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1 CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL 1. Crimes contra a liberdade sexual: 1.1. Estupro (artigo 213 do CP): “Constranger alguém, mediante vio- lência ou grave ameaça, a ter conjun- ção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso.” 1.1.1. Conduta: constranger alguém por meio de violência ou grave ame- aça. a) Conjunção carnal consiste na introdução completa ou incompleta do pênis do agente na vagina da vítima. b) Ato libidinoso é aquele destinado a satisfazer a lascívia, ou seja, o apetite sexual do agente. Dessa maneira, o ato deve ter conteúdo sexual que atente ao pudor médio da sociedade. Podemos citar como exemplo o coito anal, o coito oral, o apalpar das partes do corpo (nádegas, seios, pernas), ainda que a vítima esteja vestida etc. No que tange ao beijo lascivo, há di- vergência sobre o enquadramento ou não como ato libidinoso. Os doutrina- dores que entendem não confi gurar o crime em tela, enquadram tal conduta como importunação ofensiva ao pudor, descrita no artigo 61 da lei de contra- venções penais. Cabe salientar que quanto ao estupro praticado por meio de ato libidinoso há uma polêmica na doutrina. Para Nelson Hungria o ato libidinoso deve ser objetiva e subjetivamente libidi- noso, com o mínimo de dimensão de sexualidade e com o fi m de satisfazer a libido do agente. Já Magalhães de Noronha, diz que o ato deve ser ape- nas objetivamente libidinoso, basta a consciência da libidinosidade. Como exemplo, podemos citar o caso do in- dividuo que querendo apenas humilhar apalpa os seios de uma mulher na rua. 1.1.2. Sujeito ativo: pode ser pratica- do por qualquer pessoa, seja homem ou mulher. Portanto, trata-se de crime comum. 1.1.3. Sujeito passivo: qualquer pessoa. 1.1.4. Elemento subjetivo: dolo, que consiste na vontade livre e consciente de praticar a ação descrita no tipo. 1.1.5. Consumação: consuma-se o delito com a introdução completa ou incompleta do pênis na vagina ou pela prática de ato libidinoso. Conforme entendimento do STJ, não havendo exame de corpo de delito devem ser aceitos outros tipos de provas. Nesse caso a palavra da vítima ganha espe- cial relevo. 1.1.6. Tentativa: é perfeitamente pos- sível tanto na conjunção carnal como no caso da prática de atos libidinosos. 1.1.7. Forma qualificada: inicial- mente cabe salientar que a forma qualifi cada dos delitos de estupro e do atentado violento ao pudor (decorrente da prática de ato libidinoso) antes da mudança, não se localizavam em seus próprios tipos penais, mas sim nas Disposições Gerais sobre os crimes contra a liberdade sexual. Porém, com o advento da Lei 12.015/09 o crime de estupro ganhou três qualifi cadoras em seu próprio tipo: a) se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave (a lesão corporal deve ser con- tra a vítima do crime); b) se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos; c) se da conduta resulta morte (a morte deve ser con- tra a vítima do crime, caso contrário haverá concurso material de crimes em decorrência da teoria versari in re ilicita – as consequências de uma ação criminosa devem ser imputadas ao agente, independente de ser ou não o objetivo fi nal dele). 1.1.8. Ação penal: é pública condi- cionada à representação. Porém, se a vítima é menor de 18 anos ou pessoa vulnerável o crime é de ação penal pública incondicionada. 1.1.9. Lei dos crimes hediondos: prevê o art. 1º da Lei n. 8.072/90 que são considerados crimes hediondos o estupro em sua forma simples ou qualifi cada. 1.1.10. Vários estupros contra a mesma vítima na mesma ocasião: há uma tendência jurisprudencial em caracterizá-lo como crime único. 1.1.11. Estupro contra vítimas di- versas: o STF se manifestou no sen- tido de restar confi gurado o concurso material, tendo em vista a vedação à continuidade delitiva em crimes contra liberdade sexual contra vítimas diversas. 1.1.12. Estupro e contágio de do- ença venérea: nesta hipótese restará confi gurado o concurso formal, em que agente mediante uma só ação pratica dois ou mais crimes (artigo 130 combi- nado com o artigo 213 ambos do CP). 1.1.13. Estupro e sequestro ou cárcere privado: com a entrada em vigor da Lei 11.106/05, a privação da liberdade de uma pessoa com fi m libi- dinoso será considerada sequestro ou cárcere privado na forma qualifi cada (artigo 148, § 1º, V do CP). 1.1.14. Identificação criminal: o artigo 5º, LVIII da CF prevê que o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei. A revogada Lei 10.054/00 que dispunha sobre identifi cação criminal, previa em seu artigo 3º, I que o indiciado ou acusado pela prática de crimes sexuais deveriam ser submetidos a identifi cação criminal. Porém, com o advento da Lei 12.037/09, que revo- gou a lei acima citada, tal inciso foi suprimido, sendo que só será possível a identifi cação criminal se essencial às investigações policiais, segundo despacho da autoridade judiciária competente, que decidirá de ofício ou mediante representação da autoridade DIREITO PENAL ESPECIAL II 2 policial, do Ministério Público ou da defesa (artigo 3º, IV da Lei 12.037/09) 1.1.15. Questões interessantes: a) É preciso contato físico da vítima com alguém para confi gurar o crime de estupro? Sim, a posição majoritária diz que é necessário contato físico da vítima com o agente ou com alguém ao comando do agente para confi gurar o atentado violento ao pudor, em virtude da exigência dos núcleos praticar ou permitir que com ele se pratique. b) Constranger alguém a se auto- masturbar configura o crime de estupro? Não. Não esta praticando nem tam- pouco permitindo que com ele se pratique nada. Ocorre apenas a visão lasciva. A vítima, no caso, está sofren- do constrangimento ilegal (artigo 146 do CP). c) O fato do agente acariciar os pés da vítima, por ter que tem uma libido anormal por pés, confi gura crime de estupro ? Não. O ato deve ser objetivamente considerado libidinoso, isto é, reco- nhecido como libidinoso pelos costu- mes, pela coletividade. 1.1.16. Principais mudanças ocorri- das em decorrência da Lei 12.015/09: o artigo 213 do CP compilou em um único tipo os crimes anteriormente tidos como estupro e atentado violento ao pudor, tornando, a partir da nova lei, as condutas de constranger alguém à conjunção carnal ou qualquer ato libi- dinoso como crime de estupro. Com isso, notamos que tal delito passou a ser um crime de ação múltipla ou conteúdo variado. Ressalte-se também, que enquanto no delito anterior o sujeito passivo só poderia ser mulher, neste, poderá ser praticado tanto contra homem quanto contra mulher. A forma qualifi cada, que antes es- tava prevista nas disposições gerais, agora vem descrita dentro do próprio tipo penal, com o acréscimo de mais uma circunstância qualifi cadora, qual seja: se o crime for praticado contra vitima menor de 18 anos e maior de 14 anos. Já no que tange à forma qualifi cada pelo evento morte, a pena máxima foi elevada para 30 anos. 1.2. Violência sexual mediante frau- de (artigo 215 do CP): “Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou difi culte a livre manifestação de vontade da vítima”. Sendo que fraude é o engodo utilizado pelo agente para induzir ou manter a vítima em erro. Empregado para enganar a vítima sobre a identidade pessoal do agente ou sobre a legiti- midade do ato sexual. 1.2.1. Conduta: conjunção carnal ou ato libidinoso por meio do emprego de fraude ou outro meio que impeça ou difi culte a livre manifestação de vontade da vítima. Cumpre ressaltar que a doutrina denomina esse delito como “estelionato sexual”, em decor- rência do modo de execução do delito em tela. 1.2.2. Sujeito ativo: pode ser pratica- do por qualquer pessoa, independen- temente do sexo. 1.2.3. Sujeito passivo: qualquer pessoa, homem ou mulher, casta ou promíscua. 1.2.4. Elemento subjetivo: dolo, que consiste na vontade livre e consciente de praticar a ação descrita no tipo. 1.2.5. Consumação: consuma-se o delito com a introdução completa ou incompleta do pênis na vagina ou pela prática de ato libidinoso. 1.2.6. Tentativa: é perfeitamente pos- sível tanto na conjunção carnal como no caso da prática de atos libidinosos. 1.2.7. Cumulação da pena de multa: se o crime for cometido com o fi m de obter vantagem econômica, aplica-se a pena de multa cumulativamente (artigo 215, parágrafo único do CP). 1.2.8. Ação penal: é pública condi- cionada à representação. Porém, se a vítima é menor de 18 anos ou pessoa vulnerável o crime é de ação penal pública incondicionada. 1.2.9. Principais mudanças ocor- ridas em decorrência da Lei 12.015/09: tal lei trouxe a junção dos delitos anteriormente tidos como pos- se sexual mediante fraude e atentado violento ao pudor mediante fraude, sendo a conduta agora chamada de violação sexual mediante fraude. Essa violação pode ser por meio de conjunção carnal ou qualquer outro ato libidinoso. No que tange ao modo de execução do delito, além da fraude, que já estava prevista no ar- tigo revogado, o legislador acrescen- tou mais uma maneira de execução, qual seja: outro meio que impeça ou difi culte a livre manifestação de von- tade da vítima. Houve a supressão da qualifi cadora decorrente do fato da vítima ser virgem, maior de 14 e menor de 18 anos. mas, em contrapartida, a pena mínima foi elevada para 2 (dois) anos e a máxima para 6 (seis) anos. E, por fi m, cumpre mencionar que o legislador acrescentou a pena de multa, caso o delito seja cometi- do com o fi m de obter vantagem econômica, exigindo-se assim, dolo específi co do agente. 1.3. Assédio Sexual (artigo 216A do CP): “Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favo- recimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função”. 1.3.1. Conduta: constranger alguém. Neste delito não há emprego de vio- lência ou grave ameça, mas apenas de intimidação, fator crucial à diferen- ciação do delito de estupro. 1.3.2. Elemento normativo do tipo: a lei exige que o agente seja superior hierárquico da vítima ou tenha sobre ela ascendência, condições inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função. O agente, portanto, aproveita- se, abusa dessa superioridade hierár- quica para obter favores de natureza sexual. 1.3.3. Sujeito ativo: trata-se de crime próprio, devendo ser praticado por superior hierárquico ou por alguém com ascendência inerente ao exercí- cio de emprego, cargo ou função. Se praticado por alguém do mesmo nível hierárquico ou inferior ao da vítima não haverá o crime em tela, sendo chamado de “assédio ambiental”. 1.3.4. Sujeito passivo: qualquer pessoa (homem ou mulher), desde que seja subalterna ao agente ou hie- rarquicamente inferior. A vítima, diante do temor de perder o emprego ou de sofrer outras represálias relacionadas ao exercício de seu trabalho, cede aos desejos sexuais do agente. 1.3.5. Elemento subjetivo: dolo, que consiste na vontade livre e consciente de praticar a ação descrita no tipo. 1.3.6. Consumação: trata-se de crime formal, em que só há necessi- dade da conduta, sem consequência 3 obrigatória do resultado para sua ca- racterização. Consuma-se com o ato de constranger a vítima, sendo pres- cindível que o agente efetivamente obtenha a vantagem ou favorecimento sexual. 1.3.7. Tentativa: é admissível somen- te no assédio realizado na forma es- crita, sendo inadmissível nas demais hipóteses. 1.3.8. Causa de aumento de pena: a pena é aumentada em até um terço se a vítima for menor de 18 anos. 1.3.9. Ação penal: é pública condi- cionada à representação. Porém, se a vítima é menor de 18 anos ou pessoa vulnerável o crime é de ação penal pública incondicionada. 1.3.10. Principais mudanças ocorridas em decorrência da Lei 12.015/09: o crime de assédio sexual foi um dos únicos crimes contra os costumes mantidos pelo legislador. Houve apenas a inserção de uma causa de aumento de pena decorren- te do fato da vítima ser menor de 18 (dezoito) anos. 2. Crimes sexuais contra vulnerá- veis: 2.1. Estupro de vulnerável (artigo 217A do CP): “Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos”. Obs: Ressalte-se que dentre os maio- res de 14 anos, enquadram-se os que acabaram de completar tal idade. 2.1.1. Conduta: constranger alguém. 2.1.2. Sujeito ativo: qualquer pessoa. 2.1.3. Sujeito passivo: qualquer pes- soa (homem ou mulher), desde que menor de 14 anos e o agente tinha ciência da idade da vítima. 2.1.4. Elemento subjetivo: dolo, que consiste na vontade livre e consciente de praticar a ação descrita no tipo. 2.1.5. Consumação: consuma-se o delito com a introdução completa ou incompleta do pênis na vagina ou pela prática de ato libidinoso. 2.1.6. Tentativa: é perfeitamente admissível (vide comentários sobre estupro – artigo 213 do CP). 2.1.7. Ação penal: ação penal pública incondicionada, tendo em vista que a vítima é menor de 18 anos. 2.1.8. Figura equiparada: incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou defi ciência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode ofe- recer resistência. A enfermidade ou defi ciência metal deve ser constatada por perícia. 2.1.9. Qualifi cadoras: se dá conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou morte. 2.1.10. Principais mudanças ocorridas em decorrência da Lei 12.015/09: houve a inserção da fi g- ura de estupro de vulnerável, sendo que a partir de então, a violência não á mais presumida (antigo art. 224 do CP) quando o crime é praticado contra menor de 14 anos, alienada ou débil mental, ou contra alguém que não possa oferecer resistência. Este passou a ser tido como delito autônomo, e, por consequência dis- pensa do tipo o constrangimento por meio de violência ou grave ameaça. Basta a simples conjunção carnal ou a prática de algum ato libidinoso com menor de 14 anos, ou com defi ciente mental que não possua o necessário discernimento para a prática do ato, ou com pessoa que não possa ofe- recer resistência, que resta confi gu- rado o estupro de vulnerável. Encontramos a forma qualifi cada em- butida em tal delito, sendo que caso ocorra lesão corporal de natureza grave, a pena é elevada para os pata- mares de 10 a 20 anos, maior do que a estabelecida no crime de estupro contra maiores de 14 anos. Porém, no que tange ao evento morte, a pena será de 12 a 30 anos, a mesma prevista no delito de estupro comum (art. 213, §3º do CP). 2.2. Corrupção de menores (artigo 218 do CP): “Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia de outrem”. 2.2.1. Conduta: induzir alguém, ou seja, persuadir, aliciar, levar alguém, por qualquer meio, a praticar uma ação para satisfazer a lascívia de outrem, ou a prestar-se a satisfazer o desejo erótico de terceiro. Lascívia diz respeito a sensualidade, libidinagem. Obs.: se o agente induz a vítima a satisfazer a lascívia de um número indeterminado de pessoas haverá cri- me de favorecimento da prostituição. Obs.: se algum ato libidinoso for prati- cado com a vítima o agente responde por estupro de vulnerável. 2.2.2. Sujeito ativo: qualquer pessoa. 2.2.3. Sujeito passivo: qualquer pes- soa (homem ou mulher), desde que menor de 14 anos e o agente tinha ciência da idade da vítima. 2.2.4. Elemento subjetivo: dolo, que consiste na vontade livre e consciente de praticar a ação descrita no tipo. 2.2.5. Consumação: consuma-se com a prática pela vítima de atos destinados a satisfazer a lascívia de outrem. Basta a prática de um ato, pois não se trata de crime habitual. 2.2.6. Tentativa: é perfeitamente admissível. 2.2.7. Ação penal: é pública incondi- cionada, tendo em vista que a vítima é menor de 18 anos. 2.2.8. Principais mudanças ocor- ridas em decorrência da Lei 12.015/09: o delito de corrupção de menores sofreu uma drástica modifi cação, conservando apenas sua denominação, pois em nada se assemelha à corrupção de menores descrita no artigo 218 do CP antes da revogação. Se analisarmos o novo tipo intitulado de corrupção de menores, verifi care- mos que ele é idêntico ao delito de- scrito no artigo 227 do código penal (mediação para servir a lascívia de outrem), sendo que o que o diferen- cia é apenas o fator idade. 2.3. Satisfação de lascívia medi- ante presença de criança ou ado- lescente (artigo 218A): “Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a pres- enciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fi m de satisfazer lascívia própria ou de outrem”. 2.3.1. Conduta: Praticar, na presen- ça de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, con- junção carnal ou outro ato libidinoso, a fi m de satisfazer lascívia própria ou de outrem. 2.3.2. Sujeito ativo: qualquer pessoa. 2.3.3. Sujeito passivo: qualquer pessoa desde que menor de 14 anos e o agente tinha ciência da idade da vítima. 2.3.4. Elemento subjetivo: dolo específi co, ou seja, o agente deve ser impelido a praticar o delito para satisfazer satisfazer a lascívia própria ou de outrem 2.3.5. Consumação: quando menor presencia ato de libidinagem, e, no 4 induzimento, com o simples induzi- mento. 2.3.6. Tentativa: é perfeitamente admissível. 2.3.7. Ação penal: é pública incondi- cionada, tendo em vista que a vítima é menor de 18 anos. 2.3.8. Principais mudanças ocor- ridas em decorrência da Lei 12.015/09: nesse artigo em comento temos disposto o antigo crime de corrupção de menores. Porém, os verbos corromper ou facilitar a cor- rupção foram suprimidos do novo tipo e a vítima deve ser menor de 14 (catorze) anos. 2.4. Favorecimento da prostitu- ição ou outra forma de exploração sexual de vulnerável (artigo 218B do CP): “Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de ex- ploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermi- dade ou defi ciência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou difi cultar que a abandone”. 2.4.1. Conduta: submeter, induzir, atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual ou facilitá-la, impedir ou difi cultar que a abandone. 2.4.2. Sujeito ativo: qualquer pessoa. Neste delito o agente facilita o meretrí- cio de pessoas determinadas. 2.4.3. Sujeito passivo: qualquer pessoa desde que menor de 18 anos, enfermo/ defi ciente mental ou que não tenha o necessário discernimento para a prática do ato, mesmo que essa pessoa seja prostituta. 2.4.4. Elemento subjetivo: dolo ge- nérico, salvo se tiver intuito de obter vantagem econômica, em que teremos a necessidade de dolo específi co. 2.4.5. Figura equiparada: quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na situação descrita no caput deste artigo, bem como o proprietário, o ge- rente ou o responsável pelo local em que se verifi quem as práticas referidas no artigo em comento. 2.4.6. Efeito obrigatório da sentença penal condenatória: cassação da licença de localização e de funciona- mento do estabelecimento em que se verifi quem as práticas do delito em questão. 2.4.7. Consumação: no momento em que a vítima se dedica habitualmente a prostituição e se vê impedida de se re- tirar dela. Ressalte-se que não se trata de crime habitual, pois basta o agente favorecer uma única vez a prostituição para que haja confi guração do delito. 2.4.8. Tentativa: é perfeitamente admissível. 2.4.9. Forma qualificada: crime cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude. 2.4.10. Ação penal: é pública incondi- cionada, tendo em vista que a vítima é menor de 18 anos. 2.4.11. Principais mudanças ocorri- das em decorrência da Lei 12.015/09: o caput desse delito se assemelha ao crime descrito no artigo 228 do código penal (favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual). Porém, temos duas diferenciações que devem ser feitas. Uma no que tange a ação, visto que nesse delito há a inclusão do verbo submeter. A segunda diferença consiste no fator idade. Para que haja a tipifi cação no artigo 218-b, é necessário que a vítima seja menor de 18 anos, enferma ou com defi ciência mental sem necessá- rio discernimento para a prática do ato. Ressalte-se que tal crime está intitu- lado como favorecimento da prosti- tuição ou outra forma de exploração sexual de vulnerável, mas, neste de- terminado caso, o legislador consid- erou vulnerável o menor de 18 anos, diferentemente do que consta no ar- tigo 217A. A grande novidade foi a criminaliza- ção expressa da conduta daquele que pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na situação descrita no caput deste artigo. Lembrando que se tal ato se verifi car com menor de 14 anos será considerado estupro de vulnerável. Também foi tipifi cada como crime a conduta do proprietário, gerente ou responsável, que cede o local para que se verifi quem as práticas refe- ridas no caput deste artigo, o que o aproximava em parte do crime de- scrito no artigo 229 do CP (casa de prostituição), antes da alteração da lei 12.015/2009. Por fi m, temos o § 3º que dispõe so- bre um efeito específi co e obrigatório, que é gerado automaticamente pela lei, não necessitando nem mesmo de decisão judicial. desse modo, basta a condenação no crime descrito no art. 218-b, §2°, II, para que haja a cassa- ção licença de localização e de func- ionamento do estabelecimento. 3. Disposições legais: 3.1. Ação Penal: nos crimes contra a liberdade sexual e nos crimes sexuais contra vulnerável, procede-se median- te ação penal pública condicionada à representação. Procede-se, entretan- to, mediante ação penal pública incon- dicionada se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa vulnerável. 3.2. Causas de aumento de pena: de quarta parte, se o crime é cometido com o concurso de 2 (duas) ou mais pessoas; ou da metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tem autoridade sobre ela. 4. Lenocínio e tráfi co de pessoa para fi m de prostituição ou outra forma de exploração sexual (artigo 227 do CP): 4.1. Mediação para servir à lascívia de outrem: “induzir alguém a satisfa- zer a lascívia de outrem.” 4.1.1. Conduta: consubstancia-se no verbo “induzir”, que signifi ca persuadir, aliciar, levar alguém, por qualquer meio, a praticar uma ação para satisfa- zer a lascívia de outrem, a prestar-se a satisfazer o desejo erótico de terceiro. Lascívia diz respeito a sensualidade, libidinagem. Obs.: se o agente induz a vítima a satisfazer a lascívia de um número indeterminado de pessoas, haverá cri- me de favorecimento da prostituição. 4.1.2. Sujeito ativo: qualquer pessoa. 4.1.3. Sujeito passivo: qualquer pessoa. 4.1.4. Elemento subjetivo: dolo genérico. 4.1.5. Consumação: consuma-se com a prática pela vítima com atos destinados a satisfazer a lascívia de outrem. 4.1.6. Tentativa: perfeitamente ad- missível. 4.1.7. Qualifi cadoras: se a vítima é maior de 14 (catorze) e menor de 18 (dezoito) anos, ou se o agente é seu ascendente, descendente, cônjuge ou 5 companheiro, irmão, tutor ou curador ou pessoa a quem esteja confi ada para fi ns de educação, de tratamento ou de guarda; ou se o crime é come- tido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude. 4.1.8. Ação penal: é pública condicio- nada à representação. 4.1.9. Lenocínio questuário: assim denominada quando há o intuito de lucro, aplicando-se além da pena cominada, a pena de multa. 4.2. Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração se- xual (artigo 228 do CP): “induzir ou atrair alguém à prostituição ou outra forma de exploração sexual, facilitá- la, impedir ou difi cultar que alguém a abandone”. 4.2.1. Conduta: induzir, atrair à pros- tituição ou outra forma de exploração sexual ou facilitá-la, impedir ou difi cul- tar que a abandone. 4.2.2. Sujeito ativo: qualquer pessoa. Neste delito o agente facilita o meretrí- cio de pessoas determinadas. 4.2.3. Sujeito passivo: qualquer pes- soa, mesmo que essa seja prostituta. 4.2.4. Elemento subjetivo: dolo ge- nérico, salvo se tiver intuito de obter vantagem econômica, em que teremos a necessidade de dolo específi co. 4.2.5. Consumação: se consuma no momento em que a vítima se dedica habitualmente a prostituição e se vê impedida de se retirar dela. Ressalte- se que não se trata de crime habitual, pois basta o agente favorecer uma única vez a prostituição para que haja confi guração do delito. 4.2.6. Tentativa: é perfeitamente admissível. 4.2.7. Qualifi cadoras: se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, ir- mão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empre- gador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; ou se o crime, é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude. 4.2.8. Ação penal: é pública condicio- nada à representação. 4.2.9. Principais mudanças ocorri- das em decorrência da Lei 12.015/09: houve um acréscimo no tipo quanto a fi gura de “outra forma de exploração sexual”. Também foi cominada a pena de multa no caput desse delito. No que tange ao § 1º retirou-se a fi gura do menor de 18 anos e maior de 14 anos, pois neste caso há a tipi- fi cação autônoma no artigo 218-b. Ressalte-se que nas formas qualifi ca- das não há cominação prévia de pena de multa, devendo esta ser aplicada apenas quando houver fi nalidade es- pecífi ca de lucro, conforme previsão expressa no § 3º desse artigo. Por fi m, cumpre salientar que houve o acréscimo de mais uma qualifi ca- dora, prevista no §2° desse artigo, que ocorre quando o crime for co- metido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude. 4.3. Casa de prostituição (artigo 229 do CP): “manter, por conta própria ou de terceiro, estabelecimento em que ocorra exploração sexual, haja, ou não, intuito de lucro ou mediação direta do proprietário ou gerente”. Tutela-se a disciplina da vida sexual, de acordo com os bons costumes, a moralidade pública e a organização da família. Obs.: não se inclui neste conceito o local destinado para encontro, isto é, hotéis e motéis, pois não são destinados única e exclusivamente ao favorecimento da prostituição. Sendo necessário comprovar que os empregados se prestam a exercer a prostituição. 4.3.1. Conduta: manter, ou seja, conservar. 4.3.2. Sujeito ativo: qualquer pessoa. Não se exige que o proprietário realize qualquer intermediação, ou seja, cap- tação de clientela. 4.3.3. Sujeito passivo: agente que se dedica à prostituição ou o que fre- qüenta o local destinado a encontros libidinosos. 4.3.4. Consumação: com o início de manutenção da casa de prostituição ou local para encontros libidinosos, independente da prática de qualquer ato sexual. 4.3.5. Tentativa: é inadmissível, pois se trata de crime habitual. 4.3.6. Ação penal: é pública condicio- nada à representação. 4.3.7. Principais mudanças ocor- ridas em decorrência da Lei 12.015/09: neste delito o legislador, visando abarcar o maior numero pos- sível de situações houve por bem modifi car o termo “ casa de prostitu- ição ou lugar destinado a encontros para fi m libidinoso” por “estabeleci- mento em que ocorra exploração sexual” 4.4. Rufi anismo (artigo 230 do CP): “tirar proveito da prostituição alheia, participando diretamente de seus lucros ou fazendo-se sustentar, no todo ou em parte, por quem a exerça”. Tutela-se o regular desenvolvimento das atividades sexuais, de acordo com a moral e os bons costumes. Protege-se também a prostituta contra a exploração do rufi ão, aquele que procura tirar proveito do exercício da prostituição alheia. 4.4.1. Conduta: tirar proveito da prostituição alheia, participando dire- tamente de seus lucros. Exige-se que o proveito econômico seja proveniente do exercício da prostituição. 4.4.2. Sujeito ativo: qualquer pessoa. 4.4.3. Sujeito passivo: pessoa que exerce a prostituição. 4.4.4. Elemento subjetivo: dolo genérico. 4.4.5. Consumação: consuma-se no momento em que a conduta do agente se torna habitual, ou seja, quando há prática reiterada da ação nuclear descrita no tipo. 4.4.6. Tentativa: inadmissível por ser crime permanente e habitual. 4.4.7. Qualifi cadoras: Se o crime é cometido mediante violência, grave ameaça, fraude ou outro meio que im- peça ou difi culte a livre manifestação da vontade da vítima. 4.4.8. Ação penal: é pública condicio- nada à representação. 4.4.9. Principais mudanças ocor- ridas em decorrência da Lei 12.015/09: Houve o acréscimo no § 1º (artigo 230 do CP) dos sujeitos ativos: padrasto, madrasta, enteado, preceptor ou empregador da vítima, ou por quem assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, prote- ção ou vigilância. E, no § 2º houve o acréscimo dos seguintes modos de execução: fraude ou outro meio que impeça ou difi culte a livre manifesta- ção da vontade da vítima. mas, neste caso, não se aplica mais a pena de multa anteriormente prevista. 4.5. Tráfi co internacional de pessoa para fi m de exploração sexual (arti- go 231 do CP): “Promover ou facilitar a entrada, no território nacional, de alguém que nele venha a exercer a prostituição ou outra forma de explora- ção sexual, ou a saída de alguém que 6 vá exercê-la no estrangeiro.” 4.5.1. Conduta: promover ou facilitar. 4.5.2. Sujeito ativo: qualquer pessoa. 4.5.3. Sujeito passivo: pessoa que exerce ou venha exercer a prostitui- ção. 4.5.4. Elemento subjetivo: dolo genérico. 4.5.5. Consumação: com a entrada ou saída da pessoa no território na- cional para o exercício da prostituição. 4.5.6. Tentativa: é perfeitamente possível. 4.5.7. Figura equiparada: incorre na mesma pena aquele que agenciar, aliciar ou comprar a pessoa trafi cada, assim como, tendo conhecimento des- sa condição, transportá-la, transferi-la ou alojá-la 4.5.8. Causa de aumento de pena: a pena é aumentada da metade se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos; se a vítima, por enfermidade ou defi - ciência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato; se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, pre- ceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; há emprego de violência, grave ameaça ou fraude. 4.5.9. Ação penal: é pública condicio- nada à representação. 4.5.10. Principais mudanças ocorri- das em decorrência da Lei 12.015/09: nesse delito retirou-se do caput a ação de intermediar, acrescentou-se à des- tinação da vítima para outra forma de exploração sexual. O legislador descreveu na nova reda- ção do §1º outras ações, equiparando- as ao crime defi nido no caput. Já na forma qualificada, houve o acréscimo de algumas fi guras, que aumentam a pena à metade: exemplo se o crime for cometido contra vítima, que por enfermidade ou defi ciência mental, não tem o necessário dis- cernimento para a prática do ato; se o agente for padrasto, madrasta, enteado, preceptor ou empregador da vítima, ou por quem assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância. 4.6. Tráfi co interno de pessoa para fi m de exploração sexual (artigo 231A do CP): “Promover ou facilitar o deslocamento de alguém dentro do território nacional para o exercício da prostituição ou outra forma de explo- ração sexual ” 4.6.1. Conduta: promover ou facilitar. 4.6.2. Sujeito ativo: qualquer pessoa. 4.6.3. Sujeito passivo: pessoa que exerce ou venha exercer a prostitui- ção. 4.6.4. Elemento subjetivo: dolo genérico. 4.6.5. Consumação: a prática de uma das condutas descrita no tipo, não sendo necessário que a vítima venha efetivamente exercer a prostituição. 4.6.6. Tentativa: é perfeitamente possível. 4.6.7. Figura equiparada: incorre na mesma pena aquele que agenciar, aliciar ou comprar a pessoa trafi cada, assim como, tendo conhecimento des- sa condição, transportá-la, transferi-la ou alojá-la 4.6.8. Causa de aumento de pena: a pena é aumentada da metade se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos; se a vítima, por enfermidade ou defi - ciência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato; se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, pre- ceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; há emprego de violência, grave ameaça ou fraude. 4.6.9. Ação penal: é pública condicio- nada à representação. 4.6.10. Principais mudanças ocorridas em decorrência da Lei 12.015/09: o legislador alterou o verbo do caput desse artigo, sendo que a simples promoção ou facilitação para o deslocamento de alguém no territó- rio nacional, para fi m de exploração sexual, já caracteriza o crime do art. 231-a do CP. Em relação às fi guras equiparadas e às qualifi cadoras, esse delito possui a mesma essência do crime acima estudado, sendo assim, remetemos o leitor para os comentários acima descritos. 5. Causa genérica de aumento de pena (artigo 134A do CP): nos crimes contra a dignidade sexual a pena é aumentada de metade, se do crime resultar gravidez; e de um sexto até a metade, se o agente transmite à vitima doença sexualmente transmissível de que sabe ou deveria saber ser portador. Obs.: os processos em que se apuram crimes defi nidos neste Título correrão em segredo de justiça (artigo 134B do CP) LINK ACADÊMICO 1 ULTRAJE PÚBLICO AO PUDOR 1. Ato obsceno 1.1. Previsão legal: art. 233, CP. 1.2. Descrição típica: Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público (pena: deten- ção, de 3 meses a 1 ano, ou multa). 1.3. Conduta: executar ato de modo a ofender a moralidade pública. 1.4. Sujeitos do crime: 1.4.1. ativo: qualquer pessoa; 1.4.2. passivo: a coletividade. 1.5. Elemento subjetivo: dolo. 1.6. Consumação: com a prática de ato em lugar público ou aberto ou ex- posto ao público que venha a violar a moralidade pública. 1.7. Tentativa: admite-se. 1.8. Ação penal: pública incondicio- nada. A competência é do Juizado Especial Criminal. Obs: o ato obsceno alberga uma valo- ração cultural e temporal. O obsceno macula o pudor, transmitindo uma conduta indecorosa e revelando um sentido sexual. 2. Escrito ou objeto obsceno 2.1. Previsão legal: art. 234, CP 2.2. Descrição típica: Fazer, impor- tar, exportar, adquirir ou ter sob sua guarda, para fim de comércio, de distribuição ou de exposição pública, escrito, desenho, pintura, estampa ou qualquer objeto obsceno (pena: deten- ção, de 6 meses a 2 anos, ou multa) Obs: comete o mesmo crime quem vende, distribui ou expõe a venda ou ao público os objetos acima referidos; também comete o mesmo crime quem, em lugar público ou acessível ao pú- blico, promove espetáculos teatrais ou cinematográfi cos caracterizados como obscenos. 2.3. Conduta: a exposição pública de objeto obsceno ou de espetáculo do mesmo gênero, que venha a ofender a moralidade pública. 2.4. Sujeitos do crime: 2.4.1. ativo: qualquer pessoa; 7 2.4.2. passivo: a coletividade. 2.5. Elemento subjetivo: dolo. 2.6. Consumação: consuma-se com a elaboração, importação, exportação, guarda ou simplesmente aquisição com a fi nalidade de comércio, distri- buição ou exposição pública de objeto obsceno ou com a prática de espe- táculos teatrais ou cinematográfi cos que venham a macular a moralidade pública. 2.7. Tentativa: admite-se. 2.8. Ação penal: pública incondicio- nada. A competência é do Juizado Especial Criminal. LINK ACADÊMICO 2 DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA É preceito constitucional (art. 226, caput, CF) que a família é base da sociedade, merecendo especial pro- teção do Estado, inclusive do Direito Penal. Desse modo, dos delitos contra a família temos: 1. dos crimes contra o casamento; 2. dos crimes contra o estado de fi liação; 3. dos crimes contra a assistência familiar; 4. dos crimes contra o pátrio poder (após a edição do CC de 2002, passou-se a adotar a expressão poder familiar), tutela ou curatela. 1.Dos crimes contra o casamento 1.1. Bigamia (art. 235, CP) Contrair alguém, sendo casado, novo casamento (pena: reclusão, de 2 a 6 anos). Obs: dispõe o § 1º: Aquele que, não sendo casado, contrai casamento com pessoa casada, conhecendo essa circunstância, é punido com reclusão ou detenção, de 1 a 3 anos. Já o § 2º do mesmo artigo dispõe: Anulado por qualquer motivo o primeiro casamento, ou o outro por motivo que não a biga- mia, considera-se inexistente o crime. 1.2. Induzimento a erro essencial e ocultação de impedi-mento (art. 236, CP) Obs: Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior (pena: detenção, de 6 meses a 2 anos). Obs: dispõe o parágrafo único: A ação penal depende de queixa do contraen- te enganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento. 1.3. Conhecimento prévio de impe- dimento (art. 237, CP) Obs: Contrair casamento, conhecendo a existência de impedimento que lhe cause a nulidade absoluta (pena: de- tenção, de 3 meses a 1 ano). 1.4. Simulação de autoridade para celebração de casamento (art. 238, CP) Obs: Atribuir-se falsamente autoridade para celebração de casamento (pena: detenção, de 1 a 3 anos, se o fato não constitui crime mais grave). 1.5. Simulação de casamento (art. 239, CP) Obs: Simular casamento mediante engano de outra pessoa (pena: de- tenção, de um a três anos, se o fato não constitui elemento de crime mais grave). 1.6. Adultério (art. 240, CP. Revoga- do pela Lei 11.106/2005) 2. Dos crimes contra o estado de fi liação 2.1. Registro de nascimento inexis- tente (art. 241, CP) Obs: Promover no registro civil a inscrição de nascimento inexistente (pena: reclusão, de 2 a 6 anos). 2.2. Parto suposto. Supressão ou alteração de direito ine-rente ao estado civil de recém-nascido (art. 242, CP) Obs: Dar parto alheio como próprio; registrar como seu o fi lho de outrem; ocultar recém-nascido ou substituí-lo, suprimindo ou alterando direito ineren- te ao estado civil (pena: reclusão, de 2 a 6 anos). Se o crime é praticado por motivo de reconhecida nobreza a pena é detenção, de 1 a 2 anos, podendo o juiz deixar de aplicar a pena (parágrafo único). 2.3. Sonegação de estado de fi lia- ção (art. 243, CP) Obs: Deixar em asilo de expostos ou outra instituição de assistência fi lho próprio ou alheio, ocultando-lhe a fi liação ou atribuindo-lhe outra, com o fi m de prejudicar direito inerente ao estado civil (pena: reclusão, de 1 a 5 anos, e multa). 3. Dos crimes contra a assistência familiar 3.1. Abandono material (art. 244, CP) Obs: Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do cônjuge, ou de fi lho menor de 18 (dezoito) anos ou inapto para o trabalho, ou de ascen- dente inválido ou maior de 60 (ses- senta) anos, não lhes proporcionando os recursos necessários ou faltando ao pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada; deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou ascendente, gravemente enfermo (pena: detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa, de uma a dez vezes o maior salário mínimo vigente no País). Obs: Nas mesmas penas incide quem, sendo solvente, frustra ou ilide, de qualquer modo, inclusive por abando- no injustifi cado de emprego ou função, o pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada (par. único). 3.2. Entrega de fi lho menor a pessoa inidônea (art. 245, CP) Obs: Entregar fi lho menor de 18 (de- zoito) anos a pessoa em cuja compa- nhia saiba ou deva saber que o menor fi ca moral ou materialmente em perigo (pena: detenção, de 1 a 2 anos). Obs: Prevê o § 1º: A pena é de 1 (um) a 4 (quatro) anos de reclusão, se o agente pratica delito para obter lucro, ou se o menor é enviado para o exte- rior. Dispõe o § 2º: incorre, também, na pena do parágrafo anterior quem, embora excluído o perigo moral ou material, auxilia a efetivação de ato destinado ao envio de menor para o exterior, com o fi to de obter lucro. 3.3. Abandono intelectual (art. 246, CP) Obs: Deixar, sem justa causa, de prover à instrução primária de fi lho em idade escolar (pena: detenção, de 15 dias a 1 mês, ou multa). 3.4. Proteção a educação moral (art. 247, CP) Obs: Permitir alguém que menor de dezoito anos, sujeito a seu poder ou confi ado à sua guarda ou vigilância: I - freqüente casa de jogo ou mal- afamada, ou conviva com pessoa viciosa ou de má vida; II - freqüente espetáculo capaz de pervertê-lo ou de ofender-lhe o pudor, ou participe de representação de igual natureza; III - resida ou trabalhe em casa de prostituição; IV - mendigue ou sirva a mendigo para excitar a comiseração pública (pena: detenção, de 1 a 3 meses, ou multa). 8 4. Dos crimes contra o pátrio poder, tutela ou curatela 4.1. Induzimento a fuga, entrega ar- bitrária ou sonegação de incapazes (art. 248, CP) Obs: Induzir menor de dezoito anos, ou interdito, a fugir do lugar em que se acha por determinação de quem sobre ele exerce autoridade, em virtude de lei ou de ordem judicial; confi ar a outrem sem ordem do pai, do tutor ou do curador algum menor de dezoito anos ou interdito, ou deixar, sem justa causa, de entregá-lo a quem legitima- mente o reclame (pena: detenção, de 1 mês a 1 ano, ou multa). 4.2. Subtração de incapazes Obs: Subtrair menor de dezoito anos ou interdito ao poder de quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou de ordem judicial (pena: detenção, de 2 meses a 2 anos, se o fato não constitui elemento de outro crime). § 1º: O fato de ser o agente pai ou tutor do menor ou curador do interdito não o exime de pena, se destituído ou temporariamente privado do pátrio poder, tutela, curatela ou guarda. § 2º: No caso de restituição do menor ou do interdito, se este não sofreu maus-tratos ou privações, o juiz pode deixar de aplicar pena. LINK ACADÊMICO 3 DOS CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA 1. Incitação ao crime 1.1. Previsão legal: art. 286, CP. 1.2. Descrição típica: Incitar, publi- camente, a prática de crime (pena: detenção, de 3 a 6 meses, ou multa) 1.3. Conduta: instigar, estimular ou induzir, de forma pública, na mente de pessoas a idéia de praticar um ou mais crimes. 1.4. Sujeitos do crime: 1.4.1. ativo: qualquer pessoa; 1.4.2. passivo: a coletividade. 1.5. Elemento subjetivo: dolo 1.6. Consumação: consuma-se no instante em que um número indetermi- nado de pessoas toma conhecimento da manifestação do agente. 1.7. Tentativa: admite-se. 1.8. Ação penal: pública incondicio- nada. A competência é do Juizado Especial Criminal. 2. Apologia de crime ou criminoso 2.1. Previsão legal: art. 287, CP. 2.2. Descrição típica: Fazer, publica- mente, apologia de fato criminoso ou de autor de crime (pena: detenção, de 3 a 6 meses, ou multa). 2.3. Conduta: elogiar ou enaltecer, publicamente, fato criminoso ou autor de crime. 2.4. Sujeitos do crime: 2.4.1. ativo: qualquer pessoa; 2.4.2. passivo: a coletividade. 2.5. Elemento subjetivo: dolo. 2.6. Consumação: consuma-se no momento em que um número in- determinado de pessoas presencia a manifestação do pensamento do agente. 2.7. Tentativa: admite-se. 2.8. Ação penal: pública incondicio- nada. A competência é do Juizado Especial Criminal. 3. Quadrilha ou bando 3.1. Previsão legal: art. 288, CP. 3.2. Descrição típica: Associarem-se mais de três pessoas, em quadrilha ou bando, para o fi m de cometer crimes (pena: reclusão, de 1 a 3 anos). 3.3. Conduta: comportamento de pelo menos quatro pessoas aliadas com o objetivo de cometer crimes. 3.4. Sujeitos do crime: 3.4.1. ativo: qualquer pessoa (pelo menos quatro pessoas, não importando que sejam todas elas imputáveis); 3.4.2. passivo: a coletividade. 3.5. Elemento subjetivo: dolo. 3.6. Consumação: consuma-se no instante em que pelo menos quatro pessoas aliam-se com o fi m de co- meter crimes. 3.7. Tentativa: não se admite. 3.8. Forma qualificada pelo fim específi co: o art. 8º da Lei 8.072/90 determina que será de 3 a 6 anos a pena prevista no art. 288, CP, quando se tratar de crimes hediondos, prática de tortura, tráfi co ilícito de entorpecen- tes e drogas afi ns. 3.9. Causa de aumento de pena: preceitua o parágrafo único do art. 288 que a pena será aplicada em dobro se a quadrilha ou bando é armado. 3.10. Ação penal: pública incondi- cionada. LINK ACADÊMICO 4 DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA Fé pública é a confi ança que se tem em certos institutos jurídicos, neces- sários para uma boa convivência em sociedade. Assim, é a crença na ve- racidade e na autenticidade da moeda, de papéis, documentos, selos, símbo- los ou sinais empregados nas relações sociais. Obs: requisitos para a confi guração dos delitos contra a fé pública: 1. imitação ou alteração da verdade; 2. potencialidade do dano; 3. dolo. 1. Moeda falsa 1.1. Previsão legal: art. 289, CP. 1.2. Descrição típica: falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no estrangeiro (pena: reclusão, de 3 a 12 anos, e multa). 1.3. Conduta: falsifi car, criando ou alterando moeda metálica ou papel- moeda em curso no Brasil ou no estrangeiro. A falsifi cação grosseira descaracteriza o crime de moeda falsa, podendo tipifi car, se for o caso, estelionato. Obs: pratica o mesmo crime quem, por conta própria ou alheia, importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa. 1.4. Sujeitos do crime: 1.4.1. sujeito ativo: qualquer pessoa; 1.4.2. passivo: o Estado. 1.5. Elemento subjetivo: dolo. 1.6. Consumação: consuma-se com a falsifi cação da moeda, independen- temente de sua efetiva circulação. 1.7. Tentativa: admite-se. 1.8. Forma privilegiada: art. 289, § 2º, CP: quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou alte- rada, a restitui à circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa (competência do JEC federal). 1.9. Forma qualifi cada: art. 289, § 3º, incs. I e II, CP: é punido com reclusão, de 3 a 15 anos, e multa, o funcionário público ou diretor, gerente, ou fi scal de banco de emissão (crime próprio) que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei de papel-moeda em quantidade superior à autorizada, bem como(art. 289, par. 4º) nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja cir- culação não estava ainda autorizada. 1.10: Ação penal: pública incondi- cionada. Competência da Justiça 9 Federal. 2. Crimes assimilados ao de moeda falsa 2.1. Previsão legal: art. 290, CP. 2.2. Descrição típica: formar cédula, nota ou bilhete representativo de mo- eda com fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros; suprimir, em nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o fi m de restituí-los à circulação, sinal indicativo de sua inutilização; restituir à circulação cédula, nota ou bilhete em tais condições, ou já reco- lhidos para o fi m de inutilização (pena: reclusão, de 2 a 8 anos, e multa). 2.3. Conduta: são três os compor- tamentos tipifi cados: no primeiro, o agente utiliza fragmentos de notas verdadeiras, criando cédula falsa; no segundo, suprime das notas retiradas de circulação pela autoridade mone- tária o sinal de sua inutilização; no terceiro, restitui à circulação cédula já recolhida para o fi m de inutilização. 2.4. Sujeitos do crime: 2.4.1. sujeito ativo: qualquer pessoa; 2.4.2. passivo: o Estado. 2.5. Elemento subjetivo: dolo. 2.6. Consumação: nas duas primeiras fi guras, com a formação da nota ou com a supressão do sinal indicativo da inutilização, visando restituí-la à circulação; na terceira, quando a cédula retorna à circulação. 2.7. Tentativa: admite-se. 2.8. Forma qualifi cada: O parágrafo único do art. 290, CP, eleva para 12 anos de reclusão e multa, se o crime é cometido por funcionário (crime pró- prio) que trabalha na repartição onde o dinheiro se achava recolhido, ou nela tem fácil ingresso, em razão do cargo. 2.9. Ação penal: pública incondiciona- da. Competência da Justiça Federal. 3. Petrechos para falsifi cação de moeda 3.1. Previsão legal: art. 291, CP. 3.2. Descrição típica: fabricar, adqui- rir, fornecer, a título oneroso ou gratui- to, possuir ou guardar maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente destinado à falsifi cação de moeda (pena: reclusão, de 2 a 6 anos, e multa). 3.3. Sujeitos do crime: 3.3.1. sujeito ativo: qualquer pessoa; 3.3.2. o Estado. 3.4. Elemento subjetivo: dolo. 3.5. Consumação: consuma-se com a posse, fabricação, aquisição, forne- cimento ou guarda de equipamento voltado para falsifi cação de moeda. 3.6. Tentativa: admite-se. 3.7. Ação penal: pública incondiciona- da. Competência da Justiça Federal. 4. Emissão de título ao portador sem permissão legal 4.1. Previsão legal: art. 292, CP. 4.2. Descrição típica: emitir, sem permissão legal, nota, bilhete, fi cha, vale ou título que contenha promessa de pagamento em dinheiro ao portador ou a que falte indicação do nome da pessoa a quem deva ser pago (pena, detenção de 1 a 6 meses, ou multa) 4.3. Sujeitos do crime: 4 4.3.1. Sujeito ativo: qualquer pessoa; 4.3.2. Passivo: o Estado. 4.4. Elemento subjetivo: dolo. 4.5. Consumação: consuma-se com a emissão da nota, vale ou fi cha, bi- lhete ou título contendo promessa de pagamento em dinheiro, ao portador ou a que falte indicação do nome da pessoa a quem deve ser pago. 4.6. Tentativa: admite-se. 4.7. Ação penal: pública incondicio- nada. A competência é do Juizado Especial Criminal. DA FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS PÚBLICOS 1. Falsifi cação de papéis públicos (art. 293, CP):Obs: falsifi car, fabrican- do-os ou alterando selo destinado a controle tributário, papel selado ou qualquer papel de emissão legal des- tinado à arrecadação de tributo; (Re- dação dada pela Lei 11.035, de 2004); papel de crédito público que não seja moeda de curso legal; vale postal; cautela de penhor, caderneta de de- pósito de caixa econômica ou de outro estabelecimento mantido por entidade de direito público; talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento relativo a arrecadação de rendas pú- blicas ou a depósito ou caução por que o poder público seja responsável; bi- lhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte administrada pela União, por Estado ou por Municí- pio (pena, reclusão de 2 a 8 anos, e multa). Obs: Incorre na mesma pena quem: usa, guarda, possui ou detém qual- quer dos papéis falsifi cados a que se refere este artigo; importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda, fornece ou restitui à circulação selo falsifi cado destinado a controle tributário; importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda, mantém em de- pósito, guarda, troca, cede, empresta, fornece, porta ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, produto ou mercadoria: 1. em que tenha sido aplicado selo que se destine a controle tributário, falsifi cado; 2. sem selo ofi cial, nos casos em que a legislação tributária determina a obrigatoriedade de sua aplicação. Obs: o § 2º dispõe: suprimir, em qual- quer desses papéis, quando legítimos, com o fi m de torná-los novamente utili- záveis, carimbo ou sinal indicativo de sua inutilização (pena: reclusão, de 1 a 4 anos, e multa). Obs: o § 3º dispõe: Incorre na mesma pena quem usa, depois de alterado, qualquer dos papéis a que se refere o parágrafo anterior. Obs: o § 4º dispõe: quem usa ou restitui à circulação, embora recebido de boa-fé, qualquer dos papéis falsifi - cados ou alterados, a que se referem este artigo e o seu § 2º, depois de conhecer a falsidade ou alteração, incorre na pena de detenção, de 6 meses a 2 anos, ou multa. Obs: o § 5o dispõe: equipara-se a atividade comercial, para os fi ns do inciso III do § 1º, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em vias, praças ou outros logradouros públicos e em residências. 2. Petrechos de falsifi cação (art. 294, CP) Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar objeto especialmente destinado à falsifi cação de qualquer dos papéis referidos no artigo anterior (pena: reclusão, de 1 a 3 anos, e mul- ta); o art. 295 prevê que se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta- se a pena de sexta parte. DA FALSIDADE DOCUMENTAL 1. Falsifi cação de selo ou sinal pú- blico (art. 296, CP) Falsifi car, fabricando-os ou alterando- 10 os: I - selo público destinado a auten- ticar atos ofi ciais da União, de Estado ou de Município; II - selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito público, ou a autoridade, ou sinal público de tabelião (pena: reclusão, de 2 a 6 anos, e multa). § 1º - Incorre nas mesmas penas: I - quem faz uso do selo ou sinal falsifi cado; II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal verdadeiro em prejuízo de outrem ou em proveito próprio ou alheio; III - quem altera, falsifi ca ou faz uso in- devido de marcas, logotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos utilizados ou identifi cadores de órgãos ou enti- dades da Administração Pública.; § 2º: Se o agente é funcionário pú-blico, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. 2. Falsifi cação de documento pú- blico Obs: documento público é aquele cria- do por funcionário no exercício da fun- ção pública e dotado de formalidade. Obs: atenção para a Súmula 17, STJ: quando o falso se exaure no estelio- nato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvida 2.1. Previsão legal: art. 297, CP. 2.2. Descrição típica: Falsifi car, no todo ou em parte, docu-mento pú- blico, ou alterar documento público verdadeiro (pena: reclusão, de 2 a 6 anos, e multa). Obs: Se o agente é funcionário públi- co, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte (par. 1º, art. 297, CP). Obs: documentos equiparados (§ 2º, art. 297, CP): o emanado de entidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular. Obs: prevê o § 3º, art. 297, CP, que nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir: I – na folha de pagamento ou em documento de in- formações que seja destinado a fazer prova perante a previdência social, pessoa que não possua a qualidade de segurado obrigatório; (Incluído pela Lei 9.983, de 2000); II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social do em- pregado ou em documento que deva produzir efeito perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita; III – em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com as obrigações da empresa perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado. Obs: dispõe o § 4º, art. 297, CP, que: nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados no § 3º, nome do segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de prestação de serviços. 2.3. Conduta: contrafação no todo ou em parte de documento público ou equiparado, ou alteração, total ou parcial, de documento público ou equiparado verdadeiros. 2.4. Sujeitos do crime: 2.4.1. Sujeito ativo: qualquer pessoa; 2.4.2. Passivo: o Estado e de forma secundária a pessoa prejudicada pela falsifi cação. 2.5. Elemento subjetivo: dolo. 2.6. Consumação: consuma-se com a contrafação ou alteração do docu- mento público ou equiparado. 2.7. Tentativa: admite-se. 2.8. Ação penal: pública incondicio- nada. 3.Falsifi cação de documento par- ticular Obs: documento particular, por exclu- são, é aquele que não se enquadra na defi nição de documento público. 3.1. Previsão legal: art. 298, CP. 3.2. Descrição típica: falsifi car, no todo ou em parte, documento parti- cular ou alterar documento particular verdadeiro (pena: reclusão de 1 a 5 anos, e multa). 3.3 Conduta: contrafação ou altera- ção de documento particular. 3.4. Sujeitos do crime: 3.4.1. Sujeito ativo: qualquer pessoa; 3.4.2. Passivo: o Estado e de forma secundária a pessoa prejudicada pela falsifi cação. 3.5. Elemento subjetivo: dolo. 3.6. Consumação: consuma-se com a contrafação ou alteração do docu- mento particular. 3.7. Tentativa: admite-se. 3.8. Ação penal: pública incondicio- nada. 4. Falsidade ideológica 4.1. Previsão legal: art. 299, CP. 4.2. Descrição típica: omitir, em do- cumento público ou particular, decla- ração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fi m de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante (pena: reclusão, de 1 a 5 anos, e multa, se o documento é público, e reclusão, de 1 a 3 anos, e multa, se o documento é particular). Obs: prevê o parágrafo único do art. 299, CP: se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecen- do-se do cargo, ou se a falsifi cação ou alteração é de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte. 4.3. Conduta: omitir, em documento público ou particular, declaração que nele devia constar. Incluir no docu- mento ou fazer outra pessoa inserir declaração falsa ou diferente da que devia ser escrita, com o objetivo de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridica- mente relevante. 4.4. Sujeitos do crime: 4.4.1. Sujeito Ativo: Qualquer Pes- soa; 4.4.2. Passivo: o Estado e de forma secundária a pessoa prejudicada pela falsifi cação. 4.5. Elemento subjetivo: dolo. 4.6. Consumação: consuma-se no instante em que o agente conclui a formação do documento. 4.7. Tentativa: admite-se na forma comissiva. 4.8. Ação penal: pública incondicio- nada. Obs: diferença entre o falso ideal e o falso material: o primeiro pressupõe documento verdadeiro e formalmente perfeito, entretanto possui conteúdo falso (o que nele consta não é verda- de, não necessitando de demonstra- ção pericial); o segundo pressupõe falsifi cação de documento verdadeiro (necessita de demonstração pericial) 5. Falso reconhecimento de fi rma ou letra 5.1. Previsão legal: art. 300, CP. 5.2. Descrição típica: reconhecer, como verdadeira, no exercício de fun- ção pública, fi rma ou letra que o não 11 seja (pena: reclusão, de 1 a 5 anos, e multa, se o documento é público; e de um a três anos, e multa, se o documento é particular). 5.3. Conduta: reconhecimento, como verdadeira, da assinatura ou do ma- nuscrito que não o é. 5.4. Sujeitos do crime: 5.4.1. Sujeito Ativo: apenas o funcio- nário público que tem a atribuição de reconhecer fi rmas e letras; 5.4.2. Passivo: o Estado e, de forma secundária, se houver lesão, o titular do bem atingido. 5.5. Elemento subjetivo: dolo. 5.6. Consumação: consuma-se no instante em que o agente declara, por escrito, o reconhecimento da fi rma como verdadeira. 5.7. Tentativa: admite-se. 5.8. Ação penal: pública incondicio- nada. 6. Certidão ou atestado ideologica- mente falso 6.1. Previsão legal: art. 301, CP. 6.2. Descrição típica: atestar ou certificar falsamente, em razão de função pública, fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo pú- blico, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem (pena: detenção, de 2 me- ses a 1 ano). Obs: Falsidade material de atestado ou certidão (§ 1º): Falsifi car, no todo ou em parte, atestado ou certidão, ou alterar o teor de certidão ou de ates- tado verdadeiro, para prova de fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem (pena: detenção, de 3 meses a 2 anos. § 2º: Se o crime é praticado com o fi m de lucro, aplica-se, além da pena privativa de liberdade, a de multa. 6.3. Conduta: são duas as condutas: atestar e certifi car. Atestar é afi rmar algo que está no campo do conheci- mento próprio de quem atesta. Cer- tifi car é confi rmar a verdade contida em um documento ou sobre um fato. 6.4. Sujeitos do crime: 6.4.1. Sujeito ativo: apenas o fun- cionário público que tem a atribuição para expedir o atestado ou a certidão; 6.4.2. Passivo: o Estado. 6.5. Elemento subjetivo: dolo. 6.6. Consumação: consuma-se no instante em que o agente conclui a formação do atestado ou da certidão. 6.7. Tentativa: admite-se. 6.8. Ação penal: pública incondiciona- da. Competência do Juizado Especial Criminal. 7. Falsidade de atestado médico 7.1. Previsão legal: art. 302, CP. 7.2. Descrição típica: dar o médico, no exercício da sua profi ssão, atesta- do falso (pena: detenção, de um mês a um ano). Obs: dispõe o parágrafo único: Se o crime é cometido com o fi m de lucro, aplica-se também multa. 7.3. Conduta: falsifi cação ideológica, feita por médico, de um atestado. 7.4. Sujeitos do crime: 7.4.1. Sujeito Ativo: apenas o médico; 7.4.2. Passivo: o Estado e, de forma secundária, o terceiro prejudicado. 7.5. Elemento subjetivo: dolo. 7.6. Consumação: consuma-se no instante em que o atestado é entregue a alguém. 7.7. Tentativa: admite-se. 7.8. Ação penal: pública incondiciona- da. Competência do Juizado Especial Criminal. 8. Reprodução ou adulteração de selo ou peça fi latélica Previsão legal: art. 303, CP Obs: o tipo penal foi revogado pelo art. 39 da Lei 6.538/78, que tem a seguinte redação: reproduzir ou alterar selo ou peça fi latélica de valor para coleção, salvo quando a reprodução ou alteração estiver visivelmente anotada na face ou no verso do selo ou peça (pena: detenção até 2 anos e pagamento de 3 a 10 dias-multa). 9. Uso de documento falso 9.1. Previsão legal: art. 304, CP. 9.2. Descrição típica: fazer uso de qualquer dos papéis falsifi -cados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302 (pena: a cominada à falsifi - cação ou à alteração). 9.3. Conduta: utilizar um documento que tenha sido falsifi cado nos termos dos arts. 297 a 302, CP. Obs: mero porte do documento, em tese, não caracteriza o delito, a não ser que se trate de documento de porte obrigatório. Desse modo, se a autoridade solicitou sua exibição, entende-se haver crime. 9.4. Sujeitos do crime: 9.4.1. Sujeito Ativo: qualquer pessoa; 9.4.2. Passivo: o Estado e, de forma secundária, a pessoa eventualmente prejudicada. 9.5. Elemento subjetivo: dolo. 9.6. Consumação: consuma-se no instante em que o documento falsifi - cado é utilizado. 9.7. Tentativa: Entretanto, pela cor- rente majoritária, não se admite, pois o primeiro ato já confi gura uso. 9.8. Ação penal: pública incondicio- nada. 10. Supressão de documento 10.1. Previsão legal: art. 305, CP. 10.2. Descrição típica: destruir, su- primir ou ocultar, em benefício próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio, documento público ou particular verda- deiro, de que não podia dispor (pena: reclusão, de 2 a 6 anos, e multa, se o documento é público, e reclusão, de 1 a 5 anos, e multa, se o documento é particular. 10.3. Conduta: comissiva ao destruir, suprimir ou esconder documento, de que não podia dispor, em benefício próprio ou alheio. 10.4. Sujeitos do crime: 10.4.1. Sujeito Ativo: qualquer pes- soa; 10.4.2. Passivo: o Estado e, de forma secundária, a pessoa eventualmente prejudicada. 10.5. Elemento subjetivo: dolo. 10.6. Consumação: consuma-se no instante em que o documento é des- truído, suprimido ou oculto. 10.7. Tentativa: admite-se. 10.8. Ação penal: pública incondi- cionada. DE OUTRAS FALSIDADES 1. Falsifi cação do sinal empregado no contraste de metal precioso ou na fi scalização alfandegária, ou para outros fi ns 1.1. Previsão legal: art. 306, CP. 1.2. Descrição típica: falsificar, fabricando-o ou alterando-o, marca ou sinal empregado pelo poder público no contraste de metal precioso ou na fi scalização alfandegária, ou usar mar- ca ou sinal dessa natureza, falsifi cado por outrem (pena: reclusão, de 2 a 6 anos, e multa). 12 Obs: prevê o parágrafo único: Se a marca ou sinal falsifi cado é o que usa a autoridade pública para o fi m de fi s- calização sanitária, ou para autenticar ou encerrar determinados objetos, ou comprovar o cumprimento de forma- lidade legal a pena é de reclusão ou detenção, de um a três anos, e multa. 1.3. Conduta: falsifi car, fabricando ou alterando, e usar marca ou sinal empregado no contraste de metal pre- cioso ou na fi scalização alfandegária. 1.4. Sujeitos do crime: 1.4.1. Ativo: qualquer pessoa; 1.4.2. Passivo: o Estado. 1.5. Elemento subjetivo: dolo. 1.6. Consumação: ocorre no instante da conclusão da fabricação ou altera- ção da marca ou sinal. 1.7. Tentativa: admite-se 1.8. Ação penal: pública incondicio- nada 2. Falsa identidade 2.1. Previsão legal: art. 307, CP. 2.2. Descrição típica: atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem (pena: detenção, de 3 meses a 1 ano, ou multa, se o fato não constitui ele- mento de crime mais grave). 2.3. Conduta: atribuir-se ou atribuir à terceira pessoa identidade falsa para obter vantagem ou causar dano a alguém. 2.4. Sujeitos do crime: 2.4.1. Sujeito Ativo: qualquer pessoa; 2.4.2. Passivo: o Estado e, de forma secundária, a pessoa eventualmente prejudicada. 2.5. Elemento subjetivo: dolo. 2.6. Consumação: consuma-se no instante em que o agente faz-se passar por outrem ou quando atribui a outro identidade falsa. 2.7. Tentativa: admite-se quando a conduta for praticada por escrito. 2.8. Ação penal: pública incondiciona- da. Competência do Juizado Especial Criminal 3. Uso de documento de identidade alheia 3.1. Previsão legal: art. 308, CP. 3.2. Descrição típica: usar, como próprio, passaporte, título de eleitor, caderneta de reservista ou qualquer documento de identidade alheia ou ceder a outrem para que dele se utilize, documento dessa natureza, próprio ou de terceiro (pena: detenção, de 4 meses a 2 anos, e multa, se o fato não constitui elemento de crime mais grave). 3.3. Conduta: utilizar como próprio documento de identidade alheia ou ceder documento próprio a outrem para que dele se utilize. 3.4. Sujeitos do crime: 3.4.1. Sujeito Ativo: qualquer pessoa; 3.4.2. Passivo: o Estado e, de forma secundária, a pessoa eventualmente prejudicada. 3.5. Elemento subjetivo: dolo. 3.6. Consumação: consuma-se, no primeiro caso, no instante em que o agente usa o documento de identidade alheia; no segundo caso, quando o documento é entregue a outrem. 3.7. Tentativa: admite-se somente quando se tratar da cessão do docu- mento. 3.8. Ação penal: pública incondiciona- da. Competência do Juizado Especial Criminal 4. Fraude de lei sobre estrangeiro 4.1. Previsão legal: art. 309, CP. 4.2. Descrição típica: usar o estran- geiro, para entrar ou permanecer no território nacional, nome que não é o seu (pena: detenção, de 1 a 3 anos, e multa). Obs: prevê o parágrafo único: Atribuir a estrangeiro falsa qualidade para promover-lhe a entrada em território nacional pena: reclusão, de 1 a 4 anos, e multa. (Incluído pela Lei 9.426, de 1996). 4.3. Conduta: usar o estrangeiro nome que não é o seu, apresentando- se com outro nome. No parágrafo único, conferir a estrangeiro atributo que ele não tem para facilitar a entrada no território nacional. 4.4. Sujeitos do crime: 4.4.1. Ativo: no caput: estrangeiro; no parágrafo: qualquer pessoa; 4.4.2. Passivo: o Estado. 4.5. Elemento subjetivo: dolo. 4.6. Consumação: consuma-se, no primeiro caso, quando o estrangeiro apresenta-se com nome falso; no parágrafo, quando o agente atribui ao estrangeiro qualidade falsa. 4.7. Tentativa: há discussão doutriná- ria e majoritariamente não se admite (alguns admitem na forma plurissub- sistente). 4.8. Ação penal: pública incondiciona- da. Competência da Justiça Federal. 5. Falsidade em prejuízo da nacio- nalização de sociedade 5.1. Previsão legal: art. 310, CP. 5.2. Descrição típica: prestar-se a fi gurar como proprietário ou possuidor de ação, título ou valor pertencente a estrangeiro, nos casos em que a este é vedada por lei a propriedade ou a posse de tais bens (pena: detenção, de 6 meses a 3 anos, e multa). Reda- ção dada pela Lei 9.426/1996. 5.3. Conduta: prestar-se a figurar como titular do direito de propriedade ou de posse em lugar do estrangeiro que não pode exercê-lo no território nacional, em virtude de lei. 5.4. Sujeitos do crime: 5.4.1. Ativo: qualquer pessoa; 5.4.2. Passivo: o Estado. 5.5. Elemento subjetivo: dolo. 5.6. Consumação: consuma-se no instante em que o agente (brasileiro) assume a condição de possuidor ou proprietário dos bens. 5.7. Tentativa: não se admite, pois a conduta típica é prestar-se e não fi gurar. 5.8. Ação penal: pública incondiciona- da. Competência da Justiça Federal. 6. Adulteração de sinal identifi cador de veículo automotor 6.1. Previsão legal: art. 311, CP. 6.2. Descrição típica: adulterar ou remarcar número de chassi ou qual- quer sinal identificador de veículo automotor, de seu componente ou equipamento - pena: reclusão, de 3 a 6 anos, e multa. Obs: prevê o § 1º: Se o agente comete o crime no exercício da função pública ou em razão dela, a pena é aumentada de um terço. § 2º: Incorre nas mesmas penas o funcionário público que con- tribui para o licenciamento ou registro do veículo remarcado ou adulterado, fornecendo indevidamente material ou informação ofi cial. 6.3. Conduta: adulterar ou remarcar, em caráter permanente, número de chassi ou sinal identifi cador de veículo automotor. Obs: o Código de Trânsito define, no anexo I, veículo automotor: todo 13 veículo a motor de propulsão que circule por seus próprios meios e que serve normalmente para transporte viário de pessoas e coisas, ou para a tração viária de veículos utilizados para o transporte de pessoas e coisas. O termo compreende os veículos co- nectados a uma linha elétrica e que não circulam sobre trilhos. Obs: sinal identifi cador do veículo é o conjunto de placas, dianteira e trasei- ra. O chassi, estrutura que suporta a carroceria dos veículos, contém, obri- gatoriamente, um número identifi cador do veículo. Esse número também é gravado nos vidros e em outras partes do veículo. 6.4. Sujeitos do crime: 6.4.1. Ativo: qualquer pessoa; 6.4.2. Passivo: o Estado. Secunda- riamente, a pessoa prejudicada pela adulteração ou remarcação. 6.5. Elemento subjetivo: dolo. 6.6. Consumação: consuma-se no momento em que é feita a adulteração ou remarcação. 6.7. Tentativa: admite-se. 6.8. Ação penal: pública incondicio- nada. LINK ACADÊMICO 5 DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Administração pública é a atividade do Estado voltada para os seus fi ns. Obs: o art. 327, CP, defi ne funcionário público para fi ns penais, e incidirá apenas nos delitos tipificados nos arts. 312 a 326, CP, que são chama- dos crimes funcionais: considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamen- te ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. Obs: o § 1º do art. 327, CP, com a redação determinada pela Lei 9.983/2000, equipara ao funcionário público a pessoa que: exerce cargo, emprego ou função em entidade para- estatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de ativi- dade típica da Administração Pública. Obs: o § 2º do art. 327, CP, contém para os crimes praticados por funcio- nário público contra a Administração Pública a seguinte causa especial de aumento: a pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assesso- ramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituí- da pelo poder público. 1. Peculato 1.1. Previsão legal: art. 312, CP. 1.2. Descrição típica: apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em pro- veito próprio ou alheio (pena: reclusão, de 2 a 12 anos, e multa). Obs: prevê o § 1º: Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito pró- prio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário. 1.3. Conduta: no “caput” do art. 312 estão descritos os chamados peculato-apropriação e o peculato- desvio. No § 1º o peculato-furto. No peculato-apropriação o funcionário público apropria-se de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo. No peculato-desvio a conduta é desviar, ou seja, dar-lhe fi nalidade diversa da sua destinação original, em proveito próprio ou alheio. No peculato-furto, subtrai o funcionário público, não tendo a posse, dinheiro, valor ou bem da administração públi- ca, ou concorre para que sejam por terceiro subtraídos. 1.4. Sujeitos do crime: 1.4.1. Ativo: funcionário público (aquele que não é funcionário poderá ser co-autor ou partícipe); 1.4.2. Passivo: o Estado e secunda- riamente a pessoa que eventualmente vier a sofrer prejuízo patrimonial. 1.5. Elemento subjetivo: dolo. 1.6. Consumação: consuma-se o peculato-apropriação no instante em que o agente apropria-se da coisa pública. No peculato-desvio a consu- mação ocorre no momento em que a coisa é empregada em destinação diversa a que se presta. No peculato- furto ocorre a consumação quando a coisa é subtraída. 1.7. Tentativa: admite-se. 1.8. Ação penal: pública incondicio- nada. 2. Peculato culposo 2.1. Previsão legal: art. 312, § 2º, CP. 2.2. Descrição típica: se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem (pena: detenção, de 3 me- ses a 1 ano. 2.3. Conduta: agir de forma culposa o funcionário público propiciando o delito de terceiro. 2.4. Sujeitos do crime: 2.4.1. Ativo: funcionário público (o peculato culposo exige sempre uma condição plurissubjetiva, necessitando da concorrência de pelo menos duas pessoas: o funcionário e o terceiro que cometa dolosamente o crime para o qual o servidor agiu culposamente); 2.4.2. Passivo: o Estado. 2.5. Elemento subjetivo: culpa (ne- gligência, imprudência ou imperícia). 2.6. Consumação: consuma-se no instante em que, por culpa, o funcio- nário público propicia a ação dolosa alheia. 2.7. Tentativa: não se admite. 2.8. Ação penal: pública incondiciona- da. Competência do Juizado Especial Criminal. Obs: dispõe o § 3º do art. 312 que, no caso do peculato culposo, a repara- ção do dano, se anterior à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se posterior, reduz de metade a pena imposta. 3. Peculato mediante erro de outrem 3.1. Previsão legal: art. 313, CP. 3.2. Descrição típica: apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem (pena: reclusão, de 1 a 4 anos, e multa). 3.3. Conduta: apropriar-se o funcio- nário público de dinheiro ou coisa, no exercício funcional, ao receber por erro de terceiro (peculato-estelionato). 3.4. Sujeitos do crime: 3.4.1. Ativo: funcionário público; 3.4.2. Passivo: o Estado e secunda- riamente a pessoa que eventualmente vier a sofrer prejuízo patrimonial. 14 3.5. Elemento subjetivo: dolo. 3.6. Consumação: consuma-se no instante em que o agente se apropria da coisa. 3.7. Tentativa: admite-se. 3.8. Ação penal: pública incondicio- nada. 4. Inserção de dados falsos em sistema de informações 4.1. Previsão legal: art. 313-A 4.2. Descrição típica: inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corre- tos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com o fi m de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano (pena: reclusão, de 2 a 12 anos, e multa). Obs: a criação desse tipo penal pela Lei 9.983/2000 equipara-o ao peculato-estelionato, porém com pena mais elevada. 4.3. Conduta: são múltiplas as condu- tas incriminadas: inserir dados falsos ou facilitar sua inserção. Alterar ou excluir dados corretos. 4.4. Sujeitos do crime: 4.4.1. Ativo: funcionário público que esteja autorizado a acessar o sistema informatizado ou banco de dados; 4.4.2. Passivo: o Estado e secunda- riamente a pessoa que eventualmente vier a sofrer prejuízo patrimonial. 4.5. Elemento subjetivo: dolo. 4.6. Consumação: a consumação, nessa modalidade típica, ocorre no instante em que as informações in- gressam no sistema ou no banco de dados. 4.7. Tentativa: admite-se. 4.8. Ação penal: pública incondicio- nada. 5. Modifi cação ou alteração não au- torizada de sistema de informações 5.1. Previsão legal: art. 313-B, CP. 5.2. Descrição típica: modifi car ou alterar, o funcionário, sistema de in- formações ou programa de informática sem autorização ou solicitação de au- toridade competente (pena: detenção, de 3 meses a 2 anos, e multa). Obs: prevê o parágrafo único: as pe- nas são aumentadas de um terço até a metade se da modifi cação ou altera- ção resulta dano para a Administração Pública ou para o administrado. 5.3. Conduta: modifi car ou alterar, sem autorização da autoridade com- petente, sistema ou programa de informática. 5.4. Sujeitos do crime: 5.4.1. Funcionário público; 5.4.2. Passivo: o Estado e secunda- riamente a pessoa que eventualmente vier a sofrer prejuízo patrimonial. 5.5. Elemento subjetivo: dolo. 5.6. Consumação: consuma-se no instante em que o sistema ou progra- ma é modifi cado ou alterado. 5.7. Tentativa: admite-se. 5.8. Ação penal: pública incondiciona- da. Competência do Juizado Especial Criminal. 6. Extravio, sonegação ou inutiliza- ção de livro ou documento 6.1. Previsão legal: art. 314, CP. 6.2. Descrição típica: extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do car- go; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente (pena: reclusão, de 1 a 4 anos, se o fato não constitui crime mais grave). 6.3. Conduta: extraviar, sonegar ou inutilizar livro ofi cial ou documento. 6.4. Sujeitos do crime: 6.4.1. Funcionário público; 6.4.2. Passivo: o Estado e secunda- riamente a pessoa que eventualmente vier a ser prejudicada. 6.5. Elemento subjetivo: dolo. 6.6. Consumação: ocorre no instante em que o livro ofi cial ou documento é extraviado, sonegado ou inutilizado. 6.7. Tentativa: admite-se. 6.8. Ação penal: pública incondicio- nada. 7. Emprego irregular de verbas ou rendas públicas 7.1. Previsão legal: art. 315, CP. 7.2. Descrição típica: dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei (pena: deten- ção, de 1 a 3 meses, ou multa. Obs: ex. a não observância de lei orçamentária. 7.3. Conduta: empregar verbas pú- blicas de forma diversa da prevista em lei. 7.4. Sujeitos do crime: 7.4.1. Ativo: somente o funcionário público que tem o poder de decidir sobre a aplicação de verbas ou rendas pública; 7.4.2. Passivo: o Estado (compreen- dendo a União, Estados federados, Municípios, autarquias e empresas públicas). 7.5. Elemento subjetivo: dolo. 7.6. Consumação: ocorre no instante em que a verba ou renda pública é efe- tivamente aplicada de forma diversa da prevista em lei. 7.7. Tentativa: admite-se. 7.8. Ação penal: pública incondiciona- da. Competência do Juizado Especial Criminal (atenção para a existência de pessoa com foro privilegiado por prerrogativa de função). 8. Concussão 8.1. Previsão legal: art. 316, CP. 8.2. Descrição típica: exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamen- te, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida (pena: reclusão, de 2 a 8 anos, e multa). 8.3. Conduta: exigir de determinada pessoa vantagem indevida. 8.4. Sujeitos do crime: 8.4.1. Ativo: funcionário público (ad- mite-se a participação do particular); 8.4.2. Passivo: o Estado e secun- dariamente o particular de quem a vantagem é exigida. 8.5. Elemento subjetivo: dolo. 8.6. Consumação: consuma-se no instante em que a exigência é feita à pessoa. 8.7. Tentativa: possível somente quando a exigência é feita por meio escrito. 8.8. Ação penal: pública incondicio- nada. 9. Excesso de exação 9.1. Previsão legal: art. 316, § 1º, CP. 9.2. Descrição típica: se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza (pena: reclusão, de 3 a 8 anos, e multa). Obs: o § 2º prevê uma forma qualifi ca- da, a saber: Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, 15 o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos (pena: reclusão, de 2 a 12 anos, e multa). 9.3. Conduta: exigir tributo ou contri- buição social que sabe ou deveria sa- ber indevida ou empregar na cobrança devida meio vexatório ou gravoso. 9.4. Sujeitos do crime: 9.4.1. Ativo: funcionário público (ad- mite-se a participação do particular); 9.4.2. Passivo: o Estado e secunda- riamente o particular de quem o tributo ou a contribuição social é exigida ou sofre o meio vexatório ou gravoso na cobrança. 9.5. Elemento subjetivo: dolo. 9.6. Consumação: consuma-se, no primeiro momento, no instante em que o agente exige; no segundo momento, quando é empregado o meio vexatório ou gravoso na cobrança. 9.7. Tentativa: admite-se. 9.8. Ação penal: pública incondicio- nada. 10. Corrupção passiva 10.1. Previsão legal: art. 317, CP. 10.2. Descrição típica: solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem (pena: reclusão, de 2 a 12 anos, e multa). Obs: prevê o § 1º causa de aumento de pena: A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional. Obs: dispõe o § 2º a forma privilegia- da: Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou infl uência de outrem (pena: reclusão, de 3 meses a 1 ano, e multa. 10.3. Conduta: solicitar ou receber vantagem indevida ou aceitar promes- sa de vantagem. 10.4 Sujeitos do crime: 10.4.1. Ativo: funcionário público (ad- mite-se a participação do particular); 10.4.2. Passivo: o Estado e secun- dariamente o particular a quem é solicitada a vantagem indevida. 10.5. Elemento subjetivo: dolo. 10.6. Consumação: consuma-se no instante em que a vantagem é solici- tada, recebida ou aceita. 10.7. Tentativa: possível somente quando a solicitação é feita por meio escrito. 10.8. Ação penal: pública incondi- cionada. 11. Facilitação de contrabando ou descaminho 11.1. Previsão legal: art. 318, CP. 11.2. Descrição típica: facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho (pena: reclusão, de 3 a 8 anos, e multa). Obs: contrabando é a importação ou exportação de mercadorias cuja circulação é proibida no país, total ou parcialmente. Descaminho é a impor- tação ou exportação de mercadoria sem o pagamento do tributo devido (art. 334, CP). 11.3. Conduta: facilitar, colaborando o funcionário com a prática de contra- bando ou descaminho. 11.4. Sujeitos do crime: 11.4.1 Ativo: funcionário público; 11.4.2. Passivo: o Estado. 11.5. Elemento subjetivo: dolo. 11.6. Consumação: consuma-se no instante em que o funcionário facilita, colaborando com a prática do contra- bando ou descaminho. 11.7. Tentativa: admite-se. 11.8. Ação penal: pública incondi- cionada. 12. Prevaricação 12.1. Previsão legal: 319, CP. 12.2. Descrição típica: retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satis- fazer interesse ou sentimento pessoal (pena: detenção, de 3 meses a 1 ano, e multa). Obs: ato de ofício é o ato que o funcio- nário público deve praticar, consoante seus deveres funcionais. 12.3. Conduta: retardar, deixar de praticar ou praticar ato de ofício, de modo ilegal, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal. 12.4. Sujeitos do crime: 12.4.1. Ativo: funcionário público (ad- mitindo a participação de particular); 12.4.2. Passivo: o Estado e, se hou- ver lesão, também o particular que a sofrer. 12.5. Elemento subjetivo: dolo. 12.6. Consumação: na forma omissi- va, ocorre no instante em que o agente deixa de realizar o ato; na forma co- missiva, consuma-se quando o ato é praticado com infração de lei. 12.7. Tentativa: admite-se somente na forma comissiva. 12.8. Ação penal: pública incondi- cionada. Competência do Juizado Especial Criminal. 13. Condescendência criminosa 13.1. Previsão legal: art. 320, CP. 13.2. Descrição típica: deixar o funcionário, por indulgência, de res- ponsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da au- toridade competente (pena: detenção, de 15 dias a 1 mês, ou multa). 13.3. Conduta: trata-se de crime omissivo puro. Deixar de responsabi- lizar, quando deveria fazê-lo. Deixar de levar o fato ao conhecimento da autoridade competente. 13.4. Sujeitos do crime: 13.4.1. Ativo: funcionário público; 13.4.2. Passivo: o Estado. 13.5. Elemento subjetivo: dolo. 13.6. Consumação: consuma-se no instante em que o agente, tomando conhecimento da infração praticada pelo subordinado, deixa de praticar os atos visando à responsabilização, ou ,quando não competente, deixa de comunicar a autoridade competente. 13.7. Tetantiva: não se admite, visto tratar-se de crime omissivo puro. 13.8. Ação penal: pública incondi- cionada. Competência do Juizado Especial Criminal. 14. Advocacia administrativa 14.1. Previsão legal: art. 321, CP 14.2.Descrição típica: Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário (pena: detenção, de 1 a 3 meses, ou multa). Obs: prevê o par. único a forma qualifi - cada: se o interesse é ilegítimo (pena: detenção, de 3 meses a 1 ano, além da multa). 16 14.3. Conduta: patrocinar, postular, na condição de funcionário, perante órgão da administração, interesse de particular. 14.4. Sujeitos do crime: 14.4.1. Ativo: funcionário público (um não-funcionário pode ser co-autor ou partícipe); 14.4.2. Passivo: o Estado. 14.5. Elemento subjetivo: dolo. 14.6. Consumação: consuma-se no instante em que é realizado o ato de postulação em favor do particular. 14.7. Tentativa: admite-se. 14.8. Ação penal: pública incondi- cionada. Competência do Juizado Especial Criminal. 15. Violência arbitrária 15.1. Previsão legal: art. 322, CP. 15.2. Descrição típica: praticar vio- lência, no exercício de função ou a pretexto de exercê-la (pena: detenção, de 6 meses a 3 anos, além da pena correspondente à violência). Obs: Há divergência doutrinária quan- to à possível revogação tácita do art. 322, CP, pelo disposto no art. 3º, “i”, da Lei 4.898/65, que tem a seguinte redação: constitui abuso de autoridade qualquer atentado à incolumidade física do indivíduo (pena: detenção, de 10 dias a 6 meses, além da multa). 16. Abandono de função 16.1. Previsão legal: art. 323, CP. 16.2. Descrição típica: abandonar cargo público, fora dos casos permiti- dos em lei (pena: detenção, de 15 dias a 1 mês, ou multa). Obs: os parágrafos 1º e 2º tratam, respectivamente, da forma qualifi ca- da: se do fato resulta prejuízo público (pena: detenção, de 3 meses a 1 ano, e multa); se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira (pena: detenção, de 1 a 3 anos, e multa). 16.3. Conduta: abandonar cargo público. Obs: a ausência momentânea ou falta eventual não caracteriza o delito. O abandono dá-se em regra com a au- sência intencional do funcionário por mais de 30 dias consecutivos. 16.4. Sujeitos do crime: 16.4.1. Ativo: funcionário público; 16.4.2. Passivo: o Estado. 16.5. Elemento subjetivo: dolo. 16.6. consumação: consuma-se com o afastamento ilegal do funcionário de modo a caracterizar o abandono do cargo. 16.7. Tentativa: não se admite. 16.8. Ação penal: pública incondicio- nada. Competência do Juizado Espe- cial Criminal para a forma tipifi cada no “caput” e par. 1º. 17. Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado 17.1. Previsão legal: art. 324, CP. 17.2. Descrição típica: entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la sem autorização, depois de saber ofi cialmente que foi exonerado, removido, substituído ou suspenso (pena: detenção de 15 dias a 1 mês, ou multa). 17.3. Conduta: entrar o funcionário no exercício de função pública antes de preenchidos os requisitos legais ou o funcio nário que tenha sido exonerado, substituído, suspenso ou removido continuar a exercer a função pública. 17.4. Sujeitos do crime: 17.4.1. Ativo: funcionário público; 17.4.2. Passivo: o Estado. 17.5. Elemento subjetivo: dolo. 17.6. Consumação: consuma-se com o exercício ilegalmente antecipado ou prolongado da função pública. 17.7. Tentativa: admite-se. 17.8. Ação penal: pública incondi- cionada. Competência do Juizado Especial Criminal. 18. Violação de sigilo funcional 18.1. Previsão legal: art. 325, CP. 18.2. Descrição típica: revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação (pena: deten- ção, de 6 meses a 2 anos, ou multa, se o fato não constitui crime mais grave). Obs: § 1º: nas mesmas penas deste artigo incorre quem: I – permite ou facilita, mediante atribuição, forne- cimento e empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da Administração Pública; II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. Obs: § 2º: se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública ou a outrem (pena: reclusão, de 2 a 6 anos, e multa). 18.3. Conduta (“caput”): revelar fato em razão do conhecmento funcional ou facilitar a revelação. 18.4. Sujeitos do crime: 18.4.1. Ativo: funcionário público; 18.4.2. Passivo: o Estado. 18.5. Elemento subjetivo: dolo. 18.6. Consumação: consuma-se quando o fato propagado pelo agente chega ao conhecimento de qualquer pessoa. 18.7. Tentativa: admite-se. 18.8. Ação penal: pública incondicio- nada. Competência do Juizado Espe- cial Criminal para as formas tipifi cadas no “caput” e § 1º. 19. Violação de sigilo de proposta de concorrência 19.1. Previsão legal: art. 326, CP. Obs: revogado pelo art. 96 da Lei 8.666/93. LINK ACADÊMICO 6 A coleção Guia Acadêmico é o ponto de partida dos estudos das disciplinas dos cursos de graduação, devendo ser com- plementada com o material disponível nos Links e com a leitura de livros didá- ticos. Introdução ao Estudo do Direito I – 2ª edi- ção - 2009 Autor: Paulo Leão, Procurador de Justiça, Mes- tre em Direito, Professor de Direito Penal. Edição revista e atualizada pelo depar- tamento de Pesquisa e Desenvolvimento Acadêmico da Memes Tecnologia Educa- cional Ltda. A coleção Guia Acadêmico é uma publi- cação da Memes Tecnologia Educacional Ltda. São Paulo-SP. Endereço eletrônico: www.memesjuridico.com.br Todos os direitos reservados. É termi- nantemente proibida a reprodução total ou parcial desta publicação, por qualquer meio ou processo, sem a expressa auto- rização do autor e da editora. A violação dos direitos autorais caracteriza crime, sem prejuízo das sanções civis cabíveis.