Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
Universidade Federal de Vic¸osa - UFV Centro de Cieˆncias Exatas e Tecnolo´gicas - CCE Departamento de Matema´tica - DMA MAT 147 - CA´LCULO II 2013/I Professor Luiz Henrique Aula: Me´todo do Fator Integrante, EDO’s Separa´veis e de Bernoulli 1 Equac¸a˜o Diferencial Ordina´ria de Primeira Ordem Linear Definic¸a˜o 1.1 Uma equac¸a˜o do tipo y′ + p(x)y = q(t) (1) e´ chamada Equac¸a˜o Diferencial Ordina´ria De Primeira Ordem Linear, onde p e q sa˜o func¸o˜es cont´ınuas em um intervalo. As func¸o˜es p e q da definic¸a˜o acima podem ser apresentadas por tipos diferentes de func¸o˜es, para cada tipo existem me´todos que sa˜o mais convenientes na resoluc¸a˜o da EDO. Apresentaremos os diversos casos que podem englobar as func¸o˜es p e q e o me´todo mais conveniente em cada caso. 1.1 Me´todo por Integrac¸a˜o Observe que se fizermos p(x) = 0 na Equac¸a˜o 1, teremos y′ = q(x) e a soluc¸a˜o y(x) pode ser obtida por integrac¸a˜o, ou seja,∫ y′dx = ∫ q(x)dx ⇒ y(x) = ∫ q(x)dx+ c. Exemplo 1.2 Para resolver a EDO de primeira ordem linear y′ = 1 1 + x2 utilizaremos o processo de integrac¸a˜o, ja´ que temos p(x) = 0. A soluc¸a˜o e´ dada por y(x) = ∫ 1 1 + x2 dt ⇒ y(x) = arctg(x) + c. 1 MAT 147 - Luiz Henrique Couto 2 1.2 Me´todo do Fator Integrante Dada uma EDO na forma y′ + p(x)y = q(x) resolveremos esta equac¸a˜o transformando-a naquela em que p(x) = 0. Neste sentido, vamos definir uma func¸a˜o µ(x) a qual chamaremos de fator integrante da equac¸a˜o linear. Considere a EDO linear de primeira ordem y′ + p(x)y = q(x). Multiplicando esta equac¸a˜o pelo fator integrante µ(x), obteremos: µ(x)y′ + µ(x)p(x)y = µ(x)q(x) ⇒ (y · µ(x))′ = µ(x) · q(x) ⇒ ∫ (y · µ(x))′dx = ∫ µ(x) · q(x)dx ⇒ y · µ(x) = ∫ µ(x) · q(x)dx+ c. Assim, a soluc¸a˜o desta equac¸a˜o e´ dada por y(x) = 1 µ(x) · (∫ µ(x) · q(x)dx+ c ) , onde µ′(x) = µ(x) · p(x) ⇒ µ′(x) = e ∫ p(x)dx. Exemplo 1.3 Resolva o Problema de Valor Inicial (P.V.I.): y′ + 2xy = cos (x)x2 , x > 0y(pi) = 0. Soluc¸a˜o Inicialmente encontraremos a soluc¸a˜o geral da equac¸a˜o diferencial dada. Para tanto, precisamos determinar o fator integrante: µ(x) = e ∫ 2 x dx = elnx 2 = x2. De posse do fator integrante, a soluc¸a˜o geral e´ dada por: y(x) = 1 x2 · [∫ x2 · cos (x) x2 dx+ c ] ⇔ y(x) = 1 x2 · (sen(x) + c) . Usando a condic¸a˜o inicial y(pi) = 0, encontraremos a soluc¸a˜o particular, ou seja, a soluc¸a˜o do P.V.I.: y(pi) = 1 pi2 · (sen(pi) + c) = 0 ⇒ c = 0. Portanto, a soluc¸a˜o do P.V.I. e´ y(t) = sen(x) x2 . MAT 147 - Luiz Henrique Couto 3 2 Equac¸o˜es Diferenciais Ordina´rias de Primeira Ordem Na˜o-Lineares Os me´todos de resoluc¸a˜o para cada tipo de EDO na˜o-linear sa˜o mais sofisticados. No entanto, na˜o sa˜o sufientes para determinar a soluc¸a˜o de todos os tipos de EDOs que existem. Por isso, ficaremos restritos a alguns tipos de equac¸o˜es diferenciais que possuem me´todos de resoluc¸a˜o. 2.1 Equac¸a˜o de Varia´veis Separa´veis Definic¸a˜o 2.1 Uma equac¸a˜o da forma N(y) dy dx = M(x) (2) e´ chamada equac¸a˜o separa´vel. Observac¸a˜o 2.2 A Equac¸a˜o 2 e´ dita separa´vel pois pode ser escrita na forma diferencial N(y)dy = M(x)dx. Exemplo 2.3 A equac¸a˜o diferencial dy dx = x2 1− x2 e´ uma equac¸a˜o separa´vel, pois conseguimos escreveˆ-la na forma x2dx = (1− y2)dy. Observac¸a˜o 2.4 Note que a EDO do exemplo anterior e´ uma equac¸a˜o de primeira ordem na˜o-linear. Veremos agora como obter uma soluc¸a˜o para este tipo de EDO. Considere a seguinte equac¸a˜o separa´vel N(y) dy dx = M(x). (3) Sejam H1(x) e H2(y) as func¸o˜es primitivas de M(x) e N(y), ou seja,∫ M(x)dx = H1(x) e ∫ N(y)dy = H2(y). Escrevendo a Equac¸a˜o 3 na forma diferencial e integrando ambos os membros, teremos N(y)dy = M(x)dx ⇔∫ N(y)dy = ∫ M(x)dx ⇔ H2(y) = H1(x) + c ⇔ H2(y)−H1(x) = c, que e´ a soluc¸a˜o geral da EDO 3, dada implicitamente. MAT 147 - Luiz Henrique Couto 4 Exemplo 2.5 Resolva o PVI dy dx = ycosx 1 + 2y2 y(0) = 1 Soluc¸a˜o: Como visto anteriormente, esta EDO e´ separa´vel e reduz-se a forma diferencia´vel( 1 y + 2y ) dy = cosxdx. Deste modo, ∫ (y−1 + 2y)dy = ∫ cosxdx ⇔( ln |y|+ y2) = (senx) + c ⇔ Como y(0) = 1, temos ( ln |1|+ 12) = (sen 0) + c⇒ 0 + 1 = 0 + c⇒ c = 1. Assim, a soluc¸a˜o do PVI e´ dada (implicitamente) por( ln |y|+ y2) = (senx) + 1. 2.2 Equac¸a˜o de Bernoulli Considere a equac¸a˜o diferencial y′ + p(x)y = q(x)yn. (4) Para n = 0 ou n = 1 esta equac¸a˜o se reduz a uma EDO linear de primeira ordem cuja resoluc¸a˜o ja´ foi vista. Quando n 6= 0 e n 6= 1, uma equac¸a˜o do tipo 4 e´ chamada Equac¸a˜o de Bernoulli. Podemos reescrever a Equac¸a˜o 4 como y−ny′ + p(x)y1−n = q(x). Fazendo a mudanc¸a v = y1−n obtemos v′ = dv dx = (1− n)y−n · dy dx = (1− n)y−n · y′ e a equac¸a˜o diferencial linear se transforma em 1 1− n · v ′ + p(x) · v = q(x) (5) A equac¸a˜o 5, sendo linear, pode ser resolvida utilizando o fator integrante µ(x) = e ∫ (1−n)p(x) dx e, a partir dessa soluc¸a˜o, podemos encontrar a func¸a˜o soluc¸a˜o y(x). MAT 147 - Luiz Henrique Couto 5 Exemplo 2.6 A equac¸a˜o diferencial y′+ 1 x y = xy2 e´ uma equac¸a˜o de Bernoulli. Para resolveˆ-la, vamos dividir ambos os membros por y2 e fazer a substituic¸a˜o v = y1−2 = y−1. Assim, obtemos a equac¸a˜o −v′ + 1 x v = x ⇔ v′ − 1 x v = −x. Utilizando o fator integrante µ(x) = e ∫ 1 x dt = elnx −1 = x−1 = 1 x para resolver a equac¸a˜o diferencial em v, encontraremos v(x) = −x2 + xc, onde c e´ uma constante. Como v = y−1, segue que y(x) = − 1 x2 − xc.