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9 KARL MARX MuitopoucospensadoresnaHistóriaformularamidéias,tantosobrequestõesint Icctuais~uantosobrequest<1e!práticas,quetenhamtidoumimpactoequivalenteaod idéiasde)KarlMarx11818-1883As influênciasintelectuais,políticas,econômicaseso ciaisdesuasidéiassãosuficienementeconhecidasenãoprecisamsermaiselaboradasne telivro.Comotodososgêniosintelectuais,desdeo tempodosantigosgregosatéhoje,el formulouumsistemaintelectualcompletoe integrado,queincluiuconcepçõesbemelO boradassobreontologiae epistemologia,anaturezahumana,anaturezadasociedade, relaçãoentreo indivíduoeo todosocialeanaturezadoprocessodaHistóriasocial. Comoseusistemaintelectualeraumtodointegrado,pode-seargumentarquenão possívelentenderinteiramenteumapartedestesistema,seessapartenãoestiverinserid nocontextoapropriadodetodoo sistema.Emborao autordestelivrotenhaalgumasinl patiapor esteargumento,nãoépossívelassimproceder,considerando-seasfinalidad limitadasdaobra.Portanto,deixaremosdeladomuitosaspectosdosescritosdeMarx abordaremosoutrosmuitoresumidamente,quandofor necessário,paradiscutirmossu' idéiasrelativasà natureza,àsorigense ao mododo funcionamentodeumaeconoml capitalista.Sóestasúltimasidéiasserãoanalisadasnestecapítulo. , A análisedeMarxsobreo capitalismofoi elaboradademodomaiscompletoems\t' obraemtrêsvolumesintituladaO Capital.SóoVoI. 1foipublicadoenquantoeleain eravivo(em]867).Rascunhose anotações,quedeveriamserreescritosequeforamp blicadosnosVols.2 e 3, foramescritos,quasetodos,emmeadosdadécadade]86 (antesdeeletercompletadoo Vol. 1)e aindanãoestavamacabadosquandoMarxmo reu,em]883.Foramorganizados,ordenadosepublicadosporFrederickEngels(oVol. em1885eoVoI.3 em1894).Marxescreveumuitosoutroslivros,panfletoseartigos,C queanalisavao capitalismo;departicularimportânciafoi umasériedesetecadernos anotações,escritosem1857e ]858,queeramrascunhosdemuitasanálisesquedeveria serpublicadasemO Capitale deoutrostópicosqueMarxpretendiaincluirnumaob maisamplaainda,daqualO Capitaleraaprimeiraparte.Estasanotaçõesforampubllo dasemalemão,sobo títulodeGrundrissederKritik derP.olitischenOkonomie(FUlUl, mentosdaCriticadaEconomiflPolitica).A traduçãoinglesadestescadernosdeanot çõesfoi publicadasobo título deGrundrisse.:ÉumcomplementoútildeO Capital, principalfontedasidéiaseconômicasdeMarx. A CRfTICADEMARX À ECONOMIACLÁSSICA ) 18 ,. 1I1!~tecaso,Marxcriticouseveramentemuitasdasidéiasdessesautores.LevouasérioMill IIUIIIOoponenteintelectual;quantoa Malthus,Bentham,Senior,Saye Bastiat,Marxqua- li' queselimitouacriticá-los. A ll.:laiordeficiênciadamaioriadestesau!ores,naopiniãodeMarx,~~s~alta de pdr$pectiv~h~tó.!i~a(emboraest~críticasedirigi~em~n~~mith).§et!vessem~estuJl.a- ,lullist~~~s c~ic!!!.9o.~insistiaele- teriamdescobertoqueaproduçãoé u~ 1IIIvldadesocial!.quepodeassumir.!!1uitasformasoUJ:n,odos.~endendolI~as. vi- ~~IIII~Sdeorganizaçãoso~ dascorrespo}lÇ!€llil~stécnicasdeproduc~~A sociedadeeu- IUpl1iatinhapassadoporváriasépocashistóricasdistintas,oumodosdeprodução,inclu- _Ivoasociedadeescravocrataeasociedadefeudal,eestava,naquelemomento,organizada ,li'limaformahistóricaespecífica- omodocapitalista. SeestesautoresdeEconomiativessemfeitoumestudodetalhadosobreosváriosmo- 11l)~deprodução,teriamdescobertoque"todasasépocasdeproduçãotêmcertostraços '1)IIIUnS,certascaracterísticascomuns".1Indispensáveisà produção,comoeramalgumas II~slascaracterísticas,o primeiropassoparaentenderqualquermododeprodução- co- 11111ocapitalismo- eraisolarascaracterísticasqueeramnãosóessenciais,comotambém 1'411icularesdaquelemododeprodução: Oselementosquenãosãogeraisnemcomunstêmqueserseparadosda...(gamadecaracterísti- cascomunsatoda)produçãocomotal,demodoque emsuaunidade- quejá surgedaidenti- dadedosujeito- ahumanidade- edoobjeto- a natureza- suadiferençaessencialnãoseja esquecida.Todaa profundidadedoseconomistasmodernosquedemonstrama eternidadeea harmoniadasrelaçõessociaisexistentesrepousanesteesquecimento.2 Esta incapacidadedeestabelecerdiferençaentreascaracterísticasdaproduçãoque '1"11Icomunsa todosos modosde produçãoe asqueeramespecíficasdo capitalismole- ~"VIIa inúmerasconfusõese distorções.Duas destasdistorçõeseramparticularmente IIlIplHlantcsna opiniãodeMarx:a primeiraeraa crençadequeo capitaleraumelementv 1Illlvl~rsalemtodososprocessosdeprodução,ea segundaeraquetodaatividadeeconômi- I'. podiaser reduzidaa uma sériede trocas.Quasetodos os economistasanterioresa Itll,I!'doforamculpadospelaprimeiradistorção(comexceção,comovimos,deHodgskin). I ()IIIIS\'todosos economistasque escreveramdepoisde Ricardo(principalmenteSeniore ItWltlllt)foramculpadospelasegundadistorçãoapontadaporMarx. A identificaçãoerradado capitalse originavado fato de que o capitaltinha uma 1'4111llcrísticauniversalemtodaa produçãoeumacaracterísticaparticularcomrelaçãoao .'.pllal1smo."A produção"- admitiaMarx - não era "possívelsemum.instrumentode 1IIIIdllçao";tambémnão poderiahaver"produçãosemtrabalhoacumuladopassado... II 'lIpltalé também,entreoutr~coiSas.,__.uIIljl}strum~ntodeproduçã02.~t,!m.!2.émtra:. h,llhupassadomatcriaTf~ado...:_Port~!:!to~~ital é uma relaçãogerale e~erna_d_~na- 1'"1lil, assimdefinido se eu omitir apenasa-qualidadeespecítica-clue,por si meima,. 1lIlIl.l'ollllao 'instrumcntode pro{ução'e o 'trabalho'acumúfado'em Cãpital"! ssta MAHX, Karl. Gnmdrisse.Novalorque,VintageBooks,1973,p. 85. 1111<1. 11'1<1,p. H:\.Hh. '1'1 4 qualidadecspecít1caerao poderdo capitaldegerarlucrosparaumaclassesocialeJp daI. So nocapitalismoos"ini!!.ument9_$deprodução-tie "0_tralJalllOacumwado";em a fontederendae dôpoderdaclassesocialdominante.Marx,contrariamenteaosecon IlIlstasquecriticava,procurouentendercomoesteaspectodo capitalsurgiue,depol' comoseperpetuou. A maioriadoseconomistasanterioresa Marxachavaqueapropriedadeerasagra (MilI,é claro,eraumaexceção).Alémdomais,elestinhamidentificadoapropriedadee geralcomaformaexistentedepropriedadeprivadacapitalista.Marxeracontraisso;ta bémfezobjeçãoàseparaçãototal,feitaporMilI,entreproduçãoedistribuição.Havia insistiaele- inúmerasformasdepropriedade,cadamododeproduçãoparticulartin suasformasparticularesde propriedade,e estasformasdeterminavama distribuiç6 Assim,a produçãoe a distribuiçãonãoeram,comoMilI acreditara,independentesUI daoutra: Toda produçãoé apropriaçãoda naturezapor partede umindivíduoqueviveemumaforma. pecíficade sociedade,formaessaque lhe permitea apropriação.Nestesentido,é tautológl dizer que a propriedade(apropriação)é uma precondiçãoda produção.l~,porém,intelram~ te ridículo dizero mesmode umaformaespecíficade propriedade,como,por exemplo,a pr priedadeprivada... A lIistória mostraque a propriedadecomum(por exemplo,na fndia,\' treoseslavos,entreosceltasetc.)é a formamaisoriginal,umaformaquecontinuadescmpenh~ do um papel significativo na determinaçãoda propriedade comunal ... Toda formade produçãocria suasprópriasrelaçõeslegais(tipos de propriedade),suaprópr! formadegovernoetc Tudoo queoseconomistasburguesessabemdizeré queaproduçãopu\11 ser melhorlevadaa caboatravésdo policiamentomodernodo que,por exemplo,combaseI princípio dequea forçafaz o direito.Esquecem-se,porém,de queesteprincípio(a for~'afa, direito) tambémé umarelaçãolegal,eque° direitodo maisfortetambémvigoraemsuas"rep blicasconstitucionais",sÓquedeoutraforma." Na verdade,na medidaemquea mercadoriabemcomOo trabalhoscjamconcebidosapel1UM\'Ilr mo valoresde troca e a relaçãosegundoa qual asváriasmercadoriasserl'lal'iunaml'l1lrl''I.: i I lbid., p. 87-88. ,~() I'oncebidacomoa trocadestesvaloresde troca... os indivíduossão... simplesmenteconcebidos '~omotrocadores.No que diz respeitoao caráterformal, não existe,absolutamente,distinção algumaentreeles... Cadaum é um trocador,istoé, cadaumtemeomo outro amesmarelação ,oeialqueo outro temcomele.Como sujeitosde troca,suarelaçãoé,portanto,deigualdade.t: Impossívelencontrarqualquersinalde distinção- isto semsefalaremcontradição- entreeles; nãoexistesequerumadiferença.5 Umtrabalhadorquecompn:mercadoriaspor3 shi11ingsseapresenta,diantedo vendedor,names- lI1a função,coma mesmaigualdade- naformade 3shillings- queo reiquefaçao mesmo.Toda distinçãoentreeleséeliminada.O vendedor.comotal,apareceapenascornodonodeumamerca- doriaquc custa3 shillings,de modoqueambossãoabsolutamente iguais;sÓque3 shillingsexis- tem,aquisoba formadeprata;emoutraocasião,soba formadeaçúcaretc.6 Portanto,superficialmente,umsistemadetrocapareceumsistemadeigualdade. Dadaatotalnegligênciadoseconomistasburguesescomrelaçãoàscaracterísticasque Iluw,nciamo capitalismodeoutrosmodosdeprodução,umaeconomiadetrocatambém 1'*I,'"laumaeconomianaqualprevaleciaaliberdadehumana.Narelaçãodetroca, ,'ntra,alémdaqualidadedaigualdade,adeliberdade.Emborao indivíduoA sintaumanecessida- '\l' de ter a mercadoriado indivíduoB, nãoseapropriadelaà força,nemvice-versa.Ambosse rcconhecemreciprocamentecomoproprietários...Nenhumdelestira o queé do outro à força. ('udaumsedesfazvoluntariamentedesuapropriedade.' . Joinalmente,umaeconomiadetrocatambémpareciaumsistemanoqualosatosmo- l'I~IHllJS pelointeressepr~rio-egoístaeramcanãITiããos,T'como-queporumamãoInvisí~I . --- - - - - . -- .-- '~'II",paraum todosocia~_en~eharmonioso.pmotivoparaa frocapresSupunha,clara- = 1~llIlIll"queosii1divíduosnãoproduzissemriempossuíssemo quequisessemnemaquilo .~qUl'necessitassem."Só asdiferençasentresuasnecessidadesesuaproduçãodavamori- m1\trpca"- escreveuMarx.8 ! I) aparecimentodaharmoniaera,então,inevitável: () II1divíduoA atendeà necessidadedo indivíduoB pormeiodamercadoriaa, apenasnamedida "111<llIee porquco indivíduoB atendeà necessidadedo indivíduoA pormeiodamercadoriab c vll'l'-versa.Cadaum atendeao outro paraatendera si mesmo;cadaumfazusodo outrorecipro- 'alllentecomoummeio...Assim,é irrelevante,paraambasaspartesenvolvidasnatroca...que ,',tareciprocidadeSÓlhe interessena medidaemquesatisfaçaseuinteresse...semreferênciaao Interessedo outro. Que\dizer,o interessecomumqueaparececomomotivodo atocomoumto- Ilué rcconhecidocomoumfato,porambosos lados,mas,comotal,nãoéo motivo.' , J\ssim,a hamlOniaeconômicado capitalism~r~ visível quan~ ~ei!ava "a 1.,11/1111tivade quee~iste,!lmaúnicarelaç!QeconôI1!i~"_- ~trQca.10}'. cOI1c1l1sãodeMarx ~I"IIhvia: II>III..p.241. tlIIII , p. 246. 110"1,p. 243 110',\,p. ~42. 11>111,p 1.13.244. tI"II ,11 '4'), I 'I I~no caráterda relaçãomon~tária- namedidaemqueelaé desenvolvidaemsuapurezaatéu ponto,e semselevaremcontarelaçõesdeproduçãomaisaltamentedesenvolvidas- quetoda. contradiçõesinerentesà sociedadeburguesaparecemdesfazer-seemrelaçõesmondárias,con bidasde umaformasimples;e a democraciaburguesa- maisaindado queos economistasli gueses- se refugianesteaspecto ...a 11mde construira apologéticadasrelaçõeseconôml existentes." ~MERCADORIAS,VALOR, VALOR DE USOE VALOR DETROCA*, Marxestavainteressadoemexplicaranaturezadarelaçãosocialentrecapitalista. trabalhadores.Em termosdeteoriaeconômica,istosignificavaa relaçãoentresalário. lucros.Quandoseconsideravaapenasaesferadatrocaoucirculação,ossalárioseluctl pareciamconseqüênciadasimplestrocademercadorias.Então,Marxcomeçouo Vol, deO Capital(como subtítulodeUmaAnáliseCn'ticadaProduçãoCapitalista)comu análisedasmercadoriasedaesferadacirculação. +-- O capitalismoeraumsistemaemquea riquezaparecia"umaimensaacumulação mercadorias,comumaúnicamercadoriacomounidade".12Umamercadoriatinhali I c;;ãcter7sticã~~;en~rTmeirã~ era"u;; ~i~~q~,-porsU,asyroEriedades,j I tisfaziaàsnecessidadeshumanas",-uAsqualidadesfísicasparticularesoeumamercador I quetTnílautiffif<idêparaaspessoas,faziamcomquea I"!]ercadoria.tivesseUI~:mlor uso.As qualidadesfísicasparticularesquetornavamútil umamercadorianãotinham, I opiniãodeMarx,qualquerligaçãodefinidaousistemáticacOm"aquantidadedetrabal necessárioparaaapropriaçãodesuasqualidadesúteis".14Emsegundolugar,asmerca \riaseram,"alémdisso,o depositÜriomaterialdovalordetroca".ISO valordetrocaumame'rcadoriaeraumarelaçãoentreaquantidadedestamercadoriaquesepoderiac ~eguiremtrocadeumacertaquantidadedeoutraououtrasmercadorias. I O valordetrocaera,habitualmente,expressoemtermosdopreçomonetáriode\ mercadoria,querdizer,eraexpressoemtermosdaquantidadedamercadoriadinheiro' sepoderiaobteremtrocadeumaunidadedamercadoriaemquestão.Assim,seo pr deumpardesapatosfosse2 dólares,istosignificava,simplesmente,queumpardesu tosseriatrocadoporduasunidadesdamercadoriadinheiro(nocaso,2 dólares),ou umaquantidadedequalqueroutramercadoriaquepudessesertrocadapor2 dólaf(:I~ dinheiro,então,eraumamercadoriáespecial,geralmenteusadacomonuméraire,CIIII, mosdoqualosvaloresdetrocaeramgeralmenteestabelecidosequetambémfunclOl1 comoequivalenteuniversaldetroca.Comotal,funcionavacomoummeiodetroca, é,erausadoemquasetodatrocaouvenda.Erao usouniversaldodinheirocomoe'luti' lentedetrocaquediferenciavaumaeconomiadetrocamonetáriadeumaeconOllll1& 11 Ibid., p. 240-241. MARX, Karl.O Capital.Moscou,Editorade LínguasEstrangeiras,1961,I: 35,3 v. Ibid. Ibid., 1:36. lbid. 12 13 14 15 J' ) 11'1111peloescambo.A moedatambémeraummeiodeguardarriqueza,quandosequeria li.. muitariquezaacumuladasoba formadevalordetrocapuroe nãodevaloresdeuso. l,tlllÚrmeveremosmaisadiante,a moedatambémpodia, emcertascircunstâncias,ser ~IIII~docapital. i () valorde trocaerao meio atravésdoqualtodasasmercadoriaspodiamserdiretae , 1IIIIIIIIltativamentecomparadas.Osvaloresdetrocapressupunhamwnelementocomuma 11111u as mercadorias,em virtude do qual tais comparaçõespodiamser feitas.Além de '111valorde troca,asmercadoriassó tinhammaisduascaracterísticasem comum:todas i1II,IIIIInvalordeusoe todaseramproduzidasapenasj!elo gapalhohumano:.-. -~\ Cada uma destasduascaraclerístícascomuns- comojá dissemosnestelivro - foi 1,llIIlIldacomodeterminantedo valorde trocapor diferentestradiçõesda teoriaeconô- .~IIII"Marx,porém,rejeitouo valordeusocomopossíveldeterminantedospreços.Escre- '~~IIIJ seguinte:"Como valoresde uso,asmercadoriassão,acimade tudo, de diferentes :IIlIlllidades,mas,como valoresde troca, são meramentequantidadesdiferentes."16As- tI"" Marxafinnavaquea variedadeinfinitadequalidadesfísicasquedavaàsmercadorias illitlllvlllorde uso - ou utilidade- nãoeradiretamentecomparável,emsentidoquanti- I hllVII, Portanto,o únicoelementoque~_çqlJ1ul!!~lQQ.a,sasmercadoliasegireta.!l1ente 'IIIparávelemtennosquantitativosera9 tempodetrabalhonecessárioJ~~rasuaprodu- II OuandoMarxconsiderou,abstratamente,asmercadoriasignorandotodasassuas H"II'lIçase peculiaridades,elasforamreduzidasàsincorporaçõesmateriaisdotrabalho IIIIII\!gadoemsuaprodução.As mercadorias,assimconsideradasporMarx,eramdefini 11_,'111110 valores."O trabalhohumanoestácontidonelas.Quandoencaradascomocris Illksle... (trabalhohumano),todaselaseramcomuns- eramvalores."I? IlIlelizmente,Marxdefiniuo trabalhohumanocristalizadonasmercadoriascomova- Ii ".Iepoderiaterusadoo termovalor-trabalho),porqueapalavravalortinhasidousada 11111Ill'qüênciaporeconomistasqueescreveramantesdeMarx,epassouaserusadaqua- 'I"\'l'xclusivan1entepeloseconomistasposteriorescomo sentidodesimplesvalorde '1'I1oupreço.Ao lerO Capital,é precisoteremmenteadefiniçãodeMarx,a fim de 11111l'l>nfusão.Modernamente,o estudantedeEconomia,muitasvezes,verificaqueesta 1I111I~il()émuitoagravadano VoI. 1,porduasrazões.Primeiramente,Marx,àsvezes,es- ~\IIIwmoseo trabalhoincorporadoàsmercadoriasfossediferentede.seusvalores(e,às 1'.,l'omoseosdeterminasse).Consideremoso seguintetrecho:"O valordeumamer- I,d,11111está para o valordequalqueroutraassimcomoo temponecessáriodetrabalho 1III lua produç;ioestáparao da outra.,,18Esta fraseé redundante,implicandoconfu- II dI' lermos.t. redundante,seele tiver usadoapalavravalortal comojá a haviadefini- I." "timesnão erammeramenteproporcionaisàsquantidadesdetrabalhoincorporadas; ."'111Idellticosa elas.Paraqueestafrasenãofosseredundante,deve-sesuporqueMarx :'11'dl/l'l valorde troca,quandodissevalor.Masnãotemoscomosaberseeraisto()que '.h I ,lllIwlltequeriadizer.Talvezsejamaissegurosuporquesim. l 1"101, I 37 3H, 1"10\,I 1H, 111101I 1'1O!O, " I TRABALHO ÚTIL E TRABALHOABSTRATO hll sc.'gundolugar,estaconfusãoé facilmenteagravada,porque,no Vol. 1,Marx 11 ('~rlll'/If'/'('()('upadocomqualquerteoriadestinadaa explicarpreçosreais.Estava,istosill' 1111111111110explicara naturezado capitale asorigensdo lucro.Paratanto,achouconven~ ~lItl'aceitara idéiade Ricardo,dequeo trabalhoincorporadoàproduçãoerao princip dl'terminantedosvaloresdetroca. Para""~dõ, f;toreSCõil1õdiferençasda razãoellt' IIHiquinase trabâfnõou diferençasde duraçãodosprocessosde produçãoemdiferellt indústriaseramdiferençassecundáriasemrelaçãoaospreços.Estasdiferençassecundári eramnãosó relativamentesemimportância,como tambéminteiramenteexplicáveisp princípiossubsidiáriosdateoriado valor,deRicardo.Marxpartiudestaidéiae,no Vol. abstraiu-sede consideraressasinfluênciassecundárias.Paraexplicar'a naturezae asor gensdo capitale do lucro,supôs,comoprimeiraaproximaçãoabstrata,queosvalor (trabalhoincorporado)fossemos únicosdeterminantesdosvaloresdetroca.Naquele11" veldeabstração,comovimosnoscapítulossobreSmitheRicardo,osvaloresdetro, eramsempreproporcionaisaosvalores(talcomoMarxdefiniavalores).Portanto,emto o Vol. I, Marxusouostermosvalore valordetrocacomosinônimos.Emboraistofo , muitoapropriado,considerando-seesteníveldeabstraçãoteórica,agravoua confus' feitaporleitoresdeseustrabalhos.Marxsabiamuitobemquaiseramasdistinçõesenl., valorese valoresde trocae preços."Temos que perceberà primeiravista"- escrcvqi ele - "as deficiênciasdaformaelementarde valor:eleé um merogerme,quetemq' passarpor umasériede metamorfosesantesdepoderamadurecersoba formadep çO.,,19 SónoterceirovolumedeO Capitalé queMarxestendeusuateoriadotrabalho modoa explicarospreçosreais,istoé,a levaremcontaasinfluênciassecundáriassob ospreçosquemencionamosanteriormente.Infelizmente,o Vol. 3 nãochegouaserac badopor Marxe suadiscussãosobreo trabalhocomodeterminantedospreçosreal emboraconceituaImentebastanteadequada,tinhaumaincoerênCiaquesófoi solucion daváriasdécadasdepois,comoveremosnoCapo10. i Tendochamadoatençãoparaospossíveispontosconfusosnamaneirasegundoa'lU' Marxusouostermosvalore valordetroca,voltamos,agora,a discutirasmercadoriu. seusvaloresdetroca. li i I QuandoMarxafirmouqueo trabalhodeterminavaosvaloresdetroca,definiuo le po detrabalhocomoconsistindoemtrabalhosimplesehomogêneo,emqueeramabstr dastodasasdiferençasespecíficasentreváriostiposdeprocessosdetrabalho:"O trab lho... queformaasubstânciadovaloré trabalhohumanohomogêneo,o gastodl' IlIt' forçadetrabalhouniforme.,,2oIstoo levouadistinguirduasmaneirasdiferentesdever trabalhoeo processodetrabalhar.Quandoseencaravamascaracten'sticasespe('IjI('(J,~ processosespecificasdetrabalho,viam-sequesuasqualidadesdiferenciadoraspartll'lIlur 19 Ibid., J :62. Ibid., J :39. 20 1'111111necessáriasparagerarosvaloresdeusoparticularesdasdiferentesmercadoriasem 'I1I.5tão.O trabalhoencaradodestamaneirafoi definido como trabalhoútil e, comotal, 1',uJuziaos valoresde usoparticularesdediferentesmercadorias.Assim,trabalhoútil era " ,lIusado valordeusodas_mer.ca.daJ:ips:---~.. --.- U paletóé umvalordeusoquesatisfazaumanecessidadeparticular.Suaexistênciaéoresultado deumtipoespecialdeatividadeprodutiva,cujanaturezaédeterminadaporsuafinalidade,sua formadeoperação,seusujeito,seumeioeseuresultado.O trabalhocujautilidadeéassimrepre- sentadapelovalordéusodeseuproduto,ouquesemanifestatornandoseuprodutoumva- Iardeuso,serápornóschamadodetrabalhoútil.21 O trabalhoquecriavavalordetroca,porém,eratrabalhoabstrato,ondeasdiferenças 11,qualidadedosváriostiposdetrabalhoútileramábffiãTcfàs:"A atividadeprodutiva,se I'rlxarmosdeladosuaformaespecial,como,porexemplo,ocaráterútildotrabalho,na- 1111maisédoqueo gastodeforçahumanadetrabalho...Ovalordeumamercadoriare- Itll"I.!ntatrabalhohumanonestesentidoabstrato,e gastodetrabalhohumanoemge- 111,1 ..22 Quandoafirmouqueo trabalhoabstratodeterminavaovalordetroca,Marxfezduas ~ullllficaçõesimportantes.Primeiramente,a dequenãoeraapenaso tempodetrabalho .",'/a/mentenecessárioquecontava:"O tempodetrabalhosocialmentenecessárioéo que . \lII'cisoparaproduzirumartigoemcondiçõesnormaisdeproduçãoecomograumédio ~I'habilidadee intensidadeexistentenaépoca.,,23 Marxtambémadmitiaquealgunstiposdeproduçãoexigiamqueostrabalhadores ilhl"III$semumtempoconsideráveladquirindohabilidades.especiais,aopassoqueoutros 111t1l\:I.~ssosdetrabalhopodiamserexecutadosporsimplestrabalhadoressemqualificação .1~lIlIIa.Nessecaso,o cálculodosvaloresexigiriaqueo trabalhoqualificadofossereduzi. ,1~IIIUI11simplesmúltiplodotrabãIh-onão-quaTIITc:ado:- - --- - -- () trabalhoqualilicadosó contacomotrabalhosimplesintensilicadoou comotrabalhosimples l1Iultiplicadoquandoseconsideraumadeterminadaquantidadede{trabalho)qualificadoiguala UUlaquantidademaior de trabalhosimples.A expcriênciamostraquesempresefaz estaredu- 'ii\) ... As diferentesproporçõesem que diferentestipos de trabalhosão re~zidos a trabalho uiio-qualilicadocomopadrãosãoestabelecidasporumprocessosocialdespercebidopelosprodu- IUI"Se,por isso,parecemserlixadaspelocostume!4 Ouandodescrevermosa teoriadopreçodaforçadetrabalho(ousalário),deMarx, ~WII'veremosamaneiracomopercebemosa determinaçãodasdiferençasdesaláriospc- I.. qUlliso trabalhoqualificadofoireduzidoatrabalhosimples. I('lido,então,estabelecidoaligaçãoentreo valordetrocadeumamercadoriae "a _Utllllllhldedetempodetrabalhosocialmentenecessárioparasuaprodução",Marx,coe- i'~IIIi'mll1suacríticaanterioraoseconomistasburgueses,mostrouascondiçõessócio. 111"lllIlla~específicasnecessáriasparaosprodutosdotrabalhohumanosetransformarem i.," 1lIi'Il'adorias. I 110101 , / :41. 110101,J '44. Ihhl. / \'), 110101, /.101 E necessáriohavercondiçõeshistóricasdefinidasparaum produtopodertransformar-seemUJl' mercadoria.Ele nãopodeserproduzidocomomeio.imediatode subsistênciado próprioprol! tor... A produçãoe a circulaçãodasmercadoriaspodemocorrer,emboraa grandemaioriaLI objetos produzidosse destinea atenderàs necessidadesimediatasdos produtores,não sCIIJ transformadosem mercadorias;conseqüentemente,a produçãosocialaindanãoé muitodomin da,tantoemsuaextensãoquantoemsuaprofundidade,pelovalordetroca." 1 NATUREZASOCIALDA PRODUÇÃODEMERCADORIAS Osprodutosdotrabalhohumanosósetransformavamemmercadoriasquandoera plOduzidosapenascomo fito deseremtrocadospordinheironomercadoe não pa usoougozoimediatopelosprodutoresou poroutraspessoasdiretamenteassociadasI1 eles."O mododeproduçãono qualo produtotomaa formadeumamercadoria011 produzidodiretamenteparatroca"- escreveuMarx- "ou éa formageraleembriul1 riadaproduçãoburguesa".25A produçãodemercadoriaserasempredominadapelabus dovalordetroca: I'I~visãoe daaçãodosprodutores.Paraeles,suaprópriaaçãosocialassumea formada li,aodeobjetosquegovernamosprodutores,emvezdeseremporestesgovernados".28 ".sim,o queeramrelaçõessociaisentreprodutoresparecia,a cadaprodutor,simples- 1l1llOte,umarelaçãoentreeleeumainstituiçãosocialimpessoaleimutável- omercado. II mercadopareciaenvolver,simplesmente,umasériederelaçõesentrecoisasmateriais- "I mercadorias."Portanto,as relaçõesqueligavamo trabalhodeumindivíduoaodos ~(llIlaisaparecem"- concluiuMarx- "nãocomorelaçõessociaisdiretasentreindivíduos IllIlrabalho,mascomo...relaçõesentreobjetos".29 Assim,emumasociedadequeproduzmercadorias,osvaloresdeusoproduzidospelo tlllbalhoútilnãopoderiamserconsumidose usadossemo funcionamentoacontentoda trucanomercado.Aindaera,porém,apenaso trabalhoútilqueproduziavaloresdeuso 'i"~mantinhama vidahumanaequegeravamtodaautilidadeconseguidaatravésdocon- 11111I0.A grandeingenuidadedoargumentoda"mãoinvisível",deSmith,e detodasas IIIIISvariaçõesapologéticaselaboradasporoutroseconomistasburgueseseraconseqüência ,Irmafaltadevisão.Encarandoapenassuperficialmenteo atodatrocaeaesferadacir- ,,"III~1[O,oseconomistasburguesesachavamqueestautilidadeerageradanaprópriatroca. " Iroca,portanto,lhespareciauniversalmentebenéfica,harmonizandoosinteressesde IllIJu indivíduoe detodososoutrosindivíduos.A verdadepuraesimpleseraqueo traba- IlIuIltilerasemprea fontedetodautilidadeproporcionadapelasmercadorias,eatroca I m meramenteo pré-requisitonecessárioparao própriofuncionamentodeumasociedade 11111produzissemercadorias.Oseconomistasburguesestinhamsidoincapazesdevisualizar 111I.lquercoisaalémdeumasociedadequeproduzissemercadorias,demodoqueoapare- l'IIIH~lItodomercadocomoinstituiçãoharmonizadoraesocialmentebenéficameramente IlIiHl:avao fatosubjacentedeque,nestasociedade,ninguémpoderiatirarvantagemdauti- 1"I,Hkproporcionadapelotrabalhoútil,a nãoserqueo mercadofuncionasse.Estefato, 1'"1si mesmo,nãodavaqualquerindicaçãoquantoà naturezadasrelaçõessociaisentre II variasclassesemumasociedadecapitalistanemindicavaseestasrelaçõeseramharmo- tllll~IISou conflitantes. Paraqueumasociedadefosse"dominada,emsuaextensãoeprofundidade,pelo lor detroca",querdizer,paraquefosse,basicamente,umasociedadeprodutorade11I11 cadorias,eramnecessáriostrêspré-requisitoshistóricos:primeiramente,tinhaqueIw umgrautãograndedeespecialização,quecadaprodutor,individualmente,produzi sempreo mesmoproduto(oupartedeumproduto).Emsegundolugar,estaespeciah" çãoexigia,necessariamente,acompleta"separaçãodovalordeusodovalordetroca". Comoavidaeraimpossívelsemoconsumodemuitosvaloresdeuso,umprodutor1'0 ria relacionar-secomseupróprioprodutoapenascomovalordetrocae nãopoderill. quirirseusvaloresdeusonecessáriosdosprodutosdeoutrosprodutores.Emtercel lugar,umasociedadeprodutorademercadoriasexigiaummercadoamplo,bemdesenv vido,queprecisavadousogeneralizadodamoeda,comoequivalentedevaloruniverl mediandotodasastrocas. Em umasociedadequeproduzissemercadorias,qualquerprodutortrabalhariaiso damentedetodososdemais..eclaroqueerasocialeeconomicamenteligadoourelae nadoa outrosprodutores.Muitosdelesnãopoderiamcontinuarcomseushabituais 'i drõesdiáriosdeconsumo,semoprodutorproduziramercadoriaqueseriaconsumida los outrosprodutores;domesmomodo,o produtornãopoderiacontinuarcomseu drãodeconsumo,anãoserqueosváriosoutrosprodutoresproduzissemsempreas111 cadoriasdequenecessitassem.Assim,haviaumarelaçãosocialdefinidae indispclI$ll entreosprodutores. Todavia,cadaprodutorsóproduziaparavendernomercado.Como produtodeI venda,compravaasmercadoriasdequeprecisava.Seubem-estarpareciadependeraponl dasquantidadesdeoutrasmercadoriaspelasquaiselepoderiatrocara suamcrcadorl, "Estasquantidadesvariamsemp,re"- escreveuMarx- "independentedavOllt1HIl-, CIRCULAÇÃOSIMPLESDE MERCADORIASE CIRCULAÇÃOCAPITALISTA Ascondiçõeshistóricasnecessáriasparaaproduçãodemercadoriasnãoeram,segun- 1111;1urgumentaçãode Marx, idênticasàsnecessáriasparaa existênciado capitalismo.Ele ~III'VIIIIlteressadoem entendera naturezahistóricae socialespecíficado capitalcomo 1i,,\II'dos lucros.Asseveravaqueas"condiçõeshistóricasdaexistênciadocapitalnão.§.iio, 110fluIdoalgum,determinadaspelameracirculaçãodamoedae demercadorias".3o Na produçãosimplesde mercadorias,em um sistemanão-capitalista,produziam-se 111"11IIdoriasparavendacomo fl111deadquiriroutrasmercadoriasparauso.Emtalsis- "11111,Marx escreveu: 26 Ibid., J :82. Ibid., /:169-170. Ihid., /: 170. Ihld., I 7S. Ihld, I 7]. 111111,I I'IU 27 '" n Irocademercadoriasé... acompanhadadasseguintesmudançasemsuaforma: Mercadoria- Moeda- Mercadoria Me-Mo-Me. oresultadodetodoo processoé... a trocadeumamercadoriaporoutra,acirculaçãodetru lhosocialmaterializado.Quandoseatingeesteresultado,oprocessochegaaofim.3I Contrastandocom isso,em umsistemacapitalista,logosepoderiaobservarque,p~ umsegmentodasociedade- oscapitalistas- o processodetrocaseriamuitodiferente:' ( I A formamaissimplesdecirculaçãodemercadoriaséMe-Mo-Me,a transformaçãodemeren riasemmoedaeatransformaçãodamoedanovamenteemmercadorias,ouseja,venderparaco prar;mas(nocapitalismo>,juntamentecomestaforma,encontramosoutraformaespcciticarn tediferente:Mo-Me-Mo,ouseja,a transformaçãodemoedaemmercadoriase atransfolllHlç dasmercadoriasnovamenteemmoeda,ouseja,comprarparavender.A moedaquecirculadc~ " últimamaneirasetransforma,então,emcapitalejáé,potencialmente,capital.)] Era óbvio - prosseguiaMarx - quea circulaçãoMo-Me-Mo"seriaabsurdae semSCI tido, se a intençãofossetrocar,por estemeio,duassomasiguaisde moeda,como,p exemplo,100libraspor 100libras.O planodo avarentoseriamuitomaissimplese 111:1' seguro:eleseagarrariaàssuas100libras,emvezdeasexporaosperigosdacirculação", Estavaclaroquea únicaintençãopossíveldestetipo decirculaçãoera"comprara fim vendermaiscaro".34 Portanto, esteprocessode circulaçãopoderiaser maisbemdescritocomoMo.!IJ' Mo', onde Mo' é maior que Mo. Diversamenteda circulaçãoMe-Ma-Me,a circulaç Mo-Me-Mo' terminavacomumvalormaiorqueo inicial. " MAIS-VALIA,TROCAE A ESFERADA CIRCULAÇÃO A diferençaentreMo' eMo eraamais-valia.ParaMarx,abuscadequantidadesCII vezmaioresdemais-valiaeraaforçamotivadoraquemoviatodoo sistemacapitalista: Comorepresentanteconscientedestemovimento,o donodo dinheirosetransformaemumCII talista.Suapessoa,ou melhor,seubolso,é o pontodepartidae deretornodo dinheiro. O aumentodo valoI torna-sesuafinalidadesubjetivae, apenasnamedidaemquea aprupr çãode cadavezmaisriqueza,numsentidoabstrato,se tornao único motivodesuasativid:1I1 é queeleagecomocapitalista,querdizer,comocapitalpersonificadoedotadodeconsci'::n~1 vontade.Portanto,os valoresde usonuncadevemserencaradoscomoa verdadeirafinalid:Hhl capitalista;tampoucoo lucroemumaúnicatransação.O processoincansávele intermin:ívl'l obtençãode lucrosé a únicacoisaqueelequer.Estaânsiailimitadapor riqueza,estabusl':!,1\1 xonadade valorde trocaé comumaocapitalistaeaoavare,nto;mas,enquantoesteli melUnll'U um capitalistaqueficou louco,o capitalistaé umavarentoracional.O :!umentointermll1:ivl'l1i valorde troca,queo avarentoestásempretentandoconseguir,procurandopouparseudinhl'llIl 31 lbid., 1:105-106. Ibid.,l:146-l47. Ibid.,/:147. Ibid., /: 155. 32 33 34 .!vltarqueelecircule,é conseguidopeloscapitalistasmaisinteligentes,queestãosemprecolocan- doo dinheiroemcirculação.35 . MarxconcluiuqueacirculaçãoMo-Me-Mo'era,"portanto,emrealidade,afórmula 1"""11docapital,tal comoeleapareceprimafaciedentrodaesferadacirculação".36A I'.'"11110centralparaMarxeraestabelecerseacaracterísticaessencialdocapitalismo,e I'"''originavaa mais-valia- o excessodeMo' emrelaçãoaMo - podiaserencontrada 1""11'0daesferadacirculação.A trocadeumamercadoriapoderiaocorrerpelovalorda :III'"':lIdoria,acimadeseuvalorou.abaixodele.Seatrocafossefeitapelovalordamerca- .'1111.atrocaseriadeequivalentesenãohaveriamais-valiaalguma.Seamercadoriafosse ~.ltl.daacimadeseuvalor,o vendedorficariacomvalordetroca,masocompradorper- .~II"limaparcelaequivalentedo valorde troca.Bóbvioquenãohaveriaqualquerganho 1~lllIdodemais-valiaentreasduaspartes.Analogamente,seatrocafossefeitaabaixodo 1,.1.11damercadoria,oganhodocompradorseriaidênticoàperdadovendedor.Maisuma 1w.111transaçãonãogerariaqualqueraumentolíquidodemais-valia.A conclusãoera *111111"Pormaisquesetente,o fatopermaneceinalterado.,seforemttocasequivalentes, ~.'~hllverámais-valiaalgumae seforemtrocadasmercadoriasquenãosejamequivalen- . :Ilndanãohaverámais-valia'/Acirculaçãoou trocademercadorias.nãogeravalor _'un,"3? -\ssim,Marxconcluiuqueacaracterísticaessencialdocapitalismoquedavaorigem 1lIlIlsvalia,ou lucro,nãopodiaserencontradanaesferadacirculação,evoltousuaaten- li paraaesferadaprodução: . '\ssim,deixamosde lado, por algumtempo,estaesferacomplicada(da circulação),onde'tudo ~l'Ollteceà superfíciee à vistadetodos,e... entramosnaáreaocultadaprodução,emcujolimiar ~1.IItUS,lugode início, a advertência"entradapermitidaapenasa pessoasemserviço".Aqui vere- musnãosó comoo capitalproduz,mastambémcomoo capitalé produzido.Afinal, forçaremos 11r"velaçãodo segredodaobtençãodelucros, I lIa esferade quenosestamosafastando...é, emrealidade,um verdadeiroparaísodosdireitos IlIalosdo homem.Só nelaimperama Liberdade,a Prosperidadee Bentham.A Liberdadeporque 1111110o compradorquantoo vendedordeumamercadoria...sóérestringidoporsuaprópria " livrevontade.Fazemcontratoscomoagenteslivres... Igualdadeporquecadaumentranarela- \Ilu como outrocomoumsimplesdonodemercadorias,e elestrocamequivalenteporequivalen- I" Propriedadeporquecadaumsódispõedaquiloqueé seu.E Benthamporquecadaumsóolha 1"lIa si próprio.A únicaforçaqueosuneequefazcomqueserelacioneméo interessepróprio,o Wlllhoe o interesseparticularde cadaum.Cadaqual olhaapenasparasi mesmoe nenhumdeles . IlIcomoda com os outros e, exatamente por fazerem isso, todos eles,de acordo com a harmo- 11111precstabc1ecidadascoisas,ou sobosauspíciosdeumaprovidênciaonisciente,trabalhamjun- 1mparabenefíciomútuo,paraaprosperidadecomumeparao interessedetodos. 111'Ixandode ladoestaesferadasimplescirculaçãoou datrocademercadorias,ondeviveo "livre I IIIIIIII,tavlllgaris",comsuasvisõese idéiase como padrãopeloqualjulgaumasociedadebaseada . 111('apitale salários,achamosquepodemosperceberumamud:!nçano aspectodenossasdrama. 11'"..,sullae.Quem,antes,erao donodo dinheiro,agoramarchaà frentecomocapitalista;quem 1 1111<1,/.152.153. 1111.\.1 1~5, 11'1.1.I I(.J 111) J 11'111força de trabalho o acompanha como seu empregado. Um tem um ar de importância, um riso malicioso e uma direção nos negócios;o outro é tímido e inseguro, como quem está trazu 11própria pele para o mercado e nada mais pode esperara não ser esconder-se.38 CIRCULAÇÃODOCAPITAL E A IMPORTÂNCIADA PRODUÇÃO O fatodequeamais-valiafoicriadanaesferadaproduÇãopoderiaserconfirmadO]1 examinássemoscuidadosamenteo processodacirculaçãodocapital.NafórmulaA/().j Mo', ficouclaroqueo processodeobtençãodelucrosqueestavasendodescritoeraO capitalcomercial:"O circuitoMo-Me-Mo'- comprarparavendermaiscaro_ évistoO' a maiorclarezano... capitaldoscomerciantes.,,39Durantesuainvestigaçãohistóri suaanáliseampladacirculação,Marxtinhachegadoàconclusãodequenemo cal' comercialnemo capitalmonetárioquerecebiajurosseenvolviamnoprocessodaver, deiracriaçãodemais-valia.Logono iníciodoVol. I, escreveu:"Emnossainvestigaç, verificaremosquetantoo capitaldoscomerciantesquantoo capitalquerendejuros formasderivadase,aomesmotempo,ficaráclaraarazãopelaqualestasduasformasIl recem,nocursodaHistória,antesdaformapadronizadamodernadocapital.,,40 Ambasestasformasdecapitaleramessencialmenteparasitárias.Poderiamligar. qualquermecanismoquefosseusadoparaaexpropriaçãodeumexcedenteeconôllIl Apósestaligação,oscomercianteseagiotaspoderiamterumaparticipaçãonoexcede mesmoqueseucapitalnãotivessesidoenvolvidodiretamentenacriaçãodesteexcede EraporestarazãoqueestasduasformasdecapitalpuderamaparecernomododepriJ çãofeudaleparticipardeseuexcedente. O capitalindustrialeraa formadecapitalmaisrepresentativadomododeprodu capitalista.Constituíao mecanismoatravésdoqualamais-valiaeracriadaeexproprt nocapitalismo.No esquemadecirculação,deMarx,o capitalindustrialpodiaseridoficado emtrêsestágiosque... formavama seguintesérie: Primeiroestágio:o capitalistaaparececomocomprador... cadorias... i seudinheiroétransformadocmI' Segundoestágio:consumoprodutivodasmercadoriascompradaspeloscapitalistas.Eleagc~ capitalistaprodutorde mercadorias;seucapitalpassapeloprocessodeprodução.O resultau umamercadoriadevalormaiordo queoselementosqueentraramemsuaprodução. I Terceiroestágio:o capitalistavoltaao mercadocomovendedor;suasmercadoriassãoIr11"'1madasemdinheiro... Portanto,a fórmulado circuito do dinheiro-capitalé: Mo-Me... P... Me'.Mo" comos J1u~ indicandoqueo processodecirculaçãoé interrompido,eMe' eMo' representandoMe eMo "\,cidasdamais-valia." J 38 Ibid., 1:176. Ibid.,1:163. Ibid., 1:165. Ibid., 1:167. 39 40 41 P,nafórmuladeMarx,indicavao processodeprodução.Estáclaro,nestafórmula, 1111I'Mo'eramaiorqueMo,porqueMe'eramaiorqueMe.Alémdisso,osexcedentes,em '"Ihososcasos,eramiguais. Assim,aorigemdamais-valiaeradevidaaofatodequeoscapitalistascompravamum ,~tlflJ"ntodemercadoriasevendiamumconjuntointeiramentediferente.O primeirocon- !11111\11demercadorias(Me) consistianosingredientesparaaprodução.O segundoconjun- 111111'mercadorias(Me') erao produtodo processoprodutivo.No atodaprodução,o ca- 1"'~Ii$tausavacompletamente,ou consumia,o valordeusodosinsumosprodutivosque ;"lIlupravacomomercadorias: I I'urapoderextrairvalordo consumode umamercadoria,nossoamigo"sacodedinheiro"(apeli- duqueMarx davaa um capitalista)temquetera sortedeencontrar,dentrodaesferadecircula- ~'IIOno mercado,umamercadoriacujovalordeusopossuaa propriedadepeculiardeserumafon- 11-devalor,cujoconsumo,portanto,é,emsi mesmo,umaincorporaçãodetrabalho,e,conseqüen- temente,umacriaçãode valor.O donodo dinheiro,realmente,encontranomercadoestamerca- doriaespecial,soba formadecapacidadeouforçadetrabalho. I-,ntende.sepor forçaou capacidadedetrabalhoo agregadodascapacidadesmentaise físicasexis- ll'ntesemumapessoa,queelaexercesemprequeproduzqualquerespéciedevalordeuso..2 TRABALHO,FORÇA DE TRABALHOE A DEFINIÇÃO DECAPITALISMO i /I. força de trabalho,então, era a capacidadede trabalharou trabalhopotencial. I bunndOa força de trabalhoeravendidacomomercadoria,seuvalorde usoera,simples "1"IItC,aexecuçãodo trabalho- aconcretizaçãodotrabalhopotencial.Quandoo traba 111111 l'ra executado,era incorporadoà mercadoria,dando-lhe,assim,valor. Portanto a til\!afontepossíveldemais-valiaeraadiferençaentreo valordo poderdetrabalhocómo 'flltll'lIdoria(ou trabalhopotencial)e o valor damercadoriaproduzida,que incorporava !IiIllilhalhoconcretizado(ou o valor de usoconsumidoda forçade trabalho).A forçade' l 'hMhlllhOeraumamercadoriaabsolutamenteúnica:seuconsumoou usocriavanovovalor, ~I'" bastavanão só para substituirseuvalororiginal,comotambémparagerarmais-valia,rIIhvlOque a forçade trabalhoeraumamercadoriaquetinhaqueserexaminadacom 11111111Icuidado. I \ existênciada força de trabalhocomomercadoriadependiadeduascondições 1,._.IIdais.Primeiramente, I 11Im~'ude trabulho podeaparecerno mercadocomomercadoriasomentesee namedidaemqlI~' " li dono - o indivíduoque temestaforçade trabalho- a oferecerà vendacomomercador!u. 1',lIaqueele possafazerisso ...teráqueser,semqualquerimpedimento,o dono desuacupaei' 01.111<'oIetrubalho,isto é, de suapessoa...O dono daforça de trabalhotemquevendi:.laupcnus 1IIIIiUllecertotempo,pois,setivessequevendê-Iatotalmentee parasempre,estariavendendou ,I proprio, transformando-sede homemlivreemescravo,de donode umamercadoriaemunw ""!{l'admiu... " .1'IWllllucondiçãoessencial...é ... queo trabalhador,emvezdeficarnaposiçãodevenderllH'r 1 110111nasnusquaisseutrabalhoestáincorporado,ficaobrigadoa oferecerà vendacomoIlll'lClldo 11.1" pr\lpria r()r~'ade trubalho, que só ele tem. Ihlol .I 1(>'/_ , 1i