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1 QUÍMICA ANALÍTICA QUALITATIVA (Teórica) 2 INTRODUÇÃO À QUÍMICA ANALÍTICA 1 - INTRODUÇÃO: A química analítica tem por objetivo o estudo e desenvolvimento de métodos para a determinação da composição química da matéria. A análise química pode compreender simplesmente a identificação dos componentes da amostra (análise qualitativa) ou mais completamente, a determinação da quantidade em que cada um destes constituintes entra na formação da amostra (análise quantitativa). A crescente demanda de métodos de análise mais precisos, mais sensíveis e mais rápidos levou ao desenvolvimento de técnicas sofisticadas como a utilização de instrumentos, dando origem a uma nova linha, chamada análise instrumental. A análise quantitativa pode, portanto, fazer uso de métodos clássicos de análise (análise volumétrica e gravimétrica) e métodos instrumentais de análise. A análise quantitativa será objeto de estudo mais detalhado nos capítulos subsequente. É fácil imaginar que uma análise qualitativa deve preceder uma análise quantitativa, pois, conhecendo-se todas as espécies químicas presentes em uma determinada amostra, e muitas vezes suas proporções aproximadas, pode-se escolher mais corretamente o método a ser utilizado na análise quantitativa. Tanto a análise qualitativa como a quantitativa tem como condição imprescindível que a reação em que se baseiam os métodos seja completa e que existam condições de reprodutibilidade. As reações da análise qualitativa podem ser efetuadas por via seca (os testes são feitos com amostra no estado sólido) ou por via úmida (os testes são feitos com a amostra solubilizada). Os testes mais comuns por via seca são: aquecimento a seco, aquecimento sobre carvão, teste de chama, pérolas de bórax (metaborato de sódio), metafosfato de sódio, espectroscopia de chama, etc. Para uma análise qualquer é necessário, no entanto, preparar a amostra de maneira que as espécies químicas encontradas e os seus teores correspondam exatamente aos encontrados na matéria em estudo. 2 - ETAPAS DE UMA ANÁLISE. 2.1 - TOMADA DA AMOSTRA: Para se obter resultados significativos, cuja composição corresponda a do material estudado, é importante a homogeneização da amostra. Para grandes quantidades de matéria, essa homogeneização pode ser um pouco complicada, como por exemplo, a análise dos componentes de um minério de uma jazida, ou 3 uma de uma certa área de solo. Para que a amostra analisada corresponda exatamente à média da composição de toda a matéria, o que se faz é a tomada de pequenas quantidades de toda a população através de técnicas apropriadas de forma a se obter uma amostra de composição semelhante a de todo o material. 2.2 -PREPARO DA AMOSTRA: Para que a amostra seja submetida a uma análise é necessário que esta esteja em uma forma adequada. Esta forma adequada significa que se esta amostra, por exemplo, estiver no estado sólido deve ser secada para ser secada para a retirada da água adsorvida e depois pesada. Deve ser também pulverizada para facilitar a homogeneização e solubilização se for o caso. Se a amostra for solubilizada a solução deve ser aferida em um balão volumétrico do qual são retiradas alíquotas (pequenas porções ) para análise. 2.3 DISSOLUÇÃO DA AMOSTRA. A primeira tentativa para dissolver uma amostra ( para análise por via úmida) é feita usando como solvente a água . O solvente utilizado deve ser tal que de preferência solubilize toda a amostra . Muitas vezes não se consegue a dissolução da amostra tão facilmente o que torna necessário o uso de técnicas especiais. Os solventes utilizados não devem causar interferências nas análises. A amostra sendo solubilizado deve ser aferida em um balão volumétrico do qual são retiradas alí quotas que são submetidas a análise. ANÁLISE DE ÍONS 1 - INTRODUÇÃO A solução de uma amostra a ser analisada pode conter um grande número de íons diferentes. Esses, conforme suas cargas elétricas podem ser classificados como cátions ( íons de cargas positivas) ou ânions (íons de cargas negativas ). Com finalidades didáticas, as reações de identificações dos cátions e ânions serão estudadas separadamente. 2 – ANALÍSE DE ÂNIONS Serão estudados os ânions SO4=, S=, NO3-, PO43, SiO3=, OAc-, C2O4=, Cl-, Pr-, I- que são os mais comumente encontrados na natureza, sendo alguns de reconhecido interresse agrário. As abordagens serão simplificadas, restringindo-se aos aspectos de interesse dos cursos para os quais a disciplina é ministrada . 4 Os ânions são identificados individualmente, a partir da solução da amostra, através de reações químicas que ocorram com alguma modificação macroscópica para que sejam facilmente observadas. Normalmente estas reações de identificação são reações de precipitação ou outra qualquer que produza uma modificação visível. Seria ideal que cada ânion tivesse uma reação específica, a qual não ocorresse para os demais ânions, facilitando assim sua identificação. Infelizmente tal fato não ocorre e vários ânions apresentam o mesmo comportamento diante de um reagente. Para que um ânion seja identificado em uma mistura é necessário conduzir a reação utilizando condições controladas (controle de pH, temperatura, tempo de reação e etc.) para que o número de interferentes seja diminuído. Dessa maneira é possível aumentar a especificidade da reação para um determinado íon. Em alguns casos, quando não se consegue esta especificidade, é necessária a separação dos interferentes antes de ser identificado ou não o referido íon. 2.1 - REAÇÃO DA IDENTIFICAÇÃO DO SULFATO - SO4= Teoricamente podemos dizer que o ânion sulfato é derivado do ácido sulfúrico, H2SO4 , que sabemos ser um ácido forte. De uma maneira geral e bastante simplificada podemos dizer que todos os sulfatos são solúveis com exceção dos de Ba2+ , Sr2+, Ca2+, e de Pb2+ . A identificação do ânion sulfato se faz adicionando à solução problema uma solução de Ba2+ (BaCl2). Se o ânion sulfato estiver presente, haverá formação de um precipitado branco de BaSO4 . Ba2+ + SO4= ⇔ BaSO4(s) A reação de precipitação do ânion sulfato com solução de bário é mais sensível do que com estrôncio ou cálcio, porque sendo o Kps do BaSO4 (1,1.10-10) menor que o Kps do SrSO4 (3,2.10-7) e do CaSO4 (2,4.10-5) , haverá precipitação do sulfato de bário com uma menor quantidade de sulfato livre na solução, pois o seu Kps é mais facilmente atingido. A precipitação do sulfato com sais de Pb2+ sofre interferência de outros ânions, como por exemplo o S= que precipita na forma de PbS (3.10-28), que também é insolúvel em meio ácido. O teste de identificação do sulfato deve ser feito em meio ácido para evitar interferência de outros ânions que podem precipitar com o bário em meio neutro ou ligeiramente básico. Veremos a seguir algumas interferências que são eliminadas pelo fato de ser o teste feito em meio ácido. Suponhamos para efeitos didáticos que a solução contendo o ânion sulfato contenha também os seguintes ânions: 2.1.1 – CARBONATO – CO3= Se a solução problema também contiver o ânion carbonato e a ela for adicionado solução de bário, haverá precipitação de BaCO3 (5.10-9) juntamente com BaSO4, deixando assim a reação de ser específica, pois os precipitados ( BaSO4 , BaCO3 ) são indistinguíveis nestas condições. 5 Ba2+ + SO4= ⇔ BaSO4(s) Ba2+ + CO3= ⇔ BaCO3(s) Em meio ácido o BaCO3 não será formado porque o ânion carbonto reage com os íons H+ formando o H2CO3 (CO2 e H2O) que é um ácido fraco CO3= + 2H+ ⇔ H2CO3 ⇔ CO2(g) + H2O Se o BaCO3 já estiver precipitado junto com o BaSO4 , com a adição de um ácido forte ele se dissolve, de acordo com a equação abaixo, o que não acontece com o BaSO4 BaCO3(s) + 2HCl ⇔ CO2 + H2O + Ba2+ + 2Cl - 2.1.2 – FOSFATO - PO43 - Em meio neutro haverá precipitação simultânea de Ba3(PO4)2 também insolúvel, com adição de solução de Ba2+. As seguintes reações ocorrem: SO4= + Ba2+ ⇔ BaSO4(s) 2PO43 + 3Ba2+ ⇔ Ba3( PO4 )2(s) Em meio ácido o sal Ba3(PO4)2 não precipita, há formação de monohidrogenofosfato ou dihidrogenefosfato pela reação do ânion fosfato com íons H+ PO43 + H+ ⇔ HPO42- HPO42- + H+ ⇔ H2PO4- Os monhidrogeno e dihidrogennofosfato de bário são solúveis e, portanto, em meio ácido a presença do ânion fosfato não causa interferência na reação de identificação do sulfato. Se o Ba3(PO4)2 estiver precipitado juntamente com BaSO4 será dissolvido com a adição do ácido, segundo a equação: Ba3(PO4)2 + 4HCl ⇔ 3Ba2+ + 2H2PO4- + 4Cl- Continuando com o mesmo raciocínio pode-se ver que o meio ácido elimina a interferência de todos os ânions derivados de ácidos fracos que poderiam precipitar com Ba2+ . Em meio ácido o oxalato (C2O4= ), sulfito (SO3=), sulfeto (S =) não 6 interferem porque, embora os seus sais de bário sejam insolúveis, formam os ácidos fracos correspondentes como representados abaixo; C2O4= + 2H+ ⇔ H2 C2 O4 SO3= + 2H+ ⇔ H2SO3 ⇔ SO2 + H2O S= + 2H+ ⇔ H2S O cromato (CrO4= ) em meio ácido não interfere porque forma o ânion dicromato (Cr12O7= ), cujo sal de Ba2+ é solúvel; 2CrO4= + 2H+ ⇔ Cr2O7= + H2O Se a solução contendo SO4= também contiver SiO3 , ao se adicionar ácido haverá formação de H2 SiO3 , que é um ácido fraco, insolúvel. SiO3= + 2H+ ⇔ H2SiO3(s) Por aquecimento o precipitado gelatinoso de H2SiO3 precipita na forma de sílica, SiO2 , que é mais facilmente filtrada. H2SiO3 ⇔ SiO2(s) + H2O 2 – REAÇÃO DA IDENTIFICAÇÃO DO OXALATO - C2O4= Embora o ânion oxalato seja um ânion derivado de um ácido fraco, H2C2O4, a reação de identificação desse ânion é feita adicionando-se a solução problema, solução de cálcio (CaCl2), em meio ácido acético. C2O4= + Ca2+ ⇔ CaC2O4(s) Esta reação é feita em presença de HOAc para impedir que outros ânions precipitem com o Ca2+ , como por exemplo o CO3= , PO43 , etc. O CaC2O4= é o mais insolúvel dos oxalatos e não é dissolvido pelo ácido acético. Entretando em presença de HCl, um ácido forte, todos os oxalatos são solubilizados devido a formação de H2C2O4 , que é um ácido fraco. CaC2O4 + 2HCl ⇔ H2C2O4 + Ca2+ + 2Cl- 7 A adição do ácido acético, HOAc, não elimina a interferência do SO4= pois o CaSO4 é bastante insolúvel mesmo em meio ligeiramente ácido. Devido esta interferência, antes de se fazer o teste para oxalato deve-se testar a presença do ânion SO4= .Se o SO4= estiver presente, ele deve ser eliminado adicionando-se à solução , BaCl2 em presença de HCl (lembrar que o BaSO4 é mais insolúvel que o CaSO4 ). O BaSO4 precipitado é então retirado da solução por filtração e a solução é separada para identificação do ânion oxalato. Após a filtração do BaSO4 , a solução deve ser neutralizada com NaOH (neutralização do HCl ) e novamente acidificada com HOAc . Adiciona-se então CaCl2 para a identificação do oxalato. 3 – REAÇÃO DE IDENTIFICAÇÃO DO CARBONATO - CO3= O ânion carbonato, CO3= , reage com HCl ou qualquer outro ácido forte para fomar o ácido carbônico, ácido fraco, H2CO3 que se decompõem em CO2 e H2O . O CO2 é um gás incolor e inodoro, e para poder se verificar a sua formação ele é canalizado para um outro tubo de ensaio contendo solução de Ba(OH)2 ou de Ca(OH)2, onde o gás é borbulhado ocorrendo então a formação de um precipitado brando de BaCO3 ou CaCO3 . CO3= + 2H+ ⇔ H2CO3 H2CO3 ⇔ CO2 + H2O CO2 + Ba2+ + 2OH- ⇔ BaCO3 + H2O Se o CO2 for canalizado para uma solução de PaCl2 ou CaCl2 em vez dos hidróxidos, a reação será parcial, podendo não se perceber a formação do precipitado. A pequena quantidade de precipitado formado se deve a formação do íon H+ que dissolvem o precipitado. CO2 + H2O + Ba2+ ⇔ BaCO3 + 2H+ A solução de BaCl2 pode no entanto ser utilizada para a identificação, desde que seja basificada para neutralizar a acidez produzida na reação. Esta reação de identificação do ânion carbonato não é feita adicionando-se a solução de BaCl2, ou de Ba(OH)2, diretamente na solução problema porque haveria a formação de outros sais pouco solúveis, tais como sulfato, oxalato, fosfato, silicato, sulfito e cromato de bário. Formando-se intermediariamente o H2CO3 e canalizando-se o CO2 formado 8 para o outro tubo de ensaio contendo solução de Ba(OH)2 elimina-se as interferências deste ânions, pois com a adição de HCl ocorem as reações: PO43 - + 2H+ ⇔ H2PO4- C2O4= + 2H+ ⇔ H2C2O4 SiO3= + 2H+ ⇔ H2SiO3 2CrO4= + 2H+ ⇔ Cr2O7= + H2O Em nenhum dos casos ocorre a formação de compostos gasosos como no caso do carbonato. Apenas o sulfito reage com o ácido formando ácido sulfuroso que também decompõe em SO2 (gasoso) e H2O. De maneira semelhante ao CO2, o SO2 reage com o hidróxido de bário, precipitando BaSO3 de coloração branca. SO2 + Ba2+ + 2OH - ⇔ BaSO3 + H2O Esta interferência do sulfito é eliminada adicionando água oxigenada, H2O2 , que é oxidante, antes da adição do ácido, para oxidar o sulfito até sulfato, impedindo a reação com HCl. SO3= + H2O2 ⇔ SO4= + H2O É importante observar que se o ânion sulfeto estiver presente na amostra junto com o carbonato, reagirá com o HCl passando para o segundo tubo na fase gasosa, H2S, mas no entanto não interfere na precipitação do BaCO3 ,pois o sulfeto de bário é solúvel. 4 – REAÇÃO DE IDENTIFICAÇÃO DO FOSFATO - PO43 O ânion fosfato é também derivado de um ácido fraco, H3PO4 , e em solução aquosa é comum encontrá-lo na forma de HPO4= , o monohidrogenofosfato. Este fato é devido à hidrólise que o ânion fosfato sofre em solução aquosa, por ser a terceira ionização do ácido fosfórico muito fraca. PO43- + H2O ⇔ HPO4= + OH- Os ânions PO43- ou HPO4= são identificados pela reação com (NH4 )2MoO4 (Molibdato de amônio) em solução fortemente ácida. Utiliza-se normalmente o HNO3 9 que não interfere nas demais reações de identificação. Nesta reação de identificação do fosfato há formação de um complexo, o fosfomolibdato de amônio [(NH4)3PO4 . 12MoO3] , insolúvel e de cor amarela intensa. HPO4= + 12MoO42+ + 3NH4+ + 23H+ ⇔ [(NH4 )3PO4 . 12MoO3] + 12H2O O complexo fosfomolibdato de amônio é representado também pelas seguintes fórmulas: [(NH4)3 PMo12 O40] ou [(NH4)3PO4Mo12O36 ]. Nenhum dos ânions estudados nesta disciplina interfere na formação do fosfomolibdato de amônio, podendo dizer que nestas condições esta reação é específica para o fósforo. Deve-se notar que as solubilidades dos sais de fosfatos são semelhantes a de outros íons como por exemplo o CO3= , SO3= , C2O4= , que também são solúveis em meio ácido. Por esta razão é difícil eliminar interferências das reações de identificação do fosfato através de precipitação. 5 – REAÇÃO DE IDENTIFICAÇÃO DO SULFETO - S= Teoricamente o ânion sulfeto, S=, é derivado de um ácido fraco, o ácido sulfídrico – H2S . Assim ele reage com HCl ou outro ácido forte qualquer que não seja oxidante, liberando o H2S na forma gasosa. Esse gás tem cheiro desagradável (lembra o ovo podre) e pode ser utilizado para a identificação do sulfeto. Se a concentração do sulfeto estiver muito baixa ou se estiver em presença de outras substâncias de cheiro forte a identificação pelo cheiro pode ser prejudicada. O H2S liberado pode ser identificado colocando-o em contacto com solução de Pb2+ ( usa-se nitrato ou acetato de chumbo). O aparecimento de um composto insolúvel preto caracteriza a presença do S=. Na prática coloca-se na boca do tubo de ensaio onde se encontra a amostra contendo S= , após a adição de um ácido forte (libera o gás H2S ), um papel de filtro umedecido com solução de chumbo. O aparecimento de uma mancha preta de PbS identifica a presença do sulfeto. S= + 2H+ ⇔ H2S H2S + Pb² + ⇔ PbS + 2H+ Neste teste pode-se usar também soluções de outros sais, como por exemplo sal de Ag + ou Hg2+ que também formam sulfetos de cor escura. Se a solução do sal de Pb2 + for adicionada diretamente à solução problema haverá naturalmente a formação de 10 PbS insolúvel mas outros ânions precipitarão, se estiverem presentes, como os carbonato, sulfito, sulfato, silicato, oxalato e cromato, pois todos esses sais de Pb2 + são insolúveis. Formando intermediariamente o H2S, pela reação com ácido forte, essas interferências são eliminadas pois a adição de HCl provoca as seguintes reações, com estes ânions: CO3= + 2H+ ⇔ H2CO3 ⇔ CO2 + H2O SO3= + 2H+ ⇔ H2SO3 ⇔ SO2 + H2O PO43 + 2H+ ⇔ H2PO4- SiO3= + 2H+ ⇔ H2SiO3 C2O4= + 2H+ ⇔ H2C2O4 2CrO4= + 2H+ ⇔ Cr2O7= + H2O Apenas o CO2 e o SO2 sendo gases chegam até o papel de filtro, junto com o H2S. Estes gases também reagem com o Pb2 + de acordo com as equações: CO2 + H2O + Pb2 + ⇔ PbCO3 + 2H+ SO2 + H2O + Pb2 + ⇔ PbSO3 + 2H+ Apesar de PbCO3 e PbSO3 precipitarem juntos com o PbS a reação sobre o papel de filtro branco não interfere na visualização da mancha escura do PbS pois os dois sais (PbCO3 e PbSO3 ) são brancos e não aparecem sobre o fundo branco enquanto que o PbS preto, mancha o papel de filtro. É importante salientar que essa técnica sobre papel do filtro permite eliminar a interferência de carbonato e sulfito. Se a precipitação ocorresse em tubo de ensaio, haveria mascaramento de um precipitado pelo outro. Como no caso da reação de identificação de S= há formação do gás H2S, pode ser necessário o aquecimento da solução para facilitar o seu desprendimento. 6 – REAÇÃO DE IDENTIFICAÇÃO DO SILICATO - SiO3= As fórmulas mais comuns para silicatos são os ortossilicatos de fórmula SiO44 – e os metassilicatos de fórmula SiO32 derivados respectivamente dos ácidos fracos H4SiO4 (ácido ortossilícico ) e H2SiO3 (ácido metassilícico), que podem ser 11 representados genericamente por SiO2 .x. H2O (sílica hidratada). Para simplificar será usado o nome silicato e a fórmula SiO3=. O ânion SiO32- é identificado pela adição de HCl diluído ou de um outro ácido forte, quando então ocorre a formação do ácido silícico(H2SiO3 ), que é um ácido fraco, insolúvel em água, de aspecto gelatinoso e incolor. SiO32 + + 2H+ ⇔ H2SiO3 ⇔ SiO2 .H2O O precipitado do ácido silícico, ou melhor a sílica hidratada, é incolor, gelatinoso, sendo portanto difícil de percebe-la, quando em pequena quantidade na solução. Para uma melhor observação do precipitado deve-se ferver a solução ocorrendo então a desidratação da sílica. SiO2 .H2O ⇔ SiO2 + H2O Passa-se então a observar uma “areia “ branca, a qual quando atritada com um bastão de vidro “raspa “ o fundo do recipiente. Entre os ânions estudados nesse curso nenhum interfere na determinação do SiO3= , pois o ácido silícico é o único insolúvel. 7 – REAÇÃO DE IDENTIFICAÇÃO DO NITRATO - NO3- O ânion nitrato, NO3- reage com os íons Fe2+ e SO2 - meio ácido formando o complexo [Fe (NO) SO4] de cor marrom. Para a realização do teste de identificação do NO3- , adiciona-se à solução de FeSO4 e deixa-se escorrer, lentamente pelas paredes do tubo de ensaio, H2SO4 concentrado. Como o concentrado é muito denso e a solução não é agitada, ele desce para o fundo do tubo de ensaio, estabelecendo-se um gradiente de pH. O aparecimento de um anel de coloração marrom, a uma determinada altura comprova a ocorrência do nitrato na amostra. A reação de formação do complexo [ Fe(NO)SO4 ] ocorre nas seguintes etapas: a- reação de óxido-redução, onde o Fe2+ é oxidado a Fe3+ e o ânion NO3- , em meio ácido, é reduzido a NO 3Fe2 + + NO3- + 4H+ ⇔ 3Fe3 + + NO + 2H2O b- reação de complexação do NO formado, com os íons Fe2 + e SO4= Fe2+ + NO + SO42- ⇔ [ Fe(NO)SO4] 12 A equação total é obtida somando-se as equações das etapas a e b 3Fe2+ + NO3- + 4H+ ⇔ 3Fe3+ + NO + 2H2O Fe2+ + NO + SO4= ⇔ [Fe (NO)SO4] 4 Fe2+ + N03- + SO4= + 4 H + ⇔ [Fe(NO)SO4] + 3 Fe3+ 2 H2O Como foi descrito acima o H2SO4 é adicionado lentamente e sem agitação, pois a formação do complexo sob a forma de anel permite uma melhor visualização do que se a solução toda apresentasse a cor marrom. É importante observar que para o ânion nitrato não é possível pensar em reações de precipitação ou de formação de compostos pouco ionizados, pois todos os nitratos são solúveis e o ácido nítrico é um ácido forte. Entre os ânions estudados neste curso e que podem interferir na identificação do ânion nitrato somente o Br – e o I – merecem ser mencionados. Estes ânions reagem com H2SO4 conc. liberando halogênions. Como halogênions são de coloração amarelada podem mascarar a identificação do ânion nitrato. 2 Br - + SO4= + 4H+ ⇔ Br2 + SO2 + 2H2O 2 I - + SO4= + 4 H+ ⇔ I2 + SO2 + 2 H2O No caso de presença destes ânions na solução problema (Br – e I -), para a identificação do ânion nitrato se faz uma separação prévia destes íons pela precipitação dos mesmos na forma de sais de prata pela adição de Ag2SO4 . 8 – REAÇÃO DE IDENTIFICAÇÃO DO ACETATO CH3COO- (Oac -) Adiciona-se à solução problema HCl diluído ou outro ácido forte. Se o ânion OAc- estiver presente haverá desprendimento de HOAc, ácido fraco, de odor característico (cheiro de vinagre) Oac - + H+ ⇔ HOAc Deve-se evitar o uso de H2SO4 concentrado pois poderia haver também a formação de SO2 cujo odor mascara o do HOAc. Entre os ânions estudados nesta disciplina, a reação de identificação do OAc - , através da formação do HOAc e de sua caracterização pelo cheiro, sofre a influência do ânion S= pois o H2S formado sob as mesmas condições, tem o cheiro mais forte e mascara o odor do ácido acético. Esta interferência pode ser eliminada precipitando- se o S= com um sal de cobre, pois o CuS é insolúvel em HCl diluído, não havendo portanto a formação de H2S quando da adição do HCl 13 9 - REAÇÃO DE IDENTIFICAÇÃO DO CLORETO, BROMETO E IODETO ( Cl - , Br – e I - ) Estes ânions serão estudados em conjunto porque as suas características são muito semelhantes. Serão vista, basicamente duas reações de identificação, reação com AgNO3 e reação com água de cloro (água com Cl2 dissolvido). Consideraremos ainda que os três ânions ocorrem separadamente um dos outros (podendo estar um deles misturados com outros ânions, que não outro haleto). a- Reação com AgNO3 Os ânions Cl - , Br – e I – reagem com Ag+ formando haletos de prata correspondentes, insolúveis: Ag+ + Cl - ⇔ AgCl Ag + + Br - ⇔ AgBr Ag + + I - ⇔ AgBr Estas reações são conduzidas em presença de HNO3 diluído para evitar interferências de outros ânions como carbonato, sulfito, fosfato, que também formam compostos insolúveis com Ag+ , mas que são solúveis em meio ácido. Como pode ser observado acima, os precipitados correspondentes. Desses precipitados, o de AgCl é branco enquanto o AgBr e o AgI são amarelados, sendo o de AgI de um amarelo mais intenso. Desta forma só podemos identificar a presença de um haleto pela coloração do precipitado, se este for o cloreto, porque a presença de um precipitado de coloração amarelada não nos permite dizer se o haleto de prata é um brometo ou um iodeto. Em outras palavras podemos dizer que a reação de identificação com AgNO3 , não é conclusiva para brometo e o iodeto. b- Reação com água de cloro. Dos halogênios (Cl2, Br2.I2) o Cl2 é o que tem o maior poder oxidante podendo oxidar os haletos (Br - e I - ) como pode ser depreendido dos valores dos potenciais normais de oxido-redução: 14 Cl2 + 2e- ⇔ 2Cl - E = 1,36 volts Br2 + 2e- ⇔ 2Br - E = 1,06 volts I2 + 2e- ⇔ 2I - E = 0,53 volts De acordo com os potenciais normais de oxido-redução acima, o cloro, que tem maior potencial, pode oxidar o Br - e o I- a Br2 e I2 respectivamente. Cl2 + 2Br - ⇔ 2Cl - + Br2 Cl2 + 2I - ⇔ 2Cl - + I2 O Br2 em solução aquosa apresenta uma cor amarela e o I2 apresenta cor castanha. Devido a esta semelhança de cores, em solução aquosa, esta reação com água de cloro não é conclusiva para a identificação do Br2 ou do I2 , formado na reação com água de cloro, da solução aquosa. Em clorofórmio (CHCl3) o qual extrai o Br2 e o I2 apresenta cor violeta. Dessa maneira é possível identificar os íons Br – e I - . Se os haletos estiverem juntos na mesma solução torna-se necessário efetuar a separação dos mesmos, entre si, mas esta separação foge ao nível deste nosso curso. Se houver apenas um dos haletos observa-se a seguinte sequência de operações: I – Reação com solução de AgNO3 em presença de HNO3 diluído: Havendo a formação de um precipitado so pode ser devido a presença de um dos haletos. Se o precipitado for branco pode-se supor tratar-se do Cl- . II – Reação com água de cloro e extração com clorofórmio: se for Cl- não haverá mudança de cor no meio, o que confirma o resultado obtido no item 1; se for I – essa fração se torna violeta. II – OS CÁTIONS. Para a identificação dos cátions o problema das interferências torna-se muito mais difícil de ser resolvido e é necessário separá-los em grupos para poder, dentro do grupo identificar o cátion desejado. Cada grupo é constituído por cátions que apresentam uma reação de precipitação comum, com um dado reagente. O reagente usado para a separação do grupo, através da precipitação dos componentes do mesmo, sob a forma de compostos insolúveis é chamado de REAGENTE DE GRUPO. A tabela 1 mostra, de maneira simplificada, a classificação analítica de Cátions. 15 Uma vez separado o grupo, os constituintes de cada um são isolados e então identificados através de reações específicas. Como exemplo de identificação dos cátions de um determinado grupo, trataremos com maiores detalhes o grupo III – A II . I. SEPARAÇÃO DOS GRUPOS. GRUPO I. Reagente de Grupo: HCl diluído Cátions do Grupo: Ag+ , Hg22+ e Pb2+. O grupo I é separado adicionando-se à solução de cátions solução diluída de HCl até a completa precipitação dos cloretos insolúveis ( AgCl, Hg2Cl2, PbCl2). O reagente de grupo deve ser usado em solução diluída pois em presença de excesso de Cl – o AgCl, bem como Hg2Cl2, formam íons complexos [AgCl2]- e [ HgCl4]3 – respectivamente, que são solúveis. Por outro lado o uso de solução muito diluída pode precipitar apenas parcialmente o Pb2+ na forma de PbCl2, pois este cloreto possui Kps relativamente alto. Este fato no entanto não causa maiores problemas, porque o Pb2+ pode ser separado também no grupo II. Uma vez precipitado o grupo I de cátions, os cloretos são separados por filtração e submetidos a processos que permitem suas identificações. No filtrado estarão todos os demais cátions, em um a solução ligeiramente ácida. 16 GRUPO REAGENTE DE GRUPO CÁTIONS PRECIPITADOS I Grupo da Prata HCl diluído Ag+, Hg22+, Pb2+ AgCl, Hg2Cl2, PbCl2 IIA Grupo do Cobre e do Arsênio H2S em presença de HCl diluído. Hg2+, Bi3+, Cu2+, Cd2+, Pb2+ HgS, PbS, Bi2S3, CuS, CdS, IIB Grupo do Cobre e do Arsênio As3+, As5+, Sn2+, Sn4+, Sb3+, Sb5+ SnS, As2S3, As2S5, Sb2S3, Sb2S5, SnS2 III – A Grupo do Ferro NH4OH em presença de NH4Cl Al3 +, Cr3+, Fe3+ Al(OH)3, Cr(OH)3 Fe(OH)3 III – B Grupo do Zinco (NH4)S NI2+, Co2+, Mn2+,Zn2+ NiS, CoS, MnS, ZnS IV Grupo do Cálcio (NH4)2CO3 em presença de NH4OH/NH4Cl Ba2+, Ca2+,Sr2+ BaCO3, CaCO3. SrCO3 V Grupo dos metais alcalinos Não tem reagente de grupo Mg2+, Na+, Li+, K+, NH4+ Não ocorre precipitado Tabela I: Classificação Analítica, Simplificada, dos Cátions. GRUPO II Reagente do Grupo: H2S Cátions do grepo: Hg2+, Bi3+, Cu2+,Cd2+, Sn2+, Sn4+, As3+, As5+, Sb3+, Sb5+, No filtrado obtido da separação do grupo I é borbulhado o gás H2S até a precipitação total dos cátions, sob a forma de sulfetos. Pela tabela de solubilidade sabemos que todos os sulfetos são insolúveis com excessão dos sulfetos alcalinos e alcalinos 17 terrosos e o de amônio. Nesta marcha analítica no entanto a adição do H2S à solução, só precipitará, na forma de sulfetos, os cátions do grupo II, uma vez que são os sulfetos de menores Kps. Este fato é explicado pela precipitação em meio ácido. Nesta situação a concentração do ânion sulfeto (S=), livre na solução é muito pequena. H2S ⇔ H+ + HS- HS- ⇔ H+ + S= H2S ⇔ 2H+ + S= Em meio ácido os equilibrios acima são dslocados para a esquerda, ou seja no sentido dos reagentes, diminuindo a concentração do sulfeto na solução. Assim o suslfeto presente é suficiente somente para atingir Kps pequenos, aqueles dos sulfetos mais insolúveis, que são os sulfetos dos cátions do grupo II. Num estudo um pouco mais detalhado este grupo é subdividido em A e B sendo que os cátions Sn2+, Sn4+, Sb+, Sb5+, As3+ e As5+, formam sulfetos solúveis em NaOH. Uma vez separados por filtração os cátions do grupo II na forma de sulfetos, estes são submetidos a uma série de reações para separa-los e identifica-los. O filtrado contendo os demais cátions é separado para tratamento om os demais reagentes do grupo para a separação dos cátions. GRUPO III – A Reagente de Grupo: NH4OH/ NH4Cl Cátions do Grupo: Fe3+, Al3+,Cr3+, O filtrado obtido após a separação dos cátions do grupo II está ligeiramente ácido e contém os demais cátions que ainda não precipitaram pelo tratamento com os reagente dos grupos I e II. O grupo III – A é separado dos demais subsequentes pela adição de NH4Cl. A solução de amônia (NH3 + H2O ⇔ NH4OH) em presença de NH4Cl. A solução de amônia é adicionada até a precipitação completa dos hidróxidos insolúveis: Fe3+ + 3NH4OH ⇔ Fe(OH)3 + 3NH4+ Al 3+ + 3NH4OH ⇔ Al(OH)3 + 3NH4+ Cr3+ + 3NH4OH ⇔ Cr(OH)3 + 3 NH4+ Ao se adicionar solução de amônia diluída, em presença de NH4Cl, o pH do meio é elevado até um certo valor e mantido neste nível. A razão é que na realidade se obtêm uma solução tampão que mantém o pH do meio estabilizado. 18 NH4OH ⇔ NH4+ + OH – NH4Cl ⇔ NH4+ + Cl- O fato do sal se dissociar dando um íon comum ao da ionização da base faz com que a concentração hidroxiliônica não seja muito alta, precipitando com isto somente os hidróxidos mais insolúveis, ou seja, os de menor Kps. Os compostos de crômo e alumínio, os óxidos e hidróxidos, tem uma característica peculiar: são anfóteros. Estes compostos tem caráter ácido e básico, depende do meio que estão. Em meio ácido forte reage como uma base, formando um sal onde ele é um cátion. Al(OH)3 + 3HCl ⇔ AlCl3 + 3H2O Cr(OH)3 + 3HCl ⇔ CrCl3 + 3H2O Em meio básico forte reage como um ácido, formando um sal onde estão como ânions: Al(OH)3 + NaOH ⇔ Na+Al(OH)4(aq)- ⇔ Na+AlO2 - + 2H2O Cr(OH)3 + NaOH ⇔ Na+Cr(OH)4(aq)- ⇔ Na+CrO2-2 + 2H2O O aluminato e o cromito, Al (OH)4- e Cr(OH)4- , são compostos solúveis e podem ser representados pelas suas formas anidras: AlO2 - e CrO2-2. O uso do reagente de grupo, NH4OH/NH4Cl, é providencial porque sendo o pH do meio elevado à um valor não muito alto, somente o Kps dos hidróxidos mais insolúveis são atingidos e os hidróxidos anfóteros – Cr(OH)3 e Al(OH)3 – não são solubilizados. Após a precipitação dos hidróxidos a mistura é submetida a filtração e o resíduo separado para posterior identificação dos cátions presentes. O filtrado é então submetidos aos tratamentos seguintes para verificação da presença dos outros cátions (Grupos III- B, IV e V) GRUPO III – B Reagente de Grupo: (NH4)2S. Cátions do Grupo: Zn2+, Mn2+, Co2+, Ni2+. O filtrado obtido da separação dos cátions do grupo anterior tem o pH ligeiramente básico, devido a adição do reagente de grupo NH4OH/NH4Cl. Ao se adicionar o reagente do grupo III – B, O (NH4)2S, a concentração de S= livre na solução é suficiente para atingir o Kps dos demais sulfetos insolúveis existentes na mistura. O sal (NH4)2S se dissocia totalmente e estando o pH básico o ânion sulfeto não sofre 19 hidrólise. (Não ocorre a formação de H2S). Um estudo um pouco mais minucioso pode ser feito comparando os valores de Kps dos sulfetos dos cátions do grupo II e do grupo III – B. Os cátions do grupo II, formam com o sulfeto sais de Kps da ordem de 10- 45. Por esta razão estes cátions são precipitados mesmo em meio ácido, onde a concentração de S= livre é pequena. Os cátions do grupo III – B formam com o sulfeto sais de Kps bem mais elevados, da ordem de 10- 20, e portanto são precipitados somente em meio básico, em que existe uma maior concentração de S= livre, Nestas condições todos os cátions, com exceção dos alcalinos e alcalinos terrosos, são precipitados. A mistura obtida pela adição do reagente do grupo é então separada e o filtrado, que pode conter os cátions dos grupos IV e V, é separado para nova etapa da marcha analítica. GRUPO IV. Reagente de grupo:(NH4)2CO3 Cátions: Ca2+, Sr2+, Ba2+ À solução do filtrado do grupo III – B , é adicionado o (NH4)2CO3. Nestas condições deve precipitar somente os carbonatos de cálcio, estrôncio e bário. Embora o magnésio forma com o carbonato um composto pouco solúvel (Kps – 10 – 5) este não deve ser precipitado juntamente com os cátions do grupo IV (Kps – 10 – 10). O Mg2+ tem propriedades químicas tão semelhantes às do cálcio que se eles forem precipitados juntos torna-se muito difícil a identificação de ambos, pois não possuem reações específicas. As reações de um deles tem o outro como interferente. Para que não ocorra a precipitação do Mg2+ neste grupo, as condições do meio devem ser tais que a concentração do ânion carbonato seja suficientemente pequena para que não precipite o magnésio e precipite os demais. Estas condições são obtidas pela adição do carbonato na forma de sal de amônio em um meio que também contenha o íon amônio devido a tratamentos anteriores. O íon NH4+ em solução aquosa, por ser derivado de uma base fraca, sofre hidrólise liberando no meio uma certa quantidade de íons H+. (Equação 1). Estes íons H+ fazem com que a concentração do ânion carbonato livre fique ligeiramente menor devido a hidrólise que sofre (Equação 2). Sendo a concentração do carbonato livre diminuida pelo deslocamento da equação 2 para a direita, somente os compostos de Kps menores serão precipitados. NH4+ + H2O ⇔ NH3 + H3O+ (Equação 1) CO3= + H3O+ ⇔ HCO3- + H2O (Equação 2) NH4+ + CO3= ⇔ NH3 + HCO3- 20 Um outro motivo para o uso do referido reagente de grupo é o fato de que segundo o equilíbrio representado pela equação 1, o pH do meio não é tão elevado impedindo a precipitação do Mg2+ na forma de hidróxido, Mg(OH)2 que tem um Kps = 5. 10- 12. GRUPO V Reagente de grupo: não tem Cátions: Li+, Na+, K+, Mg+, NH4+ O grupo V não possui reagente de grupo e é obtido no filtrado do grupo IV pois a maioria dos sais de metais alcalinos são solúveis. Por outro lado os cátions deste grupo podem ser identificados sem maiores problemas quando juntos em uma mesma solução. DISCUSSÃO Como foi mencionado anteriormente esta marcha analítica não é a única, existindo outras que no final chegam a resultados semelhantes, ou seja, possibilitam a separação dos cátions em grupos menores. Uma vez separados os cátions em grupos menores, é possível, através de reações específicas, separá-los e identificá-los. Cabe ainda discutir alguns detalhes desta separação que ainda não foram mencionados. Como pode ser observado, os reagentes de grupos são bases ou sais que não incorporam nenhum cátion à amostra, a não ser o íon NH4+. Como o NH4+ é cátion do grupo V, é lógico que a presença dele deve ser verificada antes de se iniciar a marcha analítica. Outro detalhe: um dado reagente de grupo faz com que os cátions daquele grupo sejam precipitados, e todos os demais cátions de grupos anteriores que estejam presentes. Exemplificando, podemos dizer que o (NH4)2S, reagente do grupo III – B , ao ser adicionado à uma solução podendo conter todos os cátions, pode precipitar não somente os cátions do grupo III- B mas todos os cátions do grupo III –A, II e I. A marcha analítica portanto é uma sequência de etapas que devem ser obedecidas para se obter o resultado esperado. A sequência de uso dos reagentes de grupo é tal que as condições obtidas em um filtrado pelo tratamento de um reagente de grupo são as ideais para a precipitação dos cátions do grupo seguinte com o reagente apropriado. A marcha analítica descrita acima deixa cada um dos grupos de cátions separados na forma de compostos pouco solúveis. Depois de separados os cátions em grupos, estes são submetidos a tratamentos que permitem a solubilização dos compostos pouco solúveis e posterior identificação de cada cátion isoladamente. No caso de um curso completo, estes tratamentos são discutidos com algum detalhe. Com a finalidade de mostrar a maneira pela qual estes tratamentos permitem a separação e identificação dos cátions nos grupos, será discutido no item seguinte a separação dos cátions do grupo III- A. 21 SEPARAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DOS CÁTIONS DO GRUPO III – A A marcha analítica para a separação e identificação dos cátions do grupo III – A que será descrita, considera que no precipitado obtido pela adição do reagente do grupo III – A, contém todos os cátions, Fe3+, Cr3+ e Al 3+, na forma de hidróxidos. Este precipitado é então tratado com solução de NaOH a 25% e água oxigenada e a mistura é então fervida para eliminar o excesso do oxidante. Com este tratamento será obtido uma mistura que é filtrada dando um resíduo de coloração avermelhada e um filtrado. Resíduo: Fe(OH)3 Filtrado: Al2+ e CrO2-. Este tratamento do resíduo com NaOH e H2O promove a separação dos cátions da seguinte forma: O hidróxido de ferro, Fe(OH)3 não tem caráter anfótero e nele o ferro esta com seu maior número de oxidação. Consequentemente o precipitado de Fe(OH)3 permanece inalterado pois este não é oxidado nem solubilizado. Para os hidróxdios de alumínio e crômio que tem carater anfótero, o excesso de base forte faz com que sejam solubilizados formando o aluminato e o cromito: Al(OH)3 + OH - ⇔ Al(OH)4- ⇔ AlO2- + 2H2O Cr(OH)3 + OH- ⇔ Cr(OH)4- ⇔ CrO2- + 2H2O A presença da água oxigenada não altera o estado de oxidação do alumínio pois este tem somente este número de oxidação além do zero. No entanto a H2O2 pode oxidar o cromito a cromato onde o cromo esta com número de oxidação 6. 2CrO2- + 3H2O2 +2OH- ⇔ 2 CrO4= + 4H2O O AlO2- e CrO4= presentes no filtrado podem ser identificados sem que haja separação uma vez que as reações de identificação de um não tem o outro como interferente. Para a identificação do CrO4= e do AlO2- toma-se duas alíquotas (duas porções) do filtrado obtido da separação do ferro e identifica-se o aluminato em uma delas e o cromato na outra. O aluminato é identificado acidificando o filtrado lentamente com solução de HCl diluída até o aparecimento de um precipitado branco gelatinoso de Al(OH)3. Com a adição de ligeiro excesso de ácido, o precipitado é solubilizado. A esta solução adiciona-se NH4OH que identificará a presença do alumínio, caso ocorra a formação de precipitado branco gelatinoso de Al(OH)3. 22 Al3+ + 3 OH – ⇔ Al(OH)3 + OH - ⇔ AlO2- + 2H2O Em meio muito básico (presença de NaOH) o equilíbrio está deslocado totalmente para a direita, predominando a forma AlO2- que é solúvel. Adicionando-se HCl diluído lentamente o equilíbrio vai sendo deslocado para a esquerda podendo predominar a forma precipitada, Al(OH)3, e com um ligeiro excesso de ácido passa a predominar a forma solúvel, Al3+. Ao se adicionar NH4OH o equilíbrio é novamente deslocado para a direita até a predominância da forma Al(OH)3. O cromato (CrO4=) é identificado acidificando o filtrado com ácido acético, até pH = 6,0 e adicionando-se solução de Ba2+, na forma de BaCl2. A presença do CrO4= é identificada pela formação de um precipitado amarelo de BaCrO4 CrO4= + Ba2+ ⇔ BaCrO4 (amarelo) O resíduo obtido da separação do ferro dos dois outros íons contém Fe(OH)3 cuja presença pode ser comprovada facilmente porque estará sozinho. O precipitado é tratado com HCl até a sua completa solubilização: Fe(OH)3 + 3HCl ⇔ Fe3+ + 3Cl - + 3 H2O A solução é tratada com solução de SCN - (tiocianato). Em presença de Fe3+, forma- se um complexo de coloração vermelha intensa. Fe3+ + n.SCN - ⇔ Fe(SCN)n 3+ Onde n vária de 1 a 6 dependendo das quantidades relativas. 23 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Nº DE ORDEM REFERÊNCIAS 01 OHLWELLER, O.A – Química analítica quantitativa, rio de Janeiro, livros técnicos Científicos, 3 volumes, 1976 02 SKOOG, D.A & WEST, D.M. Introduction a La Química Analítica Barcelona, Reverté, 1974. 03 VOGEL, A.L. Química Analítica Qualitativa Buenos Aires, Kapelusz, 1969. 04 VOGEL, A.L. Química analítica Quantitativa. Buenos Aires, Kapelusz, 1974 05 GUENTER. W.B. Química quantitativa – Medições e equilíbrio 06 MEITES – Handbook Of. Analítica Chemistry 07 EWING, G.W. Métodos Instrumentais de Análise Química Vol. 1 e Vol. 2 08 FUNDAMENTOS DE QUIMICA ANALÍTICA. 8ª EDIÇAO - Stanley Crouch 09 QUÍMICA ANALÍTICA QUANTITATIVA ELEMENTAR. 3ª Edição - 2003. Bacan , Nivaldo / Andrade, João Carlos / Godinho, Osvaldo / Barone, José Salvador 10 PRINCIPIOS DE ANÁLISE INSTRUMENTAL. 6ª EDIÇÃO - Crouch , Stanley R / Holler , F. James/ Skoog,Douglas A. 11 INTRODUÇÃO À QUIMICA AMBIENTAL. 2ª edição - Rocha, Julio 24