Logo Passei Direto
Buscar
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

Prezada ……
	Ao ler os textos indicados até a aula do dia 04/03/09, surgiram-me algumas dúvidas. Infelizmente, não posso comparecer às monitorias de segunda-feira em função da aula que possuo no IEE das 11:10 às 14:00. 
	Gostaria de saber se é possível que tais dúvidas sejam respondidas por e-mail e desculpo-me antecipadamente tanto pelo incômodo desta mensagem quanto da pergunta. 
	Envio abaixo as dúvidas, de acordo com o texto em que elas surgiram. 
	
NOVAIS, F. A – Estrutura e Dinâmica do Antigo Sistema Colonial.
À página 105 é dito sobre a política internacional britânica no início do processo de industrialização: “Ainda mais, as prerrogativas que as plantations inglesas das Antilhas detinham no mercado metropolitano inglês (era a outra face do pacto) vão se tornando mais e mais onerosas para a metrópole: era como que a inversão do pacto colonial”. Em HEG, pelo que me recordo, não estudamos esta “inversão do pacto colonial”, portanto, gostaria de saber do que se trata. 
Quando Novais descreve, à página 81, o processo de transformação de D em D’ segundo a visão apresentada em O Capital não entendo por que o trabalho escravo não possa ser “encaixado” no capitalismo industrial (de acordo com o modelo, e não com a explicação final de que o escravismo na verdade tolda o mercado interno, já que isto me ficou claro). Explicando a dúvida: no processo industrial, resumidamente teríamos o esquema: D – M (compra dos fatores de produção, inclusive a mão-de-obra) – Produção – M’- D’. Supondo que haja mercado suficiente para além das colônias, seria impraticável usar escravos no processo produtivo e assim, aumentar de todo o D’, já que não se pagaria nada pela força produtiva?
À página 74, Novais descreve como as colônias inglesas da América Setentrional comercializam com outras colônias. Tudo bem que o sistema colonial é muito mais brando para elas, já que, segundo o próprio Novais, elas são a exceção. No entanto, não havia protecionismo frente aos mercados das outras colônias? Logo, como era possível o comércio dessas colônias inglesas com as demais?
PRADO Jr., C. – Formação do Brasil Contemporâneo – Colônia. 
Esta dúvida é mais uma curiosidade: à página 114, descrevendo o tipo do colonizador português que vem ao Brasil, Prado afirma que: “Vemos assim que de início, são grandes áreas de terras que se concedem no Brasil aos colonos. Salvo a exceção da colonização dos açorianos em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul”. Gostaria de saber do que se trata esse processo histórico de colonização de SC e do RS por açorianos, já que não me recordo de sequer ouvido falar sobre isso. 
 
Bruno,
Abaixo, no corpo do e-mail que vc me enviou, seguem as respostas às suas dúvidas. Ao 
contrário do que imaginei, parte delas não extrapolam o escopo da matéria - serão 
discutidas mais adiante.
Abs,
          Fernanda
Citando Bruno Gabriel Witzel de Souza <bruno.gabriel.souza@usp.br>:
[Ocultar Texto Citado]
Fernanda,
Ao ler os textos indicados até a aula do dia 04/03/09, surgiram-me  algumas dúvidas. 
Infelizmente, não posso comparecer às monitorias de  segunda-feira em função da aula que 
possuo no IEE das 11:10 às 14:00.
        Gostaria de saber se é possível que tais dúvidas sejam respondidas  por e-mail e 
desculpo-me antecipadamente tanto pelo incômodo desta  mensagem quanto da pergunta.
        Envio abaixo as questões, de acordo com o texto em que elas surgiram.
NOVAIS, F. A ? Estrutura e Dinâmica do Antigo Sistema Colonial.
1)        À página 105 é dito sobre a política internacional britânica no  início do processo 
de industrialização:  ?Ainda mais, as  prerrogativas que as plantations inglesas das 
Antilhas detinham no  mercado metropolitano inglês (era a outra face do pacto) vão se  
tornando mais e mais onerosas para a metrópole: era como que a  inversão do pacto 
colonial?. Em HEG, pelo que me recordo, não  estudamos esta ?inversão do pacto 
colonial?, portanto, gostaria de  saber do que se trata.
   [Conforme o professor Motta me adiantou, mais adiante este conceito de      inversão 
do pacto colonial será discutido. Refere-se à reserva de mercado que as metrópoles- 
especialmente por questões de interesses de grupos de poder relacionados à produção nas 
colônias - passam a representar para as colônias; ou seja, de retaguarda econômica das 
metrópoles, as colônias podem passar a ser um mercado "obrigatório" para as metrópoles; 
por exemplo, no caso das Antilhas, mesmo que o açúcar antilhano se tornasse relativamente 
mais caro, a metrópole inglesa não deixava de comprá-lo].
2)        Quando Novais descreve, à página 81, o processo de transformação  de D em D? segundo 
a visão apresentada em O Capital não entendo por  que o trabalho escravo não possa ser 
?encaixado? no capitalismo  industrial (de acordo com o modelo, e não com a explicação 
final de  que o escravismo na verdade tolda o mercado interno, já que isto me  ficou 
claro). Explicando a dúvida: no processo industrial,  resumidamente teríamos o esquema: 
D ? M (compra dos fatores de  produção, inclusive a mão-de-obra) ? Produção ? M?- D?. 
Supondo que  haja mercado suficiente para além das colônias, seria impraticável  usar 
escravos no processo produtivo e assim, aumentar de todo o D?,  já que não se pagaria 
nada pela força produtiva?
  [A meu ver, como o próprio Novais sugere no item c, não faria muito sentido pensar em 
escravismo dentro do regime de acumulação do capitalismo industrial pois a extração de 
mais-valia pressupõe a dissociação entre o produtor e seus instrumentos produtivos e a 
transformação da força de trabalho em mercadoria - e não como "bem de capital", como no 
caso da mão-de-obra escava. Esta cumprirá a funcionalidade, dentro do contexto das 
colônias, de fomentar a acumulação primitiva de capital, que por sua vez permitirá a 
gênese do capitalismo moderno].
3)        À página 74, Novais descreve como as colônias inglesas da América  Setentrional 
comercializam com outras colônias. Tudo bem que o  sistema colonial é muito mais brando 
para elas, já que, segundo o  próprio Novais, elas são a exceção. No entanto, não havia  
protecionismo frente aos mercados das outras colônias? Logo, como  era possível o 
comércio dessas colônias inglesas com as demais?
[Sim, teoricamente deveria haver protecionismo e impedimentos por parte da metrópole. Há 
ao menos duas explicações possíveis para isso: contingências internas da metropóle, 
direcionando esforços e atenção para outros assuntos que não o exercício do exclusivo 
metropolitano; ou o que alguns autores chamam de "desenvolvimento a convite", ou seja, 
especialmente no caso de suas colônias temperadas, a Inglaterra teria permitido o seu 
desenvolvimento capitalista interno].
PRADO Jr., C. ? Formação do Brasil Contemporâneo ? Colônia.
1)        Esta dúvida é mais uma curiosidade: à página 114, descrevendo o  tipo do colonizador 
português que vem ao Brasil, Prado afirma que:  ?Vemos assim que de início, são grandes 
áreas de terras que se  concedem no Brasil aos colonos. Salvo a exceção da colonização 
dos  açorianos em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul?. Gostaria de  saber do que se 
trata esse processo histórico de colonização de SC e  do RS por açorianos, já que não me 
recordo de sequer ouvido falar  sobre isso.
[Esta dúvida também será abordada adiante no curso. À época do Marquês de Pombal, a 
colonização em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul foi estimulada por necessidade de 
fixação de fronteiras - ou seja, destoavam do intuito comercial do sentido da 
colonização].
Mais uma vez agradeço a atenção,
Bruno Gabriel Witzel de Souza.