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P2 - PROVA DE QUÍMICA GERAL – 09/10/10 Nome: GABARITO Nº de Matrícula: Turma: Assinatura: Questão Valor Grau Revisão 1a 2,5 2a 2,5 3a 2,5 4a 2,5 Total 10,0 Constantes: R = 8,314 J mol-1 K-1 = 0,0821 atm L mol-1 K-1 1 atm = 760 mmHg ∆U = q + w PV = nRT P = x P° S = kH . P 1a Questão Considere as substâncias da tabela abaixo e os respectivos valores de suas constantes de ionização, Kb: Substância Fórmula Kb Anilina C6H5NH2 4,40 x 10-10 Morfina C17H19NO3 Y Metilamina CH3NH2 4,40 x 10-4 Estricnina C21H22N2O2 1,00 x 10-6 a) Calcule o grau de ionização da metilamina preparada pela adição de 0,200 mol desta sustância em água, formando uma solução de volume final de 2,00 litros, sabendo que o pH da solução resultante, no equilíbrio, é 11,8. O equilíbrio de ionização da metilamina é representado na equação abaixo. CH3NH2(aq) + H2O(l) CH3NH3+(aq) + OH-(aq) b) Após a adição de NaOH, uma base forte, ao sistema em equilíbrio mencionado no item a, explique o que ocorre com o valor de Kb e com a concentração da espécie CH3NH2 quando o equilíbrio for restabelecido. c) Considere um volume de 1,00 L de uma solução aquosa contendo 0,300 mol de morfina. Calcule o Kb da reação de ionização da morfina, representada abaixo, sabendo que, no equilíbrio, restam 85% da morfina na forma não ionizada C17H19NO3(aq) + H2O(l) C17H20NO3+(aq) + OH-(aq) d) Dentre as substâncias anilina, morfina e estricnina, explique qual é a base mais fraca. Resolução: a) CH3NH2 (aq) + H2O(�) CH3NH3+ (aq) + OH- (aq) (0,200/2) = 0,100 Se o pH = 11,8 e pOH +pH = 14,0 pOH = 14,0-11,8 = 2,19 pOH = - log [OH-] = - log x = 2,19 x = 0,0064 ionização de % 0,100 – 100% 0,0064 – 6,4% b) - O Kb não se altera com a variação das concentrações de regentes ou produtos, uma vez que estas variam proporcionalmente e no equilíbrio a razão ]NH[CH ]NH][CH[OH K 23 33 b + − = permanece constante. - Após a adição de NaOH (íons OH-, íon comum) são inseridos no sistema, deslocando o equilibrio para o lado esquerdo, ou seja, para a formação de reagente, CH3NH2. Assim, a concentração de CH3NH2 aumenta. c) C17H19NO3 (aq) + H2O(�) C17H20N+O3 (aq) + OH- (aq) V = 1L Início 0,300 0 0 Equilíbrio 0,300-x x x 0,255 0,0450 0,0450 x = 100 15 x0,300 = 0,0450 Kb = x- 0,300 x2 = 3 2 7,94x10 0,255 0,0450 − = d) A mais fraca é a que possui o menor Kb, pois se ionizará menos, ou seja, é a anilina 2a Questão O magnésio metálico é obtido da água do mar pelo processo Dow. Na primeira etapa deste processo, o íon Mg2+ é separado dos outros íons através da sua precipitação como hidróxido de magnésio, Mg(OH)2, como representado pela equação abaixo. Mg2+(aq) + 2OH-(aq) Mg(OH)2(s) Na tabela 1 são mostrados alguns dos constituintes da água do mar e na tabela 2 as constantes do produto de solubilidade, Kps, de algumas substâncias pouco solúveis. Tabela 1: Concentrações de diferentes espécies na água do mar a 25°C Espécies Concentração em mg L-1 Mg2+ 1350 Ca2+ 400 Al3+ 0,01108 Tabela 2: Constante do produto de solubilidade a 25°C Substâncias Kps Al(OH)3 1,3 x 10-33 Mg(OH)2 1,8 x 10-11 Ca(OH)2 5,5 x 10-6 a) Calcule a concentração, em mol L-1, de OH- necessária para começar a precipitar Mg(OH)2. b) Mostre com cálculos se o Al3+ e o Ca2+, isoladamente, precipitam quando a concentração de OH- é igual a 1,0 x 10-5 mol L-1. c) Calcule a concentração de Ca2+ em uma solução aquosa de Ca(OH)2 saturada, a 25°C. Compare com o valor de concentração de Ca2+ da água do mar. Resolução: a) Kps = [Mg2+] [OH-]2 (1) Transformar a [Mg2+] de 1350 mg. L-1 para mol L-1 12 2 2 2 232 L mol x105,6 Mg de g 24,31 Mg de mol 1 x Mg de mg 1 Mg de g10 x L Mg de mg 1,350 −− + + + +−+ = Calcular a [OH-] em mol L-1 usando a expressão (1) 1,8 x 1011 = (0,056) (OH-)2 (OH-) = 1,8 x 10-5 mol L-1 b) Pelos valores de Kps é mais provável que precipite o Al3+ do que o Ca2+. Transformar a [Al3+] e [Ca2+] de 0,01108 e 400 mg L-1 respectivamente para mol L-1 1 2 2 2 232 L mol Ca de g 40,08 Ca de mol 1 x Ca de mg 1 Ca de g10 x L Ca de mg 400 −− + + + +−+ = 2100,1 x 1 3 3 3 333 L mol x104 Alde g 26,98 Alde mol 1 x Alde mg 1 Alde g10 x L Alde mg 0,01108 −− + + + +−+ = 71, Verificar se o Al3+precipita quando a [OH-] = 1,0x10-5 mol L-1 “Qps” = (Al3+) (OH-)3 =(4,1x10-7) (1,0x10-5)3 = 4,1 x 10-22 >KPS Logo haverá precipitação do Al(OH)3 Verificar se o Ca2+ precipita quando a [OH-] = 1,0x10-5 mol L-1 “Qps” = (Ca2+) (OH-)2 =(1,0x10-2) (1,0x10-5)2 = 1,0 x 10-12 <KPS Logo não haverá precipitação do Ca(OH)2 Obs: Numa mesma amostra de água do mar, quando o Al3+ e o Ca2+ estiverem juntos, haverá precipitação somente do Al(OH)3 porque ao precipitar ele utilizará quase todo o OH- e a quantidade restante seria insuficiente para precipitar Ca(OH)2. c) Primeiro calcular a solubilidade do Ca(OH)2 em água pura Ca(OH)2 (s) Ca2+(aq) + 2OH-(aq) Equilíbrio S 2S Kps = [Ca2+] [OH-]2 Kps = (S) (2S)2 = 4 S3 [Ca2+] = S= 3 4Kps = 3 45,5x10 6− =1,1x10-2 mol L-1 A concentração de Ca2+ na água do mar (1,0 x 10-2 mol L-1) é igual a concentração de cálcio em uma solução aquosa saturada de Ca(OH)2 (1,1 x 10-2 mol L-1). 3a Questão Em um tanque com 1,00 L de água é borbulhado uma mistura contendo nitrogênio e oxigênio na proporção de 4:1 em mol. O equilíbrio entre as fases gasosa (bolha) e líquida é estabelecido, sendo o volume da bolha de 1,00 mL e a pressão dentro da bolha constante e igual a 1,00 atm e a temperatura 298 K. Considere que os equilíbrios se estabelecem como representado abaixo: Início Equilíbrio H2O(l) H2O(g (fase líquida) (bolha) N2(g) N2(aq) (bolha) (fase líquida) O2(g) O2(aq) (bolha) (fase líquida) a) Calcule as concentrações dos gases N2(g) e O2(g), em mol L-1, na bolha no início. b) Calcule as frações molares de N2(g), O2(g) e H2O(g) dentro da bolha, no equilíbrio. c) Calcule a pressão de vapor da água, em mmHg, dentro da bolha no equilíbrio, após a adição de 2,00 mol de açúcar considerando o volume de 1,00 L de água com densidade de 1 kg L-1. Considere também que o açúcar seja um soluto não volátil e que as solubilidades do N2 e do O2 sejam desprezíveis neste item. Dados: Considere a pressão de vapor da água é 14,7 mmHg a 298 K. KH (O2) = 1,30x10-3 mol L-1 atm-1 a 298 K KH (N2) = 6,50x10-4 mol L-1 atm-1 a 298 K O2(g) N2(g) O2(g) N2(g) H2O(g) O2(aq) N2(aq) H2O(aq) H2O(l) Resolução: a) Inicialmente: xO2 = 0,20 xN2 = 0,80 xH2O = 0 No mol total dentro da bolha: ntotal = 1x1x10-3/0,082x298 = 4,10x10-5 moles No mol de O2: nO2= ntotalx0,2 = 4,1x10-5x0,2 = 8,20x10-6 mol PO2 = 0,2 atm No mol de N2: nN2= ntotalx0,8 = 4,1x10-5x0,8 = 3,28x10-5 mol PN2 = 0,8 atm [O2]0 = 8,20x10-6/1x10-3 = 8,20x10-3 mol L-1 [N2]0 = 3,28x10-5/1x10-3 = 3,28x10-2 mol L-1 b) Em 1 L de tanque: Solubilidade do O2: SO2 = KHO2 x PO2 = 1,30x10-3 x 0,2 = 2,60x10-4 mol L-1 Solubilidade do N2: SN2 = KHO2 x PN2 = 6,50x10-4 x 0,8 = 5,20x10-4 mol L-1 Na fase gasosa (Bolha) no equilíbrio, tem-se: [O2] = [O2]0 - SO2 =8,20x10-3 - 2,60x10-4 = 7,90x10-3 mol L-1 [N2] = [N2]0 – SN2 = 3,28x10-2 - 5,20x10-4 = 3,23x10-2 mol L-1 Em 1 mL de bolha: No moles de O2: nO2= 7,90x10-3 mol L-1 x 1x10-3 L = 7,90x10-6 mol No moles de N2: nN2= 3,23x10-2 mol L-1 x 1x10-3 L = 3,23x10-5 mol 14,7 mmHg H2O → 0,0193 atm H2O No moles de H2O: nH2O = 0,0193x1x10-3/0,082x298 = 7,89x10-7 mol As frações molares de cada componente dentro da bolha são: ntotal = 7,90x10-6 + 3,23x10-5 + 7,89x10-7 = 4,09x10-5 mol xO2 = 7,90x10-6 /(7,9x10-6 + 3,2x10-5 + 7,89x10-7) = 0,193 xN2 = 3,23x10-5 /(7,9x10-6 + 3,2x10-5 + 7,89x10-7) = 0,789 xH2O = 7,89x10-7 /(7,9x10-6 + 3,2x10-5 + 1,28x10-6) = 0,019 b) Em 1 L (55,55 mol) de água, tem-se que: xH2O = 55,55/(55,55 + 2) = 0,965 Pela Lei de Raoult, tem-se que: PH2O = PoH2O xH2O = 14,7 x 0,965 = 14,2 mmHg 4a Questão O metano, CH4, presente no gás natural sofre combustão completa em ambiente rico em oxigênio (equação I) e combustão incompleta, com formação de resíduos de carbono, quando queimado em ambiente contendo quantidades limitadas de oxigênio (reação representada de modo simplificado pela equação II). Equação I: CH4(g) + 2O2(g) → CO2(g) + 2H2O(g) Equação II: CH4(g) + 23 O2(g) → 21 CO2(g) + 21 C(s) + 2H2O(g) Considere a combustão de 1600 g de CH4 na presença de O2 em quantidades proporcionais às indicadas nas equações I e II, ocorrendo a pressão constante de 1 atm a 800°C. Considere ainda que os valores de ∆H° não variam significativamente com a temperatura. a) Calcule as variações de energia, na forma de calor, q, envolvidas na combustão completa e na combustão incompleta do CH4. b) Calcule as variações de energia, na forma de trabalho, w, envolvidas na combustão completa e na combustão incompleta do CH4. c) Calcule o valor percentual da variação de energia interna, ∆U, envolvida na combustão incompleta do CH4 em relação ao valor obtido na sua combustão completa. Dados a 25°C: Substância ∆Ho (kJ mol-1) CH4(g) -74,9 CO2(g) -393,5 H2O(g) -241,8 Resolução: a) O calor envolvido pode ser calculado usando os valores de ∆Hof: Reação completa ∆Ho = (2000 ∆Hof(H2O) + 1000 ∆Hof(CO2)) – (1000 ∆Hof(CH4) + 2000 ∆Hof(O2)) ∆Ho = {(2000 x (-241,8) + 1000 x (-393,5)}– (1000 74,9 + 2000 x 0) ∆Ho = - 802.200 kJ Reação incompleta ∆Ho = (2000 ∆Hof(H2O) + 500 ∆Hof(C) + 500 ∆Hof(CO2)) – (1000 ∆Hof(CH4) + 1500 ∆Hof(O2)) ∆Ho = {(2000 x (-241,8) + 500 x 0 + 500 x (-393,5)} – {1000 x (-74,9) + 1500 x 0} ∆Ho = - 605.450 kJ b) Reação completa Não há trabalho envolvido, pois como se tem a mesma quantidade de matéria na forma gasosa no lado dos reagentes e no lado dos produtos, não há contração nem expansão do sistema reacional. Reação incompleta Não há trabalho envolvido, pois como se tem a mesma quantidade de matéria na forma gasosa no lado dos reagentes e no lado dos produtos, não há contração nem expansão do sistema reacional. c) A variação de energia interna (∆U) nos dois casos vai ser igual à variação de energia na forma de calor.