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SEMANA 6 Ação Civil Pública. Estrutura da ação. Bens a tutelar. Procedimento. Legitimação. Competência. Pedido. Inquérito Civil. Fundo de Recuperação. Finalidade. Sentença. Efeitos. Recurso. 1. HISTÓRICO A Ação Civil Pública nasce no Brasil com a lei no. 7.347/85. Posteriormente, a Constituição da República de 1988 dispõe no art. 129, III, que é função institucional do Ministério Público promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos. Com o advento do Código de Defesa do Consumidor tem-se a complementação desse microssistema, já que as leis se complementam – art. 21 da Lei no. 7.347/85 = aplicação subsidiária do CDC e art. 90 do CDC = aplicação subsidiária da Lei no. 7.347/85 = diálogo entre as duas fontes. 2. DEFINIÇÃO - A Ação Civil Pública é a AÇÃO DE CARÁTER PÚBLICO que PROTEGE: (1) o MEIO AMBIENTE, (2) os CONSUMIDORES e (3) os DIREITOS DIFUSOS e COLETIVOS, entre outros; demanda coletiva destinada a TUTELAR INTERESSES TRANSINDIVIDUAIS de forma geral (art. 1o da Lei nº 7.347/85). Por INTERESSES COLETIVOS, entendemos aqueles que SÃO COMUNS À COLETIVIDADE, desde que presente o VÍNCULO JURÍDICO ENTRE OS INTERESSADOS, como o condomínio, a família, o sindicato, entre outros. Os interesses são chamados de DIFUSOS quando, muito embora se refiram igualmente à coletividade, NÃO OBRIGAM JURIDICAMENTE AS PARTES ENVOLVIDAS, por exemplo, a habitação, o consumo, entre outros. - Denominação de AÇÃO CIVIL PÚBLICA: Esta ação é CIVIL porque PROCESSA-SE PERANTE O JUÍZO CÍVEL É PÚBLICA porque DEFENDE O PATRIMÔNIO PÚBLICO, bem como os DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS A ação civil pública não trata de interesses singulares, e, sim, DIFUSOS, COLETIVOS E INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS (art. 1º) >> A adjetivação de pública é exatamente para distingui-la da singular. - Atualmente tem-se entendido que o objeto da Ação Civil Pública é muito amplo, em vista do que dispõe o inc.IV do art.1º da Lei 7.347/85, quando diz rege a lei “qualquer outro interesse difuso ou coletivo” e o art. 110 do CDC. - Atenção ao § único, no artigo 1º da Lei 7.347/85: ”NÃO SERÁ CABÍVEL AÇÃO CIVIL PÚBLICA PARA VEICULAR PRETENSÕES QUE ENVOLVAM TRIBUTOS, CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS, O FUNDO DE GARANTIA DO TEMPO DE SERVIÇO - FGTS OU OUTROS FUNDOS DE NATUREZA INSTITUCIONAL CUJOS BENEFICIÁRIOS PODEM SER INDIVIDUALMENTE DETERMINADOS." 3. NATUREZA JURÍDICA A Lei 7.347/85 é de conteúdo predominantemente de direito processual, disciplinando a ação que protege o meio ambiente, o consumidor e outros direitos difusos ou coletivos, e só excepcionalmente trata de matérias de direito material, como as previstas nos artigos 6º e 10º da referida lei. 4. OBJETO - Condenação em: a) Pecúnia ou b) Obrigação de fazer ou não fazer. - O juiz poderá cominar MULTA pelo descumprimento do que foi condenado, APLICANDO-SE SUBSIDIARIAMENTE O ART. 287 DO CPC (art. 3o da Lei c/c art. 83, CDC). 5. OBJETIVO - IMPEDIR PREJUÍZOS ao meio ambiente; ao consumidor; bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico e qualquer outro interesse difuso ou coletivo e infração da ordem pública (art. 1o da Lei). Tutela dos direitos coletivos: proteção dos interesses que por sua natureza são coletivos. ≠ Tutela coletiva de direitos: proteção dos interesses individuais de forma coletiva. INTERESSES DIFUSOS (art. 81, § único, inc. I, CDC) - São direitos ou interesses TRANSINDIVIDUAIS (pertencente a uma coletividade de pessoas), de natureza INDIVISÍVEL (o objeto não pertence a nenhuma pessoa em particular, mas a todos em conjunto, indistinta e simultaneamente), de que sejam titulares PESSOAS INDETERMINADAS e ligadas por CIRCUNSTÂNCIAS DE FATO. - Ex.: Direito ao meio ambiente sadio (art. 225, CF), combate à publicidade enganosa (art. 37 §1º, CDC) . “Há interesses que não pertencem a alguém especificadamente, pertencem de forma equânime a muitas pessoas. Os interesses difusos diferenciam-se por ter seus TITULARES INDETERMINÁVEIS UNIDOS POR FATOS DECORRENTES DE EVENTOS NATURALÍSTICOS, impossíveis de diferenciar na qualidade e separar na quantidade de cada titular”. INTERESSES COLETIVOS stricto sensu (art. 81, § único, inc. II, CDC) - São direitos ou interesses TRANSINDIVIDUAIS (pertencente a uma coletividade de pessoas), de natureza INDIVISÍVEL (o objeto não pertence a nenhuma pessoa em particular, mas a todos em conjunto, indistinta e simultaneamente), de que seja titulares GRUPO, CATEGORIA ou CLASSE DE PESSOAS LIGADAS ENTRE SI ou com a PARTE CONTRÁRIA por uma RELAÇÃO JURÍDICA BASE Veja: Os titulares são grupos, classes ou categorias As pessoas são DETERMINADAS OU DETERMINÁVEIS e ligadas por CIRCUNSTÂNCIAS DE FATO. - Ex.: Os mutuários da SFH (uma ilegalidade no contrato atinge a todos), qualidade do serviço de telefonia aos consumidores (art. 6º, X, CDC), relação de pais e alunos com determinada escola. “Os interesses coletivos são interesses de um determinado GRUPO DE PESSOAS QUE FORAM UNIDAS POR UMA RELAÇÃO JURÍDICA ÚNICA. É uma lesão inseparável na qualidade e quantidade”. INTERESSES INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS (art. 81, § único, inc. III, CDC) - São direitos ou interesses INDIVIDUAIS que, em razão de sua ORIGEM COMUM, podem ser tutelados por meio das ações coletivas. - Titulares: DETERMINÁVEIS - Objeto: DIVISÍVEL - Ex.: Compradores de uma TV com defeito de serie (art. 18, CDC), acidente da TAM (art. 14, CDC) - TUTELA COLETIVA DE DIREITOS >> O tratamento coletivo ocorre em razão da origem comum. Assim, em vez de inúmeras ações individuais, podemos ter UMA ÚNICA AÇÃO COLETIVA. “Os direitos individuais homogêneos caracterizam-se por ser um GRUPO DETERMINADO DE INTERESSADOS, com uma LESÃO DIVISÍVEL, oriunda da MESMA RELAÇÃO FÁTICA. Cada um pode pleitear em juízo, mas como o grupo foi lesionado homogeneamente, estes podem recorrer ao LITISCONSÓRCIO UNITÁRIO MULTITUDINÁRIO ATIVO FACULTATIVO. INTERESSES TITULARES OBJETO ORIGEM DIFUSOS Indetermináveis Indivisível Situação de fato COLETIVOS Determináveis Indivisível Relação jurídica INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS Determináveis Divisível Origem comum INTERESSES NATURALMENTE COLETIVOS - São INTERESSES TRANSINDIVIDUAIS >> Só podem pertencer a grupos, à coletividade - INDIVISÍVEIS INTERESSES ACIDENTALMENTE COLETIVOS - São INDIVIDUAIS, mas são tratados de forma coletiva - Por serem individuais por natureza, são DIVISÍVEIS 6. LEGITIMIDADE ATIVA - Art. 5º da Lei no 7.347/85 c/c art. 82 do CDC: - A ação civil pública ganha sua característica especial quanto a legitimação, que É EXTRAORDINÁRIA POR PLEITEAR EM JUÍZO EM NOME PRÓPRIO DIREITO ALHEIO. São LEGITIMados concorrentes a proporem a ACP (art. 5º da Lei 7.347/85 e Lei 8.078/90): Ministério Público União Estados Municípios Autarquias Empresa pública Fundações Sociedade de economia mista ou Associações constituídas há pelo menos 1 ano (art. 5º, XXI da C.F) e que provem representatividade e institucionalidade adequada e definida para a defesa daqueles direitos específicos. Esta legitimidade ativa é concorrente e disjuntiva, pois, cada um dos legitimados pode impetrar a ação como litisconsorte ou isoladamente concorrente: porque atribuída a vários agentes disjuntiva: porque qq dos legitimados pode atuar em juízo – também conhecida como LEGITIMIDADE AUTÔNOMA PARA A CONDUÇÃO DO PROCESSO Evidência da legitimidade concorrente: art. 5º §5º (“Admitir-se-á o litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos da União, do Distrito Federal e dos Estados na defesa dos interesses e direitos de que cuida esta lei”) A LEI NÃO CONFERE LEGITIMIDADE PARA QUE PESSOA NATURAL OU PJ PROPONHA A AÇÃO COLETIVA. Contudo, o cidadão poderá promover a AÇÃO POPULAR (Lei nº 4.717/65) para pleitear a anulação ou declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimôniopúblico, que é um interesse tipicamente difuso. Em se tratando de MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO, os legitimados, além dos acima evidenciados, são: j) Partido político com representação no Congresso Nacional l) Organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos 1 ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados. a) MINISTÉRIO PÚBLICO - Papel do MP: Além de LEGITIMADO, titular do direito de ação (art. 129, III, CF), pode atuar como FISCAL DA LEI (art. 5º §1º, LACP - atuando na fase probatória, podendo requerer novas provas na busca da verdade real, proferindo parecer pela procedência ou improcedência da ação conforme seu entendimento) - Nosso ordenamento jurídico ainda prevê que quando o AUTOR ABANDONAR OU DER CAUSA A EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM JULGAMENTO DO MÉRITO, o Ministério Público deverá (princípio da indisponibilidade) prosseguir a ação se manifestamente infundados, ou poderá nos outros casos, assim como na EXECUÇÃO QUANDO NÃO PROMOVIDA PELO AUTOR ou por qualquer outro legitimado no prazo de 60 dias, O “PARQUET” TERÁ O PRAZO DE 30 DIAS PARA PROMOVER A EXECUÇÃO DA SENTENÇA OBRIGATORIAMENTE (LEGITIMAÇÃO EXTRAORDINÁRIA SUPERVENIENTE). - Destaque-se, pela relevância, a edição do CDC e a atuação relevante do MP (art. 82, I e 92), que prevê a aplicação da Lei 7.347/85, inclusive em relação ao inquérito civil (art.90) do CDC. - Em regra o MP não tem legitimidade para propor ACP tutelando: Interesse individual homogêneo, salvo se houver INTERESSE SOCIAL RELEVANTE (aquele que alicerça o mínimo existencial) Interesse individual indisponível, com 2 exceções: ECA (art. 201, V) e Estatuto do idoso (art. 74, I) – informativo 548 do STF. * O autor é um só (MP), o que se terá é uma pluralidade de representantes – princípio da unicidade – art. 5º §5º, LACP. b) DEFENSORIA PÚBLICA - Legitimidade da Defensoria Pública trazida pela Lei 11.448/07. - Quanto a legitimidade da Defensoria Pública encontramos três teorias, a saber: 1ª) CONAMP: só pode defender maioria de hipossuficiente (ADIN 3943); 2ª) ANADEP da NDPU: a medida que não restringe, a interpretação literal permite que seja ampla. 3ª) Daniel Sarmento: tem que estar dentro da função institucional – acesso à Justiça, logo, no grupo tem que ter ao menos um hipossuficiente. Ver art. 176, par. 2º, V, “e” da CERJ; ADIN 558; Emenda Constitucional 37; art. 179, par. 3º, V, “e” da CERJ – representação não como substituição. c) PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO INTERNO (U, E, DF, M) d) ENTIDADES PARAESTATAIS COM PERSONALIDADE JURÍDICA (AUTARQUIAS, EMPRESAS PÚBLICAS, SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA) e) ASSOCIAÇÕES - No que diz respeito a legitimidade das Associações, tem que respeitar a PERTINÊNCIA TEMÁTICA. - Quanto ao requisito da PRÉ-CONSTITUIÇÃO, a Lei 7.347/85 (art. 5º §4º) prevê a POSSIBILIDADE DE DISPENSA PELO JUIZ em casos de manifesto interesse social, reconhecido através da dimensão ou característica do dano ou da relevância do bem jurídico a ser protegido. pois não é uma associação de ocasião. Tal ocorre quando não há legitimado para propor a ACP (interesses individuais homogêneos) – Ex: Palace II – art. 5º, par. 4º da LACP c/c art. 82, par. 1º do CDC. - A OAB tem legitimidade para propor ACP (Lei no. 8.906/94), mas APENAS AS SECCIONAIS E CONSELHO FEDERAL, e tem que respeitar a PERTINÊNCIA TEMÁTICA (CC 47683). * Partido político e associação religiosa não tem mais legitimidade para propor ACP! SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL (art. 6º, CPC) REPRESENTAÇÃO Ação Civil Pública – Lei no. 7.347/85 Art. 5º, XXI da CRFB Mandado de Segurança Coletivo – Lei no. 12.016 e CRFB Ações individuais Não precisa de autorização de filiado, porque a lei autorizou. Necessita de autorização As entidades sindicais (art. 8º, III da CRFB) não precisam estar autorizadas para REPRESENTAR seus filiados. 7. LEGITIMIDADE PASSIVA - A legitimidade passiva estende-se a TODOS OS RESPONSÁVEIS PELAS SITUAÇÕES OU FATOS ENSEJADORES DA AÇÃO >> Nestas ações qualquer pessoa (física ou jurídica) pode ser o impetrado da ação - inclusive as estatais, autarquias ou paraestatais, porque tanto estas como aquelas podem infringir normas de direito material de proteção aos bens tutelados nesta ação, expondo-se ao controle judicial de suas condutas. 8. COMPETÊNCIA Afirma-se que a competência da ação civil pública é aferida pelo CRITÉRIO DA TERRITORIALIDADE (art. 2°, "local" do dano), mas tem CARÁTER FUNCIONAL. Aduz o art. 2° da Lei Federal n. 7.347/85 que será competente para a ação civil pública o "foro do local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa". Trata-se, portanto, de COMPETÊNCIA ABSOLUTA, atualmente intitulada por parte da doutrina de COMPETÊNCIA TERRITORIAL ABSOLUTA. A regra de competência absoluta e criada por razão de interesse/ordem pública. Pode ser arguida em petitio simplex; pode ser alegada a qualquer tempo, por qualquer das partes, inclusive de ofício pelo juiz - são nulos os atos praticados pelo juiz absolutamente incompetente. É interessante notar que o regime jurídico da competência em matéria de interesses metaindividuais (jurisdição coletiva) admite, excepcionalmente, a prorrogação da competência absoluta (art. 2°, parágrafo único, LACP), o que é inadmissível perante a jurisdição civil individual. * Regra: As ações previstas nessa lei serão propostas no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá competência para processar e julgar a causa (art. 2º da Lei nº 7.347/85 c/c art. 93 do CDC). Portanto: a) Quando o DANO FOR DE ÂMBITO LOCAL, a competência será do FORO DO LUGAR ONDE OCORREU ou DEVA OCORRER O DANO b) Quando o DANO FOR DE ÂMBITO NACIONAL ou REGIONAL, a competência será do FORO DA CAPITAL DO ESTADO ou no DF, aplicando-se as regras do CPC aos casos de COMPETÊNCIA CONCORRENTE Se, no curso da demanda, ficar caracterizado INTERESSE DA UNIÃO, AUTARQUIA OU EMPRESA PÚBLICA FEDERAL, esta será chamada para integrar a lide, continuando, porém, competente o juiz do lugar do dano, salvo se existir vara da Justiça Federal no Município. Se se trata de COMARCA EM QUE NÃO HÁ VARA DA JUSTIÇA FEDERAL INSTALADA, MESMO ASSIM SERÁ COMPETENTE A JUSTIÇA FEDERAL. Não haverá delegação de competência para a Justiça Estadual, permanecendo a competência da Justiça Federal, que possui competência territorial e funcional (absoluta) sobre o local de qq dano. “Com a edição da Lei 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor), não mais subsiste dúvida quanto à competência da Justiça Federal para processar e julgar ação civil pública quando houver interesse da União Federal, mesmo que o local do dano não seja sede de vara federal; Por força do contido no artigo 113 do Código de Defesa do Consumidor, o artigo 93 da Lei 8.078/90 aplica-se também à Lei 7.347/85, que disciplina a ação civil pública, o que melhor se coaduna com o disposto no art. 109, I, da Constituição Federal”. (AG nº 1997.01.00.017159-7/BA, Rel. Juiz Osmar Tognolo, In D.J.U., Seção 2, 03.04.98, pág. 312) “(...) O legislador se limitou, no art. 2° da Lei n° 7.347/85, a estabelecer que as ações nele estabelecidas "serão propostas no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa". Na verdade, o Juiz Federal também tem competência territorial e funcional, razão pela qual não pode ela, no caso de ações civis públicas intentadas pela União ou contra ela, ser considerada excluída pela norma questionada por efeito exclusivo da expressão "no foro do local onde ocorrer o dano" contida no texto do dispositivo”. (EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA N° 27676/BA) “Não se pode afastar a competência funcional dos juízes federais sob o mero fundamento de que no local do dano ou da ameaça não é sede de vara federal quando, em verdade, não há sequer uma nesga de território brasileiro que esteja imune à jurisdição, federal ou estadual” (AlexandreLima Raslan - Promotor de Justiça.) * Exceção>> Se a UNIÃO, AUTARQUIA OU EMPRESA PÚBLICA FEDERAL atuarem na demanda coletiva como AUTORAS, RÉS ou INTERVENIENTES, a competência será da JUSTIÇA FEDERAL (regra do art. 109, CF: COMPETÊNCIA ABSOLUTA). Conforme exposto alhures, mesmo que o local do dano não seja sede de vara da Justiça Federal, permanece a competência desta. a) Houver intervenção ou interesse da: União Autarquia ou Empresa pública federal + b) Não houver Vara da Justiça Federal na comarca - Ressaltamos as exceções nas leis especiais tais como: Lei n.º 8.069/90: Determina o FORO COMPETENTE SER O LOCAL DA AÇÃO OU OMISSÃO Lei n.º 8.078/90: Discrimina como COMPETENTE A JUSTIÇA FEDERAL QUANDO OS DANOS FOREM DE ÂMBITO NACIONAL OU REGIONAL. - A competência, em que pese TERRITORIAL, é ABSOLUTA. - Dano regional (II) ≠ dano local (I). - Quanto ao dano nacional a competência é concorrente (II). Ex. fumo (RS) e INSS homossexual (SP). - Prevenção = distribuição (§ único do art. 2º). 9. AÇÃO CAUTELAR - Possibilidade: art. 4º da Lei. - A ação cautelar pode ser preparatória ou incidental (conforme seja proposta antes ou no curso da ação principal). - O procedimento será aquele estabelecido no CPC, e a concessão da medida ficará condicionada à existência do fumus boni juris e do periculum in mora. 10. TUTELAS DE URGÊNCIA PROCESSO CAUTELAR (art. 4º, LACP) para assegurar a efetividade do processo Cabe ressaltar que o artigo 4º contém uma particularidade: A CAUTELAR NÃO É APENAS PREVENTIVA, como seria curial, MAS PODE CONTER UM COMANDO, uma determinação para um non facere, ou mesmo para um facere, tudo em ordem a evitar o dano ao meio ambiente, ao consumidor, etc. >> Quer dizer: A NÍVEL PREVENTIVO, JÁ SE PODE OBTER UM PROVIMENTO DE CONTEÚDO EXECUTÓRIO. A AÇÃO PRINCIPAL DEVERÁ SER PROPOSTA EM 30 DIAS, QUANDO A CAUTELAR FOR PREPARATÓRIA: artigo 806, CPC TUTELA ANTECIPADA quando visar a garantia da efetividade do direito - Com a aplicação do CDC nas ações coletivas, “na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento” (art. 84, CDC), possibilitando a concessão de TUTELA ANTECIPADA, LIMINARMENTE ou APÓS JUSTIFICAÇÃO PRÉVIA, citado o réu. Requisitos para a concessão da TA: Relevante fundamento da demanda + Justificado receio de ineficácia do provimento final (art. 84 §3º), Art. 12, da LACP: Fala da possibilidade de concessão do MANDADO LIMINAR, COM OU SEM JUSTIFICAÇÃO PRÉVIA: Nessa AUDIÊNCIA DE JUSTIFICAÇÃO, para a qual será o réu citado, objetiva-se dar oportunidade ao autor de produzir as provas necessárias para a obtenção da liminar. Apenas o autor pode arrolar testemunhas, e a participação do réu se limitará a formular perguntas e a requerer contradita daquelas que sejam suspeitas ou impedidas. - O autor coletivo poderá ainda se valer da TA com base no art. 273, CPC, desde que a seu requerimento e preenchidos os requisitos constantes nesse dispositivo. - Havendo a audiência preliminar, o prazo de contestação só fluirá da data em que o réu tiver ciência da decisão a respeito da liminar. * LIMITAÇÕES À CONCESSÃO DAS LIMINARES: art. 1º da Lei nº 8.437/92; art. 1º, § 4º, da Lei nº 5.021/66; art. 1º da Lei nº 9.494/97. * IMPUGNAÇÕES À DECISÃO QUE CONCEDE LIMINAR: Contra decisão interlocutória concessiva de liminar o recurso adequado será o AGRAVO DE INSTRUMENTO e, além do agravo, admite-se uma outra forma de obter a suspensão de efeitos da liminar, estabelecida no art. 4º da Lei nº 8.437/92, contudo, embora o Presidente do Tribunal tenha o poder de, nas hipóteses mencionadas em lei, suspender a liminar, não pode reformar ou cassar a decisão. Para tanto, é indispensável o agravo. E da decisão que conceder ou negar a suspensão da liminar, cabe agravo, nos termos do § 3º, do art. 4º, da Lei nº 8.347/92. * SUSPENSÃO DA LIMINAR: Feita pelo PRESIDENTE DO TRIBUNAL (art. 12º § 1º). 11. INQUÉRITO CIVIL (art. 8º, §1º) - Previsto como função institucional do Ministério Público pelo art. 129, III, da CF, o inquérito civil, criado pela Lei nº 7.347/85, é o MEIO PELO QUAL, DIANTE DE UM CASO CONCRETO, O MINISTÉRIO PÚBLICO COLETA DADOS E ELEMENTOS PARA, DE FORMA CONSCIENTE, CLARA E OBJETIVA, PROMOVER A AÇÃO CIVIL PÚBLICA. Em suma, o inquérito civil constitui-se em um PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO INVESTIGATÓRIO, PREPARATÓRIO (para o principal), DE INSTAURAÇÃO FACULTATIVA, destinado a viabilizar o exercício responsável da ação civil pública. Pode ser provocado por alguma pessoa ou associação. - Assemelha-se ao inquérito policial, eis que não há contraditório nem ampla defesa - Concluída a investigação: a) Se o MP ficar convencido da infração a interesse ou direito difuso, coletivo ou individual homogêneo >> Promoverá a PROPOSITURA DA AÇÃO COLETIVA cabível b) Em caso contrário >> O órgão do MP promoverá o ARQUIVAMENTO dos autos do inquérito civil e das peças informativas (art.9º). Nessa hipótese, os autos do inquérito civil ou das peças de informação arquivadas serão remetidos (sob pena de se incorrer em falta grave), em 3 dias, ao CONSELHO SUPERIOR DO MP (art. 9º §1º), que em sessão homologará ou rejeitará a promoção de arquivamento (art. 9º §3º). Nesse momento, poderão as associações legitimadas apresentar razões ou documentos (art. 9º §2º) >> Deixando o Conselho Superior de homologar a promoção de arquivamento, SERÁ DESIGNADO, desde logo, OUTRO ÓRGÃO DO MP para o ajuizamento da ação coletiva (art. 9º §4º). 12. COMPROMISSO DE AJUSTAMENTO ou TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) - Instrumento pelo qual os ÓRGÃOS PÚBLICOS LEGITIMADOS poderão tomar dos interessados o compromisso para adequar sua conduta às exigências legais, mediante cominações (art.5º, §6º, LACP). - Pode ser firmado: a) EXTRAJUDICIALMENTE, tendo EFICÁCIA DE TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL b) JUDICIALMENTE, em qq momento do processo >> Sendo homologado pelo Juiz, terá FORÇA DE TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL (inciso III do art. 475-N, CPC) - Não se trata de TRANSAÇÃO pois, como o interesse difuso, coletivo ou individual homogêneo não pertence ao legitimado ativo, é INDISPONÍVEL. 13. AÇÕES CABÍVEIS Para a defesa dos direitos difusos, coletivos ou individuais homogêneos, SÃO ADMISSÍVEIS TODAS AS ESPÉCIES DE AÇÕES CAPAZES DE PROPICIAR SUA ADEQUADA E EFETIVA TUTELA. São cabíveis as ações de conhecimento (declaratória, condenatória e constitutiva), as cautelares, de execução, habeas corpus, mandado de segurança, as de procedimento especial (consignação em pagamento, depósito, prestação de contas, possessórias, etc), em especial a ação civil pública (art. 83, CDC). 14. PROCEDIMENTO - A ação civil pública pode ser proposta subsidiariamente sob o RITO ORDINÁRIO OU SUMÁRIO do processo civil pátrio: Regra: A ACP tramita sob o RITO ORDINÁRIO Mas, dependendo do valor dado a causa, poderá se deslocada para o RITO SUMÁRIO. - CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: aplicação subsidiária (art. 19). - DENUNCIAÇÃO DA LIDE: INCABÍVEL se o magistrado detectar que tal inclusão não irá influenciar na decisão, tornando a conclusão do processo mais demorada ou que tal participação não seja oportuna na reparação do dano - LITISPENDÊNCIA: Entre ações coletivas e ações individuais não ocorre a litispendência (art. 104, CPC), podendo ambas tramitar concomitantemente. Tomando ciência da ação coletiva, pode o autor da ação individual escolher se quer ou não prosseguir com a ação: Caso o indivíduo não opte pela suspensão de sua ação no prazo de 30 dias a contar da ciência nos autos do ajuizamento da ação coletiva, não poderá, depois, beneficiar-se da sentença de procedência proferida na ação coletiva. Se for improcedente a ação coletiva, poderá continuar com a sua ação individual. - LITISCONSORCIO ATIVO FACULTATIVO: Possibilidade Cabe lembrar que o indivíduo não possui legitimidade para apropositura da ação coletiva, mas poderá, querendo, integrar o feito na qualidade de litisconsorte, quando a ação for relativa a INTERESSES OU DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS. - Possibilidade do MP atuando apenas como fiscal da lei agravar da decisão interlocutória favorável ao autor. - CITAÇÃO: Todas as formas são admitidas, observadas as restrições do art. 222, do CPC. Há necessidade de cumprir-se o art. 94, do CDC (c/c art. 104, CDC). - Relevância da regra do art. 18, em relação à questão do ACESSO À JUSTIÇA (dispensa de adiantamento de custas, isenção de honorários periciais e outras despesas, bem como a não condenação das associações autoras, salvo comprovada má-fé, em honorários advocatícios, custas e despesas processuais) >> Contudo, essa regra não se aplica aos réus, se vencidos na demanda. - PRESCRIÇÃO: AÇÃO IMPRESCRITÍVEL 15. EFEITOS DA DESISTÊNCIA OU ABANDONO de ACP (art. 5º §3º) No caso de desistência infundada ou o abandono da ação por associação legitimada, A LEI ESTABELECE QUE OUTRO LEGITIMANDO DEVE ASSUMIR A AÇÃO, SE NINGUÉM O FIZER, O REPRESENTANTE DO MP DEVERÁ ASSUMIR ESTE ÔNUS. 16. SENTENÇA - Conforme a Lei 7.347/85, O PEDIDO PODE SER CUMULADO PARA PRESTAÇÃO OU NÃO DE ALGUM FATO (FAZER OU NÃO FAZER) E PEDIDO DE INDENIZAÇÃO PECUNIÁRIA. No caso de indenização, o valor pecuniário da condenação será revertido a um FUNDO PARA RECONSTITUIÇÃO DE BENS LESADOS, sendo que gerenciarão este fundo um Conselho Federal ou Estadual com a obrigatória participação do MP e dos representantes da comunidade quando o interesse for coletivo (art. 13, LACP). - A sentença de mérito terá EFEITOS DE ACORDO COM O TIPO DE INTERESSE TUTELADO PELA LACP. Assim, temos que os efeitos desta sentença serão: "ERGA OMNES": Para INTERESSES DIFUSOS E INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS, sendo que neste dói aproveita-se o particular somente se ele suspende sua própria ação e passa a integrar a ação coletiva "INTER PARTES": Para INTERESSES COLETIVOS com a mesma ressalva feita acima. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM ANÁLISE DE MÉRITO Quando ocorre a extinção do processo sem análise de mérito nenhuma novidade nos traz a legislação, produzindo esta decisão COISA JULGADA FORMAL, possibilitando propositura de nova demanda coletiva pelos legitimados constantes no rol do art. 5 da lei 7347/85. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA: Nos termos do artigo 16 da Lei 7347/85, a decisão proferida produz EFEITOS ERGA OMNES, nos limites da competência territorial do órgão prolator (exceto no caso de IMPROCEDÊNCIA DA AÇÃO POR FALTA DE PROVAS) (art. 16, LACP) Sendo julgada procedente a ação O ENTE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA SERÁ COMPELIDO A: CORRIGIR O ATO ANULADO voltando para o estado anterior, ou Quando não for possível RESPONDERÁ PATRIMONIALMENTE PELOS DANOS CAUSADOS, havendo a possibilidade de ação regressiva para com seus terceiros responsáveis solidários do ato ora impugnado. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA: Julgada IMPROCEDENTE a ação, O AUTOR NÃO SERÁ CONDENADO EM CUSTAS NEM NA SUCUMBÊNCIA, SALVO COMPROVADA MÁ-FÉ. Tal provimento judicial surtirá efeito para todos, NÃO PODENDO SER INTENTADA NOVA AÇÃO PELOS MESMOS MOTIVOS A NÃO SER NO CASO DO SEU INDEFERIMENTO TER OCORRIDO POR FALTA DE PROVAS (NÃO FAZENDO COISA JULGADA!) (art. 16, LACP) 17. LIQUIDAÇÃO Sendo GENÉRICA A SENTENÇA proferida nas ações coletivas para a defesa dos interesses individuais homogêneos, o interessado que pretenda a reparação do prejuízo individualmente deverá requerer a LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA, que será realizada por ARTIGOS (art. 475-E, CPC), dada a NECESSIDADE DE PROVAR FATO NOVO PARA DETERMINAR O VALOR INDIVIDUAL DA CONDENAÇÃO. Importante ressaltar que, apesar das regras contidas no art. 475 e ss., que permitem que a liquidação de sentença seja feita por mero incidente nos próprios autos do processo de conhecimento, a LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA GENÉRICA DE DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS TERÁ DE SER REALIZADA EM PROCESSO AUTÔNOMO, a ser promovido por cada um dos titulares individuais. Poderá ser proposta no domicílio da vítima ou do sucessor ou por dependência à ação coletiva. Atenção! A liquidação de sentença, bem como a execução, poderão ser feitas pela vítima, por seus sucessores ou, ainda, pelos legitimados para a propositura da ação coletiva. Assim, a liquidação pode ser INDIVIDUAL ou COLETIVA. 18. EXECUÇÃO - A execução pode ser promovida pelo autor, por qualquer outro legitimado tendo o prazo de 60 DIAS APÓS A PUBLICAÇÃO DA SENTENÇA OU ACÓRDÃO FAVORÁVEL. - Discorrendo o prazo sem que os co-legitimados citados promovam a execução, O “PARQUET” TERÁ O PRAZO DE 30 DIAS PARA PROMOVER A EXECUÇÃO DA SENTENÇA (art. 15, LACP) >> Trata-se da LEGITIMAÇÃO SUPERVENIENTE DO MP NA EXECUÇÃO DO JULGADO - A execução pode ser: INDIVIDUAL: quando o próprio titular do direito (vítima) ou seus sucessores promoverem a liquidação de sentença e realizarem continuamente a execução. COLETIVA: Quando promovida por um dos legitimados ativos para a propositura da ação coletiva. No entanto, para que se dê a execução coletiva, há necessidade de prévia liquidação individual por parte dos lesados ou de seus sucessores, a fim de fixar o quantum debeatur, pois a condenação teve caráter genérico. - Foro da liquidação e execução: INDIVIDUAL: Foro da ação condenatória ou domicílio do indivíduo lesado COLETIVA: Necessariamente no foro da ação condenatória * LIQUIDAÇÃO E EXECUÇÃO INTERESSES DIFUSOS E COLETIVOS: Tratadas pela Lei nº 7.347/85, art. 13. INTERESSES INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS: A liquidação obedecerá o art. 97 do CDC (sentença genérica). Art. 100 do CDC = quantia insignificante (ex. açúcar). 19. COISA JULGADA - De acordo com o tipo de interesse tutelado: INTERESSES DIFUSOS (secundum eventum probationis): Em caso de procedência, haverá coisa julgada erga omnes. Se for improcedência por insuficiência de provas, não haverá coisa julgada, e a ação coletiva poderá ser reproposta por qualquer dos legitimados do art. 82; em caso de improcedência por outra razão, haverá coisa julgada, o que impedirá a repropositura da ação coletiva, mas não de eventuais ações individuais. INTERESSES COLETIVOS (secundum eventum probationis): Aplica-se o mesmo entendimento exposto acerca dos difusos, com a ressalva de que a coisa julgada é ultra partes. INTERESSES INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS (secundum eventum litis): Em caso de procedência, TODOS OS LESADOS SERÃO BENEFICIADOS, caso contrário não forma coisa julgada (utilibus) Para Alexandre Câmara forma COISA JULGADA MATERIAL, mas não afetará os interesses individuais daqueles que foram prejudicados. Em caso de improcedência, NÃO HAVERÁ NOVA AÇÃO COLETIVA, MAS NENHUM LESADO INDIVIDUAL SERÁ PREJUDICADO PELA COISA JULGADA, exceto os que tenham ingressado como ASSISTENTES LITISCONSORCIAIS. Para Alexandre Câmara deveria ser ultra partes (ou erga vítimas), pois alcança somente as vítimas ou seus sucessores. * A INSUFICIÊNCIA DE PROVA pode ser descoberta a posteriori. COISA JULGADA NAS DEMANDAS COLETIVAS DE PROTEÇÃO AOS DIREITOS DIFUSOS PROCEDÊNCIA (faz CJ material) EFICÁCIA ERGA OMNES IMPROCEDÊNCIA POR FALTA DE PROVAS (não faz CJ material) Não terá eficácia erga omnes, podendo ser proposta nova demanda, desde que com nova prova IMPROCEDÊNCIA, por outro motivo que não a deficiência de provas EFICÁCIA ERGA OMNES, impedindo nova demanda coletiva, mas os consumidores podem promover ações individuais pelos danos sofridos COISA JULGADA NAS DEMANDAS COLETIVAS DE PROTEÇÃO AOS DIREITOS COLETIVOS PROCEDÊNCIA EFICÁCIA ULTRA PARTES IMPROCEDÊNCIA POR FALTA DE PROVAS (não faz CJ material) Não terá eficácia ultra partes, podendo ser proposta nova demanda, desde que com nova prova IMPROCEDÊNCIA, por outro motivo que não a deficiência de provas EFICÁCIA ULTRA PARTES, mas limitada ao grupo, classe ou categoria de pessoas, impedindo nova demanda coletiva, mas os consumidores podem promover ações individuais pelos danos sofridos COISA JULGADA NAS DEMANDASCOLETIVAS DE PROTEÇÃO AOS DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS PROCEDÊNCIA EFICÁCIA ERGA OMNES, para beneficiar vítimas e sucessores IMPROCEDÊNCIA, POR QQ MOTIVO EFICÁCIA ERGA OMNES para os co-legitimados ativos à ação coletiva >> A CJ atingirá somente as partes formais, ou seja, apenas aqueles que participaram do processo na qualidade de partes, não prejudicando os consumidores que não tenham ingressado como litisconsortes no processo. Não terá eficácia para prejudicar os consumidores individuais, salvo quanto àqueles que intervieram como litisconsortes na ação coletiva 20. RECURSOS - O sistema de recursos na ACP é o mesmo do CPC (tipos, hipóteses de cabimento, prazos e processamento), observado o art. 14 da LACP (possibilidade de atribuição de EFEITO SUSPENSIVO AOS RECURSOS pelo juiz, para evitar dano irreparável à parte) e salvo regra expressa na Lei 7.347/85 para o AGRAVO (05 dias). - Nas ações civis públicas, haverá REEXAME NECESSÁRIO nas hipóteses do art. 475 do CPC, isto é, quando houver sucumbência da Fazenda Pública. - Recebendo o recurso da sentença procedente caberá o EFEITO SUSPENSIVO CASO O MAGISTRADO ATRIBUA NA INTENÇÃO DE EVITAR EFEITOS IRREPARÁVEIS À PARTE, tendo ainda o efeito devolutivo. - A sentença improcedente só tem eficácia após confirmação do recurso ordinário 21. REPERCUSSÃO DA COISA JULGADA NA AÇÃO CIVIL PÚBLICA DE TUTELA DE INTERESSE INDIVIDUAL HOMOGÊNEO (Prof. Rodrigo Padilha) Uma das questões mais intrincadas nas ações coletivas, e que ouso discorrer para vocês, é quanto aos efeitos da decisão na sentença coletiva de tutela dos interesses individuais homogêneos. Os interesses individuais homogêneos são direitos que possuem natureza individual e, como o próprio nome faz crer, versam sobre interesses divisíveis de pessoas determinadas ligadas por um vínculo de fato. No entanto, para garantir o acesso à justiça material, por economia processual, para diminuir as demandas no judiciário abarrotado de processos, dentre outros motivos, o legislador achou por bem tutelar esses direitos dentro do capítulo destinado aos interesses coletivos lato sensu. Porém, em razão da particularidade explanada a tutela deste direito conta com características próprias desde a inicial (tendo seu pedido genérico e podendo ser incerto) até a liquidação por artigos da sentença coletiva. De todas as particularidades, nos ateremos à análise da repercussão da coisa julgada que, por fins didáticos, veremos em três partes: 1- EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM ANÁLISE DE MÉRITO Quando ocorre a extinção do processo sem análise de mérito nenhuma novidade nos traz a legislação, produzindo esta decisão coisa julgada formal, possibilitando propositura de nova demanda coletiva pelos legitimados constantes no rol do art. 5 da lei 7347/85. 2-PROCEDÊNCIA DO PLEITO. No caso de procedência do pleito, temos que observar o art. 103 §3º da Lei 8078/90, in verbis: “Art. 103 - Nas ações coletivas de que trata este Código, a sentença fará coisa julgada: § 3º - Os efeitos da coisa julgada de que cuida o Art. 16, combinado com o Art. 13 da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985, não prejudicarão as ações de indenização por danos pessoalmente sofridos, propostas individualmente ou na forma prevista neste Código, mas, se procedente o pedido, beneficiarão as vítimas e seus sucessores, que poderão proceder à liquidação e à execução, nos termos dos artigos 96 a 99.” Olhando puramente para este dispositivo, a questão me parece um tanto quanto simples, mas, quando realizada interpretação sistemática de todos dispositivos atinentes ao tema, a questão ganha interessante complexidade. A começar pelo art. 94 do mesmo Código das Relações Consumeiristas que dispõe: “Art. 94. Proposta a ação, será publicado edital no órgão oficial, a fim de que os interessados possam intervir no processo como litisconsortes, sem prejuízo de ampla divulgação pelos meios de comunicação social por parte dos órgãos de defesa do consumidor.” Desta forma, deve ser publicado edital para ciência geral, e isso tem grande importância porque a parte que estiver litigando em demanda individual poderá optar por: a) Escolher se continua a ação individual; b) Suspender o julgamento da ação individual. E assim o fazendo poderá: b.1) Permanecer inerte; b.2) Ingressar como assistente litisconsorcial do Autor civil. Dependendo da escolha a ação coletiva irá ter influência ou não na ação individual. Determina o art. 104 do CDC: “Art. 104 - As ações coletivas, previstas nos incisos I e II do § único do artigo 81, não induzem litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada erga omnes ou ultra partes a que aludem os incisos II e III do artigo anterior não beneficiarão os autores das ações individuais, se não for requerida sua suspensão no prazo de 30 (trinta) dias, a contar da ciência nos autos do ajuizamento da ação coletiva.” Acredito que agora as idéias começarão a clarear. Se o Autor individual preferiu permanecer sua busca pela tutela jurisdicional sozinho, sem requerer a suspensão do feito >> Não poderá se beneficiar com a sentença de procedência. Se o Autor requereu a suspensão do feito >> Será beneficiado com a sentença de procedência valendo-se do instituto denominado TRANSPORTE IN UTILIBUS DA COISA JULGADA COLETIVA. Explica-se, quando a sentença coletiva é procedente as pessoas que estavam com os pleitos suspensos podem abreviar o rito e transportar a coisa julgada para seus processos individuais, encerrando discussão sobre causa de pedir, sintetizando v. g. as provas. É pressuposto para utilização do transporte in utilibus o requerimento de suspensão do pleito individual dentro de 30 dias a contar da ciência dos autos do ajuizamento da ação coletiva, ou seja, da publicação do edital. Se, ao revés, optar por manter a ação individual em curso, terá que resolver o processo por seus próprios meios, não podendo aproveitar o transporte in utilibus garantido no art. 104 do CDC. 3- IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO Em havendo improcedência do pleito há COISA JULGADA MATERIAL produzindo EFICÁCIA ERGA OMNES e impossibilidade de propositura pelos mesmos entes. No entanto, existe questão que merece análise mais contida: Quando o titular do direito material requer o ingresso na ação civil pública como litisconsorte estará participando da relação jurídica processual, sendo atingido pela autoridade da coisa julgada. Contudo, ÀQUELES QUE PERMANECERAM INERTES, NÃO INTERVINDO NA AÇÃO COLETIVA, NÃO SERÃO ATINGIDOS PELA DECISÃO PREJUDICIAL. Essa é, senão, a melhor dicção do art. 103,§2 da Lei 8078/90, in literis: “Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este código, a sentença fará coisa julgada: III - erga omnes, apenas no caso de procedência do pedido, para beneficiar todas as vítimas e seus sucessores, na hipótese do inciso III do parágrafo único do art. 81. § 2° Na hipótese prevista no inciso III, em caso de improcedência do pedido, os interessados que não tiverem intervindo no processo como litisconsortes poderão propor ação de indenização a título individual.” Desta sorte, entendo que a eficácia da decisão de improcedência na ação civil pública que tutela interesses individuais homogêneos é inter partes e não erga omnes conforme prescrição legal, uma vez que, quem não participou da relação travada no processo não será atingido pela autoridade da decisão. Em resumo, decisão que analisa o mérito em ação civil pública faz coisa julgada erga omnes, havendo algumas ressalvas: Em caso de procedência a decisão não atinge o titular do direito material que não requereu a suspensão do processo do qual é parte dentro de 30 dias No caso de improcedência, a decisão produz efeitos erga omnes mas não atinge o legitimado que não participou diretamente da relação jurídica processual travada em ação civil pública. QUESTIONÁRIO - AÇÃO CIVIL PÚBLICA 1 - Dependendo da urgência da prestação jurisdicional, tendo em vista a possibilidade de grave lesão ao direito defendido, pode ojuiz conceder a liminar, em se tratando de uma Ação Civil Pública? R: Sim admite-se a concessão de medida liminar, que irá obedecer os requisitos constantes no artigo 12 da lei 7347/85. 2- Em se tratando de competência para julgamento, como funciona a distribuição da competência em uma Ação Civil Pública? R: Conforme dispõe o artigo 2º da Lei nº 7.347/85 o foro de competência para o ajuizamento da ação civil pública é o local onde ocorreu o dano. Desta forma, será competente para o julgamento o juiz de direito da comarca em que ocorreu o dano, ressalvado é claro, os casos de competência privativa. Todavia, mesmo em se tratando de casos de competência privativa, tem se admitido o deslocamento da competência para a justiça comum, em se tratando de casos em que não há a justiça especializada no local do dano, prevalecendo assim, o critério de competência estabelecido pelo artigo 2º da Lei nº 7.347/85, ou seja, o local onde ocorreu o dano. Como exemplo, pode-se citar um caso que envolva uma empresa no qual, em regra, a competência para julgamento seria da justiça Federal, todavia, em se tratando de localidade onde não exista justiça federal, têm se admitido o deslocamento da competência para a justiça comum. 3- Em se tratando de uma Ação Civil Pública, como funciona a sistemática recursal? R: Em se tratando de ação civil pública, a sistemática recursal é a mesma prevista pela legislação processual civil comum, obedecendo aos mesmos prazos e requisitos. 4- Em se tratando de uma Ação Civil Pública, qual é a função do Ministério Público? R: Em se tratando de uma ação civil pública, o representante do Ministério Público assume um papel de destaque vez que além de ser legitimado ativo para a propositura da ação, ainda detém a função de atuar, obrigatoriamente, na condição de fiscal da lei, no caso de ser o autor da ação. Também se deve ressaltar que o representante do Ministério Público tem a função de assumir a titularidade ativa de uma ação civil pública em se tratando de desistência ou abandono da ação pelo autor, na hipótese de outro legitimado não o fizer. É também obrigação do representante do Ministério Público, promover a execução do julgado, se o autor da ação não o fizer, no prazo de 60 dias. Para os casos em que o representante do Ministério Público é autor da ação, deve-se ressaltar a sua atuação no inquérito civil público. Geralmente o inquérito civil público é aberto mediante uma denúncia, mas não há qualquer impedimento que obstaculize que sua abertura seja diretamente solicitada pelo membro do Ministério Público. O inquérito civil é o momento pré-judicial, no qual e realizada a coleta de provas e informações necessárias ao ajuizamento da ação. É importante ressaltar que mesmo após a abertura do inquérito civil público, o representante do Ministério Público não tem a obrigação de ajuizar a ação, vez que se este entender que a ação não contém elementos justificadores para sua interposição, o mesmo poderá recomendar seu arquivamento. Esta decisão será objeto de análise do Conselho Superior do Ministério Público que irá homologar ou não, o arquivamento do Inquérito. 5- O que se deve entender por Ação Civil Pública? R: Trata-se de um instrumento judicial destinado a REPARAR ou IMPEDIR ATOS ou CONDUTAS que importem em dano ou lesão contra interesses difusos ou direitos coletivos. 6- Quais os principais efeitos da procedência de uma Ação Civil Pública? R: Julgada procedente a ação popular deverá o juiz prolator da decisão, poderá impor uma obrigação de fazer ou não fazer a parte sucumbente, além de condenar os responsáveis na indenização cabível e no pagamento das custas e sucumbência. É importante ressaltar que as importâncias recebidas em dinheiro em virtude de condenação irão destinar a um fundo de proteção aos bens lesados gerido pelo Conselho Federal ou Estadual, com participação obrigatória do Ministério Público. Nos termos do artigo 16 da Lei 7347/85, a decisão proferida produz efeitos erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator, exceto no caso de improcedência da ação por falta de provas. 7- Quais são os efeitos da desistência ou abandono de uma Ação Civil Pública? R: A desistência infundada ou o abandono da ação produz efeitos diferentes de uma ação normal. É que SE O AUTOR DA AÇÃO DECIDE DELA DESISTIR OU ABANDONAR A CAUSA, A LEI ESTABELECE QUE OUTRO LEGITIMANDO DEVE ASSUMIR A AÇÃO, SE NINGUÉM O FIZER, O REPRESENTANTE DO MP DEVERÁ ASSUMIR ESTE ÔNUS. 8- Quais são os principais efeitos da improcedência de uma Ação Civil Pública? R: Julgada IMPROCEDENTE a ação, O AUTOR NÃO SERÁ CONDENADO EM CUSTAS NEM NA SUCUMBÊNCIA, SALVO COMPROVADA MÁ-FÉ. Nos termos do artigo 16 da Lei 7347/85, a decisão proferida produz EFEITOS ERGA OMNES, nos limites da competência territorial do órgão prolator, exceto no caso de IMPROCEDÊNCIA DA AÇÃO POR FALTA DE PROVAS 9- Quais são os requisitos para se ajuizar uma Ação Civil Pública? R: Inicialmente, deve-se ressaltar que uma ação civil pública não se furta a obediência dos requisitos processuais comuns, constantes da legislação processual civil, pelo que o código de processo civil será boa fonte de consulta. Todavia, em se tratando de um instrumento processual especial, a ação civil pública deve preencher certos requisitos especiais, como condição indispensável para sua validade. Dessa forma, nos termos da legislação específica, somente serão válidas ações civis públicas que se destinem a reparar o impedir atos ou condutas que importem em dano ou lesão contra o meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, a livre concorrência, ao patrimônio histórico, ao patrimônio turístico, ao patrimônio artístico, ao patrimônio paisagístico, ao patrimônio estético, bem como a qualquer outro interesse difuso ou direito coletivo. 10- Qual a origem da Ação Civil Pública no direito pátrio? R: A Ação Civil Pública ingressou no sistema jurídico brasileiro através da Lei Orgânica do Ministério Público, que dentre as atribuições de seus representantes inseriu a atribuição de promover a ação civil pública. Todavia, a lei que se referia a atribuição do representante do ministério público somente foi publicada em 1985, a lei nº 7.347/85. Em 1990, o Código de Defesa do Consumidor (Lei 8078/90) modificou vários artigos da Lei nº 7.347/85, além de ampliar consideravelmente a abrangência de atuação. A CF, por sua vez, também prestigiou a Ação Civil Pública, referindo-se a ela, em seu artigo 129, na seção que trata do MP. 11- Qual é o rito processual de uma Ação Civil Pública? R: Em regra, uma ação civil pública tramita sob o RITO ORDINÁRIO, todavia, dependendo do valor dado a causa, poderá se deslocada para o RITO SUMÁRIO. 12- Qual é objeto de uma Ação Civil Pública? R: Uma ação civil pública tem por objetivo principal a cessação da conduta que importou em dano ou lesão a interesse difuso ou coletivo. É importante destacar que a cessação da conduta pode representar em uma obrigação de fazer ou não fazer, dependendo da situação concreta. Também objetiva a ação civil pública uma condenação em dinheiro referente a uma indenização no valor proporcional as lesões causadas. 13- Quem é parte legítima que pode ajuizar uma Ação Civil Pública? R: Nos termos do artigo 5º da Lei nº 7.347/85 são legitimados ativos para impetrar uma ação civil pública: MP, U, E, DF, M, autarquias, empresas públicas, fundações, sociedades de economia mista e, ainda, as associações que tenham sido constituídas há pelo menos um ano e que tenham entre seus objetivos institucionais a proteção ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, a livre concorrência, ao patrimônio histórico, ao patrimônio turístico, ao patrimônio artístico, ao patrimônio paisagístico e ao patrimônio estético. É importante ressaltar que AS ASSOCIAÇÕES SOMENTE NECESSITAM CONTER DENTRE SEUS OBJETIVOS INSTITUCIONAIS O REQUISITO QUE SERÁ UTILIZADO NA AÇÃO CIVIL PÚBLICA. Dessa forma, se uma associação deseja discutir uma questãorelativa à livre concorrência é forçoso que entre seus objetivos institucionais a defesa da livre concorrência esteja inserida. A recíproca também é verdadeira: não há possibilidade de uma associação que tenha entre seus objetivos institucionais a defesa do patrimônio histórico discutir por meio de uma ação civil pública questões que envolvam a proteção ao consumidor. Quanto ao requisito da constituição pelo prazo de pelo menos um ano, a própria Lei 7.347/85 prevê a sua possibilidade de dispensa pelo juiz em casos de manifesto interesse social, reconhecido através da dimensão ou característica do dano ou da relevância do bem jurídico a ser protegido. 14- Quem pode ser demandado em uma Ação Civil Pública? R: Em se tratando da legitimidade passiva, a questão é mais fácil de ser solucionada, vez que será legitimado passivo, ou seja, será réu em uma ação civil pública, qualquer pessoa, seja física ou jurídica, responsável pelo dano ou ameaça de ano a interesses difusos ou coletivos.