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1) CONCEITO DE DIREITO PENAL Necessidade de normas que regulem o convívio em sociedade com sanções se estas forem desobedecidas. Julio Fabbrini Mirabete conceitua o Direito Penal como sendo a “Reunião de normas jurídicas pelas quais o Estado proíbe determinadas condutas, sob ameaça de sanção penal, estabelecendo ainda os princípios gerais e os pressupostos para aplicação das penas e das medidas de segurança”. Já José Frederico Marques conceitua o Direito Penal como o “conjunto de normas que ligam o crime, como fato, a pena como conseqüência, e disciplinam também as relações jurídicas daí derivadas, para estabelecer a aplicabilidade de medidas de segurança e a tutela do direito de liberdade em face do poder de punir o Estado”. Ainda, para Guilherme de Souza Nucci: “É o conjunto de normas jurídicas voltado à fixação dos limites do poder punitivo do Estado, insituindo infrações penais e as sanções correspondentes, bem como regras atinentes à sua aplicação” (2011, p. 67) 2) FUNÇÃO DO DIREITO PENAL Proteger os bens jurídicos fundamentais (vida, integridade física, honra, liberdade, patrimônio, costume,...), impondo sanções aos que praticarem delitos. Bem é tudo aquilo que satisfaz as necessidades humanas. Bem jurídico é o bem com valor reconhecido pelo Direito. É aquele escolhido pelo ordenamento jurídico para ser tutelado e amparado. Quando se constituir em bem jurídico muito importante, passa ao âmbito de proteção penal, permitindo a formação de tipos incriminadores, coibindo as condutas potencialmente lesivas ao referido bem jurídico penal. Sanções: penas e medidas de segurança. 3) CARACTERÍSTICAS O Direito Penal pertence ao ramo do Direito Público Interno (sendo que o Direito Penal Internacional refere-se ao ramo do Direito Internacional Público), pois regula as relações do homem com a sociedade, tendo o Estado de atuar sobre os delinqüentes, como regulador dessas relações, diferentemente aos acordos de vontades. Interno porque vige nos limites territoriais do país, comportando exceções advindas de tratados ou convenções internacionais. Cultural porque indaga o “dever ser”, determinando regras de conduta em respeito aos interesses sociais, ao contrário das ciências naturais, que cultuam o “ser”. Normativo porque objetiva o estudo da lei, da norma. Valorativo porque protege os valores mais elevados da sociedade, aplicando a sanção conforme a gravidade da conduta, do crime. Exemplo disso é o artigo 121 X 129. Finalista porque visa à proteção dos bens jurídicos que têm valor para a sociedade (vida, integridade física), sendo a prevenção a maior finalidade da norma penal. Sancionador, pois determina sanção, dando proteção à outra norma jurídica de natureza diversa da penal, em complemento a outras ciências jurídicas e até não jurídicas. Exemplo disso é a vida do nascituro, do feto, que é tutelada pelo Direito Civil, que lhe dá direitos, enquanto o Direito Penal que lhe protege a vida, através dos crimes contra a vida, em especial o aborto. Dogmático exige o cumprimento de todas as suas normas, sendo estas estudadas antes de serem criadas, não tendo assim caráter experimental. 4) DIREITO PENAL SUBJETIVO E OBJETIVO Subjetivo é o direito de punir do Estado (jus puniendi), que é intransferível, só cabendo a ele se aplicar sanções, mesmo em casos de ação penal privada e de legítima defesa. Ressalte-se que este direito de punir é limitado pelo Direito Penal objetivo, que define os crimes e sanções. Objetivo é o conjunto de normas que regulam a ação estatal, definindo os crimes e cominando as respectivas sanções. É o próprio Direito Penal. 5) DIREITO PENAL COMUM E ESPECIAL Comum se aplica a todas as pessoas. Exemplo de direito penal comum - Código Penal, contravenções penais, lei de tóxicos, lei de imprensa. Especial se aplica à determinada classe de indivíduos de acordo com a qualidade que tem. Exemplo de direito penal especial - Código Penal Militar, lei de Impeachment, lei de abuso de autoridade. Não confundir com a denominação utilizada corriqueiramente lei ou legislação especial x lei ou legislação comum. Considera-se assim lei comum o Código Penal e Leis Especiais as leis extravagantes, que se encontram fora do Código Penal. 6) DIREITO PENAL FUNDAMENTAL (material/substantivo) E COMPLEMENTAR (formal ou adjetivo) Fundamental é a lei penal, que define as condutas típicas e estabelece as sanções. É representado pelo Código Penal, Contravenções penais. Complementar é o que define o modo de aplicação do Direito Penal Fundamental. É representado pelo Código de Processo Penal. São também conhecidos como material ou substantivo e formal ou adjetivo, respectivamente. Ressalte-se que esta classificação do Direito Processual Penal já não é pertinente, visto ser esse considerado hoje como autônomo e não mais como complemento ao Direito Penal. 7) RELAÇÃO DO DIREITO PENAL COM OUTRAS CIÊNCIAS O Direito Penal é parte de um todo de normas que regula uma sociedade. Portanto, por ser parte, deve estar em afinidade com as demais ciências que fazem parte deste todo. Assim, relaciona-se o Direito Penal com: Filosofia do Direito: a filosofia socorre o Direito na formação de princípios lógicos, de conceitos, nas definições, na elaboração das leis e até mesmo na sua interpretação. Exemplos: conceitos de dolo, de culpa, de erro. Teoria Geral do Direito: esta vem a completar a acima mencionada, uma vez que se adapta a filosofia ao Direito, utilizando-se de técnica e método jurídicos. Sociologia Jurídica: o Direito advém dos fatos ocorridos na sociedade, tendo o Direito Penal como base a conduta humana, sendo assim necessário o conhecimento da realidade social. Criminologia: Drapkin conceitua a criminologia como um conjunto de conhecimentos que estudam os fenômenos e as causas da criminalidade, a personalidade do delinqüente e sua conduta delituosa e a maneira de ressocializá-lo. Relacionam-se assim Direito Penal e Criminologia em virtude do Direito Penal tipificar os crimes, impor sanções, enquanto a criminologia estuda as causas que levaram ao crime, como evitá-lo, como recuperar o delinqüente. Segundo Mezger a Criminologia se divide em duas outras ciências que também têm correlação com o Direito Penal: Biologia Criminal: que estuda o crime em seu caráter individual, visando as condições naturais do delinqüente em seu aspecto físico, fisiológico e psicológico, através das ciências como a Antropologia, Endocrinologia e Psicologia. Exemplos: estudo das impressões digitais, glândulas endócrinas, dolo e culpa. Sociologia Criminal: busca o crime e parte dele para o estudo das condições do grupo social do delinqüente, assim como para análise dos fatores externos do crime. Utiliza-se assim de outras ciências como a vitimologia (em que a vitima colabora para o crime) e a biotipologia (em que se verifica o biotipo do delinqüente para que lhe seja aplicada a pena adequada). Direito Empresarial: tutela o Direito Penal alguns institutos como o cheque (estelionato), duplicata, títulos de crédito em geral (falsificação). A fraude no comércio ou a fraude ao comércio constituem crime. É a lei penal que prevê os crimes falimentares. Direito Penitenciário ou de Execução Penal: há quem não aceite a existência do Direito Penitenciário, mas com o advir da LEP a execução penal se desvinculou tanto do Direito Penal quanto do Direito Processual Penal. Entretanto, mantém-se uma relação com o Direito Penal, visto que as penas são determinadas por este, cabendo ao Direito Penitenciário fazê-las cumprir. Direito do Trabalho: relaciona-se com este no que diz respeito aos crimes contra organização do trabalho (artigos 197 a 207 do CP) e com relação aos efeitos trabalhistas da sentença penal, determinados na CLT. Direito Tributário: tem relação o Direito Penal com este Direito, visto que prevê tipos penais de sonegação fiscal (lei 4729/65) 8) RELAÇÃO DO DIREITO PENAL COM OUTRAS CIÊNCIAS AUXILIARES Ciências auxiliares são aquelas que ajudam na prática do Direito Penal. Medicina Legal: utiliza os conhecimentos médicos na aplicação da lei penal, através de exames de verificação de dano à vida (necropsia) e á saúde (lesão corporal, envenenamento), ao corpo (atentados sexuais) toxicômano, exames do corpo de delito em geral. Criminalística: utiliza-se de várias ciências para que possa fazer os laudos periciais, que poderão ser utilizados como provas, identificando autores e até mesmo crimes praticados. Impressões digitais, projéteis, balística... Psiquiatria Forense: é a ciência que verifica possíveis distúrbios mentais, atestando se há imputabilidade ou semimputabilidade, se houve presunção de inocência, se deve ser aplicada medida de segurança ou não. Direito Internacional: esta interligação visa um combate aos crimes de nível universal, havendo assim uma repressão generalizada e ao mesmo tempo uma cooperação ao combate. Ressalte-se que devem ser obedecidos os princípios da territorialidade e extraterritorialidade (artigo 7º do CP), assim como o firmado em tratados e convenções internacionais. Exemplos: crimes de guerra, contra a paz, contra a humanidade, terrorismo. Direito Civil: apesar de serem ramos diversos (público e privado) ambos encontram-se amplamente interligados, uma vez que o Direito Penal impõe sanções a crimes praticados contra bens protegidos pelo Direito Civil. Exemplos: patrimônio – furto, roubo. Pessoa – homicídio, aborto. Família – bigamia. Além disso, o Direito Civil fornece conceitos como de casamento, erro, tutor, cônjuge. Ambos também se completam, pois um fato pode acarretar tanto uma sanção civil (indenização) como uma sanção penal (pena). Direito Constitucional: a Carta Magna, na condição de hierarquicamente superior, impõe regras ao Direito Penal, devendo este se enquadrar ao que lá for definido. Exemplos artigo 5º da CRFB, incisos XXXV e seguintes. Direito Administrativo: a função de punir é do Estado e, portanto, administrativa. Quem aplica e faz com que as leis sejam cumpridas são agentes públicos (Juiz, MP, Delegado). Punem-se fatos contra a Administração Pública. Crimes praticados por funcionários públicos. As penas são cumpridas em estabelecimentos públicos. Direito Processual Penal: este prevê a forma de aplicação da lei penal e é através deste também que se decide sobre a aplicação do jus puniendi (direito do Estado). Disciplina ainda sobre as formas de ação penal (pública incondicionada, pública condicionada e privada). Direito Processual Civil: esta está intimamente ligada à anterior, pois há normas que são comuns ao direito penal e direito processual Civil. Exemplos: atos processuais (despachos, sentenças, recursos,...)