
mensalmente por meio da constitui<;ao de uma "provi-
sao derivada de apropria~ao por competencia" para 13'
salario a pagar, classificada como obriga~ao no passivo.
Vma vez que tal evidencia~ao e feita pelo valor totalja
transcorrido sem deduzir as parcelas de adiantamentos
realizados, e carreto classificar as contas de antecipa-
~ao como contas redutoras do passivo. Se 0 valor se
tomar devedor, deve ser transferido para 0 Ativo.
Raciocinio similar e valido para as contas:
Antecipa~6es de salarios e ordenados
Antecipa~ao de ferias
4.3.9 Tributos a compensar e recuperar
a) CONTElJDO E NiUUREZA
Ha diversas opera~6es que podem gerar valores
a recuperar de impostos, tais como saldos devedores
(credores, na linguagem fiscal) de ICMS, IPI, PIS, Co-
fins, IRRF e outros. Tais impostos devem ser registrados
nessa conta que, em face da natureza variada dessas
opera~6es, deve ter segrega~ao em subcontas, inclusive
para melhoria e facilidade de controle. Assim, teremos:
Tributos a compensar e recuperar
a) IPI a recuperar
b) ICMS a recuperar
c) IRRF a compensar
d) IR e CS a restituir/compensar
e) IR e CS diferidos
f) PIS a recuperar
g) Cofins a recuperar
h) Outros tributos a recuperar
Destaca-se que "tributo a compensar/restituir" e 0
credito que constitui moeda de pagamento de tributos
da mesma especie ou nao e que, se nao houver debito
com 0 qual compensar, pode gerar solicita~ao de resti-
tui~ao em dinheiro. Como exemplo, pode ser citado 0
saldo credor do IR e da CS apurados no ajuste anual
pelas pessoas juridicas optantes pela apura~ao anual.
Ja a expressao "tributo a recuperar" identifica 0 tri-
buto pago na aquisi~ao de bens, embutido no pre~o,
que podera ser deduzido do tributo devido sobre ven-
das ou presta~ao de servi~os, sendo essa normalmente
a unica forma possivel de sua recupera~ao (exemplo:
ICMS, PIS e Cofins nao cumulativos pagos na compra
de bens para revenda, de insumos da produ~ao ou de
bens destinados ao ativo imobilizado). Cabe ressaltar
que e legalmente assegurada a possibilidade de utili-
za~ao dos creditos do PIS e da Cofins para compensar
debitos relativos a outros tributos administrados pela
Secretaria da Receita Federal ou 0 ressarcimento em
dinheiro dos creditos nao compensados dentro de cada
trimestre, nos casos excepcionais de empresas expor-
tadoras de mercadorias ou servi~os para 0 exterior ou
que realizem vendas de bens para empresas comerciais
exportadoras com 0 fim especifico de exporta~ao (arts.
52 da Lei n2 10.637/02 e 62 da Lei n2 10.833/03), sen-
do essas forrnas excepcionais de utiliza~ao estendidas
aos creditos, nao recuperados em cada trimestre, nas
empresas que realizam vendas com suspensao, isen~ao,
aliquota zero ou nao incidencia das contribui~6es (art.
16 da Lei nO 11.116/05).
b) IPI, ICMS, PIS E COFINS A RECUPERAR
Essas contas destinam-se a abrigar, respectiva-
mente, 0 saldo devedor de ICMS (Imposto sobre Ope-
ra~6es Relativas a Circula~ao de Mercadorias e sobre
Presta~6es de Servi~os de Transporte Interestadual e
Interrnunicipal e de Comunica~ao), do IPI (Imposto
sobre Produtos Industrializados), do PIS (Programa
de Integra~ao Social) e da Cofins (Contribui~ao para 0
Financiamento da Seguridade Social). Pela propria sis-
tematica fiscal desses impostos, mensalmente os debi-
tos fiscais pelas vendas sao compensados pelos creditos
fiscais das compras, remanescendo urn saldo a recolher
ou a recuperar, dependendo do volume de tais compras
e vendas. 0 normal e que tais saldos sejam a recolher,
quando figuram no Passivo Circulante, mas as vezes
ocorrem saldos a recuperar, quando entao deverao fi-
gurar nessa conta do Ativo Circulante.
Seus saldos devem ser periodicamente conciliados
com os dos livros fiscais respectivos e feitos os ajustes
contabeis aplicaveis.
c) IRRF A COMPENSAR
Essa conta destina-se a registrar 0 IRRF (Imposto
de Renda Retido na Fonte) nas opera~oes previstas na
legisla~ao em que sera recuperado mediante compen-
sa~ao com 0 imposto de renda quando da apresenta~ao
da Declara~ao de Rendimentos ou de outra forma.
A conta e debitada pela reten~ao quando do regis-
tro da opera~ao que a originou e creditada quando 0
valor do imposto retido for compensado mediante sua
inclusao na declara~ao de rendimentos e/ou utiliza~ao
na guia de recolhimento, conforme a sistematica fiscal
determinar.
d) IR E CS A RESTITUIR/COMPENSAR
Essa conta destina-se a registrar 0 Imposto de Ren-
da e a Contribui~ao Social a restituir/compensar apu·
rados no encerramento do periodo fiscal, decorrente
de reten~5es na fonte e/ou antecipa~oes superiores ao
valor devido no exercicio.
A conta e debitada quando da apura~ao do valor,
bern como pelo valor do acrescimo de juros (SELIC)
definido pelo govemo para essas restitui~oes. 0 credito
sera feito quando do efetivo recebimento de parcelas
ou do valor total, ou da compensa~ao do imposto.
e) IR e CS DIFERIDO
Nessa conta, sera registrada a parcela do Imposto
de Renda e Contribui~ao Social que representa diferen-
~as entre os valores de lucro apurados segundo as nor-
mas fiscais e 0 regime de competencia, quando estes
forem menores e as diferen~as forem temporarias.
f) OUTROS TRIBUTOS A RECUPERAR
Nessa conta, sao registrados outros casos de impos-
tos a recuperar pela empresa. Exemplificando, temos:
• impostos (ICMS e IPI) sao destacados na sai-
da de bens (mercadorias) em demonstra~ao,
consigna~ao etc., que deverao retomar ao es-
tabelecimento;
• impostos a recuperar por pagamentos efetua-
dos indevidamente a maior etc.
4.3.10 Depositos restituiveis eva/ores
vincu/ados
Nessa conta, devem ser registrados os depositos e
cau~oes efetuados pela empresa para garantia de con-
Contas a Receber 71
tratos, como os de aluguel, bern como para direito de
usa ou explora~ao temponiria de bens, OU, ainda, as
de natureza judicial. Para qualquer dessas opera~5es,
a classifica~ao nessa conta deve abranger somente os
valores a serem recuperados no curto prazo, pois os de
realiza~ao superior a urn ana da data do balan~o devem
figurar em conta similar do Ativo Nao Circulante.
Serao ainda registrados nessa conta eventuais de-
positos compulsorios que a empresa tenha que efetuar
por for~a de legisla~ao para certas opera~5es, como
ocorreu no caso dos depositos compulsorios sobre im-
porta~ao, sobre combustiveis, ou sobre compra de vei-
culos etc.
Quando houver saldos em opera~5es de naturezas
diversas, poderao ser criadas subcontas para seu con-
trole e, na hip6tese de alguma dessas contas assumir
valor elevado, deve ser apresentada destacadamente
no Balan~o.
4.3.11 Perdas estimadas
Temos ainda no grupo de Outros Creditos as se·
guintes contas credoras:
Perdas Estimadas em Creditos de Liquida~ao
Duvidosa
Perdas Estimadas - Outras
Essas rubricas devem ser contabilizadas pelas esti-
mativas de valores que cubram a expectativa de perdas
nas diversas contas desse subgrupo. Os criterios de sua
constitui~ao e contabiliza~ao sao similares aos do sub·
grupo Clientes. Deve-se, na data do Balan~o, efetuar
uma analise da composi~ao de cada uma das contas,
realizando a estimava de provaveis perdas e reduzir 0
saldo a receber pelo valor provavel de realiza¢o. As
contas mais suscetiveis de perdas estimadas em credito
de liquida~ao duvidosa sao as de titulo a receber, che-
ques em cobran~a, adiantamentos a terceiros e a fun-
cionarias.
A segrega~ao em duas contas destina-se a separar
as perdas conforme sua origem, diferenciando aquelas
que a estimativa seja em virtude de inadimplencia de
terceiros e daquelas perdas por outras razoes (como no
caso de perda do direito de recuperar imposto por falta
ou extravio de documenta~ao habil etc.).
4.4 Tratamento para as pequenas e medias
empresas
Os conceitos abordados neste capitulo tambem
sao aplicaveis as entidades de pequeno e medio porte.
Para maior detalhamento, consultar 0 Pronunciamento
Tecnico PME - Contabilidade para Pequenas e Medias
Empresas.
5
Estoques
5.1 Introdu~ao
Os estoques estao intimamente ligados as prin-
cipais areas de opera~ao das companhias e envolvem
problemas de administra~ao, controle, contabiliza~ao
e, principalmente, avalia~ao.
No caso de companhias industriais e comerciais, os
estoques representam urn dos ativos mais importantes
do capital circulante e da posi~ao financeira, de forma
que sua correta determina~ao no inicio e no fim do pe-
dodo contabil e essencial para uma apura~ao adequada
do lucro Jiquido do exercicio.
Com a mudan~a da estrutura das organiza~6es e a
maior relevancia da participa~ao das empresas de ser-
vi~os na economia, seus estoques - que, alem de ativos
tangiveis, tambem sao compostos por ativos intangiveis
- merecem aten~ao especial. Esses estoques de intan-
giveis podem ser adquiridos de terceiros (direitos) ou
produzidos pela propria entidade. Veja Capitulo 6, so-
bre Ativos Especiais e Despesas Antecipadas, item 6.l.
Cabe mencionar que 0 presente capitulo aplica-se
a todos os estoques, com exce~ao de produ~ao em an-
damento proveniente de Contratos de Constru~ao (ver
Capitulo 22 - Contratos de Constru~ao).
5.2 Conteiido e plano de contas
5.2.1 Conceito e c1assificarfio
Os estoques sao bens tangiveis ou intangiveis ad-
quiridos ou produzidos pela empresa com 0 objetivo
de venda ou utiliza~ao propria no curso normal de
suas atividades. Segundo 0 Pronunciamento Tecnico
CPC 16 - Estoques, os estoques sao ativos:
a) mantidos para venda no curso normal dos
negocios;
b) em processo de produ~ao para venda; ou
c) na forma de materiais ou suprimentos a se-
rem consumidos ou transformados no proces-
so de produ~ao ou na presta~ao de servi~os.
o problema da avalia~ao ou atribui~ao de custos
aos estoques e muito extenso e complexo e sera analisa-
do detalhadamente mais adiante; por enquanto, vamos
verificar 0 que usualmente e incluido nesse subgrupo.
o momento da contabiliza~ao de compras de itens
do estoque, assim como 0 das vendas a terceiros, em
geral, coincide com 0 da transmissao do direito de pro-
priedade dos mesmos, embora 0 conceito de ativo es-
teja ligado nao so ao aspecto legal, mas principalmen-
te a transferencia de riscos e beneficios futuros. Dessa
forma, na determina<;ao sabre se os itens integram au
nao a conta de estoques, 0 importante nao e sua posse
fisica, mas 0 direito de sua propriedade; em seguida,
ha tambem que se discutir a figura do controle e ainda
as dos riscos e beneficios. Assim, deve ser feita uma
analise caso a caso visando identificar potenciais even-
tos
onde haja transferencia dos principais beneficios e
riscos. Feitas essas considerac;6es, normalmente, as es-
toques estao representados por:
a) itens que fisicamente estao sob a guarda
da empresa, excluindo-se os que estao fi-
sicamente sob sua guarda, mas que sao de
propriedade de terceiros, seja por terem sido
recebidos em consigna~ao, seja para bene-
ficiamento ou armazenagem por qualquer
Dutro motivo;
b) itens adquiridos pela empresa, mas que es-
tao em transito, a caminho da sociedade, na
data do balan~o, quando sob condi~6es de
compra FOB, ponto de embarque (fabrica ou
deposito do vendedor);
c) itens da empresa que foram remetidos para
terceiros em consignac;ao, normalmente em
poder de provaveis fregueses ou outros con-
signatarios, para aprova~ao e possivel venda
posterior, mas cujos direitos de propriedade
permanecem com a sociedade;
d) itens de propriedade da empresa que estao
em poder de terceiros para armazenagem,
beneficiamento, embarque etc.
As nonnas internacionais costumam apresentar
discuss6es sobre esse assunto, principalmente no que
tange it contabiliza~ao de ativos e seus respectivos pas-
sivos de bens consignados. Nesses casos, a contabiliza-
~ao encontra-se geralmente Iigada ao reconhecimento
da receita da entidade que consignou 0 bern. Novamen-
te 0 ideal e uma analise particular para cada caso, uma
vez que cada contrato estabelece diferentes niveis de
transferencia de beneficios e riscos.
o lAS 18 cita 0 caso das entidades pertencentes
ao ramo de varejo de automoveis, cujos ativos consig-
nados foram reconhecidos na entidade que recebeu os
bens. Poucos trabalhos, tanto nacionais quanto interna-
cionais, tratam deste assunto, mas a maioria deles de-
fende 0 reconhecimento do ativo na entidade consigna-
taria, e do respectivQ passivD, na entidade consignante.
5.2.2 Compras em transito
Nao devem ser incluidas as compras cujo transpor-
te seja de responsabilidade do vendedor (FOB-desti-
no), nem as mercadorias recebidas de terceiros (quan-
do a empresa e consignataria ou depositaria), nem os
materiais comprados, mas sujeitos it aprova~ao. Neste
ultimo caso, a integra~ao aos estoques se dara apos a
aprova~ao.
5.2.3 Pe~as e materiais de manuten~ao
!tens que tern algumas caracteristicas de despesas
antecipadas, como pec;as, materiais de manuten<;ao e
ferramentas de pouca dura~ao, sao tamhem incluidos
Estoques 73
como estoques, mas evidenciados separadamente dos
demais. Nao ficam dentro do subgrupo "Despesas do
Exercicio Seguinte" por se referirem a bens corporeos,
mas devem, pela regra de Iiquidez decrescente, ser 0
ultimo detalhe dos estoques.
5.2.4 Materiais destinados a obras
Urn dos problemas controvertidos na classifica~ao
refere-se a almoxarifado de materiais para constru~ao
nas empresas que tern obras em andamento. Todavia,
se tais materiais naD tern a caracteristica de estoques
destinados it venda ou a serem transformados para
futuras vendas, pode ser criada conta especifica a ser
classificada no Ativo Imobilizado no subgrupo de Imo-
bilizado em Andamento. Veja Modelo do Plano de Con-
tas que preve a conta A1moxarifado de Invers6es Fixas
nesse subgrupo.
5.2.5 Pe~as de reposi~ao de equipamentos
Outro tipo de item de classifica~ao diffcil e 0 esto-
que de pe~as de reposi~ao de maquinas e equipamentos
que serao contabilizados como adi~ao ao Imobilizado
em opera<;ao, e naD como despesas. Is80 s6 ocorre se as
anteriores forem baixadas quando da troca. Esses esto-
ques tamhem devem ser classificados no Ativo Imobili-
zado, em subconta it parte.
Em certas circunstancias, no caso de pe~as de re-
posi~ao de maquinas e equipamentos, podera ser 0
caso ate de tais pe~as sofrerem deprecia~ao na mes-
rna base dos equipamentos a que se referem quando,
isoladamente, nao tiverem outra utilidade ou valor
residual, caso nao sejam usadas. Assim, sua vida utH,
mesmo que nao sejam usadas, pode ser a mesma da
do equipamento respectivo. Todavia, essa nao e a si-
tua~ao mais comum. Essa questao sera abordada com
mais detalhes no Capitulo 12, Ativo Imobilizado (item
12.2.4, letra a, XI).
5.2.6 Elenco sugerido de contas
De fato, a Lei das Sociedades por A~6es, ao referir-
se aos estoques, menciona-os como "os direitos que ti-
verem por objeto mercadorias e produtos do comercio
da companhia, assim como materias-primas, produtos
em fabrica~ao e bens do almoxarifado".
Para empresas comerciais, os estoques seriam tao-
somente os produtos do comercio adquiridos para re-
venda e eventualmente uma conta de almoxarifado.
Para empresas prestadoras de servi~os, os estoques
seriam materiais ou suprimentos a serem consumidos
74 Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos
no processo de presta~ao de servi~os. Mas elas tambem
precisam apresentar seus estoques de SERVI<;OS EM
ANDAMENTO, coisas que pouco se vie porque e comum,
infelizmente, as empresas prestadoras de servi~os da-
rem tratamento inadequado a seus custos. Ja para em-
presas industriais, ha necessidade de diversas contas.
Presumindo que os estoques sejam realizados den-
tro de um ano, ou dentro de um cicio normal de opera-
~6es, 0 modele de Plano de Contas apresenta 0 subgru-
po de ESTOQUES no Ativo Circulante, classificado apes
os subgrupos Disponivel, Clientes, Outros Creditos e
Investimentos Temporarios, seguindo 0 conceito de li-
quidez, sequlencia essa que tambt'm deve ser adotada
no balan~o de publica~ao.
Assim, considerando 0 conteudo normal dos esto-
ques em empresas industriais, 0 subgrupo e apresenta-
do pelas seguintes contas:
ESTOQUES
Produtos acabados
Mercadorias para revenda
Produtos em elabora~ao
Materia-prima
Outros materiais diretos
Mao de obra direta
Salario
Prlemios de produ~ao
Gratifica~6es
Ferias
Decimo-terceiro salario
INSS
FGTS
Beneficios a empregados
Aviso previo e indeniza~6es
Assistlencia medica e social
Seguro de vida em grupo
Seguro de acidentes do trabalho
Auxilio-alimenta~ao
Assistencia Social
Outros encargos
Outros Custos Diretos
Servi~os de Terceiros
Outros
Custos indiretos
Material indireto
Mao de obra indireta
Salarios e ordenados dos supervisores de pro-
du~ao
Salarios e ordenados dos departamentos de
produ~ao
Gratifica~6es
Ferias
Decimo-terceiro salario
INSS
FGTS
Beneficios a empregados
Aviso previo e indeniza~6es
Assistencia medica e social
Seguro de vida em grupo
Seguro de acidentes do trabalho
Outros encargos
Honorarios da diretoria de produ~ao e encar-
gos
Ocupa~ao
Alugueis e condominios
Deprecia~6es e amortiza~6es
Manuten~ao e reparos
Utilidades e servi~os
Energia Eletrica (Iuz e for~a)
Agua
Transporte do pessoal
Comunica~6es
Reprodu~6es
Refeitcrio
Outros Custos
Recrutamento e Sele~iio
Treinamento do pessoal
Roupas profissionais
Condu~6es e refei~6es
Impostos e taxas
Seguran~a e vigilancia
Ferramentas peredveis
Outras
Manuten~ao e suprimentos gerais
Mercadorias em transito
Mercadorias entregues em consigna~iio
Importa~6es em andamento
Servi~os em Execu~ao
Almoxarifado
Adiantamentos a fornecedores
Perda estimada para redu~iio ao valor realizavel li-
quido (conta credora)
Perda estimada em estoques (conta credora)
Ajuste a valor presente (conta credora)
o Plano de Contas preve 0 subgrupo Estoques so-
mente no Ativo Circulante, mesmo porque, como Cir-
culante, considera-se na atuallei 0 periodo de urn ano,
normalmente. Todavia, pod en; haver casos de empre-
sas que tenham estoques cuja realiza~ao ultrapasse 0
exerdcio seguinte; nesse caso, no Balanc:;o deve haver a
reclassifica~ao dos estoques para 0 Realizavel a Longo
Prazo, dentro do Ativo Nao Circulante, em conta a par-
te nao prevista no Plano de Contas, a nao ser que 0 ciclo
operacional da empresa
seja superior a urn ano. Nesse
caso, 0 Ativo Circulante inclui todos os bens, Cr<,ditos
operacionais, despesas antecipadas e eventuais outras
rubricas relativas a essas atividades que demandam
mais do que urn ana para completar seu ciclo opera-
donal. Assim, esses estoques, nesse caso, permanecem
dentro do Ativo Circulante.
Logicamente, isso nao deve ser feito com peque-
nos itens rnorosos ou comprados em excesso as neces-
sidades correntes que sejam de pequeno valor. Toda-
via, quando tiver algum significado, isso deve ser feito.
Pode ocorrer, por exemplo, que a empresa, para garan-
tia de sua produ~ao futura, fa~a uma estocagem bern
elevada de determinadas materias-primas vitais a sua
produ~ao ou fa~a-a por outros motivos, mas nao que
isso seja 0 normal no seu ciclo operacional. Nesse caso,
a parcela de tais estoques, para consumo a longo prazo
(superior ao exercicio seguinte), deve ser reclassificada
para 0 Ativo Nao Circulante. E importante salientar que
a inten~ao da empresa e vital nessa classifica~ao.
As contas de estoques incluem:
a) PRODUTOSACABADOS
Deve representar aqueles ja terminados e oriun-
dos da propria produ~ao da empresa e disponiveis para
venda, estando estocados na fabrica, ou em depositos,
ou em filiais, ou ainda corn terceiros em consignac:;ao,
como ja discutido anteriormente.
A pratica usual e manter subcontas por local (fa-
brica, filial 1, filial 2 etc.) para facilitar confrontos com
controles quantitativos, ajustes etc.
Recebe os debitos pela transferencia da conta
Produtos em Elabora~ao e os creditos pelas vendas ou
transferencia da subconta da fabrica para as filiais etc.
b) MERCADORIAS PARA REVENDA
Engloba todos os produtos adquiridos de terceiros
para revenda, que nao sofrerao qualquer processo de
transforma~ao na empresa.
c) PRODUTOS EM ELABORA<;:AO
Representa a totalidade das materias-primas ja re-
quisitadas que estao em processo de transforma~ao e
todas as cargas de custos diretos e indiretos relativos a
produ~ao nao concluida na data do Balan~o. Pelo ter-
Estoques 75
mine dos produtos, seus custos sao transferidos para
Produtos Acabados, sendo que recebe os debitos oriun-
dos das cargas de apropria~ao dos custos de produ~ao.
d) MATERIAS-PRIMAS
Abriga todas as materias-primas, ou seja, os mate-
riais mais importantes e essenciais que safrem transfor-
ma~6es no processo produtivo. Sua composi~ao e natu-
reza e extremamente diversificada e depende de cada
tipo de industria. E caracteristica dessa conta, normal-
mente, representar urn valor significativQ em re1ac;ao
ao total dos custos de produ~ao.
e) MATERIAlS DE ACONDICIONAMENTO E
EMBALAGEM
Refere-se a todos os itens de estoque que se des-
tinam a embalagem do produto ou a seu acondiciona-
mento para remessa.
Conforme 0 tipo de industria, particularmente na-
quelas em que a embalagem e parte integrante do pro-
duto, esses itens do estoque sao, as vezes, classificados
impropriamente na conta de Materias-primas.
f) MATERIAlS AUXILIARES
Engloba os estoques de materiais, de menor im-
portancia, utilizados no processo industrial. Tais itens
podem ser apropriados diretamente ou nao ao produto,
sendo caracterizados por nao terem uma representa-
~ao significativa no valor global do custo de produ~ao
e pela dificuldade de serem identificados fisicamente
no produto.
g) MATERIAlS DE MANUTEN<;:AO E SUPRIMENTO
GERAIS
Nessa conta sao classificados os estoques de ma-
teriais para manuten~ao de maquinas, equipamentos,
ediffcios etc. e para usa em cansertos, manutenc;ao, lu-
brifica~ao, pintura etc.
h) IMPORTA<;:6ES EM ANDAMENTO
Engloba os custos ja incorridos relativos a impor-
ta~6es em andamento e as proprias mercadorias em
transito, quando a condi~ao de compra e feita FOB, no
ponto de embarque, pelo exportador.
i) ALMOXARlFADO
A conta de Almoxarifado varia muito de uma em-
presa para outra, em fun~ao de suas peculiaridades e
necessidades. Todavia, engloba todos os itens de esto-
ques de consumo geral, podendo incluir produtos de
alimenta~ao do pessoal, materiais de escritorio, pe~as
em geral e uma variedade de itens. Muitas empresas,
por questao de controle, adotam a pratica de, para fins
76 Manual de Contabilidade Societaria • Iudicibus, Martins, Gelbcke e Santos
contabeis, ja lan~ar tais estoques como despesas no mo-
mento da compra, somente mantendo controle quanti-
tativo, pois muitas vezes representam uma quantidade
muito grande de itens, mas de pequeno valor total, nao
afetando os resultados. Esse metoda pode ser aplicado
a outras contas para os itens de pequeno valor. Veja, a
esse respeito, 0 item 5.4.l.
Contabilmente nao e a prarica mais correta pelo
Principio da Competencia, mas e aceitavel pela conven-
~ao da Materialidade, quando usada adequadamente.
j) ADIANTAMENTO A FORNECEDORES
Abriga os adiantamentos efetuados pela empresa a
fomecedores, vinculados a compras especificas de ma-
teriais que serao incorporados aos estoques quando de
seu efetivo recebimento. Quando efetuamos urn adian-
tamento a urn fornecedor de materia-prima, devemos
registra-Io nessa conta; a baixa e contabilizada quando
do efetivo recebimento, registrando-se 0 custo total na
conta Materias-primas, e 0 eventual saldo a pagar e re-
gistrado em Fomecedores (Passivo Circulante).
k) PERDA ESTlMADA PARA REDu(~AO AO VALOR
REALIZAVEL LIQUIDO
Essa conta credora, que deve ser classificada como
redu~ao do grupo de Estoques, destina-se a registrar 0
valor dos itens de estoques que estiverem a urn custo
superior ao valor realizavelliquido, como descrito nos
itens 5.3.1 e 5.3.3. Essa perda estimada nao e dedutivel
para fins fiscais (arr. 13 da Lei n' 9.249/95) e deve ser
reconhecido em conta especifica (Despesa com Perda
Estimada para Redu~ao ao Valor Realizavel Liquido).
I) PERDAS EM ESTOQUES
Essa conta destina-se a registrar as perdas conhe-
cidas em estoques e calculadas por estimativa, relativas
a estoques deteriorados ou obsoletos e, mesmo, para
dar cobertura a diferen~as fisicas, quando tais perdas
nao puderem ser baixadas das proprias contas, pelo
fato de nao estarem identificados os itens especificos e
por constituirem estimativas. 0 gasto relativo ao reco-
nhecimento dessa perda estimada deve ser reconhecido
em conta especifica (Despesa com Perdas Estimadas em
Estoques), mas nao e dedutivel para efeitos fiscais, ex-
ceto no caso das perdas esrimadasem estoque de livros
constituida, na base de ate 1/3 (urn ter~o) do valor do
estoque existente na data do encerramento do periodo
de apura~ao fiscal, pelas empresas editoras, distribuido-
ras ou vendedoras varejistas de livros (art. 85 da Lei n'
10.833/03). Veja mais detalhes no item 5.3.2, letra d, IV:
m) SERVlGOS EM ANDAMENTO
Essa conta deve registrar todos os gastos com ma-
terial, mao de obra e outros aplicados Ii realiza~ao do
servi~o.
5.3 Criterios de avalia~ao
5.3.1 Criterio basico
Conforme deterrnina 0 Pronunciamento Tecnico
CPC 16 - Estoques, para fins de mensura~ao dos es-
toques, a regra e: valor de custo ou valor realizavelli-
quido, dos dois 0 menor. Por valor realizavel liquido
entende-se 0 pre~o de venda estimado no curso normal
dos negocios deduzido dos custos estimados para sua
conclusao e dos gastos estimados necessarios para se
concretizar a venda.
A proposi~ao do valor realizavel liquido, no en-
tanto, nao deve ser confundida com 0 valor justo. 0
mesmo pronunciamento define valor justo como aquele
pelo qual urn ativo pode ser trocado ou urn passivo li-
quidado entre partes interessadas, conhecedoras do ne-
gocio e independentes entre si, com ausencia de fatores
que pressionem para a liquida~ao da transa~ao ou que
caracterizem uma transa~ao compulsoria. Esse conceito
sera importante, por exemplo, quando da mensura~ao
do custo do produto