Logo Passei Direto
Buscar

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

Faculdade e Escola Técnica Egídio José da Silva 
 FATEGÍDIO 
 
 
 
 
APOSTILA DE ANATOMIA E 
FISIOLOGIA HUMANAS 
 
 
 
 
 
 
 
 MAIO/2009 
 3 
 
Organizador: 
Prof. MSc. RODRIGO ANTONIO MONTEZANO VALINTIN LACERDA 
 
Colaboradores: 
Prof. Esp. ADRÉ LUIS VELANO 
Prof. Esp. FABIANA PARO PEREIRA 
Prof. Esp. FABRICIO BRITO MUNIZ 
Prof. Esp. LEONARDO FIGUEIREDO SANTOS 
 
Capa: 
Prof. MSc. RODRIGO ANTONIO MONTEZANO VALINTIN LACERDA e 
Secretário SERGIO TELES 
 
 
Citações: 
Esta Apostila foi baseada em texto da Professora MSc. Maria Luisa Miranda Vilela, 
Licenciada em Ciências Biológicas pela PUC/MG, tem especialização nos cursos de Biologia 
dos Vertebrados pela PUC/MG e Genética Humana pela UnB e mestrado em Microbiologia 
pela UFMG (defesa de dissertação em genética molecular de Leishmania). Atualmente é 
doutoranda no Curso de Pós-Graduação em Biologia Animal da UnB, pelo Dept° de Genética 
e Morfologia, Laboratório de Genética.Lecionou Ciências no Ensino Fundamental, Biologia no 
Ensino Médio e Citologia nas Faculdades Metodistas Isabela Hendrix, em Belo Horizonte/MG. 
Em Brasília/DF, leciona biologia no ensino médio, desde 1994: em 1994 e 1995, nos Centros 
Educacionais La Salle e Sagrada Família; de 1996 até agora, no Centro Educacional 
Leonardo da Vinci. Cursos de atualização: Genética e Sociedade (UnB); Bioquímica, Nutrição 
e Saúde (UnB); Ecologia e Gestão Ambiental (UFMG). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aos alunos: 
 
O mestre disse a um dos seus alunos: Yu, 
queres saber em que consiste o 
conhecimento? Consiste em ter 
consciência tanto de conhecer uma coisa 
quanto de não a conhecer. Este é o 
conhecimento.. 
 
 
 5 
SUMÁRIO 
 
1 - INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ANATOMIA ................................................. 6 
 
1.1 - CONCEITO DE ANATOMIA ...................................................................... 6 
1.2 - NORMAL E VARIAÇÃO ANATÔMICA ...................................................... 6 
1.3 - NOMENCLATURA ANATÔMICA ...............................................................6 
1.4 - POSIÇÃO ANATÔMICA .............................................................................7 
1.5 - DIVISÃO DO CORPO HUMANO.................................................................7 
1.6 - PLANOS DE DELIMITAÇÃO E SECÇÃO DO CORPO HUMANO..............8 
1.7 - TERMOS DE POSIÇÃO E DIREÇÃO.........................................................8 
1.8 - MÉTODOS DE ESTUDO ............................................................................9 
1.9 - VARIAÇÕES ANATÔMICAS NORMAI ...................................................... 9 
1.10 - PLANOS ANATÔMICO ..........................................................................10 
1.11 - TERMOS DE RELAÇÃO ANATÔMICA ..................................................10 
2 – SISTEMAS DE SUSTENTAÇÃO............................................................... 11 
2.1 - SISTEMA ESQUELÉTICO............................................................................... 11 
2.2 - SISTEMA ARTICULAR ....................................................................................21 
2.3 - SISTEMA MUSCULAR ............................................................................27 
3 - SISTEMA NERVOSO ..................................................................................36 
4 - SISTEMA CIRCULATÓRIO ........................................................................57 
5 - SISTEMA RESPIRATÓRIO ........................................................................66 
6 - O SISTEMA DIGESTÓRIO ........................................................................72 
7 - SISTEMA URINÁRIO/EXCRETOR .............................................................79 
8 - SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO ...................................................83 
9 - SISTEMA REPRODUTOR FEMININO ........................................................85 
10 - SISTEMA ENDÓCRINO ............................................................................95 
11 – SISTEMA SENSORIAL ............................................................................99 
12 - SISTEMA TEGUMENTAR ......................................................................110 
 
 6 
 
1 - INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ANATOMIA 
 
1.1 - CONCEITO DE ANATOMIA 
No seu conceito mais amplo, a Anatomia é a ciência que estuda, macro e 
microscopicamente, a constituição e o desenvolvimento dos seres organizados. 
Um excelente e amplo conceito de Anatomia foi proposto em 1981 pela American 
Association of Anatomists: anatomia é a análise da estrutura biológica, sua correlação com a 
função e com as modulações de estrutura em resposta a fatores temporais, genéticos e 
ambientais. Tem como metas principais a compreensão dos princípios arquitetônicos da 
construção dos organismos vivos, a descoberta da base estrutural do funcionamento das várias 
partes e a compreensão dos mecanismos formativos envolvidos no desenvolvimento destas. A 
amplitude da anatomia compreende, em termos temporais, desde o estudo das mudanças a longo 
prazo da estrutura, no curso de evolução, passando pelas das mudanças de duração intermediária 
em desenvolvimento, crescimento e envelhecimento; até as mudanças de curto prazo, associadas 
com fases diferentes de atividade funcional normal. Em termos do tamanho da estrutura 
estudada vai desde todo um sistema biológico, passando por organismos inteiros e/ou seus 
órgãos até as organelas celulares e macromoléculas. 
A palavra Anatomia é derivada do grego anatome (ana = através de; tome = corte). 
Dissecação deriva do latim (dis = separar; secare = cortar) e é equivalente etimologicamente a 
anatomia. Contudo, atualmente, Anatomia é a ciência, enquanto dissecar é um dos métodos 
desta ciência. 
Seu estudo tem uma longa e interessante história, desde os primórdios da civilização 
humana. Inicialmente limitada ao observável a olho nu e pela manipulação dos corpos, 
expandiu-se, ao longo do tempo, graças a aquisição de tecnologias inovadoras. 
Atualmente, a Anatomia pode ser subdividida em três grandes grupos: Anatomia 
macroscópica, Anatomia microscópica e Anatomia do desenvolvimento. 
A Anatomia Macroscópica é o estudo das estruturas observáveis a olho nu, utilizando 
ou não recursos tecnológicos os mais variáveis possíveis, enquanto a Anatomia Microscópica é 
aquela relacionada com as estruturas corporais invisíveis a olho nu e requer o uso de 
instrumental para ampliação, como lupas, microscópios ópticos e eletrônicos. Este grupo é 
dividido em Citologia (estudo da célula) e Histologia (estudo dos tecidos e de como estes se 
organizam para a formação de órgãos). 
A Anatomia do desenvolvimento estuda o desenvolvimento do indivíduo a partir do ovo 
fertilizado até a forma adulta. Ela engloba a Embriologia que é o estudo do desenvolvimento até 
o nascimento. Embora não sejam estanques, a complexidade destes grupos torna necessária a 
existência de estudos específicos. 
 
1.2 - NORMAL E VARIAÇÃO ANATÔMICA 
Normal, para o anatomista, é o estatisticamente mais comum, ou seja, o que é 
encontrado na maioria dos casos. Variação anatômica é qualquer fuga do padrão sem prejuízo 
da função. Assim, a artéria braquial mais comumente divide-se na fossa cubital. Este é o padrão. 
Entretanto, em alguns indivíduos esta divisão ocorre ao nível da axila. Como não existe perda 
funcional esta é uma variação. 
Quando ocorre prejuízo funcional trata-se de uma anomalia e não de uma variação. Se a 
anomalia for tão acentuada que deforme profundamente a construção do corpo, sendo, em geral, 
incompatível com a vida, é uma monstruosidade. 
 
1.3 - NOMENCLATURA ANATÔMICA 
 7 
Como
toda ciência, a Anatomia tem sua linguagem própria. Ao conjunto de termos 
empregados para designar e descrever o organismo ou suas partes dá-se o nome de 
Nomenclatura Anatômica. Com o extraordinário acúmulo de conhecimentos no final do século 
passado, graças aos trabalhos de importantes “escolas anatômicas” (sobretudo na Itália, França, 
Inglaterra e Alemanha), as mesmas estruturas do corpo humano recebiam denominações 
diferentes nestes centros de estudos e pesquisas. Em razão desta falta de metodologia e de 
inevitáveis arbitrariedades, mais de 20 000 termos anatômicos chegaram a ser consignados (hoje 
reduzidos a poucos mais de 5 000). A primeira tentativa de uniformizar e criar uma 
nomenclatura anatômica internacional ocorreu em 1895. Em sucessivos congressos de 
Anatomia em 1933, 1936 e 1950 foram feitas revisões e finalmente em 1955, em Paris, foi 
aprovada oficialmente a Nomenclatura Anatômica, conhecida sob a sigla de P.N.A. (Paris 
Nomina Anatomica). Revisões subseqüentes foram feitas em 1960, 1965 e 1970, visto que a 
nomenclatura anatômica tem caráter dinâmico, podendo ser sempre criticada e modificada, 
desde que haja razões suficientes para as modificações e que estas sejam aprovadas em 
Congressos Internacionais de Anatomia . A língua oficialmente adotada é o latim (por ser 
“língua morta”), porém cada país pode traduzi-la para seu próprio vernáculo. Ao designar uma 
estrutura do organismo, a nomenclatura procura utilizar termos que não sejam apenas sinais para 
a memória, mas tragam também alguma informação ou descrição sobre a referida estrutura. 
Dentro deste princípio, foram abolidos os epônimos (nome de pessoas para designar coisas) e os 
termos indicam: a forma (músculo trapézio); a sua posição ou situação (nervo mediano); o seu 
trajeto (artéria circunflexa da escápula); as suas conexões ou inter-relações (ligamento 
sacroilíaco); a sua relação com o esqueleto (artéria radial); sua função (m. levantador da 
escápula); critério misto (m. flexor superficial dos dedos – função e situação). Entretanto, há 
nomes impróprios ou não muito lógicos que foram conservados, porque estão consagrados pelo 
uso. 
 
1.4 - POSIÇÃO ANATÔMICA 
Para evitar o uso de termos diferentes nas descrições anatômicas, considerando-se que a 
posição pode ser variável, optou-se por uma posição padrão, denominada posição de descrição 
anatômica (posição anatômica). Deste modo, os anatomistas, quando escrevem seus textos, 
referem-se ao objeto de descrição considerando o indivíduo como se estivesse sempre na 
posição padronizada. Nela o indivíduo está em posição ereta (em pé, posição ortostática ou 
bípede), com a face voltada para a frente, o olhar dirigido para o horizonte, membros superiores 
estendidos, aplicados ao tronco e com as palmas voltadas para frente, membros inferiores 
unidos, com as pontas dos pés dirigidas para frente. 
 
1.5 - DIVISÃO DO CORPO HUMANO 
 O corpo humano divide-se em cabeça, tronco e membros. 
2.1. Cabeça 
 A cabeça é dividida em duas partes: crânio e face. Uma linha imaginária passando pelo 
topo das orelhas e dos olhos é o limite aproximada entre estas duas regiões. O crânio contém o 
encéfalo no seu interior, na chamada cavidade craniana. As lesões crânioencefálicas são as 
causas mais freqüentes de óbito nas vitimas de trauma. A face é a sede dos órgãos dos sentidos 
da visão, audição, olfato e paladar. Abriga as aberturas externas do aparelho respiratório e 
digestivo. As lesões da face podem ameaçar a vida devido ao sangramento e obstrução das vias 
aéreas. 
2.2. Tronco 
O tronco é dividido em pescoço, tórax, abdome e pelve. 
2.2.1. Pescoço 
Contém varias estruturas importantes. É suportado pela coluna cervical que abriga no 
seu interior a porção cervical da medula espinhal. As porções superiores do trato respiratório e 
digestivo passam pelo pescoço em direção ao tórax e abdome. Contém também vasos 
 8 
sangüíneos calibrosos responsáveis pela irrigação da cabeça. As lesões do pescoço de maior 
gravidade são as fraturas da coluna cervical com ou sem lesão medular, as lesões do trato 
respiratório e as lesões de grandes vasos com hemorragia severa. 
2.2.2. Tórax 
 Contém no seu interior, na chamada cavidade torácica, a parte inferior do trato 
respiratório (vias aéreas inferiores), os pulmões, o esôfago, o coração e os grandes vasos 
sangüíneos que chegam ou saem do coração. É sustentado por uma estrutura óssea da qual 
fazem parte a coluna vertebral torácica, as costelas, o esterno, as clavículas e a escápula. As 
lesões do tórax são a segunda causa mais freqüente de morte nas vítimas de trauma. 
 
1.6 - PLANOS DE DELIMITAÇÃO E SECÇÃO DO CORPO HUMANO 
Na posição anatômica o corpo humano pode ser delimitado por planos tangentes à sua 
superfície, os quais, com suas intersecções, determinam a formação de um sólido geométrico, 
um paralelepípedo. 
Tem-se assim, para as faces desse sólido, os seguintes planos correspondentes: dois 
planos verticais, um tangente ao ventre – plano ventral ou anterior – e outro ao dorso – plano 
dorsal ou posterior. Estes e outros a eles paralelos são também designados como planos 
frontais, por serem paralelos à “fronte”; dois planos verticais tangentes aos lados do corpo – 
planos laterais direito e esquerdo e, finalmente, dois planos horizontais, um tangente à cabeça – 
plano cranial ou superior – e outro à planta dos pés – plano podálico – (de podos = pé) ou inferior. 
O tronco isolado é limitado, inferiormente, pelo plano horizontal que tangencia o vértice 
do cóccix, ou seja, o osso que no homem é o vestígio da cauda de outros animais. Por esta 
razão, este plano é denominado caudal. 
Os planos descritos são de delimitação. É possível traçar também planos de secção: o 
plano que divide o corpo humano em metades direita e esquerda é denominado mediano. Toda 
secção do corpo feita por planos paralelos ao mediano é uma secção sagital (corte sagital) e os 
planos de secção são também chamados sagitais; os planos de secção que são paralelos aos 
planos ventral e dorsal são ditos frontais e a secção é também denominada frontal (corte 
frontal); os planos de secção que são paralelos aos planos cranial, podálico e caudal são 
horizontais. A secção é denominada transversal. 
 
1.7 - TERMOS DE POSIÇÃO E DIREÇÃO 
A situação e a posição das estruturas anatômicas são indicadas em função dos planos de 
delimitação e secção. 
Assim, duas estruturas dispostas em um plano frontal serão chamadas de medial e 
lateral conforme estejam, respectivamente, mais próxima ou mais distante do plano mediano do 
corpo. 
Duas estruturas localizadas em um plano sagital serão chamadas de anterior (ou ventral) 
e posterior (ou dorsal) conforme estejam, respectivamente, mais próxima ou mais distante do 
plano anterior. 
Para estruturas dispostas longitudinalmente, os termos são superior (ou cranial) para a 
mais próxima ao plano cranial e inferior (ou caudal) para a mais distante deste plano. 
Para estruturas dispostas longitudinalmente nos membros emprega-se, comumente, os 
termos proximal e distal referindo-se às estruturas respectivamente mais próxima e mais distante 
da raiz do membro. Para o tubo digestivo emprega-se os termos oral e aboral, referindo-se às 
estruturas respectivamente mais próxima e mais distante da boca. 
Uma terceira estrutura situada entre uma lateral e outra medial é chamada de intermédia. 
Nos outros casos (terceira estrutura situada entre uma anterior e outra posterior, ou entre uma 
superior e outra inferior, ou entre uma proximal e outra distal ou ainda uma oral e outra aboral) 
é denominada de média. 
Estruturas situadas ao longo do plano mediano são denominadas de medianas, sendo 
este um conceito absoluto, ou seja, uma estrutura mediana será sempre mediana, enquanto os 
 9 
outros termos de posição e direção são relativos, pois baseiam-se na comparação da posição
de 
uma estrutura em relação a posição de outra 
A anatomia é o estudo da forma e da constituição do corpo, pré-requisito indispensável 
para o estudo da fisiologia dos órgãos. Seu estudo compreende tanto a evolução do indivíduo 
desde a fase de zigoto até a velhice (ontogenia), como o desenvolvimento de uma estrutura no 
reino animal (filogenia). 
 A anatomia macroscópica pode ser estudada de duas formas: (1) anatomia sistemática ou 
descritiva, que estuda os vários sistemas separadamente e (2) anatomia topográfica ou cirúrgica, 
que estuda todas as estruturas de uma região e suas relações entre si. 
 ORIGEM EMBRIOLÓGICA 
 Quanto à origem, os órgãos podem ser classificados em homólogos ou análogos. Diz-se que 
dois órgãos são homólogos quando possuem a mesma origem embriológica mas diferentes 
funções, como, por exemplo, os membros superiores do homem e as asas dos pássaros. A 
analogia, por sua vez, acontece quando dois órgãos tem funções semelhantes e diferentes 
origens embriológicas, como ocorre com os pulmões humanos e as guelras dos peixes. 
 
 1.8 - MÉTODOS DE ESTUDO 
 1. inspeção: analisando através da visão. A análise pode ser de órgãos externos (ectoscopia) ou 
internos (endoscopia); 
2. palpação: analisando através do tato é possível verificar a pulsação, os tendões musculares e 
as saliências ósseas, dentre outras coisas; 
3. percussão: através de batimentos digitais na superfície corporal podemos produzir sons 
audíveis, que ajudam a determinar a composição de órgãos ou estruturas (gases, líquidos ou 
sólidos); 
4. ausculta: ouvindo determinados órgãos em funcionamento (Ex.: coração, pulmão, intestino); 
5. mensuração: permite a avaliação da simetria corporal e de eventuais megalias; 
6. dissecção: consiste na separação minuciosa dos diferentes órgãos para uma melhor 
visualização; 
7. métodos de estudo por imagem: inclui o raioX, ecografia, ressonância nuclear magnética e 
tomografia computadorizada. 
 
1.9 - VARIAÇÕES ANATÔMICAS NORMAIS 
 Existem algumas circunstâncias que determinam variações anatômicas normais e que devem 
ser descritas: 
1. idade: os testículos no feto estão situados na cavidade abdominal, migrando para a bolsa 
escrotal e nela se localizando durante a vida adulta; 
2. sexo: no homem a gordura subcutânea se deposita principalmente na região tricipital, 
enquanto na mulher o depósito se dá preferencialmente na região abdominal; 
3. raça: nos brancos a medula espinhal termina entre a primeira e segunda vértebra lombar, 
enquanto que nos negros ela termina um pouco mais abaixo, entre a segunda e a terceira 
vértebra lombar; 
4. tipo morfológico constitucional: é o principal fator das diferenças morfológicas. Os principais 
tipos são: 
4.a- longilíneo: indivíduo alto e esguio, com pescoço, tórax e membros longos. Nessas pessoas 
o estômago 
geralmente é mais alongado e as vísceras dispostas mais verticalmente; 
4.b- brevilíneo: indivíduo baixo com pescoço, tórax e membros curtos. Aqui as vísceras 
costumam estar 
dispostas mais horizontalmente; 
4.c- mediolíneo: características intermediárias. 
 10 
 A identificação do tipo morfológico é importante devido às diferentes técnicas de abordagem 
semiológica, avaliação das variações da normalidade e até mesmo maior incidência de doenças, 
como por exemplo a hipertensão, que é sabidamente mais comum em brevilíneos. 
1.10 - PLANOS ANATÔMICOS 
 O corpo humano é dividido por três eixos imaginários: 
1. o eixo vertical ou longitudinal, que une a cabeça aos pés, classificado como heteropolar; 
2. o eixo de profundidade ou ântero-posterior, que une o ventre ao dorso, classificado como 
heteropolar; 
3. o eixo de largura ou transversal, que une o lado direito ao lado esquerdo, classificado como 
homopolar. 
 No momento em que projetamos um eixo sobre outro temos um plano. Existem quatro 
planos principais: 
1. o plano sagital, formado pelo deslocamento do eixo ântero-posterior ao longo do eixo 
longitudinal; 
2. o plano sagital mediano, formado pelo deslocamento do eixo ântero-posterior ao longo do 
eixo longitudinal na linha mediana, dividindo o corpo em duas metades aparentemente 
simétricas, denominadas antímeros; 
3. o plano transversal ou horizontal, formado pelo deslocamento do eixo de largura ao longo do 
eixo ântero-posterior. Uma série sucessiva de planos transversais divide o corpo em segmentos 
denominados metâmeros; 
4. o plano frontal ou coronal, formado pelo deslocamento do eixo de largura ao longo do eixo 
longitudinal, dividindo o corpo em porções chamadas de paquímeros. 
 
1.11 - TERMOS DE RELAÇÃO ANATÔMICA 
Inferior ou caudal: mais próximo dos pés; 
Superior ou cranial: mais próximo da cabeça; 
Anterior ou ventral: mais próximo do ventre; 
Posterior ou dorsal: mais próximo do dorso; 
Proximal: mais próximo do ponto de origem; 
Distal: mais afastado do ponto de origem; 
Medial: mais próximo do plano sagital mediano; 
Lateral: mais afastado do plano sagital mediano; 
Superficial: mais próximo da pele; 
Profundo: mais afastado da pele; 
Homolateral ou ipsilateral: do mesmo lado do corpo; 
Contra-lateral: do lado oposto do corpo; 
Holotopia: localização geral de um órgão no organismo. Ex.: o fígado está localizado no 
abdômen; 
Sintopia: relação de vizinhança. Ex.: o estômago está abaixo do diafragma, a direita do baço e a 
esquerda do fígado; 
Esqueletopia: relação com esqueleto. Ex.: coração atrás do esterno e da terceira, quarta e quinta 
costelas; 
Idiotopia: relação entre as partes de um mesmo órgão. Ex.: ventrículo esquerdo adiante e abaixo 
do átrio esquerdo. 
 
 
 
 11 
2 – SISTEMAS DE SUSTENTAÇÃO 
 
2.1 - SISTEMA ESQUELÉTICO 
 
Imagem: AVANCINI & FAVARETTO. Biologia – Uma abordagem 
evolutiva e ecológica. Vol. 2. São Paulo, Ed. Moderna, 1997. 
Além de dar sustentação ao 
corpo, o esqueleto protege os 
órgãos internos e fornece pontos 
de apoio para a fixação dos 
músculos. Ele constitui-se de 
peças ósseas (ao todo 208 
ossos no indivíduo adulto) e 
cartilaginosas articuladas, que 
formam um sistema de 
alavancas movimentadas pelos 
músculos. 
O esqueleto humano pode 
ser dividido em duas partes: 
1-Esqueleto axial: formado 
pela caixa craniana, coluna 
vertebral caixa torácica. 
2-Esqueleto apendicular: 
compreende a cintura escapular, 
formada pelas escápulas e 
clavículas; cintura pélvica, 
formada pelos ossos ilíacos (da 
bacia) e o esqueleto dos 
membros (superiores ou 
anteriores e inferiores ou 
posteriores). 
1-Esqueleto axial 
1.1-Caixa craniana 
Possui os seguintes ossos importantes: frontal, parietais, temporais, occipital, 
esfenóide, nasal, lacrimais, malares ("maçãs do rosto" ou zigomático), maxilar 
superior e mandíbula (maxilar inferior). 
 
Imagem: AVANCINI & FAVARETTO. Biologia – Uma abordagem evolutiva e ecológica. Vol. 2. São Paulo, Ed. 
Moderna, 1997. 
 12 
Observações: 
Primeiro - no osso 
esfenóide existe uma 
depressão denominada de sela 
turca onde se encontra uma 
das menores e mais 
importantes glândulas do corpo 
humano - a hipófise, no centro 
geométrico do crânio. 
Segundo - Fontanela ou 
moleira é o nome dado à 
região alta e mediana, da 
cabeça da criança, que facilita 
a passagem da mesma no canal do parto; após o nascimento, será substituída por 
osso. 
1.2-Coluna vertebral 
É uma coluna de vértebras que apresentam cada uma um buraco, que se 
sobrepõem constituindo um canal que aloja a medula nervosa ou espinhal; é 
dividida em regiões típicas que são: coluna cervical (região do pescoço), coluna 
torácica, coluna lombar, coluna sacral, coluna cocciciana (coccix). 
 
 
1.3-Caixa torácica 
É formada pela região torácica de coluna vertebral, osso esterno e costelas, 
que são em número de 12 de cada lado, sendo as 7 primeiras verdadeiras (se 
inserem diretamente no esterno), 3 falsas (se
reúnem e depois se unem ao 
esterno), e 2 flutuantes (com extremidades anteriores livres, não se fixando ao 
esterno). 
 
 13 
2- Esqueleto apendicular 
2-1- Membros e cinturas articulares 
 
Cada membro superior é composto 
de braço, antebraço, pulso e mão. O 
osso do braço – úmero – articula-se no 
cotovelo com os ossos do antebraço: 
rádio e ulna. O pulso constitui-se de 
ossos pequenos e maciços, os carpos. 
A palma da mão é formada pelos 
metacarpos e os dedos, pelas 
falanges. 
Cada membro inferior compõe-se 
de coxa, perna, tornozelo e pé. O osso 
da coxa é o fêmur, o mais longo do 
corpo. No joelho, ele se articula com os 
dois ossos da perna: a tíbia e a fíbula. 
A região frontal do joelho está protegida 
por um pequeno osso circular: a rótula. 
Ossos pequenos e maciços, chamados 
tarsos, formam o tornozelo. A planta do 
pé é constituída pelos metatarsos e os 
dedos dos pés (artelhos), pelas 
falanges. 
Os membros estão unidos ao corpo mediante um sistema ósseo que toma o 
nome de cintura ou de cinta. A 
cintura superior se chama cintura 
torácica ou escapular (formada 
pela clavícula e pela escápula ou 
omoplata); a inferior se chama 
cintura pélvica, popularmente 
conhecida como bacia (constituída 
pelo sacro - osso volumoso 
resultante da fusão de cinco 
vértebras, por um par de ossos 
ilíacos e pelo cóccix, formado por 
quatro a seis vértebras 
rudimentares fundidas). A primeira 
sustenta o úmero e com ele todo o 
braço; a segunda dá apoio ao 
fêmur e a toda a perna. 
 
3 - Juntas e articulações 
Junta é o local de junção entre dois ou mais ossos. Algumas juntas, como as 
do crânio, são fixas; nelas os ossos estão firmemente unidos entre si. Em outras 
juntas, denominadas articulações, os ossos são móveis e permitem ao esqueleto 
realizar movimentos. 
 
 
 14 
4 - Ligamentos 
Os ossos de uma articulação mantêm-se no lugar por meio dos ligamentos, 
cordões resistentes constituídos por tecido conjuntivo fibroso. Os ligamentos estão 
firmemente unidos às membranas que revestem os ossos. 
 
5 - Classificação dos ossos 
Os ossos são classificados de acordo 
com a sua forma em: 
A - Longos: têm duas extremidades ou 
epífises; o corpo do osso é a diáfise; entre a 
diáfise e cada epífise fica a metáfise. A 
diáfise é formada por tecido ósseo compacto, 
enquanto a epífise e a metáfise, por tecido 
ósseo esponjoso. Exemplos: fêmur, úmero. 
 
Imagem: AVANCINI & FAVARETTO. Biologia – Uma abordagem 
evolutiva e ecológica. Vol. 2. São Paulo, Ed. Moderna, 1997, com 
adaptações 
B- Curtos: têm as três extremidades 
praticamente equivalentes e são encontrados 
nas mãos e nos pés. São constituídos por 
tecido ósseo esponjoso. Exemplos: calcâneo, 
tarsos, carpos. 
 
 
C - Planos ou Chatos: são formados por duas camadas de tecido ósseo 
compacto, tendo entre elas uma camada de tecido 
ósseo esponjoso e de medula óssea Exemplos: 
esterno, ossos do crânio, ossos da bacia, escápula. 
 
Revestindo o osso compacto na 
diáfise, existe uma delicada membrana - o 
periósteo - responsável pelo crescimento 
em espessura do osso e também pela 
consolidação dos ossos após fraturas (calo 
ósseo). As superfícies articulares são 
revestidas por cartilagem. Entre as epífises 
e a diáfise encontra-se um disco ou placa 
de cartilagem nos ossos em crescimento, 
tal disco é chamado de disco metafisário 
(ou epifisário) e é responsável pelo crescimento longitudinal do osso. O interior dos 
ossos é preenchido pela medula óssea, que, em parte é amarela, funcionando 
 15 
como depósito de lipídeos, e, no restante, é vermelha e gelatinosa, constituindo o 
local de formação das células do sangue, ou seja, de hematopoiese. O tecido 
hemopoiético é popularmente conhecido por "tutano". As maiores quantidades de 
tecido hematopoético estão nos ossos da bacia e no esterno. Nos ossos longos, a 
medula óssea vermelha é encontrada principalmente nas epífises. 
 
 
Diferenças entre os ossos do esqueleto masculino e feminino: 
 
6 - TECIDOS QUE FORMAM O ESQUELETO 
6.1 - O TECIDO ÓSSEO 
O tecido ósseo possui um alto grau de rigidez e resistência à pressão. Por isso, 
suas principais funções estão relacionadas à proteção e à sustentação. Também 
funciona como alavanca e apoio para os músculos, aumentando a coordenação e a 
força do movimento proporcionado pela contração do tecido muscular. 
Os ossos ainda são grandes armazenadores de substâncias, sobretudo de 
íons de cálcio e fosfato. Com o envelhecimento, o tecido adiposo também vai se 
acumulando dentro dos ossos longos, substituindo a medula vermelha que ali 
existia previamente. 
A extrema rigidez do tecido ósseo é resultado da interação entre o componente 
orgânico e o componente mineral da matriz. A nutrição das células que se localizam 
dentro da matriz é feita por canais. No tecido ósseo, destacam-se os seguintes 
tipos celulares típicos: 
• Osteócitos: os osteócitos estão localizados em 
cavidades ou lacunas dentro da matriz óssea. 
Destas lacunas formam-se canalículos que se 
dirigem para outras lacunas, tornando assim a 
difusão de nutrientes possível graças à 
comunicação entre os osteócitos. Os osteócitos 
têm um papel fundamental na manutenção da 
integridade da matriz óssea. 
 
 16 
 
• Osteoblastos: os osteoblastos sintetizam a 
parte orgânica da matriz óssea, composta por 
colágeno tipo I, glicoproteínas e 
proteoglicanas. Também concentram fosfato 
de cálcio, participando da mineralização da 
matriz. Durante a alta atividade sintética, os 
osteoblastos destacam-se por apresentar 
muita basofilia (afinidade por corantes 
básicos). Possuem sistema de comunicação 
intercelular semelhante ao existente entre os osteócitos. Os osteócitos 
inclusive originam-se de osteoblastos, quando estes são envolvidos 
completamente por matriz óssea. Então, sua síntese protéica diminui e o seu 
citoplasma torna-se menos basófilo. 
• Osteoclastos: os osteoclastos participam dos processos de absorção e 
remodelação do tecido ósseo. São células 
gigantes e multinucleadas, extensamente 
ramificadas, derivadas de monócitos que 
atravessam os capilares sangüíneos. Nos 
osteoclastos jovens, o citoplasma apresenta uma 
leve basofilia que vai progressivamente 
diminuindo com o amadurecimento da célula, até 
que o citoplasma finalmente se torna acidófilo 
(com afinidade por corantes ácidos). Dilatações dos osteoclastos, através da 
sua ação enzimática, escavam a matriz óssea, formando depressões 
conhecidas como lacunas de Howship. 
 
• Matriz óssea: a matriz óssea é composta por uma parte orgânica (já 
mencionada anteriormente) e uma parte inorgânica cuja composição é dada 
basicamente por íons fosfato e cálcio formando cristais de hidroxiapatita. A 
matriz orgânica, quando o osso se apresenta descalcificado, cora-se com os 
corantes específicos do colágeno (pois ela é composta por 95% de colágeno 
tipo I). 
A classificação baseada no critério histológico admite apenas duas variantes 
de tecido ósseo: o tecido ósseo compacto ou denso e o tecido ósseo esponjoso ou 
lacunar ou reticulado. Essas variedades apresentam o mesmo tipo de célula e de 
substância intercelular, diferindo entre si apenas na disposição de seus elementos e 
na quantidade de espaços medulares. O tecido ósseo esponjoso apresenta 
espaços medulares mais amplos, sendo formado por várias trabéculas, que dão 
aspecto poroso ao tecido. O tecido ósseo compacto praticamente não apresenta 
espaços medulares, existindo, no entanto, além dos canalículos, um conjunto de 
canais que são percorridos por nervos e vasos sangüíneos: canais de Volkmann e 
canais de Havers. Por ser uma estrutura inervada e irrigada, os ossos apresentam 
grande sensibilidade e capacidade de regeneração. 
Os canais de Volkmann partem da superfície do osso (interna ou externa),
possuindo uma trajetória perpendicular em relação ao eixo maior do osso. Esses 
canais comunicam-se com os canais de Havers, que percorrem o osso 
longitudinalmente e que podem comunicar-se por projeções laterais. Ao redor de 
cada canal de Havers, pode-se observar várias lamelas concêntricas de substância 
intercelular e de células ósseas. Cada conjunto deste, formado pelo canal central 
 17 
de Havers e por lamelas concêntricas é denominado sistema de Havers ou 
sistema haversiano. Os canais de Volkmann não apresentam lamelas 
concêntricas. 
 
 
Tecido ósseo compacto 
 
 
 
Tecido ósseo esponjoso 
 
 
Os tecidos ósseos descritos são os tecidos mais abundantes dos ossos 
(órgãos): externamente temos uma camada de tecido ósseo compacto e 
internamente, de tecido ósseo esponjoso. Os ossos são revestidos externa e 
internamente por membranas denominadas periósteo e endósteo, respectivamente. 
Ambas as membranas são vascularizadas e suas células transformam-se em 
osteoblastos. Portanto, são importantes na nutrição e oxigenação das células do 
tecido ósseo e como fonte de osteoblastos para o crescimento dos ossos e 
reparação das fraturas. Além disto, nas regiões articulares encontramos as 
cartilagens fibrosas. Por ser uma estrutura inervada e irrigada, os ossos 
apresentam grande sensibilidade e capacidade de regeneração. 
No interior dos ossos está a medula óssea, que pode ser: 
vermelha: formadora de células do sangue e plaquetas (tecido reticular ou 
hematopoiético): constituída por células reticulares associadas a fibras reticulares. 
amarela: constituída por tecido adiposo (não produz células do sangue). 
 18 
 
No recém-nascido, toda a medula óssea é vermelha. Já no adulto, a medula 
vermelha fica restrita aos ossos chatos do corpo (esterno, costelas, ossos do 
crânio), às vértebras e às epífises do fêmur e do úmero (ossos longos). Com o 
passar dos anos, a medula óssea vermelha presente no fêmur e no úmero 
transforma-se em amarela. 
6.2 - O TECIDO CARTILAGINOSO 
O tecido cartilaginoso é uma forma especializada de tecido conjuntivo de 
consistência rígida. Desempenha a função de suporte de tecidos moles, reveste 
superfícies articulares onde absorve choques, facilita os deslizamentos e é 
essencial para a formação e crescimento dos ossos longos. A cartilagem é um tipo 
de tecido conjuntivo composto exclusivamente de células chamadas condrócitos e 
de uma matriz extracelular altamente especializada. 
 
 
É um tecido avascular, não possui vasos sanguíneos, sendo nutrido pelos 
capilares do conjuntivo envolvente (pericôndrio) ou através do líquido sinovial das 
 19 
cavidades articulares. Em alguns casos, vasos sanguíneos atravessam as 
cartilagens, indo nutrir outros tecidos. O tecido cartilaginoso também é desprovido 
de vasos linfáticos e de nervos. Dessa forma, a matriz extracelular serve de trajeto 
para a difusão de substâncias entre os vasos sangüíneos do tecido conjuntivo 
circundante e os condrócitos. As cavidades da matriz, ocupadas pelos condrócitos, 
são chamadas lacunas; uma lacuna pode conter um ou mais condrócitos. A matriz 
extracelular da cartilagem é sólida e firme, embora com alguma flexibilidade, sendo 
responsável pelas suas propriedades elásticas. As propriedades do tecido 
cartilaginoso, relacionadas ao seu papel fisiológico, dependem da estrutura da 
matriz, que é constituída por colágeno ou colágeno mais elastina, em associação 
com macromoléculas de proteoglicanas (proteína + glicosaminoglicanas). Como o 
colágeno e a elastina são flexíveis, a consistência firme das cartilagens se deve às 
ligações eletrostáticas entre as glicosaminoglicanas das proteoglicanas e o 
colágeno, e à grande quantidade de moléculas de água presas a estas 
glicosaminoglicanas (água de solvatação) que conferem turgidez à matriz. 
As cartilagens (exceto as articulares e as peças de cartilagem fibrosa) são 
envolvidas por uma bainha conjuntiva que recebe o nome de pericôndrio, o qual 
continua gradualmente com a cartilagem por uma face e com o conjuntivo 
adjacente pela outra. As cartilagens basicamente se dividem em três tipos distintos: 
1) cartilagem hialina; 2) fibrocartilagem ou cartilagem fibrosa; 3) cartilagem elástica. 
6.2.1 - Cartilagem hialina 
 
Distingue-se pela presença de uma 
matriz vítrea, homogênea e amorfa 
(figura ao lado). Por toda cartilagem há 
espaços, chamados lacunas, no interior 
das lacunas encontram-se condrócitos. 
Essas lacunas são circundadas pela 
matriz, a qual tem dois componentes: 
fibrilas de colágeno e matriz 
fundamental 
Essa cartilagem forma o esqueleto inicial do feto; é a precursora dos ossos que 
se desenvolverão a partir do processo de ossificação endocondral. Durante o 
desenvolvimento ósseo endocondral, a cartilagem hialina funciona como placa de 
crescimento epifisário e essa placa continua funcional enquanto o osso estiver 
crescendo em comprimento. No osso longo do adulto, a cartilagem hialina está 
presente somente na superfície articular. No adulto, também está presente como 
unidade esquelética na traquéia, nos brônquios, na laringe, no nariz e nas 
extremidades das costelas (cartilagens costais). 
 20 
 
Pericôndrio: a cartilagem hialina geralmente é circundada por um tecido 
conjuntivo firmemente aderido, chamado pericôndrio. O pericôndrio não está 
presente nos locais em que a cartilagem forma uma superfície livre, como nas 
cavidades articulares e nos locais em que ela entra em contato direto com o osso. 
Sua função não é apenas a de ser uma cápsula de cobertura; tem também a função 
de nutrição, oxigenação, além de ser fonte de novas células cartilaginosas. É rico 
em fibras de colágeno na parte mais superficial, porém, à medida que se aproxima 
da cartilagem, é mais rico em células. 
Calcificação: a calcificação consiste na deposição de fosfato de cálcio sob a 
forma de cristais de hidroxiapatita, precedida por um aumento de volume e morte 
das células. A matriz da cartilagem hialina sofre calcificação regularmente em três 
situações bem definidas: 1) a porção da cartilagem articular que está em contato 
com o osso é calcificada; 2) a calcificação sempre ocorre nas cartilagens que estão 
para ser substituídas por osso durante o período de crescimento do indivíduo; 3) a 
cartilagem hialina de todo o corpo se calcifica como parte do processo de 
envelhecimento. 
Regeneração: a cartilagem que sofre lesão regenera-se com dificuldade e, 
freqüentemente, de modo incompleto, salvo em crianças de pouca idade. No adulto, 
a regeneração se dá pela atividade do pericôndrio. Havendo fratura de uma peça 
cartilaginosa, células derivadas do pericôndrio invadem a área da fratura e dão origem a 
tecido cartilaginoso que repara a lesão. Quando a área destruída é extensa, ou mesmo, 
algumas vezes, em lesões pequenas, o pericôndrio, em vez de formar novo tecido 
cartilaginoso, forma uma cicatriz de tecido conjuntivo denso. 
6.2.2 - Cartilagem elástica 
Esta é uma cartilagem na qual a matriz 
contém fibras elásticas e lâminas de material 
elástico, além das fibrilas de colágeno e da 
substância fundamental. O material elástico 
confere maior elasticidade à cartilagem, como 
a que se pode ver no pavilhão da orelha. A 
presença desse material elástico (elastina) 
confere a esse tipo de cartilagem uma cor 
amarelada, quando examinado a fresco. A 
cartilagem elástica pode estar presente 
isoladamente ou formar uma peça 
cartilaginosa junto com a cartilagem hialina. Como a cartilagem hialina, a elástica 
possui pericôndrio e cresce principalmente por aposição. A cartilagem elástica é 
menos sujeita a processos degenerativos do que a hialina. Ela pode ser encontrada 
 21 
no pavilhão da orelha, nas paredes do canal auditivo externo, na tuba auditiva e na 
laringe. Em todos estes locais há pericôndrio circundante. Diferentemente
da 
cartilagem hialina, a cartilagem elástica não se calcifica. 
6.2.3 - Fibrocartilagem ou Cartilagem fibrosa 
A cartilagem fibrosa ou fibrocartilagem é um tecido com características 
intermediárias entre o conjuntivo denso e a cartilagem hialina. É uma forma de 
cartilagem na qual a matriz contém feixes evidentes de espessas fibras colágenas. 
Na cartilagem fibrosa, as numerosas fibras colágenas constituem feixes, que 
seguem uma orientação aparentemente irregular entre os condrócitos ou um 
arranjo paralelo ao longo dos condrócitos em fileiras. Essa orientação depende das 
forças que atuam sobre a fibrocartilagem. Os feixes colágenos colocam-se 
paralelamente às trações exercidas sobre eles. Na fibrocartilagem não existe 
pericôndrio. A fibrocartilagem está caracteristicamente presente nos discos 
intervertebrais, na sínfise púbica, nos discos articulares das articulações dos 
joelhos e em certos locais onde os tendões se ligam aos ossos. Geralmente, a 
presença de fibrocartilagem indica que naquele local o tecido precisa resistir à 
compressão e ao desgaste. 
 
6.3 - Crescimento 
A cartilagem possui dois tipos de crescimento: aposicional e intersticial. 
Crescimento aposicional é a formação de cartilagem sobre a superfície de uma 
cartilagem já existente. As células empenhadas nesse tipo de crescimento derivam 
do pericôndrio. O crescimento intersticial ocorre no interior da massa cartilaginosa. 
Isso é possível porque os condrócitos ainda são capazes de se dividir e porque a 
matriz é distensível. Embora as células-filhas ocupem temporariamente a mesma 
lacuna, separam-se quando secretam nova matriz extracelular. Quando parte desta 
última matriz é secretada, forma-se uma divisão entre as células e, neste ponto, 
cada célula ocupa sua própria lacuna. Com a continuidade da secreção da matriz, 
as células ficam ainda mais separadas entre si. 
Na cartilagem do adulto, os condrócitos freqüentemente estão situados em 
grupos compactos ou podem estar alinhados em fileiras. Esses grupos de 
condrócitos são formados como conseqüência de várias divisões sucessivas 
durante a última fase de desenvolvimento. Há pouca produção de matriz adicional e 
os condrócitos permanecem em íntima aposição. Tais grupos são chamados de 
grupos isógenos. 
 
 
 
2.2 - SISTEMA ARTICULAR 
 
 Articulação ou juntura é a conexão entre duas ou 
mais peças esqueléticas (ossos ou cartilagens). Essas 
uniões não só colocam as peças do esqueleto em contato, 
como também permitem que o crescimento ósseo ocorra e 
que certas partes do esqueleto mudem de forma durante o 
parto. Além disto, capacitam que partes do corpo se 
movimentem em resposta a contração muscular. 
 Embora apresentem consideráveis variações entre 
elas, as articulações possuem certos aspectos estruturais e funcionais em comum 
que permitem classificá-las em três grandes grupos: fibrosas, cartilaginosas e 
 22 
sinoviais. O critério para esta divisão é o da natureza do elemento que se interpõe 
às peças que se articulam. 
 
2.1 - CLASSIFICAÇÃO DAS ARTICULAÇÕES 
 
 a- Quanto a duração; 
 
 b- Quanto a maneira de fixação aos ossos; 
 
 c- Quanto a natureza do tecido interposto; 
 
 d- Quanto ao número de eixos. 
 
 e- Quanto ao número de ossos. 
 
2.1.A - QUANTO A DURAÇÃO 
-Temporárias 
(Ex. Linha epifisiária) 
-Permanentes 
(Ex. Articulação do ombro 
 
2.1.B - QUANTO A MANEIRA DE FIXAÇÃO AOS OSSOS 
-Continuidade 
(Ex. Disco intervertebral) 
-Contigüidade 
(Ex. Articulação do cotovelo) 
 
2.1.C - QUANTO A NATUREZA DO TECIDO INTERPOSTO 
- Fibrosas (IMÓVEIS) 
- Cartilaginosas ou cartilagíneas (SEMI-MÓVEIS) 
- Sinoviais (MÓVEIS) 
 
Articulações fibrosas (móveis) 
As articulações nas quais o elemento que se interpõe às peças que se 
articulam é o tecido conjuntivo fibroso são ditas fibrosas (ou sinartroses). O grau de 
mobilidade delas, sempre pequeno, depende do comprimento das fibras 
interpostas. Existem três tipos de articulações fibrosas: sutura, sindesmose e 
gonfose. 
 As suturas, que são encontradas somente entre os ossos do 
crânio, são formadas por várias camadas fibrosas, sendo a união 
suficientemente íntima de modo a limitar intensamente os 
movimentos, embora confiram uma certa elasticidade ao crânio. 
A maneira pela qual as bordas dos ossos articulados entram em 
contato é variável, reconhecendo-se suturas planas (união linear 
retilínea ou aproximadamente retilínea), suturas escamosas 
(união em bisel) e suturas serreadas (união em linha “denteada”). 
No crânio, a articulação entre os ossos nasais é uma sutura 
plana; entre os parietais, sutura denteada; entre o parietal e o 
temporal, escamosa. 
 23 
 No crânio do feto e recém-nascido, onde a ossificação ainda é incompleta, a 
quantidade de tecido conjuntivo fibroso interposto é muito maior, explicando a 
grande separação entre os ossos e uma maior mobilidade. Estas áreas fibrosas são 
denominadas fontículos (ou fontanelas). São elas que permitem, no momento do 
parto, uma redução bastante apreciável do volume da cabeça fetal pela 
sobreposição dos ossos do crânio. Esta redução de volume facilita a expulsão do 
feto para o meio exterior. 
 Na idade avançada pode ocorrer ossificação do tecido interposto (sinostose), 
fazendo com que as suturas, pouco a pouco, desapareçam e, com elas, a 
elasticidade do crânio. 
 Nas sindesmoses os ossos estão unidos por uma faixa de tecido fibroso, 
relativamente longa, formando ou um ligamento interósseo ou uma membrana 
interóssea, nos casos, respectivamente de menor ou maior comprimento das fibras, 
o que condiciona um menor ou maior grau de movimentação. Exemplos típicos são 
a sindesmose tíbio-fibular e a membrana interóssea radio-ulnar. 
 Gonfose é a articulação específica entre os dentes e seus receptáculos, os 
alvéolos dentários. O tecido fibroso do ligamento periodontal segura firmemente o 
dente no seu alvéolo. A presença de movimentos nesta articulação significa uma 
condição patológica. 
CLASSIFICAÇÃO DAS ARTICULAÇÕES CARTILAGÍNEAS (semi-móveis) 
SINCONDROSE 
SÍNFISE 
 - Cartilagem Hialina 
 - Fribro-cartilagem 
Nas articulações cartilaginosas o tecido que se interpõe é a cartilagem. 
Quando se trata de cartilagem hialina, temos as sincondroses; nas sínfises a 
cartilagem é fibrosa. Em ambas a mobilidade é reduzida. As sincondroses são raras 
e o exemplo mais típico é a sincondrose esfeno-occipital que pode ser visualizada 
na base do crânio. Exemplo de sínfise é a união, no plano mediano, entre as 
porções púbicas dos ossos do quadril, constituindo a sínfise púbica. Também as 
articulações que se fazem entre os corpos das vértebras podem ser consideradas 
como sínfise, uma vez que se interpõe entre eles um disco de fibrocartilagem - o 
disco intervertebral. 
Articulações sinoviais 
CLASSIFICAÇÃO DAS ARTICULAÇÕES SINOVIAIS 
 PLANA 
 GÍNGLIMO 
 TROCÓIDE 
 CONDILAR 
 SELAR 
 ESFERÓIDE 
 A mobilidade exige livre deslizamento de uma superfície óssea contra outra e 
isto é impossível quando entre elas interpõe-se um meio de ligação, seja fibroso ou 
cartilagíneo. Para que haja o grau desejável de movimento, em muitas articulações, 
o elemento que se interpõe às peças que se articulam é um líquido denominado 
sinóvia, ou líquido sinovial. 
 Além da presença deste líquido, as articulações sinoviais possuem três outras 
características básicas: cartilagem articular, cápsula articular e cavidade articular. 
a cartilagem articular é a cartilagem do tipo hialino que reveste as superfícies 
em contato numa determinada articulação (superfícies articulares), ou seja, a 
cartilagem articular é a porção do osso que não foi invadida pela ossificação. Em 
virtude deste revestimento as superfícies articulares se apresentam lisas, polidas e 
 24 
de cor esbranquiçada. A cartilagem articular é avascular e não possui também 
inervação. Sua
nutrição, portanto, principalmente nas áreas mais centrais, é 
precária, o que torna a regeneração, em caso de lesões, mais difícil e lenta. 
a cápsula articular é uma membrana conjuntiva que envolve a articulação 
sinovial como um manguito. Apresenta-se com duas camadas: a membrana fibrosa 
(externa) e a membrana sinovial (interna). A primeira é mais resistente e pode estar 
reforçada, em alguns pontos, por ligamentos , destinados a aumentar sua 
resistência. Em muitas articulações sinoviais, todavia, existem ligamentos 
independentes da cápsula articular e em algumas, como na do joelho, aparecem 
também ligamentos intra-articulares. 
cavidade articular é o espaço existente entre as superfícies articulares, estando 
preenchido pelo líquido sinovial 
 Ligamentos e cápsula articular têm por finalidade manter a união entre os 
ossos, mas além disto, impedem o movimento em planos indesejáveis e limitam a 
amplitude dos movimentos considerados normais. 
 A membrana sinovial é a mais interna das camadas da cápsula articular. É 
abundantemente vascularizada e inervada, sendo encarregada da produção da 
sinóvia (líquido sinovial), o qual tem consistência similar a clara do ovo e tem por 
funções lubrificar e nutrir as cartilagens articulares. O volume de líquido sinovial 
presente em uma articulação é mínimo, somente o suficiente para revestir 
delgadamente as superfícies articulares e localiza-se na cavidade articular. 
 Além destas características, que são comuns a todas articulações sinoviais, 
em várias delas encontram-se formações fibrocartilagíneas, interpostas às 
superfícies articulares, os discos e meniscos, de função discutida: serviriam à 
melhor adaptação das superfícies que se articulam (tornando-as congruentes) ou 
seriam estruturas destinadas a receber violentas pressões, agindo como 
amortecedores. Meniscos, com sua característica forma de meia lua, são 
encontrados na articulação do joelho. Discos são encontrados nas articulações 
esternoclavicular e temporomandibular. 
movimentos das articulações sinoviais 
 As articulações fibrosas e cartilagíneas tem um mínimo grau de mobilidade. 
Assim, a verdadeira mobilidade articular é dada pelas articulações sinoviais. Estes 
movimentos ocorrem, obrigatoriamente, em torno de um eixo, denominado eixo de 
movimento. A direção destes eixos é ântero-posterior, látero-lateral e longitudinal. 
Na análise do movimento realizado, a determinação do eixo de movimento é feita 
obedecendo a regra, segundo a qual, a direção do eixo de movimento é sempre 
perpendicular ao plano no qual se realiza o movimento em questão. Assim, todo 
movimento é realizado em um plano determinado e o seu eixo de movimento é 
perpendicular àquele plano. Os movimentos executados pelos segmentos do corpo 
recebem nomes específicos e aqui serão definidos, a seguir, apenas os mais 
comuns: 
flexão e extensão são movimentos angulares, ou seja, neles ocorre uma 
diminuição ou um aumento do ângulo existente entre o segmento que se desloca e 
aquele que permanece fixo. Quando ocorre a diminuição do ângulo diz-se que há 
flexão; quando ocorre o aumento, realizou-se a extensão, exceto para o pé. Neste 
caso, não se usa a expressão extensão do pé: os movimentos são definidos como 
flexão dorsal e flexão plantar do pé. Os movimentos angulares de flexão e extensão 
ocorrem em plano sagital e, seguindo a regra, o eixo desses movimentos é látero-
lateral. 
adução e abdução que são movimentos nos quais o segmento é deslocado, 
respectivamente, em direção ao plano mediano ou em direção oposta, isto é, 
afastando-se dele. Para os dedos prevalece o plano mediano do membro. Os 
 25 
movimentos da adução e abdução desenvolvem-se em plano frontal e seu eixo de 
movimento é ântero-posterior. 
rotação que é o movimento em que o segmento gira em torno de um eixo 
longitudinal (vertical). Assim, nos membros, pode-se reconhecer uma rotação 
medial, quando a face anterior do membro gira em direção ao plano mediano do 
corpo, e uma rotação lateral, no movimento oposto. A rotação é feita em plano 
horizontal e o eixo de movimento, perpendicular a este plano é vertical. 
circundução, é o resultado do movimento combinatório que inclui a adução, 
extensão, abdução, flexão e rotação. Neste tipo de movimento, a extremidade distal 
do segmento descreve um círculo e o corpo do segmento, um cone, cujo vértice é 
representado pela articulação que se movimenta. 
 
2.1.D - CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO NÚMERO DE EIXOS 
 -NÃO AXIAL 
 - Planas (deslizamento) 
 -UNI-AXIAL 
 - Gínglimo (flexão/extensão) (EIXO TRANSVERSAL) 
 - Trocóide (rotação medila/lateral) (EIXO LONGITUDINAL) 
 - BI-AXIAL 
 - Condilar (flexão/extensão; adução/abdução) (EIXOS TRANSVERSAL 
e SAGITAL). 
 - Selar (flexão/extensão; adução/abdução) (EIXOS TRANSVERSAL e 
SAGITAL). 
 -TRI-AXIAL 
 - Esferóide (Circundução) (TODOS OS EIXOS) (FLEXÃO/EXTENSÃO; 
ADUÇÃO/ABDUÇÃO; ROTAÇÃO MEDILA/LATERAL) 
 O movimento nas articulações depende, essencialmente, da forma das 
superfícies que entram em contato e dos meios de união que podem limitá-lo. Na 
dependência destes fatores as articulações podem realizar movimentos em torno 
de um, dois ou três eixos. Este é o critério adotado para classificá-las 
funcionalmente. Quando uma articulação realiza movimentos apenas em torno de 
um eixo, diz-se que é mono-axial ou que possui um só grau de liberdade; será bi-
axial a que os realiza em torno de dois eixos (dois graus de liberdade); e tri-axial se 
eles forem realizados em torno de três eixos (três graus de liberdade). Assim, as 
articulações que só permitem a flexão e extensão, como a do cotovelo, são uni-
axiais; aquelas que realizam extensão, flexão, adução e abdução, como a radio-
cárpica (articulação do punho), são bi-axiais; finalmente, as que além de flexão, 
extensão, abdução e adução, permitem também a rotação, são ditas tri-axiais, cujos 
exemplos típicos são as articulações do ombro e do quadril. 
Classificação morfológica das articulações sinoviais 
 O critério de base para a classificação morfológica das articulações sinoviais 
é a forma das superfícies articulares. Contudo, às vezes é difícil fazer esta 
correlação. Além disto, existem divergências entre anatomistas quanto não só a 
classificação de determinadas articulações, mas também quanto à denominação 
dos tipos. De acordo com a nomenclatura anatômica, os tipos morfológicos de 
articulações sinoviais são: 
plana, na qual as superfícies articulares são planas ou ligeiramente curvas, 
permitindo deslizamento de uma superfície sobre a outra em qualquer direção. A 
articulação acromioclavicular (entre o acrômio da escápula e a clavícula) é um 
exemplo. Deslizamento existe em todas as articulações sinoviais mas nas 
articulações planas ele é discreto, fazendo com que a amplitude do movimento seja 
bastante reduzida. Entretanto, deve-se ressaltar que pequenos deslizamentos entre 
 26 
vários ossos articulados permitem apreciável variedade e amplitude de movimento. 
É isto que ocorre, por exemplo, nas articulações entre os ossos curtos do carpo, do 
tarso e entre os corpos das vértebras. 
gínglimo, ou dobradiça, sendo que os nomes referem-se muito mais ao 
movimento (flexão e extensão) que elas realizam do que à forma das superfícies 
articulares. A articulação do cotovelo é um bom exemplo de gínglimo e a simples 
observação mostra como a superfície articular do úmero, que entra em contato com 
a ulna, apresenta-se em forma de carretel. Todavia, as articulações entre as 
falanges também são do tipo gínglimo e nelas a forma das superfícies articulares 
não se assemelha a um carretel. Este é um caso concreto em que o critério 
morfológico não foi rigorosamente obedecido. Realizando apenas flexão e 
extensão, as articulações sinoviais do tipo gínglimo são mono-axiais. 
trocóide, na qual, as superfícies articulares são segmentos
de cilindro e, por 
esta razão, cilindróides talvez fosse um termo mais apropriado para designá-las. 
Estas articulações permitem rotação e seu eixo de movimento, único, é vertical: são 
mono-axiais. Um exemplo típico é a articulação radio-ulnar proximal (entre o rádio e 
a ulna) responsável pelos movimentos de pronação e supinação do antebraço. Na 
pronação ocorre uma rotação medial do rádio e, na supinação, rotação lateral. Na 
posição de descrição anatômica o antebraço está em supinação. 
condilar, cujas superfícies articulares são de forma elíptica e elipsóide seria 
talvez um termo mais adequado. Estas articulações permitem flexão, extensão, 
abdução e adução, mas não a rotação. Possuem dois eixos de movimento, sendo 
portanto bi-axiais. A articulação radio-cárpica (ou do punho) é um exemplo. Outros 
são a articulação temporomandibular e as articulações metacarpofalângicas. 
selar, na qual a superfície articular de uma peça esquelética tem a forma de 
sela, apresentando concavidade num sentido e convexidade em outro, e se encaixa 
numa segunda peça onde convexidade e concavidade apresentam-se no sentido 
inverso da primeira. A articulação carpo-metacárpica do polegar é exemplo típico. É 
interessante notar que esta articulação permite flexão, extensão, abdução, adução 
e rotação (conseqüentemente, também circundução) mas é classificada como bi-
axial. O fato é justificado porque a rotação isolada não pode ser realizada 
ativamente pelo polegar sendo só possível com a combinação dos outros 
movimentos. 
esferóide, que apresenta superfícies articulares que são segmentos de esferas 
e se encaixam em receptáculos ocos. O suporte de uma caneta de mesa, que pode 
ser movimentado em qualquer direção, é um exemplo não anatômico de uma 
articulação esferóide. Este tipo de articulação permite movimentos em torno de três 
eixos, sendo portanto, tri-axial. Assim, a articulação do ombro (entre o úmero e a 
escápula) e a do quadril (entre o osso do quadril e o fêmur) permitem movimentos 
de flexão, extensão, adução, abdução, rotação e circundução. 
 
2.1.E – CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO NÚMERO DE ELEMENTOS 
ARTICULADOS (OSSOS) 
 - SIMPLES 
 2 ossos 
 - COMPOSTA (ou complexa) 
 3 ou mais ossosComplexidade de organização 
 Quando apenas dois ossos entram em contato numa articulação sinovial diz-
se que ela é simples (por exemplo, a articulação do ombro); quando três ou mais 
ossos participam da articulação ela é denominada composta (a articulação do 
cotovelo envolve três ossos: úmero, ulna e rádio). 
Inervação 
 27 
 As articulações sinoviais são muito inervadas. Os nervos são derivados dos 
que suprem a pele adjacente ou os músculos que movem as articulações. As 
terminações nervosas sensíveis a dor são numerosas na membrana fibrosa da 
cápsula e nos ligamentos e são sensíveis ao estiramento e à torção destas 
estruturas. Contudo, o principal tipo de sensibilidade é a propriocepção. Das 
terminações proprioceptoras da cápsula – fusos neurotendinosos – partem 
impulsos que interpretados no sistema nervoso central informam sobre a posição 
relativa dos ossos da articulação, do grau e direção de movimento. As vezes, essas 
informações são inconscientes, e atuam em nível de medula espinhal para controle 
dos músculos que agem sobre a articulação. 
 
2.3 - SISTEMA MUSCULAR 
 
O tecido muscular é de origem mesodérmica, sendo caracterizado pela 
propriedade de contração e distensão de suas células, o que determina a 
movimentação dos membros e das vísceras. Há basicamente três tipos de tecido 
muscular: liso, estriado esquelético e estriado cardíaco. 
 
Músculo liso: o músculo involuntário localiza-se na 
pele, órgãos internos, aparelho reprodutor, grandes vasos 
sangüíneos e aparelho excretor. O estímulo para a 
contração dos músculos lisos é mediado pelo sistema 
nervoso vegetativo. 
 
Músculo estriado esquelético: é inervado pelo sistema 
nervoso central e, como este se encontra em parte sob 
controle consciente, chama-se músculo voluntário. As 
contrações do músculo esquelético permitem os 
movimentos dos diversos ossos e cartilagens do esqueleto. 
 
 
 
 
 
Músculo cardíaco: este tipo de tecido muscular forma 
a maior parte do coração dos vertebrados. O músculo 
cardíaco carece de controle voluntário. É inervado pelo 
sistema nervoso vegetati 
 
 
 
 
 
 
 28 
 
Estriado esquelético 
 
Miócitos longos, multinucleados 
(núcleos periféricos). 
Miofilamentos organizam-se em 
estrias longitudinais e transversais. 
Contração rápida e voluntária 
Estriado cardíaco 
 
Miócitos estriados com um ou dois 
núcleos centrais. 
Células alongadas, irregularmente 
ramificadas, que se unem por 
estruturas especiais: discos 
intercalares. 
Contração involuntária, vigorosa e 
rítmica. 
Liso 
 
Miócitos alongados, 
mononucleados e sem estrias 
transversais. 
Contração involuntária e lenta. 
2.3.1 - Musculatura Esquelética 
O sistema muscular esquelético constitui a maior parte da musculatura do 
corpo, formando o que se chama popularmente de carne. Essa musculatura 
recobre totalmente o esqueleto e está presa aos ossos, sendo responsável pela 
movimentação corporal. 
 
 29 
Os músculos esqueléticos estão revestidos por uma lâmina delgada de tecido 
conjuntivo, o perimísio, que manda septos para o interior do músculo, septos dos 
quais se derivam divisões sempre mais delgadas. O músculo fica assim dividido em 
feixes (primários, secundários, terciários). O revestimento dos feixes menores 
(primários), chamado endomísio, manda para o interior do músculo membranas 
delgadíssimas que envolvem cada uma das fibras musculares. A fibra muscular é 
uma célula cilíndrica ou prismática, longa, de 3 a 12 centímetros; o seu diâmetro é 
infinitamente menor, variando de 20 a 100 mícrons (milésimos de milímetro), tendo 
um aspecto de filamento fusiforme. No seu interior notam-se muitos núcleos, de 
modo que se tem a idéia de ser a fibra constituída por várias células que perderam 
os seus limites, fundindo-se umas com as outras. Dessa forma, podemos dizer que 
um músculo esquelético é um pacote formado por longas fibras, que percorrem o 
músculo de ponta a ponta. 
No citoplasma da fibra muscular esquelética há muitas miofibrilas contráteis, 
constituídas por filamentos compostos por dois tipos principais de proteínas – a 
actina e a miosina. Filamentos de actina e miosina dispostos regularmente 
originam um padrão bem definido de estrias 
(faixas) transversais alternadas, claras e escuras. 
Essa estrutura existe somente nas fibras que 
constituem os músculos esqueléticos, os quais 
são por isso chamados músculos estriados. 
Em torno do conjunto de miofibrilas de uma 
fibra muscular esquelética situa-se o retículo 
sarcoplasmático (retículo endoplasmático liso), 
especializado no armazenamento de íons cálcio. 
 
As miofibrilas são constituídas por unidades que se repetem ao longo de seu 
comprimento, denominadas sarcômeros. A distribuição dos filamentos de actina e 
miosina varia ao longo do sarcômero. As faixas mais extremas e mais claras do 
sarcômero, chamadas banda I, contêm apenas filamentos de actina. Dentro da 
banda I existe uma linha que se cora mais intensamente, denominada linha Z, que 
corresponde a várias uniões entre dois filamentos de actina. A faixa central, mais 
escura, é chamada banda A, cujas extremidades são formadas por filamentos de 
actina e miosina sobrepostos. Dentro da banda A existe uma região mediana mais 
clara – a banda H – que contém apenas miosina. Um sarcômero compreende o 
segmento entre duas linhas Z consecutivas e é a unidade contrátil da fibra 
muscular, pois é a menor porção da fibra muscular com capacidade de contração e 
distensão. 
 30 
 
1- Bandas escuras (anisotrópicas – 
banda A). 
2- Faixas claras (isotrópicas – 
banda I,
com linha Z central). 
3- Núcleos periféricos. 
 
2.3.2 - Contração 
 
Ocorre pelo deslizamento dos filamentos de actina sobre os de miosina c 
 sarcômero diminui devido à aproximação das duas linhas Z, e a zona H chega a 
desaparecer. 
 
 A contração do músculo esquelético é voluntária e ocorre pelo deslizamento 
dos filamentos de actina sobre os de miosina. Nas pontas dos filamentos de 
miosina existem pequenas projeções, capazes de formar ligações com certos sítios 
dos filamentos de actina, quando o músculo é estimulado. Essas projeções de 
miosina puxam os filamentos de actina, forçando-os a deslizar sobre os filamentos 
de miosina. Isso leva ao encurtamento das miofibrilas e à contração muscular. 
Durante a contração muscular, o sarcômero diminui devido à aproximação das duas 
linhas Z, e a zona H chega a desaparecer. 
 
Constatou-se, através de microscopia eletrônica, que o sarcolema (membrana 
plasmática) da fibra muscular sofre invaginações, formando túbulos anastomosados 
que envolvem cada conjunto de miofibrilas. Essa rede foi denominada sistema T, 
pois as invaginações são perpendiculares as miofibrilas. Esse sistema é 
 31 
responsável pela contração uniforme de cada fibra muscular estriada esquelética, 
não ocorrendo nas fibras lisas e sendo reduzido nas fibras cardíacas. 
2.3.3 - A química da contração muscular 
O estímulo para a contração muscular é geralmente um impulso nervoso, que 
chega à fibra muscular através de um nervo. O impulso nervoso propaga-se pela 
membrana das fibras musculares (sarcolema) e atinge o retículo sarcoplasmático, 
fazendo com que o cálcio ali armazenado seja liberado no hialoplasma. Ao entrar 
em contato com as miofibrilas, o cálcio desbloqueia os sítios de ligação da actina e 
permite que esta se ligue à miosina, iniciando a contração muscular. Assim que 
cessa o estímulo, o cálcio é imediatamente rebombeado para o interior do retículo 
sarcoplasmático, o que faz cessar a contração. 
 
A energia para a contração muscular é suprida por moléculas de ATP 
produzidas durante a respiração celular. O ATP atua tanto na ligação da miosina à 
actina quanto em sua separação, que ocorre durante o relaxamento muscular. 
Quando falta ATP, a miosina mantém-se unida à actina, causando enrijecimento 
muscular. É o que acontece após a morte, produzindo-se o estado de rigidez 
cadavérica (rigor mortis). 
A quantidade de ATP presente na célula muscular é suficiente para suprir 
apenas alguns segundos de atividade muscular intensa. A principal reserva de 
energia nas células musculares é uma substância denominada fosfato de creatina 
(fosfocreatina ou creatina-fosfato). Dessa forma, podemos resumir que a energia 
é inicialmente fornecida pela respiração celular é armazenada como fosfocreatina 
(principalmente) e na forma de ATP. Quando a fibra muscular necessita de energia 
para manter a contração, grupos fosfatos ricos em energia são transferidos da 
fosfocreatina para o ADP, que se transforma em ATP. Quando o trabalho muscular 
é intenso, as células musculares repõem seus estoques de ATP e de fosfocreatina 
pela intensificação da respiração celular. Para isso utilizam o glicogênio 
armazenado no citoplasma das fibras musculares como combustível. 
 
Uma teoria simplificada admite que, ao receber um estímulo nervoso, a fibra 
muscular mostra, em seqüência, os seguintes eventos: 
1. O retículo sarcoplasmático e o sistema T liberam íons Ca++ e Mg++ para 
o citoplasma. 
2. Em presença desses dois íons, a miosina adquire uma propriedade ATP 
ásica, isto é, desdobra o ATP, liberando a energia de um radical fosfato: 
 32 
3. A energia liberada provoca o deslizamento da actina entre os filamentos de 
miosina, caracterizando o encurtamento das miofibrilas. 
2.3.4 - Musculatura Lisa 
A estriação não existe nos músculos viscerais, que se chamam, portanto, 
músculos lisos. Os músculos viscerais são também constituídos de fibras 
fusiformes, mas muito mais curtas do que as fibras musculares esqueléticas: têm, 
na verdade, um tamanho que varia de 30 a 450 mícrons. Têm, além disso, um só 
núcleo e não são comandados pela vontade, ou seja, sua contração é involuntária, 
além de lenta. As fibras lisas recebem, também, vasos e nervos sensitivos e 
motores provenientes do sistema nervoso autônomo. 
 
 
 
Embora a contração do músculo liso também seja regulada pela concentração 
intracelular de íons cálcio, a resposta da célula é diferente da dos músculos 
estriados. Quando há uma excitação da membrana, os íons cálcio armazenados no 
retículo sarcoplasmático são então liberados para o citoplasma e se ligam a uma 
proteína, a calmodulina. Esse complexo ativa uma enzima que fosforila a miosina e 
permite que ela se ligue à actina. A actina e a miosina interagem então 
praticamente da mesma forma que nos músculos estriados, resultando então na 
contração muscular. 
2.3.5 - Musculatura Cardíaca 
O tecido muscular cardíaco forma o músculo do coração (miocárdio). Apesar 
de apresentar estrias transversais, suas fibras contraem-se independentemente da 
nossa vontade, de forma rápida e rítmica, características estas, intermediárias entre 
os dois outros tipos de tecido muscular 
As fibras que formam o tecido muscular estriado cardíaco dispõem-se em 
feixes bem compactos, dando a impressão, ao microscópio óptico comum, de que 
não há limite entre as fibras. Entretanto, ao microscópio eletrônico podemos notar 
que suas fibras são alongadas e unidas entre si através de delgadas membranas 
celulares, formando os chamados discos intercalares, típicos da musculatura 
cardíaca. 
 33 
 
A contração muscular segue praticamente os mesmos passos da contração no 
músculo estriado esquelético , com algumas diferenças : 
• os túbulos T são mais largos que os do músculo esquelético; 
• retículo sarcoplasmático menor; 
• as células musculares cardíacas possuem reservas intracelulares de íons 
cálcio mais limitada; 
• tanto o cálcio intracelular quanto o extracelular estão envolvidos na contração 
cardíaca: o influxo de cálcio externo age como desencadeador da liberação do 
cálcio armazenado na luz do retículo sarcoplasmático, provocando a contração 
ao atingir as miofibrilas e levando ao relaxamento ao serem bombeados de 
volta para o retículo. 
Características Lisa Estriada Esquelética Estriada Cardíaca 
Forma Fusiforme Filamentar 
Filamentar ramificada 
(anastomosada) 
Tamanho (valores médios) 
Diâmetro: 7mm 
Comprimento: 100mm 
30mm centímetros 15mm 100mm 
Estrias transversais Não há Há Há 
Núcleo 1 central Muitos periféricos (sincício) 1 central 
Discos intercalares Não há Não há Há 
Contração Lenta, involuntária Rápida, voluntária Rápida, voluntária 
Apresentação 
Formam camadas 
envolvendo órgãos 
Formam pacotes bem 
definidos, os músculos 
esqueléticos 
Formam as paredes do 
coração (miocárdio) 
2.3.6 - Musculatura Cardíaca 
O tecido muscular cardíaco forma o músculo do coração (miocárdio). Apesar 
de apresentar estrias transversais, suas fibras contraem-se independentemente da 
nossa vontade, de forma rápida e rítmica, características estas, intermediárias entre 
os dois outros tipos de tecido muscular 
As fibras que formam o tecido muscular estriado cardíaco dispõem-se em 
feixes bem compactos, dando a impressão, ao microscópio óptico comum, de que 
não há limite entre as fibras. Entretanto, ao microscópio eletrônico podemos notar 
que suas fibras são alongadas e unidas entre si através de delgadas membranas 
celulares, formando os chamados discos intercalares, típicos da musculatura 
cardíaca. 
 34 
 
A contração muscular segue praticamente os mesmos passos da contração no 
músculo estriado esquelético , com algumas diferenças : 
• os túbulos T são mais largos que os do músculo esquelético; 
• retículo sarcoplasmático menor;
• as células musculares cardíacas possuem reservas intracelulares de íons 
cálcio mais limitada; 
• tanto o cálcio intracelular quanto o extracelular estão envolvidos na contração 
cardíaca: o influxo de cálcio externo age como desencadeador da liberação do 
cálcio armazenado na luz do retículo sarcoplasmático, provocando a contração 
ao atingir as miofibrilas e levando ao relaxamento ao serem bombeados de 
volta para o retículo. 
2.3.7 - Característica do Tecido Muscular 
 
O Tecido Muscular possui quatro características principais que são importantes na 
compreensão de suas funções: 
� Excitabilidade – capacidade do tecido muscular de receber e responder a estímulos; 
� Contratilidade - capacidade de encurta-se e espessar; 
� Extensibilidade – capacidade do tecido de distender-se; 
� Elasticidade – capacidade do tecido de voltar a sua forma após uma contração ou 
extensão. 
1.3.8 – TIPOS DE MÚSCULOS 
 
 
 35 
 
 
2.3.9 - ORIGEM E INSERÇÃO 
 
Origem (ponto fixo) é a extremidade do músculo que fica presa à peça óssea que não 
se desloca. Inserção (ponto móvel) é a extremidade do músculo presa à peça óssea que se 
desloca. 
Nos membros, geralmente a origem de um músculo é proximal e a inserção distal. Porém 
existem situações em que o músculo pode alterar seus pontos de origem e inserção. Exemplo: 
quando um atleta eleva seu corpo numa barra, é o braço que se flete sobre o antebraço e a 
peça óssea em deslocamento é o úmero. Considerando –se a ação do músculo braquial, agora 
sua extremidade ulnar será a origem e a extremidade umeral será a inserção, quando 
normalmente o músculo braquial prende-se na face anterior do úmero e da ulna atravessando 
a articulação do cotovelo, ao contrair-se executa a flexão do antebraço e consideramos sua 
extremidade umeral como origem e sua extremidade ulnar como inserção. 
� Origem: quando os músculos se originam por mais de um tendão, diz-se que apresentam 
mais de uma cabeça de origem. São então classificados como músculos bíceps, tríceps ou 
quadríceps, conforme apresentam 2, 3 ou 4 cabeças de origem. Exemplos clássicos 
encontramos na musculatura dos membros e a nomenclatura acompanha a classificação. 
Exemplo: músculo bíceps braquial, músculo tríceps da perna, músculo quadríceps da coxa. 
 
� Inserção: do mesmo modo os músculos podem inserir-se por mais de um tendão. Quando 
há dois tendões são bicaudados, quando possuem três ou mais policaudados. Exemplo: 
músculo flexor longo dos dedos do pé, músculos flexores e extensores dos dedos da mão. 
 
 
Ação: dependendo da ação principal resultante da contração do músculo ele pode ser 
classificado como flexor, extensor, adutor, abdutor, rotador medial, rotador lateral, 
pronador, supinador, flexor plantar flexor dorsal etc. 
 
 36 
2.3.10 - Ação Muscular 
 
 A analise do movimento é extremamente complexa, normalmente a ação envolve a 
ação de vários músculos e a ação em conjunto desses músculos damos o nome de 
coordenação motora. Estudamos os grupamentos musculares normalmente de acordo com a 
sua distribuição e respectivas funções: os músculos da região Ântero-medial do antebraço são 
flexores da mão ou dos dedos e pronadores, ao passo que os da região póstero-lateral são 
extensores da mão ou dos dedos e supinadores. No movimento voluntário há um grande 
numero de ações musculares que são automáticas e semi-automáticas. Exemplo: os músculos 
acionados para manter a estabilidade quando nos abaixamos para pegarmos algum objeto, o 
movimento principal e dos dedos da mão só que para que o objeto seja pego é necessário que 
vários outros músculos sejam solicitados a fim de realizar a função. 
Quando o músculo é o principal na execução de um movimento ele é chamado de 
agonista e quando ele se opõe ao trabalho muscular de agonista (seja para regular a rapidez 
ou a potencia de ação deste agonista) é chamado de antagonista, porém quando o músculo 
trabalha a fim de eliminar algum movimento indesejado que poderia ser produzido pelo 
agonista ele passa a se chamar sinergista. Exemplo: o músculo braquial quando se contrai é o 
agente ativo na flexão do antebraço sendo um agonista. Quando o músculo tríceps braquial se 
contrai para fazer a extensão do antebraço, o músculo braquial se opõe a este movimento 
retardando-o para que ele não execute bruscamente atuando como antagonista. Na flexão dos 
dedos, os músculos flexores dos dedos são os agonistas, como os tendões de inserção destes 
músculos cruzam a articulação do punho, a tendência natural é provocar também a flexão da 
mão, tal fato não ocorre porque outros músculos, como os extensores do carpo, se contraem e 
desta forma estabilizam a articulação do punho, impedindo assim aquele movimento 
indesejado sendo o sinergista. 
 
3 - SISTEMA NERVOSO 
 
 O sistema nervoso, juntamente com o sistema endócrino, capacitam o organismo a 
perceber as variações do meio (interno e externo), a difundir as modificações que essas 
variações produzem e a executar as respostas adequadas para que seja mantido o 
equilíbrio interno do corpo (homeostase). São os sistemas envolvidos na coordenação e 
regulação das funções corporais. 
No sistema nervoso diferenciam-se duas linhagens celulares: os neurônios e as células 
da glia (ou da neuróglia). Os neurônios são as células responsáveis pela recepção e 
transmissão dos estímulos do meio (interno e externo), possibilitando ao organismo a 
execução de respostas adequadas para a manutenção da homeostase. Para exercerem tais 
funções, contam com duas propriedades fundamentais: a irritabilidade (também 
denominada excitabilidade ou responsividade) e a condutibilidade. Irritabilidade é a 
capacidade que permite a uma célula responder a estímulos, sejam eles internos ou 
externos. Portanto, irritabilidade não é uma resposta, mas a propriedade que torna a célula 
apta a responder. Essa propriedade é inerente aos vários tipos celulares do organismo. No 
entanto, as respostas emitidas pelos tipos celulares distintos também diferem umas das 
 37 
outras. A resposta emitida pelos neurônios assemelha-se a uma corrente elétrica 
transmitida ao longo de um fio condutor: uma vez excitados pelos estímulos, os neurônios 
transmitem essa onda de excitação - chamada de impulso nervoso - por toda a sua 
extensão em grande velocidade e em um curto espaço de tempo. Esse fenômeno deve-se à 
propriedade de condutibilidade. 
Para compreendermos melhor as funções de coordenação e regulação exercidas pelo 
sistema nervoso, precisamos primeiro conhecer a estrutura básica de um neurônio e como a 
mensagem nervosa é transmitida. 
Um neurônio é uma célula composta de um corpo celular (onde está o núcleo, o 
citoplasma e o citoesqueleto), e de finos prolongamentos celulares denominados neuritos, 
que podem ser subdivididos em dendritos e axônios. 
 
Os dendritos são prolongamentos geralmente muito ramificados e que atuam como 
receptores de estímulos, funcionando portanto, como "antenas" para o neurônio. Os axônios 
são prolongamentos longos que atuam como condutores dos impulsos nervosos. Os 
axônios podem se ramificar e essas ramificações são chamadas de colaterais. Todos os 
axônios têm um início (cone de implantação), um meio (o axônio propriamente dito) e um 
fim (terminal axonal ou botão terminal). O terminal axonal é o local onde o axônio entra em 
contato com outros neurônios e/ou outras células e passa a informação (impulso nervoso) 
para eles. A região de passagem do impulso nervoso de um neurônio para a célula 
adjacente chama-se sinapse. Às vezes os axônios têm muitas ramificações em suas regiões 
terminais e cada ramificação forma uma sinapse com outros dendritos ou corpos celulares. 
Estas ramificações são chamadas coletivamente de arborização terminal.
Os corpos celulares dos neurônios são geralmente encontrados em áreas restritas do 
sistema nervoso, que formam o Sistema Nervoso Central (SNC), ou nos gânglios nervosos, 
localizados próximo da coluna vertebral. 
Do sistema nervoso central partem os prolongamentos dos neurônios, formando feixes 
chamados nervos, que constituem o Sistema Nervoso Periférico (SNP). 
O axônio está envolvido por um dos tipos celulares seguintes: célula de Schwann 
(encontrada apenas no SNP) ou oligodendrócito (encontrado apenas no SNC) Em muitos 
axônios, esses tipos celulares determinam a formação da bainha de mielina - invólucro 
principalmente lipídico (também possui como constituinte a chamada proteína básica da 
mielina) que atua como isolante térmico e facilita a transmissão do impulso nervoso. Em 
axônios mielinizados existem regiões de descontinuidade da bainha de mielina, que 
acarretam a existência de uma constrição (estrangulamento) denominada nódulo de 
Ranvier. No caso dos axônios mielinizados envolvidos pelas células de Schwann, a parte 
celular da bainha de mielina, onde estão o citoplasma e o núcleo desta célula, constitui o 
chamado neurilema. 
 
 38 
O impulso nervoso 
 
A membrana plasmática do neurônio 
transporta alguns íons ativamente, do líquido 
extracelular para o interior da fibra, e outros, do 
interior, de volta ao líquido extracelular. Assim 
funciona a bomba de sódio e potássio, que 
bombeia ativamente o sódio para fora, enquanto o 
potássio é bombeado ativamente para 
dentro.Porém esse bombeamento não é eqüitativo: 
para cada três íons sódio bombeados para o 
líquido extracelular, apenas dois íons potássio são 
bombeados para o líquido intracelular. 
 
 
Imagem: www.octopus.furg.br/ensino/anima/atpase/NaKATPase.html 
 
Somando-se a esse fato, em repouso a membrana da célula nervosa é praticamente 
impermeável ao sódio, impedindo que esse íon se mova a favor de seu gradiente de 
concentração (de fora para dentro); porém, é muito permeável ao potássio, que, favorecido 
pelo gradiente de concentração e pela permeabilidade da membrana, se difunde livremente 
para o meio extracelular. 
 
Em repouso: canais 
de sódio fechados. 
Membrana é 
praticamente 
impermeável ao sódio, 
impedindo sua difusão a 
favor do gradiente de 
concentração. 
Sódio é bombeado 
ativamente para fora 
 39 
Imagem: www.epub.org.br/cm/n10/fundamentos/animation.html pela bomba de sódio e 
potássio. 
Como a saída de sódio não é acompanhada pela entrada de potássio na mesma 
proporção, estabelece-se uma diferença de cargas elétricas entre os meios intra e 
extracelular: há déficit de cargas positivas dentro da célula e as faces da membrana 
mantêm-se eletricamente carregadas. 
O potencial eletronegativo criado no interior da fibra nervosa devido à bomba de sódio 
e potássio é chamado potencial de repouso da membrana, ficando o exterior da membrana 
positivo e o interior negativo. Dizemos, então, que a membrana está polarizada. Ao ser 
estimulada, uma pequena região da membrana torna-se permeável ao sódio (abertura dos 
canais de sódio). Como a concentração desse íon é maior fora do que dentro da célula, o 
sódio atravessa a membrana no sentido do interior da célula. A entrada de sódio é 
acompanhada pela pequena saída de potássio. Esta inversão vai sendo transmitida ao 
longo do axônio, e todo esse processo é denominado onda de despolarização. Os impulsos 
nervosos ou potenciais de ação são causados pela despolarização da membrana além de 
um limiar (nível crítico de despolarização que deve ser alcançado para disparar o potencial 
de ação). Os potenciais de ação assemelham-se em tamanho e duração e não diminuem à 
medida em que são conduzidos ao longo do axônio, ou seja, são de tamanho e duração 
fixos. A aplicação de uma despolarização crescente a um neurônio não tem qualquer efeito 
até que se cruze o limiar e, então, surja o potencial de ação. Por esta razão, diz-se que os 
potenciais de ação obedecem à "lei do tudo ou nada". 
 
Imagem: geocities.yahoo.com.br/jcc5001pt/museuelectrofisiologia.htm#impulsos 
Imediatamente após a onda de despolarização ter-se propagado ao longo da fibra 
nervosa, o interior da fibra torna-se carregado positivamente, porque um grande número de 
íons sódio se difundiu para o interior. Essa positividade determina a parada do fluxo de íons 
sódio para o interior da fibra, fazendo com que a membrana se torne novamente 
impermeável a esses íons. Por outro lado, a membrana torna-se ainda mais permeável ao 
potássio, que migra para o meio interno. Devido à alta concentração desse íon no interior, 
muitos íons se difundem, então, para o lado de fora. Isso cria novamente eletronegatividade 
no interior da membrana e positividade no exterior – processo chamado repolarização, pelo 
qual se reestabelece a polaridade normal da membrana. A repolarização normalmente se 
inicia no mesmo ponto onde se originou a despolarização, propagando-se ao longo da fibra. 
Após a repolarização, a bomba de sódio bombeia novamente os íons sódio para o exterior 
da membrana, criando um déficit extra de cargas positivas no interior da membrana, que se 
torna temporariamente mais negativo do que o normal. A eletronegatividade excessiva no 
interior atrai íons potássio de volta para o interior (por difusão e por transporte ativo). Assim, 
o processo traz as diferenças iônicas de volta aos seus níveis originais. 
 
 
 
 
 40 
 
 
Para transferir informação de um 
ponto para outro no sistema nervoso, é 
necessário que o potencial de ação, uma 
vez gerado, seja conduzido ao longo do 
axônio. Um potencial de ação iniciado 
em uma extremidade de um axônio 
apenas se propaga em uma direção, não 
retornando pelo caminho já percorrido. 
Conseqüentemente, os potenciais de 
ação são unidirecionais - ao que 
chamamos condução ortodrômica. 
Uma vez que a membrana axonal é 
excitável ao longo de toda sua extensão, 
o potencial de ação se propagará sem 
decaimento. A velocidade com a qual o 
potencial de ação se propaga ao longo 
do axônio depende de quão longe a 
despolarização é projetada à frente do 
potencial de ação, o que, por sua vez, 
depende de certas características físicas 
do axônio: a velocidade de condução do 
potencial de ação aumenta com o 
diâmetro axonal. Axônios com menor 
diâmetro necessitam de uma maior 
despolarização para alcançar o limiar do 
potencial de ação. Nesses de axônios, 
presença de bainha de mielina acelera a 
velocidade da condução do impulso 
 41 
nervoso. Nas regiões dos nódulos de Ranvier, a onda de despolarização "salta" diretamente 
de um nódulo para outro, não acontecendo em toda a extensão da região mielinizada (a 
mielina é isolante). Fala-se em condução saltatória e com isso há um considerável aumento 
da velocidade do impulso nervoso. 
 O percurso do impulso nervoso no neurônio é sempre no sentido dendrito corpo 
celular axônio. 
O SNC recebe, analisa e integra informações. É o local onde ocorre a tomada de 
decisões e o envio de ordens. O SNP carrega informações dos órgãos sensoriais para o 
sistema nervoso central e do sistema nervoso central para os órgãos efetores (músculos e 
glândulas). 
 
 
3.1 - DIVISÃO DO SISTEMA NERVOSO: 
 
 
 
3.1.1 - O Sistema Nervoso Central 
 
O SNC divide-se em encéfalo e medula. O encéfalo corresponde ao telencéfalo 
(hemisférios cerebrais), diencéfalo (tálamo e hipotálamo), cerebelo, e tronco cefálico, que se 
divide em: BULBO, situado caudalmente; MESENCÉFALO, situado cranialmente; e PONTE, 
situada entre ambos. 
 
 42 
No SNC, existem as chamadas substâncias cinzenta e branca. A substância 
cinzenta é formada pelos corpos dos neurônios e a branca, por seus prolongamentos. Com 
exceção do bulbo e da medula, a substância cinzenta ocorre mais externamente e a 
substância branca, mais internamente.
Os órgãos do SNC são protegidos por estruturas esqueléticas (caixa craniana, 
protegendo o encéfalo; e coluna vertebral, protegendo a medula - também denominada 
raque) e por membranas denominadas meninges, situadas sob a proteção esquelética: 
dura-máter (a externa), aracnóide (a do meio) e pia-máter (a interna). Entre as meninges 
aracnóide e pia-máter há um espaço preenchido por um líquido denominado líquido 
cefalorraquidiano ou líquor. 
 
 
3.1.1.1 - O TELENCÉFALO 
O encéfalo humano contém cerca de 35 bilhões de neurônios e pesa 
aproximadamente 1,4 kg. O telencéfalo ou cérebro é dividido em dois hemisférios cerebrais 
bastante desenvolvidos. Nestes, situam-se as sedes da memória e dos nervos sensitivos e 
motores. Entre os hemisférios, estão os VENTRÍCULOS CEREBRAIS (ventrículos laterais e 
terceiro ventrículo); contamos ainda com um quarto ventrículo, localizado mais abaixo, ao 
nível do tronco encefálico. São reservatórios do LÍQUIDO CÉFALO-RAQUIDIANO, 
(LÍQÜOR), participando na nutrição, proteção e excreção do sistema nervoso. 
Em seu desenvolvimento, o córtex ganha diversos sulcos para permitir que o cérebro 
esteja suficientemente compacto para caber na calota craniana, que não acompanha o seu 
crescimento. Por isso, no cérebro adulto, apenas 1/3 de sua superfície fica "exposta", o 
restante permanece por entre os sulcos. 
 43 
 
O córtex cerebral está dividido em mais de quarenta áreas funcionalmente distintas, 
sendo a maioria pertencente ao chamado neocórtex. 
 
Cada uma das áreas do córtex cerebral controla uma atividade específica. 
1. hipocampo: região do córtex que está dobrada sobre si e possui 
apenas três camadas celulares; localiza-se medialmente ao ventrículo lateral. 
2. córtex olfativo: localizado ventral e lateralmente ao hipocampo; 
apresenta duas ou três camadas celulares. 
 44 
3. neocórtex: córtex mais complexo; separa-se 
do córtex olfativo mediante um sulco chamado fissura rinal; 
apresenta muitas camadas celulares e várias áreas 
sensoriais e motoras. As áreas motoras estão intimamente 
envolvidas com o controle do movimento voluntário. 
 
 
Imagem:McCRONE, JOHN. 
Como o cérebro funciona. 
Série Mais Ciência. São 
Paulo, Publifolha, 2002. 
 
 
 
 
 
 
A região 
superficial do 
telencéfalo, que 
acomoda bilhões de corpos celulares de neurônios (substância cinzenta), constitui o córtex 
cerebral, formado a partir da fusão das partes superficiais telencefálicas e diencefálicas. O 
córtex recobre um grande centro medular branco, formado por fibras axonais (substância 
branca). Em meio a este centro branco (nas profundezas do telencéfalo), há agrupamentos 
de corpos celulares neuronais que formam os núcleos (gânglios) da base ou núcleos 
(gânglios) basais - CAUDATO, PUTAMEN, GLOBO PÁLIDO e NÚCLEO SUBTALÂMICO, 
envolvidos em conjunto, no controle do movimento. Parece que os gânglios da base 
participam também de um grande número de circuitos paralelos, sendo apenas alguns 
poucos de função motora. Outros circuitos estão envolvidos em certos aspectos da memória 
e da função cognitiva. 
 
 
 45 
Imagem: BEAR, M.F., CONNORS, B.W. & PARADISO, M.A. Neurociências – Desvendando o Sistema Nervoso. Porto 
Alegre 2ª ed, Artmed Editora, 2002. 
 
 
 
Algumas das funções mais específicas dos gânglios basais relacionadas aos 
movimentos são: 
1. núcleo caudato: controla 
movimentos intencionais grosseiros do 
corpo (isso ocorre a nível sub-
consciente e consciente) e auxilia no 
controle global dos movimentos do 
corpo. 
2. putamen: funciona em 
conjunto com o núcleo caudato no 
controle de movimentos intensionais 
grosseiros. Ambos os núcleos 
funcionam em associação com o córtex 
motor, para controlar diversos padrões 
de movimento. 
3. globo pálido: provavelmente controla a posição das principais partes 
do corpo, quando uma pessoa inicia um movimento complexo, Isto é, se uma 
pessoa deseja executar uma função precisa com uma de suas mãos, deve primeiro 
colocar seu corpo numa posição apropriada e, então, contrair a musculatura do 
braço. Acredita-se que essas funções sejam iniciadas, principalmente, pelo globo 
pálido. 
4. núcleo subtalâmico e áreas associadas: controlam possivelmente os 
movimentos da marcha e talvez outros tipos de motilidade grosseira do corpo. 
Evidências indicam que a via motora direta funciona para facilitar a iniciação de 
movimentos voluntários por meio dos gânglios da base. Essa via origina-se com uma 
conexão excitatória do córtex para as células do putamen. Estas células estabelecem 
sinapses inibitórias em neurônios do globo pálido, que, por sua vez, faz conexões inibitórias 
com células do tálamo (núcleo ventrolateral - VL). A conexão do tálamo com a área motora 
do córtex é excitatória. Ela facilita o disparo de células relacionadas a movimentos na área 
motora do córtex. Portanto, a conseqüência funcional da ativação cortical do putâmen é a 
excitação da área motora do córtex pelo núcleo ventrolateral do tálamo. 
 
 46 
Imagem: BEAR, M.F., CONNORS, B.W. & PARADISO, M.A. Neurociências – Desvendando o Sistema Nervoso. Porto 
Alegre 2ª ed, Artmed Editora, 2002. 
 
3.1.1.2 - O DIENCÉFALO (tálamo e hipotálamo) 
 
Todas as mensagens sensoriais, com exceção das provenientes dos receptores do 
olfato, passam pelo tálamo antes de atingir o córtex cerebral. Esta é uma região de 
substância cinzenta localizada entre o tronco encefálico e o cérebro. O tálamo atua como 
estação retransmissora de impulsos nervosos para o córtex cerebral. Ele é responsável pela 
condução dos impulsos às regiões apropriadas do cérebro onde eles devem ser 
processados. O tálamo também está relacionado com alterações no comportamento 
emocional; que decorre, não só da própria atividade, mas também de conexões com outras 
estruturas do sistema límbico (que regula as emoções). 
 
O hipotálamo, também 
constituído por substância cinzenta, é 
o principal centro integrador das 
atividades dos órgãos viscerais, 
sendo um dos principais responsáveis 
pela homeostase corporal. Ele faz 
ligação entre o sistema nervoso e o 
sistema endócrino, atuando na 
ativação de diversas glândulas 
endócrinas. É o hipotálamo que 
controla a temperatura corporal, 
regula o apetite e o balanço de água 
no corpo, o sono e está envolvido na 
emoção e no comportamento sexual. 
Tem amplas conexões com as demais 
áreas do prosencéfalo e com o 
mesencéfalo. Aceita-se que o 
hipotálamo desempenha, ainda, um 
papel nas emoções. Especificamente, 
as partes laterais parecem envolvidas 
com o prazer e a raiva, enquanto que 
a porção mediana parece mais ligada 
à aversão, ao desprazer e à tendência 
ao riso (gargalhada) incontrolável. De 
um modo geral, contudo, a 
participação do hipotálamo é menor 
na gênese (“criação”) do que na 
expressão (manifestações 
sintomáticas) dos estados 
emocionais. 
 47 
 
 
 
3.1.1.3 - O TRONCO ENCEFÁLICO 
O tronco encefálico interpõe-se entre a medula e o diencéfalo, situando-se 
ventralmente ao cerebelo. Possui três funções gerais; (1) recebe informações sensitivas de 
estruturas cranianas e controla os músculos da cabeça; (2) contém circuitos nervosos que 
transmitem informações da medula espinhal até outras regiões encefálicas e, em direção 
contrária, do encéfalo para a medula espinhal (lado esquerdo do cérebro controla os 
movimentos do lado direito do corpo; lado direito de cérebro controla os movimentos do lado 
esquerdo do corpo); (3) regula a atenção, função esta que é mediada pela formação 
reticular (agregação mais ou menos difusa de neurônios de tamanhos e tipos diferentes, 
separados por uma rede de fibras nervosas que ocupa a parte central do tronco encefálico). 
Além destas 3 funções gerais, as várias divisões do tronco encefálico desempenham 
funções motoras e sensitivas
específicas. 
 
 Na constituição do tronco encefálico entram corpos de neurônios que se agrupam em 
núcleos e fibras nervosas, que, por sua vez, se agrupam em feixes denominados tractos, 
fascículos ou lemniscos. Estes elementos da estrutura interna do tronco encefálico podem 
estar relacionados com relevos ou depressões de sua superfície. Muitos dos núcleos do 
tronco encefálico recebem ou emitem fibras nervosas que entram na constituição dos 
nervos cranianos. Dos 12 pares de nervos cranianos, 10 fazem conexão no tronco 
encefálico. 
 48 
 
Imagem: ATLAS INTERATIVO DE ANATOMIA HUMANA. Artmed Editora. 
 
3.1.1.4 - O CEREBELO 
Situado atrás do 
cérebro está o cerebelo, 
que é primariamente um 
centro para o controle dos 
movimentos iniciados pelo 
córtex motor (possui 
extensivas conexões com o 
cérebro e a medula 
espinhal). Como o cérebro, 
também está dividido em 
dois hemisférios. Porém, ao 
contrário dos hemisférios 
cerebrais, o lado esquerdo 
do cerebelo está 
relacionado com os 
movimentos do lado 
esquerdo do corpo, 
enquanto o lado direito, com 
os movimentos do lado 
direito do corpo. 
O cerebelo recebe 
informações do córtex 
motor e dos gânglios basais 
de todos os estímulos 
enviados aos músculos. A 
 49 
partir das informações do córtex motor sobre os movimentos musculares que pretende 
executar e de informações proprioceptivas que recebe diretamente do corpo (articulações, 
músculos, áreas de pressão do corpo, aparelho vestibular e olhos), avalia o movimento 
realmente executado. Após a comparação entre desempenho e aquilo que se teve em vista 
realizar, estímulos corretivos são enviados de volta ao córtex para que o desempenho real 
seja igual ao pretendido. Dessa forma, o cerebelo relaciona-se com os ajustes dos 
movimentos, equilíbrio, postura e tônus muscular. 
Algumas estruturas do encéfalo e suas funções 
Córtex Cerebral 
Funções: 
• Pensamento 
• Movimento voluntário 
• Linguagem 
• Julgamento 
• Percepção 
 
 
A palavra córtex vem do latim para "casca". Isto porque o córtex é a 
camada mais externa do cérebro. A espessura do córtex cerebral varia de 2 a 6 
mm. O lado esquerdo e direito do córtex cerebral são ligados por um feixe grosso 
de fibras nervosas chamado de corpo caloso. Os lobos são as principais divisões 
físicas do córtex cerebral. O lobo frontal é responsável pelo planejamento 
consciente e pelo controle motor. O lobo temporal tem centros importantes de 
memória e audição. O lobo parietal lida com os sentidos corporal e espacial. o 
lobo occipital direciona a visão. 
Cerebelo 
Funções: 
• Movimento 
• Equilíbrio 
• Postura 
• Tônus muscular 
 
A palavra cerebelo vem do latim para "pequeno cérebro”. O cerebelo fica 
localizado ao lado do tronco encefálico. É parecido com o córtex cerebral em 
alguns aspectos: o cerebelo é dividido em hemisférios e tem um córtex que 
recobre estes hemisférios. 
 50 
Tronco Encefálico 
Funções: 
• Respiração 
• Ritmo dos batimentos cardíacos 
• Pressão Arterial 
Mesencéfalo 
Funções: 
• Visão 
• Audição 
• Movimento dos Olhos 
• Movimento do corpo 
 
O 
Tronco 
Encefálico é 
uma área do 
encéfalo 
que fica 
entre o 
tálamo e a 
medula 
espinhal. 
Possui 
várias 
estruturas 
como o 
bulbo, o 
mesencéfal
o e a ponte. 
Algumas 
destas 
áreas são 
responsávei
s pelas 
funções 
básicas 
para a 
manutenção 
da vida como a respiração, o batimento cardíaco e a pressão 
arterial. 
Bulbo: recebe informações de vários órgãos do corpo, 
controlando as funções autônomas (a chamada vida vegetativa): 
batimento cardíaco, respiração, pressão do sangue, reflexos de 
salivação, tosse, espirro e o ato de engolir. 
Ponte: Participa de algumas atividades do bulbo, interferindo 
no controle da respiração, além de ser um centro de transmissão de 
impulsos para o cerebelo. Serve ainda de passagem para as fibras 
nervosas que ligam o cérebro à medula. 
Tálamo 
Funções: 
• Integração Sensorial 
• Integração Motora 
 O tálamo recebe informações 
sensoriais do corpo e as passa para o 
córtex cerebral. O córtex cerebral envia 
informações motoras para o tálamo 
que posteriormente são distribuídas 
pelo corpo. Participa, juntamente com 
o tronco encefálico, do sistema 
reticular, que é encarregado de “filtrar” 
mensagens que se dirigem às partes 
conscientes do cérebro. 
 51 
Sistema Límbico 
Funções: 
• Comportamento 
Emocional 
• Memória 
• Aprendizado 
• Emoções 
• Vida vegetativa 
(digestão, 
circulação, 
excreção etc.) 
 
O Sistema Límbico é um grupo de estruturas que inclui hipotálamo, tálamo, 
amígdala, hipocampo, os corpos mamilares e o giro do cíngulo. Todas estas áreas são 
muito importantes para a emoção e reações emocionais. O hipocampo também é 
importante para a memória e o aprendizado. 
 
 
3.1.1.5 - A Medula Espinhal 
Nossa medula espinhal tem a forma de um cordão com aproximadamente 40 cm de 
comprimento. Ocupa o canal vertebral, desde a região do atlas - primeira vértebra - até o 
nível da segunda vértebra lombar. A medula funciona como centro nervoso de atos 
involuntários e, também, como veículo condutor de impulsos nervosos. 
Da medula partem 31 pares de nervos raquidianos que se ramificam. Por meio dessa 
rede de nervos, a medula se conecta com as várias partes do corpo, recebendo mensagens 
e vários pontos e enviando-as para o cérebro e recebendo mensagens do cérebro e 
transmitindo-as para as várias partes do corpo. A medula possui dois sistemas de 
neurônios: o sistema descendente controla funções motoras dos músculos, regula funções 
como pressão e temperatura e transporta sinais originados no cérebro até seu destino; o 
sistema ascendente transporta sinais sensoriais das extremidades do corpo até a medula e 
de lá para o cérebro. 
 
 52 
Os corpos celulares dos neurônios se concentram no cerne da medula – na massa 
cinzenta. Os axônios ascendentes e descendentes, na área adjacente – a massa branca. As 
duas regiões também abrigam células da Glia. Dessa forma, na medula espinhal a massa 
cinzenta localiza-se internamente e a massa branca, externamente (o contrário do que se 
observa no encéfalo). 
 
Durante uma fratura ou deslocamento da coluna, as vértebras que normalmente 
protegem a medula podem matar ou danificar as células. Teoricamente, se o dano for 
confinado à massa cinzenta, os distúrbios musculares e sensoriais poderão estar apenas 
nos tecidos que recebem e mandam sinais aos neurônios “residentes” no nível da fratura. 
Por exemplo, se a massa cinzenta do segmento da medula onde os nervos rotulados C8 for 
lesada, o paciente só sofrerá paralisia das mãos, sem perder a capacidade de andar ou o 
controle sobre as funções intestinais e urinárias. Nesse caso, os axônios levando sinais 
para “cima e para baixo” através da área branca adjacente continuariam trabalhando. Em 
comparação, se a área branca for lesada, o trânsito dos sinais será interrompido até o ponto 
da fratura. 
Infelizmente, a lesão original é só o começo. Os danos mecânicos promovem 
rompimento de pequenos vasos sangüíneos, impedindo a entrega de oxigênio e nutrientes 
para as células não afetadas diretamente, que acabam morrendo; as células lesadas 
extravasam componentes citoplasmáticos e tóxicos, que afetam células vizinhas, antes 
intactas; células do sistema imunológico iniciam um quadro inflamatório no local da lesão; 
células da Glia proliferam criando grumos e uma espécie de cicatriz, que impedem os 
axônios lesados de crescerem e reconectarem. 
O vírus da poliomielite causa lesões na raiz ventral dos nervos espinhais, o que leva à 
paralisia e atrofia dos músculos. 
 
 
 
3.1.2 - O Sistema Nervoso Periférico 
O sistema nervoso periférico é formado por nervos encarregados
de fazer as ligações 
entre o sistema nervoso central e o corpo. NERVO é a reunião de várias fibras nervosas, 
que podem ser formadas de axônios ou de dendritos. 
As fibras nervosas, 
formadas pelos 
prolongamentos dos 
neurônios (dendritos ou 
axônios) e seus 
envoltórios, organizam-se 
em feixes. Cada feixe 
forma um nervo. Cada 
 53 
fibra nervosa é envolvida por uma camada conjuntiva denominada endoneuro. Cada feixe é 
envolvido por uma bainha conjuntiva denominada perineuro. Vários feixes agrupados 
paralelamente formam um nervo. O nervo também é envolvido por uma bainha de tecido 
conjuntivo chamada epineuro. Em nosso corpo existe um número muito grande de nervos. 
Seu conjunto forma a rede nervosa. 
Os nervos que levam informações da periferia do corpo para o SNC são os nervos 
sensoriais (nervos aferentes ou nervos sensitivos), que são formados por 
prolongamentos de neurônios sensoriais (centrípetos). Aqueles que transmitem impulsos do 
SNC para os músculos ou glândulas são nervos motores ou eferentes, feixe de axônios 
de neurônios motores (centrífugos). 
Existem ainda os nervos mistos, formados por axônios de neurônios sensoriais e por 
neurônios motores. 
 
 
Quando partem do 
encéfalo, os nervos são 
chamados de 
cranianos; quando 
partem da medula 
espinhal denominam-se 
raquidianos. 
Do encéfalo 
partem doze pares de 
nervos cranianos. Três 
deles são exclusivamente sensoriais, cinco são motores e os quatro restantes são mistos. 
 
 
Nervo craniano Função 
I-OLFATÓRIO sensitiva Percepção do olfato. 
II-ÓPTICO sensitiva Percepção visual. 
III-OCULOMOTOR motora 
Controle da movimentação do globo ocular, da pupila e 
do cristalino. 
IV-TROCLEAR motora Controle da movimentação do globo ocular. 
V-TRIGÊMEO mista 
Controle dos movimentos da mastigação (ramo motor); 
Percepções sensoriais da face, seios da face e dentes 
(ramo sensorial). 
VI-ABDUCENTE motora Controle da movimentação do globo ocular. 
VII-FACIAL mista 
Controle dos músculos faciais – mímica facial (ramo 
motor); 
Percepção gustativa no terço anterior da língua (ramo 
sensorial). 
VIII-VESTÍBULO-
COCLEAR sensitiva 
Percepção postural originária do labirinto (ramo 
vestibular); 
Percepção auditiva (ramo coclear). 
IX-GLOSSOFARÍNGEO mista 
Percepção gustativa no terço posterior da língua, 
percepções sensoriais da faringe, laringe e palato. 
X-VAGO mista 
Percepções sensoriais da orelha, faringe, laringe, tórax e 
vísceras. Inervação das vísceras torácicas e abdominais. 
XI-ACESSÓRIO motora 
Controle motor da faringe, laringe, palato, dos músculos 
esternoclidomastóideo e trapézio. 
XII-HIPOGLOSSO motora Controle dos músculos da faringe, da laringe e da língua. 
 54 
Os 31 pares de nervos raquidianos que saem da medula relacionam-se com os músculos esqueléticos. 
Eles se formam a partir de duas 
raízes que saem lateralmente da 
medula: a raiz posterior ou dorsal, 
que é sensitiva, e a raiz anterior ou 
ventral, que é motora. Essas raízes 
se unem logo após saírem da 
medula. Desse modo, os nervos 
raquidianos são todos mistos. Os 
corpos dos neurônios que formam 
as fibras sensitivas dos nervos 
sensitivos situam-se próximo à 
medula, porém fora dela, 
reunindo-se em estruturas 
especiais chamadas gânglios 
espinhais. Os corpos celulares 
dos neurônios que formam as fibras 
motoras localizam-se na medula. 
De acordo com as regiões da coluna 
vertebral, os 31 pares de nervos 
raquidianos distribuem-se da 
seguinte forma: 
• oito pares de nervos 
cervicais; 
• doze pares de nervos 
dorsais; 
• cinco pares de nervos 
lombares; 
• seis pares de nervos 
sagrados ou sacrais. 
 
 
O conjunto de nervos cranianos e raquidianos forma o sistema nervoso periférico. 
Com base na sua estrutura e função, o sistema nervoso periférico pode ainda 
subdividir-se em duas partes: o sistema nervoso somático e o sistema nervoso 
autônomo ou de vida vegetativa. 
 55 
As ações voluntárias resultam da contração de músculos estriados esqueléticos, que 
estão sob o controle do sistema nervoso periférico voluntário ou somático. Já as ações 
involuntárias resultam da contração das musculaturas lisa e cardíaca, controladas pelo 
sistema nervoso periférico autônomo, também chamado involuntário ou visceral. 
 
3.1.2.1 - SNP Voluntário ou Somático 
 
O SNP Voluntário ou Somático tem por função reagir a estímulos provenientes do 
ambiente externo. Ele é constituído por fibras motoras que conduzem impulsos do sistema 
nervoso central aos músculos esqueléticos. O corpo celular de uma fibra motora do SNP 
voluntário fica localizado dentro do SNC e o axônio vai diretamente do encéfalo ou da 
medula até o órgão que inerva. 
 
3.1.2.2 - SNP Autônomo ou Visceral 
 
O SNP Autônomo ou Visceral, como o próprio nome diz, funciona independentemente 
de nossa vontade e tem por função regular o ambiente interno do corpo, controlando a 
atividade dos sistemas digestório, cardiovascular, excretor e endócrino. Ele contém fibras 
nervosas que conduzem impulsos do sistema nervoso central aos músculos lisos das 
vísceras e à musculatura do coração. Um nervo motor do SNP autônomo difere de um 
nervo motor do SNP voluntário pelo fato de conter dois tipos de neurônios, um neurônio pré-
ganglionar e outro pós-ganglionar. O corpo celular do neurônio pré-ganglionar fica 
localizado dentro do SNC e seu axônio vai até um gânglio, onde o impulso nervoso é 
transmitido sinapticamente ao neurônio pós-ganglionar. O corpo celular do neurônio pós-
ganglionar fica no interior do gânglio nervoso e seu axônio conduz o estímulo nervoso até o 
órgão efetuador, que pode ser um músculo liso ou cardíaco. 
 
O sistema nervoso autônomo compõe-se de três partes: 
• Dois ramos nervosos situados ao lado da coluna vertebral. Esses ramos são formados 
por pequenas dilatações denominadas gânglios, num total de 23 pares. 
• Um conjunto de nervos que liga os gânglios nervosos aos diversos órgãos de nutrição, 
como o estômago, o coração e os pulmões. 
• Um conjunto de nervos comunicantes que ligam os gânglios aos nervos raquidianos, 
fazendo com que os sistema autônomo não seja totalmente independente do sistema 
nervoso cefalorraquidiano. 
 
 56 
Imagem: LOPES, SÔNIA. Bio 2.São Paulo, Ed. Saraiva, 2002. 
 
O sistema nervoso autônomo divide-se em sistema nervoso simpático e sistema 
nervoso parassimpático. De modo geral, esses dois sistemas têm funções contrárias 
(antagônicas). Um corrige os excessos do outro. Por exemplo, se o sistema simpático 
acelera demasiadamente as batidas do coração, o sistema parassimpático entra em ação, 
diminuindo o ritmo cardíaco. Se o sistema simpático acelera o trabalho do estômago e dos 
intestinos, o parassimpático entra em ação para diminuir as contrações desses órgãos. 
 
3.1.2.2.1 – Sistema Nervoso Autônomo Simpático 
 
O SNP autônomo simpático, de modo geral, estimula ações que mobilizam energia, 
permitindo ao organismo responder a situações de estresse. Por exemplo, o sistema 
simpático é responsável pela aceleração dos batimentos cardíacos, pelo aumento da 
pressão arterial, da concentração de açúcar no sangue e pela ativação do metabolismo 
geral do corpo. 
3.1.2.2.2 – SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO PARASSIMPÁTICO 
 
Já o SNP autônomo parassimpático estimula principalmente atividades relaxantes, 
como as reduções do ritmo cardíaco e da pressão arterial, entre outras. 
Uma das principais diferenças entre os nervos simpáticos e parassimpáticos é que as 
fibras pós-ganglionares dos dois sistemas normalmente secretam diferentes hormônios. O 
hormônio secretado pelos neurônios pós-ganglionares do sistema nervoso parassimpático 
é a acetilcolina, razão pela qual esses neurônios são chamados colinérgicos. 
Os neurônios pós-ganglionares do sistema
nervoso simpático secretam 
principalmente noradrenalina, razão por que a maioria deles é chamada neurônios 
adrenérgicos. As fibras adrenérgicas ligam o sistema nervoso central à glândula supra-
renal, promovendo aumento da secreção de adrenalina, hormônio que produz a resposta de 
"luta ou fuga" em situações de stress. 
A acetilcolina e a noradrenalina têm a capacidade de excitar alguns órgãos e inibir 
outros, de maneira antagônica. 
 
Órgão Efeito da estimulação 
simpática 
Efeito da estimulação 
parassimpática 
Olho: pupila 
Músculo ciliar 
Dilatada 
nenhum 
Contraída 
Excitado 
Glândulas gastrointestinais vasoconstrição Estimulação de secreção 
Glândulas sudoríparas sudação Nenhum 
Coração: músculo (miocárdio) 
Coronárias 
Atividade aumentada 
Vasodilatação 
Diminuição da atividade 
Constrição 
Vasos sanguíneos 
sistêmicos: 
Abdominal 
Músculo 
Pele 
Constrição 
Dilatação 
Constrição ou dilatação 
Nenhum 
Nenhum 
Nenhum 
Pulmões: brônquios 
Vasos sangüíneos 
Dilatação 
Constrição moderada 
Constrição 
Nenhum 
Tubo digestivo: luz 
Esfíncteres 
Diminuição do tônus e da 
peristalse 
Aumento do tônus 
Aumento do tônus e do 
peristaltismo 
Diminuição do tônus 
Fígado Liberação de glicose Nenhum 
 57 
Rim Diminuição da produção de urina Nenhum 
Bexiga: corpo 
Esfíncter 
Inibição 
Excitação 
Excitação 
Inibição 
Ato sexual masculino Ejaculação Ereção 
Glicose sangüínea Aumento Nenhum 
Metabolismo basal Aumento em até 50% Nenhum 
Atividade mental Aumento Nenhum 
Secreção da medula supra-
renal (adrenalina) 
Aumento Nenhum 
 
 
Em geral, quando os centros simpáticos cerebrais se tornam excitados, estimulam, 
simultaneamente, quase todos os nervos simpáticos, preparando o corpo para a atividade. 
Além do mecanismo da descarga em massa do sistema simpático, algumas condições 
fisiológicas podem estimular partes localizadas desse sistema. Duas das condições são as 
seguintes: 
• Reflexos calóricos: o calor aplicado à pele determina um reflexo que passa através 
da medula espinhal e volta a ela, dilatando os vasos sangüíneos cutâneos. Também o 
aquecimento do sangue que passa através do centro de controle térmico do hipotálamo 
aumenta o grau de vasodilatação superficial, sem alterar os vasos profundos. 
• Exercícios: durante o exercício físico, o metabolismo aumentado nos músculos tem 
um efeito local de dilatação dos vasos sangüíneos musculares; porém, ao mesmo 
tempo, o sistema simpático tem efeito vasoconstritor para a maioria das outras regiões 
do corpo. A vasodilatação muscular permite que o sangue flua facilmente através dos 
músculos, enquanto a vasoconstrição diminui o fluxo sangüíneo em todas as regiões 
do corpo, exceto no coração e no cérebro. 
Nas junções neuro-musculares, tanto nos gânglios do SNPA simpático como nos do 
parassimpático, ocorrem sinapses químicas entre os neurônios pré-ganglionares e pós-
ganglionares. Nos dois casos, a substância neurotransmissora é a acetilcolina. Esse 
mediador químico atua nas dobras da membrana, aumentando a sua permeabilidade aos 
íons sódio, que passa para o interior da fibra, despolarizando essa área da membrana do 
músculo. Essa despolarização local promove um potencial de ação que é conduzido em 
ambas as direções ao longo da fibra, determinando uma contração muscular. Quase 
imediatamente após ter a acetilcolina estimulado a fibra muscular, ela é destruída, o que 
permite a despolarização da membrana. 
 
 
4 - SISTEMA CIRCULATÓRIO 
 
 Componentes do Sistema Cardiovascular 
Os principais componentes do sistema circulatório são: coração, vasos sangüíneos, 
sangue, vasos linfáticos e linfa. 
 
 58 
4.1 - CORAÇÃO 
O coração é um órgão muscular oco que se localiza no meio do peito, sob o osso 
esterno, ligeiramente deslocado para a esquerda. Em uma pessoa adulta, tem o tamanho 
aproximado de um punho fechado e pesa cerca de 400 gramas. 
O coração humano, como o dos demais mamíferos, apresenta quatro cavidades: duas 
superiores, denominadas átrios (ou aurículas) e duas inferiores, denominadas ventrículos. O 
átrio direito comunica-se com o ventrículo direito através da válvula tricúspide. O átrio 
esquerdo, por sua vez, comunica-se com o ventrículo esquerdo através da válvula bicúspide 
ou mitral.A função das válvulas cardíacas é garantir que o sangue siga uma única direção, 
sempre dos átrios para os ventrículos. 
 
 
 
 
 As câmaras cardíacas contraem-se e dilatam-se alternadamente 70 vezes por minuto, 
em média. O processo de contração de cada câmara do miocárdio (músculo cardíaco) 
denomina-se sístole. O relaxamento, que acontece entre uma sístole e a seguinte, é a 
diástole. 
 59 
 
 
a- A atividade elétrica do coração 
 
Imagem: AVANCINI & FAVARETTO. Biologia – Uma 
abordagem evolutiva e ecológica. Vol. 2. São Paulo, Ed. 
Moderna, 1997. 
Nódulo sinoatrial (SA) ou 
marcapasso ou nó sino-atrial: região 
especial do coração, que controla a 
freqüência cardíaca. Localiza-se perto 
da junção entre o átrio direito e a veia 
cava superior e é constituído por um 
aglomerado de células musculares 
especializadas. A freqüência rítmica 
dessa fibras musculares é de 
aproximadamente 72 contrações por 
minuto, enquanto o músculo atrial se 
contrai cerca de 60 vezes por minuto e 
o músculo ventricular, cerca de 20 
vezes por minuto. Devido ao fato do 
nódulo sinoatrial possuir uma 
freqüência rítmica mais rápida em 
relação às outras partes do coração, os 
impulsos originados do nódulo SA 
espalham-se para os átrios e 
ventrículos, estimulando essas áreas 
tão rapidamente, de modo que o ritmo 
do nódulo SA torna-se o ritmo de todo 
o coração; por isso é chamado 
marcapasso. 
 
 
 60 
Sistema De Purkinje ou fascículo átrio-ventricular: embora o impulso cardíaco 
possa percorrer perfeitamente todas as fibras musculares cardíacas, o coração possui um 
sistema especial de condução denominado sistema de Purkinje ou fascículo átrio-
ventricular, composto de fibras musculares cardíacas especializadas, ou fibras de Purkinje 
(Feixe de Hiss ou miócitos átrio-ventriculares), que transmitem os impulsos com uma 
velocidade aproximadamente 6 vezes maior do que o músculo cardíaco normal, cerca de 2 
m por segundo, em contraste com 0,3 m por segundo no músculo cardíaco. 
b- Controle Nervoso do Coração 
Embora o coração possua seus próprios sistemas intrínsecos de controle e possa 
continuar a operar, sem quaisquer influências nervosas, a eficácia da ação cardíaca pode 
ser muito modificada pelos impulsos reguladores do sistema nervoso central. O sistema 
nervoso é conectado com o coração através de dois grupos diferentes de nervos, os 
sistemas parassimpático e simpático. A estimulação dos nervos parassimpáticos causa os 
seguintes efeitos sobre o coração: (1) diminuição da freqüência dos batimentos cardíacos; 
(2) diminuição da força de contração do músculo atrial; (3) diminuição na velocidade de 
condução dos impulsos através do nódulo AV (átrio-ventricular) , aumentando o período de 
retardo entre a contração atrial e a ventricular; e (4) diminuição do fluxo sangüíneo através 
dos vasos coronários que mantêm a nutrição do próprio músculo cardíaco. 
Todos esses efeitos podem ser resumidos, dizendo-se que a estimulação 
parassimpática diminui todas as atividades do coração. Usualmente, a função cardíaca é 
reduzida pelo parassimpático durante o período de repouso, juntamente com o restante do 
corpo. Isso talvez ajude a preservar os recursos do coração; pois, durante os períodos de 
repouso, indubitavelmente há um menor desgaste do órgão. 
A estimulação dos nervos simpáticos apresenta efeitos exatamente opostos sobre o 
coração: (1) aumento da freqüência cardíaca, (2) aumento da força
de contração, e (3) 
aumento do fluxo sangüíneo através dos vasos coronários visando a suprir o aumento da 
nutrição do músculo cardíaco. Esses efeitos podem ser resumidos, dizendo-se que a 
estimulação simpática aumenta a atividade cardíaca como bomba, algumas vezes 
aumentando a capacidade de bombear sangue em até 100 por cento. Esse efeito é 
necessário quando um indivíduo é submetido a situações de estresse, tais como exercício, 
doença, calor excessivo, ou outras condições que exigem um rápido fluxo sangüíneo 
através do sistema circulatório. Por conseguinte, os efeitos simpáticos sobre o coração 
constituem o mecanismo de auxílio utilizado numa emergência, tornando mais forte o 
batimento cardíaco quando necessário. 
Os neurônios pós-ganglionares do sistema nervoso simpático secretam principalmente 
noradrenalina, razão pela qual são denominados neurônios adrenérgicos. A estimulação 
simpática do cérebro também promove a secreção de adrenalina pelas glândulas adrenais 
ou supra-renais. A adrenalina é responsável pela taquicardia (batimento cardíaco 
acelerado), aumento da pressão arterial e da freqüência respiratória, aumento da secreção 
do suor, da glicose sangüínea e da atividade mental, além da constrição dos vasos 
sangüíneos da pele. 
O neurotransmissor secretado pelos neurônios pós-ganglionares do sistema nervoso 
parassimpático é a acetilcolina, razão pela qual são denominados colinérgicos, geralmente 
com efeitos antagônicos aos neurônios adrenérgicos. Dessa forma, a estimulação 
parassimpática do cérebro promove bradicardia (redução dos batimentos cardíacos), 
diminuição da pressão arterial e da freqüência respiratória, relaxamento muscular e outros 
efeitos antagônicos aos da adrenalina. 
Em geral, a estimulação do hipotálamo posterior aumenta a pressão arterial e a 
freqüência cardíaca, enquanto que a estimulação da área pré-óptica, na porção anterior do 
hipotálamo, acarreta efeitos opostos, determinando notável diminuição da freqüência 
cardíaca e da pressão arterial. Esses efeitos são transmitidos através dos centros de 
controle cardiovascular da porção inferior do tronco cerebral, e daí passam a ser 
transmitidos através do sistema nervoso autônomo. 
 
 
 
 
 61 
Fatores que aumentam a freqüência cardíaca Fatores que diminuem a freqüência cardíaca 
Queda da pressão arterial 
inspiração 
excitação 
raiva 
dor 
 hipóxia (redução da disponibilidade de oxigênio para as 
células do organismo) 
exercício 
adrenalina 
febre 
Aumento da pressão arterial 
expiração 
tristeza 
 
4.2 - ALGUNS DISTÚRBIOS CARDÍACOS 
4.2.1 - Sopro no coração 
É uma alteração no fluxo do sangue 
dentro do coração provocada por 
problemas em uma ou mais válvulas 
cardíacas ou por lesões nas paredes das 
câmaras. Na maioria das vezes, não 
existem seqüelas. No entanto, quando o 
sopro é muito forte, decorrente de lesões 
nas paredes das câmaras, ele certamente 
precisará ser tratado, pois um volume 
considerável de sangue sem oxigênio irá 
se misturar com o sangue que já foi 
oxigenado. 
Algumas pessoas já nascem com 
válvulas anormais. Outras vão apresentar 
esse tipo de alteração por causa de males 
como a febre reumática, a insuficiência 
cardíaca e o infarto, que podem modificar 
as válvulas. 
 
Imagem: www.braile.com.br/saude/hospital1.pdf 
Sintomas: Sopros são caracterizados por ruídos anormais, percebidos quando o 
médico ausculta o peito e ouve um som semelhante ao de um fole. O problema pode ser 
diagnosticado de maneira mais precisa pelo exame de ecocardiograma, que mostra o fluxo 
sangüíneo dentro do coração. 
Tratamento: Como existem várias causas possíveis, o médico precisa ver o que está 
provocando o problema antes de iniciar o tratamento — que vai desde simples 
medicamentos até intervenções cirúrgicas para conserto ou substituição das válvulas, que 
poderão ser de material biológico ou fabricadas a partir de ligas metálicas. 
Prevenção: Não há uma maneira de prevenir o sopro. Mas existem formas de evitar 
que ele se agrave. Para isso, é importante que você saiba se tem ou não o problema, 
realizando exames de check-up. 
 4.2.2 - Infarto do miocárdio 
É a morte de uma área do músculo cardíaco, cujas células ficaram sem receber 
sangue com oxigênio e nutrientes. 
 
 62 
 
Imagem: www.unifesp.br/dmed/cardio/ch/cardio.htm 
A interrupção do fluxo de sangue para 
o coração pode acontecer de várias 
maneiras. A gordura vai se acumulando 
nas paredes das coronárias (artérias que 
irrigam o próprio coração). Com o tempo, 
formam-se placas, impedindo que o 
sangue flua livremente. Então, basta um 
espasmo — provocado pelo estresse — 
para que a passagem da circulação se 
feche. Também pode ocorrer da placa 
crescer tanto que obstrui o caminho 
sangüíneo completamente, ou seja, pode 
acontecer por entupimento - quando as 
placas de gordura entopem 
completamente a artéria, o sangue não 
passa. Dessa forma, as células no trecho 
que deixou de ser banhado pela circulação 
acabam morrendo. A interrupção da 
passagem do sangue nas artérias 
coronárias também pode ocorrer devido 
contração de uma artéria parcialmente 
obstruída ou à formação de coágulos 
(trombose). 
 
Imagem: www.saludhoy.com/htm/homb/articulo/infarca1.html 
Sintomas: O principal sinal é a dor 
muito forte no peito, que pode se irradiar 
pelo braço esquerdo e pela região do 
estômago. 
Prevenção: Evite o cigarro, o 
estresse, os alimentos ricos em 
colesterol e o sedentarismo, que são os 
principais fatores de risco. Também não 
deixe de controlar a pressão arterial. 
Tratamento: Em primeiro lugar, 
deve-se correr contra o relógio, 
procurando um atendimento imediato — 
a área do músculo morta cresce feito 
uma bola de neve com o passar do 
tempo. Se ficar grande demais, o 
coração não terá a menor chance de se 
recuperar. Conforme a situação, os 
médicos podem optar pela angioplastia, 
em que um catéter é introduzido no 
braço e levado até a coronária entupida. 
Ali, ele infla para eliminar o obstáculo 
gorduroso. Outra saída é a cirurgia: os 
médicos constroem um desvio da área 
infartada — a ponte — com um pedaço 
da veia safena da perna ou da artéria 
radial ou das artérias mamárias. 
 
 
 63 
Revascularização do miocárdio: durante a cirurgia um vaso sangüíneo, que pode ser 
a veia safena (da perda), a artéria radial (do braço) e/ou as artérias mamárias (direita ou 
esquerda) são implantadas no coração, formando uma ponte para normalizar o fluxo 
sangüíneo. O número de pontes pode variar de 1 a 5, dependendo da necessidade do 
paciente. 
 
Imagem: www.braile.com.br/saude/hospital1.pdf 
 
Imagens: www.geocities.com/HotSprings/Villa/1298/heartmate.html 
 Cateterismo (angioplastia por stent): 
 
 
 
 64 
4.2.3 - Aterosclerose 
Doença devida ao aparecimento, nas paredes das artérias, de depósitos contendo 
principalmente LDL colesterol (“mau colesterol”), mas também pequenas quantidades de 
fosfolipídios e gorduras neutras (placas de ateroma). Trabalhos recentes indicam que o LDL 
se acumula no interior das paredes dos vasos, onde seus componentes se oxidam e sofrem 
outras alterações. Os componentes alterados dão origem a uma resposta inflamatória que 
altera progressiva e perigosamente os vasos. Gradualmente desenvolve-se fibrose dos 
tecidos situados ao redor ou no interior dos depósitos gordurosos e, freqüentemente, a 
combinação do cálcio dos líquidos orgânicos com gordura forma compostos sólidos de 
cálcio que, eventualmente, se desenvolve em placas duras, semelhantes aos ossos. Dessa 
forma, no estágio inicial da aterosclerose aparecem apenas depósitos gordurosos nas 
paredes dos vasos, mas nos estágios terminais os vasos podem tornar-se extremamente 
fibróticos e contraídos, ou mesmo de consistência óssea dura, caracterizando
uma condição 
chamada arteriosclerose ou endurecimento das artérias. 
 
Imagem: www.unifesp.br/dmed/cardio/ch/cardio.htm 
Descobertas recentes indicam que os efeitos protetores do HDL colesterol (“bom 
colesterol”) derivam não só da remoção do LDL colesterol dos vasos, mas também por 
interferirem na oxidação de LDL. 
A aterosclerose muitas vezes cauda oclusão coronária aguda, provocando infarto do 
miocárdio ou "ataque cardíaco". 
Prevenção:Reduzir o peso e a ingestão de gorduras saturadas e colesterol (presente 
apenas em alimentos de origem animal), parar de fumar, fazer exercícios físicos. 
4.2.4 - Arritmia 
 
Imagem: Revista Saúde é Vital 
Toda vez que o coração sai do 
ritmo certo, diz-se que há uma arritmia. 
Ela ocorre tanto em indivíduos 
saudáveis quanto em doentes. Várias 
doenças podem dispará-la, assim como 
fatores emocionais — o estresse, por 
exemplo, é capaz de alterar o ritmo 
cardíaco. 
Os batimentos perdem o compasso 
de diversas maneiras. A bradicardia 
ocorre quando o coração passa a bater 
menos de 60 vezes por minuto — então, 
pode ficar lento a ponto de parar. Já na 
taquicardia chegam a acontecer mais de 
100 batimentos nesse mesmo período. 
A agitação costuma fazê-lo tremer, 
paralisado, em vez de contrair e relaxar 
normalmente. Às vezes surgem novos 
focos nervosos no músculo cardíaco, 
cada um dando uma ordem para ele 
bater de um jeito. No caso, também 
pode surgir a parada cardíaca. 
 Sintomas: Na taquicardia, o principal sintoma é a palpitação. Nas bradicardias 
ocorrem tonturas e até desmaios. 
 65 
Tratamento: Em alguns casos, os médicos simplesmente receitam remédios. Em 
outros, porém, é necessário apelar para a operação. Hoje os cirurgiões conseguem 
implantar no coração um pequeno aparelho, o marca-passo, capaz de controlar 
os batimentos cardíacos. 
Prevenção: Procure um médico ao sentir qualquer sintoma descrito acima. Além disso, 
tente diminuir o estresse no seu dia-a-dia.Reduzir o peso e a ingestão de gorduras 
saturadas e colesterol (presente apenas em alimentos de origem animal), parar de fumar, 
fazer exercícios físicos. 
4.2. 5 - Arteriosclerose ou Arterioesclerose 
Processo de espessamento e endurecimento da parede das artérias, tirando-lhes a 
elasticidade. Decorre de proliferação conjuntiva em substituição às fibras elásticas. Pode 
surgir como conseqüência da aterosclerose (estágios terminais) ou devido ao tabagismo. O 
cigarro, além da nicotina responsável pela dependência, tem cerca de 80 substâncias 
cancerígenas e outras radioativas, com perigos genéticos. Investigações epidemiológicas 
mostram que esse vício é responsável por 75% dos casos de bronquite crônica e enfisema 
pulmonar, 80% dos casos de câncer do pulmão e 25% dos casos de infarto do miocárdio. 
Além disso, segundo pesquisas, os fumantes têm risco entre 100% e 800% maior de 
contrair infecções respiratórias bacterianas e viróticas, câncer da boca, laringe, esôfago, 
pâncreas, rins, bexiga e colo do útero, como também doenças do sistema circulatório, como 
arteriosclerose, aneurisma da aorta e problemas vasculares cerebrais. A probabilidade de 
aparecimento desses distúrbios tem relação direta com o tempo do vício e sua intensidade. 
O cigarro contrai as artérias coronárias e, ao mesmo tempo, excita excessivamente o 
coração; também favorece a formação de placas de ateroma (aumento de radicais livres). 
Prevenção: Reduzir o peso e a ingestão de gorduras saturadas e colesterol, parar de 
fumar, fazer exercícios físicos. 
4.2.6 - Hipertensão 
O termo hipertensão significa pressão arterial alta. Caracteriza-se por uma pressão 
sistólica superior a 14cm de mercúrio (14 cmHg = 140 mmHg) e uma pressão diastólica 
superior a 9 cm de mercúrio (9 cmHg ou 90 mmHg). A hipertensão pode romper os vasos 
sangüíneos cerebrais (causando acidente vascular cerebral ou derrame), renais (causando 
insuficiência renal) ou de outros órgãos vitais, causando cegueira, surdez etc. Pode também 
determinar uma sobrecarga excessiva sobre o coração, causando sua falência. 
Causas da hipertensão: o conceito mais moderno e aceito de hipertensão defende 
que a doença não tem uma origem única, mas é fruto da associação de vários fatores, 
alguns deles incontroláveis: hereditariedade, raça, sexo e idade. As causas se combinam, 
exercendo ação recíproca e sinérgica. Veja na tabela a seguir o “peso” de cada um desses 
ingredientes: 
Genética: fatores genéticos podem predispor à 
hipertensão. 
Etnia ou raça:Por motivos também de ordem genética 
talvez, a hipertensão incida mais e de forma mais severa 
sobre negros. 
Sexo:Os homens têm mais propensão à pressão alta do 
que as mulheres antes da menopausa. Depois empatam 
ou pode haver até ligeira predominância feminina. Os 
especialistas estão cada vez mais convencidos de que a 
reposição hormonal de estrógenos após a menopausa 
pode prevenir a hipertensão, como faz com outras 
doenças cardiovasculares e com a osteoporose. 
Idade:A maioria dos estudos mostra que a hipertensão 
afeta 50% da população com idade acima de 60 anos. Isso 
depende do grupo étnico e do sexo. O mais comum 
nesses casos é a elevação da pressão máxima, sem que 
ocorra o aumento da mínima, que é decorrente do 
enrijecimento das artérias. 
Como fatores genéticos, podemos citar: 
•alta concentração de cálcio na membrana das células (defeito primário): 
aumenta a contração da musculatura lisa das artérias, fazendo-as se fecharem, o 
que diminui a passagem de sangue, resultando na hipertensão essencial ou 
primária (fator genético; 
•aumento da concentração de sódio nas paredes das artérias, fazendo-as se 
fecharem cada vez mais (fator genético); 
 66 
Além dos fatores incontroláveis, descritos anteriormente, obesidade, excesso de sal, 
álcool, fumo, vida sedentária, estresse e taxas elevadas de colesterol (LDL) são fatores que 
favorecem a elevação da pressão arterial. 
O uso de anticoncepcionais orais (pílulas anticoncepcionais) também é um fator que 
predispõe mais as mulheres à hipertensão. 
O cigarro e níveis elevados de colesterol (LDL) também estão entre os elementos de 
risco: cerca de 70% do colesterol existente no homem é produzido pelo próprio organismo, 
no fígado. O restante provém da alimentação, dos produtos de origem animal. Por isso, o 
distúrbio pode ter origem externa, resultante principalmente de dietas erradas e vida 
sedentária, ou interna, de causa genética. A conseqüência direta é a aterosclerose, que 
dificulta ou, às vezes, impede o fluxo sangüíneo na região. 
O uso abusivo de descongestionantes nasais e medicamento em spray para asma 
também aumentam as chances de hipertensão. 
Pessoas diabéticas têm tendência a desenvolver hipertensão e outras doenças que 
atingem o coração. 
Prevenção: 
 
 
 
• dieta hipossódica (com pouco sal) e hipocalórica (sem 
excesso de calorias); 
• redução de peso; 
• prática de exercícios físicos aeróbicos (de baixa intensidade 
e longa duração) ou isotônicos (com grande movimentação 
dos membros). Sedentários devem procurar um cardiologista 
antes de iniciar qualquer tipo de exercício; 
• dieta balanceada rica em vegetais e frutas frescas e pobre 
em gorduras saturadas e colesterol; 
• medir periodicamente (a cada seis meses) a pressão arterial 
e tratar o diabetes (quando for o caso); 
• eliminar ou reduzir o fumo e, nos casos de mulheres 
hipertensas, eliminar o uso de contraceptivos orais (são uma 
bomba para o coração quando associados ao cigarro); 
• reduzir a ingestão de bebidas alcoólicas; 
• consultar o médico regularmente 
 
 
 
5 - SISTEMA RESPIRATÓRIO 
O sistema respiratório humano é constituído por um par de pulmões e por vários 
órgãos que conduzem o ar para dentro e para fora das cavidades pulmonares. Esses 
órgãos são as fossas nasais, a boca, a faringe, a laringe, a traquéia,
os brônquios, os 
bronquíolos e os alvéolos, os três últimos localizados nos pulmões. 
 67 
 
Fossas nasais: são duas cavidades 
paralelas que começam nas narinas e 
terminam na faringe. Elas são separadas 
uma da outra por uma parede cartilaginosa 
denominada septo nasal. Em seu interior há 
dobras chamada cornetos nasais, que forçam 
o ar a turbilhonar. Possuem um revestimento 
dotado de células produtoras de muco e 
células ciliadas, também presentes nas 
porções inferiores das vias aéreas, como 
traquéia, brônquios e porção inicial dos 
bronquíolos. No teto das fossas nasais 
existem células sensoriais, responsáveis pelo 
sentido do olfato. Têm as funções de filtrar, 
umedecer e aquecer o ar. 
Faringe: é um canal comum aos 
sistemas digestório e respiratório e comunica-
se com a boca e com as fossas nasais. O ar 
inspirado pelas narinas ou pela boca passa 
necessariamente pela faringe, antes de 
atingir a laringe. 
Laringe: é um tubo sustentado 
por peças de cartilagem articuladas, 
situado na parte superior do pescoço, 
em continuação à faringe. O pomo-de-
adão, saliência que aparece no 
pescoço, faz parte de uma das peças 
cartilaginosas da laringe. 
A entrada da laringe chama-se 
glote. Acima dela existe uma espécie 
de “lingüeta” de cartilagem 
denominada epiglote, que funciona 
como válvula. Quando nos 
alimentamos, a laringe sobe e sua 
entrada é fechada pela epiglote. Isso 
impede que o alimento ingerido 
penetre nas vias respiratórias. 
O epitélio que reveste a laringe 
apresenta pregas, as cordas vocais, 
capazes de produzir sons durante a 
passagem de ar. 
 
 
Traquéia: é um tubo de aproximadamente 1,5 cm de 
diâmetro por 10-12 centímetros de comprimento, cujas 
paredes são reforçadas por anéis cartilaginosos. Bifurca-se 
na sua região inferior, originando os brônquios, que 
penetram nos pulmões. Seu epitélio de revestimento muco-
ciliar adere partículas de poeira e bactérias presentes em 
suspensão no ar inalado, que são posteriormente varridas 
para fora (graças ao movimento dos cílios) e engolidas ou 
expelidas. 
 68 
 
Pulmões: Os pulmões 
humanos são órgãos 
esponjosos, com 
aproximadamente 25 cm de 
comprimento, sendo 
envolvidos por uma membrana 
serosa denominada pleura. 
Nos pulmões os brônquios 
ramificam-se profusamente, 
dando origem a tubos cada 
vez mais finos, os 
bronquíolos. O conjunto 
altamente ramificado de 
bronquíolos é a árvore 
brônquica ou árvore 
respiratória. 
Cada bronquíolo termina 
em pequenas bolsas formadas 
por células epiteliais achatadas 
(tecido epitelial pavimentoso) 
recobertas por capilares 
sangüíneos, denominadas 
alvéolos pulmonares. 
Diafragma: A base de cada 
pulmão apóia-se no diafragma, 
órgão músculo-membranoso que 
separa o tórax do abdomen, 
presente apenas em mamíferos, 
promovendo, juntamente com os 
músculos intercostais, os 
movimentos respiratórios. 
Localizado logo acima do 
estômago, o nervo frênico 
controla os movimentos do 
diafragma (ver controle da 
respiração) 
 
 
5.1 - FISIOLOGIA DA RESPIRAÇÃO 
Ventilação pulmonar 
A inspiração, que promove a entrada de 
ar nos pulmões, dá-se pela contração da 
musculatura do diafragma e dos músculos 
intercostais. O diafragma abaixa e as costelas 
elevam-se, promovendo o aumento da caixa 
torácica, com conseqüente redução da 
pressão interna (em relação à externa), 
forçando o ar a entrar nos pulmões. 
 69 
 
A expiração, que promove a 
saída de ar dos pulmões, dá-se pelo 
relaxamento da musculatura do 
diafragma e dos músculos intercostais. 
O diafragma eleva-se e as costelas 
abaixam, o que diminui o volume da 
caixa torácica, com conseqüente 
aumento da pressão interna, forçando 
o ar a sair dos pulmões. 
 
 
5.1.1 - Transporte de gases respiratórios 
O transporte de gás oxigênio está a cargo 
da hemoglobina, proteína presente nas 
hemácias. Cada molécula de hemoglobina 
combina-se com 4 moléculas de gás oxigênio, 
formando a oxi-hemoglobina. 
 
Nos alvéolos pulmonares o gás oxigênio do 
ar difunde-se para os capilares sangüíneos e 
penetra nas hemácias, onde se combina com a 
hemoglobina, enquanto o gás carbônico (CO2) é 
liberado para o ar (processo chamado hematose). 
 
 70 
 
Nos tecidos ocorre um processo inverso: o gás 
oxigênio dissocia-se da hemoglobina e difunde-se 
pelo líquido tissular, atingindo as células. A maior 
parte do gás carbônico (cerca de 70%) liberado pelas 
células no líquido tissular penetra nas hemácias e 
reage com a água, formando o ácido carbônico, que 
logo se dissocia e dá origem a íons H+ e bicarbonato 
(HCO3-), difundindo-se para o plasma sangüíneo, 
onde ajudam a manter o grau de acidez do sangue. 
Cerca de 23% do gás carbônico liberado pelos 
tecidos associam-se à própria hemoglobina, formando 
a carboemoglobina. O restante dissolve-se no 
plasma. 
 
OBS: O monóxido de carbono, liberado pela “queima” incompleta de combustíveis 
fósseis e pela fumaça dos cigarros entre outros, combina-se com a hemoglobina de uma 
maneira mais estável do que o oxigênio, formando o carboxiemoglobina. Dessa forma, a 
hemoglobina fica impossibilitada de transportar o oxigênio, podendo levar à morte por 
asfixia. Veja as tabelas abaixo, retiradas da prova do ENEM de 98: 
Um dos índices de qualidade do ar diz respeito à concentração de monóxido de 
carbono (CO), pois esse gás pode causar vários danos à saúde. A tabela abaixo mostra a 
relação entre a qualidade do ar e a concentração de CO. 
Qualidade do ar Concentração de CO – ppm* (média de 8h) 
Inadequada 15 a 30 
Péssima 30 a 40 
Crítica Acima de 40 
* ppm (parte por milhão) = 1 micrograma de CO por grama de ar 10 –6 g 
 
Para analisar os efeitos do CO sobre os seres humanos, dispõe-se dos seguintes 
dados: 
Concentração de CO (ppm) Sintomas em seres humanos 
10 Nenhum 
15 Diminuição da capacidade visual 
60 Dores de cabeça 
100 Tonturas, fraqueza muscular 
270 Inconsciência 
800 Morte 
 5. 2 - Controle da respiração 
Em relativo repouso, a freqüência respiratória é da ordem de 10 a 15 movimentos por 
minuto. 
A respiração é controlada automaticamente por um centro nervoso localizado no bulbo. 
Desse centro partem os nervos responsáveis pela contração dos músculos respiratórios 
(diafragma e músculos intercostais). Os sinais nervosos são transmitidos desse centro 
através da coluna espinhal para os músculos da respiração. O mais importante músculo da 
respiração, o diafragma, recebe os sinais respiratórios através de um nervo especial, o 
nervo frênico, que deixa a medula espinhal na metade superior do pescoço e dirige-se 
para baixo, através do tórax até o diafragma. Os sinais para os músculos expiratórios, 
especialmente os músculos abdominais, são transmitidos para a porção baixa da medula 
 71 
espinhal, para os nervos espinhais que inervam os músculos. Impulsos iniciados pela 
estimulação psíquica ou sensorial do córtex cerebral podem afetar a respiração. Em 
condições normais, o centro respiratório (CR) produz, a cada 5 segundos, um impulso 
nervoso que estimula a contração da musculatura torácica e do diafragma, fazendo-nos 
inspirar. O CR é capaz de aumentar e de diminuir tanto a freqüência como a amplitude dos 
movimentos respiratórios, pois possui quimiorreceptores que são bastante sensíveis ao pH 
do plasma. Essa capacidade permite que os tecidos recebam a quantidade de oxigênio que 
necessitam, além de remover adequadamente o gás carbônico. Quando o sangue torna-se 
mais ácido devido ao aumento do gás carbônico, o centro respiratório induz a aceleração 
dos movimentos respiratórios. Dessa forma, tanto a freqüência quanto a amplitude da 
respiração tornam-se aumentadas devido à excitação do CR. 
Em situação contrária, com a depressão do CR, ocorre diminuição da freqüência e
amplitude respiratórias. 
A respiração é ainda o principal mecanismo de controle do pH do sangue. 
 
O aumento da concentração de CO2 desloca a reação para a direita, enquanto sua 
redução desloca para a esquerda. 
Dessa forma, o aumento da concentração de CO2 no sangue provoca aumento de íons 
H+ e o plasma tende ao pH ácido. Se a concentração de CO2 diminui, o pH do plasma 
sangüíneo tende a se tornar mais básico (ou alcalino). 
Se o pH está abaixo do normal (acidose), o centro respiratório é excitado, 
aumentando a freqüência e a amplitude dos movimentos respiratórios. O aumento da 
ventilação pulmonar determina eliminação de maior quantidade de CO2, o que eleva o pH 
do plasma ao seu valor normal. 
Caso o pH do plasma esteja acima do normal (alcalose), o centro respiratório é 
deprimido, diminuindo a freqüência e a amplitude dos movimentos respiratórios. Com a 
diminuição na ventilação pulmonar, há retenção de CO2 e maior produção de íons H
+, o que 
determina queda no pH plasmático até seus valores normais. 
A ansiedade e os estados ansiosos promovem liberação de adrenalina que, 
freqüentemente levam também à hiperventilação, algumas vezes de tal intensidade que o 
indivíduo torna seus líquidos orgânicos alcalóticos (básicos), eliminando grande quantidade 
de dióxido de carbono, precipitando, assim, contrações dos músculos de todo o corpo. 
Se a concentração de gás carbônico cair a valores muito baixos, outras conseqüências 
extremamente danosas podem ocorrer, como o desenvolvimento de um quadro de alcalose 
que pode levar a uma irritabilidade do sistema nervoso, resultando, algumas vezes, em 
tetania (contrações musculares involuntárias por todo o corpo) ou mesmo convulsões 
epilépticas. 
Existem algumas ocasiões em que a concentração de oxigênio nos alvéolos cai a 
valores muito baixos. Isso ocorre especialmente quando se sobe a lugares muito altos, onde 
a concentração de oxigênio na atmosfera é muito baixa ou quando uma pessoa contrai 
pneumonia ou alguma outra doença que reduza o oxigênio nos alvéolos. Sob tais 
condições, quimiorreceptores localizados nas artérias carótida (do pescoço) e aorta são 
estimulados e enviam sinais pelos nervos vago e glossofaríngeo, estimulando os centros 
respiratórios no sentido de aumentar a ventilação pulmonar. 
5.3 - A capacidade e os volumes respiratórios 
O sistema respiratório humano comporta um volume total de aproximadamente 5 litros 
de ar – a capacidade pulmonar total. Desse volume, apenas meio litro é renovado em cada 
respiração tranqüila, de repouso. Esse volume renovado é o volume corrente 
Se no final de uma inspiração forçada, executarmos uma expiração forçada, 
conseguiremos retirar dos pulmões uma quantidade de aproximadamente 4 litros de ar, o 
que corresponde à capacidade vital, e é dentro de seus limites que a respiração pode 
acontecer. 
Mesmo no final de uma expiração forçada, resta nas vias aéreas cerca de 1 litro de ar, 
o volume residual. 
 72 
 
Nunca se consegue encher os pulmões com ar completamente renovado, já que 
mesmo no final de uma expiração forçada o volume residual permanece no sistema 
respiratório. A ventilação pulmonar, portanto, dilui esse ar residual no ar renovado, colocado 
em seu interior 
O volume de ar renovado por minuto (ou volume-minuto respiratório) é obtido pelo 
produto da freqüência respiratória (FR) pelo volume corrente (VC): VMR = FR x VC. 
Em um adulto em repouso, temos: 
FR = 12 movimentos por minuto 
VC = 0,5 litros 
Portanto: volume-minuto respiratório = 12 x 0,5 = 6 litros/minuto 
Os atletas costumam utilizar o chamado “segundo fôlego”. No final de cada expiração, 
contraem os músculos intercostais internos, que abaixam as costelas e eliminam mais ar 
dos pulmões, aumentando a renovação. 
 
 
6 - O SISTEMA DIGESTÓRIO 
O sistema digestório humano é 
formado por um longo tubo musculoso, ao 
qual estão associados órgãos e glândulas 
que participam da digestão. Apresenta as 
seguintes regiões; boca, faringe, esôfago, 
estômago, intestino delgado, intestino 
grosso e ânus. 
 
A parede do tubo digestivo, do esôfago 
ao intestino, é formada por quatro camadas: 
mucosa, submucosa, muscular e adventícia. 
6.1 - BOCA 
A abertura pela qual o alimento entra 
no tubo digestivo é a boca. Aí encontram-se 
os dentes e a língua, que preparam o 
alimento para a digestão, por meio da 
mastigação. Os dentes reduzem os 
alimentos em pequenos pedaços, 
misturando-os à saliva, o que irá facilitar a 
futura ação das enzimas. 
 
 73 
6.1.1 - Características dos dentes 
Os dentes são estruturas duras, 
calcificadas, presas ao maxilar superior e 
mandíbula, cuja atividade principal é a 
mastigação. Estão implicados, de forma 
direta, na articulação das linguagens. Os 
nervos sensitivos e os vasos sanguíneos 
do centro de qualquer dente estão 
protegidos por várias camadas de tecido. 
A mais externa, o esmalte, é a substância 
mais dura. Sob o esmalte, circulando a 
polpa, da coroa até a raiz, está situada 
uma camada de substância óssea 
chamada dentina. A cavidade pulpar é ocupada pela polpa dental, um tecido conjuntivo 
frouxo, ricamente vascularizado e inervado. Um tecido duro chamado cemento separa a 
raiz do ligamento peridental, que prende a raiz e liga o dente à gengiva e à mandíbula, na 
estrutura e composição química assemelha-se ao osso; dispõe-se como uma fina camada 
sobre as raízes dos dentes. Através de um orifício aberto na extremidade da raiz, penetram 
vasos sanguíneos, nervos e tecido conjuntivo. 
6.1.2 - Tipos de dentes 
Em sua primeira dentição, o ser humano tem 20 peças que recebem o nome de dentes 
de leite. À medida que os maxilares crescem, 
estes dentes são substituídos por outros 32 do 
tipo permanente. As coroas dos dentes 
permanentes são de três tipos: os incisivos, os 
caninos ou presas e os molares. Os incisivos têm a 
forma de cinzel para facilitar o corte do alimento. 
Atrás dele, há três peças dentais usadas para 
rasgar. A primeira tem uma única cúspide 
pontiaguda. Em seguida, há dois dentes chamados pré-molares, cada um com duas 
cúspides. Atrás ficam os molares, que têm uma superfície de mastigação relativamente 
plana, o que permite triturar e moer os alimentos. 
6.2 - A língua 
 
A língua movimenta o alimento empurrando-o em 
direção a garganta, para que seja engolido. Na superfície 
da língua existem dezenas de papilas gustativas, cujas 
células sensoriais percebem os quatro sabores primários: 
amargo (A), azedo ou ácido (B), salgado (C) e doce (D). 
De sua combinação resultam centenas de sabores 
distintos. A distribuição dos quatro tipos de receptores 
gustativos, na superfície da língua, não é homogênea. 
6.3 - As glândulas salivares 
A presença de alimento na boca, assim como sua visão e cheiro, estimulam as 
glândulas salivares a secretar saliva, que contém a enzima amilase salivar ou ptialina, 
além de sais e outras substâncias. A amilase salivar digere o amido e outros 
polissacarídeos (como o glicogênio), reduzindo-os em moléculas de maltose (dissacarídeo). 
Três pares de glândulas salivares lançam sua secreção na cavidade bucal: parótida, 
submandibular e sublingual: 
 74 
 
www.webciencia.com/11_11glandula.htm 
• Glândula parótida - Com massa variando 
entre 14 e 28 g, é a maior das três; situa-se na 
parte lateral da face, abaixo e adiante do 
pavilhão da orelha. 
• Glândula submandibular - É arredondada, 
mais ou menos do tamanho de uma noz. 
• Glândula sublingual - É a menor das três; fica 
abaixo da mucosa do assoalho da boca. 
O sais da saliva neutralizam substâncias ácidas e mantêm, na boca, um pH neutro 
(7,0) a levemente ácido (6,7), ideal para a ação da ptialina. O alimento, que se transforma 
em bolo alimentar, é empurrado pela língua para o fundo da faringe, sendo encaminhado 
para o esôfago, impulsionado
pelas ondas peristálticas (como mostra a figura do lado 
esquerdo), levando entre 5 e 10 segundos para percorrer o esôfago. Através dos 
peristaltismo, você pode ficar de cabeça para baixo e, mesmo assim, seu alimento chegará 
ao intestino. Entra em ação um mecanismo para fechar a laringe, evitando que o alimento 
penetre nas vias respiratórias. 
Quando a cárdia (anel muscular, esfíncter) se relaxa, permite a passagem do alimento 
para o interior do estômago. 
6.4 - FARINGE E ESÔFAGO 
 
Imagem: CD O CORPO HUMANO 
2.0. Globo Multimídia. 
A faringe, situada no final da cavidade bucal, é 
um canal comum aos sistemas digestório e 
respiratório: por ela passam o alimento, que se dirige 
ao esôfago, e o ar, que se dirige à laringe. 
O esôfago, canal que liga a faringe ao estômago, 
localiza-se entre os pulmões, atrás do coração, e 
atravessa o músculo diafragma, que separa o tórax do 
abdômen. O bolo alimentar leva de 5 a 10 segundos 
para percorre-lo. 
6.5 - ESTÔMAGO E SUCO GÁSTRICO 
 
www.webciencia.com/11_09estom.htm 
O estômago é uma bolsa de parede 
musculosa, localizada no lado esquerdo abaixo do 
abdome, logo abaixo das últimas costelas. É um 
órgão muscular que liga o esôfago ao intestino 
delgado. Sua função principal é a digestão de 
alimentos protéicos. Um músculo circular, que 
existe na parte inferior, permite ao estômago 
guardar quase um litro e meio de comida, 
possibilitando que não se tenha que ingerir 
alimento de pouco em pouco tempo. Quando está 
vazio, tem a forma de uma letra "J" maiúscula, 
cujas duas partes se unem por ângulos agudos. 
 75 
 Segmento superior: é o mais volumoso, chamado "porção vertical". Este 
compreende, por sua vez, duas partes superpostas; a grande tuberosidade, no alto, e o 
corpo do estômago, abaixo, que termina pela pequena tuberosidade. 
Segmento inferior: é denominado "porção horizontal", está separado do duodeno pelo 
piloro, que é um esfíncter. A borda direita, côncava, é chamada pequena curvatura; a borda 
esquerda, convexa, é dita grande curvatura. O orifício esofagiano do estômago é o cárdia. 
As túnicas do estômago: o estômago compõe-se de quatro túnicas; serosa (o 
peritônio), muscular (muito desenvolvida), submucosa (tecido conjuntivo) e mucosa (que 
secreta o suco gástrico). Quando está cheio de alimento, o estômago torna-se ovóide ou 
arredondado. O estômago tem movimentos peristálticos que asseguram sua 
homogeneização. 
O estômago produz o suco gástrico, um líquido claro, transparente, altamente ácido, 
que contêm ácido clorídrico, muco, enzimas e sais. O ácido clorídrico mantém o pH do 
interior do estômago entre 0,9 e 2,0. Também dissolve o cimento intercelular dos tecidos 
dos alimentos, auxiliando a fragmentação mecânica iniciada pela mastigação. 
A pepsina, enzima mais potente do suco gástrico, é secretada na forma de 
pepsinogênio. Como este é inativo, não digere as células que o produzem. Por ação do 
ácido cloródrico, o pepsinogênio, ao ser lançado na luz do estômago, transforma-se em 
pepsina, enzima que catalisa a digestão de proteínas. 
 
 
 
A pepsina, ao catalizar a hidrólise de 
proteínas, promove o rompimento das 
ligações peptídicas que unem os 
aminoácidos. Como nem todas as ligações 
peptídicas são acessíveis à pepsina, muitas 
permanecem intactas. Portanto, o resultado 
do trabalho dessa enzima são oligopeptídeos 
e aminoácidos livres. 
 A renina, enzima que age sobre a 
caseína, uma das proteínas do leite, é 
produzida pela mucosa gástrica durante os 
primeiros meses de vida. Seu papel é o de 
flocular a caseína, facilitando a ação de 
outras enzimas proteolíticas. 
 
A mucosa gástrica é recoberta por uma camada de muco, que a protege da agressão 
do suco gástrico, bastante corrosivo. Apesar de estarem protegidas por essa densa camada 
de muco, as células da mucosa estomacal são continuamente lesadas e mortas pela ação 
do suco gástrico. Por isso, a mucosa está sempre sendo regenerada. Estima-se que nossa 
superfície estomacal seja totalmente reconstituída a cada três dias. Eventualmente ocorre 
desequilíbrio entre o ataque e a proteção, o que resulta em inflamação difusa da mucosa 
(gastrite) ou mesmo no aparecimento de feridas dolorosas que sangram (úlceras gástricas). 
A mucosa gástrica produz também o fator intrínseco, necessário à absorção da 
vitamina B12. 
O bolo alimentar pode permanecer no estômago por até quatro horas ou mais e, ao se 
misturar ao suco gástrico, auxiliado pelas contrações da musculatura estomacal, 
transforma-se em uma massa cremosa acidificada e semilíquida, o quimo. 
Passando por um esfíncter muscular (o piloro), o quimo vai sendo, aos poucos, 
liberado no intestino delgado, onde ocorre a maior parte da digestão. 
6.6 - INTESTINO DELGADO 
O intestino delgado é um tubo com pouco mais de 6 m de comprimento por 4cm de 
diâmetro e pode ser dividido em três regiões: duodeno (cerca de 25 cm), jejuno (cerca de 5 
 76 
m) e íleo (cerca de 1,5 cm). A porção superior ou duodeno tem a forma de ferradura e 
compreende o piloro, esfíncter muscular da parte inferior do estômago pela qual este 
esvazia seu conteúdo no intestino. 
A digestão do quimo ocorre predominantemente no duodeno e nas primeiras porções 
do jejuno. No duodeno atua também o suco pancreático, produzido pelo pâncreas, que 
contêm diversas enzimas digestivas. Outra secreção que atua no duodeno é a bile, 
produzida no fígado e armazenada na vesícula biliar. O pH da bile oscila entre 8,0 e 8,5. Os 
sais biliares têm ação detergente, emulsificando ou emulsionando as gorduras 
(fragmentando suas gotas em milhares de microgotículas). 
 
 
O suco pancreático, produzido pelo 
pâncreas, contém água, enzimas e 
grandes quantidades de bicarbonato de 
sódio. O pH do suco pancreático oscila 
entre 8,5 e 9. Sua secreção digestiva é 
responsável pela hidrólise da maioria 
das moléculas de alimento, como 
carboidratos, proteínas, gorduras e 
ácidos nucléicos. 
A amilase pancreática fragmenta o 
amido em moléculas de maltose; a 
lípase pancreática hidrolisa as moléculas 
de um tipo de gordura – os 
triacilgliceróis, originando glicerol e 
álcool; as nucleases atuam sobre os 
ácidos nucléicos, separando seus 
nucleotídeos. 
O suco pancreático contém ainda o tripsinogênio e o quimiotripsinogênio, formas 
inativas em que são secretadas as enzimas proteolíticas tripsina e quimiotripsina. Sendo 
produzidas na forma inativa, as proteases não digerem suas células secretoras. Na luz do 
duodeno, o tripsinogênio entra em contato com a enteroquinase, enzima secretada pelas 
células da mucosa intestinal, convertendo-se me tripsina, que por sua vez contribui para a 
conversão do precursor inativo quimiotripsinogênio em quimiotripsina, enzima ativa. 
 
A tripsina e a quimiotripsina hidrolisam polipeptídios, transformando-os em 
oligopeptídeos. A pepsina, a tripsina e a quimiotripsina rompem ligações peptídicas 
específicas ao longo das cadeias de aminoácidos. 
A mucosa do intestino delgado secreta o suco entérico, solução rica em enzimas e de 
pH aproximadamente neutro. Uma dessas enzimas é a enteroquinase. Outras enzimas são 
as dissacaridades, que hidrolisam dissacarídeos em monossacarídeos (sacarase, lactase, 
maltase). No suco entérico há enzimas que dão seqüência à hidrólise das proteínas: os 
oligopeptídeos sofrem ação das peptidases, resultando em aminoácidos. 
 
 
 
 
 
 
 77 
Suco digestivo Enzima pH ótimo Substrato Produtos 
Saliva Ptialina neutro polissacarídeos maltose 
Suco gástrico Pepsina ácido proteínas oligopeptídeos 
Suco pancreático 
Quimiotripsina 
Tripsina 
Amilopepsina 
Rnase 
Dnase 
Lipase 
alcalino 
alcalino 
alcalino 
alcalino 
alcalino 
alcalino 
proteínas 
proteínas 
polissacarídeos 
RNA 
DNA 
lipídeos 
peptídeos 
peptídeos 
maltose 
ribonucleotídeos
desoxirribonucleotídeos 
glicerol e ácidos graxos 
Suco intestinal ou entérico 
Carboxipeptidase 
Aminopeptidase 
Dipeptidase 
Maltase 
Sacarase 
Lactase 
alcalino 
alcalino 
alcalino 
alcalino 
alcalino 
alcalino 
oligopeptídeos 
oligopeptídeos 
dipeptídeos 
maltose 
sacarose 
lactose 
aminoácidos 
aminoácidos 
aminoácidos 
glicose 
glicose e frutose 
glicose e galactose 
 
No intestino, as contrações rítmicas e os movimentos peristálticos das paredes 
musculares, movimentam o quimo, ao mesmo tempo em que este é atacado pela bile, 
enzimas e outras secreções, sendo transformado em quilo. 
A absorção dos nutrientes ocorre através de mecanismos ativos ou passivos, nas 
regiões do jejuno e do íleo. A superfície interna, ou mucosa, dessas regiões, apresenta, 
além de inúmeros dobramentos 
maiores, milhões de pequenas 
dobras (4 a 5 milhões), 
chamadas vilosidades; um 
traçado que aumenta a 
superfície de absorção 
intestinal. As membranas das 
próprias células do epitélio 
intestinal apresentam, por sua 
vez, dobrinhas microscópicas 
denominadas microvilosidades. 
O intestino delgado também 
absorve a água ingerida, os 
íons e as vitaminas. 
Imagem: 
www.webciencia.com/11_13intes.htm 
Os nutrientes absorvidos pelos vasos sanguíneos do intestino passam ao fígado para 
serem distribuídos pelo resto do organismo. Os produtos da digestão de gorduras 
(principalmente glicerol e ácidos graxos isolados) chegam ao sangue sem passar pelo 
fígado, como ocorre com outros nutrientes. Nas células da mucosa, essas substâncias são 
reagrupadas em triacilgliceróis (triglicerídeos) e envelopadas por uma camada de proteínas, 
formando os quilomícrons, transferidos para os vasos linfáticos e, em seguida, para os 
vasos sangüíneos, onde alcançam as células gordurosas (adipócitos), sendo, então, 
armazenados. 
6.7 - INTESTINO GROSSO 
É o local de absorção de água, 
tanto a ingerida quanto a das secreções 
digestivas. Uma pessoa bebe cerca de 
1,5 litros de líquidos por dia, que se une 
a 8 ou 9 litros de água das secreções. 
Glândulas da mucosa do intestino 
grosso secretam muco, que lubrifica as 
fezes, facilitando seu trânsito e 
eliminação pelo ânus. 
 78 
 Mede cerca de 1,5 m de comprimento e divide-se em ceco, cólon ascendente, cólon 
transverso, cólon descendente, cólon sigmóide e reto. A saída do reto chama-se ânus e é 
fechada por um músculo que o rodeia, o esfíncter anal. 
Numerosas bactérias vivem em mutualismo no intestino grosso. Seu trabalho consiste 
em dissolver os restos alimentícios não assimiláveis, reforçar o movimento intestinal e 
proteger o organismo contra bactérias estranhas, geradoras de enfermidades. 
As fibras vegetais, principalmente a celulose, não são digeridas nem absorvidas, 
contribuindo com porcentagem significativa da massa fecal. Como retêm água, sua 
presença torna as fezes macias e fáceis de serem eliminadas. 
O intestino grosso não possui vilosidades nem secreta sucos digestivos, normalmente 
só absorve água, em quantidade bastante consideráveis. Como o intestino grosso absorve 
muita água, o conteúdo intestinal se condensa até formar detritos inúteis, que são 
evacuados. 
6.8 - GLÂNDULAS ANEXAS 
6.8.1 - Pâncreas 
 
Imagem: www.webciencia.com/11_17pancreas.htm 
O pâncreas é uma glândula 
mista, de mais ou menos 15 cm de 
comprimento e de formato 
triangular, localizada 
transversalmente sobre a parede 
posterior do abdome, na alça 
formada pelo duodeno, sob o 
estômago. O pâncreas é formado 
por uma cabeça que se encaixa no 
quadro duodenal, de um corpo e 
de uma cauda afilada. A secreção 
externa dele é dirigida para o 
duodeno pelos canais de Wirsung 
e de Santorini. O canal de Wirsung 
desemboca ao lado do canal 
colédoco na ampola de Vater. O 
pâncreas comporta dois órgãos 
estreitamente imbricados: 
pâncreas exócrino e o endócrino. 
O pâncreas exócrino produz enzimas digestivas, em estruturas reunidas denominadas 
ácinos. Os ácinos pancreáticos estão ligados através de finos condutos, por onde sua 
secreção é levada até um condutor maior, que desemboca no duodeno, durante a digestão. 
O pâncreas endócrino secreta os hormônios insulina e glucagon, já trabalhados no 
sistema endócrino. 
6.8.2 - Fígado 
 
 
É o maior órgão interno, e é ainda 
um dos mais importantes. É a mais 
volumosa de todas as vísceras, pesa 
cerca de 1,5 kg no homem adulto, e na 
mulher adulta entre 1,2 e 1,4 kg. Tem cor 
arroxeada, superfície lisa e recoberta por 
uma cápsula própria. Está situado no 
quadrante superior direito da cavidade 
abdominal. 
 79 
O tecido hepático é constituído por formações diminutas que recebem o nome de 
lobos, compostos por colunas de células hepáticas ou hepatócitos, rodeadas por canais 
diminutos (canalículos), pelos quais passa a bile, secretada pelos hepatócitos. Estes canais 
se unem para formar o ducto hepático que, junto com o ducto procedente da vesícula biliar, 
forma o ducto comum da bile, que descarrega seu conteúdo no duodeno. 
As células hepáticas ajudam o sangue a assimilar as substâncias nutritivas e a excretar 
os materiais residuais e as toxinas, bem como esteróides, estrógenos e outros hormônios. O 
fígado é um órgão muito versátil. Armazena glicogênio, ferro, cobre e vitaminas. Produz 
carboidratos a partir de lipídios ou de proteínas, e lipídios a partir de carboidratos ou de 
proteínas. Sintetiza também o colesterol e purifica muitos fármacos e muitas outras 
substâncias. O termo hepatite é usado para definir qualquer inflamação no fígado, como a 
cirrose. 
 
6.8.2.1 - Funções do fígado: 
• Secretar a bile, líquido que atua no emulsionamento das gorduras ingeridas, facilitando, 
assim, a ação da lipase; 
• Remover moléculas de glicose no sangue, reunindo-as quimicamente para formar 
glicogênio, que é armazenado; nos momentos de necessidade, o glicogênio é 
reconvertido em moléculas de glicose, que são relançadas na circulação; 
• Armazenar ferro e certas vitaminas em suas células; 
• Metabolizar lipídeos; 
• Sintetizar diversas proteínas presentes no sangue, de fatores imunológicos e de 
coagulação e de substâncias transportadoras de oxigênio e gorduras; 
• Degradar álcool e outras substâncias tóxicas, auxiliando na desintoxicação do 
organismo; 
• Destruir hemácias (glóbulos vermelhos) velhas ou anormais, transformando sua 
hemoglobina em bilirrubina, o pigmento castanho-esverdeado presente na bile. 
 
7 - SISTEMA URINÁRIO/EXCRETOR 
O sistema excretor é formado por um conjunto de órgãos que filtram o sangue, 
produzem e excretam a urina - o principal líquido de excreção do organismo. É constituído 
por um par de rins, um par de ureteres, pela bexiga urinária e pela uretra. 
Os rins situam-se na parte dorsal do 
abdome, logo abaixo do diafragma, um de 
cada lado da coluna vertebral, nessa 
posição estão protegidos pelas últimas 
costelas e também por uma camada de 
gordura. Têm a forma de um grão de feijão 
enorme e possuem uma cápsula fibrosa, 
que protege o córtex - mais externo, e a 
medula - mais interna. 
Cada rim é formado de tecido 
conjuntivo, que sustenta e dá forma ao 
órgão, e por milhares ou milhões de 
unidades filtradoras, os néfrons, 
localizados na região renal. 
O néfron é uma longa estrutura 
tubular microscópica que possui, em uma 
das extremidades, uma expansão em 
forma de taça, denominada cápsula de 
Bowman, que se conecta com o túbulo 
contorcido proximal, que continua pela 
alça de Henle e pelo túbulo contorcido 
distal; este desemboca em um tubo 
 
Imagem: 
 80 
coletor. São responsáveis pela filtração do 
sangue e remoção das excreções. 
www.drgate.com.br/almanaque/atlas/excretor/excretor.htm 
 
7.1 - Como funcionam os rins 
O sangue chega ao rim através da artéria renal, que se ramifica muito
no interior do 
órgão, originando grande número de arteríolas aferentes, onde cada uma ramifica-se no 
interior da cápsula de Bowman do néfron, formando um enovelado de capilares denominado 
glomérulo de Malpighi. 
O sangue arterial é conduzido sob alta pressão nos capilares do glomérulo. Essa 
pressão, que normalmente é de 70 a 80 mmHg, tem intensidade suficiente para que parte 
do plasma passe para a cápsula de Bowman, processo denominado filtração. Essas 
substâncias extravasadas para a cápsula de Bowman constituem o filtrado glomerular, 
queé semelhante, em composição química, ao plasma sanguíneo, com a diferença de que 
não possui proteínas, incapazes de atravessar os capilares glomerulares. 
 
Imagem: GUYTON, A.C. Fisiologia Humana. 5ª ed., Rio de Janeiro, 
Ed. Interamericana, 1981. 
O filtrado glomerular passa em 
seguida para o túbulo contorcido 
proximal, cuja parede é formada 
por células adaptadas ao transporte 
ativo. Nesse túbulo, ocorre 
reabsorção ativa de sódio. A saída 
desses íons provoca a remoção de 
cloro, fazendo com que a 
concentração do líquido dentro 
desse tubo fique menor (hipotônico) 
do que do plasma dos capilares 
que o envolvem. Com isso, quando 
o líquido percorre o ramo 
descendente da alça de Henle, há 
passagem de água por osmose do 
líquido tubular (hipotônico) para os 
capilares sangüíneos (hipertônicos) 
– ao que chamamos reabsorção. 
O ramo descendente percorre 
regiões do rim com gradientes 
crescentes de concentração. 
Conseqüentemente, ele perde 
ainda mais água para os tecidos, 
de forma que, na curvatura da alça 
de Henle, a concentração do 
líquido tubular é alta. 
Esse líquido muito concentrado passa então a percorrer o ramo ascendente da alça de 
Henle, que é formado por células impermeáveis à água e que estão adaptadas ao 
transporte ativo de sais. Nessa região, ocorre remoção ativa de sódio, ficando o líquido 
tubular hipotônico. Ao passar pelo túbulo contorcido distal, que é permeável à água, ocorre 
reabsorção por osmose para os capilares sangüíneos. Ao sair do néfron, a urina entra nos 
dutos coletores, onde ocorre a reabsorção final de água. 
Dessa forma, estima-se que em 24 horas são filtrados cerca de 180 litros de fluido do 
plasma; porém são formados apenas 1 a 2 litros de urina por dia, o que significa que 
aproximadamente 99% do filtrado glomerular é reabsorvido. 
Além desses processos gerais descritos, ocorre, ao longo dos túbulos renais, 
reabsorção ativa de aminoácidos e glicose. Desse modo, no final do túbulo distal, essas 
substâncias já não são mais encontradas. 
Os capilares que reabsorvem as substâncias úteis dos túbulos renais se reúnem para 
formar um vaso único, a veia renal, que leva o sangue para fora do rim, em direção ao 
coração. 
 81 
7.2 - Regulação da função renal 
A regulação da função renal relaciona-se basicamente com a regulação da quantidade 
de líquidos do corpo. Havendo necessidade de reter água no interior do corpo, a urina fica 
mais concentrada, em função da maior reabsorção de água; havendo excesso de água no 
corpo, a urina fica menos concentrada, em função da menor reabsorção de água. 
O principal agente regulador do equilíbrio hídrico no corpo humano é o hormônio ADH 
(antidiurético), produzido no hipotálamo e armazenado na hipófise. A concentração do 
plasma sangüíneo é detectada por receptores osmóticos localizados no hipotálamo. 
Havendo aumento na concentração do plasma (pouca água), esses osmorreguladores 
estimulam a produção de ADH. Esse hormônio passa para o sangue, indo atuar sobre os 
túbulos distais e sobre os túbulos coletores do néfron, tornando as células desses tubos 
mais permeáveis à água. Dessa forma, ocorre maior reabsorção de água e a urina fica mais 
concentrada. Quando a concentração do plasma é baixa (muita água), há inibição da 
produção do ADH e, conseqüentemente, menor absorção de água nos túbulos distais e 
coletores, possibilitando a excreção do excesso de água, o que torna a urina mais diluída. 
 
Imagem: GUYTON, A.C. Fisiologia Humana. 5ª ed., Rio de Janeiro, Ed. Interamericana, 1981. 
Certas substâncias, como é o caso 
do álcool, inibem a secreção de ADH, 
aumentando a produção de urina. 
Além do ADH, há outro hormônio 
participante do equilíbrio hidro-iônico do 
organismo: a aldosterona, produzida nas 
glândulas supra-renais. Ela aumenta a 
reabsorção ativa de sódio nos túbulos 
renais, possibilitando maior retenção de 
água no organismo. A produção de 
aldosterona é regulada da seguinte 
maneira: quando a concentração de sódio 
dentro do túbulo renal diminui, o rim 
produz uma proteína chamada renina, 
que age sobre uma proteína produzida no 
fígado e encontrada no sangue 
denominada angiotensinogênio (inativo), 
convertendo-a em angiotensina (ativa). 
Essa substância estimula as glândulas 
supra-renais a produzirem a aldosterona. 
 
Imagem: GUYTON, A.C. Fisiologia Humana. 5ª ed., Rio de 
Janeiro, Ed. Interamericana, 1981. 
 82 
 
Imagem: LOPES, SÔNIA. Bio 2.São Paulo, Ed. Saraiva, 2002. 
 OBS: Ocorre, também, ao longo dos túbulos renais, reabsorção ativa de aminoácidos 
e glicose. Desse modo, no final do túbulo distal essas substâncias já não são mais 
encontradas. 
 
7.3 - Regulação da função renal - resumo 
HORMÔNIO ANTIDIURÉTICO (ADH): principal agente fisiológico regulador do 
equilíbrio hídrico, produzido no hipotálamo e armazenado na hipófise. 
 Aumento na concentração do plasma (pouca água)  receptores osmóticos 
localizados no hipotálamo  produção de ADH  sangue  túbulos distal e coletor do 
néfron células mais permeáveis à água  reabsorção de água  urina mais concentrada. 
 Concentração do plasma baixa (muita água) e álcool  inibição de ADH  menor 
absorção de água nos túbulos distal e coletor  urina mais diluída. 
 ALDOSTERONA: produzida nas glândulas supra-renais, aumenta a absorção ativa de 
sódio e a secreção ativa de potássio nos túbulos distal e coletor. 
A ELIMINAÇÃO DE URINA 
 
Ureter 
Os néfrons desembocam em dutos coletores, que se unem 
para formar canais cada vez mais grossos. A fusão dos dutos 
origina um canal único, denominado ureter, que deixa o rim em 
direção à bexiga urinária. 
Bexiga urinária 
 A bexiga urinária é uma bolsa de parede elástica, dotada de 
musculatura lisa, cuja função é acumular a urina produzida nos rins. 
Quando cheia, a bexiga pode conter mais de ¼ de litro (250 ml) de 
urina, que é eliminada periodicamente através da uretra. 
Uretra 
A uretra é um tubo que parte da bexiga e termina, na mulher, 
na região vulvar e, no homem, na extremidade do pênis. Sua 
comunicação com a bexiga mantém-se fechada por anéis 
musculares - chamados esfíncteres. Quando a musculatura desses 
anéis relaxa-se e a musculatura da parede da bexiga contrai-se, 
urinamos. 
 
 
 
 
 83 
 SISTEMAS REPRODUTORES 
 
8 - SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO 
O sistema reprodutor masculino é formado por: 
•Testículos ou gônadas 
•Vias espermáticas: epidídimo, canal deferente, uretra. 
•Pênis 
•Escroto 
•Glândulas anexas: próstata, vesículas seminais, glândulas bulbouretrais. 
 
Testículos: são as gônadas masculinas. Cada testículo é composto por um 
emaranhado de tubos, os ductos seminíferos Esses ductos são formados pelas 
células de Sértoli (ou de 
sustento) e pelo epitélio 
germinativo, onde 
ocorrerá a formação dos 
espermatozóides. Em 
meio aos ductos 
seminíferos, as células 
intersticiais ou de Leydig 
(nomenclatura antiga) 
produzem os hormônios 
sexuais masculinos, 
sobretudo a testosterona, 
responsáveis pelo 
desenvolvimento dos 
órgãos genitais 
masculinos e dos 
caracteres sexuais 
secundários: 
• Estimulam os 
folículos pilosos para 
que façam crescer a 
barba masculina e o 
pêlo pubiano. 
• Estimulam o 
crescimento das 
glândulas sebáceas e
a elaboração do 
sebo. 
• Produzem o aumento 
de massa muscular 
nas crianças durante 
a puberdade, pelo 
aumento do tamanho 
das fibras 
musculares. 
• Ampliam a laringe e 
tornam mais grave a 
voz. 
• Fazem com que o 
desenvolvimento da massa óssea seja maior, protegendo contra a osteoporose. 
 84 
Epidídimos: são dois tubos enovelados que partem dos testículos, onde os 
espermatozóides são armazenados. 
Canais deferentes: são dois tubos que partem dos testículos, circundam a bexiga 
urinária e unem-se ao ducto ejaculatório, onde desembocam as vesículas seminais. 
Vesículas seminais: responsáveis pela produção de um líquido, que será liberado no 
ducto ejaculatório que, juntamente com o líquido prostático e espermatozóides, entrarão na 
composição do sêmen. O líquido das vesículas seminais age como fonte de energia para os 
espermatozóides e é constituído principalmente por frutose, apesar de conter fosfatos, 
nitrogênio não protéico, cloretos, colina (álcool de cadeia aberta considerado como 
integrante do complexo vitamínico B) e prostaglandinas (hormônios produzidos em 
numerosos tecidos do corpo. Algumas prostaglandinas atuam na contração da musculatura 
lisa do útero na dismenorréia – cólica menstrual, e no orgasmo; outras atuam promovendo 
vasodilatação em artérias do cérebro, o que talvez justifique as cefaléias – dores de cabeça 
– da enxaqueca. São formados a partir de ácidos graxos insaturados e podem ter a sua 
síntese interrompida por analgésicos e antiinflamatórios). 
Próstata: glândula localizada abaixo da bexiga urinária. Secreta substâncias alcalinas 
que neutralizam a acidez da urina e ativa os espermatozóides. 
Glândulas Bulbo Uretrais ou de Cowper: sua secreção transparente é lançada 
dentro da uretra para limpá-la e preparar a passagem dos espermatozóides. Também tem 
função na lubrificação do pênis durante o ato sexual. 
Pênis: é considerado o principal 
órgão do aparelho sexual masculino, 
sendo formado por dois tipos de tecidos 
cilíndricos: dois corpos cavernosos e um 
corpo esponjoso (envolve e protege a 
uretra). Na extremidade do pênis 
encontra-se a glande - cabeça do 
pênis, onde podemos visualizar a 
abertura da uretra. Com a manipulação 
da pele que a envolve - o prepúcio - 
acompanhado de estímulo erótico, 
ocorre a inundação dos corpos 
cavernosos e esponjoso, com sangue, 
tornando-se rijo, com considerável 
aumento do tamanho (ereção). O 
prepúcio deve ser puxado e higienizado a fim de se retirar dele o esmegma (uma secreção 
sebácea espessa e esbranquiçada, com forte odor, que consiste principalmente em células 
epiteliais descamadas que se acumulam debaixo do prepúcio). Quando a glande não 
consegue ser exposta devido ao estreitamento do prepúcio, diz-se que a pessoa tem 
fimose. 
A uretra é comumente um canal destinado para a urina, mas os músculos na entrada 
da bexiga se contraem durante a ereção para que nenhuma urina entre no sêmen e nenhum 
sêmen entre na bexiga. Todos os espermatozóides não ejaculados são reabsorvidos pelo 
corpo dentro de algum tempo. 
Saco Escrotal ou Bolsa Escrotal ou Escroto: Um espermatozóide leva cerca de 70 
dias para ser produzido. Eles não podem se desenvolver adequadamente na temperatura 
normal do corpo (36,5°C). Assim, os testículos se localizam na parte externa do corpo, 
dentro da bolsa escrotal, que tem a função de termorregulação (aproximam ou afastam os 
testículos do corpo), mantendo-os a uma temperatura geralmente em torno de 1 a 3 °C 
abaixo da corporal. 
 
PUBERDADE: os testículos da criança permanecem inativos até que são estimulados 
entre 10 e 14 anos pelos hormônios gonadotróficos da glândula hipófise (pituitária) 
O hipotálamo libera FATORES LIBERADORES DOS HORMÔNIOS 
GONADOTRÓFICOS que fazem a hipófise liberar FSH (hormônio folículo estimulante) e LH 
(hormônio luteinizante). 
FSH à estimula a espermatogênese pelas células dos túbulos seminíferos. 
 85 
LH à estimula a produção de testosterona pelas células intersticiais dos testículos à 
características sexuais secundárias, elevação do desejo sexual. 
TESTOSTERONA 
Efeito na Espermatogênese. A testosterona faz com que os testículos cresçam. Ela 
deve estar presente, também, junto com o folículo estimulante, antes que a 
espermatogênese se complete. 
Efeito nos caracteres sexuais masculinos. Depois que um feto começa a se 
desenvolver no útero materno, seus testículos começam a secretar testosterona, quando 
tem poucas semanas de vida apenas. Essa testosterona, então, auxilia o feto a desenvolver 
órgãos sexuais masculinos e características secundárias masculinas. Isto é, acelera a 
formação do pênis, da bolsa escrotal, da próstata, das vesículas seminais, dos ductos 
deferentes e dos outros órgãos sexuais masculinos. Além disso, a testosterona faz com que 
os testículos desçam da cavidade abdominal para a bolsa escrotal; se a produção de 
testosterona pelo feto é insuficiente, os testículos não conseguem descer; permanecem na 
cavidade abdominal. A secreção da testosterona pelos testículos fetais é estimulada por um 
hormônio chamado gonadotrofina coriônica, formado na placenta durante a gravidez. 
Imediatamente após o nascimento da criança, a perda de conexão com a placenta remove 
esse feito estimulador, de modo que os testículos deixam de secretar testosterona. Em 
conseqüência, as características sexuais interrompem seu desenvolvimento desde o 
nascimento até à puberdade. Na puberdade, o reaparecimento da secreção de testosterona 
induz os órgãos sexuais masculinos a retomar o crescimento. Os testículos, a bolsa escrotal 
e o pênis crescem, então, aproximadamente mais 10 vezes. 
Efeito nos caracteres sexuais secundários. Além dos efeitos sobre os órgãos 
genitais, a testosterona exerce outros efeitos gerais por todo o organismo para dar ao 
homem adulto suas características distintivas. Faz com que os pêlos cresçam na face, ao 
longo da linha média do abdome, no púbis e no tórax. Origina, porém, a calvície nos 
homens que tenham predisposição hereditária para ela. Estimula o crescimento da laringe, 
de maneira que o homem, após a puberdade fica com a voz mais grave. Estimula um 
aumento na deposição de proteína nos músculos, pele, ossos e em outras partes do corpo, 
de maneira que o adolescente do sexo masculino se torna geralmente maior e mais 
musculoso do que a mulher, nessa fase. Algumas vezes, a testosterona também promove 
uma secreção anormal das glândulas sebáceas da pele, fazendo com que se desenvolva a 
acne pós-puberdade na face. 
Na ausência de testosterona, as características sexuais secundárias não se 
desenvolvem e o indivíduo mantém um aspecto sexualmente infantil. 
‾Hormônios Sexuais Masculinos 
Glândula Hormônio Órgão-alvo Principais ações 
Hipófise FSH e LH testículos 
estimulam a produção de testosterona pelas 
células de Leydig (intersticiais) e controlam a 
produção de espermatozóides. 
diversos 
estimula o aparecimento dos caracteres 
sexuais secundários. 
Testículos Testosterona 
Sistema Reprodutor 
induz o amadurecimento dos órgãos genitais, 
promove o impulso sexual e controla a 
produção de espermatozóides 
 
 
 
9 - SISTEMA REPRODUTOR FEMININO 
 
O sistema reprodutor feminino é constituído por dois ovários, duas tubas uterinas 
(trompas de Falópio), um útero, uma vagina, uma vulva. Ele está localizado no interior da 
cavidade pélvica. A pelve constitui um marco ósseo forte que realiza uma função protetora. 
 86 
 
A vagina é um canal de 8 a 10 cm de 
comprimento, de paredes elásticas, que liga o 
colo do útero aos genitais externos. Contém 
de cada lado de sua abertura, porém 
internamente, duas glândulas denominadas 
glândulas de Bartholin, que secretam um 
muco lubrificante. 
A entrada da vagina é protegida por uma 
membrana circular - o hímen - que fecha 
parcialmente o orifício vulvo-vaginal
e é quase 
sempre perfurado no centro, podendo ter 
formas diversas. Geralmente, essa membrana 
se rompe nas primeiras relações sexuais. 
A vagina é o local onde o pênis deposita 
os espermatozóides na relação sexual. Além 
de possibilitar a penetração do pênis, possibilita a expulsão da menstruação e, na hora do 
parto, a saída do bebê. 
A genitália externa ou vulva é delimitada e protegida por duas pregas cutâneo-
mucosas intensamente irrigadas e inervadas - os grandes lábios. Na mulher 
reprodutivamente madura, os grandes lábios são recobertos por pêlos pubianos. Mais 
internamente, outra prega cutâneo-mucosa envolve a abertura da vagina - os pequenos 
lábios - que protegem a abertura da uretra e da vagina. Na vulva também está o clitóris, 
formado por tecido esponjoso erétil, homólogo ao pênis do homem. 
Ovários: são as gônadas femininas. 
Produzem estrógeno e progesterona, 
hormônios sexuais femininos que serão 
vistos mais adiante. 
 
No final do desenvolvimento 
embrionário de uma menina, ela já tem 
todas as células que irão transformar-se 
em gametas nos seus dois ovários. Estas 
células - os ovócitos primários - 
encontram-se dentro de estruturas 
denominadas folículos de Graaf ou 
folículos ovarianos. A partir da 
adolescência, sob ação hormonal, os folículos ovarianos começam a crescer e a 
desenvolver. Os folículos em desenvolvimento secretam o hormônio estrógeno. 
Mensalmente, apenas um folículo geralmente completa o desenvolvimento e a maturação, 
rompendo-se e liberando o ovócito secundário (gaemta feminino): fenômeno conhecido 
como ovulação. Após seu rompimento, a massa celular resultante transforma-se em corpo 
lúteo ou amarelo, que passa a secretar os hormônios progesterona e estrógeno. Com o 
tempo, o corpo lúteo regride e converte-se em corpo albicans ou corpo branco, uma 
pequena cicatriz fibrosa que irá permanecer no ovário. 
 87 
O gameta feminino liberado na superfície de um dos ovários é recolhido por finas 
terminações das tubas uterinas - as fímbrias. 
Tubas uterinas, ovidutos ou trompas de Falópio: são dois ductos que unem o 
ovário ao útero. Seu epitélio de revestimento é formados por células ciliadas. Os batimentos 
dos cílios microscópicos e os movimentos peristálticos das tubas uterinas impelem o 
gameta feminino até o útero. 
 
 
Útero: órgão oco situado na cavidade pélvica anteriormente à 
bexiga e posteriormente ao reto, de parede muscular espessa 
(miométrio) e com formato de pêra invertida. É revestido 
internamente por um tecido vascularizado rico em glândulas - o 
endométrio. 
 
A pituitária (hipófise) anterior das meninas, como a dos 
meninos, não secreta praticamente nenhum hormônio gonadotrópico 
até à idade de 10 a 14 anos. Entretanto, por essa época, começa a 
secretar dois hormônios gonadotrópicos. No inicio, secreta 
principalmente o hormônio foliculo-estimulante (FSH), que inicia a vida sexual na menina em 
crescimento; mais tarde, secreta o harmônio luteinizante (LH), que auxilia no controle do 
ciclo menstrual. 
Hormônio Folículo-Estimulante: causa a proliferação das células foliculares 
ovarianas e estimula a secreção de estrógeno, levando as cavidades foliculares a 
desenvolverem-se e a crescer. 
Hormônio Luteinizante: aumenta ainda mais a secreção das células foliculares, 
estimulando a ovulação. 
Hormônios Sexuais Femininos 
Os dois hormônios ovarianos, o estrogênio e a progesterona, são responsáveis pelo 
desenvolvimento sexual da mulher e pelo ciclo menstrual. Esses hormônios, como os 
hormônios adrenocorticais e o hormônio masculino testosterona, são ambos compostos 
esteróides, formados, principalmente, de um lipídio, o colesterol. Os estrogênios são, 
realmente, vários hormônios diferentes chamados estradiol, estriol e estrona, mas que têm 
funções idênticas e estruturas químicas muito semelhantes. Por esse motivo, são 
considerados juntos, como um único hormônio. 
Funções do Estrogênio: o estrogênio induz as células de muitos locais do organismo, 
a proliferar, isto é, a aumentar em número. Por exemplo, a musculatura lisa do útero, 
aumenta tanto que o órgão, após a puberdade, chega a duplicar ou, mesmo, a triplicar de 
tamanho. O estrogênio também provoca o aumento da vagina e o desenvolvimento dos 
lábios que a circundam, faz o púbis se cobrir de pêlos, os quadris se alargarem e o estreito 
pélvico assumir a forma ovóide, em vez de afunilada como no homem; provoca o 
desenvolvimento das mamas e a proliferação dos seus elementos glandulares, e, 
finalmente, leva o tecido adiposo a concentrar-se, na mulher, em áreas como os quadris e 
coxas, dando-lhes o arredondamento típico do sexo. Em resumo, todas as características 
que distinguem a mulher do homem são devido ao estrogênio e a razão básica para o 
 88 
desenvolvimento dessas características é o estímulo à proliferação dos elementos celulares 
em certas regiões do corpo. 
O estrogênio também estimula o crescimento de todos os ossos logo após a 
puberdade, mas promove rápida calcificação óssea, fazendo com que as partes dos ossos 
que crescem se "extingam" dentro de poucos anos, de forma que o crescimento, então, 
pára. A mulher, nessa fase, cresce mais rapidamente que o homem, mas pára após os 
primeiros anos da puberdade; já o homem tem um crescimento menos rápido, porém mais 
prolongado, de modo que ele assume uma estatura maior que a da mulher, e, nesse ponto, 
também se diferenciam os dois sexos. 
O estrogênio tem, outrossim, efeitos muito importantes no revestimento interno do 
útero, o endométrio, no ciclo menstrual. 
Funções da Progesterona: a progesterona tem pouco a ver com o desenvolvimento 
dos caracteres sexuais femininos; está principalmente relacionada com a preparação do 
útero para a aceitação do embrião e à preparação das mamas para a secreção láctea. Em 
geral, a progesterona aumenta o grau da atividade secretória das glândulas mamárias e, 
também, das células que revestem a parede uterina, acentuando o espessamento do 
endométrio e fazendo com que ele seja intensamente invadido por vasos sangüíneos; 
determina, ainda, o surgimento de numerosas glândulas produtoras de glicogênio. 
Finalmente, a progesterona inibe as contrações do útero e impede a expulsão do embrião 
que se está implantando ou do feto em desenvolvimento. 
CICLO MENSTRUAL 
O ciclo menstrual na mulher é causado pela secreção alternada dos hormônios 
folículo-estimulante e luteinizante, pela pituitária (hipófise) anterior (adenohipófise), e dos 
estrogênios e progesterona, pelos ovários. O ciclo de fenômenos que induzem essa 
alternância tem a seguinte explicação: 
1. No começo do ciclo menstrual, isto é, quando a menstruação se inicia, a pituitária 
anterior secreta maiores quantidades de hormônio folículo-estimulante juntamente com 
pequenas quantidades de hormônio luteinizante. Juntos, esses hormônios promovem o 
crescimento de diversos folículos nos ovários e acarretam uma secreção considerável de 
estrogênio (estrógeno). 
2. Acredita-se que o estrogênio tenha, então, dois efeitos seqüenciais sobre a 
secreção da pituitária anterior. Primeiro, inibiria a secreção dos hormônios folículo-
estimulante e luteinizante, fazendo com que suas taxas declinassem a um mínimo por volta 
do décimo dia do ciclo. Depois, subitamente a pituitária anterior começaria a secretar 
quantidades muito elevadas de ambos os hormônios mas principalmente do hormônio 
luteinizante. É essa fase de aumento súbito da secreção que provoca o rápido 
desenvolvimento final de um dos folículos ovarianos e a sua ruptura dentro de cerca de dois 
dias. 
3. O processo de ovulação, que ocorre por volta do décimo quarto dia de um ciclo 
normal de 28 dias, conduz ao desenvolvimento do corpo lúteo ou corpo amarelo, que 
secreta quantidades elevadas de progesterona e quantidades consideráveis de estrogênio. 
4. O estrogênio e a progesterona
secretados pelo corpo lúteo inibem novamente a 
pituitária anterior, diminuindo a taxa de secreção dos hormônios folículo-estimulante e 
luteinizante. Sem esses hormônios para estimulá-lo, o corpo lúteo involui, de modo que a 
secreção de estrogênio e progesterona cai para níveis muito baixos. É nesse momento que 
a menstruação se inicia, provocada por esse súbito declínio na secreção de ambos os 
hormônios. 
5. Nessa ocasião, a pituitária anterior, que estava inibida pelo estrogênio e pela 
progesterona, começa a secretar outra vez grandes quantidades de hormônio folículo-
estimulante, iniciando um novo ciclo. Esse processo continua durante toda a vida 
reprodutiva da mulher. 
 89 
 
OBSERVAÇÃO: a ovulação ocorre aproximadamente 
entre 10-12 horas após o pico de LH. No ciclo regular, o 
período de tempo a partir do pico de LH até a menstruação está 
constantemente próximo de 14 dias. Dessa forma, da ovulação 
até a próxima menstruação decorrem 14 dias. 
Apesar de em um ciclo de 28 dias a ovulação ocorrer 
aproximadamente na metade do ciclo, nas mulheres que têm 
ciclos regulares, não importa a sua duração, o dia da 
ovulação pode ser calculado como sendo o 14º dia ANTES 
do início da menstruação. 
Generalizando, pode-se dizer que, se o ciclo menstrual 
tem uma duração de n dias, o possível dia da ovulação é n – 
14, considerando n = dia da próxima menstruação. 
 
Exemplo: determinada mulher, com ciclo menstrual 
regular de 28 dias, resolveu iniciar um relacionamento íntimo 
com seu namorado. Como não planejavam ter filhos, optaram 
pelo método da tabelinha, onde a mulher calcula o período fértil 
em relação ao dia da ovulação. Considerando que a mulher é 
fértil durante aproximadamente nove dias por ciclo e que o 
último ciclo dessa mulher iniciou-se no dia 22 de setembro de 
2006, calcule seu período fértil. 
1º dia do ciclo  endométrio bem desenvolvido, 
espesso e vascularizado começa a descamar  
menstruação 
 
hipófise aumenta a produção de FSH, que atinge 
a concentração máxima por volta do 7º dia do 
ciclo. 
 
amadurecimento dos folículos ovarianos 
 
secreção de estrógeno pelo folículo em 
desenvolvimento 
 
concentração alta de estrógeno inibe secreção de 
FSH e estimula a secreção de LH pela hipófise / 
concentração alta de estrógeno estimula 
ocrescimento do endométrio. 
 
concentração alta de LH estimula a ovulação (por 
volta do 14º dia de um ciclo de 28 dias) 
 
alta taxa de LH estimula a formação do corpo 
lúteo ou amarelo no folículo ovariano 
 
corpo lúteo inicia a produção de progesterona 
 
estimula as glândulas do endométrio a 
secretarem seus produtos 
 
aumento da progesterona inibe produção de LH e 
FSH 
 
corpo lúteo regride e reduz concentração de 
progesterona 
 
menstruação 
 
 
 90 
Resposta: Considerando o primeiro dia do ciclo como 22 e que seu ciclo é de 28 dias, 
temos: 
22 23 24 25 26 27 28 29 30 
[01 02 03 04 05 06 07 08 09] 
10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 
Menstruará novamente no dia 19/10 (n). Ocorrendo a ovulação 14 dias ANTES da 
menstruação, esta se dará no dia 05/10 (considerando a fórmula n - 14, teremos: 19 - 14 = 
5, ou seja, dia 05 será seu provável dia de ovulação). Como seu período fértil aproximado 
localiza-se 4 dias antes e 4 dias após a ovulação, então o início dos dias férteis será 01/10 e 
o término, 09/10. Resposta: 45. 
Como é comum em algumas mulheres uma pequena variação no tamanho do ciclo 
menstrual, o cálculo para o período fértil deverá compreender o ciclo mais curto e o mais 
longo. Neste caso, primeiramente a mulher deverá anotar o 1° dia da menstruação durante 
vários meses e calcular a duração de seus ciclos (cada um deles contado do primeiro dia da 
menstruação). A partir daí, deverá proceder da seguinte forma para calcular o período fértil: 
1. subtrair 14 dias do ciclo mais curto (dia da ovulação); 
2. subtrair 14 dias do ciclo mais longo (dia da ovulação); 
3. subtrair pelo menos 3 dias do dia da ovulação do ciclo mais curto e 
somar 3 dias ao dia da ovulação do ciclo mais longo. 
Exemplo: suponha que o ciclo mais curto da mulher exemplificada anteriormente 
tenha sido de 26 dias e o mais longo, de 30 dias. O cálculo do período fértil será feito assim: 
1. subtraindo 14 dias do ciclo mais curto: 26 a ovulação deverá 
ter ocorrido no 12° dia do ciclo mais curto; 
2. subtraindo 14 dias do ciclo mais longo: 30 a ovulação deverá 
ter ocorrido no 16° dia do ciclo mais longo; 
3. subtraindo 3 dias do dia da ovulação do ciclo mais curto (12 e 
somando 3 dias ao dia da ovulação do ciclo mais longo (16 + 3 = 19), o período fértil 
ficará entre o 9° e o 19° dia de qualquer ciclo menstrual desta mulher. Os dias 
restantes serão os dias não-férteis. 
OBSERVAÇÃO: os cálculos acima só funcionam para mulheres com ciclos regulares 
(ou que sofrem apenas pequenas variações nos ciclos). 
 
Concluindo, o ciclo menstrual pode ser dividido em 4 fases: 
1. Fase menstrual: corresponde aos dias de menstruação e dura cerca 
de 3 a 7 dias, geralmente. 
2. Fase proliferativa ou estrogênica: período de secreção de estrógeno 
pelo folículo ovariano, que se encontra em maturação. 
3. Fase secretora ou lútea: o final da fase proliferativa e o início da fase 
secretora é marcado pela ovulação. Essa fase é caracterizada pela intensa ação do 
corpo lúteo. 
4. Fase pré-menstrual ou isquêmica: período de queda das 
concentrações dos hormônios ovarianos, quando a camada superficial do 
endométrio perde seu suprimento sangüíneo normal e a mulher está prestes a 
menstruar. Dura cerca de dois dias, podendo ser acompanhada por dor de cabeça, 
dor nas mamas, alterações psíquicas, como irritabilidade e insônia (TPM ou Tensão 
Pré-Menstrual). 
HORMÔNIOS DA GRAVIDEZ 
 
Gonadotrofina coriônica humana (HCG): 
é um hormônio glicoproteíco, secretado desde o 
início da formação da placenta pelas células 
trofoblásticas, após nidação (implantação) do 
blastocisto (*). A principal função fisiológica deste 
hormônio é a de manter o corpo lúteo, de modo 
que as taxas de progesterona e estrogênio não 
 91 
diminuam, garantindo, assim, a manutenção da gravidez (inibição da menstruação) e a 
ausência de nova ovulação. Por volta da 15ª semana de gestação, com a placenta já 
formada e madura produzindo estrógeno e progesterona, ocorre declínio acentuado na 
concentração de HCG e involução do corpo lúteo. 
 
O HCG também concede uma 
imunossupressão à mulher, para que ela não 
rejeite o embrião (inibe a produção de 
anticorpos pelos linfócitos); tem atividade 
tireotrófica e também estimula a produção de 
testosterona pelo testículo fetal (estimula as 
células de Leydig a produzirem maior 
quantidade de androgênios), importante para 
a diferenciação sexual do feto do sexo 
masculino. 
 
(*) O blastocisto é um estágio inicial do 
desenvolvimento embrionário, formado por 
uma camada de células denominada 
trofoblasto ou células trofobláticas que 
envolve o botão embrionário. Após a nidação 
o trofoblasto forma projeções na mucosa 
uterina chamadas vilosidades coriônicas, 
principais responsáveis pela produção de 
HCG. 
Hormônio lactogênio placentário humano: é um hormônio protéico, de estrutura 
química semelhante à da prolactina e da somatotrofina hipofisária. É encontrado no plasma 
da gestante a partir da 4ª semana de gestação. Tem efeito lipolítico, aumenta a resistência 
materna à ação da insulina e estimula o pâncreas na secreção de insulina, ajudando no 
crescimento fetal, pois proporciona maior quantidade de glicose e de nutrientes para o feto 
em desenvolvimento. 
Hormônio melanotrófico: atua nos melanócitos para liberação
de melanina, 
aumentando a pigmentação da aréola, abdomên e face. 
Aldosterona: mantém o equilíbrio de sódio, pois a progesterona estimula a eliminação 
do mesmo, e a aldosterona promove sua reabsorção. 
Progesterona: relaxa a musculatura lisa, o que diminui a contração uterina, para não 
ter a expulsão do feto. Aumenta o endométrio, pois se o endométrio não estiver bem 
desenvolvido, poderá ocorrer um aborto natural ou o blastocisto se implantar (nidação) além 
do endométrio. Este hormônio é importante para o equilíbrio hidro-eletrolítico, além de 
estimular o centro respiratório no cérebro, fazendo com que aumente a ventilação, e 
conseqüentemente, fazendo com que a mãe mande mais oxigênio para o feto. 
Complementa os efeitos do estrogênio nas mamas, promovendo o crescimento dos 
elementos glandulares, o desenvolvimento do epitélio secretor e a deposição de nutrientes 
nas células glandulares, de modo que, quando a produção de leite for solicitada a matéria-
prima já esteja presente. 
Estrogênio: promove rápida proliferação da musculatura uterina; grande 
desenvolvimento do sistema vascular do útero; aumento dos órgãos sexuais externos e da 
abertura vaginal, proporcionando uma via mais ampla para o parto; rápido aumento das 
mamas; contribui ainda para a manutenção hídrica e aumenta a circulação. Dividido em 
estradiol e estrona - que estão na corrente materna; e estriol - que está na corrente fetal, é 
medido para avaliar a função feto-placentária e o bem estar fetal. 
HORMÔNIOS DO PARTO 
A ocitocina é um hormônio que potencializa as contrações uterinas tornando-as fortes 
e coordenadas, até completar-se o parto. 
Quando inicia a gravidez, não existem receptores no útero para a ocitocina. Estes 
receptores vão aparecendo gradativamente no decorrer da gravidez. Quando a ocitocina se 
liga a eles, causa a contração do músculo liso uterino e também, estimulação da produção 
de prostaglandinas, pelo útero, que ativará o músculo liso uterino. 
 92 
 
Imagens: www.embarazada.com 
 
O parto depende tanto da secreção de ocitocina quanto da produção das 
prostaglandinas, porque sem estas, não haverá a adequada dilatação do colo do útero e 
conseqüentemente, o parto não irá progredir normalmente. Não são bem conhecidos os 
fatores desencadeantes do trabalho de parto, mas sabe-se que, quando o hipotálamo do 
feto alcança certo grau de maturação, estimula a hipófise fetal a liberar ACTH. Agindo sobre 
a adrenal do feto, esse hormônio aumenta a secreção de cortisol e outros hormônios, que 
estimulam a placenta a secretar prostaglandinas. Estas promovem contrações da 
musculatura lisa do útero. Ainda não se sabe o que impede o parto prematuro, uma vez que 
nas fases finais da gravidez, há uma elevação do nível de ocitocina e de seus receptores, o 
que poderia ocasionar o início do trabalho de parto, antes do fim total da gravidez. Existem 
possíveis fatores inibitórios do trabalho de parto, como a proporção estrogênio/progesterona 
e o nível de relaxina, hormônio produzido pelo corpo lúteo do ovário e pela placenta. 
A progesterona mantém seus níveis elevados durante toda a gravidez, inibindo o 
músculo liso uterino e bloqueando sua resposta a ocitocina e as prostaglandinas. O 
estrogênio aumenta o grau de contratilidade uterina. Na última etapa da gestação, o 
estrogênio tende a aumentar mais que a progesterona, o que faz com que o útero consiga 
ter uma contratilidade maior. 
 93 
A relaxina aumenta o número de receptores para a ocitocina, além de produzir um 
ligeiro amolecimento das articulações pélvicas (articulações da bacia) e das suas cápsulas 
articulares, dando-lhes a flexibilidade necessária para o parto (por provocar remodelamento 
do tecido conjuntivo, afrouxa a união entre os ossos da bacia e alarga o canal de passagem 
do feto). Tem ação importante no útero para que ele se distenda, a medida em que o bebê 
cresce. O nível de relaxina aumenta ao máximo antes do parto e depois cai rapidamente. 
Ainda não se conhecem os fatores que realmente interferem no trabalho de parto, mas 
uma vez que ele tenha iniciado, há um aumento no nível de ocitocina, elevando muito sua 
secreção, o que continua até a expulsão do feto. 
OS HORMÔNIOS E OS MECANISMOS DA LACTAÇÃO 
 
O início da lactação se dá com a produção de leite, 
que ocorre nos alvéolos das glândulas mamárias. O leite 
sai dos alvéolos e caminha até o mamilo através dos 
seios lactíferos. 
O estrogênio, associado aos hormônios da tireóide, 
aos corticosteróides adrenais e a insulina, promovem o 
desenvolvimento das mamas. Este desenvolvimento vai 
ser acentuado pela ação da progesterona, que também 
estimula a proliferação dos dutos. 
Durante a gravidez, há a necessidade de uma proliferação dos alvéolos e dos dutos 
para a lactação. Isto ocorre devido à ação dos hormônios progesterona e estrogênio. O 
lactogênio placentário e a prolactina também são muito importantes na preparação das 
mamas. 
A prolactina começa a ser produzida ainda na puberdade, mas em pequena 
quantidade. O surto deste hormônio acontece em decorrência da gravidez, e é aumentado, 
gradativamente, durante a amamentação. Tal hormônio é responsável pelo crescimento e 
pela atividade secretora dos alvéolos mamários. O lactogênio placentário age como a 
prolactina, desenvolvendo os alvéolos. 
Estes dois hormônios estão presentes durante toda a gravidez, porém suas 
quantidades não são aumentadas, devido a inibição causada pelos altos níveis de 
progesterona e estrogênio. Ao final do trabalho de parto, há uma queda nos níveis destes 
dois últimos hormônios, ocasionando um aumento nas quantidades de prolactina e 
lactogênio placentário, o que possibilita o início da produção de leite. Enquanto houver a 
sucção do mamilo pelo bebê, a prolactina continuará produzindo leite. Isto acontece porque 
quando o bebê faz esta sucção nos mamilos, estimula o hipotálamo a secretar o fator 
liberador da prolactina, mantendo seus níveis e, conseqüentemente, a produção de leite. A 
produção de leite só irá diminuir ou cessar completamente se a mãe não amamentar seu 
filho, pois neste caso, não haverá mais a estimulação decorrente da sucção do mamilo. A 
sucção do mamilo também estimulará a hipófise posterior, que irá secretar ocitocina. Este 
hormônio é o responsável pela ejeção do leite. Tal mecanismo ocorre porque a ocitocina 
contrai os músculos ao redor dos alvéolos, fazendo com que o leite caminhe até o mamilo. 
O leite só começa a ser produzido depois do primeiro dia do nascimento. Até este período, 
haverá a secreção e liberação do colostro, que é um líquido aquoso, de cor amarelada, que 
contém anticorpos maternos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 94 
Glândula Hormônio Órgão-alvo Principais ações 
FSH ovário 
estimula o desenvolvimento 
do folículo, a secreção de 
estrógeno e a ovulação 
LH ovário 
estimula a ovulação e o 
desenvolvimento do corpo 
amarelo. 
Prolactina mamas 
estimula a produção de 
leite (após a estimulação 
prévia das glândulas 
mamárias por estrógeno e 
progesterona). 
Hipófise 
Ocitocina Útero e mamas 
- secretado em quantidades 
moderadas durante a última 
fase da gravidez e em 
grande quantidade durante 
o parto. Promove a 
contração do útero para a 
expulsão da criança. 
- promove a ejeção do leite 
durante a amamentação 
diversos 
crescimento do corpo e dos 
órgãos sexuais; estimula o 
desenvolvimento das 
características sexuais 
secundárias. 
hipófise 
inibe a produção de FSH e 
estimula a produção de LH 
Estrógeno 
Sistema Reprodutor 
estimula a maturação dos 
órgãos reprodutores e do 
endométrio, preparando o 
útero para a gravidez 
hipófise inibe a produção de LH 
útero 
completa a regeneração da 
mucosa uterina, estimula a 
secreção das glândulas 
endometriais e mantém o 
útero preparado para a 
gravidez. 
Ovário 
Progesterona
mamas 
estimula o desenvolvimento 
das glândulas mamárias 
para secreção láctea. 
Placenta HGC corpo lúteo 
estimula a produção de 
progesterona e estrógeno; 
inibe a menstruação e nova 
ovulação. 
 
 
 
 
 
 
 95 
10 - SISTEMA ENDÓCRINO 
Dá-se o nome de sistema endócrino ao conjunto de órgãos que apresentam como 
atividade característica a produção de secreções denominadas hormônios, que são 
lançados na corrente sangüínea e irão atuar em outra parte do organismo, controlando ou 
auxiliando o controle de sua função. Os órgãos que têm sua função controlada e/ou 
regulada pelos hormônios são denominados órgãos-alvo. 
Constituição dos órgãos do sistema endócrino 
Os tecidos epiteliais de secreção ou epitélios glandulares 
formam as glândulas, que podem ser uni ou pluricelulares. As 
glândulas pluricelulares não são apenas aglomerados de 
células que desempenham as mesmas funções básicas e têm 
a mesma morfologia geral e origem embrionária - o que 
caracteriza um tecido. São na verdade órgãos definidos com 
arquitetura ordenada. Elas estão envolvidas por uma cápsula 
conjuntiva que emite septos, dividindo-as em lobos. Vasos 
sangüíneos e nervos penetram nas glândulas, fornecendo 
alimento e estímulo nervoso para as suas funções. 
 
Os hormônios influenciam praticamente todas as funções dos demais sistemas 
corporais. Freqüentemente o sistema endócrino interage com o sistema nervoso, formando 
mecanismos reguladores bastante precisos. O sistema nervoso pode fornecer ao endócrino 
a informação sobre o meio externo, ao passo que o sistema endócrino regula a resposta 
interna do organismo a esta informação. Dessa forma, o sistema endócrino, juntamente com 
o sistema nervoso, atuam na coordenação e regulação das funções corporais. 
Alguns dos principais órgãos produtores de hormônios 
Alguns dos principais órgãos produtores de hormônios no homem são a hipófise, o 
hipotálamo, a tireóide, as paratireóides, as supra-renais, o pâncreas e as gônadas. 
10.1 - Hipófise ou pituitária 
 
Situa-se na base do 
encéfalo, em uma cavidade 
do osso esfenóide chamada 
tela túrcica. Nos seres 
humanos tem o tamanho 
aproximado de um grão de 
ervilha e possui duas partes: 
o lobo anterior (ou adeno-
hipófise) e o lobo posterior 
(ou neuro-hipófise). 
 96 
 
 
Além de exercerem efeitos sobre órgãos não-
endócrinos, alguns hormônios, produzidos pela hipófise 
são denominados trópicos (ou tróficos) porque atuam 
sobre outras glândulas endócrinas, comandando a 
secreção de outros hormônios. São eles: 
• Tireotrópicos: atuam sobre a glândula endócrina 
tireóide. 
• Adrenocorticotrópicos: atuam sobre o córtex da 
glândula endócrina adrenal (supra-renal) 
• Gonadotrópicos: atuam sobre as gônadas 
masculinas e femininas. 
• Somatotrófico: atua no crescimento, promovendo 
o alongamento dos ossos e estimulando a síntese 
de proteínas e o desenvolvimento da massa 
muscular. Também aumenta a utilização de 
gorduras e inibe a captação de glicose plasmática 
pelas células, aumentando a concentração de 
glicose no sangue (inibe a produção de insulina 
pelo pâncreas, predispondo ao diabetes). 
 
Imagem: CÉSAR & CEZAR. Biologia 2. São Paulo, Ed Saraiva, 2002 
10.2 - Hipotálamo 
 
 Localizado no cérebro diretamente 
acima da hipófise, é conhecido por exercer 
controle sobre ela por meios de conexões 
neurais e substâncias semelhantes a 
hormônios chamados fatores 
desencadeadores (ou de liberação), o meio 
pelo qual o sistema nervoso controla o 
comportamento sexual via sistema 
endócrino. 
 97 
O hipotálamo estimula a glândula 
hipófise a liberar os hormônios 
gonadotróficos (FSH e LH), que atuam 
sobre as gônadas, estimulando a liberação 
de hormônios gonadais na corrente 
sanguínea. Na mulher a glândula-alvo do 
hormônio gonadotrófico é o ovário; no 
homem, são os testículos. Os hormônios 
gonadais são detectados pela pituitária e 
pelo hipotálamo, inibindo a liberação de 
mais hormônio pituitário, por feed-back. 
Como a hipófise secreta hormônios 
que controlam outras glândulas e está 
subordinada, por sua vez, ao sistema 
nervoso, pode-se dizer que o sistema 
endócrino é subordinado ao nervoso e que 
o hipotálamo é o mediador entre esses dois 
sistemas. 
 
Imagem: CÉSAR & CEZAR. Biologia 2. São Paulo, Ed 
Saraiva, 2002 
O hipotálamo também produz outros 
fatores de liberação que atuam sobre a 
adeno-hipófise, estimulando ou inibindo 
suas secreções. Produz também os 
hormônios ocitocina e ADH (antidiurético), 
armazenados e secretados pela neuro-
hipófise. 
 
 
 
 
 
 
 
 
10.3 - Tireóide 
Localiza-se no pescoço, estando apoiada sobre as cartilagens da laringe e da traquéia. 
Seus dois hormônios, triiodotironina (T3) e tiroxina (T4), aumentam a velocidade dos 
processos de oxidação e de liberação de energia nas células do corpo, elevando a taxa 
metabólica e a geração de calor. Estimulam ainda a produção de RNA e a síntese de 
proteínas, estando relacionados ao crescimento, maturação e desenvolvimento. A 
calcitonina, outro hormônio secretado pela tireóide, participa do controle da concentração 
sangüínea de cálcio, inibindo a remoção do cálcio dos ossos e a saída dele para o plasma 
sangüíneo, estimulando sua incorporação pelos ossos. 
 98 
 
10.4 - Paratireóides 
São pequenas glândulas, geralmente em número de quatro, localizadas na região 
posterior da tireóide. Secretam o paratormônio, que estimula a remoção de cálcio da matriz 
óssea (o qual passa para o plasma sangüíneo), a absorção de cálcio dos alimentos pelo 
intestino e a reabsorção de cálcio pelos túbulos renais, aumentando a concentração de 
cálcio no sangue. Neste contexto, o cálcio é importante na contração muscular, na 
coagulação sangüínea e na excitabilidade das células nervosas. 
 
 
10.5 - Adrenais ou supra-renais - São duas 
glândulas localizadas sobre os rins, divididas em 
duas partes independentes – medula e córtex - 
secretoras de hormônios diferentes, comportando-
se como duas glândulas. O córtex secreta três 
tipos de hormônios: os glicocorticóides, os 
mineralocorticóides e os androgênicos. 
 
 
 
 99 
10.6 - Pâncreas 
É uma glândula mista ou anfícrina – apresenta determinadas regiões endócrinas e 
determinadas regiões exócrinas (da porção secretora partem dutos que lançam as 
secreções para o interior da cavidade intestinal) ao mesmo tempo. As chamadas ilhotas de 
Langerhans são a porção endócrina, onde estão as células que secretam os dois 
hormônios: insulina e glucagon, que atuam no metabolismo da glicose. 
 
 
11 – SISTEMA SENSORIAL 
 
OS SENTIDOS: VISÃO, AUDIÇÃO, PALADAR, OLFATO E TATO 
Os órgãos dos sentidos 
Os sentidos fundamentais do corpo humano - visão, audição, tato, gustação ou paladar 
e olfato - constituem as funções que propiciam o nosso relacionamento com o ambiente. 
Por meio dos sentidos, o nosso corpo pode perceber muita coisa do que nos rodeia; 
contribuindo para a nossa sobrevivência e integração com o ambiente em que vivemos. 
Existem determinados receptores, altamente especializados, capazes de captar 
estímulos diversos. Tais receptores, chamados receptores sensoriais, são formados por 
células nervosas capazes de traduzir ou converter esses estímulos em impulsos elétricos ou 
nervosos que serão processados e analisados em centros específicos do sistema nervoso 
central (SNC), onde será produzida uma resposta (voluntária ou involuntária). A estrutura e 
o modo de funcionamento destes receptores nervosos especializados é diversa. 
Tipos de receptores: 
1) Exteroceptores: respondem a estímulos externos, originados fora do organismo. 
2) Proprioceptores: os receptores proprioceptivos encontram-se no esqueleto e nas 
inserções tendinosas, nos músculos esqueléticos (formando feixes
nervosos que envolvem 
as fibras musculares) ou no aparelho vestibular da orelha interna. Detectam a posição do 
indivíduo no espaço, assim como o movimento, a tensaõ e o estiramento musculares. 
3) Interoceptores: os receptores interoceptivos respondem a estímulos viscerais ou 
outras sensações como sede e fome. 
 100 
Em geral, os receptores sensitivos podem ser simples, como uma ramificação nervosa; 
mais complexos, formados por elementos nervosos interconectados ou órgãos complexos, 
providos de sofisticados sistemas funcionais. 
Dessa maneira: 
è pelo tato - 
sentimos o frio, o 
calor, a pressão 
atmosférica, etc; 
è pela 
gustação - 
identificamos os 
sabores; 
è pelo olfato - 
sentimos o odor ou 
cheiro; 
è pela audição 
- captamos os sons; 
è pela visão - 
observamos as 
cores, as formas, os 
contornos, etc. 
Portanto, em 
nosso corpo os 
órgãos dos sentidos 
estão encarregados 
de receber 
estímulos externos. 
Esses órgãos são: 
è a pele - para o tato; 
è a língua - para a gustação; 
è as fossas nasais - para o olfato; 
è os ouvidos - para a audição; 
è os olhos - para a visão. 
 
Imagem: AMABIS & MARTHO. Conceitos de Biologia Volume 2. São Paulo, Editora Moderna, 2001. 
11.1 - VISÃO 
ANATOMIA DO OLHO 
 
 
 
 
 
 
 
 101 
CRUZ, Daniel.O Corpo Humano. São Paulo, Ed. Ática, 2000. 
Os globos oculares estão alojados 
dentro de cavidades ósseas 
denominadas órbitas, compostas de 
partes dos ossos frontal, maxilar, 
zigomático, esfenóide, etmóide, lacrimal 
e palatino. Ao globo ocular encontram-se 
associadas estruturas acessórias: 
pálpebras, supercílios (sobrancelhas), 
conjuntiva, músculos e aparelho lacrimal. 
 
Cada globo ocular compõe-se de três túnicas e de quatro meios transparentes: 
Túnicas: 
1- túnica fibrosa externa: esclerótica (branco do olho). Túnica resistente de tecido 
fibroso e elástico que envolve externamente o olho (globo ocular) A maior parte da 
esclerótica é opaca e chama-se esclera, onde estão inseridos os músculos extra-oculares 
que movem os globos oculares, dirigindo-os a seu objetivo visual. A parte anterior da 
esclerótica chama-se córnea. É transparente e atua como uma lente convergente. 
2- túnica intermédia vascular pigmentada: úvea. Compreende a coróide, o corpo 
ciliar e a íris. A coróide está situada abaixo da esclerótica e é intensamente pigmentada. 
Esses pigmentos absorvem a luz que chega à retina, evitando sua reflexão. Acha-se 
intensamente vascularizada e tem a função de nutrir a retina. 
Possui uma estrutura muscular de cor variável – a íris, a qual é dotada de um orifício 
central cujo diâmetro varia, de acordo com a iluminação do ambiente – a pupila. 
A coróide une-se na parte anterior do olho ao corpo ciliar, estrutura formada por 
musculatura lisa e que envolve o cristalino, modificando sua forma. 
 
 
Em ambientes mal iluminados, 
por ação do sistema nervoso 
simpático, o diâmetro da pupila 
aumenta e permite a entrada de 
maior quantidade de luz. Em locais 
muito claros, a ação do sistema 
nervoso parassimpático acarreta 
diminuição do diâmetro da pupila e 
da entrada de luz. Esse 
mecanismo evita o ofuscamento e 
impede que a luz em excesso lese 
as delicadas células fotossensíveis 
da retina. 
3- túnica interna nervosa: retina. É a membrana mais interna e está debaixo da 
coróide. É composta por várias camadas celulares, designadas de acordo com sua relação 
ao centro do globo ocular. A camada mais interna, denominada camada de células 
ganglionares, contém os corpos celulares das células ganglionares, única fonte de sinais 
de saída da retina, que projeta axônios através do nervo óptico. Na retina encontram-se dois 
 102 
tipos de células fotossensíveis: os cones e os bastonetes. Quando excitados pela 
energia luminosa, estimulam as células nervosas adjacentes, gerando um impulso nervoso 
que se propaga pelo nervo óptico. 
A imagem fornecida pelos cones é mais nítida e mais rica em detalhes. Há três tipos de 
cones: um que se excita com luz vermelha, outro com luz verde e o terceiro, com luz azul. 
São os cones as células capazes de distinguir cores. 
Os bastonetes não têm poder de resolução visual tão bom, mas são mais sensíveis à 
luz que os cones. Em situações de pouca luminosidade, a visão passa a depender 
exclusivamente dos bastonetes. É a chamada visão noturna ou visão de penumbra. Nos 
bastonetes existe uma substância sensível à luz – a rodopsina – produzida a partir da 
vitamina A. A deficiência alimentar dessa vitamina leva à cegueira noturna e à 
xeroftalmia (provoca ressecamento da córnea, que fica opaca e espessa, podendo levar à 
cegueira irreversível). 
Há duas regiões especiais na retina: a fovea centralis (ou fóvea ou mancha amarela) 
e o ponto cego. A fóvea está no eixo óptico do olho, em que se projeta a imagem do objeto 
focalizado, e a imagem que nela se forma tem grande nitidez. É a região da retina mais 
altamente especializada para a visão de alta resolução. A fóvea contém apenas cones e 
permite que a luz atinja os fotorreceptores sem passar pelas demais camadas da retina, 
maximizando a acuidade visual. 
 
Acuidade visual 
A capacidade do olho de distinguir entre dois pontos próximos é chamada 
acuidade visual, a qual depende de diversos fatores, em especial do espaçamento 
dos fotorreceptores na retina e da precisão da refração do olho. 
 
Os cones são encontrados principalmente na retina central, em um raio de 10 graus a 
partir da fóvea. Os bastonetes, ausentes na fóvea, são encontrados principalmente na retina 
periférica, porém transmitem informação diretamente para as células ganglionares. 
No fundo do olho está o ponto cego, insensível a luz. No ponto cego não há cones 
nem bastonetes. Do ponto cego, emergem o nervo óptico e os vasos sangüíneos da retina. 
 
Meios transparentes: 
- Córnea: porção transparente da túnica externa (esclerótica); é circular no seu 
contorno e de espessura uniforme. Sua superfície é lubrificada pela lágrima, secretada 
pelas glândulas lacrimais e drenada para a cavidade nasal através de um orifício existente 
no canto interno do olho. 
 103 
 
- humor aquoso: fluido aquoso que se situa entre a córnea e o cristalino, preenchendo 
a câmara anterior do olho. 
- cristalino: lente biconvexa coberta por uma membrana transparente. Situa-se atrás 
da pupila e e orienta a passagem da luz até a retina. Também divide o interior do olho em 
dois compartimentos contendo fluidos ligeiramente diferentes: (1) a câmara anterior, 
preenchida pelo humor aquoso e (2) a câmara posterior, preenchida pelo humor vítreo. 
Pode ficar mais delgado ou mais espesso, porque é preso ao músculo ciliar, que pode 
torna-lo mais delgado ou mais curvo. Essas mudanças de forma ocorrem para desviar os 
raios luminosos na direção da mancha amarela. O cristalino fica mais espesso para a visão 
de objetos próximos e, mais delgado para a visão de objetos mais distantes, permitindo que 
nossos olhos ajustem o foco para diferentes distâncias visuais. A essa propriedade do 
cristalino dá-se o nome de acomodação visual. Com o envelhecimento, o cristalino pode 
perder a transparência normal, tornando-se opaco, ao que chamamos catarata. 
- humor vítreo: fluido mais viscoso e gelatinoso que se situa entre o cristalino e a 
retina, preenchendo a câmara posterior do olho. Sua pressão mantém o globo ocular 
esférico. 
Como já mencionado anteriormente, o globo ocular apresenta, ainda, anexos: as 
pálpebras, os cílios, as sobrancelhas ou supercílios, as glândulas lacrimais e os 
músculos oculares. 
As pálpebras são duas dobras de pele revestidas internamente por uma membrana 
chamada conjuntiva. Servem para proteger os olhos e espalhar sobre eles o líquido que 
conhecemos como lágrima. Os cílios ou pestanas impedem a entrada de poeira e de 
excesso de
luz nos olhos, e as sobrancelhas impedem que o suor da testa entre neles. As 
glândulas lacrimais produzem lágrimas continuamente. Esse líquido, espalhado pelos 
movimentos das pálpebras, lava e lubrifica o olho. Quando choramos, o excesso de líquido 
desce pelo canal lacrimal e é despejado nas fossas nasais, em direção ao exterior do nariz. 
 
 
 
 104 
11.2 - AUDIÇÃO 
11.2.1 - ANATOMIA DA ORELHA 
O órgão responsável pela audição é 
a orelha (antigamente denominado 
ouvido), também chamada órgão 
vestíbulo-coclear ou estato-acústico. 
A maior parte da orelha fica no 
osso temporal, que se localiza na caixa 
craniana. Além da função de ouvir, o 
ouvido também é responsável pelo 
equilíbrio. 
A orelha está dividida em três 
partes: orelhas externa, média e interna 
(antigamente denominadas ouvido 
externo, ouvido médio e ouvido interno). 
 
Imagem: CÉSAR & CEZAR. Biologia. São 
Paulo, Ed Saraiva, 2002 
 
a) ORELHA EXTERNA 
A orelha externa é formada pelo pavilhão auditivo 
(antigamente denominado orelha) e pelo canal auditivo externo 
ou meato auditivo. 
 
Todo o pavilhão auditivo (exceto o lobo ou lóbulo) é 
constituído por tecido cartilaginoso recoberto por pele, tendo 
como função captar e canalizar os sons para a orelha média. 
 
O canal auditivo externo estabelece a comunicação entre a orelha média e o meio 
externo, tem cerca de três centímetros de comprimento e está escavado em nosso osso 
temporal. É revestido internamente por pêlos e glândulas, que fabricam uma substância 
gordurosa e amarelada, denominada cerume ou cera. 
Tanto os pêlos como o cerume retêm poeira e micróbios que normalmente existem no 
ar e eventualmente entram nos ouvidos. 
O canal auditivo externo termina numa delicada membrana - tímpano ou membrana 
timpânica - firmemente fixada ao conduto auditivo externo por um anel de tecido fibroso, 
chamado anel timpânico. 
b) ORELHA MÉDIA 
A orelha média começa na membrana timpânica e consiste, em sua totalidade, de um 
espaço aéreo – a cavidade timpânica – no osso temporal. Dentro dela estão três ossículos 
articulados entre si, cujos nomes descrevem sua forma: martelo, bigorna e estribo. Esses 
ossículos encontram-se suspensos na orelha média, através de ligamentos. 
O cabo do martelo está encostado no tímpano; o estribo apóia-se na janela oval, um 
dos orifícios dotados de membrana da orelha interna que estabelecem comunicação com a 
orelha média. O outro orifício é a janela redonda. A orelha média comunica-se também 
 105 
com a faringe, através de um canal denominado tuba auditiva (antigamente denominada 
trompa de Eustáquio). Esse canal permite que o ar penetre no ouvido médio. Dessa forma, de 
um lado e de outro do tímpano, a pressão do ar atmosférico é igual. Quando essas pressões 
ficam diferentes, não ouvimos bem, até que o equilíbrio seja reestabelecido. 
 
c) ORELHA INTERNA 
A orelha interna, chamada labirinto, é formada por escavações no osso temporal, 
revestidas por membrana e preenchidas por líquido. Limita-se com a orelha média pelas 
janelas oval e a redonda. O labirinto apresenta uma parte anterior, a cóclea ou caracol - 
relacionada com a audição, e uma parte posterior - relacionada com o equilíbrio e 
constituída pelo vestíbulo e pelos canais semicirculares. 
 
 
 
11.2.2 - O MECANISMO DA AUDIÇÃO 
O som é produzido por ondas de compressão e descompressão alternadas do ar. As 
ondas sonoras propagam-se através do ar exatamente da mesma forma que as ondas 
propagam-se na superfície da água. Assim, a compressão do ar adjacente de uma corda de 
violino cria uma pressão extra nessa região, e isso, por sua vez, faz com que o ar um pouco 
mais afastado se torne pressionado também. A pressão nessa segunda região comprime o ar 
 106 
ainda mais distante, e esse processo repete-se continuamente até que a onda finalmente 
alcança a orelha. 
A orelha humana é um órgão altamente sensível que nos capacita a perceber e 
interpretar ondas sonoras em uma gama muito ampla de freqüências (16 a 20.000 Hz - Hertz 
ou ondas por segundo). 
 
A captação do som até sua percepção e interpretação é uma seqüência de 
transformações de energia, iniciando pela sonora, passando pela mecânica, hidráulica e 
finalizando com a energia elétrica dos impulsos nervosos que chegam ao cérebro. 
 
11.3 – A GUSTAÇÃO (PALADAR) 
Os sentidos gustativo e olfativo são chamados sentidos químicos, porque seus 
receptores são excitados por estimulantes químicos. Os receptores gustativos são excitados 
por substâncias químicas existentes nos alimentos, enquanto que os receptores olfativos são 
excitados por substâncias químicas do ar. Esses sentidos trabalham conjuntamente na 
percepção dos sabores. O centro do olfato e do gosto no cérebro combina a informação 
sensorial da língua e do nariz. 
 
Imagem: www.msd.es/publicaciones/mmerck_hogar/seccion_06/seccion_06_072.html, com adaptações 
 
 107 
O receptor sensorial do paladar é a 
papila gustativa. É constituída por células 
epiteliais localizadas em torno de um poro 
central na membrana mucosa basal da 
língua. Na superfície de cada uma das 
células gustativas observam-se 
prolongamentos finos como pêlos, 
projetando-se em direção da cavidade 
bucal; são chamados microvilosidades. 
Essas estruturas fornecem a superfície 
receptora para o paladar. 
Observa-se entre as células 
gustativas de uma papila uma rede com 
duas ou três fibras nervosas gustativas, as 
quais são estimuladas pelas próprias 
células gustativas. Para que se possa 
sentir o gosto de uma substância, ela deve 
primeiramente ser dissolvida no líquido 
bucal e difundida através do poro 
gustativo em torno das microvilosidades. 
Portanto substâncias altamente solúveis e 
difusíveis, como sais ou outros compostos 
que têm moléculas pequenas, geralmente 
fornecem graus gustativos mais altos do 
que substâncias pouco solúveis difusíveis, 
como proteínas e outras que possuam 
moléculas maiores. 
 
 
Imagem: GUYTON, A.C. Fisiologia Humana. 5ª ed., Rio 
de Janeiro, Ed. Interamericana, 1981. 
 
A gustação é primariamente uma função da língua, embora regiões da faringe, palato e 
epiglote tenham alguma sensibilidade. Os aromas da comida passam pela faringe, onde 
podem ser detectados pelos receptores olfativos. 
As Quatro Sensações Gustativas-Primárias 
Na superfície da língua existem dezenas de papilas gustativas, cujas células sensoriais 
percebem os quatro sabores primários, aos quais chamamos sensações gustativas primárias: 
amargo (A), azedo ou ácido (B), salgado (C) e doce (D). De sua combinação resultam 
centenas de sabores distintos. A distribuição dos quatro tipos de receptores gustativos, na 
superfície da língua, não é homogênea. 
 108 
 
1.Papilas circunvaladas 
2.Papilas fungiformes 
3. Papilas filiformes 
 
Imagem: 
www.nib.unicamp.br/svol/sentidos.html 
/sentidos.html 
Até os 
últimos anos 
acreditava-se 
que existiam 
quatro tipos 
inteiramente 
diferentes de 
papila gustativa, 
cada qual 
detectando uma 
das sensações 
gustativas 
primárias 
particular. Sabe-
se agora que 
todas as papilas 
gustativas 
possuem alguns graus de sensibilidade para cada uma 
das sensações gustativas primárias. Entretanto, cada 
papila normalmente tem maior grau de sensibilidade 
para uma ou duas das sensações gustativas. O cérebro 
detecta o tipo de gosto pela relação (razão) de 
estimulação entre as diferentes papilas gustativas. Isto 
é, se uma papila que detecta principalmente salinidade 
é estimulada com maior intensidade que as papilas que 
respondem mais a outros gostos, o cérebro interpreta a 
sensação como de salinidade, embora outras papilas 
tenham sido estimuladas, em menor extensão, ao 
mesmo tempo. 
O sabor diferente das comidas 
Cada comida ativa uma diferente
combinação de sabores básicos, ajudando a torná-la 
única. Muitas comidas têm um sabor distinto como resultado da soma de seu gosto e cheiro, 
percebidos simultaneamente. Além disso, outras modalidades sensoriais também contribuem 
com a experiência gustativa, como a textura e a temperatura dos alimentos. A sensação de 
dor também é essencial para sentirmos o sabor picante e estimulante das comidas 
apimentadas. 
 
 
11.4 - O OLFATO 
O olfato humano é pouco desenvolvido se comparado ao de outros mamíferos. O 
epitélio olfativo humano contém cerca de 20 milhões de células sensoriais, cada qual com 
seis pêlos sensoriais (um cachorro tem mais de 100 milhões de células sensoriais, cada qual 
com pelo menos 100 pêlos sensoriais). Os receptores olfativos são neurônios genuínos, com 
receptores próprios que penetram no sistema nervoso central. 
 109 
 
A cavidade nasal, 
que começa a partir 
das janelas do nariz, 
está situada em cima 
da boca e debaixo da 
caixa craniana. 
Contém os órgãos do 
sentido do olfato, e é 
forrada por um epitélio 
secretor de muco. Ao 
circular pela cavidade 
nasal, o ar se purifica, 
umedece e esquenta. O 
órgão olfativo é a 
mucosa que forra a 
parte superior das 
fossas nasais - 
chamada mucosa 
olfativa ou amarela, para distingui-la da vermelha - que cobre a parte inferior. 
A mucosa vermelha é dessa cor por ser muito rica em vasos sangüíneos, e contém 
glândulas que secretam muco, que mantém úmida a região. Se os capilares se dilatam e o 
muco é secretado em excesso, o nariz fica obstruído, sintoma característico do resfriado. 
A mucosa amarela é muito rica em terminações nervosas do nervo olfativo. Os 
dendritos das células olfativas possuem prolongamentos sensíveis (pêlos olfativos), que 
ficam mergulhados na camada de muco que recobre as cavidades nasais. Os produtos 
voláteis ou de gases perfumados ou ainda de substâncias lipossolúveis que se desprendem 
das diversas substâncias, ao serem inspirados, entram nas fossas nasais e se dissolvem no 
muco que impregna a mucosa amarela, atingindo os prolongamentos sensoriais. 
Dessa forma, geram impulsos nervosos, que são conduzidos até o corpo celular das 
células olfativas, de onde atingem os axônios, que se comunicam com o bulbo olfativo. Os 
axônios se agrupam de 10-100 e penetram no osso etmóide para chegar ao bulbo olfatório, 
onde convergem para formar estruturas sinápticas chamadas glomérulos. Estas se conectam 
em grupos que convergem para as células mitrais. Fisiologicamente essa convergência 
aumenta a sensibilidade olfatória que é enviada ao Sistema Nervoso Central (SNC), onde o 
processo de sinalização é interpretado e decodificado. 
 
Aceita-se a hipótese de que 
existem alguns tipos básicos de 
células do olfato, cada uma com 
receptores para um tipo de odor. Os 
milhares de tipos diferentes de 
cheiros que uma pessoa consegue 
distinguir resultariam da integração 
de impulsos gerados por uns 
cinqüenta estímulos básicos, no 
máximo. A integração desses 
estímulos seria feita numa região 
localizada em áreas laterais do córtex 
cerebral, que constituem o centro 
olfativo. 
 110 
 
A mucosa olfativa é tão sensível que poucas moléculas são suficientes para estimula-la, 
produzindo a sensação de odor. A sensação será tanto mais intensa quanto maior for a 
quantidade de receptores estimulados, o que depende da concentração da substância 
odorífera no ar. 
O olfato tem importante papel na distinção dos alimentos. Enquanto mastigamos, 
sentimos simultaneamente o paladar e o cheiro. Do ponto de vista adaptativo, o olfato tem 
uma nítida vantagem em relação ao paladar: não necessita do contato direto com o objeto 
percebido para que haja a excitação, conferindo maior segurança e menor exposição a 
estímulos lesivos. 
O olfato, como a visão, possui uma enorme capacidade adaptativa. No início da 
exposição a um odor muito forte, a sensação olfativa pode ser bastante forte também, mas, 
após um minuto, aproximadamente, o odor será quase imperceptível. 
Porém, ao contrário da visão, capaz de perceber um grande número de cores ao mesmo 
tempo, o sistema olfativo detecta a sensação de um único odor de cada vez. Contudo, um 
odor percebido pode ser a combinação de vários outros diferentes. Se tanto um odor pútrido 
quanto um aroma doce estão presentes no ar, o dominante será aquele que for mais intenso, 
ou, se ambos forem da mesma intensidade, a sensação olfativa será entre doce e pútrida. 
 
12 - SISTEMA TEGUMENTAR 
 
Estrutura do tegumento (pele) 
O tegumento humano, mais 
conhecido como pele, é formado por 
duas camadas distintas, firmemente 
unidas entre si: a epiderme e a derme. 
12.1 - Epiderme 
A epiderme é um epitélio 
multiestratificado, formado por várias 
camadas (estratos) de células 
achatadas (epitélio pavimentoso) 
justapostas. A camada de células mais 
interna, denominada epitélio 
germinativo, é constituída por células 
que se multiplicam continuamente; 
dessa maneira, as novas células 
geradas empurram as mais velhas para 
 111 
cima, em direção à superfície do corpo. À medida que envelhecem, as células epidérmicas 
tornam-se achatadas, e passam a fabricar e a acumular dentro de si uma proteína resistente 
e impermeável, a queratina. As células mais superficiais, ao se tornarem repletas de 
queratina, morrem e passam a constituir um revestimento resistente ao atrito e altamente 
impermeável à água, denominado camada queratinizada ou córnea. 
Toda a superfície cutânea está provida de terminações nervosas capazes de captar 
estímulos térmicos, mecânicos ou dolorosos. Essas terminações nervosas ou receptores 
cutâneos são especializados na recepção de estímulos específicos. Não obstante, alguns 
podem captar estímulos de natureza distinta. Porém na epiderme não existem vasos 
sangüíneos. Os nutrientes e oxigênio chegam à epiderme por difusão a partir de vasos 
sangüíneos da derme. 
Nas regiões da pele providas de pêlo, existem terminações nervosas específicas 
nos folículos capilares e outras chamadas terminais ou receptores de Ruffini. As 
primeiras, formadas por axônios que envolvem o folículo piloso, captam as forças 
mecânicas aplicadas contra o pêlo. Os terminais de Ruffini, com sua forma ramificada, são 
receptores térmicos de calor. 
Na pele desprovida de pêlo e também na que está coberta por ele, encontram-se ainda 
três tipos de receptores comuns: 
1) Corpúsculos de Paccini: captam especialmente estímulos vibráteis e táteis.São 
formados por uma fibra nervosa cuja porção terminal, amielínica, é envolta por várias 
camadas que correspondem a diversas células de sustentação. A camada terminal é capaz 
de captar a aplicação de pressão, que é transmitida para as outras camadas e enviada aos 
centros nervosos correspondentes. 
2) Discos de Merkel: de sensibilidade tátil e de pressão. Uma fibra aferente costuma 
estar ramificada com vários discos terminais destas ramificações nervosas. Estes discos 
estão englobados em uma célula especializada, cuja superfície distal se fixa às células 
epidérmicas por um prolongamento de seu protoplasma. Assim, os movimentos de pressão 
e tração sobre epiderme desencadeam o estímulo. 
3) Terminações nervosas livres: sensíveis aos estímulos mecânicos, térmicos e 
especialmente aos dolorosos. São formadas por um axônio ramificado envolto por células 
de Schwann sendo, por sua vez, ambos envolvidos por uma membrana basal. 
Na pele sem pêlo encontram-se, ainda, outros receptores específicos: 
4) Corpúsculos de Meissner: táteis. Estão nas saliências da pele sem pêlos (como 
nas partes mais altas das impressões digitais). São formados por um axônio mielínico, cujas 
ramificações terminais se entrelaçam com células acessórias. 
5) Bulbos terminais de Krause: receptores térmicos de frio. São formados por uma 
fibra nervosa cuja terminação possui
forma de clava.Situam-se nas regiões limítrofes da 
pele com as membranas mucosas (por exemplo: ao redor dos lábios e dos genitais). 
RECEPTORES DE SUPERFÍCIE SENSAÇÃO PERCEBIDA 
Receptores de Krause Frio 
Receptores de Ruffini Calor 
Discos de Merkel Tato e pressão 
Receptores de Vater-Pacini Pressão 
Receptores de Meissner Tato 
Terminações nervosas livres Principalmente dor 
 112 
 
Nas camadas inferiores da epiderme estão os melanócitos, células que produzem 
melanina, pigmento que determina a coloração da pele. 
As glândulas anexas – sudoríparas e sebáceas – encontram-se mergulhadas na 
derme, embora tenham origem epidérmica. O suor (composto de água, sais e um pouco de 
uréia) é drenado pelo duto das glândulas sudoríparas, enquanto a secreção sebácea 
(secreção gordurosa que lubrifica a epiderme e os pêlos) sai pelos poros de onde emergem 
os pêlos. 
A transpiração ou sudorese tem por função refrescar o corpo quando há elevação da 
temperatura ambiental ou quando a temperatura interna do corpo sobe, devido, por 
exemplo, ao aumento da atividade física. 
 
12.2 - Derme 
A derme, localizada imediatamente 
sob a epiderme, é um tecido conjuntivo que 
contém fibras protéicas, vasos sangüíneos, 
terminações nervosas, órgãos sensoriais e 
glândulas. As principais células da derme 
são os fibroblastos, responsáveis pela 
produção de fibras e de uma substância 
gelatinosa, a substância amorfa, na qual 
os elementos dérmicos estão mergulhados. 
A epiderme penetra na derme e origina 
os folículos pilosos, glândulas sebáceas e 
glândulas sudoríparas. Na derme 
encontramos ainda: músculo eretor de pêlo, 
fibras elásticas (elasticidade), fibras 
colágenas (resistência), vasos sangúíneos e 
nervos. 
12.3 - Tecido subcutâneo 
Sob a pele, há uma camada de tecido conjuntivo frouxo, o tecido subcutâneo, rico em 
fibras e em células que armazenam gordura (células adiposas ou adipócitos). A camada 
 113 
subcutânea, denominada hipoderme, atua como reserva energética, proteção contra 
choques mecânicos e isolante térmico. 
12.4 - Unhas e pêlos 
Unhas e pêlos são constituídos por células epidérmicas queratinizadas, mortas e 
compactadas. Na base da unha ou do pêlo há células que se multiplicam constantemente, 
empurrando as células mais velhas para cima. Estas, ao acumular queratina, morrem e se 
compactam, originando a unha ou o pêlo. Cada pêlo está ligado a um pequeno músculo 
eretor, que permite sua movimentação, e a uma ou mais glândulas sebáceas, que se 
encarregam de sua lubrificação. 
 
 
 
BIBLIOGRAFIA 
01- AMABIS & MARTHO. Biologia dos organismos. Volume 2. São Paulo, Editora 
Moderna, 1995. 
02- AMABIS & MARTHO. Fundamentos da Biologia Moderna. Volume único. São Paulo, 
Ed. Moderna. 
03- AVANCINI & FAVARETTO. Biologia – Uma abordagem evolutiva e ecológica. Vol. 2. 
São Paulo, Ed. Moderna, 1997. 
04- BEAR, M.F., CONNORS, B.W. & PARADISO, M.A. Neurociências – Desvendando o 
Sistema Nervoso. Porto Alegre 2ª ed, Artmed Editora, 2002. 
05- CÉSAR & CEZAR. Biologia 2. São Paulo, Ed Saraiva, 2002. 
06- CHEIDA, LUIZ EDUARDO. Biologia Integrada. São Paulo, Ed. FTD, 2002 
07- GUYTON, A.C. Fisiologia Humana. 5ª ed., Rio de Janeiro, Ed. Interamericana, 1981. 
08- GUYTON, A.C.; HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. 11ª ed. Rio de Janeiro, 
Elsevier Ed., 2006. 
09- JUNQUEIRA, L. C. & CARNEIRO, J. Histologia Básica. 8ª Edição. Rio de Janeiro, 
Editora Guanabara Koogan. 1995. Pp. 100:108. 
10- LOPES, SÔNIA. Bio 1.São Paulo, Ed. Saraiva, 2002. 
11- LOPES, SÔNIA. Bio 2.São Paulo, Ed. Saraiva, 2002. 
12- McCRONE, JOHN. Como o cérebro funciona. Série Mais Ciência. São Paulo, 
Publifolha, 2002. 
13- ROSS, Michael H. & ROWRELL, Lynn J. Histologia Texto e Atlas. 2ª Edição. São 
Paulo, Editora Médica Panamericana. 1993. Pp. 123:129. 
14- SÉRIE ATLAS VISUAIS. O corpo Humano. Ed. Ática, 1997. 
15 – VILELA, Ana Luiza Miranda; http://www.afh.bio.br/varios/analuisa.asp, Prof. UFMG, 
2009. 
16- CD O CORPO HUMANO 2.0. Globo Multimídia. 
17- ATLAS INTERATIVO DE ANATOMIA HUMANA. Artmed Editora. 
18- ENCICLOPÉDIA MULTIMÍDIA DO CORPO HUMANO - Planeta DeAgostini - Ed. 
Planeta do Brasil Ltda.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?