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Imunologia Celular e Molecular

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TRADUÇÃO 7a EDIÇÃO
Abul K. Abbas 
Andrew H. Lichtman
Shiv Pillai IMUNOLOGIA
CELULAR E MOLECULAR
 Imunologia Celular 
e Molecular 
 Imunologia Celular 
e Molecular 
 7 a EDIÇÃO 
 Abul K. Abbas, MBBS 
 Distinguished Professor in Pathology 
 Chair, Department of Pathology 
 University of California San Francisco 
 San Francisco, California 
 Andrew H. Lichtman, MD, PhD 
 Professor of Pathology 
 Harvard Medical School 
 Brigham and Women ’ s Hospital 
 Boston, Massachusetts 
 Shiv Pillai, MBBS, PhD 
 Professor of Medicine and Health Sciences and Technology 
 Harvard Medical School 
 Massachusetts General Hospital 
 Boston, Massachusetts 
 Ilustrações de 
 David L. Baker, MA 
 Alexandra Baker, MS, CMI 
 DNA Illustrations, Inc. 
 
© 2012 Elsevier Editora Ltda. 
Tradução autorizada do idioma inglês da edição publicada por Saunders – um selo editorial Elsevier Inc.
Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/1998.
Nenhuma parte deste livro, sem autorização prévia por escrito da editora, poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quais forem os 
meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográfi cos, gravação ou quaisquer outros.
ISBN: 978-85-352-4744-2
Copyright © 2012, 2007, 2005, 2003, 2000, 1997, 1994, 1991 by Saunders, an imprint of Elsevier Inc. 
This edition of Cellular and Molecular Immunology by Abul K. Abbas, Andrew H. Lichtman, Shiv Pillai is published by arrangement with 
Elsevier Inc.
ISBN: 978-1-4377-1258-6
Cover image © Suzuki et al., 2009. Originally published in Journal of Experimental Medicine. doi: 10.1084/jem.20090209.
Capa 
Folio Design 
Editoração Eletrônica
Rosane Guedes
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das práticas profi ssionais ou do tratamento médico. Tanto médicos quanto pesquisadores devem sempre basear-se em sua própria 
experiência e conhecimento para avaliar e empregar quaisquer informações, métodos, substâncias ou experimentos descritos neste 
texto. Ao utilizar qualquer informação ou método, devem ser criteriosos com relação a sua própria segurança ou a segurança de outras 
pessoas, incluindo aquelas sobre as quais tenham responsabilidade profi ssional.
Com relação a qualquer fármaco ou produto farmacêutico especifi cado, aconselha-se o leitor a cercar-se da mais atual informação 
fornecida (i) a respeito dos procedimentos descritos, ou (ii) pelo fabricante de cada produto a ser administrado, de modo a certifi car-se 
sobre a dose recomendada ou a fórmula, o método e a duração da administração, e as contraindicações. É responsabilidade do médico, 
com base em sua experiência pessoal e no conhecimento de seus pacientes, determinar as posologias e o melhor tratamento para cada 
paciente individualmente, e adotar todas as precauções de segurança apropriadas.
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etc. de produtos, ou advindos de qualquer uso ou emprego de quaisquer métodos, produtos, instruções ou ideias contidos no material 
aqui publicado.
O Editor
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ 
A112i
 
Abbas, Abul K.
 Imunologia celular e molecular / Abul K. Abbas, Andrew H. Lichtman, Shiv Pillai ; 
ilustrações de David L. Baker ; [tradução de Tatiana Ferreira Robaina ... et al]. - Rio de 
Janeiro : Elsevier, 2011. 
 592p.
 
 Tradução de: Cellular and molecular immunology, 7th ed.
 Anexos
 Inclui bibliografi a e índice
 ISBN 978-85-352-4744-2
 
 1. Imunologia celular. 2. Imunologia molecular. 3. Linfócitos - Imunologia. I. 
Lichtman, Andrew H. II. Pillai, Shiv. II. Título. 
11-7713. CDD: 616.079
 CDU: 612.017
16.11.11 24.11.11 031458 
v
REVISÃO CIENTÍFICA E TRADUÇÃO
REVISÃO CIENTÍFICA
Arnaldo Feitosa Braga de Andrade (Caps. 14, 17, 18 e 19)
Professor Adjunto de Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia pela Faculdade de 
Ciências Médicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (FCM/UERJ)
Coordenador Geral de Pós-Graduação da FCM/UERJ
Pós-doutorado em Imunologia pela Tufts University, Boston, MA, EUA
Doutorado em Ciências (Microbiologia) pelo Instituto de Microbiologia Professor Paulo de Góes da 
Universidade Federal do Rio de Janeiro (IMPPG/UFRJ)
Graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (FM/UFC)
Cleonice Alves de Melo Bento (Caps. 3 a 9 e 11)
Professor Associado pelo Departamento de Microbiologia e Parasitologia do Instituto Biomédico da 
Universidade do Rio de Janeiro (UNIRIO)
Doutorado em Ciências (Imunologia) pelo Instituto de Biofísica da URFJ
Pós-Doutorado em Imunologia pela Faculdade de Medicina Pierre et Marie Curie, Paris, França
Patrícia Dias Fernandes (Caps. 10, 12, 13, 15, 16, 20, Apêndices 1 a 4)
Professora Associada de Farmacologia do Programa de Desenvolvimento de Fármacos do Instituto de 
Ciências Biomédicas (ICB) da UFRJ 
Pós-doutora em Imunologia pelo Departamento de Imunologia da Universidade de São Paulo (USP)
Mestre e Doutora em Química Biológica pelo Departamento de Bioquímica Médica da UFRJ
Biomédica pela UNIRIO
Regis Mariano de Andrade (Caps. 1 e 2)
Residência Médica em Infectologia pela UFRJ
Professor de Doenças Infecciosas e Parasitárias da UNIRIO
TRADUÇÃO
Aldacilene Souza da Silva
Médica Veterinária formada pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP
Imunologista/Bioquímica
Mestre em Imunologia pelo Instituto de Ciências Biomédicas da USP
Doutora em Imunologia pelo Instituto de Ciências Biomédicas da USP
Alessandro dos Santos Farias
Graduado em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
Mestre em Imunologia pela UNICAMP
Doutor em Imunologia pela UNICAMP
vi Revisão Científi ca e Tradução
Angela Satie Nishikaku
Pós-doutoranda na área de Doenças Infecciosas e Parasitárias pelo Departamento de Medicina da 
Universidade Federal de São Paulo (UFSP)
Doutora em Ciências, área de Imunologia pelo Departamento de Imunologia do Instituto de 
Ciências Biomédicas da USP
Graduação em Ciências Biológicas − Modalidade Médica pela Universidade Estadual Paulista "Júlio 
de Mesquita Filho" (UNESP)
Carlos Henrique de Araújo Cosendey
Médico com Pós-graduação e Especialização em Geriatria e Imuno-hematologia
Danielle Corbett
Graduada em Ciências Biológicas pela UFRJ
Tradutora e Intérprete
Diego Alfaro
Graduado em Medicina pela UFRJ
Pós-graduado em Acupuntura pelo Instituto de Acupuntura do Rio de Janeiro
Edda M. Palmeiro
Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina da UFRJ 
Fellowship em Alergia & Imunologia pela Creighton University
EZ2Translate Tecnologia e Serviços LTDA
Leonilda Maria Barbosa dos Santos
Graduada em Ciências Biomédicas pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São 
Paulo (EPM/UNIFESP)
Mestre e Doutora em Ciências pela EPM/UNIFESP
Pós-doutora pela Universidade de Harvard
Luciane Faria de Souza Pontes (in memoriam)
Farmacêutica
Doutora em Ciências
Professora do Curso de Especialização em Histocompatibilidadedo Instituto de Biologia da UERJ
Nelson Gomes de Oliveira
Médico
Patricia Lydie Voeux
Graduada em Biologia pelo Instituto de Biologia da UFRJ
Tradutora
Renata Scavone de Oliveira
Médica Veterinária formada pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP
Doutora em Imunologia pelo Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP
Silvia M. Spada
Especialização em Tradução (cursos extracurriculares) pela USP
Formada em Letras pela Faculdade de Filosofi a, Letras e Ciências Humanas da USP
Tatiana Ferreira Robaina
Professora Substituta de Estomatologia da Faculdade de Odontologia da UFRJ
Doutoranda em Ciências pela UFRJ
Mestre em Patologia pela Universidade Federal Fluminense (UFF)
Graduada em Odontologia pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL)
Vilma Ribeiro de Souza Varga
Graduada em Medicina pela UNICAMP
Neurologista Clínica pelo HSP do Estado de São Paulo
DEDICATÓRIA
Para
Ann, Jonathan, Rehana
Sheila, Eben, Ariella, Amos, Ezra
Honorine, Sohini
ix
APRESENTAÇÃO
Esta 7
a edição de Imunologia Celular e Molecular foi reescrita e revisada de forma signifi cativa como 
parte de nossos contínuos esforços para fazer com que o livro fi que atualizado e, ao mesmo 
tempo, preserva o estilo de fácil compreensão que os leitores tanto apreciaram nas edições anteriores. 
Adicionamos novas informações enquanto nos esforçamos para enfatizar conceitos importantes sem 
aumentar o tamanho do livro. Também mudamos muitas seções, quando necessário, para proporcionar 
maior esclarecimento, precisão e perfeição.
Entre as principais mudanças está a reorganização dos capítulos a fi m de consolidar os temas e 
apresentar as informações de forma mais acessível. A reorganização dos capítulos inclui: um novo 
capítulo que discute as respostas imunológicas nos tecidos das mucosas e em outros locais especiali-
zados; um novo capítulo sobre a migração de leucócitos, que reúne conceitos que foram previamente 
discutidos em diversos capítulos; mais um novo capítulo que consolida as discussões dos receptores e 
da sinalização imunológica, que também estavam em diversos capítulos anteriores; incorporação das 
discussões das citocinas nos capítulos pertinentes ao invés de catalogar todas as citocinas em apenas 
um capítulo; e a continuação da discussão da autoimunidade no capítulo sobre a tolerância, portanto 
o estabelecimento e insufi ciência de tolerância imunológica são discutidos como um tema coeso. Além 
disso, todo o livro foi atualizado para incluir muitos avanços recentes na área da imunologia. Alguns 
dos tópicos que foram revistos de forma signifi cativa são aqueles a respeito do infl amassomo, a biolo-
gia das células TH17, e o desenvolvimento e funções das células T auxiliadoras foliculares. É notável e 
fascinante que novos princípios continuem a emergir da análise dos complexos sistemas que estão por 
trás das respostas imunológicas. Talvez um dos desenvolvimentos mais interessantes para os estudantes 
das doenças humanas seja o fato de que os princípios básicos de imunologia estão lançando agora 
as bases para o desenvolvimento racional de novas terapias imunológicas. Em todo o livro tentamos 
enfatizar estes novos princípios terapêuticos e fundamentais sobre os quais eles se baseiam.
Outra mudança importante na 7a edição é um novo programa de ilustração, em que cada fi gura do 
livro foi revisada. O estilo das novas fi guras é baseado nos pontos fortes de nossas ilustrações conhecidas 
nas edições anteriores, mas incorpora muitos recursos novos, como fi guras tridimensionais e novas 
convenções de rotulagem destinadas a melhorar a clareza e a estética. Um grande número de novas 
ilustrações foi adicionado. Também continuamos a melhorar a clareza das tabelas, e mantivemos as 
características de design, como o uso de texto em negrito itálico para destacar as "mensagens fi nais", e 
tornar o livro fácil e agradável para a leitura. As listas das leituras selecionadas continuam a enfatizar 
artigos recentes de revisão que fornecem uma abordagem detalhada sobre assuntos específi cos para o 
leitor interessado. Dividimos as listas em seções baseadas em temas para ajudar os leitores a encontrar 
os artigos mais úteis para suas necessidades. Uma nova tabela lista as citocinas, seus receptores e suas 
principais fontes e funções celulares (Apêndice II).
Muitos indivíduos fi zeram valiosas contribuições para esta edição. Drs. Richard Blumberg, Lisa 
Coussens, Jason Cyster, Francis Luscinskas e Scott Plevy revisaram várias seções, e todos foram gene-
rosos com conselhos e comentários. Agradecemos aos Drs. Thorsten Mempel, Uli von Andrian e Jason 
Cyster por ajudar com as ilustrações da capa desta e das edições anteriores. Nossos ilustradores, David 
e Alexandra Baker da DNA Illustrations, permanecem parceiros de total direito no livro e fornecem 
sugestões inestimáveis para a clareza e precisão. Diversos membros da equipe da Elsevier desempe-
nharam papéis importantes. Nosso editor, Bill Schmitt, tem sido uma fonte de apoio e estímulo. Nossa 
x Apresentação 
editora de gerenciamento, Rebecca Gruliow, conduziu o livro em toda sua preparação e produção. Lou 
Forgione é responsável pelo design, e Sarah Wunderly encarregou-se da fase de produção. Finalmente, 
nossos alunos foram a inspiração original para a primeira 1a deste livro, e lhes somos continuamente 
gratos, porque com eles aprendemos a pensar sobre a ciência da imunologia, e como deveríamos 
transmitir o conhecimento da forma mais clara e signifi cativa.
ABUL K. ABBAS
ANDREW H. LICHTMAN
SHIV PILLAI
xi
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 Propriedades Gerais das Respostas Imunes 1
CAPÍTULO 2 Células e Tecidos do Sistema Imune 15
CAPÍTULO 3 Migração dos Leucócitos para os Tecidos 37
CAPÍTULO 4 Imunidade Inata 55
CAPÍTULO 5 Anticorpos e Antígenos 89
CAPÍTULO 6 Moléculas do Complexo Principal de Histocompatibilidade e Apresentação do 
Antígeno aos Linfócitos T 109
CAPÍTULO 7 Receptores Imunológicos e Transdução de Sinais 139
CAPÍTULO 8 Desenvolvimento dos Linfócitos e Rearranjo dos Genes dos Receptores de 
Antígenos 173
CAPÍTULO 9 Ativação dos Linfócitos T 203
CAPÍTULO 10 Mecanismos Efetores da Imunidade Mediada por Células 225
CAPÍTULO 11 Ativação da Célula B e Produção de Anticorpos 243
CAPÍTULO 12 Mecanismos Efetores da Imunidade Humoral 269
CAPÍTULO 13 Imunidade Regional: Respostas Imunes Especializadas em Tecidos Epiteliais e 
Imunoprivilegiados 293
CAPÍTULO 14 Tolerância Imunológica e Autoimunidade 319
CAPÍTULO 15 Imunidade contra Micro-organismos 345
CAPÍTULO 16 Imunologia do Transplante 365
CAPÍTULO 17 Imunidade Tumoral 389
CAPÍTULO 18 Distúrbios de Hipersensibilidade 407
CAPÍTULO 19 Respostas Imunes Dependentes de IgE e Doenças Alérgicas 425
CAPÍTULO 20 Imunodefi ciências Congênitas e Adquiridas 445
xii Sumário
APÊNDICE I Glossário 471
APÊNDICE II Citocinas 501
APÊNDICE III Principais Características de Moléculas CD Selecionadas 505
APÊNDICE IV Técnicas de Laboratório Comumente Usadas em Imunologia 513
15
CÉLULAS DO SISTEMA IMUNE, 16
Fagócitos, 16
Mastócitos, Basófi los e Eosinófi los, 18
Células Apresentadoras de Antígeno, 19
Linfócitos, 20
ANATOMIA E FUNÇÕES DOS TECIDOS LINFOIDES, 26
Medula Óssea, 26
Timo, 26
O Sistema Linfático, 28
Gânglios Linfáticos, 30
Baço,33
Sistemas Imunológicos Regionais, 34
RESUMO, 34
C A P Í T U L O 
2 
Células e Tecidos do Sistema Imune
células e tecidos do sistema imunológico e suas funções 
importantes são os seguintes:
● Os macrófagos são fagócitos que estão presentes consti-
tutivamente nos tecidos e respondem rapidamente aos 
micro-organismos que entram nos tecidos.
● Os neutrófi los, um tipo abundante de fagócito, e os mo -
nócitos, precursores dos macrófagos teciduais, estão sempre 
presentesno sangue e podem ser rapidamente transpor-
tados para qualquer lugar do corpo.
● Tecidos especializados, denominados órgãos linfoides 
periféricos, funcionam para concentrar antígenos micro-
bianos que são introduzidos por vias comuns de entrada 
(pele e tratos gastrointestinal e respiratório). A captura 
do antígeno e seu transporte para os órgãos linfoides 
são as primeiras etapas na resposta imune adaptativa. 
Antígenos que são transportados para os órgãos linfoides 
são apresentados pelas células apresentadoras de antígeno 
(APC – antigenpresenting cells) para reconhecimento por 
linfócitos T específi cos.
● Quase todos os tecidos têm células dendríticas que são 
APC especializadas em capturar antígenos microbianos, 
transportá-los aos tecidos linfoides e apresentá-los para o 
reconhecimento por linfócitos T.
● Linfócitos virgens (linfócitos que ainda não entraram em 
contato com nenhum antígeno) migram para os órgãos 
linfoides periféricos, onde reconhecem os antígenos e 
iniciam as respostas imunológicas adaptativas. A anatomia 
dos órgãos linfoides favorece interações célula-célula que 
são necessárias para o reconhecimento do antígeno pelos 
linfócitos e para a ativação de linfócitos virgens, resul-
tando na geração de linfócitos efetores e de memória.
● Linfócitos efetores e de memória circulam no sangue, 
dirigem-se aos sítios periféricos de entrada do antígeno e 
são retidos nesses sítios. Isso assegura que a imunidade 
seja sistêmica (i. e., que mecanismos protetores possam 
atuar em qualquer local do corpo).
As respostas imunológicas desenvolvem-se em uma se -
quência de etapas, e em cada uma delas as propriedades 
específi cas das células e dos tecidos do sistema imune desem-
penham um papel fundamental. Este capítulo descreve 
células, tecidos e órgãos que compõem o sistema imune. Os 
padrões de circulação dos linfócitos pelo corpo e os mecanis-
mos de migração dos linfócitos e de outros leucócitos serão 
descritos no Capítulo 3.
As células do sistema imune inato e adaptativo normal-
mente estão presentes como células circulantes no sangue 
e na linfa, como aglomerados anatomicamente defi nidos 
nos órgãos linfoides, e espalhadas praticamente em todos 
os tecidos. A organização anatômica dessas células e sua 
capacidade de circular e realizar trocas entre o sangue, a 
linfa e os tecidos são de importância fundamental para 
a geração das respostas imunológicas. O sistema imune 
enfrenta vários desafi os para gerar respostas protetoras 
efi cazes contra patógenos. Primeiro, o sistema deve ser 
capaz de responder rapidamente a um número pequeno de 
diferentes micro-organismos que podem invadir qualquer 
local do corpo. Segundo, na resposta imune adaptativa, 
poucos linfócitos virgens (naives) precisam reconhecer e 
responder especifi camente a qualquer antígeno. Terceiro, 
os mecanismos efetores do sistema imune adaptativo 
(anticorpos e células T efetoras) podem ter de localizar e 
destruir micro-organismos em sítios distantes do local de 
início da resposta imunológica. A capacidade do sistema 
imune de en frentar esses desafi os e desempenhar suas 
funções prote toras de maneira efi caz depende de várias 
propriedades de suas células e seus tecidos. As principais 
Capítulo 2 – Células e Tecidos do Sistema Imune16
CÉLULAS DO SISTEMA IMUNE
As células que apresentam funções especializadas nas respostas 
imunes inata e adaptativa são os fagócitos, células dendríti-
cas, linfócitos específi cos para determinados antígenos e vários 
outros leucócitos que atuam para eliminar os antígenos. As 
células do sistema imune foram brevemente apresentadas no 
Capítulo 1. Aqui, descreveremos a morfologia e as caracterís-
ticas funcionais dos fagócitos, outros leucócitos, APC e linfóci-
tos, além da organização dessas células nos tecidos linfoides. A 
Tabela 2-1 apresenta a quantidade de alguns desses tipos celu-
lares presentes no sangue. Embora a maioria dessas células 
seja encontrada no sangue, as respostas aos micro-organismos 
geralmente são localizadas nos tecidos e não refl etem altera-
ções no número total de leucócitos circulantes. 
Fagócitos
Fagócitos, incluindo neutrófi los e macrófagos, são células 
cuja função primária é identifi car, ingerir e destruir micro-
organismos. As respostas funcionais dos fagócitos na defesa 
do hospedeiro consistem em passos sequenciais: recruta-
mento das células para os sítios de infecção, reconhecimento 
e ativação dos fagócitos pelos micro-organismos, ingestão 
pelo processo de fagocitose e destruição dos micro-organis-
mos. Além disso, por meio do contato direto e da secreção 
de proteínas, os fagócitos comunicam-se com outras células 
de tal forma que promovem ou regulam as respostas imu-
nológicas. As funções efetoras dos fagócitos são importantes 
na imunidade inata, que será discutida no Capítulo 4, e 
também na fase efetora de algumas respostas imunológicas 
adquiridas, como discutiremos no Capítulo 10. No presente 
capítulo descreveremos os aspectos morfológicos dos fagó-
citos, e faremos uma breve introdução das respostas fun-
cionais de neutrófi los e macrófagos. O papel dos fagócitos 
nas respostas imunes será discutido em mais detalhes nos 
capítulos posteriores. 
Neutrófi los
Os neutrófi los, também chamados leucócitos polimorfonuclea-
res, constituem a população mais abundante de leucócitos 
circulantes e medeiam as fases iniciais das reações infl a-
matórias. Os neutrófi los circulam como células esféricas 
com diâmetro aproximado de 12 a 15 µm, com numerosas 
projeções membranosas. O núcleo de um neutrófi lo é seg-
mentado em três a cinco lóbulos conectados, daí a expressão 
leucócito polimorfonuclear (Fig. 2-1A). O citoplasma contém 
grânulos de dois tipos. A maioria deles corresponde aos 
grânulos específi cos, que são preenchidos por enzimas, tais 
como lisozima, colagenase e elastase. Esses grânulos não se 
coram fortemente com corantes básicos (hematoxilina) ou 
ácidos (eosina), o que distingue os grânulos de neutrófi los 
daqueles presentes nos outros dois tipos de granulócitos 
circulantes, chamados basófi los e eosinófi los. Os demais 
grânulos de neutrófi los, denominados grânulos azurófi los, 
são lisossomos que contêm enzimas e outras substâncias 
microbicidas, inclusive defensinas e catelicidinas, que dis-
cutiremos no Capítulo 4. Os neutrófi los são produzidos na 
medula óssea e originam-se de uma linhagem comum com 
os fagócitos mononucleares. A produção de neutrófi los é 
estimulada pelo fator estimulador de colônias de granulóci-
tos (G-CSF). Um ser humano adulto produz mais que 1 × 
1011 neutrófi los por dia, e cada um circula no sangue ape nas 
por seis horas. Os neutrófi los podem migrar para os sítios de 
infecção poucas horas após a entrada dos micro-organismos. 
Se um neutrófi lo circulante não for recrutado para um sítio 
de infl amação nesse período, sofre apoptose e geralmente 
é fagocitado por macrófagos residentes no fígado ou no 
baço. Após a entrada nos tecidos, os neutrófi los atuam por 
algumas horas e em seguida morrem.
A B
C D
 TABELA 2 – 1 Contagens de Células Sanguíneas em 
Indivíduo Normal 
Número Médio 
por Microlitro Faixa Normal
Células brancas do sangue 
(leucócitos)
7.400 4.500-11.000
Neutrófi los 4.400 1.800-7.700
Eosinófi los 200 0-450
Basófi los 40 0-200
Linfócitos 2.500 1.000-4.800
Monócitos 300 0-800
FIGURA 2-1 Morfologia de neutrófi los, mastócitos, basó-
fi los e eosinófi los. A, Micrografi a de luz de um neutrófi lo sanguíneo 
corado com Wright-Giemsa mostrando o núcleo multilobado, motivo 
pelo qual estas células são denominadas leucócitos polimorfonucleares, 
e os grânulos citoplasmáticos de coloração fraca. B, Micrografi a de luz 
de secção de pele corada com Wright-Giemsa mostrando um mastó-
cito (seta) adjacente a um pequeno vaso sanguíneo, identifi cado pela 
hemácia no lúmen.Os grânulos citoplasmáticos no mastócito, que são 
corados em roxo, são preenchidos por histamina e outros mediadores 
que atuam nos vasos sanguíneos adjacentes para promover o aumento 
do fl uxo sanguíneo e a saída de proteínas plasmáticas e leucócitos para 
o tecido. (Cortesia de Dr. George Murphy, Department of Pathology, Brigham 
and Women’s Hospital, Boston, Massachusetts.) C, Micrografi a de luz de um 
basófi lo no sangue corado com Wright-Giemsa mostrando os grânulos 
citoplasmáticos característicos corados em azul. (Cortesia de Dr. Jonathan 
Hecht, Department of Pathology, Brigham and Women’s Hospital, Boston, 
Massachusetts.) D, Micrografi a de luz de um eosinófi lo no sangue corado 
com Wright-Giemsa mostrando o núcleo segmentado característico e a 
coloração vermelha dos grânulos citoplasmáticos. 
17CÉLULAS DO SISTEMA IMUNE
Fagócitos Mononucleares
O sistema fagocítico mononuclear consiste em células cuja 
função primária é fagocitose e que desempenham funções 
centrais tanto na imunidade inata quanto na adquirida. As 
células do sistema fagocítico mononuclear originam-se de 
um precursor comum na medula óssea, circulam no sangue, 
sofrem maturação e tornam-se ativadas em vários tecidos 
(Fig. 2-2). O tipo celular dessa linhagem, que sai da medula 
e vai para o sangue periférico, é incompletamente diferen-
ciado e é chamado monócito. Os monócitos têm 10 a 15 
µm de diâmetro e apresentam núcleo em forma de feijão e 
citoplasma fi namente granular contendo lisossomos, vacúo-
los fagocíticos e fi lamentos de citoesqueleto (Fig. 2-3). Os 
monócitos são heterogêneos e consistem em pelo menos dois 
subtipos, distinguíveis pelas proteínas de superfície celular 
e cinética de migração para os tecidos. Uma população é 
denominada infl amatória porque é rapidamente recrutada 
do sangue para os sítios de infl amação tecidual. O outro 
tipo pode ser a fonte de macrófagos residentes do tecido e 
algumas células dendríticas.
Uma vez que entram nos tecidos, esses monócitos ama-
durecem e tornam-se macrófagos. Os macrófagos têm deno-
minações especiais em diferentes tecidos, de acordo com a 
localização específi ca. Por exemplo, no sistema nervoso cen -
tral, são chamados células da micróglia; quando revestem os 
sinusoides vasculares do fígado, são denominados células de 
Kupffer; nas vias aéreas pulmonares, são chamados macró-
fagos alveolares; e fagócitos multinucleados no tecido ósseo 
são denominados osteoclastos.
Os macrófagos realizam várias funções importantes nas 
imunidades inata e adquirida.
● Uma das funções principais dos macrófagos na defesa do 
hospedeiro é a ingestão e morte de micro-organismos. Os 
mecanismos de morte, discutidos no Capítulo 4, incluem 
a geração enzimática de espécies reativas de oxigênio e 
nitrogênio que são tóxicas para os micro-organismos e a 
digestão proteolítica. 
● Além da ingestão de micro-organismos, os macrófagos 
também ingerem células mortas do hospedeiro como 
Activation
Differentiation
Célula-tronco
hematopoiética
Monoblasto
Precursor
comum de célula
dendrítica 
Monócito
CD pré-convencional
CD convencional
CD plasmocitoide
CD plasmocitoide
Precursor de
monócito/célula
dendrítica
Macrófago
Ativação
Diferenciação
Macrófagos
ativados
- Micróglia (SNC)
- Células de Kupffer
 (fígado)
- Macrófagos alveolares
 (pulmão)
- Osteoclastos (osso)
Medula óssea Sangue Tecido linfoide, tecido periférico
FIGURA 2-2 Maturação de fagócitos mononucleares e células dendríticas. As células dendríticas e os monócitos são derivados 
de uma célula precursora comum da linhagem mieloide na medula óssea, e a diferenciação em monócitos e células dendríticas é dirigida por citoci-
nas, como o fator estimulador de colônias de monócitos e o ligante de Flt3, respectivamente (não mostrado). As células dendríticas posteriormente 
diferenciam-se em subpopulações, sendo as principais as células dendríticas convencionais e as células dendríticas plasmocitoides. Algumas células 
dendríticas podem originar-se de monócitos em tecidos infl amados. Quando os monócitos do sangue são recrutados para os tecidos, essas células 
tornam-se macrófagos. Os macrófagos de vida longa estão presentes em todos os tecidos do corpo. Existem pelo menos duas populações de monó-
citos sanguíneos (não mostrado), que são precursores, respectivamente, de macrófagos que se acumulam em resposta a infecções e de macrófagos 
que estão constitutivamente presentes nos tecidos normais. Os macrófagos em tecidos tornam-se ativados para realizar funções antimicrobianas e 
de reparo tecidual em resposta a infecções e/ou lesão tecidual. Os macrófagos diferenciam-se em formas especializadas em determinados tecidos. 
SNC, sistema nervoso central; CD, célula dendrítica. 
Capítulo 2 – Células e Tecidos do Sistema Imune34
condutos compostos de proteínas da matriz revestidas por 
células tipo FRC, embora haja diferenças ultraestruturais 
entre os condutos dos gânglios linfáticos e do baço. A zona 
marginal situada por fora do seio marginal é uma região dis-
tinta, composta por células B e macrófagos especializados. As 
células B da zona marginal são funcionalmente distintas das 
células B foliculares, e têm um repertório limitado de espe-
cifi cidades antigênicas. A arquitetura da polpa branca é mais 
complexa em humanos do que em camundongos, ambos 
com zonas marginais interna e externa e uma zona perifoli-
cular. Os antígenos no sangue são levados ao seio marginal 
por células dendríticas circulantes ou são encontrados pelos 
macrófagos na zona marginal. Os arranjos anatômicos das 
APC, das células B e das células T na polpa branca esplênica 
promovem as interações necessárias para o desenvolvimento 
efi ciente da resposta imune humoral, como discutiremos 
no Capítulo 11. A segregação dos linfócitos T nas bainhas 
linfoides periarteriolares e das células B nos folículos e zonas 
marginais é um processo altamente regulado, dependente da 
produção de diferentes citocinas e quimiocinas pelas células 
do estroma nessas diferentes áreas. A quimiocina CXCL13 
e seu receptor CXCR5 são necessários para a migração da 
célula B para os folículos, enquanto CCL19 e CCL21 e o seu 
receptor CCR7 são necessários para a migração de células T 
virgens para o interior da bainha periarteriolar. A produção 
dessas quimiocinas pelas células do estroma é estimulada 
pela citocina linfotoxina. 
Sistemas Imunológicos Regionais
Cada barreira epitelial principal do corpo, inclusive a pele, 
a mucosa gastrointestinal e a mucosa brônquica, tem seu 
próprio sistema de gânglios linfáticos, estruturas linfoides 
não encapsuladas e células imunes de distribuição difusa, 
que trabalham de modo coordenado para fornecer respostas 
imunológicas especializadas contra patógenos que entram 
por essas barreiras. O sistema imunológico cutâneo tem 
evoluído para responder a uma grande variedade de desafi os 
ambientais. Os componentes do sistema imunológico asso-
ciados à mucosa gastrointestinal e brônquica são denomina-
dos tecidos linfoides associados à mucosa (mucosa-associated 
lymphoid tissue – MALT) e estão envolvidos em respostas 
imunológicas para antígenos ingeridos e inalados. A pele 
e o MALT contêm uma grande quantidade de células das 
imunidades inata e adquirida. As características específi cas 
desses sistemas imunológicos regionais serão abordadas no 
Capítulo 13.
RESUMO
✹ A organização anatômica das células e dos tecidos do 
sistema imunológico é essencial para a geração de res-
postas imunes inata e adquirida efi cazes. Essa orga-
nização permite o rápido direcionamento de células 
efetoras da imunidade inata, incluindo neutrófi los e 
monócitos, para os sítios de infecção e permite que 
um pequeno número de linfócitos específi cos para 
qualquer antígeno consiga localizar e responder efi -
cazmente a tal antígeno independentemente do localem que ele é introduzido no corpo. 
✹ As células que realizam a maioria das funções efeto-
ras das imunidades inata e adquirida são os fagócitos 
(incluindo neutrófi los e macrófagos), APC (incluindo 
macrófagos e células dendríticas) e linfócitos.
✹ Os neutrófi los, leucócitos sanguíneos mais abundan-
tes que apresentam núcleo segmentado multilobado 
característico e inúmeros grânulos lisossômicos cito-
plasmáticos, são rapidamente recrutados para os sítios 
de infecção e de lesão tecidual, nos quais realizam as 
funções fagocíticas. 
✹ Os monócitos são os precursores circulantes dos ma -
crófagos teciduais. Todos os tecidos contêm macrófa-
gos residentes, que são células fagocíticas que ingerem 
e matam micro-organismos e células mortas do hos-
pedeiro e secretam citocinas e quimiocinas que pro-
movem o recrutamento dos leucócitos do sangue. 
✹ As APC apresentam os antígenos para o reconheci-
mento pelos linfócitos e promovem a ativação dessas 
células. As APC incluem células dendríticas, fagócitos 
mononucleares e FDC. 
✹ Linfócitos B e T expressam receptores altamente 
diversifi cados e específi cos para determinado antí-
geno. São as células responsáveis pela especifi cidade 
e pela memória das respostas imunológicas adaptati-
vas. As células NK são uma classe distinta de linfócitos 
que não expressam esses receptores de antígenos, 
mas apresentam funções importantes na imunidade 
inata. Muitas moléculas de superfície são diferencial-
mente expressas em diferentes subtipos de linfócitos, 
assim como em outros leucócitos, e são nomeadas de 
acordo com a nomenclatura CD.
✹ Os linfócitos B e T têm origem de um precursor 
comum na medula óssea. O desenvolvimento da 
célula B ocorre todo na medula óssea, enquanto os 
precursores de células T migram e sofrem maturação 
no timo. Após maturação, as células B e T deixam a 
medula óssea e o timo, entram na circulação sistê-
mica e vão povoar os órgãos linfoides periféricos. 
✹ As células B e T virgens são linfócitos maduros que 
não foram estimulados pelo antígeno. Quando encon-
tram o antígeno, sofrem diferenciação em linfócitos 
efetores com funções nas respostas imunológicas 
protetoras. Os linfócitos B efetores são células secre-
toras de anticorpos. As células T efetoras incluem as 
células T CD4+ auxiliares, secretoras de citocinas, e as 
CD8+ CTL. 
✹ Parte dos progenitores de linfócitos B e T ativados 
por antígenos sofre diferenciação para células de 
memória que sobrevivem por longos períodos em 
um estado quiescente. Essas células de memória são 
responsáveis pelas respostas rápidas e aumentadas às 
exposições subsequentes do antígeno.
✹ Os órgãos do sistema imunológico podem ser dividi-
dos em órgãos geradores (medula óssea e timo), nos 
quais ocorre a maturação dos linfócitos, e os órgãos 
periféricos (gânglios linfáticos e baço), nos quais os 
linfócitos virgens são ativados por antígenos.
✹ A medula óssea contém as células-tronco para todas 
as células do sangue, inclusive os linfócitos, e é o sítio 
de maturação de todas essas células, exceto as células 
T, que sofrem maturação no timo. 
✹ O líquido extracelular (linfa) é constantemente 
drenado dos tecidos pelos vasos linfáticos para os 
gânglios linfáticos e por fi m para o sangue. Antígenos 
microbianos são transportados em forma solúvel ou 
139
VISÃO GERAL DA TRANSDUÇÃO DE SINAIS, 140
Proteínas e Adaptadores Modulares da Sinalização, 142
A FAMÍLIA DOS RECEPTORES IMUNOLÓGICOS, 143
Aspectos Gerais da Sinalização dos Receptores de Antígenos, 144
O Complexo Receptor e a Sinalização das Células T, 145
A Estrutura do Receptor de Antígeno das Células T, 146
Iniciação dos Sinais pelo Receptor das Células T, 149
O Papel dos Correceptores CD4 e CD8 na Ativação das Células T, 149
Ativação das Tirosinocinases e de uma Lipidocinase durante a 
Ativação das Células T, 149
Recrutamento e Modifi cação das Proteínas Adaptadoras, 151
Formação da Sinapse Imunológica, 151
Vias de Sinalização da Cinase MAP dos Linfócitos T, 153
Vias de Sinalização Mediadas pelo Cálcio e pela PKC dos 
Linfócitos T, 154
Ativação dos Fatores de Transcrição que Regulam a Expressão dos 
Genes das Células T, 156
Modulação da Sinalização das Células T por Tirosinofosfatases 
Proteicas, 157
Receptores Coestimuladores das Células T, 158
O COMPLEXO DO RECEPTOR DE ANTÍGENOS DO 
LINFÓCITO B, 159
Estrutura do Receptor de Antígenos das Células B, 159
Iniciação dos Sinais pelo Receptor das Células B, 160
O Papel do Receptor de Complemento CR2/CD21 como Correceptor 
das Células B, 161 
Vias de Sinalização Subsequentes ao Receptor das Células B, 162
ATENUAÇÃO DA SINALIZAÇÃO DOS RECEPTORES 
IMUNOLÓGICOS, 162 
Receptores Inibitórios das Células NK e dos Linfócitos B e T, 162
Ligases de Ubiquitina E3 e Degradação das Proteínas de 
Sinalização, 163
RECEPTORES DE CITOCINA E SINALIZAÇÃO, 164
Classes dos Receptores de Citocinas, 164
Sinalização por JAK-STAT, 167
Vias de Ativação do NF-κB, 168
RESUMO, 169
C A P Í T U L O 
7 
Receptores Imunológicos e 
Transdução de Sinais
O conceito de que as células podem ter receptores de 
superfície específi cos capazes de serem ativados por ligantes 
externos foi proposto por um dos fundadores da imunologia 
moderna. Em seu artigo “Teoria da Cadeia Lateral” publicado 
em 1897, Paul Ehrlich concebia a existência de anticorpos 
na superfície das células imunes que poderiam reconhecer 
antígenos e estimular essas células a secretar quantidades 
maiores do mesmo anticorpo. Os receptores de superfície 
celular para os hormônios foram descobertos muitas décadas 
depois, na segunda metade do século XX, mas bem antes da 
identifi cação dos receptores de antígenos dos linfócitos, no 
início da década de 1980.
Os receptores de superfície celular desempenham duas 
funções principais – ativar a sinalização intracelular e esti-
mular a adesão de uma célula a outra ou à matriz extra-
celular. Em sentido amplo, a expressão transdução de 
sinais refere-se às respostas bioquímicas intracelulares que 
ocorrem nas células depois do acoplamento dos ligantes aos 
seus receptores específi cos. Quase todos os receptores sina-
lizadores estão localizados na membrana plasmática. Em 
geral, a sinalização iniciada por esses receptores inclui uma 
fase citosólica inicial, durante a qual o receptor ou as pro-
teínas que interagem com ele podem passar por modifi ca-
ções pós-translacionais. Isso geralmente resulta na ativação 
ou na translocação nuclear dos fatores de transcrição que se 
encontram inativos nas células em repouso; em seguida, há 
uma fase nuclear, durante a qual os fatores de transcrição 
coordenam as alterações da expressão dos genes (Fig. 7-1). 
Algumas vias de transdução de sinais estimulam a motilidade 
celular ou ativam a exocitose de grânulos citoplasmáticos, 
independentemente de uma fase nuclear. A transdução de 
sinais pode trazer algumas consequências diversas na mesma 
célula, inclusive aquisição de novas funções, indução da 
diferenciação, comprometimento com uma linhagem especí-
fi ca, proteção contra a morte celular, iniciação das respostas 
de proliferação e crescimento e indução do bloqueio do ciclo 
celular ou da morte por apoptose. Os receptores de antígenos 
dos linfócitos B e T estão entre os mecanismos de sinalização 
mais sofi sticados que se conhecem e ocuparão grande parte 
do texto deste capítulo.
Inicialmente, faremos uma revisão ampla da transdução 
de sinais e, em seguida, apresentaremos descrições da sinali-
zação mediada por receptores de antígenos distribuídos entre 
os clones de linfócitos e por receptores imunológicos estrutu-
ralmente relacionados, que estão presentes principalmente 
nas células do sistema imune inato. Ao longo da descrição 
Capítulo 7 – Receptores Imunológicos e Transdução de Sinais140
dos receptores de antígenos das células B e T, estudaremoso papel dos coreceptores da ativação linfocitária, analisare-
mos a sinalização por receptores coestimuladores de cada 
linhagem linfocítica e discutiremos o papel dos receptores 
inibitórios das células T, B e NK. Também estudaremos as 
diferentes classes de receptores das citocinas e os mecanis-
mos de transdução de sinais desencadeados por esses recep-
tores; por fi m, examinaremos a principal via que resulta na 
ativação do NF-κB, um fator de transcrição importante para 
as imunidades inata e adaptativa.
VISÃO GERAL DA TRANSDUÇÃO DE SINAIS
Em geral, os receptores que iniciam as respostas de sinaliza-
ção são proteínas estruturais presentes na membrana plas-
mática, na qual seus domínios extracelulares reconhecem 
ligantes solúveis secretados ou estruturas ligadas à mem-
brana plasmática de uma ou mais células adjacentes. Um 
grupo especial de receptores – os receptores nucleares – con-
siste, na verdade, em fatores de transcrição que são ativados 
funcionalmente por ligantes lipossolúveis que conseguem 
atravessar facilmente a membrana plasmática.
A iniciação da sinalização por um receptor da superfí-
cie celular pode depender do agrupamento dos receptores 
induzido pelo ligante (conhecido como ligação cruzada dos 
receptores), ou pode envolver uma alteração de conformação 
do receptor que é induzida por seu acoplamento ao ligante. 
Em geral, esses dois mecanismos de iniciação dos sinais 
resultam na aquisição de uma nova confi guração geométrica 
da parte citosólica do receptor, que facilita as interações 
com outras moléculas de sinalização. Em alguns casos, essa 
alteração da geometria do receptor pode ser causada pelo 
acréscimo enzimático de uma molécula de fosfato à cadeia 
lateral fundamental de tirosina, serina ou treonina presentes 
na parte citosólica de um componente do receptor, ou de 
uma proteína adaptadora diferente. As enzimas que acres-
centam grupos de fosfato às cadeias laterais dos aminoácidos 
são conhecidas como proteinocinases. Muitas etapas que 
iniciam a sinalização linfocitária dependem das proteino-
cinases que fosforilam moléculas essenciais de tirosina, e 
por esta razão essas enzimas são conhecidas como tiro-
sinocinases proteicas. Outras proteinocinases envolvidas 
em outros sistemas de sinalização são a serinocinase e 
a treo ninocinase, enzimas que fosforilam substratos pro-
teicos nos resíduos de serina ou treonina. Outras enzimas 
ativadas via sinalização pelos receptores fosforilam substra-
tos lipídicos e, por esta razão, são conhecidas como lipi-
docinases. Há uma fosfatase específi ca para cada tipo 
de reação de fosforilação, ou seja, uma enzima que pode 
remover uma molécula de fosfato e, desse modo, modular 
a sinalização. Essas fosfatases desempenham funções impor-
tantes (geralmente inibitórias) na transdução dos sinais. A 
fosforilação das proteínas não é a única modifi cação pós-
translacional que desencadeia a transdução de sinais. Muitas 
outras modifi cações facilitam os processos de sinalização. 
Por exemplo, alguns fatores de transcrição e as histonas 
podem ser regulados por acetilação e por metilação. Um 
tipo de modifi cação que descreveremos nas seções subse-
quentes deste capítulo é a ubiquitinação proteica, ou seja, 
o acréscimo de moléculas de ubiquitina que marcam como 
alvos as proteínas a serem decompostas ou desencadeiam a 
Fase nuclear
Núcleo
Fator de
transcrição no
citosol
Enzima
subsequente
inativa
Fase citosólica
Tirosinocinase
não receptora
Ligante
Receptor
Fator de
transcrição
modificado
P
Transcrição do
gene-alvo
P
FIGURA 7-1 A sinalização originada da superfície celular consiste nas fases citosólica e nuclear. A fi gura ilustra um re -
cep tor genérico que ativa uma tirosinocinase não receptora depois do seu acoplamento ao ligante. Na fase de sinalização citosólica, a cinase não 
receptora fosforila um resíduo fundamental de tirosina presente na extremidade citoplasmática do receptor e, consequentemente, a extremidade 
contendo fosfotirosina consegue recrutar uma enzima subsequente que é ativada em seguida. Na fase citosólica, essa enzima subsequente ativada 
acarreta uma modifi cação pós-translacional de um fator de transcrição específi co localizado no citoplasma. Na fase nuclear, esse fator de transcrição 
modifi cado entra no núcleo e induz a expressão dos genes-alvo, entre os quais todos têm sítios de ligação no promotor ou em alguma outra região 
reguladora que possa ligar-se a esse fator de transcrição modifi cado e facilitar a transcrição.
141VISÃO GERAL DA TRANSDUÇÃO DE SINAIS
transdução de sinais em muitas células, inclusive linfócitos. 
Muitas moléculas de sinalização importante são modifi cadas 
pelo acréscimo de lipídios, que podem ajudar a localizar 
a proteína na membrana plasmática ou, em alguns casos, 
em uma região especializada da membrana plasmática com 
quantidades abundantes de moléculas sinalizadoras.
Os receptores celulares são classifi cados em vários grupos 
baseados nos mecanismos de sinalização que utilizam e nos 
processos bioquímicos intracelulares que ativam (Fig. 7-2):
● Receptores que utilizam tirosinocinases não recepto-
ras. Nesse grupo de receptores de membrana, as cadeias de 
acoplamento aos ligantes não possuem atividade catalítica 
intrínseca, mas uma tirosinocinase intracelular diferente 
(conhecida como tirosinocinase não receptora) participa 
da ativação do receptor por fosforilação de alguns com-
ponentes específi cos do receptor ou de outras proteínas 
associadas (Fig. 7-1). Todos os componentes da família 
de receptores conhecidos como receptores imunológicos, 
dentre os quais alguns reconhecem antígenos e outros 
reconhecem as frações Fc dos anticorpos, utilizam tirosi-
nocinases não receptoras para iniciar a sinalização. Além 
da família de receptores imunológicos, alguns receptores 
de citocinas (descritos nas seções subsequentes deste capí-
tulo) também utilizam tirosinocinases não receptoras. As 
integrinas – receptores de adesão essenciais ao sistema 
imunológico – também sinalizam por ativação de tirosi-
nocinases não receptoras.
● As tirosinocinases receptoras (RTK) são proteínas 
estruturais da membrana, que ativam um ou mais domí-
nios intrínsecos de tirosinocinase localizados nas suas 
extremidades citoplasmáticas, quando formam ligações 
cruzadas com ligantes extracelulares polivalentes (Fig. 
7-2). Um exemplo de RTK importante para a formação 
das células sanguíneas é a proteína c-Kit. Essa PTK possui 
domínios extracelulares de Ig, que se acoplam a um li -
gante conhecido como fator da célula-tronco. A intera-
ção com esse fator resulta na dimerização da c-Kit e na 
ativação dos domínios citosólicos da cinase do receptor 
dimerizado. A sinalização por meio da c-Kit contribui 
para a iniciação da hematopoiese e da linfopoiese. Outros 
exemplos de PTK são o receptor de insulina, o receptor 
do fator de crescimento epidérmico e o receptor do fator 
de crescimento derivado das plaquetas.
● Receptores nucleares. O acoplamento de um ligante 
li possolúvel ao seu receptor nuclear (Fig. 7-2) resulta 
na possibilidade desse receptor induzir a transcrição ou 
reprimir a expressão dos genes. Os receptores hormo-
nais nucleares, inclusive o receptor de vitamina D e o 
receptor de glicocorticoides, podem infl uenciar nos pro-
cessos como o desenvolvimento do sistema imunológico 
e a modulação da expressão dos genes das citocinas.
Tirosinocinase
não receptora
Ligante Ligante
Receptor baseado
em tirosinocinase
não receptora
Receptor
de
tirosinocinase
Hormônio
nuclear
GPCR
Ligante
Notch
Clivagem
Notch
Notch IC
Ligante do
GPCR
Receptor
do
hormônio
nuclear
ATP AMPc
Núcleo
Transcrição do
gene-alvo do
hormônio nuclear
Domínio
de
cinase
Núcleo
Transcrição do
gene-alvo Notch
P
P
P
FIGURA 7-2 Principais tipos de receptoresde sinalização do sistema imunológico. A fi gura ilustra um receptor que utiliza 
uma tirosinocinase não receptora, uma tirosinocinase receptora, um receptor nuclear que se liga ao seu ligante e depois pode induzir a transcrição, 
um receptor transmembrana de sete alças ligado às proteínas G heterotriméricas e a cinase Notch, que reconhece seu ligante em uma célula dife-
rente e é clivada, resultando na liberação de um fragmento intracelular (IC Notch) que pode entrar no núcleo e afetar a transcrição dos genes-alvo 
específi cos.
425
CARACTERÍSTICAS GERAIS DAS REAÇÕES IMUNES 
DEPENDENTES DE IgE, 426
PRODUÇÃO DE IgE, 427
A Natureza dos Alérgenos, 427
Ativação de Células TH2, 427 
Ativação de Células B e Troca para IgE, 428
PAPEL DOS MASTÓCITOS, BASÓFILOS E EOSINÓFILOS NA 
HIPERSENSIBILIDADE IMEDIATA, 428
Propriedades dos Mastócitos e dos Basófi los, 428
Ligação da IgE aos Mastócitos e Basófi los: o Receptor Fcε, 429
Ativação dos Mastócitos, 431
Mediadores Derivados dos Mastócitos, 434
Propriedades dos Eosinófi los, 436
REAÇÕES DEPENDENTES DE IgE E DE MASTÓCITOS, 437
A Reação Imediata, 437
A Reação de Fase Tardia, 437
SUSCETIBILIDADE GENÉTICA À HIPERSENSIBILIDADE 
IMEDIATA, 438
DOENÇAS ALÉRGICAS EM SERES HUMANOS: PATOGÊNESE E 
TERAPIA, 439
Anafi laxia Sistêmica, 439
Asma Brônquica, 440
Reações de Hipersensibilidade Imediata no Trato Respiratório 
Superior, Trato Gastrointestinal e Pele, 442
Imunoterapia para Doenças Alérgicas, 442
OS PAPÉIS DE PROTEÇÃO DAS REAÇÕES IMUNES MEDIADAS 
POR IgE E MASTÓCITOS, 442
RESUMO, 443
C A P Í T U L O 
19
Respostas Imunes Dependentes de 
IgE e Doenças Alérgicas
Uma variedade de doenças humanas são causadas por res-
postas imunes a antígenos ambientais não microbianos que 
envolvem células TH2, imunoglobulina E (IgE), mastócitos e 
eosinófi los. Nestas respostas, os antígenos induzem células 
CD4+ TH2, que então ajudam as células B a produzir anti-
corpos IgE específi cos para os antígenos e que se ligam a 
receptores Fc nos mastócitos e nos basófi los. Quando estes 
anticorpos IgE associados às células fazem ligação cruzada 
com o antígeno, as células são ativadas para liberar rapi-
damente uma variedade de mediadores. Estes mediadores 
provocam coletivamente aumento da permeabilidade vas-
cular, vasodilatação e contração do músculo liso brônquico 
e visceral. Esta reação é chamada de hipersensibilidade 
imediata porque começa rapidamente, em poucos minutos 
de estimulação antigênica (imediata), e tem grandes conse-
quências patológicas (hipersensibilidade). Após a resposta 
imediata, há um componente infl amatório que se desen-
volve de forma mais lenta chamado reação de fase tardia 
caracterizado pelo acúmulo de neutrófi los, eosinófi los, 
macrófagos e células CD4+ TH2. Esta última reação é desen-
cadeada pelas citocinas produzidas pelas células TH2 e pelos 
mastócitos, assim como pelos mediadores lipídicos secreta-
dos pelos mastócitos. O termo hipersensibilidade imediata é 
comumente usado para descrever as reações imediata e de 
fase tardia combinadas. Na medicina clínica, estas reações 
são chamadas alergia ou atopia, e as doenças associadas 
são chamadas doenças alérgicas, atópicas ou de hipersensi-
bilidade imediata. Repetidos ataques destas reações podem 
levar a doenças alérgicas crônicas, com lesão tecidual e 
remodelamento. Embora a atopia originalmente signifi casse 
"incomum", agora percebemos que a alergia é o distúr-
bio mais comum da imunidade, afetando 20% de todos os 
indivíduos nos Estados Unidos. Este capítulo se concentra 
em reações imunes mediadas por células TH2, IgE e mastó-
citos. Começamos resumindo algumas características gerais 
importantes das reações dependentes das IgE e dos mas-
tócitos e continuamos descrevendo a produção de IgE, a 
estrutura e as funções dos receptores Fc específi cos para IgE, 
e os mediadores celulares da hipersensibilidade imediata, 
incluindo os mastócitos, basófi los e eosinófi los. Em seguida 
descrevemos síndromes clínicas selecionadas que estão asso-
ciadas às reações dependentes de IgE e de mastócitos e os 
princípios da terapia para estas doenças. Concluímos com 
uma discussão sobre o papel fi siológico das reações imunes 
mediadas por IgE na defesa do hospedeiro.
Capítulo 19 – Respostas Imunes Dependentes de IgE e Doenças Alérgicas426
CARACTERÍSTICAS GERAIS DAS REAÇÕES IMUNES 
DEPENDENTES DE IgE
Todas as reações alérgicas têm características comuns, embora 
difi ram muito nos tipos de antígenos que provocam estas 
reações e suas manifestações clínicas e patológicas.
● As marcas características das doenças alérgicas são a ativa-
ção das células TH2 e a produção de anticorpo IgE. Embora 
os indivíduos saudáveis não respondam ou tenham res-
postas inofensivas de células T e de anticorpos a antígenos 
ambientais comuns, os indivíduos atópicos desenvolvem 
respostas fortes de TH2 e produzem IgE na exposição a 
estas substâncias potencialmente alergênicas.
● A sequência típica de eventos na hipersensibilidade ime-
diata consiste na exposição a um antígeno, ativação das 
células TH2 e células B específi cas para o antígeno, produ-
ção de anticorpo IgE, ligação do anticorpo a receptores Fc 
dos mastócitos, e desencadeamento dos mastócitos através 
da reexposição ao antígeno, resultando na liberação de 
mediadores dos mastócitos e subsequente reação patoló-
gica (Fig. 19-1). A ligação da IgE aos mastócitos também 
é chamada de sensibilização porque os mastócitos reves-
tidos por IgE estão prontos para ser ativados no encontro 
com o antígeno (ou seja, são sensíveis ao antígeno). Des-
crevemos cada uma destas etapas nas seções seguintes.
● Existe uma forte predisposição genética para o desenvol-
vimento de atopia. Muitos genes de suscetibilidade estão 
associados a estes transtornos. Imagina-se que estes genes 
infl uenciem diferentes etapas no desenvolvimento e nas 
reações da hipersensibilidade imediata. Discutiremos 
alguns dos principais genes de suscetibilidade conhecidos 
e seus prováveis papéis posteriormente no capítulo.
● Os antígenos que provocam hipersensibilidade imediata, 
também chamados de alérgenos, são geralmente proteínas 
ambientais comuns e substâncias químicas que podem 
modifi car as proteínas. Os alérgenos incluem uma grande 
variedade de moléculas estruturalmente distintas.
● As citocinas produzidas pelas células TH2 são responsá-
veis por muitas das características da hipersensibilidade 
imediata. A hipersensibilidade imediata é a desordem 
prototípica mediada por TH2, em contraste com a hiper-
sensibilidade do tipo tardia, que é a reação imune clássica 
mediada pela TH1.
● As manifestações clínicas e patológicas da hipersensibi -
lidade imediata consistem na reação vascular e do mús -
culo liso que se desenvolve rapidamente após a exposição 
repetida ao alérgeno (a reação imediata) e uma reação 
infl amatória tardia. Todas estas reações podem ser desen-
cadeadas pela ativação de mastócitos mediados por IgE, 
mas diferentes mediadores são responsáveis por diferentes 
componentes das reações imediata e de fase tardia. Como 
os mastócitos estão presentes nos tecidos conjuntivos e 
sob os epitélios, estes tecidos são os locais mais comuns de 
reações de hipersensibilidade imediata. Algumas reações 
de hipersensibilidade imediata podem ser desencadeadas 
por estímulos não imunológicos, tais como exercícios 
físicos e a exposição ao frio. Estes estímulos induzem a 
desgranulação dos mastócitos e a liberação de mediadores 
sem exposição ao antígeno ou produção de IgE. Estas 
reações são chamadas de não atópicas.
● Reações de hipersensibilidade imediata se manifestam de 
diferentes maneiras, dependendo dos tecidos afetados, in -
cluindo erupções cutâneas, sinusite, constrição dos brôn -
quios, dor abdominal, diarreia e choque sistêmico. Na 
FcεRI
Ativação de célulasTH2 e estimulação da
troca para classe IgE
em células B
Produção de IgE
Ligação de IgE ao
FcεRI em mastócitos
Célula
B
Célula TH2
Célula B
secretora
de IgE 
IgE
Mastócito
Exposição
repetida ao alérgeno
Ativação de mastócitos:
liberação de mediadores
Aminas vasoativas,
mediadores lipídicos Citocinas
Primeira exposição
ao alérgeno
Mediadores
Alérgeno
Reação de
hipersensibilidade
imediata (minutos
após a exposição
repetida ao
alérgeno)
Reação de fase
tardia (2-4 horas
após a exposição
repetida ao
alérgeno)
FIGURA 19-1 Sequência de eventos nas reações de hiper-
sensibilidade imediata. As doenças de hipersensibilidade imediata 
são iniciadas com a introdução de um alérgeno, o que estimula as 
reações TH2 e a produção de IgE. A IgE sensibiliza os mastócitos se 
ligando ao FcεRI, e a consequente exposição ao alérgeno ativa os mas-
tócitos para secretar os mediadores que são responsáveis pelas reações 
patológicas de hipersensibilidade imediata. 
443RESUMO
promove a expulsão de parasitas através do aumento dos 
movimentos peristálticos e pelo derramamento de muco. 
Estudos em camundongos destacaram o papel benéfi co da 
IgE e dos mastócitos. Por exemplo, camundongos tratados 
com anticorpos anti-IL-4 e camundongos knockout para 
IL-4 não produzem IgE e parecem ser mais suscetíveis do 
que animais normais a algumas infecções por helmintos. 
Os camundongos knockout para IL-5, que são incapazes de 
ativar os eosinófi los, também mostram aumento de sus-
cetibilidade a alguns helmintos. Além disso, camundongos 
geneticamente defi cientes de mastócitos mostram suscetibi-
lidade elevada à infecção por larvas de carrapato, e pode-se 
fornecer imunidade a esses camundongos através da trans-
ferência adotiva de IgE específi ca e mastócitos (mas não por 
um ou outro componente isolado). As larvas são erradicadas 
pela reação de fase tardia.
Os mastócitos desempenham um papel importante de 
proteção, como parte da resposta imune inata a infecções 
bacterianas. Estudos em camundongos indicaram que os 
mastócitos podem ser ativados por mecanismos independen-
tes de IgE no curso de uma infecção bacteriana aguda, e que 
os mediadores que eles liberam são críticos para a resolução 
da infecção. Camundongos com defi ciência de mastócitos são 
menos capazes de resolver e são mais propensos a morrer de 
infecção bacteriana aguda do peritônio do que camundongos 
normais. O papel protetor dos mastócitos neste ambiente é 
mediado pelo TNF e depende do infl uxo de neutrófi los esti-
mulado por TNF para dentro do peritônio, especialmente, 
a reação de fase tardia. Os mecanismos pelos quais os mas-
tócitos são ativados durante as respostas imunes inatas à 
infecção bacteriana não são conhecidos, mas podem envolver 
a ativação do complemento pela via alternativa, levando à 
liberação de C5a, que desencadeia diretamente a desgranula-
ção dos mastócitos. Também é possível que a via clássica do 
complemento possa ser ativada por anticorpos naturais que 
são produzidos por células do tipo B-1 e que reconheçam 
patógenos microbianos comuns. Os produtos bacterianos 
também podem ativar os mastócitos ligando-se a receptores 
semelhantes a Toll expressos pelos mastócitos.
As proteases derivadas dos mastócitos foram mostradas 
para destruir alguns venenos de cobras e de insetos em 
camundongos. Esta é uma forma incomum de "imunidade 
inata" contra um encontro potencialmente letal com orga-
nismos não microbianos.
RESUMO
✹ A hipersensibilidade imediata é uma reação imuno-
lógica desencadeada por ligação de antígeno a IgE 
pré-fi xada a mastócitos, que leva à liberação dos 
mediadores infl amatórios.
✹ As etapas no desenvolvimento da hipersensibilidade 
imediata são a exposição a um antígeno (alérgeno) 
que estimula as respostas de TH2 e a produção de 
IgE, ligação da IgE aos receptores Fcε nos mastóci-
tos, ligação cruzada da IgE e os receptores Fcε pelo 
alérgeno, ativação dos mastócitos e liberação dos 
mediadores.
✹ Os indivíduos suscetíveis a reações de hipersensibi-
lidade imediata são chamados de atópicos e muitas 
vezes têm mais IgE no sangue e mais receptores Fc 
específi cos para IgE por mastócito do que os indiví-
duos não atópicos. A síntese de IgE é induzida pela 
exposição ao antígeno e às citocinas TH2, especial-
mente a IL-4.
✹ Os mastócitos são derivados de precursores da medula 
óssea que amadurecem nos tecidos. Eles expres-
sam receptores de alta afi nidade para IgE (FcεRI) e 
contêm grânulos citoplasmáticos onde são armaze-
nados vários mediadores infl amatórios. Os subgrupos 
de mastócitos, incluindo os mastócitos das mucosas 
e do tecido conjuntivo, podem produzir mediadores 
diferentes. Os basófi los são um tipo de granulócito 
circulante que expressa receptores Fcε de alta afi ni-
dade e contêm grânulos com conteúdos semelhantes 
aos mastócitos.
✹ Os eosinófi los são uma classe especial de granuló-
citos; eles são recrutados nas reações infl amatórias 
pelas quimiocinas e IL-4 e são ativados pela IL-5. Os 
eosinófi los são células efetoras que estão envolvidas 
no assassinato de parasitas. Nas reações alérgicas, os 
eosinófi los contribuem para a lesão tecidual.
✹ Na ligação do antígeno com a IgE na superfície dos 
mastócitos ou basófi los, os receptores Fcε de alta afi -
nidade se tornam uma ligação cruzada e ativam os 
segundos mensageiros intracelulares que levam à 
liberação de grânulos e à nova síntese de mediado-
res. Os mastócitos e basófi los ativados produzem três 
importantes classes de mediadores: aminas biogêni-
cas, como a histamina; mediadores lipídicos, como 
as prostaglandinas, leucotrienos e PAF; e citocinas, 
como o TNF, IL-4, IL-13 e IL-5.
✹ As aminas biogênicas e os mediadores lipídicos pro-
vocam reações rápidas vasculares musculares lisas da 
hipersensibilidade imediata, tais como vasodilatação, 
vazamento vascular e edema, broncoconstrição e 
hipermotilidade do intestino. As citocinas liberadas 
pelos mastócitos e pelas células TH2 medeiam a reação 
de fase tardia, que é uma reação infl amatória envol-
vendo a infi ltração de neutrófi los e eosinófi los.
✹ Diversos órgãos mostram formas distintas de hiper-
sensibilidade imediata envolvendo diferentes media-
dores e tipos de células-alvo. A forma mais grave é 
uma reação sistêmica chamada choque anafi lático. 
A asma é uma manifestação de hipersensibilidade 
imediata e de reações de fase tardia no pulmão. A 
rinite alérgica (febre do feno) é a doença alérgica mais 
comum do trato respiratório superior. Os alérgenos 
alimentares podem provocar diarreia e vômito. Na 
FIGURA 19-11 Ativação de eosinófi los para matar hel-
mintos. A IL-5 secretada pelas células TH2 aumenta a capacidade 
dos eosinófi los de matar os parasitas. A ligação cruzada dos FcεRI nos 
eosinófi los pela ligação da IgE com os antígenos dos helmintos também 
pode induzir a desgranulação dos eosinófi los, liberando enzimas tóxicas 
para os parasitas. 
Célula
TH2 
IL-5
Morte do
helminto
Ativação de
eosinófilo
Eosinófilo
Helminto
IgE
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