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Teoria geral do crime e Conduta - Ivan Santiago

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Enviado por Bernardo Pupe em

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Rio, 5 de abril de 2011 
Direito Penal I
As Infrações Penais pode ser Crimes/Delitos ou Contravenções. A contravenção é menos grave do que o que é considerado crime. Nós estudaremos os aspectos gerais do crime – e esses aspectos, no geral, se aplicam também às contravenções. Existe atualmente uma tendência legislativa atual a não criar contravenções. As contravenções existentes, em sua maioria, estão presentes no DL 3688/41, a Lei das Contravenções Penais.
Teoria Geral do Crime
O Crime não se resume ao simples enquadramento do sujeito a um determinado modelo legal de proibição. Exemplo: Se um indivíduo mata alguém, não necessariamente cometeu crime. Pode ter sido, por exemplo, uma hipótese de legitima defesa. 
Para condenar alguém por um crime, deve-se ter certeza. In dúbio pro reo, ou seja, em caso de dúvida o réu deve ser absolvido. Deve existir convicção sobre a existência do crime. Pode ocorrer o mesmo no caso de um ato que se configuraria como roubo, porém estava sob coação moral irresistível. 
A verificação do crime, portanto, não é feita em um único momento – é uma verificação escalonada. São quatro perguntas que devem ser feitas e respondidas positivamente. Essas quatro estruturas do crime são as seguintes: conduta, tipicidade, antijuricidade e culpabilidade. O conceito do crime é um conceito unitário, mas ao analisá-lo encontram-se elementos integrantes, tidas como estruturas componentes do crime. Apenas com essas quatro se verifica a existência do crime – isso para que os aspectos particulares do homem sejam levados em consideração. Deve-se considerar a inserção do individuo no meio social, verificar se havia alternativa para o indivíduo. Assim, chegaremos ao conceito analítico de delito, essencial para uma decisão justa. É analítico, pois ocorre uma análise por meio da fragmentação. Essa estrutura vai valer para todo e qualquer crime, e deve ser feita sempre nessa ordem apresentada. 
Em uma defesa em que se alega legítima defesa, discute-se antijuridicidade. Para chegar a essa discussão, deve-se admitir, anteriormente, que existiu conduta e tipicidade. 
A conduta é um conceito preexistente ao Direito. Ou seja, a conduta é sempre realizada por todos. Conduta é um comportamento humano voluntário. Algumas condutas são valoradas negativamente pelo legislador – são as condutas que nós devemos nos abster de realizar. São condutas que atingem bens jurídicos preciosos. A valoração negativa da conduta é a eleição daquilo que será considerado comportamento criminoso. Isso é feito por meio de tipo penal – a escolha das condutas proibidas.
A tipicidade, portanto, é o enquadramento de uma conduta ao um tipo (a um modelo legal de proibição baseado na valoração negativa da conduta). 
Não basta, porém, que uma conduta seja típica. Ela deve ser antijurídica. Uma conduta que se adéqua a um modelo legal de proibição tende a ser antijurídica – mas isso é uma suposição que nem sempre se confirma. Existem causas de exclusão da antijuricidade. São casos em que o legislador autoriza a realização de uma conduta que seja típica. Sendo assim, a suposição da antijuricidade só se confirma caso se afaste todas as causas de exclusão da antijuricidade. 
Nesse processo de indagação, depois da confirmação da antijuridicidade, tem-se já o injusto penal. Ainda não há crime, mas existe conduta típica e antijurídica (que é chamada de injusto penal). Alguns autores definem que o crime é conduta típica antijurídica, porém essa definição é simplista – para ser crime, deve ser analisada a culpabilidade. 
A culpabilidade deve ser constatada para que a existência do crime se confirme. É melhor não indicar que a conduta é culpável, mas sim que o agente é culpável – afinal, a culpabilidade se encontra no agente. Assim, crime seria uma conduta típica e antijurídica realizada por agente culpável. Na culpabilidade, aspectos próprios do autor são analisados – a maioridade penal, a imputabilidade, a inserção desse indivíduo no meio (pode ser que ele não conheça a ilicitude daquilo que fez – nesse caso não vale a regra prevista na Lei de Introdução do CC), saber se havia conduta adversa que pudesse ser realizada, etc. A compreensão individualizada de quem realiza a conduta é exercida principalmente no elemento da culpabilidade.
É importante indicar que no processo penal não basta alegar, deve-se provar. Assim, entra-se na questão do ônus da prova – não se é obrigado a provar, mas caso não se prova pode existir prejuízo para a parte interessada. 
Depois de confirmados todos os elementos, têm-se o crime. 
Sobre a conduta 
É preexistente ao Direito, não depende da lei para existir. Porém, analisamos a conduta por um detalhe muito importante: nem todo comportamento humano pode ser chamado de conduta. Nesses casos, o crime será afastado logo no princípio. 
Conceito finalista de conduta (de Welpel). Antes desse conceito, em um caso, só analisaria a culpa ou doloso ao se verificar a culpabilidade. Welpel, porém, alegava que faz parte da estrutura da conduta a manifestação de vontade. A vontade deveria ser verificada para analisar a conduta, devendo ser uma vontade que leva um fim. A conduta pressupõe uma vontade, que por sua vez pressupõe um fim. A conduta deve ser um comportamento humano voluntário. Nesse caso, não há conduta quando faltar a vontade – comportamentos involuntários não podem ser classificados como condutas, razão pela qual não podemos falar de crime. 
Hipóteses de involuntariedade (em que não há conduta):
Coação física absoluta - o artigo 22 do Código Penal não se aplica aqui: ele serve para exclusão da culpabilidade e é chamada de coação moral irresistível. A coação física é um caso em que há uma força muito maior (sobreforça) do que a do indivíduo agindo sobre ele – e isso extingue qualquer parcela de vontade do indivíduo. No caso de alguém que emite um cheque sem fundo com uma arma na cabeça, ocorre uma vontade viciada pela coação. Ocorre comportamento voluntário. Nesse caso, portanto, há conduta – porque existe vontade, ainda que viciada. O crime não será caracterizado por ausência de culpabilidade (por coação irresistível, artigo 22 CP). 
Ato reflexo – é um ato involuntário, provocado pelo nosso sistema nervoso. É algo involuntário, e geralmente precisa-se de uma perícia para comprovar o ato reflexo. O ato reflexo não se confunde com um movimento condicionado – exemplo do profissional de luta e que já está habituado a exercer determinado movimento por reflexo. 
Estados de inconsciência – ocorre quando a pessoa está inconsciente. Difere da inconsciência proposital, para que aconteça o crime. Um exemplo de estado de inconsciência é o caso de alguém que bate em outro durante o sono. O sonambulismo, a epilepsia e a hipnose são casos em que pode ser alegado estado de inconsciência, embora exista divergência entre peritos médicos. 
O caso dos crimes culposos, como o homicídio, é o calcanhar de Aquiles da teoria finalista.

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