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REALEZA: DIREITO ROMANO ARCAICO – JUS CIVILE. (753 a 510 a.C) 1) EVOLUÇÃO SÓCIO-POLÍTICA DA ANTIGA ROMA É a época em que roma foi governada por reis. (Rômulo, Numa Pompílio, Tulo Hostílio, Anco Márcio, Tarquínio Prisco, Sérvio Túlio e Tarquínio.) (Etruscos) 1.1. Fundação de Roma: Lenda: Ler fls. 31 e 32 de Luiz Antonio Rolim Roma, cuja fundação é de origem lendária, atribuída a Rômulo e Remo, cuja existência Moreira Alves atribui à simbologia da representação dos dois grupos etruscos rivais, que disputavam o poder naquela área. Muitos historiadores sustentam que no meado do século VIII a.C, os etruscos, fundaram a cidade de Roma em duas etapas: na primeira secaram os pântanos entre as colinas para o desenvolvimento da agricultura; na segunda etapa criaram a primeira organização política da cidade. 1.2. Importância da Religião A população romana do período arcaico era extremamente ligada ao religioso, mas era politeísta. Apolo: deus da música e da poesia, irmão gemeo de Diana Baco: deus das festas, do vinho, do lazer e do prazer Belona: deusa da guerra Ceres: deusa da agricultura e dos cereais Concórdia: deusa da harmonia e paz nos lares Cupido: deus do amor Diana: deusa da caça e da Lua Esculápio: deus da medicina Fortuna: deusa da riqueza e da sorte Jano: deus com dois rostos que cuida da porta dos céus. Um virado para o passado e o outro para o futuro. Juno: deusa da força vital, deusa dos deuses Júpiter: deus dos deuses, senhor do Universo , dos céus Lares; Espírito protector da casa e da família Marte: deus da guerra Mercúrio: deus mensageiro e do comércio Minerva; deusa da sabedoria Netuno: deus dos mares Pã: deusa da natureza Plutão: deus do submundo e dos mortos* Saturno: deus do tempo Tellus: deusa da terra - Mãe Terra Venus: deusa da beleza e do amor Vulcano: deus do fogo e dos ferreiros O povo era cheio de superstições. Com tanta religiosidade, claro que todos os cargos públicos deveriam ser por vontade de deus. A religiosidade balizou o período arcaico. 1.3. Classes Sociais: PATRÍCIOS: Homens livres, descendentes de homens livres, agrupados em clãs familiares (gentes). Eram de antigas famílias, fundadoras de Roma. (quirites) O chefe das Gentes era o PATER FAMILIAS, decidia tudo sobre sua gente, se viviam ou morriam. Apenas os Patrícios possuíam direitos, pois eram cidadãos (status civitatis). Cidadão é o homem que segue a religião da cidade e honra seus deuses. Podiam votar e ser votados, podiam ter patrimônio, Quando necessário, os PATER FAMILIAS se reuniam para tratar de assuntos da comunidade. Mais adiante na história, isto vai originar o SENADO. CLIENTES: Estrangeiros que viviam sob dependência e proteção dos patrícios. Não tinham cidadania, Eram muito bem vindos, pois tinham dinheiro e culturas diversas. Formou-se a a classe da CLIENTELA. PLEBEUS: São pessoas de outros locais, dedicados ao comércio, agricultura e artesanato. Não eram cidadão e nem podiam residir dentro de roma. Sem dinheiro, terra ou direitos. ESCRAVOS: Eram considerados COISA (res), sem qualquer direito. Apenas na república passaram a receber alguns pequenos direitos. 1.4. Instituições Políticas da Realeza: REI (rex) – detentor do IMPERIUM a) Poderes do Rei: Cargo não hereditário, indicado pelo senado romano, ou por antecessor. Antes de indicar-se um novo rei, havia consulta divina. O rei cumulava a função de sacerdote, visto que possuía funções religiosas. O rei possuía o IMPERIUM (o poder absoluto nos assuntos civis, militares, religiosos). O rei ainda declarava a guerra se necessário, comandava o exército. Ao rei cabia o “jus dare”, ou seja, aplicava as sentenças dadas pelos deuses através dos sacerdotes “jus dicere”. Não havia advogados, o Rei traduzia o “fas” para o caso concreto. Por certo, não haveria defesa. Imperium era a palavra latina que designava o conceito romano de autoridade; o termo "império", em português, está diretamente relacionado ao termo. É a personificação, no magistrado, da supremacia do Estado, supremacia que exige a obediencia de todo o cidadão ou súdito, mas está limitada pelos direitos essenciais do cidadão ou pelas garantias individuais concedidas por lex publica ("lei pública"). O imperium compreende o poder de tomar auspícios, mesmo fora de Roma; o poder de levantar tropas e comandá-las; o direito de apresentar propostas aos comícios; a faculdade de deter e punir os cidadãos culpados e a administração da justiça nos assuntos privados. SENADO ROMANO (senatus) – detentor do auctoritas. Composto pelos pater famílias (patrícios) escolhidos pelo rei para serem os “conselheiros do rei”. O senado detém o AUCTORITAS que é a poder de ratificar ( dar força legislativa) a lei votada nas COMITIA (assembleias populares). ASSEMBLÉIAS POPULARES (populus romanus) (só patrícios) a) Comitia Curiata: Era a reunião semestral dos representantes das Curias (grupos de famílias) para discutir assuntos do cotidiano romano. b) Comitia Calata: quando o rei convocava a reunião apenas para comunicar assuntos importantes como guerras ou tratados de paz. Não havia discussão, apenas comunicado do rei. c) Comitia Centuriata – O rei Sérvio Túlio (540 a.C) estende o direito de voto aos plebeus. A comitia centuriata é mista, composta por plebeus e patrícios. 2) O DIREITO ROMANO ARCAICO: JUS CIVILE OU DIREITO QUIRITÁRIO O direito, na história romana da realeza, estava ligado à religião. Assim, só haveria uma regra se não houvesse agressão aos preceitos religiosos. No Jus Civile da realeza (JUS + FAS), eram os SACERDOTES que possuíam a função de interpretar a vontade dos deuses. Atuavam como intérpretes da lei divina e eram conselheiros em diversas causas civis (demarcação de terras, distribuição de heranças e etc.) Direito e religião estavam misturados. O SACERDOTES possuíam a guarda das informações histórias, religiosas e jurídicas. OBS: O Colégio dos Áugures ou arúspices eram sacerdotes da Roma Antiga que usavam os hábitos dos animais para tirar presságios, exemplos disso são o seu voo, o seu canto e suas próprias entranhas, e o apetite dos frangos sagrados. Formaram um colégio venerado em Roma, nada de importante se fazia sem consultar os mesmos. Sob o pretexto que os auspícios não eram favoráveis, um áugure poderia impedir até uma execução publica. Não tardou, porém que estas predições supersticiosas caíssem em descrédito. O JUS CIVILE era formal e rígido. Tinha uma série de formulas a serem seguidas. Havia palavras e gestos específicos para o objeto desejado. Ex: promessa de pagamento.(stipulatio = em um templo e em frente a uma estátua) DIREITOS EXCLUSIVOS DOS PATRÍCIOS: O jus civile era o direito dos patrícios. O demais (plebeus, clientes e escravos) não possuíam direitos. – Jus Sufragii – votar e ser votado; – Jus Honorum – direito de ocupar cargo público. – Jus militiae – direito de serem comandantes de tropas. – Jus sacerdotii – de serem sacerdotes. – Jus occupandi agrum publicum – direito de tomar posse nas terras conquistadas. – Jus connubii – direito de contrair matrimônio legítimo. – Jus commercii – direito de realizar negócios jurídicos. – Jus actionis – direito de fazer valer os direitos na Justiça. 3) FONTES DO JUS CIVILE: LEIS A lei era proposta pelo REI, e em COMITIOS CURIATOS (patrícios) ou CENTURIATOS (com plebeus). O povo pode aceitar ou rejeitar. Se aceitar, torna-se lei após a retificação do senado. Lei escrita quase inexistente. (discussão) COSTUMES Era a principal FONTE de direitos do período da realeza. Designam-se como costumes as regras sociais resultantes de uma prática reiterada de forma generalizada e prolongada, o que resulta numa certa convicção de obrigatoriedade, de acordo com cada sociedade e cultura específica. Segundo Paulo Nader, “A lei é Direito que aspira a efetividade e o Costume a norma efetiva que aspira a validade”. O costume jurídico caracteriza-se por dois elementos que o geram e justificam: o corpus ou consuetudo, que consiste na prática social reiterada do comportamento (uso objectivo, de acordo com a expressão longi temporis praescriptio) e o animus, que consiste na convicção subjectiva ou psicológica de obrigatoriedade desses comportamentos enquanto representativos de valores essenciais, de acordo com a expressão opinio juris vel necessitatis. COSTUMES NA LEGISLAÇÃO CONTEMPORÂNEA: CÓDIGO CIVIL Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes. Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na forma estabelecida em lei especial. Art. 122. São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias à lei, à ordem pública ou aos bons costumes; entre as condições defesas se incluem as que privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao puro arbítrio de uma das partes. Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. LEI DE INTRODUÇÃO AO CÓDIGO CIVIL ( decreto-lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942. ) Art. 4o Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL Art. 126 O juiz não se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei. No julgamento da lide caber-lhe-á aplicar as normas legais; não as havendo, recorrerá à analogia, aos costumes e aos princípios gerais de direito. (Redação dada pela Lei n. 5.925, de 1973) Art. 126